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6 6 » 2 nosso filho sblemas? Anny Cordié 28 Vinte anos depois mpresa onde gos dela, Gragas a um acordo com seu empregador, Pudera retomar seus estudos de direito, Claire me pare- a seu Corpo; que nao me enga- Por que nosso filho torna nossa vida impossivel desde 0 primeiro dia? Brian tem oito anos. E um loirinho de olhos vivos. No meu consult6rio, tem dificuldade de ficar sentado entre seu pai e sua mae; levanta, se agita, gira em nha mesa, posta-se do meu lado para ver 0 que escrevo. Seus pais “querem confid-lo a mim para fazer uma psico- terapia”, entregam-me uma carta do pediatra que 0 acom- panha desde 0 nascimento € uma nota de um eminente professor de psiquiatria que aconselhou esse tratamento, Por que Brian é uma crianga tio dificil’ Por que ele transforma nossa vida num inferno? As queixas dos pais nao tém fim, Passam rapicamente pelas doengas de sua Primeira infincia, detalhadas na carta do pedi ‘mencionam sobretudo as dificuldades atuais: “Brian nao fica parado, estd sempre agitado, se mexendo, Tem terti- vVeis ataques de raiva por nada, rola no chao, quebra os Objetos, xinga os pa seu irmiio menor, mor de-o de modo selvagem. A vida cotidiana € um inferno, cada ide tem de ser negociada, ele se recust @ 5 NEIVOS © pode esquecer nesse NUNCA Cessou e 28 08 ENCONtrOs. me lembra Mm cara de Ie & pre ico © essa deseri Moca aparente; sus. pserva ver prazer, cle me achando qu » taco n NCONLTO. Para pe nento psicoteni- mente pens: n. © € sobretude sui sistencia em dizer nao 4 ude conhecendo it historia dos Pas tiv mulher qu n, & dois anos dep’ os voltarao a seu F n. pais mecam aos dois meses de se nesse bebe: ascimento tinha 0 costume de dormir de do aceita dormir de costas’, Com 0 A todas as noites, Essa cot Papel importante de seu » modo de preco- ce, Hoje se 0 mascil sci do tem 1 in utero, por exemplo, NO € possive comportamento « dois meses, Bri com posigdes corporis, que podet tos de adormecimento de natureza semelhante tate « objeto transicional (© Al suc ninho). Ora, esses compor tecém-nascido um esboyo da construgao dt 32 imagem do corpo, considerad a matriz do que Asica”. Qualquer agressag ler ruptura cesses rit chama. 20 corpo, quer separagao do mos de “segt Outro materno sao fontes de um sofrimento ind) que, por muito tempo, nao foi reconhecido. Muitos ay tores f As precoces, d tal que induzem, do desampa cam, O escritor Michel Te trauma de inflineia que © NgListia mor. 7 insuperivel que provo- er evocou Vi cou pr © compo 10 de que 0s pais nhas, a sens: © sco. Esse desam- vivéncia de smo, A crianca aro, essa any morte de aniquilamento com ur am marcas no psi Julto podem e Fr respostas com: plexas para se proteger disso, respostas estas que ch: mamos de “mecanismos de defesa”, como, por exemple, no tém a pos sistema protetor, tém apenas s para exprimir seu esse ofrimento psiquico. Brian demonstrat seu mal-estar com se tado por intimeras patologias e através das mant ‘ Motors: os gritos, os berros e, depois de Ae, a agitacao, lidade de entre nente, Pode-se imag com a mae. 4 Pécie de ire Tendo percebido @ mae sobre esse fracasso das primeiras relasOe > entre eles perturbada por i de reagoes violentas. co cot 33 fintes termos na carta que me dos sintomas ses depois do nase’ inscrevem Brian no maternal. Mas ele nao vra de fran ingles. F dificil com- preender a inconseqiiéncia desses pais que no pr ‘© choque que produziria, m cess imersio num meio hostil, uma vez que Brian fica totalmente isolado; nao entende uma palavra do que izem ¢ no pode se fazer entender. Notemos, por outro Jado, que essa provaciio ocorre pouco tempo depois do graves. Ele sofre um espasmo de gh € ida. respirator io de choros € gritos ce nese caso, perda de consciéncia hos revirados e uma fase de hipotonia pés- scitam 0 temor de crises de epilepsia. Multiplicamrse 0s exames, eletrencefalogramas, radiografias etc. que no mostram nada de anormal. E nesse momento que o pectiates PR reve um tratamento a base de neurolépticas = tratamen to que se estenderd de forma permanente dos ves ae oito anos, idade em que o vejo. Em segue, Brian “Pe senta episédios de dores abdominais agudas que 34 os exames, Mais uma vez » Ng, fa carta i ue destaca a permanéncia dos a lentos descontrola- as doses de ney- A, pois, EM sua presen ros Encontros, npressior “s motoras de | mes, gesticukigdes com © outro Goga-se no chao, 0). A insénia também pacidade de relaxar © desordenada do lores” me faz, pensar 4 como s€ ises ¢ si ou cor ac a, bate no pode ser para conc Corpo com esses gestos ‘auma sobre o corpo préprio, eas que sofreram tratamentos COF essivos, depois de intervencdes cirtirgicas PE n foi submetido a ume m que @ imagem estés lade et a através dlas percepcdes Cen atividade motora, Esse trauma precoce do corpo se estrut cas ed divi fente transmite ao filho através dos cuidados d& ™ 35 Foi ali que interveio o poder médico, O ped impressionado com dtivida com as queixas = tratamento que prosseguira por cinco anos, Esses me- los para os adultos, é m Ser prescritos a Brian ra, crianga e sem Essa observacao data dos prescrigao de ps parecida com 0 imovel, A in- ampa sobre a panel mantinha seu corpo gestao regular desse psicotrépico durante ‘anos nao teria modificado 0 equilibrio biolégico € psi- quico dessa crianga da mesma maneira que a absorcao de uma droga? Atualmente, leva-se mais em conta essa submissao, depois que se descobriu que a ingestio pro- longada de certos neurolépticos pode provocar depen- se tipo de tratamento nao é isento de s colaterais. Mais recentemente, foram registradas no, excitagdes paradoxais e outros distar- bios neurolégicos. Entrei em contato com o pediatra e Ihe propus parr progressivamente com o tratamento neuroléptico a fim de poder ter uma visio mais clara da patologia. Em caso de agravamento, conversariamos, Obtive a concordncia da mae, prevenindo-a de que os sintomas, € em particu, lar a agressividade, poderiam se agravar por certo tempo em conseqiiéncia desse “desmame”, ¢ Ihe sugeri que pensasse numa maneira de el fosse necessirio, Falei também com Brian sobre a inter rupgio dos medicamentos, decisio esta que pareced lho psicana depois Oe nat Stu © que ele pode disso com os pais pode f do qu te o tempo da quando encontro seu pai o8 do dele. Se os pals lar comigo sobre 10s e sobre sua his: © de marcar hora, Nesse caso, o que eles Me ‘ imbém & um segredo, nos umas Pessoais que no sto da conta dos fillhos. Durante aqui ele pode dizer tudo nais com palavras, pode desenhar 0 quiserem fal ” 2), empenl ‘um pouco com aquela que se recebe com o bolo de reis, a canetas hidrogrificas de varias cores part colorir a enfeitam, “E uma coroa com dia- muito caro, cada diamante custa é a coroa de Luis XY, vi ela no museu com nae durante o feriado de Péscoa.” E continua: “Meu irmao € um reizinho, ele é 0 chefe de nossa casa... mew pai € chefe de esquadra ou de escala?.” Brian desenhou e falou com muita concentragao € calma, Vi muitas vezes criangas descritas como agitadas 39 oY ‘ A —amaelo Be a Y. \ faz esta err 4 vee escuta e de tempos em tempos fiz 3 fu uma pergunta sobre 0 que acaba de ser dit screve tudo isso numa jue em itos desenhos, com as hist6 dicativos dos conflitos que a inte seu contetido, que verei Ser Is SESSOES. tum pouco ele mesmo, que ‘a crianga fora das nunca acompa- ybretudo com seu LF vermetho azul normas, com s fnhadas de lesdes corporais reais, S Comportamento agressivo, destrutivo €m relacio a si € se meio, © conflito neur6tico esta expresso PO desejo do gato: “Gostaria muito ‘de pegar passaros como um gato normal, mas nao consigo, entdo roubo comida do peixeiro.” Os pais me relatarao o desespero de Brian ‘quando ele transgride as proibicdes, Por exemplo. quan seaca particularmente violento, o¥ quando V muito ‘al na escola. Ele chora, grita, diz que nunc consegui- ra oe tase precisamente do sofrimento Jo oma: Gostaria de ser como 0S ‘outros (i consigo, é mais forte que eu.” Mais a eo do sintoma e do lugar que ele ocuP2 na econ psiquica do sujeito. A rivalidade com © irmao. en ae tin vat vara 0 20 ORR a sua terapia. vive aro que john €0 fo GUerS? demic, 2 crianga pereita que satisiaz todas as suas € fe, Brian € 0 filo preferide do p, caerei € signif ai, ver, reina em 14a reconhecido como we" por scus pares & subordi S, jf que € *chefe da segunda sesso, que permitiré aS VEZES pro 0 de cenas relacion: re, que muitas vezes a Tespeitar que o ad jo en de “atengio flutuante”, Costumo sentar-me mesa, hha esquer pos © olhar do terapeuta pode incomodar 0 pacient escrevo o que ela diz € desenho 0S faz com massa de modelar. Essa insct que fica do intercmbio com 0 tertpel™ 1ecimento para a crianga da importinci# &@ € um reconh de seu discur se inte- ressarey zi FEM Por esse escrit n ver a folha no final 4 Sessio, me c ‘icarem pelo carter imperfeito da ed Stas modelagens por exemplo. Essa passaBe “So oral para a eserita pode ajudar uma cians? dugao de su: a expres legenda sob um desenho que reprod muitos desenhos € assa-se para a ic. aro, desde 0 comeco do tratamento, que to- tos bem con ais ficam numa pasta secreta que pertence sua denomi Ficou dos esses ¢ inca dos jotagdes feitas em pre- andlise para cons pas ontro com uma experiencia recalcada, ressurgéneia de seu terapeuta: “Eu tinha esquecido... me lembro... eu ndo estava bem, tinha quantos anos?", o que é um modo, de dizer: “Sou eu € nao sou eu’, iente, marca da clivagem do su) Brian comeca sua segunda sessiio com um pequeno intercmbio lidico, ele me propde adivinhas: “O que € 0 que é que tem um olho num celeiro e dois olhos num campo? Desiste? E um boi. O que € que sobe e desce ¢ € vermelho? Um tomate num elevador.” Depois disso de- senha um hipopétamo (n? 3) sem fazer nenhum comen- trio, em seguida um gato com a mesma cara do da pri- meira sesso, Depois, um ninho, na verdade parece mais, uma metade de ovo de onde emergem duas cabegas de Passaros, um dos quais olha para a direita e 0 outro, part @ esquerda, Ele comenta: inatura do incons- az ros num ninho, eles estio esperando desse lado, 0 outro do outro, Aqui esté a , ela vai aos ‘s. Ela dé a minhoca ao primei- >.” Pergunto-lhe se tem um macho € uma fe responde: “Nao, sio dois meninos, Picolo € Decks nasceram ao mesmo tempo, os dlois sao iguals” ois desenha um leao: “E um ledo que sempre conse- gue dar um jeito de pegar os antilopes, ele nao consegue > tem uma vai pegar uma girafa, tera comida dois dias... Ted, um american amigo do a Africa, ele tem uma filbi € como um uci pensando naqui Fsses nao so gemeos.” ices, # B mim. = Por que voce mistura.” E re fazer ul Eu pote: vassoura magica’, diz ele, Em seguida, fubri- pouco 9 de voce, n20 gos- o, por exemplo, 0s signi m significante re sujeito para um outro significante’, © gato, . vao aparecer, desapare- em com © presei ‘© piissaro, os gémeos, a bru tempo, mas em que, a cada vez, 0 cada cena associativa ele diz algo de sua verdade, en- contramos um elemento da fantasia su Nessa sesso, 0 gato nao tenta comer © passaro, 0 passaro j4 nao esta sozinho como na primeira ses eles so dois no ninho. £ a mie que vai alimentar seus filhotes. Note-se que ela traz uma s6 minhoca para um 86 dos “filhos” passaros, ela queria buscar duas, mas a hist6ria péra depois de ela alimentar o “filhinho". Apare- ce entio o tema dos gémeos, cujo trajeto na andlise po- deremos acompanhar até seu desaparecimento, quando Brian comegar a se reconstruir € a assumir sua subjetivi- dade. Nesse comego de anilise, ele exprime 0 desejo de ser “igual”, de se “misturar” com seu irmao, de ser 0 ou- tro, em suma, Emprege curiosamente a expresso “cada um de mim” para exprimir esse estado fusional, Nao en- 44 > que el n ovo quebrado de onde emergem de cle em seguida barra com um tt Mo € psicdtico, portanto sabe que ngorlo, ele nao € 0 outro, ele no é 6 0S na problemitica do , “ou ele ou eu ho querido, e se © outro deixasse de existir, seri ae seu hy ober o amor da mae? Mute poco prose, or da mae? Muito pouco provavel. Tentetnos seguir 0 Ro dae savocagbes, NO comey da sesso, ele tina desenhado uma eabera de eato que deixara de lado para fala eee eats d falar dos passaros, Faz agora uma cabeca de leao parecida com a do gato, acrescenta sim- plesmente uma juba. Depois da seqtiéncia dos dois pas- saros, 0 ledo-gato se prepara para devorar os antilopes. Como 0 gato da tiltima sessao que nao conseguia comer © pissaro € se contenta com o peixe, 0 leao nao conse- gue pe © antilope € se contenta com a girafa. Topa- ai com o tema da impoténcia, da frustracdo, ms sem dtivida também do interdito. De onde vem a idéia de girafa? Temos de ir bus do lado do pai cujo amigo volta da Africa, ele tem UF filha © um beb@ menino (um gatinho). Minha interve™ Go sobre a gemelaridade permitind a ele desenvolver © la renca Sexi meninos-meninas na esol © dos gémcos em casa onde “somos 8 dois’ ala m que diferen- proprias leis, que € 70, que Lacan denomina ciente nao conhece a contradiglo, desconsidera a nega Gio. Temos aqui varios exemplos: 0 “eu gosto de voce” seguido de “nao gosto de voce”... 0 ledo “sempre conse- gue” dar um jeito de pegar os antilopes, mas tamb ‘ndo consegue” entdo tem uma idéia... Essa agre: de, essa violéncia destrutiva que atinge © corpo de seu irmao e, fantasisticamente, 0 corpo da mae, sto encena- das em histérias em que ele € todos os personagens 40 mesmo tempo e desempenha todos os papéis, € a €X- pressao da fantasia, onde 0 sujeito ocupa todos os luga- res, Freud esclarece a estrutura da fantasia no artigo ‘Uma crianga é espancada”. No caso de Brian, poderia- mos ampliar essa formula para caracterizar sua fantasia nga faz a guerra” is a transcrigao de algumas sessdes que me parece- ram mais significativas que outras € que apresento em ordem cronolégica com os desenhos que as acompay eee 6 m- pas v des arabes (n? 4). Uns tem cavalos, os outros, ex. hoes, forgas d que todos se matem. E inho, tem de derrotar um valeiro que ninguém conseguiut derrotar, ele pos dinami- te na casa dele, Também aqui se e uma luta desigual na qual nao é 0 mais forte que vence, mas em que todo o mundo more, Na sexta sesso, aparece uma mulher numa guerra entre os ingleses © 08 drabes, “Uma eles acham que ela est mont ther do chefe, € rajoso que rande ca serpente a come, a mas ela esta vi é a mu- 4 por um monstro, ela volta... € um monstro bonzinho, eles querem matar essa serpente, entio comeya a guerra’; ele acrescenta: “minha mae fica me olhando o tempo todo”, Vernos desenharem-se temas Le podemos entender como umd inconsciente © conte’ que conta suas histo ma rapide. 0 que podem les encontramos os princi ago entre o desenho ¢ a evidente, ele comenta: * Sria, porém, nem sempre & horboletas, resee- ram asas, dava medo em todo 0 mundo, a ra se escon- 48 deu na neblina’ - uum bebé, um beb& ‘qualaue =. 98 hipopstamos a um bebe, ailquer coisa’, era um mona as flores tinham tanto medo que cafam.., Oe ae tina ficado toda vermelha, toda grande ot Sianga americano quis matar esse pont Om Patrons aviio com 10.000 pessoas dentro, esto toda um ai € uma minhoquinha que sal da terra, ead toca nela se transforma numa serpente ae um que linha medo dela... um caracol grande. coeeee nha medo dele, ele tinha olhos grandes, Seer ies . ces co rai avid om raios, um avido queria maté-lo, queima, o pega fogo, no tem m: eae s missil, 0 rail guida aparecem esqueletos, avid pegando fogo, fume. f, to iso to numa grande excite que termina sae ae losivo, Depois ele se acalma, Nos de- Goes ioaan identificar a taturana e a borboleta, 4 stro, 0 combate aéreo com o tanque, tudo i a espé me o numa espécie de caos apocaliptico representa por tragos desordenados de lipis. ce aqui o tema da crianga-monstro, © pie Gena eae medo em todo © mundo, Quando as asap crescem, quando as antenas quando ela sa ie pu se torna serpente, OU sejay eee ae reer preciso mate avido.. temas 2 lo se empenha em fazer isso: © ae todos os ae imagens de panico; 0 terror est PO race aides: © monstro tem medo de ave 0 avito © © véem, nat wa edo em todos, nas flores, nas 735 a querem mates ee focams contra aqueles Talos laser Fee renee POE Para fora suas antenas Cm 'sse relato nos dé uma idéia do que pode! +E imponans oe song tPeRaNe nee que em francés tanto minhocs come CP ee tee dic oth 49 ser os terrores infantis com essas angiistias de devora- G0, de desintegracao, de morte, contra as quais 0 jovem sujeito tenta se defender. DDeixemos Brian por um instante para refletir sobre a relagio que seus pais estabeleceram comigo € 0 impacto que isso pode ter tido sobre a evolucio da anilise. Em geral, era a mae que trazia Brian para a ses mas eu via o pai com bastante freqiléncia, pois ele faz questio de me encontrar sempre que tinha tempo. O P: acompanhante conversa comigo antes da sessto, sempre ha presenca da cfianca, ¢ depois aguarda na sala de &s- pera. Nao volto a vé-lo depois. Contudo, as ve7es ele es- cuta através das paredes jos de vozes ou risadas € deseja saber © que significam. Sempre me recuso a falar do contetido das sessdes; 0 jovem paciente, por sa ve? tem a liberdade de contar 0 que quiser, embora eu reco- mende aos pais nao demonstrarem muita curiosidade € nao pressioné-lo se ele no quiser dizer nada. Em geral, le é incapaz de fazer um relato coerente do que aconte- ceu, contentando-se em dizer que desenha ¢ faz mode- lagem, o que decepciona muitos pais que nao veem como isso poderd curar seu filho! (© pai de Brian tinha um discurso muito indulgente que contrastava com 0 da mae, reconhecia que era dif- cil conviver com Brian, mas "os pais nao tem de se adaptar aos filhos?", dizia ele, atitude mais facil de enten” der conhecendo-se um pouco a sua historia Eo filho mais velho de cinco meninos. Quando jovem, tinha “problemas de ontografia e de nervosismo’(). Todos &* ses meninos eram “agressivos’, 0 terceiro particularmen- te “explosivo”; ele mesmo era considerado equilibrado, pois, diz ele, “eu me controlava mais”. Viviam no camp fm total liberdade com cavalos, ¢ todos praticavar © portes competitivos; ele fazia pélo, remo, ‘yéo em plana: dor, corrida, Durante 0 servigo militar, seu desempenho 50 fisico Ihe valeu 0 direito de formar os jov mma atividade de que gostou muito. Seu ie Fecrutas, mem ao mesmo tempo Severo e bom, que fen ‘um ho. pelos filhos”. Se entendo bem, o terceiro deu % de tudo balho para os pais, que deram provas de — Muito tra. de indulgéncia em relagao a ele. O sr. B See tem um citime terrivel do irmao John, ue Brian eee oe wees aera a st. B. estd em casa, Brian fica muito ma wim: feso me foi confirmado varias vezes pela mae, que acrescenta que “até a professora dele pe Jeu comportamento quando o pai nao est em . ‘Asra. B., por sua vez, “nao agiienta mais” esse filho que envenena cada instante de sua vida, A cada encon- tro ela desfia na minha frente a lista de seus malfeitos: ataques de raiva, Ningamentos, xixi na cama. recusa de se alimentar, ins6nias etc. Brian escuta atentamente essa Jadainha com um ar quase feliz, com aquele olhar que eu tinha surpreendido no primeiro encontro, algo como um “gozo desconhecido dele mesmo”, expressao empre- gada por Freud no caso do "homem dos lobos” para de signar o gozo ligado a fantasia inconsciente. "Quando decidi interromper a administragao de nev- rolépticos. temi um recrudescimento dos sintomas de Brian, e sobretudo uma intensificacao da violencia da parte dele que teria provocado uma depressdo matem® mas, na verdade, nada disso aconteceu. Portanto, Props 2 essa mae procurar um terapeuta para ela. Ela Feletet aes Proposia falar comigo quando trazia © filho er = iente, dizia, Eu me abstinha de interpretar sua fala. wee “se ee € 86 intervinha para retomat os eed moldes; “Entendi o quanto "ge a sofieram as mesmas angst com um bebe que a a sua Tonga coma corr 290 adoeceu... e depois aquela © “que € 0 prefetido st rencto no colete de gesso que 0 traumatizou ete." Fao Ge Brian como sendo uma crianga muito inteligente € So sentiti muito cedo e com muita intensidacle que por seme eoes @ angyistias que ela mesma sent, Fago notar que Brian parecer ter as mesmas clspos des. do ir excesso de energia ede dinamismo no corpo. O Meporte possfbiitou ao pal canalizar essa hiper-motict Shale, € preciso que Brian encontre sua prop ira fora essa violencia interna, (Lembremos que vncas tiveram uma expressio somdtica € motors crises pseudo-epiléticas, espasmos, Frias de por suas doe muito intensa clasticas etc.) ‘do falo de Brian de maneira positiva ou quan- juo alguma constituicao fisica herdada do pai na reconcilio essa mae do qual o agir muscular predomina aut ela mesma atenuando sua culpa € reparando set para se tornar outras razGes entram em consideragao no tocante depressiio). Crianga chorona, pequena demais, 2 viva, fosse menino ou vice-versa, com 05 tragos de um membro da familia amado ou detes- lado, ela logo induz condut Mos que muito antes ji Nas fantasias e expectativas de seus pais e parent As des 68 do bebe também mudaram a compreensio qu i se do mundo incia. Se, no oitavo dia, 80% g, tiny seeonhecem pelo cheito a roupa de seu bebé, ee se volta para uma roupa impregnad, 8S desconsiderando as outras. May 40° ‘SO Sina) mais importante do reconhecimento entre a ma remnascido & 0 olbar. Acreditava-se que o recémeqoe do fone cego e, quando as maes afirmavam que a eee" fe fava seu olhar nelas desde 0 nascimento, o conn wradico atrbuia essas observacdes & “cegueira” do ane Gio existe no recém-nascido, “uma fixacao rudimentay eo primeiro dia, que se estabiliza no quinto dia" Portanto, a visio é possivel, mas o olhar é uma atividade de relagio que ocorre em diferentes graus conforme as mies e os filhos. Algumas maes dizem ter sentido um impulso amoroso em relag2o ao filho quando este olhou para elas com uma atengo constante, como se, naquele stante, ele as tivesse reconbecido. Elas também véem nisso o sinal de sua vivacidade; nao se costuma dizer desse recém-nascido que ele € “ligado"? Portanto, crianga busca o olhar da mae; quando 0 encontra, reage com um sorriso, com mimicas, 0 que fortalece na mae a idéia de que a comunicacio se estabeleceu. Isso desper 1 nela comportamentos que sao verdadeiros didlogos: jogos de “cadé-achou”, cécegas, falas da mae em que ela eae € di as respostas etc ‘Alguns intercim Bis tem ua conotagio pulsional, por exemplo, qu2m eae igarra a crianga dizendo, com aquele tim! ” a pac enesre Nessas brincadeieas COP® eerie t ou muito proximo da sere poate dace que a cranga experiments a dimers afc da guage. & angst 0 . ttansforma-se em prazer na excitaga0 48 Ls? 6 cadeira, Dessa forma, as brincadeiras associadas & pala- ia permite esse dstanciamento do real angustiante da Nao, nao vou comer voce, é brincadeira, nao é 9 "Vou comer voce” muda de registro € s¢ jo. Essa angustia oral é recorrente em Brian; momento da anilise, vemos que ¢la a patenua e depots desaparece: O objeto oral sammie do we ser metabolizaco nas estruuras fantastic ¢ Se reat gr objeto causa de desejo (a erétca do belfo) ‘uma observacio feita por Brazelton permite enten- der melhor até que ponto a qualidade dessas primeiras iets é determinate para 0 futuro do jovem sujeito ma equipe americana que trabalhav peau a maes sentadas na frente de seu bebe inst Piyma cadeirinha que mantivessem um rosto impa Surante dois ou tres minutos, Eis o que ele conta: “Quando a mae entrou, 0 bebé levantou os colhos na sua diregao, olhou-a nos: olhos e sorriu. Seu olhar foi acolhi- do por um rosto que parecia uma mascara Rapidamente le olhou para 0 lado € ficou imével, com um ar sério no rosto, depois seu olhar voltou para o rosto da mie, guas sobrancelhas € palpebras levantadas, os bracos € mios comecando a se esticar na sua direcao. Rapida- mente ele baixou os olhos e depois desviou rapidamen- te o olhar. Acabou se retraindo totalmente sobre si mes- mo, seu corpo desmoronou € sé ‘encolheu. Nao olhow mais para a mae € seu rosto adotou uma expressio de- sesperada e fechada.” Tais reagdes podem ser observa das em bebés a partir de duas a trés semanas. Se a €xpe- rigncia se prolonga um pouco demais, o bebé se vira € vomita. A mesma experiéncia num bebé de cinco meses € completamente diferente: depois de um minuto € meio, ele acaba rindo um pouco ¢ depois cai na garga- Ihada, © que muitas vezes tem por conseqiéncia impe- dir a mae de se manter séria. we torna um. beij » part de um certo de passagem Se tomamos a mesma seqiiéncia aos cinco meses, a mbém interpreta o com > bebé the estende os vel que nao conhece mae: el bracos. ele vé um rosto impa: nela, Depois de um momento de perplexidade em que Parece se perguntar: 0 que mntecendo? é de ver- dade? € -de brincadeira n “interno” devide a sua represent do personagem que cuida, asso {ros fantasisticos do vinculo primi © modo como uma mae se ocupa do filho deixa idade de seu vinculo com ele, Numa a natureza des pela emoqao que ‘unstancias de sua chegada de maternagem, ela . revivescencia de Seu pr6prio vinculo com sua mae, nal yreza de suas pul sbes, de seus desejos, de suas expectativas. cla manifesta ao evocar as circ ‘a sua atividade nm n € sua MMe, OS primeiros contatos fj Para um enconto faim situado sob 0 signo da morte, 2 inal que a presenca desse filho, quando a sra, B 0 feenconira depois de sua convalescenca, tenha despey dh nela as angisias de morte experimentadas no me mento do parto, Ese filo quase a matou, Na analise de Brian. sempre presente, morte da brig morte nas, morte de todas as mulhe. res, Se a presenca desse bebé que ela descobre depo de um tempo de separagto desperta nela sentimentos elagio dos avos maternos que quase ndo as coisas ndo corriam 1 escolher entre a vida do filho 0 da nto marcada, a mew 1G, Por atendentes 130 nt estabelecer com ele um S préximo e continuo. Ao rncontra 0 veziix tembremos Ue: Pressivos do pos-parto, a propria crianca © eee ar dela; aco” os estas de toma depres 36, lacionais precoces, a criane® * 7 ouvit: B dades alimentares. Essas manifestacties reforcam a ierita- ‘0 dos pais. Todos conhecem os efeitos devastadores Ga insdnia sobre os membros de uma Os gritos que impedem todos de dorm causador dos dis As “criangas de noite para “fazé-las calar’ A linguagem do corpo Nossa pergunta é por que em Brian © corpo conti~ pasmos de indagi magem esse cor > corpo, como consegue vir aamé-lo e a desfrutar dele, Tra etapas da chamada construgio narcisica priméria, que se situa antes da fase do espelho; ainda nao estamos nna imagem especular ¢ sim numa imagem inconsciente do corpo. (Quando Lacan inventa a “fase do espelho", refere-se a descoberta que a crianga faz de sua imagem no espe- Iho entre oito ¢ dezoito meses e ao reconhecimento feliz dessa imagem como sendo a sua. Lacan faz desse mo- mento uma etapa essencial no desenvolvimento do su- jeito; € 0 momento em que a crianca pequena apreende numa imagem unificada de si mesma, uma vez que, até entdo, tinha uma visio fragmentada de seu cor tus membros € Seu Sexo, nhecido para ela, Essa primeira captagao pela imagem é 0 modelo sobre © qual todo ser vai construir seu eu; doravante, cle passa a se Po, podendo perceber apenas se 74 ode ser separado, Ambas as ‘Vimos que, se a separacao plemas aos cinco meses, era Por yento de identidade os vinculos estat rnstituida pelas multiplas ligasoes ses processos de ligaco misistem em construir para si uma rede associativa © pantir de todos os elementos que chegam até ele, POF 0 prazer da sucgio e da alimentacio ser4 2500 alo rosto da mae ea uma toc de olhares Ele percebe seu cheiro ¢ vé ao mesme tempo Seu sorriso, observa suas mimicas € oUve SUA vox quan do ela se dirige a ele. Sabemos que uma mie VTE de fio ae sp ee ee m Esse reconhecimento do Outro amph mente para todo o meio: lugares, objets s > por Freud © retoma antes ie uae neers Go)s eaten ce termo Ha"), Gracas a mado Poe Sis Usado por Lacan para designar aquilo dYe permite \ alcanga a ordem log wabalho 6 “5. sujeito integrar a Lei, tanto a lei da linguaert ao log Lei do do desejo. E a partir dessa figura ide referencia qUe 4 forma en tra ra no processo secundério. acess0 3 Tiees%0 A palavra, 76 crianga poder ter acesso ao registro si crever na ordem das geragoes. A mae an © pai também, ou do grande Outro. Ao vir ao mundo, o filhote de hom, Ihado num mundo onde pululam mensaeet Mem associara © selecionar sem cessar. A vor no, WE ele por exemplo, que a crianca escutou in une © © bai Privilegiada dos sons graves), logo sera ide pt pari di el inci todo um trabalho de dedonnat,A le substituigio, de separagao; cadeias de asst wo vendo criadas 20 mesmo tempo que outras sao ee fdas, eranca ji nto & mais a mae, jd a perdeu, ms também a evocou, reencontou.& aiculacto don bie to» substutivos se constiui em séries meta DSIico @ se ing 10 os que geralmer SCU substitu. te enca; itu ‘amnam a fi. a fi Figur is: leite, mamadeira, cheiro, contato cor son, Yo. es, palavras esct ‘ee evocimy a. presen adas € lugares erdgenos de seu corpo mie. Mas todas essas dos tempos, 0 recalca- IS apaga. Nel i eno as apa. Nelas, 0 stujeito se constitul e se desco- ece simultaneamente. N dessas 2,0 gosto de um boli- m nele todo 7 marca de uma aproximaco do inconsciente. (Essa pode ter parentesco Com a eMOKaO est aos labios uma colherada de cha no qual geinou amolecer um pedaco de madalena, Proust expe- oeenta uma sensagao estranhat “J no mesmo instante se que aquele gole, de envolta com as migalhas do alo. tocou O meu paladar, estremeci, atem(o ao que se va de extraordinario em mim, Invadira-me um pra~ zer de isolado, sem nogao da sua causa. Esse yer logo me tornara indiferentes as vicissitudes da jnofensivos os seus desastres, iluséria a sua brevi- ‘como 6 faz. o amor, enchendo-me de uma pre- Giosa esséncia: ou antes, essa esséncia nao estava em mim, era eu mesmo”, Tenta reproduzir a sensagao, faz © vacuo na sua mente; nao consegue: “sinto a resistén- cia e ougo 0 rumor das diz ele. Esse brusco mergulho nesse Albures € algo que qualquer um pode viver em algum momento da vida ou deitado no diva, mas ele nao depende de forma da vontade; a amnésia é levantada subitamente, a resis- Toncia cede © tem-se « brusca irrupgae de um mundo ao mesmo tempo estranbo e familiar, Lacan fala de “hidn- ficar essa abertura-fecha- ento do inconsciente. Os psicanalistas nao renegariam essa formulagdo de Proust: “ndo estava em mim, era eu mesmo", dizer que esse mundo perdido constitui a testrutura do sujeito. Houve quem dissesse que 0 emogio ‘Ao levar cha ede tos qu japoneses poem numa bacia de dgua ¢ que WJ, Mirio Quintana, Sa0 Paulo LM. ‘amino de Swann, ta wy slo pr aga de cha”, ase pequenii evoca uma © atssociativa que d nha: uM gosto resenca, um 3 na Vor que te, um bem-estar (oy n atuais”, © AS vezes, a emoga ramente, Na at gente enconte hi ” lewsas tres devotes & pais ie fo doente, conse gu la que em As Aqu raparigas em flor, mas dessa passagem emana um tom de verdade que também encontramos no capitulo “Con- ha os instantes de reme- ‘enquuanto mamae falava eu via 0 sol”, diz ele “Conversagao com Ma Essa luz € 0 le, eles eram da monte do durante dois anos, expressio indi- ppre essa “luz! Joo o que 0 roxtel Igo dessa mae todo-poderosst © sede foi o amor de uma mie, uma mae por seu i eles que deixa o amor de filho queride, 80 Do corpo biolégico ao corpo erégeno Quisemos mostrar que 0 corpo biol6gico, by do capital genético, nao permanece “puro regi fee corpo material, ele se abre para © mundo at os que sio lugares de mediag3o com o Outr de o primeiro instante da vida, 08 onificios € 6 come, Eee ro perdem suas caracteristicas puramente orginiees oat de um siol6 is siolbgicas para se inscreverem na rede relacional, Laat distingue quatro partes do corpo como lugares de orig = 8 de origem Sto eles 0 seo, ; as fezes © a voz; poderiamos ainda acrescentay outros, o luxo urinario, a pele, o olfato por exemplo, ___ © proprio Lacan diz que sua concepeio do objeto ‘a” teve como ponto de partida uma reflexao sobre 0 objeto transicional de “Objetos transicionais € fer ci is aa a do banal que todas as maes conhecem, a existéncia em muitas criangas de um objeto privilegia- do de que nao podem prescindir. Qualquer um jé foi testemunha do drama, da angiistia e dos choros que 4 perda desse objeto pode provocar, por exemplo na hora de dormir. O que parece ter chamado a atencao de La- can nesse texto foi a nogao de “zona intermediaria” en tre a mae € a crianga, onde se situa tanto 0 objeto come a “ilusao". Lacan vislumbra 0 lugar que tal objeto pode ocupar na teoria do sujeito e amplia o seu alcance com sua concepgao do grande Outro, Em seu semindrio $0” bre A angustia sublinha 0 tempo todo o cardter “ambo- ceptor” do objeto. O seio nao é a mae, tampouce © poe uma unidade com a crianga; pertence a ambos € ¥: se tornar 0 objeto em torno do qual se instaura 0 encom” tro, O cariter de exterioridade do objeto € fundamental para compreender seu devir, ou seja, o modo como: vele 81 te ie). Aos obj ria série cle objetos que Se em nurose repocs objetos Sera, portant, Pap zados em esiruturas psiquicas Perderio en ade nico para se inserir nas redes cOmPIENSY £0 re ental, Hii associacao cle um objeto a One TX” ibm de tum objeto a.um significante, 4 crane cons: taf eu imagem do corpo i partir dessa rede 2 iva vr itwida muito precocemence. Esquecemos que Ch ora nosso corpo nos seja dado, tem: imaginario € no simbdlico ~ nosso, Temos um COFPO, NAO SOMOS uM COFPE, NOS ba Lacan, pois ter um corpo é ter dele uma represent gio, mas € também poder desfrutar dele, & ter constr do um corpo libidinal. Pode-se imaginar todo 0 que 0 sujeito tem de percorrer antes que © seio, objeto hutridor, se torne um objeto erdtico, o objeto da pulsio’ cous © So oral metamorfoseando-se ao longo das assoc dos recalcamentos em objeto causa do desejo. Para entender as etapas do nascimento de m sujei- gente, curiosa, todos os sentidos alertas, sofre passivt- mente as manipulagdes de um adulto de quem sua vi depende. £, para esse Outro, um objeto suporte de pul- Ses « de fantasia, ou seja, um objeto de gozo. A part dest pesigio de objeto do Outro, teré de elaborse se Ghitos proprios e tornarse um sujeito propriamente ssa experiéncia de prazer ou de desprazer prove- 1 sempre. fic speticdio cle UM NIV —T de destino ou fatalidade Eee ‘a Essa ISKEM No i, S10 de Suicite jp veres de seducao da crianea pe fof Fre. Feonardo da Viel € ma lembranca de sua ro poderia ser diferente: Se levarmos em adullo sobre UM ser A Sua merce ¢ impede esse trabalho de apropriago do Corpo © de se- ninador. Por exemplo, supers ualtratada, por exemplo?. usis dle origem divers também podem set » 0 corpo ou uma de suas s estruturas imaginarias € simbo- oppo"? (Dolto faka de lente do corpo.) Nesse caso, nao houve apagame! n define como “o dominio Jo bolizagao”. A angustia esta Se" imagao desse real, “ela indica 4 SY omar "NI ds Obra Co ma eran de sua tfc BO ples, 83 nplo tipico dessa ane chamav m do mundo”, 10, de despe sonal seu corpo, que pode ser (Glenn Go desse distirbio aos qu fe anos, o que aeabou com sut carrein), As vezes, 0 dtico vé um estranho no espelho ou entio seu du como na novela de Maupassant "O Horla”, Para 4 relato em Un enfant provém de um ser tio deses- ‘ard marcada pela incoeréncia, A Bacon permite entrever 0 que pode per despedacado do esquizofrénico. Esses Mio os casos extremos de fracasso constit >, mas a angistia existe fora da psicose € € nal do que “do ser nao pode 4 significacao": © mundo que rode 10 pole adqqui- pintura de Francis observar @ que esse proceso de nao pode eran OMENS OU as meni adas ao nascer & contiac ea demand thas pando de betgaris para ereches patra te depositos de eriangas, crane guem se interesst € QUE NAO Se interes em mesmo por sobreviver, Retardadas ou. autistas, gn geral morrem muito cedo. Criadas Como animais 2 espe. sido abate, 2 auséncia de inscriglo no Outro forcis nelas proceso de subjetivacio; nesses casos, poder mos falar de psicose experimental induzida, Sem chegar a esses abandonos precoces, uma ds toreio das primeiras relagdes pode ter conseqiiéncias graves sobre 0 desenvolvimento posterior da crianga ¢ marcar para sempre sua existéncia. Como se instalam os sintomas em Brian e como eles evoluem? Os sintomas em Brian A bem dizer, as criangas nao se queixam tomas; para elas, eles so seu modo de ser e+ Th frem, padecem-no sem ter uma consciéncia 1 disso, Em geral, so os pais ou pessoas PONS aux laa s) ca comodados e pedem UF ee as vezes) que ficam incom se pe mento, Brian nao exprime nenhum sofrimen’® and so 2 dart queixa de nao ser quem de yostari \ jes, 8° su imporéncia para realizar suas eet que a _ E també! conse ser gentil, mas no consegue. vst sam de outra maneira os pacientes # xio intoma & uma solugdo de compromisso ir do conflito entre sua pro- ie ¢ suas defesas, incidente ped plo, ha a pul estrutu tentativa de reca : SeRUE-Se O retomo do Tee do com a passagem ao ato qt 10 fracasso do weno, Lacan faz do sintoma a metdfora do st querendo dizer com isso que © sintoma representa 0 su- jeito no que ele tem de mais verdadeiro e de mais lzante (Freud fala de sobredeterminacdo do sintoma). Lacan diz. também: “Defino o sintoma pelo modo como cada um goza de seu inconsciente, na medida em que 0 inconsciente o determina.” © sintoma tem sua neces dade na economia psiquica ¢ libi um encontro no > ela cont © quanto ele a fazia softer. A rentincia ao sintoma é do- Jorosa; Brian nos fata de seu sofrimento q a seus comportamentos agressivos ¢ destrutivos ciso ctescer € os planets esto vazios. Ele s6 ac Perda depois de fazer um trabalho de reconstrucio por outra via, A natureza do sin agir a sua reveli to, €8€ SUIEHO GUE Lacag 8 eng, rian. Num primeiro momento, Nolen uaa manifesta (CHOFOS, insOnig piace uma ma do nascimento, a soc? We ico decorrente de oa iso. 5 sobre seu corpo, Bria go seu makestar por Meio de uma expen corporal 8 maneira do bebe que N de Prenuneamente a um desamparo existencial By uagio de makestar e de inseguranca vai se age arcontencdo no colete de gesso. Tiram desse bet parecia sro eshoxo de win primeiea imagem do cone 1 posigio fetal de barriga para baixo na cama, pose resquicio de uma posi¢ao uterina, Tiram-the também ey sinico modo de expresso corporal voluntitia auténoms a motricidade, E preciso imaginar a vivéncia de qualquer bebé. He esté num estado de absoluta impoténcia € total depen déncia do Outro que garante sua sobrevivéncia, Esst de pendéncia também existe no plano motor, o filhote de ho- mem precisa do adulto para os seus mais infimos deso camentos. Embora consiga virar a cabega € agitar braces € pemnas, ndo consegue, sem a ajuda do adulto, desloct © corpo. Essa incapacidade motora decorre do cariter ite cahado de seu sistema nervoso motor. A desproport enire a imaturidade do sistema nervoso de relagio €° desenvolvimento extremamente avangado das GPT des perceptivas e sensoriais € patente € merece inscoeS A imobilizagio de seu corpo € a perda de suas 7g Cenestésicas reforgaram em Brian sua Sensacao Toe objeto passivo & merce de um Outro todo-PONT Tas Figoso. Essa situacao de passividade forcad To de nele a angistia ligada a um defeito sua imagem do corpo, De fato, 08 process separa impedidos por diversos motivos nento dos is afetivas € a ausén mesma deprimid 1ando, do “Vou comer vocé" ou “Sou 0 compo, 1 Brian. Lacan objeto; “o objeto da frustracdo”, nos diz el jeto que o dom, esse dom que, se trazido como desvanescer-se 0 objeto como objeto”. Esse dom é 0 amor da mae, Os objetos corporais nao puderam de nescer inteiramente em Brian, as angitstias arcaicas sub- sistem (¢f. as desctigdes de Melanie Klein), ele teme ser destruido, ser comido pelo outro, que tudo exploda; 0 terror ligado @ aproximagdo desse “real” que subsiste fora da simbolizagao continua ali. Na terapia, ele vai construir tramas a partir dos ele- ‘mentos aterrorizantes. Vemno-lo de corpo € alma no seu mundo de violéncia de destruiglo. Hi nele uma excita- @o que é da ordem do gozo misturado com angiista. Essa encena em relatos fanta a 8 presenga tranqii © escreve as palavras port dev Hencia destrutiva permanecendo calmo e vivo. Alg ctiangas nao ousam pronunciar essas palveas: disser, vai acomtecer", dizem # agressividade fantasistica nao mata. 88 o cuidado de ft como aS Cr nos fazer de ivesse rade ser? Se voce Fosse ele, ia peng po des de recolocar as coisas ioe depois mbslico, como com gipterm final de andlise. Nas suas histor: ae forma a seus MEdOs, a SUAS PUTSDES; deixo os id desenrolarem observando sua evolugio. Gooicg ae im em a diferenciar 08 Pontos de vista, as intengdey Prrconagens, 0 (UE FOMPE © ROLO tepetve da frase fundamental. sa No comeco, OS papéis S40 intercambidveis, ele ¢ tanto o perseguido quanto © perseguidor — isso é prs. prio da fantasia, © sujeito ocupa nela todos os lugs (gf Freud, “Uma crianca € espancada) ~, sentimos ue cle esti totalmente implicado na sua relagio de sedugio agressio com a mie, faz sua a agressi Outro tomando para si a pulsio mortifera da mie; des forma, ele € 0 filbo espelbo do inconsciente mateo “Voce quer a minha morte, eu quero a sua.” Outra cian: a poderia ter adotado desde cedo uma posicio de © ele escolheu defender-se atacando ? no entanto, pode traimento autista; Outro, retorno justo das coisas que, ‘mos tentar analisar. Histerizagdo do sintoma Num momento da anilise perce de separagao, 0 esbogo de um desengaj erencod® se estrutura, aparecem dois campos Ge instr cujos limites ele demarca clarament wer SCUS NE simbolica: nao & escrev' afetivos, cria NOVOS V idades de refles mos encontrar so. Primeiro, os azares Asma. B, de sua famili tem quinze meses, fica gr novo e sem divida espera apagar com esse novo fil primeira gravidez, Brian As vezes, que outrs crianga experiéncia dolor deve perceber em parte 0 que 0 Esper mais velhos sabem antes que 2 s¢ Dolto ressaltou em mento desse ic20 cont naquele momento, toma con: amor des 90 Gostaria de estar no lug, ferores ae at eu irmao BeMeO € que jae corer que € ie ovo. Mas a realidade se impde glt# FA entao inundado » Cle ja, filho querido; € & lado pela y, mais seri 0 ‘ONtady Hever oval desapareces cle no pra de agredijg de morde-lo. , ns aifculdades desse periodo sem dviga swiram para fraglizil0. SEU IMBTESSO. NO Mater anna ignorincia dt lingua © Colca NUMA situ oni undo, A postu do peciatra, ue, identticandy com os pais exasperads pelo seu Comportamento,teny foelo calar com um tratamento que poderiamos quaif. car de “camisa-ce-forca quimica”, com todas aquéncias patdgenas hoje mais bem conhecidas Progressivamente, vemos 0s sintomas de Brian mi darem de forma e, por isso mesmo, adquirirem outro sentido, Assistimos a grandes crises espetaculares, espas mos da glote, crises epileptiformes, acidentes somitioes Esses distirbios lembram manifestagdes histéricas cls . proximas da histeria de conversao descrita por Freud; nio ha nenhum dano orginico, nenhuma lesio de érgio, a0 contririo dos “fendmenos psicossométices (FPS) como, por exemplo, as afecgdes auto-imunes, 2° tocolite hemorragica etc. (cf. 0 caso de Paul-Marie). nos remetermos as descrigdes da histeria no adulto. PE ceberemos que o histerico faz seu corpo falar, ss nifestacdes espetaculares interpelam o Outro. Esse nr pode ser Deus ou a religiao nas feiticeiras OU possy! da Idade Média, 0 neurologista nas pacient na Salpétriere, a ciéncia médica nos ister » os B com suas crises de tetania, seus maltiplos dist" COS que muitas vezes confundem © cirurBiae es esti em geral representado por uma figure Padre, médico ou parceiro sexual idealiza quem 0 histérico se apresenta como con. on quer el ) serve para manter 0 vinculo ‘com esse Ouro que € pr mesmo tempo sedizir -se até que ponto as podem co- ecasirar Jocar em xeque 0 “saber” do Out Encontramos em Brian os sa estrutura neurdtica. Brian se apresenta como 0 objeto masoquista da mae. A prin desde o primeiro 0 corpo. interpelar a mae, Através de seus si ¢ seu amor e, na falta des- te, sua tengo. Seus sintomas Ihe servem para estreitar seu vinculo com nao a solta mais, obrigaa a Ihe dedicar uma atengio constante, mantém-na quase 2 sua mercé: o despertar durante a noite, a recusa de se alimentar, as agressdes perigosas contra o irmao, os xingamentos etc.; instala-se uma re lagdo circular na id ndo se sabe quem é o perseguidor, 0 agressor, a Iho da analise vai servir para por fim a essa relacdo em que um € prisioneiro do outro. E preciso se perguntar por que essa relagao se fixou € se manteve durante anos. des- mas, ‘Duas notas sobre a crianca”, in Or Jbre a origem do sintoma da crianga, texto yordar essa Ponder ao que ha de sinto O sintoma, como compra Resse nesse context intoma pe me representar a 92 nossas intervencoes- A artic C40 se oh weap o-sintoma que predominss diz resp 1 mac. Nesse caso, € dirctamente im Quando la de verdade, mee . do inconsciente. Brian encarnit © objeto da rma, pulsio monifera como, puee nas de Brian SiO de Fat uma resprg da mae Enfase no problemdtica inconsciente Lacan também poe mento”. Quer do impacto do inconse crianga se ve r 0, Com ef do com o fil mento macigo de sua imp! Ma ser. 2. como uA Mae Poderia pens ge est na Origem de sua doengag "AGO Cri UM probe © de todas as afecyies EMO a Posicao da mie de ao eczema de seu filho. A parte que concerne ao deseo & Paul-Marie em re Lacan continua mae, caso nao tenha mediagao te a fungio do pi toxlas as c mie, ¢ nao te verdade desse obj spjeto roel Brian nao cessari de se colocar como objele dor da pulsdo montifera da made. & mediacae a func do terceiro) foi feita para ele através da inten” analista, que pode, chegado 0 momento, aun ceder esse lugar ao pai, lugar que esse Laren ocupar, apesar de seu amor pelo filho, devie vinculo patogeno mae-filho. 93, Separagao e reconstrugao na anéilise Desde o come¢o do tratamento, ao colocar em cena ele as poe distincia. No relato, vemo-lo 2s O8 lugares, depois, pouco a pouco, lentificar os papéis © as pessoas, ja nao su. infuse imagindria, sesso, ma passa a porta estar nessa Houve © trabalho fato de ouvir sua mic imento, de seu ve também o lar com a falar de seu de ver Brian sair dele, de sua impoténcia, elementos estes que ajudam ambos a se desprenderem de sua relaclo passional, Ao ouvir os pais em dela, a crianca se vé do lugar de onde os outros Assos, Brian superou o enfrentamento pouco foi se inscrevendo teriorizadas € ele agora livres. coisas de outr ste; Proust é um desses.

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