You are on page 1of 9
sre49 D8 HOME LETRAS DE WOJELETRASDEOJELETRAS DEOELETRASDE OE Autoetnografia: uma alternativa conceitual Daniela Beceaccia Versiani* ¢——— Neste trabaho dscuto a possivel findamentass0 do conceito de etnogafi” como alleativa il pesqizadones da ultra precetp menfatza, na aproximagio de algumas formas de esrta deconstruct firs o carder pescrnaal intersbjetivo Goto Contrugdec ciccurcver Lite decir satan de ete cena cl shjetvidaden 0 ents. aun an eve to avoiding essontalizng readings of subjectivity and this chaperdscusnes the possible bases for “aothngraphy ae for recrchero of culture concerned with the inlersbjective ro though which subjecty eerie into aunoconsteutive texts ara Heian Krieger Olinto, ‘Mardia Rother Cardoaa¢ Valter Sider do pressuposto de que o discurso literirio subjetivizan- paula em matizes autobiograficas e memorilistcas, urge tar se © modelo tradicional de autobiografia cunhado no j XVIII iluminista ainda sera eficaz para conferit visibilidade 0s histGricos (no essencializados) que compartiham he- socioculturais em constante circulagio. Podemos perceber ce mobilidade e complexidade de sujeitos inseridos em os, multicultural, 0 tedrico/critico literdrio contemporaine clo em discursos de construgao de selves devera problema- ‘modelo tradicional de autobiografias. Tal modelo, sustenta- {renga da plena “representagio" de cubjetividades, cristal sivamente o Sujeito univoco eestavel, Sai fie sua indepen que poseconment dxencli na te de ‘Seavey ‘Asoc, Coa aero one a as Bro ti Heian Kreer Oli e dena em 18 de Bi no Dep rene de tsverds POR otras Hoje, Pons Alo. v.97. m4. 69-72, deseo, 200 Assim, no lugar do sujeito metafsico, univoco ¢ estivel Pressuposto nes autobiografias escritas 2 fa Rowssenu (p. 69). Wate Son trabalha com uma nogio de sujelto histérico construtdo de modo subjetividades. Para ela, esa mas efetivamente desejavel, dialdgico a parti das relagdes que estabelece com outras perspectiva nfo é apenas possivel, ‘onsiderando que aquele Suits Metaftsico ~ que ¢ afinal o homem ccidental, branco e curepet (p.58) ~ foi construido pelo apagamento de toda e qualquer sb- Jetividade estranha 8 sus. £ de escrtas autobi de subj Tises d ike, que “revelam a escorregadia sentagio de qualquer self ocidental, on, Ao longo de sua a de estratégins narrativ nearidade temporal, constr 4 partir desses pressupostos que Watson propte a leltura logréticas, alternativas discursives de construgso jetvidades antimetafisicas. Desse modo ela conduz as and le textos autobiogrficos de Montaigne, De Quincey e Ril tabilidade inscrita na repre inclusive o deles préprios" (p !gumentacdo, Watson mostra que, através ras tais como 0 uso da metdiora, a no li igdes em abismo, espelhamento, escri- tam labo colagem fragment cte(p63c0) Montagne Dc Quincey © ike “artculam sutures a autoseleseee ses ‘bam por abalar, pelo constante confronto ‘outro". 0 eu coerente e estével do Sujeito met com ‘seu irredutivel isico e a represen- tagio de uma suposta ‘verdade” sobre suas vidas (p-62) Segundo a tedrica, esses recursos discurs uum tps logica" sivos resultam em 10 de escrita construfda a partir de uma “subjetividade dit ‘que, enfatizando a presenca do Outro na escrita do Fu, acaba por incluir no discurso autoblogeafico, através da memérla ‘¢das condicbes histéricas en fo, as ialégica permite que ou ta Ass dos eriadores do um desafia de autobiogratias cor sénero que se deu o processo de subjetiva- vores de outros selves. A auto-releréncia fragmentiria ¢ tas vozes culturais perpassern sua escri- im, Montaigne, De Quincey e Rilke podem ser considera modelo alierativo de autobiografia que 4 nogdo de subjetividade coerente e extdvel caracteristica ncebidas segundo as tradicionais regras do (p.6267), Seo modelo de autobiografia cunhado no século XVIII secvira para cor ‘graf str de forma discusiva aquele sujeta inivore, autosiow ‘ue adotem estratésias discursivas alternativas #0 modelo "Ostet em questo so Enis, de Mone, Coir of on Eno Cpa Ear ancy Th Nodes at ae Brg oe tale tas de Ho ¢ Oarta Reser Vrs clonal constriiam discursivatnente idenidades multifcta- ‘Gieesuyetvidaces pris New ates ron modelos alterna os de atcblografiasapontadcn por Watson a ecriaaurobiogr’- fen tracserevladora ds dienes vores clturalsinerones. a0 longo ce sn trajtia pessoal advindas dat Fl tle estabeecdes cm outros Sto em contenos espe ani sore ts autora de mules, oc “eo de urna esrita que apontaconetantemente para arise do fcors outros soe em tena perspectiva logs). acaba pot sieurtvaent ima cept e liad oe “nelafsica(p. 5). Em sima, Watson parte de ue concepeto vidade hele, gue se consis pela costae nteegto © com outrassbtividades Ee proces zado revelase mo proprio proceso da ert, {Quanto 9s estudonitesirics do gbnero autablogdfico, Wat o de qu o pouconieroce que se va tabular con textes autoboged ice de minosie » ee. fazer sina 9 partir da perspeciva de tn boete reat Tnscarl, por exemple, constrirexenpany igus for women ss wera Pct heres.) Ox ee nor uc ma perspectiva da represenagao da vida (hs) esses re Fmantbs# inaneso de confer tsa vidas em Nesse endo, espontem h ncesidade polica decane vst 4 exsa subetvidades, sm quesionar 0 nipito metas, Seguindo 0 raciccinio da tedrica, eu dirla que tais tesricos fstratégias de leitura preocupadas em enfatizar a functo ea dos discursos autobiograficos, que contribuem para tornar eis outrassubjetividades que nio aytela do homem ocidental, {© europeu, mas sem, no entanto, questionar os pressupos’ es & nog de sujeito construida através deese diseus0. ‘is subjetividaces ainda procurariam a auto-representayao tic a port dos paradigmas de autoconstrugao diseursiva do chama a atengio para © No referido ensaio, Watson destaca as posigdes de algumas 85 contemporaneas preoeupadas em enlatizar a perspective : earn qu st spuds teat deere de it pe tr etna scr fer" ro dian peeps, oe ividade independents ‘elacional ¢0 papel daalterdade na consi do sl/em autobio- alias de muthores. © ese aspecto uc lin Watson sponta No Pensamento de Mary G.bason Hear oaemeteannion te Setneeraeensaeeer set tg ‘ons f ahold he re snc and mest 9 te a oweben eens oe Seeders pe eerie ay Sao eee Siamese yee eearae Peel once eee Seems SS uae sami ep May am, sc ae ra i Me Siena ee eee ee ine cusryoanecpcenre iat eee See eae ae cregeaninanh mee Tce wines res nae earns tana eared SS cate and elf (p73) PPO etal nguty A dd i i et nega eee ioe rae grrr cre te Soe eeet emer ene Seer Mason arguneea que mutans aire dfn wie ads econ ce Sram hen rec ee ae ene dg tatoo ttre] Monon ten a seine sees ‘in uma veviato doe reat ds ator ‘Nowe prope ue invent dats nt alse fp 3 (82 Lesns ce How @ bars Boccocl Verart Insisting on leatng subjectivity ta news of historia coordinates, ‘Wolf signals rsstarce fo autobiographys thornton of pr Yate, blosorinted subjectity and weinceribes i 86 8 collective genre p75)" Por fim, a0 utilizar 0 recurso retérico de empregar diferentes ‘do diseurso para se refer a diferentes momentos de sua [Pessoal ea aus milliplos aloes primeira pessoa para se ‘infancin, segunca pessoa para se reeri 8 cranga qe per {fencera Juventud Hilerionae, por fim, a objetividads de urn Bu Gstanciado tornado possive pelo uso da terceira peseoa ~o narta- dor de Christa Wolf abala detinitivamente oestatuco do Eu cocren- edo género autobiografico em sia concepeso cannica: te rembring he arr acne eel ting her sounger scl ard adopting variety of defensive postures tora Ihe other this emphcis onthe others of te ober parkelary toh is hoc rocane sl, suggests Wollsreastance to ike Rcton oF herent selfhood and lographical conilty that has long Been inated ental to Weer Sosoblography 76) As reflexdce de Julia Watson sugerem que, enquanto teSricos ~ ou conservadores — privilegiariam astobiografing muidas de modo monoligico, Oulros estariam precupadcs calratégias de letura de visiblidade para outros tipos de WWidade (que nfo o modelo dominante de homem branco & ). pivilegiando a produgio autobiogesfics dslogien ‘Contido, a partir de una. perspectiva constraivista” que revo, a percepeto quanto a0 grat ce monologiemo ou dialo- ide um texte ¢ estabeleida pelo proprio tedico ou citico, 2 dda énfase sobre os clementos que considera produtivos para opsuit. Isso nos leva a reconkecer as escolhas de sustenta- -estratégis de leitura como pelts de letra jose co lola» subevidade, cones corded Ns tutor nate aia ue stn wae ns opted, trends ce an ger et (72) emernorar a raradaraSexobresecbjetvando su a aisvem¢ leh Shes san rote detciem om ena sn ora Pe fivese sinc de Welt eg de bride Secs econ is gv ram an no wnpocomnen cea abo “Sobre a ea de hihi da iterate Niece aie Por ora limitar-me-el a discutir wm possivel caminho aberto segunda perspectiva, que nos remete a recentes reflexdes 50- ‘a construsao do texto etnogritico no campo da Antropologia Em uma passagem de seu ensalo, Julia Watson afirma que considera This bridge called my back" una das mais importantes dentro do género autobiogréticn, por abalat definit- amente a concepsio de vida (bios) ligada a una individualidade ‘exemplar, associando-a a uma condiclo coletivat | Perhaps no work of women’s autobiography hes had mote impor "tant Implcaton foe theorizing bos outside a metaphysical eed ton than This bridge called my boek, «collection of brief autobiogrophi, ‘al writings in many genres by radial women of lor in the Urled | Shaes. In sense, Bridge enuncites all that dominant autobioges- phy isnot creative and polemical, it redefines autobiography asthe terion utterances Of women whose denies had been come ‘siruelas contradictory and inesible within both mainstream theory “and academic white women's writing {.] The personal Fisories ethnic prejudice narated In Badge cleo and hshrcze rat por ‘on sitements ix ways hat bcs, wierstod ay idolized assertion oF ‘ales signfconce, carte cant ait (p 71-72 yeton mens)" A idéia de colegio, de reuniao de excritos autobiograticos fencontro de subjetividades que partlham tuma identidade comm, presente nesta passagem do ensaio de julia Wat- ce aten¢o porque, curiosamente, aproxima-se, sob certos eu tena em recenes experts testa 0 0 da etnografia, notadamente no contexto americano. Essa ncia consiste na busca de novas formas de apresentacao de esta forms, se o ensaio de Julia Watson aponta para uma ‘guudanca de paradigma na construgao de autobiogralias condizen #8com 0 abalo dos paradigmas do sujeito metafisico e univoco ede ‘dentidade estivel, eu acrescentaria que o inicio dessa mudanga se {da no momento mesmo em que a prépria Watson, tecrica e anor her, consiréi modelos alternatives de autobiografins que conferem Yisbilidade a outras subjetividades e possibilita outta percepyio h ‘dentificam com grupos minortirios. E nesse sentilo que acrecite {que o movimento de subversio de modelos de escrita de consti 0 de sees nfo pode se limitar apenas & constituigay de erty Sbjetos e & elaboracio de estratégias de leitura correspondenien fem apenas 4 defesa de uma diferente percepcao dos Procesee de Subjetivagdo, mas precisa também incluir um constante eonctrs, auto-reflesivo através do qual oteico e/ou eco teria posse «esclarecer sta propria posicio em relagdo a scu objeto, seus ares (dos © pressupostos. Mesmo subscrevendo a importancia dle ve akor lar 4 Rogdo de subjetvidade metafisica, proponcio em seu lugar estratégias de leitura de énfase & nogio de que subjetiviiades an

You might also like