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1 Introducao Em que tentamos explicar por que consideramos a inteligéncia artificial um assunto digno de estudo, @ em que procuramos definir exatamente o que 6 a inteligéncia artificial, pois essa definigao 6 importante antes de iniciarmos nosso estudo. ‘enominamos nossa espécie Homo sapiens — homem sébio — porque nossas capacidades mentais sio muito importantes para n6s. Durante mithares de anos, procuramos entender ‘como pensamos; isto €, como um mero punhado de matéria pode perceber, compreender, prever wrauctios e manipular um mundo muito maior ¢ mais complicado que ela prOpria. O campo da inteli- wamficu. géncia artificial, ou IA, vai ainda mais além: ele tenta nfo apenas compreender, mas também construir entidades inteligéntes. AIA € umas das ciéncias mais recentes. O trabalho comegou logo apés a Segunda Guerra Mun- dial, eo pr6prio nome foi cunhado em 1956, Juntamente com a biologia molecular, a 1A 6 citeda re- _gularmente.como “o campo em que eu mais gostaria de estar” por cientistas de outras disciplinas. ‘Um aluno de fisica pode argumentar com boa dose de razo que todas as boas idéiasjé foram desen- -volvidas por Galileu, Newton, Einstein ¢ outros. Por outro lado, a IA ainda tem espago para o surgi- mento de vérios Einsteins. Atualmente, a IA abrange uma enorme variedade de subcampos, desde freas de uso geral, como aptendizado e percepgio, até tarefas espectficas como jogos de xadrez, demonstracio de teoremas mateméticos, criaglio de poesia e diagnéstico de doengas. A IA sistematiza e automatiza tarefas in- telectuais e, portanto, é potencialmente relevante para qualquer esfera da atividade intelectual hu- mana, Nesse sentido, ela é verdadeiramente um campo universal. 4 _INTELIGENCEA ARTIFICIAL 0 que é 1 ] aconaosoe reste oe od Procssma00 Deuneices vara bao cori AUTOMATED, sereyizi09 De wun reste e Twa tora Afirmamos quea IA é interessante, mas néo dissemos o que ela é. As definigbes de inteligénciaartifi- cial de acordo com cto livros didéticos io mostradas ne Figura 1.1. Essas defnig6es vaviam aolon- go deduas dimensées principais. Em linhas gerais, as que estio na parte superiof-da tabela se'relacio- ‘am & processos de pensamento e raciocinio, enquanto as definigées da parte inferior se referem a0 comportamento. As definigées do lado esquerdo medem o sucesso em termos de fidelidade ao desem- Penho humano, enquanto as definigdes do lado direito medem o sucesso comiparando-o a um con. ceito ideal de inteligéncia, que chamaremos racionalidade. Um sistema é racional se “faz tudo cer. to*, com os dados que tem, Historicamente, todas as quatro estratégias para o estudo da IA tém sido seguidas. Como se pode- ria esperar, existe uma tensfo entre abordagens centradas em torno de seres humanos e abordagens entradas em torno da racionalidade.' Uma abordagem centrada nos setes humanos deve ser uma ciéncia empfrica, envolvendo hip6teses e confirmagdo experimental. Uma abordagem racionalista enyolve uma combinagéo de matemitica ¢ engenharia. Cada grupo tem ao mesmo tempo desacredi- tado e ajudado 0 outro. Vamos examinar as quatro abordagens com mais detalhes, Agindo de forma humana: a abordagem do teste de Turing Oteste de Turing, proposto por Alan ‘Turing (1950), foi projetado para fornecer uma. \definigfio opera- cional satisfat6ria de inteligéncia. Em vez de Propor uma lista longa e talvez controversa de | ‘qualifica- ses exigidas para inteligéncia, ele sugeriu um teste baseado na impossibilidade de distinguir entre enti- dades inegavelmente inteligentes —os seres humanos.. O computador passaré no teste se um interroga- dor humano, depois de propor algumas perguntas por escrito, no conseguir descobrir seas respostas escritas vém de uma pessoa ou nfo, O Capitulo 26 discute os detalhes do teste, ¢ também se ‘um compu- tudor € de fat inteligente se passar no teste, Por enquanto, observamos que programar umn compute dor para passar no teste exige muito trabalho. O computador precisatia ter as seguintes, capacidades: % Processamento de linguagem natural para permitir que ele se comunique com sucesso em ‘um idioma natural Representagio de conhecimento para armazenar 0 que sabe ou ouve. Raciocinio automatizado para usar as informagdes srmazenadas com a finalidade de respon- der a perguntas c tirar novas conclusdes, Aprendizado de méquina para se adaptar a novas cicunstincias e para detectare extrapolar padres. O teste de Turing evitou deliberadamente ainteragéo fisica dreta entre ointerrogador eo compu {ador, porque a simulacfo fisica de uma pessoa é desnecesséria para. inteligéncia, Entretanto, o cha. mado teste de‘Turing total inclui um sinal de video, de forma que o interrogator possa testar as habi- lidades de percepgto do assunto, além de oferecer ao interogador a oportunidade de repassar obje- tos fisicos “pela tela”, Para ser aprovado no teste de Turing total, o computador precisaré: 1. Devemos salientar que, ao fazermosditingSo entre comportemento hunano eracional, nf estamos sugerindo «qe os seres humance sejam necessariamente “iracionais" no sentido de “emocionalmente instéves” ou “inca. "nos", Simplesmente prcisamos observar que no somos perfitos: nfo omos todos grandes mestrs de xadren em mesmo aqueles dente és que conhecer todas as regres dojogo de nadrez~e,infelizmenta, nem todos ox to= ‘es humanos conteguetn conceto A nos eames, Alguns eros ssteméticos do reciociio humano esto catalogs. dos em Kahneman eal. (1982). Introducdo mo seres humanos Sistemas que pensam racionalmente eee =einava,2 interessante esfrco para fazer os computadores “0 estudo das faculdades mentals palo uso de modelos ipesatem... méquinas com mentes, no sentido totale computacionas.”(Charniak e MeDermett, 1965) eral” Waupeland, 1985) “PUputomatizacdo de) stvidades que associaros a0 “0 estudo das computagtes que tormam possvel pereber, ‘pensamento humano, atividades como 2 tomada de ractocnar e ag.” (Winston, 1992) “ decsies, a resolucfo de problemas, o aprendizado w.” "lian, 1978) Sistemas que atuam como seres humanos Sistemas que atuam racionalm “parte de cies miquinas que executam funcSes que “A Intligéncia Computacional& o estudo do projeto de ‘exigem inteligtncia quando executadas por pessoas.” agentes inteligentes.” (Poole et a, 998) (Kurzweil, 1990) Figura 1.1. Aigumas definigdes de inteligencia artificial, organizadas em quatro cate vsiooe ¢ Visio de computador para perceber objetos. coMrUTOOR oabon Robética para manipular objetos e movimentar-se. Essaé seis disciplinas compdem a maior parte de 1A, e Turing merece er6dito por projetar um teste que permanece relevante depois de 50 anos, Ainda assim, os pesquisadores da IA tém dedica- do pouco esforgo a aprovacao no teste de Turing, acreditando que é mais importante estudar os princfpios bésicos da inteligencia do que reproduzir um exemplar. O desafio do “v6o artificial” teve sucesso quando os irmaos Wright e outros pesquisadores pararam de imitar os passaros e estuda- ram a aerodinimica. Os textos de engenharia aerondutica ndo definem como objetivo de seu campo ctiar “méquinas que voem exatamente como pomibos a ponto de podetem enganar até mesmo ou- tos pomibos”. Pensando de forma humana: a estratégia de modelagem cognitiva ‘Se pretendemos dizer que um dado programa pensa como um ser humano, temos de ter alguma for- ma de determinar como os seres humanos pensam, Precisamos penetrar nos componentes reais da ‘mente humana, Existem duas maneiras de fazer isso: através da introspecglo ~ procurando captar ‘nossos préprios pensamentos & medida que eles se desenvolvem—e através de experimentos psicol6- sicos. Depois que tivermos uma teoria da mente suficientemente precisa, seré possfvel expressat a teoria como um programa de computador. Se os comportamentos de entrada/saida e sincronizagio do programa coincidirem com os comportamentos humanos correspondentes, isso seré a evidencia de que alguns dos mecanismos do programa também poderiam estar operando nos seres humanos. Por exemplo, Allen Newell ¢ Herbert Simon, que desenvolveram o GPS, o “General Problem Solver” (Newell e Simon, 1961), nfo se contentaram em fazer seu programa resolver problemas de modo correto, Eles estavam mais preocupados em comparar os passos de suas etapas de raciocinio aos pas- aticx sos de sujeitos humanos resolvendo os mesmos problemas. O campo interdisciplinar da eléncia cog- COGNITWAnitiva retine modelos computacionais da [A e técnicas experimentais da psicclogia para tentet cons- truir teorias precisas e verificdveis a respeito dos processos de funcionamento da mente humana. Accigncia cognitiva € um campo fascinante, merecedora por si s6 de uma enciclopédia (Wilson e Keil, 1999), Nao tentaremos descrever neste livro o que se conhece sobre a cognico humana, Ocasio- nalmente, apresentaremos comentérios a respeito de semelhancas ou diferengas entre técnicas de IA ea cognigéo humana. Porém, a cigncia cognitiva de verdade se baseia necessariamente na investiga- | | sunciswas acca Laas soem soem icon, 6 _INTELIGENCIA ARTIFICIAL fo experimental de seres humanos ou animais, e supomos que oleitor tenha acesso somente a um ‘computador para realizar experimentacko. [Nos primérdios da IA freqiientemente havia confusto entre as abordagens: um autor argumenta- ‘Ya que um elgoritmo funcionava bem em uma tarefa e que, portanto, era um bom modelo de desem- penho humano ou vice-versa. Os autores modernos separam os dois tipos de afirmagées; essa distin- ‘so permitiu que tanto a 1A quanto a ciéncia cognitiva se desenvolvessem com maior rapidez. Os dois ‘campos continuam a fertilizar um ao outro, em especial nas éreas de visio e linguagem natural, Em Particular, a visio alcangou recentemente grandes avancos, por meio de uma abordagem integrada ‘que considera evidéncias neurofisiolégicas e modelos computacionais. Pensando racionalmente: a abordagem das “leis do pensamento” Ofl6sofo grego Aristételes foi um dos primeitosatenter codificar 0 “pensamento correto”, isto , pro ccessos de raciocfnio irrefutdveis, Seus silogismos forneceram padrées para estruturas de argumentos ‘que sempre resultavam em conclusdes corretas ao receberem premissas corretas — por exemplo, “S6~ crates 6 um homem; todos os homens s20 mortais; entfio, Sécrates é mortal”. Essas leis do pensamento deveriam governar a operagio da mente; seu estudo deu inicio a0 campo chamado I6gica. 0s l6gicos do século XIX desenvolveram uma notagao precisa para declaragSes sobre todos os ti- pos de coisas no mundo e sobre as relagdes entre elas. (Compare isso com 2 notagiio aritmética bési- ca, que foi projetada principalmente para declaragées de igualdade e desigualdade a respeito de né- ‘meros.) Por volta de 1965, existiam programas que, em principio, podiam resolver qualquer proble- ma solucionével descrito em notagio I6gica.? A chamada tradigio logicista dentro da inteligéncia ar- tificial espera desenvolver tais programas para criar sistemas inteligentes. Essa ebordagem enfrenta dois obstéculos principais, Primeiro, no é fécil enunciar 0 conhecimento informal nos termos formais exigidos pela notacéo I6gica, em particular quando o conhecimento menos de 100% certo, Em segundo lugar, hé uma grande diferenga entre ser capazzde resolver um problema “em principio” eresolvé-lo na prética. Até mesmo problemas com apenas algumas dezenas de fatos podem es- {Zotar os recursos computacionais de qualquer computador, a menos que ele tenha alguma orientagioso- ‘breas etapas de raciocinio que deve tentar primeiro. Embora ambos os cbstéculos se apliquem a qualquer ‘entativa de construir sistemas de raciocinio computacional, eles surgiram primeitona tradigologicista. Agindo racionatmente: a abordagem de agente racional Um agente é simplesmente algo que age (a palavra agente vem do latino agere, que significa fazer). Noentanto, espera-se que um agente computacional tenha outros atributos que possam distingui-lo de meros “programas”, tais como operar sob controle autOnomo, perceber seu ambiente, persistt or um perfodo de tempo protongado, adaptar-se a mudancas e ser capaz de assumir metas de ou- tros. Um agente racional é aquele que age para alcangar o melhor resultado ou, quando hd incerteze, ‘o melhor resultado esperado, ‘Na abordagem de “leis do pensamento” para IA, foi dada énfase a inferéncias corretas, As vezes, a ‘ealizagio de inferéncias corretes & uma parte daquilo que ceractetiza um agente racional, porque ‘uma das formas de agir racionalmente € raciocinar de modo logico até a conclusio de que uma dada ago alcangard as metas pretendidas, e depois agit de acordo com essa conclusio. Por outro lado, a inferéncia correta néo representa toda a racionalidade, porque com freqiiéncia ocorrem situagdes em que nfo existe nenhuma ago comprovadamente correta a realizar, mas mesmo assim algo tem de ser 2. Se nfo houver nenhuma solugfo, 6 possivel que o programs jamais pare de procurar por uma, ‘uconuonoe ‘abe Iptrodugdo 7 feito, Também existem modos de agir racionalmente que nfo se pode dizer que envolvem inferéncias. Por exemplo, afastar-se de um fogéo quente é um ato reflexo, em geral mais bem-sucedido que uma agéo mais lenta executada apés cuidadosa deliberagio. Todas as habilidades necessérias &realizagao do teste de Turing existem para permitir ag6es racio- ais, Desse modo, precisamos da habilidade de representar o conhecimento e raciocinar com ele, porque issonos oferece a possibilidade de tomar boas decis6es em uma ampla variedade de situagbes. Precisamos ter a capacidade de gerar sentencas compreensiveis em linguagem natural, porque enun- ciar essas sentengas nos ajuda a participar de uma sociedade complexa. Precisamos aprender no ‘apenas por ertdigdo, mas porque ter uma idéia melhor de como o mundo funciona nos permite gerer estratégias mais efetivas para lidar com ele, Precisamos da percepgdo visual no apenas porque ver & interessante, mas para ter uma idéia melhor do resultado de uma ago por exemplo, set capaz de ver ‘uma gostosa iguaria ajuda a pessoa a se mover em diregfo a ela, Por essas razées, oestudo da IA como um projeto de agente racional tem pelo menos duas vanta- ‘gens. Primeito, cle é mais geral que a abordagem de “leis do pensamento”, porque ainferéncia corre- 1a é apéhas um dentre varios mecanismos possfveis para se alcangar aracionalidade. Em segundo lu- ‘gar, ela é mais acesstvel ao desenvolvimento cientifico do que as estratégias baseadas no comporta- mento ou no pensamento humano, porque o padrio de racionalidade é definido com clarezae € com- Pletamente geral. Por outro lado, o comportamento humano esté bem adaptado a um ambiente espe- cificoe em parte é 0 produto de um complicado e fundamentalmente desconhecido processo evolucio- indrio que ainda esté longe de produzit a perfeigo: Portanto, est liro se concentrard nos principios ‘erais de agentes racionais e nos componentes para construl-los. Veremos que, apesar da aparente simplicidade com que o problema pode ser enunciado, surge uma enorme variedade de questées quando tentamos resolvé-lo, O Capitulo 2 descreve algumas dessas questées com mais detalhes. Devemos ter em mente tum ponto importante: logo veremos que alcancar a racionalidade perfeita sempre fazer tudo certo — néo € algo viével em ambientes complicados. As demandas computacio- nais séo demasiado elevadas, Porém, na maior parte do livro, adotaremos a hipotese de trabalho de ‘que a racionalidade perfeita é um bom ponto de partida para a andlise. Ela simplfica o problema e fornece a configuragao apropriada para a maioria do material bésico na érea, Os Capitulos 6 ¢ 17 Hi- ddam explicitamente com a questdo da racionalidade limitada —agindo de forma apropriada quando iio existe tempo suficiente para realizar todas as computagées que gostarfamos de fazer. Os fundamentos da nteliganci: artificial ] Nesta segio, apresentaremos um breve hist6tico das disciplinas que contribufram com idéias, pon- tos de vista e técnicas para a A. Como qualque histérico, esse foi obrigado a se concentrar em um equeno némero de pessoas, eventos ¢ idéias, ¢ ignorar outros que também etam importantes. Organizamos o hist6rico em torno de uma série de perguntas, Certamente, nfo desejariamos dar a impressto de que essas quest6es séo as tnicas de que as disciplines tratam ou que todas as discipli- nas estejan se encaminhando para a IA como sua realizagao final. Filosofia (de 428 a.C. até a atualidade) «© Regras formais podem ser usadas para obter conclusées vélidas? ‘© Como mente (0 intelecto) se desenvolve a partir de um o€rebro fisico? © De onde vem 0 conhecimento? © Como 0 conhecimento conduz & ago? 8 _INTELIGENCIA ARTIFICIAL | | uu resi ero ugha resmisio doco Sens DE conse TeoRA OK congo Arist6teles (384-322 a.C.) foi o primeito a formular um conjunto preciso de leis que governam a parte racional da mente. Ele desenvolvew um sistema informal de silogismos pata raciocfnio apro- Priado que, em princfpio, permitiram gerar conclusées mecanicamente, dadas as premissasiniciais Muito mais tarde, Ramon Lull (1315) apresentou a idéia de que oraciocinio ttl poderia na realida. de ser conduzido por ut artefato mectnico. Suas “rodas de conceitos” esto na capa deste livro. ‘Thomas Hobbes (1588-1679) propds que o racioc{nio era semelhante a computagEo numérica, ou Seja, que “efetuamos somas ¢ subtragdes em nossos pensamentos silenciosos”. A automagio da propria computagéo jé estava bem préxima; pot volta de 1500, Leonardo da Vinci (1452-1519) Projetou, mas néo construi, uma calculadora mecdnica; reconstrugdes recentes mostraram que Projeto era funcional. A primeira méquina de calcular conhecida foi construida em torno de 1623 pelo cientista alemio Wilhelm Schickard (1592-1635), embora a Pascaline, construfda em 1642 or Blaise Pascal (1625-1662), seja mais famosa, Pascal escreveu que “a maquina aitmética pro- duz efeitos que parecem mais préximos ao pensamento que todas as agSes dos animais". Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716) construiu um dispositivo mecfnico destinado a efetuar operagées sobre conceitos, ¢ nfo sobre nimeros, mas seu escopo era bastante limitado, ‘Agora que temos a idéia de um conjunto de regras que podem descrever a parte formal e racional da mente, a préxima etapa é considerar a mente um sistema fisico. René Descartes (1596-1650) apresentou a primeira discusséo clara da distingio entre mente e matéria, edos problemas que su- ‘gem dessa distinglo, Um dos problemas relacionados com uma concepedo puramente fisice da men. {60 fato de que ela parece deixar pouco espaco para. livre-arbfttio: se a mente 6 governada inteira- ‘mente por leis fisicas, entio ela ndo tem mais livre-arbitrio que uma peda que “decide” cair em dire $0 a0 centro da Terra. Embora fosse um forte defensor da capacidade de racioeinio, Descartes tam. bém era um proponente do dualismo, Ele sustentava que havia uma parte da mente humana (ou alms, ou espirito) que transcende a natureza,isenta das lis fisicas. Por outro lado, 08 animais néo Possufam ess qualidade dual; eles podiam ser tratados como méquinas. Umma alternativa para dua- lismo 60 materialismo, O materialismo sustente que a operagdo do cérebro de ucordo com as les da fisica constituem a mente. O tivre-arbftro é simplesmente o modo como a percepe&o das escolhas isponfveis se mostra para 0 processo de escolha. Dada uma mente isica que manipula 0 conhecimento, o préximo problema 6 estabelecer a origem do conhecimento. O movimento chamado empirisme, iniciado a partir da obra de Francis Bacon (1561-1626), Novum Organum,} se caracterizou por uma frase de John Locke (1632-1704): “N&o ‘hd nada na compreensio que nao estivesse primeiro nos sentidos.” A obra de David Hume (1711-1776) A Treatise of Human Nature (Hume, 1739) propés aquilo que se conhece hoje como o principio de indugio: as regras gerais sto adquiridas pela exposigdo a associagSes repetidas entre seus elementos. Com base no trabalho de Ludwig Wittgenstein (1889-1951) e Bertrand Russell (1872-1970), 0 famoso Cireulo de Viena, iderado por Rudolf Camnap (1891-1970), desenvolveu a doutrina do positivismo égico, Essa doutrina sustenta que todoconhecimento pode ser carecteriza- do por teoriaslogicas conectadas; em tikima andlise, a sentengas de observagio que correspondem a ‘entradas sensoriais.* A teorla da confirmagao de Carnap e Carl Hempel (1905-1997) tentava coms Preender como 0 conhecimento pode ser adquirido a partic da experincia, O livro de Carnap, The Logical Stracture of the World (1928), defini um procedimento computacional explicito para extrair conhecimento de experiéncias elementares. Provavelmente, foi a primeira teoria da mente como umn processo computacional. 3. Uma atualizagio do Organon de Aristételes, ou instrumento de pensaaento, 4. Nesse quadro, todas as declaragdes significative podem ser confirmadas ou definidas como falses pela andlise

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