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SM ht ies ies 3 ‘ les sociologia joffre dumazedier _ SOCIOLOGIA EMPiRICA DO LAZER “ito do rig fans Sicologeemprign dh oir Copyright © Etisal, 1974 ‘Dados nemo de Cutan Pablicasto (CP) (ingress ovo, SP, Basi) asazade, fot, 1915-2002 Sool empec dose Daa, (ung Siva Maz, Guba 3.04 — ae apace: SESC, 208. — (Debvies; 164 lipo. Caiostay) “Teal opt: Sail cpiigue dis ISnn 9784527201855 Pore TSUN 978-45.99112572-SESCSP 1 Laer 2 Lame ~Aspesos soci Ti, sti SUMARIO seas epo-3054812 aera © Livro. seu Autor~ Danilo Santos de Miranda... 7 Ts Ear Soil 3064812 Nota Peeliminar 2, Sova do Lazer 3064812 Tntrodugio... : eer 1. Sociologiado Lazer ......s.s.sseeeeee 0 2, A Dindmica Produtora do Lazer 2s 1. Asorigens 25 Le 2. Soviedae sovidtica. Evolugiodo azer 1524-19676 3. Sociedade rancese. Uma hipétese sobre periodo Dino eer cm gu press de 1955-1965 : ne EDITORA FERSPECTIVASA pena 3. A Querela das Detinigdes oo. .eeeseseseessesy BP ‘1401-400 ~ St Palo SP— Bras 1. Definigdes 88 ‘Tesi (0-11) 385-1388 a Prenat dlc 7 7 snuierapsspiv.com br 3. Inplicagaes. E 10s 200 4, Lazer e terceiraidade i 13 4, Trabalho ~ Lazer ~ Tempo ~ Espago 1. Relagdes entre trabalho lazer 2, Analogias entre trabalho e lazer 3. Alduragdo do trabalho profsiona, pode ser d- Iminulda? 4, Lazer eespaco: necessdade de uma politica de desenvolvimento cultral no urbanismo 5, Quadros de Referénciae de Método 1. Desenvolvimento cultural concetosedimensoes 2. Instrupio dos adultos, operacio do desenvoti- ‘mento cultural z 3, Bm diego de uma sociologia ava: determints ‘mos socais, previsto, decisdo 4, Previs, Decisdo, Método comparative. 5. Como condusir a observagio comparada destes diferentes campos para investigar se as invarian- tes permitem afirmac [0] Conclusio BI 182 146 150 165 179 19 201 209 216 230 235 OLIVROE SEU AUTOR Sociologia Empirica do Lazer ineluiu-se no ol daqueles textos fundamentas sobre o tema, eseritos no transcorrer do séeulo XX. Rez®es nfo Ihe fltam e, ene elas, podemos rs- saltar ao menos ts aspectos. Em primeiro lugar, x delimita- ‘g20 mais precisa, racionalecriteriosa de un campo de inves- Tigngio até eno inejpiente, mas que as dindmicas sociais, ‘econdmicas e culturais ja deixavam entrevet. Ou sea, entre (6s tempos criados pela eivilizagia industrial, cada vex mais fragmentados,e tendo em comum aearacteristica da cougio, demonstrarse 0 carter liberador do lazer. Em segundo, fa emergir a percepgto de que as teivindicugdes por normas © ‘modelos lexiveis de trabalho retiram sua forgae tém origem nas valores do tempo livre, resultando em beneffcios & pes prin produtividade econdmica. Como uma espécie de refle- ‘xio luminosa, descobre-se que aeficigncia do esforgo utlité- ro depende, em muito, da “inilidade” socal da prazer.Por 7 fim, busca demonstra, por relagbes observévels eordenada- mente recorrenes, a importincia das atividades de lazer, ten- dom vista que seus contetdos estimulam o desenvolvimen- todo individuo, a convivéncia socal e oenriquecimento dos ‘endmenos culturis. Tanto por esses aspectos quanto pelo estimulo de suas anilises, deve-sereconhever a importincia seminal da Sociologia, sejamos critics ou adeptos das dias, aqui exposas Por outro lado, hé que se reconhecer 0 profundo senso ‘humanstico eo devotamentainsubmisso de JolTe Dumazediee causa da educago popular Sua origem humilde reforgou Theo ideal de justia, de combate as desigualdades educacio- ais, de elevagio espiritual que a longa tadieio iluminista francesa havia eriado, Essa vocagio 0 levou desde cedo a0 ensino voluntirio de grupos de ovens ede rabalhadoressin- divas, a tornar-se professor clandestino eparisan soba oc ago nazsta,eriago de um método auxiliarde autodidaxia , mais tarde, jf como académico, a tornar-se pesquisador, conselheio © animador de organizagies pablias e privadss de agio cultural, entre elas 0 SESC de Sto Paulo. Entre m6, sua convivéncia e aconselhamento aos téenicos da entidade abriram perspectivas até entlo insuspeitadas pars o plane}a- ‘mento ¢ a execugio do trabalho institucional no campo da cultura, Durante as déeadas de 70 e 80, vemos a oportunida- de de promover seminérios interaos com sua animada presenga,além de enviar nossos pesquisadores para cursos de s-praduugio, na Sorbonne, sob sua orientagdo diets, [Embora o quadro histérico no qual o livro foi escrito te- nha se moxifcado, dado o impacto vertiginosoe contundente das formas produtivas eda globalizagio, oentendimento ted rico de que se vale pemaneceimetocivel, Ou se, a concep- ‘¢lo segundo a qual o lazer ainda 6, para a maioria dos rab Thadores, o tempo ¢ a aso autodestinados 3s mais tntimas formas de enriquecimento ou desatisfagio pessoal. Danio Sonos de Miranda Diretor do Departamento Regional do SESC no Estado de Sto Paulo NOTA PRELIMINAR [Nossas principals pesquisas sovil6gleas de 1953 a 1973 foram objeto de uma “Yese sobre trabalhos” (53-73) cuja defesa eorreu na Sorbonne em 10 de novembro de 1973 diante de ‘uma binea composta pelos Professors Raymond Aron (presi: dente), Roger Bastide, Jean Cezenewe, Maurice Debesse e Jean Fourastié. As reflexses provoradas nesta circunstincia 6 0 que nos levaram a compor este livro. ‘A primeira edigfo de Vers une Civilisation du Lotsir? data de 1962. Os fatos, a¢ Lddas, 2s expressCes que introduzimos neste livro conheceram uma sorte inesperads, porém, no estado Gas_pesquisas empiricis dos anos 60, nJ0 podiamos responder f todas quest6es que colocivamos. Passaramse doze ancs. Desenvolvemos nossot teabalhos, estimulamos os de_nossos principais colaborsdores, demos ‘otigem a novas equipes de pesqulses, As observagdes sociolégleas sobre o lazer ou o tempo five estenderame e aprofundaramse nas sociedades industiais avangadas no apenas de tipo capitalista mas também de ipo 9 ‘ocialista. Os trabalhos europeus equiparam-se hoje aos trabalhos americanos. Uma primera reflexto comparada sobre os proble mas do tempo liberado e do tempo desocupado dos paises do ‘Tereeico Mundo comecou. Expomos hoje novas andlises com base nos resultados destas observagdes. Esta reflexdo aprofunda, completa ou corre em muitos pontos nossas hipoteses de 1962. Agradecemos iqueles que, solicitando-aos ou aceitando artigos sobre os diferentes aspectas desta nova vague de pesquiss, impulsionaram-nos a melhor elaborar a tese que hoje apresen- ‘amos. Meus agradecimentos portanto a ditegio de Année Socio- logique, dos Cahiers Intemationaux de Sociologe, 4 Revue Franeaise de Sociologie, de Kultura (Belgrade), de. Society ‘and Leisure (Praga), de Spettacolo (Roma), dos Cahiers du Centre International de Gérontologie Socal, i diregao de obras coletivas: Tendances et Volonté de la Société Franpaie (I. D. Reynaud), Leisure Human Values and Technology (P. Bosermin /N. Kaplan), Encyclopedia Universalis ¢ minhas homenagens a George Friedmann ¢, finalmente, a0 Centro de Recherche sur L'Urbanisme. ‘io teriamos podido levar a bom termo esta reflexto sobre uma base to vasta de dados empiticos sem o trabalho coletivo de documentapio, de anélise ¢ de critica da ativa fequipe dos modelos culturais ¢ do lazer do CNRS e de UER das cigncias da educagio (Université R. Descartes), Este liveo também é dele. INTRODUGAO ‘A aproximaglo do ano 1000 produzira a mais sombria «das profecias: 0 fim do mundo. A perspectiva do ano 2000 rovocou um profetismo mais matizado, Sob a cobertura da critica deol6gica, da reflexdo prospectiva, da elaboragso utépica, da flegZo clentifia ou mesmo da “sociologla, assiste-¢ 4 um florestimento do profetismo tado réseo ou todo negro, sas sobretudo todo negro, Soguese umn estado de espirto poveo favordvel 46 disciplinas cientificas da observagfo, da explicasio eda previsto ( campo do lazer nfo escepou a este estado de espirto. Talver ele esteja mais exposto que outros & luSes do penss- ‘mento profétco: a plasticidade de suas fronteras, 2 multipli- cidade heteroggnea de suas formas, a extensto oculta de suas implicagSes, a carga afetiva quo carregam algumns de suas meni- festag6es normais ov marginals, lictas ou ictus, prestam-se 20 entuslasmo ov aos desprezos mais temveis para o rigor ‘A resisténcia fianca ou dissimolada que opdem aos valores u suspeitos do lazer velhas ideologias do trabalho, profisional ‘0 escolar, das obrigngdes familiares ou poiticas cra obsticulos epistemoldgioos suplementares que retardam ainda o desenvol- vimento ea dfusso do conhecimento centifico. Cada um retém da complexa © movel reaidade do lazer apenas 0 aspecto que the interesa, o valoriza a0 extremo feequece todos of outros. Aqui a reflexd0 é, na maloria das ‘ezes, mais maniqueista que dialética, Na sociedade em devi, ‘© lazer aparece, segundo os autores, como uma realidade ‘multipresente out uma ilusto “ideologizada”. E 0 tempo da ‘mais livee expresso de si ou 0 da pior manipulagfo ou repres- Ho da pessoa. O lazer & anunciado como o futuro substituto do trabalho alienado, ou 0 trabalho reformado deve reduziio ‘cada. vez. mais & um passatempo mais ou menos tedioso. Ele serio tempo de uma autoformagio permanente © voluntétia muito mais séria que a formagdo imposta pela escola em crise, ‘ou entfo seri reduzido a uma simples recteagso pela extensi0 fe pela reforma da educaplo escolar. Para alguns, o lazer, que ‘se situaria fora do campo da “necessidade”, seria 0 fundamento ‘uténomo de uma teoria da liberdade. Para outros, a0 contrrio, seria por demais dependent para ser o fundamento de uma teoria qualquer. Celebrado como a arma privlegads de uma civilzaglo que valorizaia a expressio da. personaidade, & etiticado por outros como o epifenémeno artifical de uma Sociedade doente, sera incapaz de dar origem a uma civilizaga0 quilquer ‘Todas esta idéiascontraditrias testemunham efetivamente provivel importincia dos problemas colocados pelo lazer is sociedades industrials avangadat, engajadas na incerteza de um processo de desenvolvimento pésindustrial. Apesar de suas dife- rengas ou suas opesgSes, todas estas idéis possuem uma-caracte- fea comum: eliminam, em graus diversos, a paciente © enfadonha observacio sistemdtica da evolugfo dos fatos. Quando ttilizam dados, ao dadosselecionados para lustrar uma idéia por meio dos casos favoriveis, quuse nunca o conjunto dinémico dos fatos positivos ov negativos em relagio a um problema laramente delimitado, Entretanto, expor os diferentes géneros de fatos e suas diferentes rlagoes, manlfesas ou ovules, razidas A Tuz em diferentes momentos pela sociologia empirica not parece de uma grande urgéncis. ‘Sabemos efetivamente que estes fatos variam conforme 1 perguntas que s0 propostase que as perguntasest¥o sempre ligedas a uma metastociologia, Mas quaisquer que sejam seus limites, constituem pontos de seferéncia dos quais nenhuma thordigem sociolOgica, soja la orientada para uma transfor 2 ‘maggo da pritica ou para _um progtesso da teoria, poderia prescindr sob pena de erro especulativo. Toda teora socioldgica presenta trés propriedades: 1, € deduzida de uma tooria mais geal; 2. possui uma coeréncialdglco-dedutiva; 3, demonstra que nenhum fato importante esté em contra- Aiggo com ela. F sempre estimulante construit um conjunto coerente de idéias, apenas deduzido de uma teoria mais geral, ‘porém, como separa a teora da especulagfo se 0 procedimente teérico privase da disciplina indutiva? Ainda nfo chegow 0 ‘momento de tentar elaborar uma teoria socilégica do lazer, ainda que todas a5 tentativas de chegar af sejam sempre estim: lantes. Mas pareoe-nos que, neste perfodo turve e conturbado ‘onde ocorrem revsGes em todos os campos, a uildade de analisae (0s procedimentos e os resultados da socologia empirica do lazer € 0 caminho mais til 20 mesmo tempo para guiat a reflexto tebrica fora da ilusfo dogmitice e para orlentar a ago prética fora da impoténcia praticista Segundo R. Girod", os socidlogos do lazer sfo particuar- ‘mente criticos para consigo mesmos e no ocultaremos as dif. culdades que qualquer andlise cientfica encontra em nosso campo. Ao contrério, n6s a traremos @ luz. Tentaremos moteat ‘como procuramos tratilas. Se lograrmos éxito em nossa tent tiva, nossa andlise, que cobriré um capitulo da histéria de nossa disciplina (1953-1973), poderia, em suma, ser considerada como uma contelbuiggo 20 conhecimento de uma Btcraégia Geentifia. Sabemos que este trabalho pode ser um jogo perigaso. Podemos cair em todas as ilusdes is quals estio expostos os, autores de testemunhos, de memérias ou de didi, mesmo ‘que “cientificos”. Como poderia esta espécie de auto-andlisc profisional evitar as condutas de auto-satisfagfo ou de autocr tica excessvas, ab coeréncas reconstruidas a posterior, os parts pris (os preconceites) ofuscantes? Porém, como colocar proble- ‘mas sociolégicos sem escolher um ponto de vista? E ja que ‘existem informagtes sobre as condigoes ¢ a ginese de nosios trabalhos, achamos itil forneoé as. Assim exporemos os motivos ‘onscentes de nossas escolhas cient eas. Trataremos de dedicar-nos sem equivoco & dupla operagio comespondente ao caritsr ambivalento de toda. sociologa, 1, R. GIROD, Sodologe 4 “Yemps bs": intoducton 98 CCongs' mondial sur Jo temps lb, dex 1972, publcato so Jounal (of Ltr Rese, 1973. 1B conforme € considerada 20 lado dos problemas que ela propoe ‘ou dos resultados que ea impoe. ‘Ao nivel das informagoes procuraremos, em_primeio lugar, apoiarnos em observagSes.sistomiticas estabelecidas (omits possivel segundo as regras da representatividade e da probablidade, Aceitamos de bom grado esta contestada disc- Plina do conhecimento cientifico, mesmo quando ela restringe ‘nosso campo de_proposigées. O método mais brilhante da ‘lustragio das idéits pelos casos favoriveis ou pelo raciocinio ‘e6rico mais coerente nfo pode ultrapassar este limite senfo to prego de uma freqlente confusfo entre 0 ndosientifico 0 dentiieo: culdaremos portanto de evitar esta confusto, G. Bachelard estudou, na historia das cigncies, como ax idéias ‘prs, teis em determinado momento para susctar novas hipoteses, revelam-se alhures como © maior obstéculo a verifi= ‘gio desta hipOteses?.” De um outro ado, no plano dos problemas ¢ dis hipOteses, nfo eliminaremos a paixéo. A Fpaixfo” parecenot um dos elementos consttutivos de uma problemitica sociol6giea “‘apaixonante”... pelo menos para faguele que a formula: 6 0 sal das cifncas socials. Sem ela, a sociologia empirica ariscase a ser reduzida a uma fila e custosa contablidade de frequéncias e de conelagGes correspondentes, amide, a evidéncas. Na querela que opée G. Bachelard » M. Scheler sobre as relagoes da ciéncia e da “‘eultura”, damos razdo 4G, Bechelard quando ele recusa excluir a ciéncia da culture ‘como se uma disesse rspeito apenas 8 racionalidade e « outra, | peronalidade. Para ele, o centista mais rigoroso na adminis ‘agi rigorosa da prova, quando enfrenta a ignorincia ou o erro {que dominam a opinigo, engaja sua personaidade com paixzo. Quando a cigncia diz respeito a0 homem, como poderia ela excluir at palxaes que apitam 0s homens? O cientificismo s6 pode so ingenuidade ou engano. Exigimos o diteito de exprimir as preferéncias axiolgieas (alguns disiam ideologicas) que estdo na base de nossas orien- tagdes epistemoldgicas © metodolégicas na _mancira como propomos nossas perguntss, sobre todos os planos de anise ‘onde se exeree nosso trabalho sociologico. Eis as questoes: 1, Todo trabalho socilégico, sob pena de colocar proble- ‘mas que ja foram colocados de buscar resultados jéconhecidos, 2, G, BACHELARD, Formation de L'Epprit Scienifqu, Pus Vii, 1987, 256 p. “4 tem neceidade de integrase no apenas em equips mss nesta ‘spl de oflena ele magni qe constitem os espocaitas mais qualificados da disciplina, dispersos mesmo por milhares 4e-galdmetros de dstncin. Como ext problema impovse 4 nos nor anos 50, como tentamos reslvlo em fingeo da Sieagaoe da conjuntura da sociologl. do Taser, no" plano tacoma eintematona? 2. B indtil demonstrar que os recursos do trabalho cient fico sf, antes, lintade,sobrtado em relagfo ds necesidads sate fmitadis do conkeciment, dento de uma disciplin Jovem, sob um ante. novo (que entrou em moda entre 1985 e 1965). Por que foros levados «tenar comproendsr ' conigns da pénein, do desenvolvimento e das desguldaes de desenvolvimento. do tempo lve © do lest nas sociedaet industriais? Por que uma sociologia diacronica imposse cada ver mls a née apetar da difcldades metodolgics muits ‘eres nsuperivls que ela nos obsgn a enfenta? 3. As questdes da sociologia sincrOnica esto ligadas, em nosso campo, agelas que a sciologa dacrnica pode {6t ndo) sober. Deni 0 propio objeto da scclope uma fqertfo que se coloce infutumente desde a ongem desta, Alcina. Posém, ‘no esto do lager,» quel das desde: Tignda a problemas 20 mesmo tempo siuaconsis © ato. legos 14 ¢ dil realver os prmczos em fongto do estado de volugfo econdmice socal © caltural das sociedades prt Sndstls,industriais "ov. porindustrins, mat os sepuos Sio, em nossa opinigo, qume isolives ‘no tual estado de nos’ displing. les dependem de dovteins de apo mulas ‘es incompatives em nose sprecaeS0. do papel reapetivo do teabalho, dis obigages fal, sic spits ov s6co: “polities, com respeito os lanes relacionados com ot probe: sna de esteaticapsoc moblidade soci Tentaremonexpictarnotss cicalhes concstusis¢ dimensions, sss "asd centifies © nfocieties. Morte femos. a2 implcapoot destas sicolhes na andite objstive de Xivades, em gerlsituadss em outro quadros de referéni, finda que els Sjam, sbretudo,aspetor culos do fender Sue chamamot “er ‘Entre of diferentes mises de andlie do lazer (eles corrspondem mais ou menos ao que G. Guritch tea chao de “on exer Ou patamacs em profundidase’),tentaremos txplicr por que 0 esalGo dos sabres paroeaor hoje 0 mai importante. As implcages manifests ou oct que tsultam dor valores pesam, + notos olhs, com wm peso maior no sz fem interagfo com as detrminages que as condigtes designs 1s dd trabalho, de habitat, de cultura fazem pesar. Hoje, 3 soleira de crises de transformagio das sociedades industrias em socie- ddades com outro cariter, a snica andlise unilateral do lazer enquanto variével dependente, influenclada pelat pesadas vantveis de uma sociedade, arriscaria deixar no. desconhecido © efelto dos valores do lazer sobre o tempo, o espago, a cultura vivida om todas as classes sociais. Tentaremos formular uma nova problemitica para tratar destes fatos cuja ignorincla ameaga tomar ineficazes os sistemas culturais de intervengfo fem todos os pos de sociedades industriis avangadas, 5. Qual_ seri, para completar este trabalho, © melhor quadro de referencia, aquele que seré melhor adaptado & anise dos problemas quantitativos e qualitative relatos ao conteido do lazer das diferentes categories socias? As categorias de anise dda cultura de massa serio as mals apropriadas & andlise dos ineros e dos niveis de conteddo dos diferentes lazeres nas diferentes clases e iquela das condigoes ou processos de sua melhoria de acordo com os crtérios explicitos? A fim de elaborar uma sociologia do desenvolvimento cultura, tentaremos mostrar ‘como a adequada conceituagdo cientifica’ do quadro de ref réncias nos obriga a examinar de novo 0 cima que, no século XIX, provocou @ ruptura entre a cultura entendida no sentido hhumanista do termo ea cultura no sentido antropologico, Finalmente, para estabelecer este quadro de referénca cultural necesirio, retomamos as regras do método sociolégico que fixam atualmente as relagGes entre 0 conhecimento ¢ a ago, 68 jugamentos de fato ¢ os julgaments de valor na sociologia dominante. De um lado, estas regras postulam uma soparagzo radical entze dois universos de tal sorte que 0 imenso campo dda agio a ser empreendida escapa so conhecimento cientifico; de outro lado, as relap6es entre 0 conhecimento e 2 ago, tais ‘como apareoem através do que chamamos “a socologia e © as diferentes concepgdes da praxis histrica, fo ambiguas las possuem 0 mérito de roexaminar uma separagio iusoria entre a ideologiae a ciénia; porém nos arrastam a uma confusdo entre 0 que esta provado e o que nfo esti, 0 que é subjetivo © 0 que ¢ objetivo. Esta confusfo nfo ameaga destruls as condi- (6es da propria ciéncla? Tentaremos escaparaeste dup impasse, Tals sf0 as condigdes que nos fomecerdo os maores eixos dle andlite de nosso trabalho, Poderiamos tentar a andlite em ‘profundidade do procesto intelectual que esti na origem, Simultaneamente, de um procedimento clentifico que procura integrar os problemas de apio © de um procedimento ativo que 16 procura Integrar os resultados da ci€ncia. Mas este designio lultrapassa nossas forgas atuais. Limitemo-nos a tratar o essencial das cinco. perguntas que propusemos partindo de hipéteses de fatos que iremos, agora, expor. Pasi, Montreal, Quito, a 1. SOCIOLOGIA DO LAZER Para compreender algumas de nosses perguntss, 6 necesério fer a0 menos ums viséo suméria dos principals ‘spectos do desenvolvimento da sociologia do lazer. A teflento sobre. o tempo fora do trabalho tem antecedentes longinquos; to antigos quanto o proprio trabalho, provavelmente.J.M, Andrée! edicou recentemente a este assunto uma longs. andlise que tia respelto 20 oftum © 20 negotium dentro da clase drigent® da sociedade romana. Orivm’? Tratase de Iazet no sentido que ‘sta realidade tomou em relagSo 4 redugo progressive, durante tum séeulo, do tempo de trabalho profssional da meioria dos trabalhadotes? Diremos mais adiante por que nfo 0 conside- ramos assim. Desde © nascimento da sociedade industal, o¢ pensadores socisis do século XIX previram’ a importincis! do 1. J. M. ANDRE, L'Ontm dnt le Vie Morale et Intlectute dex Romans, des Orignes Epoque Auguséome, Pas PUP, 1966, v lazer, 0% entes, do Tempo Liberado pela reduez0 do trabalho industrial. Entretanto, apés um século e meio, os sociblogos finda nfo consequiram entenderse, nem sobre a dinimica, ‘nem sobre as propriedades especificas do fenémeno “lazer”, ‘nem sobre suas principais implicagbes. Em certos textos, Karl Marx considera © trabalho em si como a necessidade primeira do homem, Ele especifica,alhures, que somente a apropriagfo coletiva da méquina possbiitara'a conquista de um tempo livre, “espago do desenvolvimento humano”, que findaré por hhumanizar 6 trabalho. Segundo ele, & este tempo liberado do trabalho que deveria possbilitar a superagfo da atual antinomia do trabalho e do lazer com vistas 2 realzaefo do Homem Total. P. Naville desenvolveu de mancira orginal esta tese?. Sabe-se ‘que A. Comte ¢ C. Proudhon diferem de K. Marx em sua ‘oncepgdo da sociedade Futura, porém todos aribuiram a mesma Importancia & conquista do lazer polo progresso téenico e pela femaneipagio social. Todos associaram o desenvolvimento do lazer a0 progresso da cultura intelectual dos trabalhadores ‘40 aumento de sua participagdo nos negocios da cidade. Graas aos arse 08 mos poo wo lence de todas, se mini to tbat soa necenare favre © dames ‘A ealidade do lazer no século XX, tal como 0s sociologos ‘8 observaram nas sociedades industrials dominadss pela empresa privada ou coletiva, revelouso mais complexa, mais ambigua. E na Europa que um militante socialista,P. Lafargue, escreve ‘© primeiro.panileto a favor do lazer dos operirios, contra a Imistica do trabalho (1883)*, Ele abria sobre 0 socialismo uma (quetela que perdura ainda: o trabalho ¢ um fim ou um meio? Mas & nos Estadot Unidos que fol fundada 2 sociologia do “lazer*. Nao penstmos em The Theory of the Leisure Class (1889) onde T. Veblen trata antes da ociosidade das diferentes tategorias de ociosos da burguesia, mas do lazer dos trabalha: Alores®. A ocisidade nega o trabalho, o lazer o supe, T. Veblen 2, P.NAVILLE, Le Nouveau Leriathan, Pus, Anthropos, 1967, 515 p. Ver princpamenteostimo exptulo. 2. K. MARX, Quer: Economie, Pas, Clinard, t 1, 1963, 1819 pt 2, 1961, 1970 p.redigfooranizada po: M Rabe. “dB. LAPARGUE, Le Droit le Parewe, Pais, Maspero, 1965, 0p. 5. 7. VEBLEN, The Theory of he Leisure Clas An Economic Siudy of Ineuiions, 0 1898, Londes, Allen and Unvin, 1957, aap. 20 ‘az a Tur sobrotudo as despesas ostentatrias 4s quals a busca do prestigio social arasta as classes dirgentes.E preciso esperar ‘0s anos 1920-1930 para ver, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, 5 primeiros estudos da sociologia empirica do lazer propriamente dita, A instaurapfo da jomada de olto horas provoca a esperana e também a inquietude dos reformadores socias: o tempo liberado seré utilizado para o florescimento fou para a depradagio da personalidade? Na URSS, uma politica de orginizarso dos lazer é acompanhada por pesquisas Sobre 0s “orgamentos-empo”, sob 0 estimulo de Strumiin® © Bureau Intemacional do Trabalho de Genebra organiza, em 1920, 0 19 Congresso Internacional acerca do Tempo Live dos Trabalhadores; trezentos membros de dezoito nagdes partiipam dele. A necessidade de uma organizaefo dos lazeres colocada como corolirio da diminuigfo do tempo de trabalho. ‘do emproendidas enquéves nos Estados Unidos. Em Middletown, Re H. Lynd reservam um largo exporo ao estudo dos lazeres tradlcionais, dos lazeres modemos ¢ da organizagfo dos lazeres. Em 1934 surge 2 primeira grande enguéfe centrada no laze, 8 de Lundberg e Komarowsky. Ela ja define o lazer por oposigto {is atividades assim caracterizadas: considered in high degree obligatory or necessary to the malat- ‘anor of lis and which ae on te whole itrumental to other end rather than ends in homes? Esta obra marca, om nossa opinio, 0 nascimento da sociologi empitics do lazer. Depois da guerra de 1940, a socilo- ia do lazer conheceré um surto de uma dimensdo’¢ de uma ‘Significagio novas. Os Estados Unidos abordam os problemas da “sociedade de massa” mareada pelo consumo, pela cultura «pelo lazer de massa. Nese novo contexto, a ambighidades 4o lazer provocam um ilorescimento de estudos. Em 1948 apare- ce The Lonely Crowd do David Riesman®. Ese livro exeroerd 5. |S. G. STRUMILIN, Det Probleme de L'Bconomie du Treva, Moseos, 196i, I, nova edi, 7. G. LANDBERG, Leisure: A Suturbar Snidy, New York, ‘Columbia University Pres, 1934 Em igs no texto: “consdeadas em alto ga obgatins ou necesitfs & sumnutensZo da vida © que sf, 70 onjumt, mci Instruments para outos ns, nls do que fins mo mesos" Not) 8. D. RIESMAN, N. GLAZER e R.DENNEY, The ‘Crowe, Now sen (Conn), Yale Unieaty Pie, 1950, XVI, 586 p. Git ws 4 tito Soo, So Ps Prec, 1971, Das 21 uma influgneia mundial; sua tiragem total ultrapassa_um mithfo de exemplaes. O autor defende a ieia de que humani- dade moderna nfo conheseu senfo duas“revoluges". A prime data do Renascimento; tornandose cada vez. mais urbano, 0 hhomem nfo mais € dingdo, antes de tudo, pela tadigSo (eadi- tion directed) mas pelas normas e valores da fama restrta, Fle pasa a ser inner directed (introdiriido). A segunda revolucto spareceria em meados do sézulo XX nos paises que abordam © consumo, a cultura e 0 lazer de massa. 0 homem é movido por normas ¢ valores veculados pelos meios de. comunicagéo fe masa © os grupos de pates (peer group). Ele pasa a ser ‘other directed (heterogrigido), Nesta perspectva, a reflexbes relativas 30 desenvolvimento e @ influéncia dos lzeres de massa So centrais. E em 1958 que aparece a primeira antologia de textos sobre este assunto: Mass Leisure, editada por E. Larabee ‘© R Meyersohn? e, um ano depois, Mass Culture (A. Rosenberg © L, White, 1957)! Finalmente um decisivo progreso na vetfcagdo empitica destas novas idéias sobre as relapies do lnzer e'da cultura nas sociedades de massa deveuse ao estudo feito por uma equipe diigds por R. Havighurst!", em Kansas Gy ¢ principslmente @ equipe, de H. Wilensky", em Detroit ” ‘purant este mesmo perio, asctloga do iaze conhece ‘na Europa um surto patlelo, Georges Friedmann concede uma posigfo privlepiada & significagses do lazer para “realojar 0 hhomem" na civizagSo tecnica onde trabalho & desumano park a maiora™, Ele distingue vigorosamente as fungGes de Aistags0 e de compensagio do lazer com respeito 0 trabalho. [Na Inglaterra, Rowntree. inaugura uma série de estudos e de pesquisas de aleance social" que terfo no exterior, principal 9, _E, LARRABEE, R. B. MEYERSOHN (eds), Mant Lise, ‘Ghncoe I), Fie Pes, 1958, X +429 9. 0. A. ROSENBERG L. WHITE (ed), Mass Culture. The Popular Asn Amerie, Geno (i), Fre Ps, 1987, 561. LL. RJ. HAVIGHURST © K. FEIGENBAUM, Leiru and life styl, American Journal of Sociology, 1959, pp. 145-404 12, HLL. WILENSKY, Mass society 1d mas culture. nterdepen- dence of independence, Ameloan Secolotea! Review, St, 2, 1964, pp 1793 13. G. FRIEDMANN, Poblines tains du Machiniome Indu tre, Pas, Galmard, 8. 2d, 1946, 389 pO vale Trvall Human, Gattimar, 1980, 391 p Le Traval en Mees, Gatimard, 1986, 347°, (rat tra: O "Trabalho em Sigubar, S49 Paulo, Perspect, 1972, Debate 33). 1M. B. 8, ROWNTREE e G. R, LOVERS, Blo Life and Letvre, Dew York, Longmans, Geen and Co 1981, XVI + 42 p. Fy mente na Holanda, um eco considerivel. Vastas sondagens de opinio sobre o iszer dos jovens (1954) af resultam numa vigorosa politica de equipamento e de formagio. Nas sociedades Industriais de tipo socialist, os estudot sobre 0 lazer (ou 0 empo livre) conheosm igualments um novo. desenvolvimento nna URSS,, de 1956 a 1962, a passagem progresiva da jomada dde 8 horas'@ jomada de 7 horas suscita um reerudescimento de pesquisas sobre os orpamentos-tempo eas atividades do tempo livre; dentro da perspectiva do Strumilin, surgem os trabalhos de G. A. Prudenski (1964), G. Petrosian'(1965), V, Patrushev (1966), B. Gruschin (1967) e L. Gordon (1969). Ena lugos livia que a primeira enquéte sobre o lazer ocorre dentro de um contexto socialsta segundo os métodos da malt. modema Sociologia empirica (V. Ahtik, 1960)'*, Este trabalho fo seguido neste pais por numerosas outeas pesquisss, partcularmente as de Mihovilovitch (1967-1972). A sociologla empirica do lazer e da cultura de massa conheoou igualmente um notével desenvolvimento na Poldnia, a partir de 1956 (K. Zygulski, Z. Skorzynski, A. Olzewska)"* e, na Tehecosloviquia, sobretudo fem tomo de uma equipe dirigida por B. Fiipcova (O Trabalho 0 Lazer, 1964)". A yitalidade da socilogia do lazer susltou rnumerosas abordagens a0 nivel dos problems; um mesmo autor pode adotar vir delas altemadamente, porém uma mites veres predomina sobre as outras, O lazer & estudado obretudo 15, G. A, PRUDENSKI, O Tempo ¢ 0 Traiaho, Moscoa, My, 1964, 380 p. Gr ETROSIAN, 6 Tempo For do Trae don Toba dort na URS, Mosco, teonomitat 1955, 1p. V- 0. PATRO SHEW, Time axa Economie Category, ysl 1, 1966. B. GRUSCHIN, 9 Tempo Live: Duar, Buriure, Probemase Perpecinar, Mosc Pundas 1966, 135 pL, OORDON, V. 1. VOEK, 8. GENIN: EV, KLOPO.S.'N. SOLOKOVA, A ioiogie dor fenimenes ssa con: ‘exes, Vopr Plot, 7, 1965, pst 9h 16. V. ANTIK, Les. conditions une planation soc. du Yor, Rene Incematonae des SctencesSoias 2, 1960p. 62360 11. M. MIHOVILOVITCH, divenos ertidos ft no quae do Institut de Recherches Soca, como: Ltr des Qroyens te Sage, Zag 196, 4S Lora Ve de Pip Later tae 968, ei andthe input of eres the contempory socety Enel Moder 13,1971, ad ace 18K. ZVGUSLK, Snrodupo aos Proflenes de. Cura, ‘Varsvi,Wydawniehyerz 1972, 380. Z SKORZTNSKL, “Paci das cians dos habe. We Vann”, Zrowe bere, 11962, pp, 360. A sito dos pobemas do oogo fre dn popu sfourbant, robiemy Poko Seco 1, 1965, 9p, 1992 19.8, FILIFCOVA, 0 Homem. 0 Tabaio of Lazees, Pr, Srobods, 1966156 p 23 fem suas relagdes com o trabalho (B. Filipcova, G. Friedmann, 8. Parker, G. Prudenski, D. Rlesman), com a familia (W. ‘Scheuch), com o status da mulher (F. Govaerts), com ajuventude (A. Villadary), com a religto (J. Pieper, H. Cox), com politica (Spe) 6 com cultura (. Bosman, Kaplan, Wilensiy). B tratado como um quadro temporal (G. Prudenski, G. Petrosjan, A. Scala) em relagdo A vida cotdiana (H. Lefebvre, C. Busch), como um conjunto de atvidades (Littunen) ow um sistema de valores (S. de Grazia), em relaefo com a ideologia (M.F. Lanfant), ete. ‘Ao nivel dos métodos, a variedade também & grande. A sociologia do lazer nfo se distingue por um método especifico; la utliza todos os métodos, & histérica de Veblen a Riesman ‘ou de Grazia; ¢ empirica na maioria dos casos; 6 igualmente ‘comparativa. A enquéte sobre o tempo livre nos “orgamentos- srl {196 ve les re mec sae ism s: Alemanhe Federal, Bélgica, Austria, Franca, Hungri, Polonia, URS. E digs por A.Sal (ung po quae do Centro Europeu de Documentagfo ¢ Cidnciss Soci de Viena (1972). E a mais importante observagao sociol6gcainter- nacional sobre o tempo live jamais realizada formulando um ‘minima de hipsteses explicitas, 20. 5. PARKER, The Fune of Work And Lebure, Londses DMccibboa and Keo, 171, 161 p. E_ K. SCHEUCH, Lelsur tne ct ‘es an fay cohesion, Soeoloeal Rees, 8, 1960. F. GOVAERTS, Tolir des Femmes et Temps Libre, Brel, Uesttst 8 Soaolope, 1965, 12 p. A. VILLADARY, Fete et Vie Quoene, Pus, Batons vvies, 1968, 282 pI, PIEPER, Leaure the Bans of Clue, Londres, Faber and Pater, 1988, H. COX, Le Fave der Fou, Eaitons dv Sul, 1971, 240 p. S-LIFSET, Hverc! Mon, Now York, Double Day, 1960, {025 F DOSSERMAN, Ie KAPLAN, lech una Fer New York, Abington Pres, 197, 256 p. A: SZALAL ey Tie Ge of Tim, Has, Moon 1973, 86 ps HE LEFEVRE, Ca Feds Ve oan Pag, Lach, 8,22 pC. Bus, limes et Perpecives del Sciooge i Tempe Lire, Contbuton {une Definition ce Champ D'Bnude, 390 p, Mouton, macabre 1973 MCTITTUNEN, As Funpoes Soca dat Firs, esto do Insutto de Pingus Ga Escola de Ciencia Sods, Turku, 1960.8. do GRAZIA, Of Time, Work and Lear, New York, The Twentieth Century Found, 1962,'589 p. MF. LANFANT, Ler Thovies du Lots, Puls, PUP, fol “Le sdtoiogis", 1972, 25 p 4 2, ADINAMICA PRODUTORA DO LAZER 1. ASORIGENS © propio nsscimento do lazer evant um problema 0 onto em que alguns se perguntam, como o asnlanos no Principio, sé wna ealade ou una fico, As leis de sou Uksenovinentopemanecem controvertiat tanto etre os socilogs como ente os historadres. Pode flr do ses {propos dor fedidose dos din em gue nose tabalhe da Sociedade tional? O leer sea uma capo expen de Soctedade Indust? Qual sera a dindmica de sua cago o de Seu desenvolvimento, consderandoss eta dindnica? Que fturo pode ser provto pia se denio dst sociedad nas qs Soedadesindostiasavangadatestfogerando? Apetar de una Sburdante lteatura mato em moda sobre ese auto, ele itr use tse yl ma contain pes, toe propos nets dupes. gus cna us lar xe todo fp dos, om totes ts cilizagoes. Nio € 0 noso poato de via. 2s Fa te de Sebastian de Gra. 0 tomgo foradodtabalho {;trdenement, fo anigp quanto 0 prop ttalo, prem © ler post gor expects, canerstios ee cago Sscida de Revol Indsti. Nat socdades do perfogo arco, 0 trabalho © 0 ogo ian pon) | cose nee testo Tune do eerste Eo dua idaden,enboradlfernter 3 su is pcs, pose cagies de nema nearesa Fe vida essencial da eomunidade. A festa engloba 0 trabalho Co fpo, Além dito, tabalo jp apeentamse sre treo, Sts. oposgao € menor ox inexent. Também Eun sbuivo ver aa eaepna dos xamis ov dor Siopewador: do talio ovdinano, = prsigagso de ua “a la” ene gente Ven an ¢Tettostos sume funtes'migiat 0 rligora encas cemunidede 0 lazer ¢ um conte inadapado 20 perodo Tis sodedads pbindusee do_perodo bistsso?, © inet nfo exe tampout. 0 taba itceve senor clos ‘auras da estates don das inferso durante abo rato, Semorvco Guns extn, md, Sev itn € natu, ee @ cortado por pias, cntos, jogs, cements. Em gal confunde com's avidade do dd suo a0 pordosal Ente trina poo o corte to afi, Nos eto temperate, to devuso tov ongor meses de vem, 0 tbsho inom rape pars dar gar a na embatidae durante + ua sian pelcidn ales ver; cfc, O io 6 mortteg; a fom feqenteconogese ar idem. Esta Inna € Soportainy in é anldde asocada tum coro de avon des, Bridetemente, nfo aprsenta at popdades do laser =a tes clelos nature sS0 marcdoe por wma suo de donsnge festa. © domingo perence av clo, As tas ls ews tf cao de um gaade dpéndio de slmentos = de Trorp; consuem 0 ineno ov 4 neao dade cotidima ‘econ fo ndoctves das comin, dopendem ak frente do alto, fo. do lazer, Assy enbora seh tradiconals dh ‘Europa tenhan conesdo. mas de 150s Sem tabalio pr me euo no paste pose optic conc 1, S.de GRAZIA, Op. cit 2._ 1, CAZENEUVE, La Mentalié Arceique, Pais, A. Colin, 1961, 205». 2, "A. VARAGNAC, Chiltation Tradtionnelle e Genrer de Vie, Pasi, Abin Michal, 1948, 404 . 26 de lazer para analislos. Tomemos 0 exemplo. da. Franga Vauban’, em La Dime Royale (1707), distingue 0s dis sm ‘tabalho” our Chémés) dos “feiados” fequentements impos tos pala Igeja contra 0 desejo ds camponeses artesf para favorsces 0 exereicio dos deveresespsituals.O pobre homem das fabulas de La Fontaine queixase de que o “Senhor Cua sempre consegue por um santo novo no seu sermfo". Nos primérdios do seulo" XVI, na Feanga, estes ferados eram em nero de G4. A estes actescentamse os dias de teaalho imposivel (Por causa da doenca, da baixa temperatura, etc), por volta de 80, Logo, nesta época, na Franga,o¥ camponess © artesios (3% dos trabalhadores) contavam, segundo Vauban, com 164 dias sem trabalho por ano, em sua mia impostospelas neces Sidades do cult ou pela falta de trabalho, Nas soledades pr “ndustrias da época aual encontramos numerosos trabalhadores «que 0 subdesenvolvimento tecnolgico pura. de emprego ou ©& condens a empregos esporidicos de custa duragfo. N&O faleremos entio de tempo liberado, muito menor de lazer, mas de tempo desocupade, Alguns pesqulsdores fazer temontar o lazer 49 modo de vida das clases. aistrocdticas da cvizagfo tradlonal (de Grava) Entetano, também no areitamos que a ociosidade dos flsofos da antiga Grécia ou dos fialgs do sleulo XVI possa ser chamada de lzer. Estes piiegados da we, clos ‘ou nfo, faciam pagar sua ociosidade com 6 trabalho dos escravos, dos eamponeses ou dos valetes. Esta ososdade nfo se define em relapfo 20 trabalho. Ela nio é nem um complemento nem ‘uma compensaefo; & um substituto do trabalho, Este modelo de ocisidde ‘aristocrtca certaments_trouxe uma poderost ontibugfo 20 refinamento. da cultura. Or fldsofes gegot sssociam este modelo 1 sabedora; tal desenvolvimento. do homem completo, corpo o espiito, era o idea desta vida sem trabalho. A rsigso a0. trabalho ser era juifeads por Avistteles em nome dos valores nobres; a palave. Scholé ‘queria dizer, simultaeamente, ociosidadee escola. Os fidalgos das cortes europsias posteriores 2 Idale Média inventaram ou exaltaram o ideal do humanismo © do honnéte homse®. A ocist dade dos nobres estaya sempre ligada 20s mais altos valores de civlizagéo, mesmo quando na reaidade la ora matcada 4. VAUBAN, Ls Dime Royale, Pas, Buesax de I Puleaton, 1872, Vit, 1909. * Homem into. No seulo XVIE tomem pefelto segundo seis da sosedade de Seu tempo. N-dorT) 7 pela mediocridade ou pela baixeza, Entretanto, 0 concsito de lazer ndo convém para designar as atividades destas castas ‘closas. O lazer nfo é 4 ociosidade, nio suprime o trabalho; © pressup6e. Corresponde » ums liberaeo periédica do trabalho no fim do dia, da semana, do ano ou da vida de trabalho. Duss condigses prévias na vida socal tiveram de realizarse a fim de que © lazer se tomasse possivel para a maloria dos wabalhadores: a) As atividades da sociedade nfo mais sfo ropradas em sue {otalidade por obrigagses sltuaisimpostas pela comunidade. Pelo menos uma parte destas atividades escapa aos. tos coletivs, especialmente o twabalho © 0 lazer. Este ultimo depende ia livre escolha dos individuos, ainda que os determi- hismos sociais se exergam evidentemente sobre esta livre escola. ') O trabalho profissional destacou-se das outrasatividades, Possui um limite arbitrério, nfo regulado pela natureza. Sua forganizagdo ¢ specifica, de modo que o tempo livre & bem hitidamente separado ou separvel dele Estas duss condip6es coexistem apenas nas sociedades Industrials e pésindustrias. Elas tomam 0 conceito de lazer inaplicavel 8. sociedades arcaicas e pré-ndustrais. Quando (© lazer penetra na vida rural das sociedides modemas, 6 porque o trabalho rural tende a organizarse segundo 0 modo e trabalho industrial e porque a vids rural est penetrada pelos ‘modelos da vida urbana que cortespondem a ele. Observagses da mesma ordem impoemse para as sociedades agriias do TTereeiro Mundo que projetamse tranaformar em-socledades industias 8) Aumento da durago do tempo livre ‘Mas, o incontestivel aumento da durago do tempo live observado desde os primérdios das sociedades industrais até estes dltimos vinte anos seré um fato portador de futuro? Este ‘sumento, 0 contriro,é em grande parte usério para mumerosos ttabalhadores de. todas as cetegorias, dos mals ricos © mais responsivels managers (executivos) aos mais pobrese desprovidos de responsabilidades (mode-obra nfo-qualificads muitas vezes S.-H. MENDRAS, Le Fin des Payson, Pus, SEDEIS, 1967, ast. 28 estrangera)? Este aumento, jd contestado em sua extensio, nfo chegou a uma espécie de apogeu que nfo prefiguraria de ‘modo algum o futuro das sociedades industiais mas antes refletiia 0 passado? Defrontamse dus grandes tess Para o ano 2000, H. Kahn eA. Wiener profetizam um capitalismo produtvista e humanitirio que reduzira o tempo de trabalho na sociedade americana: af poderseia trabalhar ‘nfo mais que 7,30h por dia durante trés dias por semana ‘A duragdo do fim de semana pasaria a ser de quatro dias (sexta- “fein, Sdbado, domingo, sogunda-feira) e ax tual férias dos professores poderiam ser estendidas 2 maior parte dos traba- Thadores, isto é, treze semanas anuals. Na eventual perspectiva de um ‘socilismo pésindustral, E, Mandel” acreditava ser possivel uma semana de 20 a 24 horas repartidas em S ou 6 hhotas de trabalho por dia, sea taxa de crescimento da produtiv dade fosie de 5% por ano (o que é plausvel), se a economia fosse dirgida por um planejamento eficaz em fungzo das necessidades reais © se a naglo americana se desombaragasse de sous esmagadores encargos militares. As reflexces a longo prazo de J. Fourastié sobre as “sociedades tercéris” vio n0 ‘mesmo sentido mas elas $80 20 mesmo tempo mais incerta € mais prudentes visto que o autor situs sua realizagg0 alm do ano 2000, Por volta de 2100, restariam a nossos distantes descendentes apenas 1200 horas ‘anuais de trabalho (em vez de 2000 a 2200 nas sociedades industrials avangadas de hoje) repartidos em 40 semanas de 30 horas durante 30 anos (em ‘ex dos 50 anos de hoje). (Outros profetas vio num sentido totalmente posto; eles, absolutaments, go véem no lazer o futuro das sociedades Industrials e posindustrais. A critica mais recente © vigorosa em sua formulagio proveio do economists flésofo J. K. Galbraith Hi um quario de seulo a média do tababio hebdomadio na Ingistta slevose modorasmente (10,6 horas em 1941 ~ 1 horas ot 1965). A medida que sun fonda selva os Homes passa mals emo no tmbstho e festmam menos laser. A li do una nova era de Tae [onsgeravelments exons, na reside, um asunto banal de conven, {pests owed ca vez ens® (6. HL KAM, A, J. WIENER, 14m 2000, Pus, Laffot, 1958, 00 p. radio dina) 17, E MANDEL, "Socilt Eoonomy” ip R. 1. HEILBRONNER 1 A. M. FORDS, (ds), Fe Beonomics Releont? Pale Palaces Ca), ‘Goyyear Pub. Co, 1971, 315%. J. K. GALBRAITH, Le Nowel flat Industriel — Est sur le Spstime Economique Amdricay, Pas, Gallimard, 168, 418 p. (Tr ‘io do ng. 2» Muitas vezes a prediglo nfo ¢, na verdade, mais do que a valorizagdo de uma parte do presente. Comecemos por ‘observar of diferentes fatos som privlgia alguns dees. Sempre 6 possvel ilustrar uma tese ou uma teoria especulativa qualquer pelo método dos casos favordveis tomados 0 acato tanto do ppassado quanto do presente. Aqui e acolé, esquecemos muito Freqentemente que, par tenar prover una hiptee, ¢ 1. reunir o conjunto dos fatos portinentes; 2. confontar neste conjunto aqueles que s60_positvos © 05 que sfo negativos, sem omisslo nem repetigfo com respeito Aipdtese; 3. observar as relagGes mituas entre os fatos para saber qual dees exerce sobre o outro agdo mais forte; “4. observar as tendéncias evolutivas de cada fato para determinar a que vio crescendo, a8 que vf0 decrescendo. Cada vez que isto for possivel, tentaremos utilizar conjuntos de fatos representativos estabelecidos por recenseamentot ou sondagens que autorizem a genealizao pela probabiidade Nfo ignoramos nem a dificuldade deste trabalho, nem os limites desta opedo predeterminada. Sabemos que os fatos ‘fo sempre respostas a perguntas, que as perguntas dependem fanto do questionador quanto da situacz0. Sabemos também {que todo conhecimento realmente sociologico supde a concor- incia de uma teoria coerente com fatos construidos por intermédio de um método consciente de seus poderes ¢ de seus limites. Porém, no atual estado da reflexzo soctolbgica em nossa Aisciplin, onde a profecia substitui com demasiada frequncia & previsbes probabilistas e onde a afirmagio especulativa dita “e6rica” 6 indiferente a todo sistema objetivo de provas, cremos ue este procedimento indutivo, mesmo que limitado,é 0 melhor meio de evitar proposigdes gratuitas. O provedimento indutivo deveria possibiltarnos determinar as variévelspertinentes no dominio da produeso do tempo livre e depois do tempo 4e lazer nas sociedades industrials, Esperamos de sua parte ‘que ela nos conduza: 4) no rumo dos diferentes tipos de evolugsi do tempo livre edo lazer segundo as categorias de trabalhadores; b) no rumo dos. diferentes componentes que podem estes tipos de evalu, expl Neste estidio, nfo damos definiglo de lazer. Uma nog aproximativa & 0 suficiente para o primeiro desenvolvimento que propomos. Se 0 letor conhece a definiefo que extraimos, 30 fem 1955, dos resultados de uma enquéte nacional 1 respeito ‘a representagfo do lazer sobre uma amostra de 819 operirios © empregados franceses, nés Ihe pediremos pare esquectls. Retomaremos problema das definigses apés este apanha de sociologla histGrica. No limitaremos nossas observagcee is enquétes realizadas dentro da sociedade francesa; uiizaremos \dados tomados a sociedade americana e a algumas outtts, © Isto por raz8es que deseavolveremos mais adiante, Procucamos saber se, apesar das diferentes orgunizagdes.s6cioeconémicas « sociopolitcss, podese formular a hip6tese do que é observe ‘uma convergéncia na dinimica produtora do lazer na evolugio as sociedades industrias e pésindustrias, Este dltimo tipo de sociedade & caracterizado do mancira bastante diversa segundo os autores: assim, ela é altemads- mente qualfcada como cientificotéenica, cibemética, neoté. lea, programada, eletrdnica; ou ainda é chamada de sociedade de consumo, da instrugéo de massa, da. revolugio sexual, ‘dos conflitos de geragbes, etc. Esperamos que os resultados de_um estudo comparativo sobre as mutagdes culturais que ‘acompanham 0 lazer, atualmente em curso em sete paises, ppermitam escolher, com conhecimento de causa, uma defniglo adequada. Esperando, contentarnosemos em caractrizar este tipo de sociedade pela interaqao de dois earacteres econdmico “sociis igndos entre 4) 0 estado de desenvolvimento avangado das forcas produtivas (maquinismos, organizagdes, homens qualficados) possibilita os mais elevadas niveis de produto, ) Estes niveis de produgio sfo obra de uma populagio ativa cuja maioria nfo mais esti no setor agririo, nem no industrial, mas no setor de servigos ou sotor “povindustia 9, J, DUMAZEDIER, N. SANUEL, Post indus socoies and Kise tine, Scie and Leiare 1), masse de 1969: H. KAUN, AVS. WIENER, L'4n 2000, Pas, Laffo, 1968, 00 p; R. RICHTA, {a Goitation iu. Coreour, Ps, Anthope, 1969, 468 p; A. TOL RAINE, La Sool Post nduonelle ats, Deno, 1963, 319. 10 Desde 1984 av trasformagGes enolic na Fangs sce ame, asim como 1 redugio no set primaro. Or tabaadors deste Selor em 1968 m0 passum de 17% da populado aia conta 34 em 11M6.°O setor seoundiro beneflowse oot este éxodo full pasando 4 319 em 1946 1 38% om 1965. Maso pancial bene € 0 slot {eicisio ‘ou pévindusta. Na Yordae set ccinento fol mae forts Enquanto que repuesentara 35% da populato aia, em 1968 l= epreser tata 44s dla. Du om dni sleet nieamente ent. det ano 2 sociedade lances, apesar das dtl da sua industlzaslo, pro ‘imouse de uma economia de sega que conicona 0 desenvbinento Go consumo e do lmvede mai E erdade que sop & pose dsr 31 As primeias obseragdes empires deste novo tipo de Sociedade mosttam que © principal motor da economia & sfetivamente. industealizgso e que as relagSes sciais +80 Sempre mareadss por conflitos (de clase, de sexo, de gerago, ste). Mas estas relagoes estes confites no so mas inteia- Imente os mesmos. Produzemse mutaées socials © callus que mudam profundamente, nfo 56 0 conteddo das relaptes Soci, mas ainda a relato' entre as obrigaptes e ws escola, 0s deveres.socas © os diteitos individuals, of sistemas de Valores inviduals ¢ o$ sistemas de valores coletvos. Julgamos aque estas mutagdes intoduzem as mudangas mais importants nas signifieagGes do lazer e-em suas rlagoes com as obegaeaes ‘isicas da edad Seja como for, entretanto, desde os acordos de Grenelle, ‘ie 1968, entee of sindicatos, @ classe patronal e 0 gover, fo movimento de diminuigso da duragio da semans de trabalho tomou novo alento na Franga. Asim, a duragfo média do leabaho no setor nfoagricla, que era de 46 hora até em 1967, dese para 45 horas em 1969 e o Comisaciado do Plano prev que em 1975 esta durapto cairé em pelo menos 1,30 hos, isto é, que ela ating 44 ou 43 horas!. Por outro Jado," durante este mesmo perfodo (1968-1971) a semana de Sits de trabalho tendew a generalizarse. B uma reivindeagso tual para wm niimero erescente de trabalhadores. O ano’ do teabatto diminui, os 12 dias de folga,pagos,conseguidos em 1936, pasaram 3 semanas © depois, sp6s 1968, a um més para ‘a maionia dos aslaiados, Fas sis evoluem. Em 1963, Tuma sondagem nacional do TROP! mostra que, entre of ‘opetinos, erea de 1/3 prefera uma diminugdo ds horas de trabalho a-um aumento de sali, porém 2/3 dele fia a escolhainvers. Ora, desde esta época foi dada una nova atual- dade 4 diminuigfo da duropo da semana de trabalho (sibado inteiramente lve) e 20 avango da idade de aposentadoria. B uma recente sondagem realizda na Régie National ds indiswis Renault, 63% do pestoa! de Bouloge © 70% do pessoal de Le Mans declararam prefer abreviar 0 tempo 4 exataextenslo do que podemos chamar do “servigos". Nos Estados ‘Unies, setr dos sevioeConcome ja 63% de populagdo sr. 11. INSEE 1972 jancout, duragSo média: 43,8 (044.6 E 42.2) 12. Réduction du temps de tavall et améesgement des cong, Sondegs, 2, 1964 13. 1 FAURE, J.C. BRACKE, Eaguftes sure old ot le mode eve du personnel de in RNUR, Consommation, Annaler du Cedoe, 2a jun. 1971p. 33 32 de trabalho do que aumentar sua renda. Esta prefexéncia é observada, mesmo entre os OE (Trabalhadores Especializados) OB4rabalho normal 43,7% Boulogne 784% Le Mans OE trabalho emequipe 55,4% Boulogne 87.9% Le Mans. Porém, poderse-ia goneralizar estes resultados & populagso ‘operiria em geral? Nfo vemos af mais que uma tendéncia em uma fabric pada, Quanto & sociedade americana, certos autores puderam sfirmar que este movimento geral rumo a diminuigdo do tempo de trabalho devia ser posto em divida. Assim, H. Wilensky”™ usa informagGes parcais elativas a certas categorias de trabalhs dores, utilzando observagdes sobre a semana e sobre a vida de trabalho, Desde © momento em que estabeleoeu estes clculos Sobre esta base parcial, surgicam dois exautivos estudos quant tativos, o de P, Henle ¢ o de M. Clawson, que permitem abordar de manera mais proxima a evolugio real global. O estudo do , Henle! que versa sobre a evolugdo de 1948 a 1966, permite- -nos situsta melhor. Ele nos revea dois modelos: prineiramente, 6 exato que o mimero de asalariados nfo-agricolas que tabalham mais de 48 horas por semana quase dobrou em 17 anos, visto que passou de 4,8 milhaes a 94 milhdes, ou xj, de 129% 2°10,7% Estes trabulhadores sfo geralmente grandes managers ou ~ na outra extremidade da escaa social ~ operdros pouco qualfcados, empregados doméstics, pequenos.comercintes Mas preciso nfo esquecer que © proporgio daqueles que trabalham 40 horas ¢ menos passou so mesmo tempo de 56.6% 645%; representando portanto a. grande maloria. Ness cinco itimos anos a tendénca i diminaigdo cresceu ainda mais com um répido aumento de empregos de tempo parcial principal mente part a mifodo-obra feminina, cyja parte no’ trbalho profssional foi cescente™. Além da semana de 4 dist (de 9 14, IL WILENSKY, The uneyn distsbuton of sue, The impact ‘of seanamie powsh on “foo tine", Socal groBlems 9, vero do 156, p.32S6 P, HENLE, Lely and long Work wick, Monch Labor Reve, [Bde 1966, pp. 720-728. 1S. PLHENLE, Op lt 16. No qus se mfore a uma opnizo opasta, cf. B. PRISMA, Le Femme Mystifée, Ganebra, Gonthier, 1964, 2 ¥ 244-216 pa que 33 4110 horas) estar em pleno curso de adogfo, como dissemos ‘cima, a tendéncia ao aumento da duragdo das Trias 6 recente gril. Em 1971, segundo um recente relatrio do Bureau of Statistics, « maloria dos asalariados dispte efetivamente de trés semanas de fis, apesar de uma leislagdo retrograda, ‘quanto a este ponto, com respeito da Franga. ‘Quanto ao argumento que se basa sobre a duragdo global da vida de trabalho para negar ou minimizar o sentido geral da evolugio em fwvor do tempo livre, como se situa ele num testudo de conjunto? Néo dispomos de estudos quanto & Franga, mas podemos utilizar of de Clawson!” sobre. a evolugdo do ‘oryamento-tempo da sociedade americana de 1900 a 1950; omporta uma reflex previsivel para o ano 2000, Apeser do cariter forgosimente’ aproximativo de_um tal estudo tmucroeconbmico’e macrossociol6gico, as ordens de_grandeza da distrbuigdo das hores de tempo live da populagfo ativa no ecorret do periodo estudado sto suficentemente diferentes aquelas de Toje para nfo deixar nenhuma divida quanto 20 sentido geral do emprego do tempo nesta sociedade posindus- tral, B exato, na verdade, que a parte do tempo de trabalho lobal da nagio nfo pia de creser: de 86 milhdes de horas tm 1950 passa a 132 bilhes em 1970, e, de acordo com estudos Sobre a probabilidade da evolugio, serd de 206 bilhdes de horas fo ano 2000, Tas observagdesaparentemente dfo azo aquees que preferem dar mais importincia so aumento do tempo de trabalho do. que 80 do tempo live. Mas, na redlidade, © que & que ais niimeros medeni? Primeiramente 0 cresiment. emogrifico © 0 alongamento da expectativa de vida" mais do que o aumento do tempo do trabalho na vida quotdiana Por outro lado, esquece-e de ncrescentar que, em valor relativo, a parte do trabalho no oreamentotempo da nagio encaminhase de maneira decrescente: 1900: 13%; 1950: 10%; 2000: 5% — fenquanto que, 20 contrério, a duragso do tempo livre encami- hase de modo cresente: 1900: 11 137 bihoes de horas (ito &, 27%), 1950: 433 bilhdes de horas (isto €, 34%), 2000: 113 Dithoes ‘de horas (sto é, 38%). Observemos, am disso, que ‘elas agumentgio em cos de auers diplomadss que preferium 1 Shiagdere os iazeresSomicos sum trabalho prossondl. V7. M. CLAWSON e J. L, KNETSCH, Zeonomcs of Outdor Recreation, New York, J-M.P, 1966, 340. 18, Pergpectva de vide nos Estos Unidos, tot da poplago 1900=48.5; 1950=682; 1967=10,5.— in Mistrial Satter of the USA, Washington, US Deparinest of Commerce, Bureau of th Censs, 154 p45. a" © crescimento em valor absoluto de um e de outro & muito ‘esigual. De 1950 20 ano 2000 a soma das horas de trabalho aumenta menos de trés vezes ¢ a do tempo livre mals de seis vez, Quanto. s0 “valor do trabalho” como motor da evolugso 6 precito renderse & evidéncia: mesmo numa sociedad industrial avangada como a URSS., que faz mais que qualquer outra Sociedade por estes valores, obsorvaso seyuinte: na pesquisa sobre os trabalhadores (18-30 anos) de 23 empresas de Lenin- grado (1966) aqueles que sfo dominados pelas “orientagces para o trabalho de produgZ0” representam apenas 7,7%" Diante do conjunto de todos estes fatos, o que podemos sustentar? De um lado, a sociedade pévindustial ou clentitico- -téenica, apesar do aumento de possbilidades de tempo livre, ‘nfo seri para todos uma sociedade marcada pelo tempo live, ‘Uma parte dos trabalhadore,seja porque o trabalho é para eles fonte de cragio cultural ou de responsablidade social, sea porque as necessidades de consumo sfo as mais Torts, seja por desinteresse para com as atvidades do tempo live, assumnirdo Jomadas, semanas, longos anos de trabalho como na sociedade ‘anterior. Esquecer de evocar estes fatos, quando se fala da evolugZo atual e provivel para o futuro, 6 truncar « realidade, € produzir uma representaio ideol6giea do tempo livre ou do lazer; mas tas observagdes no concemem sendo a minoras. Para a maioria dos tyabalhadores, nas sociedades industrials avangadas, 0 sentido dominante da evolugto esté provavelmente no aumento do tempo livie, mesmo quando se trata de um fegime socialsta. Isolat um'indicador relativo & duragio da semana de trabalho durante um perfodo limitado, ou ainda 8 evolugo do mimero global de hors de trabalho durante a vida, sem situar a importincia relia desta evolugio com respeito Aquela do tempo livre no orsamento-tempo_ global significa mutilar a realdade: esta mutilagfo dos. fatos leva 4 generalizagées abusivas sobre a preponderincia do trabalho na evolugio, Tals generlizagses sf antes. inspiradat pela vontade de ver 0 trabalho tomarse “a primeira necessidade {do homem”, do que por uma reflexdo clentfica sobre o conjunto dos fatos elatvos 2 evolugio das relagses entre 0 trabalho © © tempo livre em todos os tipos de’ sociedades industais avangadas™. 19. A. G, ZDRAVOMYSLOV, ¥. P. ROSIN, V. A. SIADOV, (0 Homem eeu Trabatho, Mosc, 1967, 150. 20. Para um ponto de vista diferent do nosso, ef P. NAVILLE, Le Nouveau Letethan,1. De EAlnetion dle Jutsace, Opt aw Sob 0 efeito desta influgncia do progresso cientifico- Aéenico aplicalo a produgfo, da ago evondmics de certos tempresiios, do consumo de massa eda ago socal dos sindicatos de asalariados, ¢ provivel que, para a maioria, o aumento do tempo livre em detrimento do tempo de trabalho susctard © problema mais importante das sociedades pés.industias aqui até 0 fim do sdeulo: as exlangas que ingressam neste ‘momento na escola de 19 grau nfo terZo mesmo entfo conciuido ‘metade de sua vide 'b) 0 “bico"* em quesido ‘Ae génro de atividade este tempo liberado do trbslho profisional tera aftado? Ele nio se reduz 0 tempo delat Em 1957 um ensaista social, H. Swados”, apés a reflexso Cole de wn grupo de miltanter india bre oempreg do tempo iberdo pela passagem para a semana de 32 hres, nas fabrcas de boracha de Akron, publica um artigo de titulo Cspetculr: “Less Work, Less Lei. Ete tuo fundus, fhm como erfos-nimeros bastante convincentes: 40% dos peril que’ dipunham dese movo horddo. tram aceito ttabalhos stplementares e 17% tram asumido uma segunda profisio. Estes fatos foram dinddos em um némero mes Slane de obra sociclpese de estos soca. Com bastante ftequencia o comentiro explicto. ov implieto era para que ikea 9 tempo de trabalho profisionals este tempo ¢ocupado ‘Por um outro trabalho, 0 “bico”, (moonlighting work)? N50 tert ena aprova'de-que 0 homem & incapar de dominge 0 tempo lize, aobrtudo o late, © que "0 trabalho pi Imeite necessidade humana"? Georges Friedmann resume tem esta posigfo alfrmando que o tempo libero & sentido fomo se fore oco e que se preenchido com Bricolages™ tbiscates)remunerads ou um segundo. empreg, nf0 somente porque tom Tome, mas também porque se deja prencher + _Tymal nor ~ 0 conctito sue nf em comopondens esto em poripue Shes tna ttt frm do cag opr Se tom tgs cid ov comrade ou tens por “a” Rion i. H SWADOS, "Les wo, ki", a R_ MEYERSOIN ot, is Line,Op i pp 383983 22S deGRAZIA, Op oer: no tna og empendo, mbar # vie exe ‘undo toda seek de pgunas tt ST) 1. FRIEDMANN Le Pane tle Sage, Pi Gali, 190, 36 Tentaromos disemi clartmente 0 cto de acordo com algunas pesuisasreoentes de socologia empl. Inisaiment, Pesquiando st condigdes na guns F Swados etabeleera seu fos, pesebemoe que te tataa af, de uma eximativabeseads fio. em wma pesquisa empisct de opingo, mas unicamente fo testemunho de mitantes indicat qe = propinkam enuncir «_pritic. do trabalho suplementarfavorecida elas empresa. por certo difl, nas enqutes stems, confar fm mimerorforecios_ pelos props inersados: cmp, portant, coner ds esimativas deqeles que podem cbsewar or comportamentos reas, porém, para ara fimacoes bits, tors elas necradades da caus, parecenos dsejvel ‘pari priro@o enquster empiias em sega fenaar comig-ls pela obseragio ciftce dos conportmentos ‘A etatintiosofnis de Seretaria Federal do Trabalho amet ano (1966) indiam que oeren de. Se dos opediospratcum algum trabalho de “bico” (moonlighting work). Na Franca, ‘uma enquéte™ recente com 120 operarios de Toulouse, escolhi- dor por cos segundo wm plano experimental, reela a mesma Doroatagem, Or stores antercanos'e frances (em as mesmas fesrvs quanto wo nimero obtio, embora neo. dsponham Gas neciias_infomagdes para corrigrlo. Nima enute (0955-1970) efetuada em Annecy, una Obsrvaqfo sobre uma fimostragem representative do conjnto dos opedrios da alome- Tapio, ondapem de 1/200) completads por ums. obsagto tstendla. por varios anos (19551970) permitiu ou stinar, ttre da verfieggo de testemanhos,o mimeo de sslriados due pratiavan o tiabalho de "bico”, com sendo cerea de 25% ins reentes enguérer empéricas na URS. o outa not Exados Unidos possbitara obter reposts dicts © Indies a gustgor referents ao emprego do tempo lied ‘a primeit, quando se perguntou os opeciios "se a jorrada Gs Tabalho fose reduzidn e's 0 seu tempo live sumentase, de que sianie voosspensram uiliesto?, 169% respondeu. cutie um trabalho suplementr", geraimente par, gahar dinheiro. A segunda pesquisa, feita por B. Gruschin™ junto £2000 trabasores de Moscow reela que 28,7% dos perros txereeram um tba suplementsr, Por outro lado, nos Estados Unidos, na amestragem (eaovepreentatva) de empresas que 24, J. LARRUE, Lor Our che: les Meals Touloutls, Hala, Moston, 1965 25, A. G. ZDRAVOMYSLOV, ¥. ?. ROGIN, V. A, SIADOV, op et. 26, B, GRUSCHIN, Op et 7 falotaram o fim de semana de tés dias (1970), fol enviado um {questionirio a totalidade dos trabalhadores (700); as. 148 primeiras respostas foram uilizadas para um primeio tratamento pido: emanam de 80% de oporérios. Entre eles, 4% declararam {cr realizado um “bico” durante 0 regime dos fins de semana tle dos dias, Com o fim de semana de tes dias, o total elevou-se para 17% 0 grupo encarregado de estimar o ndmero real dos trabulhadores envolvidos pensa que cles devem representar conea de 25% do tata”, mito dificil chegar @ uma conclsto capar de escapar 2 toda e qualquer ertca, Nip obstant,apés «anise de tod, tstis observagbes stem, acompanadas ou 30 de ape Goes critics, acredtamos poder adiantar que o nimero de Speritios que © enttegam 4 um trabalho camplementat dito “blco", de duragfo © ginero vaveis(podendo ir de um “bi cats romunerado” a uma segunda profisio), deve situarse na maior das sodiedades industais Svangadas de ipo capita. Tita" ov, socaista, com variagoes importantes, em toro. de lume média de 25%, Se esta hipétese€ a mais plusivel, os 3/4 dos. operiog uilizariam seu tempo liberdo do. trabalho profstonal para ouleisatividades, excusivas de todo trabalho remunerado Vollemo-nes_ayora para os managers: owvese diet amidde que eles nfo tm lzores, que sto candidatos a enfartes, tte, Quanto. este ponto, fallammnos pesquisa: sstemiticas de” grande envergadura. Sibese apenss, através dos estudos rédicor™, que certos grandes responsivels por empresas fazem femanas de'50 4 60 horas de servigo, que fevam tabalho para casa e que para eles os lazeres so devorados pela “obrigagses eloprofisionas". Mas ssbeso também — © quanto a este onto exstem numerosas pesquss sisteméticas ~ que é entre br executvor que se encontra# maior proporeZo de praticantes, de exqul, equitagdo, arco. vela, longas vagens de fries, safari golly tis, teatro, concertos, letra, et Numa cidade como, New York, € bem diffe! encontrar ‘um exeeutivo em feu escat6io na’ sextaexra 4 tarde... Como coneliar estas obseragdes contradtérias? Em nossa opinifo, provavelmente 27, 1. DE RIVA POOR, 4 Days, 40 Houre, Cambridge (as), ‘ursk and Poor, 1970 28, De BIZE, 14 Sumenage des Dirigens, Pas, Ea, Entre ne modems, 1961, 170. 8 sf0 os managers mais importantes, mas cazregados de responsi: bilidade ou 0s mais animados por uma vontade de poder que So privados de tempo live, e a obseragio participate nos demonstra que so minoritris entre os executvos. A maioria desies fo 0s privilegados do lazer em todas as enguétes siste- miticas sobre o lazer nos Estados Unidos, na Franga ou nas outras sciedades industiis svangadss; odes, em certo sentido, vonsideridos como os sucesores da leisure class ana- lisada no fim do sltimo século™. Uma pesquisa de 1962 con- duzida sob a éyide da Harvard Business Review junto a cerca dz 5.000 managers da indGstia e da administra demonstrou aque, na verdade, em mei, estes exceutivos tabalham 43 horas za empresa © 7 horas suplementares em casa. Tém 4,30 horas por semana de semilazeres profissionsis, mas dispdem ainda de 30 horas para o lazer pesoal®, Na enquéte americana relativa 3 mudangas provocadss pelos is dus de fim de semana, ‘80% dos operrios, empregados e executivos “sam seu tempo liberado para se dedicarem a ativdades de lazer mais do que para ganfar uma renda suplementat™. Na pesquisa de Lenin ‘ado (onde, como vimos, 16,9% dos trablhadores escolheriam lum trabalho suplementar se thes fose dado mas tempo live) nite as det atividades nas quais, nesta eventuaidade,recaem de 40,3 a 78,7% das esclhas, foram recensradas sete alvidades de lazer, O que & mais verosimil 6 que a maiora dos trbs- Thadores de todas_as categoria invstam seu tempo Hberado em atividades fora do trabalho e particularmente no lazer. Assim, podemos, 8 luz destas pesquisis reoentes, propor dduasconclusses 1, Omitir um quarto dos trabalhadores para os quis 1 duragfo do trabalho aumentou nos Estudos Unidos © que esto 1/4 (muitas vezes of mesmos) que transforma seu tempo IUberado em um tempo de trabalho em “bicos” para tecer loas 1 diminuigfo uniforme do tempo de trabalho, 6 adotar uma ‘concepelo ideoldgica da situagdo, velar as desigualdades soci, Jgnorar 0 desmesurado peso do trabalho sobre minorias despro- vidas ou hiperativas. 29. T. VEBLEN, La Thlorle de le Cae de Lot, Op. et. 30, Brqute reaizada em 1962 dentro do quadio da Hered uses School 31. L-DERIVA POOR, Op. lt 32. Gems, iterstar, testo, expases,espeticals esportios, pritca deporte, tvs, 39 2. Porém, exagerar estes ftos, eliminar os outros (elativos & maloria), negar ou minimizar — em nome dos valores do ‘rabulko — 0 movimento histérico de lberagfo do tempo que valoriza 0 tempo fora do trabalho, & fazer ainda uma ideologia do trabalho. E, para os metafisicos do trabalho, tomar seus dese~ jos por realidades, permanecer prsioneiros de’ uma concepeso ‘uacrinica do trabalho, nascida das situag6es do séoulo XIX, desprezar a realidade observada na escala da maloria dot trabalhadores de todas as categorias nag sociedades industriais avangadas de tipo capitalista ou socalsta™. ©) Equivoco das “atividades familiares” © tempo liberado pela redugfo do trabalho profisional seria ocupado pelos trabalhadores ¢ trabalhadoras sobretudo om “atividades familiares"? Ha tose que sustentam N. Anderson ¢ numerosos socilogos da vida fanuliar. Para alguns dente eles o lazer sexia lum coneeito menos itil que “a fungdo rereativa da famila"™. E certo, antes de tido, que o tempo lierado do trabalho profissonal foi amplamente ocupado por atividades familiares, E, Scheuch conclu, numa pesquisa sobre a populagio de Colo- nia, que o lazer ou o semilazer tem sobretudo um cardter familiar © que cle contibul para aumentar a coesfo da familia através do desenvolvimento do aytomével, através da tcleviso, das frias, dos fins de semana, et.™. Nas grandes cidades americanes, o tempo liberado para tum trabalfador em provelto das obrigages domestias © fami lis” representa, em média, na enquéte intemacional_sobre 33. Seria preciso eoear os ssilogs do trabalho que, a0 seconte- erm que a logcn do teabaho industal € produit 0. nlo-abaho falocam spirsicament que estas aidales de nfo-rabao dependem {a sodologa do uabalo: 1 soleloga de tabalho w asin expandirse 4c campo Sql que 6 ua nego, © nitabaho, efera dab aiiades lies" (P NAVILLE, De L'Ahdnation fa foun). Som nogae 4 cricnte importnca Qs laces, entre trabalho. last, por exemplo, ‘ese mal como 2 socologla do ler podesa char wus concise uss “imenstesemeifcorem outa campo que nf 0 = 3A. N-ANDERSON, Work and Lele, Op. et 35, W. GOODE, “The sociclogy of family” in Sociology co Day, 4. by RK: MARTIN, L. BROOM, T. 5. COTTRELL JR, New York, ‘Basie Books, 1989, 625 p 36, ‘EK. SCHEUCH, Fanly aheson in eur tine, Sociological Review, 1, ova se, uo de 1960 37.0 que chamamos de obrigntes domi fas come onde ilo que a enguéte interaconal sobre os orgamentor-empo ‘enignoa ‘como’ housework childcare, shopping, personal care, dating. 0 os orgamentostempo (1966), 3,3 h* por semana (3,0 para a URSS, 44 para a Tchecosloviquia ¢ 4,1 para a Fran). O desenvolvimento dos fins de semana de tuts dias not Estados Unidos aumenta ainda o tempo dedicado a tis tarefas faniiares em 23% dos casos: a viagem de visita aos parents & praticada por cerca de um individvo sobre dois, e a taxa de crescimonto desta atividade € de 121%”. Se tais fatos se generalizarem, podeeseia pois adantar que © aumento do tempo live fore: teré a pritica das relagdes de parentesco (familia extensa). Numa sociedade industrial evangada de tipo socialite (UR-SS.) suma enquéte sobre “oreamentosempo” numa empress industrial (Rirovsky) prova que 96.4% do tempo lve (lazer © obrgaySes) € vilzado em familis e, na pesqust realizada entre jovens adultos das empresas de'Leningrado, os valores da. familia dominam a orientagio de. 41,0% dos individuos (enquanto que apenas 7,7% dente eles, & bom que o lembremos, séo ‘vientados para os valores do trabalho produtio). Cada ver que foram feitos estudos de orgamento-tempo sobre operrios que ndo se beneficiam de nenhum auxiio familar e assumem simultaneamente 0 trabalho em casa ¢ 0 trabalho na empresa, o tempo de lazer profisional & ocupado prineipalmente por um segundo trabalho, o de casa: evocaram-se semanas de 80 horas de trabalho profisional e familiar... Neste plano, sabese que aquela que trabalha € muito mais dominada ‘No que aguele que trabalha, mesmo nas sociedades socalistas ‘que empreenderam um grande esforgo politico em favor da emaneipagfo da mulher. Assim, em 1966, na URSS..0 trabs- Ihador urbano tem, em média, 10 horas de tempo livre © & trabalhadora apenas 3 horas ¢ 8/10", quer diacr, cerca de desenvolvimento perl do homem. A scala dos wtyor do sedi Fen ng ethos don apse, ey ibrar mies So ors pasos arene, Tempo lire: ele inclui, por um lado, atvidadesespirituais, atviades séio-paltcne, por outo, Ire. Observemos em primeiro lugar que os pesquisadores sovisticos, de’ Struniin até Gruschin, definem com maior boa vontade 0 tempo live ‘por aquilo que ele nfo 6 do que por aquilo que ele €. Com feito, as relagdes entre dois tipos de atiidades dessemelhantes 101. B.GRUSCHIN, Op ct tinda nfo foram claramente aaliadas na nova Sociedade sové- tsa. Mas toda as ativides do tempo tre tém sido ma ov ‘menos inventaradss dexde 1924. Como evluiam elas? Pass ‘emos rpidamente sobre pica eign la de bservagdes ‘hee ses de anni nn oa de oe turbans. Limitarnosemos lembrar uma indicagéo reatva 40 meio rut. Em 1924, of cimponeses dedievam Individual mente por més, 88S horas a praca relies, Em 1934, os Kolkhosianos-obserados por S. G._ Sturn nfo. devotavam 2 tis prtcas eligosas mas do que 0,52 hora. Em que medida so noses Cnc rgponaente compare? Em que medida & posivel extcapola, hoe, se nor de ssulldos pra os mis opeririosurbanoe? Em gera a infor tages disponiels no nos peritem ofrecer respsts & tal pergunta Para aguilo que os pesquisadores soviéticas chamam de “atividades sciais", possuimos, em compensicio, dados de grande interse. Ete rubriea coresponde a totalidade ds, Hives de partlpaglo. nex reunloer espitua, chia, polities, nat_muaniestagoes correspondentes ts fests’ coletivas Ov os aconterimentos, sodas de toda eopécie, J4 sibemos 1924, 0 operiro he dedicra cerca de 109 horat por 1959, ele nto consagrara a isto mals do que 17 hors, ge sos E19 96%, Grin no aos © tempo correspondent; linitouse a contar o almero de CBE eve, cate wat eee saa aged cl alge, “cera de uma vez pot més”. O resultado fol que, ‘7230 facia considerandoofato que a pariipato aa malocs das reunidessndieas ou pollens € obrgatra, wvamente aconslhada sob a. pressdo da Organizaefo. Paect pols que, dese 1924, 2 evolipto da sociedade sovidtic levou a uma ‘iminuipzo da intensidade na partiipagzo nagulo que chama- remos de obsigagbes sciopolitcs. Infelizmente, Gruschin ‘ao jugou posiel Solar & avidades s6co-paliteas propia: inenie dilas” Acreicentemos que 446 doe opriros seguem Cerca de uma ver por més uma instrugio plies, quer imposta {Wer feultativa; esta porcentagem cal & medida que a ubank {ago se desnvolve: 438% nas edades menorese 29.3% somente em Moseou™ INDIO fated eh Sates sen ett poe) ronan ucndos a presto ota perqu si eae far hy dm ue) oon sol (plo) mr a dee Fanon dogo nat gd sin como's pair dx soe I'd os clea) 9) das spon Pons do oor 68 Lazeres ¢ estudos: nfo nos & dado separa, nas informagées disponiveis, a parte dos estudos que é integrada, principalmente ‘nas atividades profisionsis, sindicals ou nas do Pardo, e a parte que coresponde a uma atividade de lazer to livre quanto 8 de pescar ou de asstr a um espeticulo de varedades, Tambéin ‘nfo nos ¢ possivel distingur, dentre os temas dos cursos ov cireulos de estudos, aqueles que preparam para uma promocto profisional ou para uma responssbilidade familial sindlcal Ou politica, daqueles que dizem respeito a assuntos de cusos dades ‘menos uilitrias ou mais desinteressades, orlentados pra, apenas, a satisfapfo do corpo, da imaginagfo ou do inte Jecto. Trataremos entéo apenas dos estudos do adulto tomados ‘em seu conjunto, Como evoluiu esta pate da stividade em relagfo 405 esportes, aos espeticulos e “outros divertimentes”? Cone s2mos o amplo esforgo do govero soviético para aumentar 98 equipamentos socioeducativor: © que resultou isto. par ‘vida dz populagso? Em 1924 0s operirios dedicavam cerca de_168 horas ‘anvais os estudos , vinte e cinco anos depois, 175 horas, ou seja, 4% a mais!®. Em compensapio, como jd vimos, « praca dos’ esportes, tomada num sentido’ amplo, isto, inclusive provavelmente os jogos 20 ar lize (mas néo os passeios eo turismo) elevou-se de 18 para 74 horas por ano, ou seja, um ssumento de cesca de 400%. E no campo do espeticulo’ que 4 taxa de crescimento foi mais aontuada: 1924, 42 horas; 1989, 373 horas, ou ja, um aumento de 900% -Acrescentemos que, 20 mesmo tempo, a pritica dos outros ndo-importa»qualvatividade: pode-se trabalhar com :ntsiea, studar brincando, lava a louga ouvindo rédio, promover ‘um comieio politico com desfls do balizas, mistura oerotismo ao sagrado, ete. Toda atividade pode pois vir a ser um lazer. D. Rieman foi talvez 0 primeito (1948) a ter desenvolvido esta concepedo; esta achase amplamente difundida na sociologia, reencontramola multas vezes em H. Wilensky ou M. Kaplan! Oferece a vantagem de mostrar que 0s modos de lazer tendem 4 penetrar todas 3s outs atividades, que o° lazer pode sor. xem eum en de vide gun ge modes contrive pas : ‘quality of life”). Mas esa definigdo rls plclgen que recicléor: ea diz spelt A aes de alguns nos comportamentos comuns a todos, Confunde lazer @ prazer, lazer ¢ jogo. Nao permite definir um campo ceapecifico entre as ‘diferentes atvidades que assumem diferentos fungGes na_sociedade. Langa. a eonfusosobre- uma relagg0 capital na dindmica da produgdo.do lazer, entre a redugdo-do tempo das obrigagses institucionsis © 0 aumento do tempo liberado para a atividade pessoal dentro das novas normas soins. Definipon0 2 ‘A segunda definigfo, explicita ou implicka, situa o lazer somente com respeito 20 trabalho profissonal em oposigfo 1, Polo menos sous exerts antevions 21973. «este limo, como se nada mais exstsse contiguamente, como se 0 lazer resumisse inteiramente 0 ndo-trabalho. Esta definiclo 4, na msioria das vezes, a dos economisas, sobretudo depois de Keynes, que via no lazer 0 grande problema das economias avangadas, Achamola também na maioria dos escrtos de Kall Marx, Os socilogos do trabalho, seguids pelos sociélogos do lazer (Meyerson, Parker) utilizaram-na muitss vezes nas comparagSes entre irabalho ¢ lazer. Tal definigfo"apresenta a-yantagem de situar 0 prazer elativamente. principal fonte de eiagdo de limitagfo do tempo de lazer. Mas ele permanece demasiado marcada com respeito 4s eategoriss da economia, © depois da sociologia do trabalho, Ela permite cada vex menos tratar os problemas specifics do lazer nas soiedades industria avangadas, presenta. também 0 inconveniente de confundir, por detrés da palavra iazer, realidades sociais heterogéneas. Parecenos lamentivel paticularmente para a careza do conceito, confundir sob uma mesma pelavra tividades que correspondem ‘um tempo liberado de obrigagoes profissonais ¢ atividades que corrspondem a um tempo sobrecaregado de obrigagdes familinis. A redugSo_destas ltimas condiciona também a Possblidade de tvidades de lazer principalmente para. as donas-e-case ¢ as mies de famflia, com demasiada frequéncia esquecidas na soriologia do lazer. Bete setor do tempo fora do trabalho profissional onde se exeroem as obrigagdes parenais, conjugais, familias, dependem no da socilogia do lazer, mas da sociologia da famflia. Mes na relagfo entre Lazeres familias ¢ lazeres indviduas ou coletivs, a sociologia do lazer podeia coopera uilmente com a sociologa da familia, Definigao n? 3 Esta'definigdo: do lazer, que exchui do lazer as obrigagses domésticofamliais, tem a vantagem de fazer parcosr que a indica principal da eriapfo e da limitepto do tempo de lazer Para-o homem e para a mulher, é dupla:simultaneamente na ‘edugfo do trabalho profisional e na do trabalho familial. Mas tal definigfo apresenta, a nossos olhos, um inconveniente. A. diferengaespecifica que caracterizao lazer 6 confusa, polissémica. Com efeito, 0” vocabulo lazer inclu as obrigagbes s6cio-spiri- ‘uals e sésioppoliticas, cobre, portanto, 20 mesmo tempo as obrigagdes sécloesprituais cuja regressfo permite a progressfo 4e atividades de tipo novo e estas mesmas stividades. Vimos 2. Com a siuds do um marxsogo (M. Rubel) wecaseamos em Marx cinco defnigder do “ave”, mas fodsso define em Rago 10 ‘esta proisional 89

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