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(Na verdade, a paixdio que excede os limites naturais do sentimento de amor tem como fim supremo 0 mistério da totalidade, e & por isto que quando se ama apaixonadamente tornar-se com 0 ser amado uma sé pessoa € 0 tnico objetivo valido de nossa vida.) Engquanto a imagem da totalidade, neste somho, se encontra expressa sob a forma de um casal de ledes, est implicito o seu envolvimento neste tipo de paixdo devastadora. Mas quando 0 leio © a leoa tornam-so ri © ruinha, a necessidade de individuacio jé alcancou um nivel de realizagao consciente e pode, agora, ser compreendida pelo ego como senda 0 verdadeiro objetivo da vida. ‘Antes de 05 ledes se terem transformado em seres humanos 6 as mulheres _ primitivas cantavam, ¢ de modo sentimental, significando que 0s sentimentos do sonhador conservavam-se em um nivel primitive e emotivo. Mas em homenagem aos ledes humanizados tanto as mulheres primitivas quanto as civilizadas unem suas vozes num s6 canto de louvor. A expresso em unissono de seus sentimentos mostra que a dissocizgi0 interior transformou-se em hharmonia. ‘Uma outra personificacio do self aparece na descrigio feita por uma mulher a respeito da sua "imaginag3o ativa". (Imaginagio ativa € uma certa forma de meditar com o auxflio da imaginagao, e em cujo processo pode-se entrar deliberadamente em —contato. como inconsciente, estabelecendo uma —relagdo consciente com os seus fendmenos psiquicos.) ‘A. imaginagaoativa esté entre as mais importantes deseobertas de ‘Muiasvereso seérepresontado como um animal bondose. Asma, & fesauerda a raposa nage do cont So ladas do Grmm"0 Psesaro Dourado" Ao contr, 0 dous- macaco dbs hinds Hanuman, Carreanc dentro do seucorard0 os ‘Souses Kiva o Paral. Ababo. Ain Tintin, oher6 eacrorro dos frmos amoicanas 0 da TV, colaxong Drimavarrolade dese secu Podres 's80.magens comuns do so porque $20 objeos completes imutareis¢ Suradoures Matas pessoas, hoje ‘om aia, procuram ns rams potas gpbobzaogaia arma 8 dta ‘Nigars nds passa fo ced (a0) aug acodzam posuar poder magico, Pedra, ‘recosas, como as jos da Raina Etzaboth (1559-1609 ronwoentar ui al eter deus posto Jung. Em um certo sentido, pode comparar-se as formas de meditagio orientais, como a téenica do zen-budismo e da iogi associada a0 tantrismo, ou a técnicas ocidentais como as dos "Exercicios Espirituais" dos jesuitas. E, no entanto, fundamentalmente diferente, no sentido de que a pessoa que medita esid de todo ausente de qualquer objetivo ou programa consciente. Assim, 2 meditagdo tornase a experiéncia solitiria de um individuo livre, € 0 oposto de uma tentativa dirigida ‘para dominar 0 inconsciente. Nao € aqui, no entanto, a ocasidio de fazermos uma anillise detalhada da imaginacdo ativa; 0 leitor pode encontrar uma descrigao feita pelo proprio Jung, no seu ensaio’” sobre, "A Fangio ‘Transcendente’.) Nas meditagoes desta mulher o self aparecia como uma corca, que dizia a0 ego: "Sou seu filho € sua mae. Chamam-me ‘animal de ligagdio’ porque ligo pessoas, animais e mesmo pedras entre si quando penetro dentro deles. Sou © seu destino ou o seu ‘eu objetivo’. Quando aparego, redimo voc das eventualidades sem sentido da vida. O fogo que me consome arde em toda a humanidade. Se o homem perder esie fogs, tomar-se-d egocéntrico, _solitério, desorientado e fraco.” O selfé, muitas vezes, simbolizado por um animal que representa a nossa natureza instintiva ea sua relago com o nosso ambiente. (E por isto que existem tantos animais bondosos € prestimosos nos mitos e contos de fada.) Esta relagdo do self com a natureza 2 sua volta e mesmo com o cosmos vem, provavelmente, do fato de o "étomo nuclear” da nossa psique estar, de certo. modo, interligado ao mundo inteiro, tanto interior como exteriormente. Todas as manifestagdes superiores da vida esto, de uma certa maneira, sintonizadas com o ‘continuo ‘espago-tempo. Os animais, por exemplo, tém a sua alimentagZo especial, seu material particular para construir a sua habitagao, e seus territorios ‘bem definidos, com os quais 0s seus esquemas tintivos encontram se perfeitamente ajustados e adaptados. Os ritmos temporais também acompanham este mesmo sistema: por exemplo, a maioria dos animais herb(voros tem suas crias, precisamente na €poca do ano em que a relva € mais abundante e vigosa. Foi com_ estas cconsideragdes em mente que um zo6logo famoso logo declarou que © “interior” de cada animal se estende amplamente sobre 0 mundo & sua volta, "psiquificando” tempo e espago. 207 De um modo que foge completamente & nossa compreensio, © nosso inconsciente também esti sintonizado com 0 nosso meio ambiente — nosso grupo, a sociedade em geral @, além de tuo, com o continuo espago-tempo e a natureza no seu todo, Por isso, 0 Grande Homem dos indios Naskapi rao Ihes revela apenas verdades interiores: ele também thes dé sugestdes de onde e quando cagar. E é partindo dos seus sonlios que 0 cagador Naskapi elabora as palavras e as melodias das canges mégicas ‘com que atrai os animais. Mas este auxilio especifico do inconsciente niio é dado, apenas, ao homem primitivo. Jung descobriu que também ao homem civilizado os sonhos podem dar a orientagio de que ele necesita para a solucdo dos problemas da sua vida interior e exterior. Na verdade, muitos dos nossos sonhos dizem respeito, detalhadamente, & nossa vida exterior © a0 nosso ambiente. A irvore que cresce diante da nossa janela, a nossa bicicketa, 0 nosso carro ou uma pedra que se apanhou durante uma caminhada podem, através da_nossa vida onfrica, ser elevados a0 nivel de simbolos, tornando se especialmente significativos. Se prestarmos alengio a nossos sonhos, em lugar de vivermos em um mundo frio, impessoal, de acasos sem maior sentido, poderemos emergir, aos poucos, para um mundo Tealmente nosso, ‘repleto de acontecimentos importantes que obedecem a uma ordem secreta. Nossos sonhos, no entanto, ndo tém como preocupacao dominante a nossa adaptacio a vida exterior. Em nosso mundo civilizado a maioria dos sonhos cuida do desenvol vimento (pelo ego) da atitude interior “correta” em relagdo ao self pois devido & nossa moderna maneira de pensar © agir sofremos um némero muito mais intenso de perturbages neste relacionamento do que 98 povos primitives. Eles em geral__vivem diretamente apegados ao seu centro. interior, enguanto nés temos a nossa consciéncia de tal forma desenraizada e envolvida em assuntos exteriores e mesmo “forasteiros’ que € dificil ao self nos enviar suas mensagens. Nossa mente consciente cria, continuamente, a ilusio de um mundo exterior “real”, claramente definido, que bloqueia muitas outras percencdes. No entanto, através da nossa natureza_—inconsciente conservamo-nos inexplicayelmente ligados a0 nosso ambiente psiquico e fisico. Ja mencionamos 0 fato de que o self é simbolizado, com muita freqiigncia, na forma de uma pedra, preciosa ou de outro tipo qualquer. ‘A quaidade “etema’ das podras 6 eneortada em rochas 6 montannas, fomoestas 4 esquerda, ne Monte Wilson, Caltéma, sando usadis em ‘monuments comomoratvos (as ‘cabocas des quatio presdentesnorte- amonsanor, no Monte Rucmoro, Bakota do Sul-asimay Emprogavam- rnastambem om focal de culo aigios0 (Gone saga 9 Tomo do Jerusslém.a extoma deta) Tmarcendo'o contro de cidade, que, ‘confarme mapa modiova a dreta; ora {ida como e canto do mundo. Vimos um exemplo na pedra que estava sendo polida pela ursa e pelos ledes. Em muitos sonhos © nicleo central — self— também aparece como um cristal. A disposigio de precisio matemticn do cristal desperta em nés 0 sentimento intuitive de que mesmo na matéria dita “inanimada” existe um principio de ordenacio espiritual em funcionamento. Assim, © cristal simboliza muitas vezes a unidio dos ‘extremos opostos — a matéria € 0 espfrivo. Talvez cristais e pedras sejam simbolos do self sobremaneira adequados devido a "exatidio” da sua natureza. Muitas pessoas no resistem ao impulso de apanhar pedras de cor ou forma pouco comuns para guardi-las, sem saber por que o fazem. E como se as pedras ccontivessem um mistério vivo que as fascina. Os homens colecionam pedras desde o inicio dos tempos, e aparentemente admitiram que algumas delas so receptéculos de forga vital, com tolo 0 seu consequente mistério. Os antigos germanicos, por exemplo, acreditavam ‘que os espiritos dos mortos.continuavam a existir nas lépides dos seus timules. O costume de colocar pedras sobre os timulos deve ter surgido da idéia simbdlica de que algo etemo do morto subsiste, © enconira nas pedras @ sua representacio mais adequada. a P Paya Pois apesar de 0 homem ser, tanto quanto possfvel, diferente da pedra, 0 seu centro mais fntimo é, de uma maneira estranha e muito especial, bastante semelhante 2 el (talvez porque 2 peda simbolize a existéncia pura, estando o mais possfvel distanciada das emogoes, sentimentos, fantasias e do pensamento discursivo do nosso ego consciente). Neste sentido, a pedra simboliza a experiéncia talvez mais simples e mais profunda, a experiéncia de algo etemo que o homem conhece naqueles fugazes instantes em que se sente inclteravel e imortal ‘A necessidade existente em quase todas as civilizagdes de erigir monumentos de pedra a homens famosos ou nos ceniirios_— de acontecimentos importantes vem, provavelmente, deste mesmo significado simbolico da pedra. A pedra que Jaeé eolocou no lugar onde teve seu famoso sonho, ou certas pedras que pessoas simples depositam sobre os timulos do santo ou do herdi local, mostram a natureza original deste impulso humano de expressar pelo simbolo da pedra experiéncias de ‘outro modo ine xprimfveis. Nao nos surpreende que tantas religides usem uma pedra_ para representar Deus ou para marcar © local de um culto. O- santudrio mais sagrado do mundo islimico € 0 de Kaaba, a pedra negra de Meca, aonde todo muculmano piedoso espera tum dia chegar em peregrinagio. De acordo com 0 simbolismo eclesiéstico cristio, Cristo é "a pedra que os edificadores reprovaram” e que "foi feita a cabeca da ‘esquina” (Lucas XX:17), isto é a pedra angular. Ao mesmo tempo foi chamado tambem de *rocha espiritual”, de onde jor a Agua da vida (I Corintios X:4). Os alquimistas medievais que buscavam com um método pré-cientifico 0 segredo da_matéria, na esperanca de assim encontrar Deus, ou 20 menos alguma acio divina, julgavam que este segredoestaria encerrado na famosa "pedra filosofal”. Mas alguns deles tiveram a vaga intuigdo de que a sua tio procurada pedma simbolizava algo que s6 se poderia encontrar na psique do homem, Disse Morienus, um velho alquimista drabe: "Esta coisa [a pedra filosofal] 6 extraida de vés: vas sois 0 seu mingrio e & em v6s que se pode encontri-lo; ou, para falar mais claramente, eles, fos alquimistas} a tiram de v6s. Se reconhecerdes isto, 0 amor e a aprovagio da pedra crescerdo dentro de vés. Saibam que isto €, indubitavelmente, uma verdade.” ‘A pedia alguimica (0 lépis) simboliza algo abildo 1955} ‘A ssauerda.apocta necra do Moca ‘Venerada por Macme (tustracao de lum manuscrto arabe), que a Imogrou na rongaoisnica. Esta ssendo carreyadia por quatro chefes {tats (os cuatro cantos do tapete) parao interior do Kaaba, o santuaio ‘de poregrinario anual de mihares de ‘maomelaros (abavxo, aesquerda| Adie, ouva pedra smboica:¢ Pedrado Destino, sabroa qual os artigamente Foi vada paraa ‘Abadiade Westminster, na Inglatera, ne sécuo Xi, mas nurca ppacdeu sou vabr ara o: oscococes. No Nata de 1950um gupo do aconalstas xoceaser coutou a Pedrada Abadia elevoua de volta Ecos (fol dovolvida 4 Abadia om A.dirota, um tiga boiaa famosa Pedra Blamey, dalenda famosa ‘Supoe-se que concede 0 dom da ‘logiéncia aquales que a bejam, ‘que nunca pode ser perdido cu dissolvido, algo de eterno que alguns alquimistas compararam com a experiéncia mistica de Deus dentro de nossas almas. E necessirio, em geral, um sofrimento prolongado a fim de consumir todos os elementos psiquicos supértluos que ocultam a pedra. Mas a maioria das pessoas tem, 20 menos uma vez na vida, uma experién cia interior profunda do self De um ponto de vista psicoldgico, uma atiude genuinamente religiosa consiste no esforeo feito para descobrir esta experiéncia nica para. manter-se progressivamente cm harmonia com cla (é preciso notar que uma pedra €em si mesmo algo de permanente), de maneira que o self se tome um companheiro interior para quem a nossa atengdo vai estar sempre voltada. ‘0 fato de este simbolo do self 0 mais nobre 0 mais freqiente, ser um objeto inanimado leva ainda a um outro campo de pesquisa e especulagdo: a relagio, ainda desconbecida, entre 0 que chamamos a psique inconsciente ¢ 0 que chamamos "matéria” — um mistério que a medicina psicossomitica_tenta resolver. Estudando esta conexao indefinida e inexplicada (pede ser que “psique” e matéria sejam 0 meno, observado respectivamente do "interior" |, © Dr. Jung evidenciou um novo conceito a que chamou "sinc ronic idade" um termo que significa uma “coincidéncia significativa" entre acontecimentos exteriores e interiores que nao tém, entre si, relacdo causal. E © importante aqui é a palavra “significativa’ Se acontece um desastre de avido 4 minha frente enquanto eu estiver assoando 0 nariz, esta coincidéncia nao tem significagio alguma. E apenas um tipo de situacio fortuita que se repete com fregiiéncia, Mas se eu comprar uma roupa azul ¢ a loja me entregar uma roupa preta no dia da morte de um parente préximo, isto sim sera uma coincidéncia significativa. Os dois acontecimentos n&o tém uma relagio causal, ‘mas esti ligados pela significagio simbdlica que conferimos a cor preta, Todas as vezes em que o Dr. Jung observou fais coincidéncias significativas na vida de um individuo parece (segundo revelagoes dos sonhos destas pessoas) que havia um arquétipo ativado: no seu inconsciente. Para ilustrarmos este ponto yoltemos ao exemplo da roupa preta: pode ser que a pessoa que receba uma roupa preta tenha tido, também, um sonho sobre morte. E como se © arquétipo oculto se manifestasse, simultaneamente, em acontecimentos interiores e exteriores, O denominador comum é uma mensagem expressa simbolicamente — neste caso, uma mensagem sobre morte. Assim que se percebeu que certos tipos de acontecimentos "gestam" de se agrupar cm determinados momentos, comegamos a entender a atitude dos chineses, cujas teorias a respeito de medicina, filosofia e mesmo de construgio siio baseadas em uma “ciéneia” de coincidéncias significativas. Os textos classicos chineses nao perguntam o que causa alguma coisa, mas sim © quadro do arista moderno Hans Hafferichiorenbraa estutura do {ist que. como a padra comm. & também un simboloda tetaldade. que fato "gosta" de ocorrer juntamente con um ‘outro, Encoatramos este mesmo tema subjacente na astrologia, e na maneira pela qual varias civilizagdes dependeram de consultas a ordculos e atenderam a pressigics. Sio sempre tentativas que buscam encontrar uma explicagdo para a coincidéncia, diversa da mera relagZo de causa & efeito. Criando 0 conceito da sincronicidade, 0 Dr. Jung delineou um méiodo para penetrarmos mais profundamente na inter-relaco da psique com a matéria. E é precisamente na diego desta relagaio que parece apontar © simbolo da pedra. Mas esta € uma matéria ainda de todo em aberio, insuficientemente explorada, que eaberd as futuras geragdes de psicdlogos ¢ fisicos esclarecer, Pode parecer a0 leitor que as minhas observagdes a respeito da sincronicidade nos tenham afastado do nosso tema principal, mas senti necessidade de fazer 20 menos uma breve referéncia introdutéria @ este assunto por ser ele uma hipétese jungiana cheia de futuras possibilidades de pesquisa © aplicagao. Acontecimentos "sincronizados”, além de tudo, quase sempre acompanham as fases cruciais do proceso de individuago. No entanto, muitas vezes passam despercebidos quando 0 individuo nao aprendeu a observar —tais, coincidéncias nem a thes dar um sentido em relacdo ao simbolismo dos seus sonhos. aut As relagdescom o "self" Hoje em dia um nimero cada vez maior de pessoas, sobretudo as que vivem nas grandes cidades, sofre de uma terrivel sensagao de vazio € tédio, como se estivesse a espera de algo que nunca acontece. Cinema e televisio. espetéculos esportivos, agitagdes politicas podem distraf-las por algum tempo, mas exaustay.& desencantadas, acabam sempre por voltar ao deserto de suas préprias vidas. A nica aventura ainda vélida para 0 homem modemo esté no reino interior da sua psique inconsciente. Com uma idéia vaga € indefinida deste conceito, algumas pessoas voltam-se para a ioga e outras priticas orientais, que nao chegam a oferecer uma aventura genuinamente nova, pois so velhos exereicios espirituais jé do conhecimento dos hindus ou chineses, que nao entram em contato direto com © nosso centro interior de vida. Apesar de estes métodos orientais favorecerem a concentra¢ao mental encaminhando-a. para 0 nosso intimo (endo este procedimento, num certo. sentido, semelhante 2 introversao no tratamento analitico). existe uma diferenca muito importante. Jung desenvolvew uma man: chegar ao nosso centro interior € de entrar em contato com 0 mistério vivo do nosso inconsciente, s6 e sem qualquer auxilio. E inteiramente diferente de seguir-se uma trilha ja desbravada. A tentativa para darmos a realidade viva do self uma porcio de atengao cotidiana constante € como tentar viver simultaneamente em dois planos ou em dois mundos Ocupamo-nos com as nossas tarefas exteriores, mas ao mesmo tempo mantemo-nos alertas As insinuagdes e sinais, tanto dos sonhos quanto dos acontecimentos eateriores’ que 0 self utili: para simbolizar suas intencdes - a diregio para onde se move o fluxo da vida. Velhos textos chineses que tratam deste tipo de experiéncia empregam, muitas vezes, a ‘imagem de um gato observando 0 buraco de um camundongo. Diz um dos textos que nio se deve permitir a intromissio dz _nenhum Pensamento incidental, mas que também nossa atengdo nao deve estar nem excessivamente agueada nem excessivamente inerte. Hé um nivel exato € bem-definide para a pereepeto. "Se o treino for praticado desta maneira... tornar-se-4 eficaz com 0 tempo, e quando a causa chegar 4 sua consecucio — tal como um melio que quando amadurece cai automaticamente — qualquer coisa que aconteca de modo a tocé-la ou entrar em contato com ela provocaré o despertar supremo do individuo. E 0 momento em que © praticante parece alguém que esta bebendo agua: s6 ele poderd saber se esta fria ou quente. Liberta-se entio de todas as dividas aseu prdprio respeito © experimenta uma grande felicidade, semelhante A que se sente ao encontrar nosso proprio pai no cruzamento de um caminho.” Assim, no meio da nossa vida exterior comum, dé repente se € envolvido em uma empolgante aventura interior; e porque é nica para cada individuo, roubada, Ha duas razdes principais que fazem o homem perder contato com 0 centro regulador a sua alma, Uma delas & slgum impulso instint vo ou imagem emocional que, levando-o uma unilateralidade, o faz perder o equilibrio. Isto acontece também com os animais: por exemplo, um cervo sexvalmente excitado esqueceré por completo a sua fome ea sua seguranga. E esta unilateralidade e conseqiiente perda de equilibrio so muito temidos pelos Povos primitivos, que se referem & alma’. Outra ameaca ao equilibrio do devaneio excessivo que, em geral, volteia secretamente em redor de certos complexos. De fato, os devaneios surgem exatamente porque relacionam 0 homem com os seus complexos; a> mesmo tempo ameacam a concentracéo € a continuidade da sua consciéncia © segundo obstdculo € exatamente o ‘oposto, e deve-se a uma consolidacao excessiva i consciéncia do ego. Apesar de uma consciéncia disciplinada ser indispensavel realizagao de atividades civilizadas (sabemos 0 que acontece quando um sinaleiro de estrada de ferro se entrega a devaneios), ha também a séria desvantagem de ela se tornar um obsticulo 4 recepeio de impylsos ¢ imagens vindos do centro psiquico. E por isto que muitos sonhos dos homens civilizades cuidam com tanta freqiiéncia de restaurar esta receptividade, tentandocorrigir, =a atitude da no pode ser copiada ou ‘Cssortimertas dé © apatia do ‘20 sole ei em chaos habtartes 88 gerdoscdates 6 spores {encoratamontoalasiado polos fines de aventura extema ‘esquorda) 00s “rassaempos" (esque) Jung satertou qe tsica aventura rea queresta a0 Inavidvo 6 aorplaacandasua iinconselénaa. 0 alvo Stpremo deal busca a fomaco ‘ssum‘aiagonaento harmonics © equllbadocome sl Amendola ‘icularretraa ose equloo posto sneainad na eatrturada rrodemacatdra (di) do Saar consciéncia em relagio ao centro inconsciente do self Entre as representacdes mitolézicas do self ‘quase sempre encontramos a imagem dos quatro cantos do mundo, © muitas vezes © Grande Homem, representado no centro de um effculo éividido em quatro. Jung usou a palavra hindu mandala (efrculo mégico) para designar este de estrutura, que € uma representagio simbélica do “étomo nuclear” da psique humana — cuja esséncia nio conhecemos. E _ interessante observar que 0 cagador Naskapi no representa pictericamente © seu Grande Homem como um ser humano, mas como uma mandala. Enguanto os Naskapis, sem a ajuda de ritos ou doutrinas religiosas, aleangam uma experiéncia direta e ing’nua do centro interior, outras comunidades usam 0 motivo da mandala para restabelecer 0 equilibrio interior perdido, Por exemplo, os indios Navajo tentam por meio de pimturas na areia, as quais do a estrutura da mandala trazer “uma pessoa doente a harmonizar-se consigo mesma € com 0 cosmos —cportanto a restabelecer sua sade Nas civilizagdes orientais sto utilizadas imagens andlogas para consolidar 0 ser interior ou favorecer uma meditacao profunda, A xontemplacao de uma mandala deve trazer paz interior, uma sensagao de que a vida voltou a encontrar a sua ordem e seu significado. A mandala também produz este sentimento ‘quando aparece, espontaneamente, nos sonhos do homem mo- derno, que nao esté influenciado por qualquer tradigao religiosa deste tipo e nada sabe a este respeito. Talvez 0 efeito positivo seja até maior em tais casos, 4 que conhecimento e tradicao por veres confundem ou mesmo bloqueiam a experiencia espontinea, Um exemplo. de mandala surgida esponteneamente & encontrado no seguinte sonho de uma mulher de 62 anos. Aparecev como se fora um preliidio a uma nova fase de sua vida, na qual ela teve uma atividade criadora especialmente intensa: Vejo uma paisagem & meieluz. Num plano afasadoveia, em umalinhn uniforme,o topo de um ‘marta, No porto ond: este morro comeca aelevar-se move-se um disco quairangular que briha com ‘our. No primeiro plano vejo tema nega, arala, comegindo a germina, Perebo, de repenie, uma ‘mest redondi com uma laje de pedra cinza por cima, eno mesno instante o disco quadranguarcokcase sotre a mesa. O disco saiu do morro, mas no sei ‘como nem porque mudou de lugar. Paisagens nos sonhos (e na arte) em geral simbolizam um estado de espirito inexprimivel Neste sonho, a luz sombria da paisagem indica que a claridade diurma da consciéncia esta toldada, A “natureza interior” pode agora comegar a revelar-se & sua propria luz, ¢ assim 0 disco quadrangular faz-se visivel no horizonte, Até aqui 0 simbolo do Self, 0 disco, fora, sobretudo uma idéia intuitiva no horizonte mental do sonhador, mas agora, no sonho, ele desioca sua posicdo © torna-se 0 centro da paisagem da alma, Uma semente, hi muito plantada, comega a germinar: Nos deserhosa esquena basoadbs ‘nosonto reltado nesta pagina. (siceades pola pessoa aue.o sonhou), ‘© motive da mandala aparece mas ‘come um quaailier do que come Umeireulo Usualmente, formas ‘uadilateras simbaizan uma tealzacio conscionto Interior a totaidase om: ‘opresertada namaiofa das vezes, ‘om fonra crear. como ‘odonda, que tambon Redonda do Bel tur ( ‘Santo Graal apareceu ni {otaldade intror. som Dbuscatla pels howens. ‘apareze no ‘sonha A dita, alendiia Tavola ‘manuscrito 0 século XV) ondeo largand os cavaleiros asuafamosa, avortura, © Graal simbolzaa durante muito. tempo aquela mulher yinha prestando cuidadosa atengao aos seus sonhos & agora este trabalho comeca a dar_frutos. (Lembremo-nos da relagdo entre 0 simbolo do Grande Homem e a vida vegetal, que mencionamos anteriormente.) De repente 0 disco dourado move-se para o lado “direito” — © lado onde as coisas se tomam conscientes. Entre outras acepgdes, " gnifica, muitas vezes, do ponto de vista psicol6gico, 0 lado da consciéncia, da adaptagio, do que é significa a “direito”, enquanto "esquerda’ esfera das reacées inadaptadas e ou, algumas vezes, de uma coisa.” fim o disco dourado para de se movimentar & pousa — significativamente — numa mesa redonda de peda. Encontrou sua base permanente Como Aniela Jaffé observa adiante, a forma redonda (0 motivo da mandala) quase sempre simboliza uma totalidade natural, enquanto a forma quadrangular representa a tomada de consciéncia desta totalidade. No sonho bi um encontro do disco quadrado. com a mesa redonda e temos, assim, uma realizagZo consciente do centro. A mesa redonda, incidenialmente, € um simbolo muito conhecido da (otalidade e tem também lugar relevante na mitologia, como a mesa redonda do Rei Artur, que 6 por sua vez, uma imagem derivada da mesa da Ulima Ceia. De fato, cada vez que 0 ser humano volta-se honestamente para 0 seu mundo interior e tenta conhecer-se — no remoendo pensamentos e sentimentos subjetivos, mas seguindo as expressbes da sua propria natureza objetiva, comio os sonhos ¢ as fantasias genufnas —, mais cod a totalidace se (de ur wunavisa0, re to ou mais tarde o self emerge. O ego vai encontrar, assim, uma forca interior onde esto contidas todas as possibilidades de renovacao. ‘Mas existe uma grande dificuldade que mencionei apenas indiretamente até agora. F que cada personifica¢io do inconsciente — a sombra, a anima, © animus ¢ 0 self ~ apresenta tanto um aspecto claro e luminoso como um aspecto escuro. es sombrio. Vimos anteFiormente que a sombra pode ser mesquinha e m4, um impulso instintivo que precisamos vencer. Pode, no entanto, ser um impulso de crescimento que devemos cultivar e seguir. Do mesmo modo, a anima eo animus t&m um duplo —aspecto: podem = trazer._ sum. desenvolvimento vivificante e criativo da personalidade ou podem —_provocar_— 0 empedernimento © a morte fisica. E mesmo 0 self, 0 simbolo que abrange todo o inconsciente, tem um efeito ambivalente, como por exemplo na_Ienda esquimé (pig. 196), quando a “mulherzinha’ ofereceu-se para salvar a herofna do Espirio da Lua mas acabou transformando-a numa aranha, 0 lado sombrio e obscuro do self representa um grande perigo, precisamente porque ele é a maior fora da psique. Pode levar as pessoas a “tecer” fantasias megalomanfacas ou outras ilusdes capazes de envolvé-las e "possui-las". ‘Uma pessoa que se encontre neste estado poder penisar com crescente excitacao ter aprendido & resolvido, por exemplo, os grandes enigmas césmicos; perde, portanto, todo 0 contato com a realidade humana, Um sintoma caracterfstico deste estado 6 a perda do senso de humor e dos contatos humanos, Assim, a manifestagio do self pode acametar grave perigo ao ego consciente do homem. Este duplo aspecto do self esté excelentemente ilustrado neste velho conto de fades iraniano, "O Segredo do Balnedrio Badgerd": grande ¢ nobe principe Haim Téi recede ondens do seu rei part imesigar 0 miseioso Balneitio Bideerd [eateh da nio-exiséndal Quando se aproxima, depois de ter pasado por muitas aventuras peiignsas, oue contarque ningasm janis regresou deste lugar, mas insiste em continuar. E recebido, num edifftio redondo, por tum barbeiro mundo de um espelho que 0 leva 20 banho, mas logo que o principe entra na agua ouvese um baruho tonitruante. Tudo se torna escuro, 0 barbeiro desaparece e a digi comega a subirlenamente. Hatim nada desesperadamente em cfraulos até que a gua finalmente alcanya 0 topo da cipula redonda, que fonra o teto daquele local. Julsa-se perdido, mas diz uma oragdo e agarte-se a pedm central da ctipula. Novamente ouve um barutho ensurdecedore enconra-se entio s6 emum deserto. Depois de errar allio e por muito tempo, chess a. um belo jandim, no meio do qual hé um cfreulo de estétuas dé pedra..No cento deste cfreulo v8 um pa- pagaio numa gaida e uma vor do altothe diz: "Oh, hers, vooe provavelment nao vai escapar com vide deste balnedtio. Uma vez Gayomatt [0 Primero Ho- mem] encontrou um enorme diamante que brihava maisqueo sole @ lua. Decidiu esemdélo ondenin- ouflomewuiaranun IMC ME HhounK Un ESIC SOU N guém o pudase achar e para isso construiu um bahesrio magico de modo a protegé-lo. O panagaio ‘que voce esta ventlo aqui faz paite da magica. A seus és estio um arco € flecha presos a uma comente dourad; com eles vooe pode tentar, por trés ves, matar 0 papagaia Se 0 acerat a maldigio vai terminar: Sendo conseguir, voot sera petificalo, como todas estisoutraspessas” Hitim tenteu uma primeira vez, e errou Suas pernas tomaamse de pedra. Na’ segunda vez também falhou, € foi petifiaido até 0 peito. Na terceira vez apenas fechou os olhys, exclamando "Deus € grande”, atirindo as cegas e, dest vez, acertando 0 papazdio, Ouvit-se uma verlad explosdo de towes; Ievantaramse nuyens de p6. Quando twdo passa, no lugar do papszaio estava um enome e belo diamante ¢ todas as estituas vokaram & vidi. As pesos agndeceram-the porté- laslibertad, 0 leitor reconheceré os sfinbolos do self nesta hist6ria — o Primeiro Homem Gayomart, a construgao redonda cra forma de mandala, a pedra central e © diamante. Mas um diamante cercado de perigo. O papagaio demonfaco significa 0 nefasto espirito de imitagdo que nos faz errar 0 alvo e nos deixa psicologicamente petrificados. Como assinalei anteriormente, 0 processo de individuagio exclui qualquer imitacdo, tipo "papagaio’. Indmeras vezes e em todas as terras, as pessoas tentaram copiar pelo seu comportamento exterior ou ritualistico a experiéncia religiosa original de seus grandes mestres -Cristo, ou Buda, ou algum outro lider - € — tornaram-se, assim. "petrficados”, Acompanhar os pessos de Artrema esquerda, asdguas. torondais do io Hericito ‘Submergem um temlogrego, num {quacto.do pintor modemo francés ‘Ancke Masson © quatio pode se: ‘censiderado uma alegota do ‘esoqulitioe seus resuRadbs: a ‘rfase excessva dos gmgossobrea legeaea razao (tempo), ‘cerduzindo aumadellayracio estutia das orcas inginavas. AO lado, uma alegora ainda mas clara ‘om uma iuaapiode pooma, ‘aleasrico francésdo sécuo XV 0 Bomance sa rose’ figirada LSgiea {Adio fica perturbada a0 ‘dront-c0 com Natures A iota, Sta Mara Madaena ‘arepordda cortemplase num ‘ecpathe (quadrodo asta francés (Gocrgos dela Tour, sécub XV). ‘Aqui, como no coato do Balnodio Badjerd. oexpatosinboizaa ‘cepaciade tao necessaia de azer- Seuma ‘ofiexdo'intoror vedas, um grande lider espiritual nio significa que se deva_copiar exatamente 0 seu proceso de individuagdo e sim que se tente, com a mesma sinceridade © devogdo destes mestres, viver a propria vida © barbeiro com o espelho que desaparece simboliza 0 dom da reflexao de que Hatim se priva justamente quando mais necessita dele: as Aguas montantes representam 0 isco. de mergulharmos na inconscigncia ede nos perdermos em nossas _préprias emogdes. Para entendermos as indicagdes _simbélicas do iconsciente devemos cuidar para niio sairmos de nds mesmos (0 "ficar fora de si"), mas sim de perman ecermos emocionalmente dentro de nés mesmos. Na verdade, & de importincia vital que © ego continue a funcionar de maneira normal. $6 mantendo-me um ser humano comum, consciente do quanto sou imperfeito, € que me posso tomar receptivo aos contetidos © processos. significativos do inconsciente. Mas como pode 0 ser humano resistir 4 tensio de sentir-se em unido toial com 0 universo inteiro, sendo, ao mesmo tempo, nada mais que uma miseravel criatura humana? Se por um lado eu me desprezo considerando-me uma simples cifra estatistica, minha vida ndo terd significagdo alguma e no valerd a pena vivé-la. Mas se, a0 contririo, sinio-me parte de alguma coisa muito mais vasta, como conservar meus pés em terra? E, na verdade, muito dificil guardar unidos no ‘nosso intimo estes dois extremes sem cair em ‘um ov outro extremo. Oaspectosocial do "self" Hoie em dia 0 aumento consideravel da populagio, sobretudo nas grandes cidades, exerce inevitavelmente sobre nds um efeito depressivo. Pensamos: "Bem, sou uma pessoa qualquer, que no endereco tal, como milhares de outras pessoas. Se alguns de nds formos motos, que diferenga faz? De qual quer maneira, hd gente sobrando no mundo." E quando lemos nos jormais a respeito da morte de indmeros desconhecidos que pess oalmente nada nos sign ficam aumenta a sensagdo de que nossa vida nada vale. E neste momento que a atengdo dada ao inconsciente € _particularmente preciosa, pois os sonhos mostram ao sonhador como cada pequeno detalhe da sua vida esti interligado as mais significativas e importantes realidades da existéncia humana. ‘O que todos nds sabemos teoricamente — que tudo depende do individue — torna-se, através dos sonhos, um fato palpdvel que cada um pode conhecer pessoalmente. Temos, algumas vezes, uma poderosa sensagdo de que 0 Grande Homem quer alguma coisa de nds, estabelecendo algumas tarefas especiais para cumprirmos. Nossa reacio positiva a_ esta experiéncia pode ajudar-nos a adquirir forgas para nadar contra a corente do preconccito coletivo, levando a sério nossa prépria alma. Naturalmente, nem sempre hi de ser uma tarefa agradével. Por exemplo, se voc’ pretende fazer uma viagem com amigos no proximo domingo, um sonho pode proibir-Ihe este passeio pedindo que. em seu lugar. faa algum trabalho criativo, Se atender ao seu inconsciente © obedecé-lo, pode esperar dai em diante interferéncias constantes aos seus _planos conscientes. Nossa vontade & sempre interrompida por ouvas intengdes a que nos devemos submeter ou ao menos considerar com seriedade. E por isto, em parte, que a idgia de dever, de obrigagio ligada ao processo de iduacio parece-nos, muitas vezes, mais um peso do que uma béngio imediata. Sio Crist6vio, padrocire dos viajantes, 6 um bom exemplo deste tipo de experiéncia. Segundo a —enda,_—ele._—orgulhava-se afrogantemente da sua tremenda forca fisica e gostava de servir apenas 20s mais fortes. Serviu piimeiro a um rei; mas quando verificou que o rei tinha medo do Diabo. deixou-o e@ empregou-se com 0 Diabo. Descobriu, um dia, que © Diabo nha medo do crucifixo e decidiu-se entdo servir a Cristo, se 0 encontrasse. Um padre aconselhou-o a que esperasse Jesus no vau de um rio. Passaram-se varios anos durante os quais ele carregou e ajudou sempre muita gente a atravessar 0 rio. Mas uma vez, numa noite escura ¢ tempestuosa, uma Aer ait i a Ds a fo Nee Coes mpeenrs char ‘Avcangat a maturdade psicobicae umatarda india — ‘cauia vos mals thoy ‘Quando a individuatdade do tomen ‘est ameapaca por um cortormisrto largamente diundito. Aextroma ‘eequerda, um conjuntohabitecional bitinico comsuascasas ‘ostorootbadas A esquerda, uma ‘exibicdo asportva suica aos dauma imagem daanegmontacaodas ‘Acina, uma piginados Cantos da Inacéncia@ de Expariénca de ‘Wiliam Blake. onde o poeta revelao ‘souconceito da “eianca dvinat — lumeonhecida simbob oo ser A deci, uma pinturado século XVI de ‘Sao Ciisovao caregando Cisto ‘como a erianca divna, croundada, pelaesteradomundo(amanaa/a & tumsimbolo do sof). Estofarco sibalzao "peso", que 6 0 dover éa indviduacao —tal como o pave de ‘Sao Cristivae como pacroei dos iasnts (8 extrema direta, una ‘mediaha de Sto Crstovao nachave do gnigzo de um cart) refetoa hecassicade deo nomen persarrero ‘canisho que iva a totaldade psrowgea, erianga chamou-o pedindo-lhe que a atravessasse. So Crist6vao colocou-a nos ombros com a maior facilidade, mas a cada passo avangava mais lentamente, pois o sew fardo tornava-se cada vez mais pesado. Quando chegou ao meio do rio pareciathe que carregava_o universo inteiro". Percebeu entao que fora Cristo que ele touxera aos ombros — € Cristo absolveu-o de scus pecados ¢ deu-the vida eterna.. Esta crianga milagrosa € 0 simbolo do self que, literalmente, "deprime” 0 ser _humano comum, apesar de sera tinica coisa capaz de redimi-lo. Em muitos trabalhos de arte Cristo é retratado como — ou com — a esfera do mundo, motivo que significa claramente 0 self Jd que 2 crianca ea esfera sido simbolos universais da totalidade. Quando uma pessoa tenta obedecer 0 inconsciente fica muitas vezes, como vimos, impossibilitada de fazer o que quer. E vai estar igualmente incapacitada de fazer 0 que as outras, pessoas querem que cla faga. Acontece muitas vezes que precisaré separar-se do seu grupo - familia, parceiro ou outras relagdes pesso: para poder encontrar-se. FE por isto que se diz que atendendo ao inconsciente as pessoas tomam-se anti-sociais € egocéntricas. Como regra geral isto nio & verdade absoluta, pois hé um fa- tor pouco conhecido que intervém nesta atitude: 0 aspecto coletive (ou, podemos mesmo dizer, social) do self De um ponto de vista prético este fator se manifesta no fato de que um individuo, acompanhando seus sorhos_—_ durante determinado tempo, vai descobrir que eles dizem respeito a0 seu relacionamento com 2s outras pessoas. Os sonhos podem desaconselhé-lo a depositar excessiva confianga em alguém; ou poder sonhar sobre um encontro produtivo e agraddvel com uma pessoa a quem antes talver no tenha notado consciemtemente, Se © sonho nos der deste modo a imagem de outra pessoa existe duas interpretacdes possiveis, Primeiro, a imagem pode ser apenas uma projegao, 0 que significa que a imagem onitica é um simbolo de um aspecto interior qualquer do préprio sonhad or. Podemos sonhar, por exemplo, com um vizinho desonesto, mas 0 vizinho estar sendo usado pelo sonho simplesmente como uma imagem da nossa propria desonestidade. Cabe descobrir na interpretago do sonho em que reas especiais. a nossa propria desonestidade entra em acdo (é a interpretaczio do sonko em plano objetivo). Mas também acontece, por vezes, que 0S sonhos nos revelam legitimamente alguma coisa a respeito de outras pessoas. Neste caso o inconsciente age de uma mancira que nao nos € féeil compreender. Como em todas as formas mais elevadas de vida, 0 homem esté sintonizado em alto grau com os seres humanos que 0 rodeiam. Percebe seus sofrimentos e problemas, seus valores positives negativos, de maneira—_instintiva. = — completamente independente dos pensamentos conscientes que tem a respeito destes seres. Nossa vida onirica permite-nos contemplar estas percencdes subliminares e nos mostra 0 quanto elas nos influenciam. Depois de sonhar- mos com alguém de uma mancira simpatica © agraddvel, mesmo sem interpretarmos 0 sonho olha-se involuntariamente esta pessoa com novo 220 ‘A censdentcardo co se pode criar ‘um vinoul ente pessoas quenao partejpan, habituaments, de. ‘grupos mais comurs @ natural, ‘Como a famtia(acima, a asqverda). Este parertosoo esprtvalconscierte ‘pode, mutasvezes, ser um nucleo do cosonvolinent cultura: acima, ‘século XVI ircindo Voltaire, com ‘mio exauida),abeno, um auacko doNlaxtmst retratandoos adaistas do inicio cocte sécuo, 02 fotogratia de un grupo do fisicos Ingleses do lahoraterio bitarien Wik, © equlibiopsicelxicoe aunidede de ‘que ohomem necessta hoje om cia foramsimeleados em mutos sores com aunide damoca tancasa odo framemjaponés ao fanoso ime francés Hioxen Meu Amor (1950), dma E nesies mosos scrhoso Spo datetalade (io 6, «issodacio psicalégea total, ova Teucural fo cimboizaco poruma. Imagon rlacionada a0 Sood XX — ‘uma explasto nuclear(&cdiet) interesse. A imagem ot devido a nossas projerdes, ou dar-nos uma formacio objetiva. Para descobrimos qual a interpretagdo correta € necessério uma_atitude honesta e atenta € um cuidadoso raciocinio. Mas como acontece em todo proceso interior, 60 self que, em Giltima instincia, ordena e regula nosso Telacionamento humano, desde que 0 ego consciente se dé ao trabalho de detectar estas projecdes ireais, ocupando-se delas no seu intimo, € nao. exteriormente. E assim que pessoas que tém afinidades espiriwuais e uma mesma orientag3o descobrem-se umas 2% outras, eriando um novo grupo, que se sobrepde as organizagdes e estruturagdes sociais comuns, Tal grupo mio entra em conflito com outros; & apenas diferente e independente. O processo de individuagdo conscientemente realizado muda, assim, as relagdes humanas do individuo. Lagos de parentesco ou de interesses comuns. sao substituidos por um tipo de unio ciferente, vinda do self Todas as_atividades e obrigagdes que pertencem exclusivimente a0 mundo exterior so decididamente nocivas as atividades secretas do inconsciente. Através estes elos inconscientes, aqueles que foram feitos uns para 08 outros acabam por encontrarse. Esta é uma das razdes por que as tentativas para influenciar 38 pessoas airavés de andncios e propaganda politica sho destruidoras, mesmo quando inspiradas nos ‘motivos mais idealistas. Levants-se assim a relevante questio de se saber se a parte inconsciente da psique humana é passivel de sofrer qualquer influéncia. Experiéneias priticas e observagdes cuidadosas ‘mostram que nao se pode influenciar os préprios sonhos. Existem pessoas, mo entanto, que afirmam poder fazé-lo. Mas se verificarmos os seus materiais oniticos, descobriremos que fazem apenas aquilo que costumo fazer com 0 meu cachorro desobediente: ordeno-lhe sempre que faca tudo 0 que sei que de qualquer modo ele ind fazer, e assim preservo a minha ilusio de autoridade. Sé um longo proceso de interpretagdo dos nossos sonhos e 0 confronto com o que eles nos dizem podem transformar, gradualmente, 0 inconsciente. Neste processo, fambém as atitudes conscientes devem mudar. Se um homem deseja influenciar a opinizio piblica e, com este objetivo, abusa do emprego de simbolos, estes irao impressionar as massas se forem simbolos verdadeiros, mas & impossivel prever-se antecipadamente se inconsciente desta_massavai ser ow nio emocionalmente afetado, Nenhum editor musical, por exempl pode adiantar se uma determinada cango vai alcangar sucesso ou no, mesmo que ela traduza imagens ¢ melodias populares. Tentativa alguma para influenciar 221 Come wins no sont caso a pas. 223, magans positives da anima imuies vozes asistom o quia os homens. Ao site, em um ealtero do século X, Ovid nsprado plas XUN. Advaita, um carto-posal de Monte Carlo, de inicio do e6euo dame da sorte dos jogadares — deliberadamente 0 inconsciente ja produziu ‘qualquer resultado significativo, e parece que 0 inconsciente das massas preserva, tanto quanto 0 inconsciente individual, a sua autonomia. Por vezes 0 inconsciente, para expressar seus propésitos, pode empregar um motivo do nosso mundo exterior, dando a impressio de que foi influenciado por ele. Varios sonhos que me foram relatados, por exemplo, diziam tespeito & cidade de Berlim. Nesses sonhos, Berlim era simbolo de algum ponto psiquico fraco — Berlim, 0 local perigoso — e, por esta razio, lugar que o self esti pronto a freqitentar. Eo ponto onde se manifestam os conflitos que dilaceram © sonhador e onde, portanto, ele talvez possa solucionar suas contradicoes interiors. Enconirei também um nimero extraonlindrio de sonhos relacionados com 0 filme Hiroxina, Mew Amor. A idéia principal expressa nesses sonhos era a de que oul os di amantes do filme se deviam unir (simbolizando a unig dos opostos interiores) ou a de que haveria uma explosdo atémica (simbolo de uma total dissociagio, equivalente a loucura). S6 quando 0s manipuladores da opiniao piblica adicionam as suas atividades certa _pressio Comercial ou atos de violencia € que parecem aleangar sucesso temporirio. Mas na realidade tudo isto provoca apenas uma repressio das reagdes inconscientes auténticas. E repressitio de leva ao mesmo resultado da repressio dual, isto é, & dissociacdo neurética ¢ & enfermidade mental. Todas as tentati vas. para reprimir as reagdes do inconsciente a longo prazo acabam por falhar, jf que esto em oposicdo fundamental aos nossos instintos, Acita, a Literdade conduzindo os FeveaconariosWareeses (msm ‘quatro de Delacrois) representa a * fingAo a anim de arstan 9 Ag): frcetuonio mano oe corte Keowcictes"hexrena dra, numa eona do lime Metrepare (1825), uma mulher inceativa Uabalhacores obs encortrarm a “lberagao™espiiua Atrayés do estudo do comportamento social dos animais superiores sabemos que pequenos gripos (de cerca de 10 a 50 individuos) criam as melhores condigdes de vida tanto para o individuo tinico quanto para_o grupo, € 0 homem nao parece constituir exces’io @ esta afirmativa, Seu bem-estar fisico, sua satide mental e, além da esfera das atividades animais, sua eficincia cultural parecem florescer ‘com mais vigor neste tipo de estrutura social. Tanto quanto compreendemos hoje 0 proceso de individuacao, 0 self tende, aparentemente, a produzir estes pequenos ‘grupos criando, ao mesmo tempo, lacos afetivos bem-definidos entre certos individuos e um sentimento de solidariedade geral. $6 quando estas conexdes sio criadas pelo self é que se pode ter alguma certeza de que © grupo nao seri dissol vido pela inveja, pelo citime, por lutas e toda sorte de projegdes negativas. Assim, a devocio incondicional 0 nosso processo de individuagao traz também melhor adaptagao social. Isto nao significa, € certo, que vaio deixar de haver choques de opinidio e deveres conflitantes, ou desacordos sobre o que esti “certo”, por isso devemos entregar-nos_constantemente_a_um Fecolhimento que nos deixe ouvir a nossa vor cerior a fim de descobrirmos © ponto de vista individual que o self nos reserva. A atividade politica fandtica (mas nao 0 desempenho de deveres politicos essenciais) parece, de certa maneira, incompativel com a individuagéo. Um homem que se devotara integral mente a liberiar 0 seu pats da ocupacao estrangeira teve o seguinte sonho: Com alguns de meus compatriotas subo uma eweada até 6 s6tio de um muse, onde hi um vestbulo pintado de negro lembrando uma cabina de navio. Uma senhora de meia-idade, de aspecto distinto, abre a porta; seu nome € X, filha de X [X foi um famoso herd nacional da paitia do sonhadore que tentou hi algurs séculos, libertar seu Poderia ser comparaloa Joanad'Ar ou a Guilherme Tell. E nao tivera filhos}, No vedibulo vemos os retratos de duas senhoras de aspecto aristoctitico veaiidas de bracad florid, Enquanto a Srta X nos di explicagées sobre 0s quads, eles de repenie se animam; primeiro os oltos da senhoms parcem vivos. dermis ¢ o peito quecomeca a arfar. As pesoas ficam suprsas e diriganrse a uma sala de confertncias onde a Srta X thes vai falar acerca daquele fenémeno. Diz-nos que através da sua intuiglo © sensibilidade deu vida aos’ retnaos. Algumas das pessoas ficam indignadas e afimamque aSrta X esté lou; outros retiram-se dasala © ponto importante deste sonho 6 que a figura da anima, a Srta. X, & pura criagdo do sonho. Ela traz, no entanto, 0 nome de um famoso heréi libertador (como se fosse, por exemplo, Guilhermina Tell, filha de Guilherme Tell). Pelas implicagses contidas neste nome, 0 inconsciente esta indicando que hoje 0 sonhador no deverd tentar, como X o fez em outra época, libertar seu pais de um modo exterior. Agora, diz 0 sonho, a liberagdo deve ser feita pela anina (a alma do sonhador), que vai realizita dando vida as imagens do inconsciente. E significativo que 0 vestibulo do sétiio dés- te museu lembre, de uma certa maneira, a ca- tada de preto. A cor preta vestibulo & uma cabina entio o museu serd, também, uma espécie de navio. Estes aspectos do sonho sugerem que quando 0 continente da consciéncia coletiva se inunda de barbarismo de inconsciéncia, este navio-museu, onde existem quadros vivos, pode vir a ser uma arca salvadora que levard os que nela entrarem a uma outra praia espiritual, Retratos dependurados em um museu so, geralmente, remanescentes mortos de um passado e, muitas vezes, as imagens do inconsciente também sio assim consideradas, até descobrirmos que estao vivas e cheias de sentido. Quando a anima (que aparece aqui no seu legitimo papel de guia espiritual) contempla estas imagens com intuigdo e sensibilidade, elas comecam a viver. As pessoas que no sonho se mostraram indignadas representam a parte do sonhador influenciada pela opinigo coletiva — alguma coisa nele que rejeita e desconfia desta evocacso viva das. imagens psiquicas. Elas_personificam uma resisténcia ao inconsciente que poderia expressar-se da seguinte maneira: "Mas © se comecarem a jogar bombas atémicas sobre nés? ‘A nossa compreensio psicoldgica de nada nos Este lado que oferece resisténcia ¢ incapaz de libertar-se de pensamentos estatisticos e preconeeitos racionais extrovertidos. O sonho, no entanto, indica que nos tempos atuais a verdadeira liberagao $6 pode ter inicio com uma transformagio psicolégica. Com que propésito vamos libertar a nossa patria se, depois, no temos um alvo de vida significative, nenhum objetivo pelo qual valha a pena ser-se livre? Se o homem nao encontrar mais qualquer sentido em sua vida, no Ihe faz maior diferenga dissip4-la sob um regime comunista ou capitalista. S6 se ele puder usar a sua liberdade para criar algo significative € que vai valer a pena obter esta erdade. E por isto que encontrar 0 sentido profundo da vida € mais importante para um individuo do que tudo o mais, € é por este motivo que 0 proceso de individuacdo deve ter Prioridade. Tentativas para influenciar a opiniao piblica através dos jornais, ridio, televisio © antincios esto baseadas em dois fatores. De um Jado, fundamentam se em técnicas de sondag em jue revelam a inclinagao da “opiniao” ow dos precisa-se” — isto é. das atividades coletivas. De outro lado, exprimem os preconceites, 3 projegdes © 08 complexos _ inconscientes (Sobretudo o complexo de poder) daqueles que 224 manipulam a opinio publica. Mas as estatisticas no fazem justica ao individuo. Mesmo que 0 tamanho médio das pedras de uma pilha seja de cinco centimetros, vamos encontrar nesta pouquissimas pedras de exatamente centimetros. De safda, fica bem claro que segundo fator ndo pode criar nada de positivo. Mas quando um individuo dedica-se 2 individuacéo, ele freqiientemente tem um efeito contagiante sobre as pessoas que 0 rodeiam. E como se uma centelha saltasse de um a outro. E isto geralmente ocorre quando nfo se tem a intengio de influenciar ninguém e quando muitas vezes, nao se empre gam palavras. Foi através deste caminho interior que a Srta. X tentou conduzir 0 nosso sonhador. Quase todos os sistemas religiosos contém imagens que simbolizam 0 proceso de indi viduagdo ou, pelo menos, algumas das suas fases. Nos paises cristios 0 self é projetado, como jé mencionei, no segundo Adzo: Cristo. No Oriente, as figuras de relevo sto Krishna € Buda. Para as pessoas que dependem de uma religido (isto & que ainda acreditam nos seus contetidos e ensinamentos), 0s _preceitos psicolégicos de suas vidas so efetuados por simbolos religiosos € mesmo seus sonkos, muitas vezes, giram em torno deles. Quando 0 Papa Pio XII proclamou o dogma da Assungio de Maria, uma mulher catdlica sonhou, por exemplo, que era uma sacerdotisa catélica. Seu nconsciente parecia ter dado ao dogma o seguinie desenvolvimento: "Se Maria & agora quase uma deusa, ela deve ter tido sacerdoti sas.” Outra mulher catética, que se opunha a alguns aspectos menores e exteriores da sua religiao, sonhou que a igreja da sua cidade natal fora demolida ¢ reconstrufda, mas que o tabern culo com a héstia consagrada ¢ a estétua da Virgem Maria deviam ser transferidos da velha igre} para a nova, © sonho mostrou-lhe que alguns dos aspectos da sua religiio, criados pelo homem, precisavam set renovados, mas que seus simbolos bisicos — Deus feito Homem, e a Mie Grande (a Virgem Maria) —sobreviveriam estas mudancas, Tais sonhos demonstram o vivo interesse que 0 inconsciente tem nas representagoes religiosas conscientes do individuo. E levantam © problema de sabermos se & possivel encontrar- se uma tendéncia de ordem geral_nos sonhos religiosos da gente contemporinea. Nas ma- nifestagdes do inconsciente examinadas entre homens e mulheres da nossa modema cultura crista, tanto a protestante quanto a catélica, 0 Dr. Jung observou que existe muitas vezes uma tendéncia inconsciente para _acrescentar 2. nossa formula trinitéria da divindade um quarto elemento, que tende a ser feminino, sombrio mesmo maléfico. Na verdade, este quarto elemento — sempre existia "em —_nossas representagdes religiosas, mas foi separado da imagem de Deus tomando-se a sua antitese, sob a forma da matéria em si (ou do senhor da matéria — 0 deménio). Agora, 0 inconsciente parece querer juntar estes exiremos, talvez porque a luz se tenha feito demasiadamente brilhante ea escuridao excessivamente sombria. Claro que o simbolo central da religido, a Divindade, esté mais exposto as tendéncias do inconsciente para realizar uma transformacao. Um monge tibetano disse uma vez ao Dr. Jung que as mandalas mais. impress ionantes do Tibet so concebidas pela imaginagdo, ou pela fantasia dirigida, quando 0 equilibrio psicolégico do grupo esti perturbado ou quando um doterminado pensamento nao péde ser expresso por nao estar contido ainda na sagrada doutrina, sendo preciso, primeiro, encontri-lo, Nestas observaeées suntem doi aspectos bésicos igualmente imporiantes em relagao ao simbolismo da mandala. A mandala serve a um propdsito conservador — isto é& restabelece uma ordem preexistente; mas serve também a0 propésito criador de dar forma ¢ expresso a alguma coisa que ainda nao existe, algo de novo e tinico. segundo aspecto ¢, talvez, mais importante que © primeiro, mas noo Contradiz. Pois na maioria dos casos 0 que restaura a antiga ordem. envolve, a0 mesmo tempo, algum elemento novo de criacio: na nova ordem, 0 esquema antigo retoma em um nivel mais elevado. O proceso lembra_uma espiral ascendenie, que eresce em diregio 20 alto enquanto retorna, simultaneamente, ao mesmo ponto. Um quadro pintado por uma mulher simples, educada em ambiente protestante, mostra uma mandala na forma de espiral. Esta muther recebera, através de um sonho, uma ordem para fazer um desenho de Deus. Mais tarde (também num sonho) ela O viu em um. livro, De Deus propriamente 36 percebeu 0 manto ondulado, em cujo drapeado luz e sombm se alternavam magnificamente, Tudo isto contrastava de maneira impressionante com a estabilidade da espiral no profundo céu azul Fascinada pelo manto e pela espiral, a mulher no prestou maior atengio a uma outra figura que estava sobre os rochedos. Quando acondou e comecou a pensar quem seriam aquelas figuras divinas, percebeu de repente que era "Deus, ele mesmo”. Teve um choque temivel de que se ressentiu por muito tempo. © Espirito Santo € habitualmente re- presentado na arte crista por um roda de fogo ou por uma pomba, mas neste sonho apareceu na forma de uma espiral. Era_um novo pen- samento, “que ainda nao fazia parte da dou- trina”, © que surgira espontaneamente do in- consciente. Nao € uma idéia nova.a de que o Es- Esta osttua da Virgom Mata do ‘s6cul0 XV aoatém no seu intone imagers deDeuse deCrsto— ‘oxime claramerte quo Virgom Maria pode sor consideradauma, represertacio de arquatipada "Nae Grande". 225

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