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2 A llustragao e a sociedade contratual Introdugao: uma nova etapa no pensamento burgués © Renascimento desenvolveu nos homens novos valores, diferentes. daqueles vigentes na Idade Média, Os valores renascentistas estavam mais it istema econdmico vollade para a de baseada na distingao pela pOs%e de'tiquicza c do pela origem, nome ¢ Essa mudaiiga radical no mundo ocidental exigia uma nova orem so- cial, dirigida por pessoas dispostas a buscar um espaco no mundo, a compe: . tirpor mercados ea responder de forma produtiva 4 ampliacio do consumo. Pessoas cuja vida estivesse direcionada para a existéncia terren e suas con- quistas, € ndo para a vida apés a morte e para os valores transcendentais. ‘Todas essas mudangas se anunciavam no Renascimento e se tornavam. cada vez mais radicais 4 medida que se adentrava a Idade Moderna e a Revo- Jugdo Industrial se tornava realidade. ‘A.nova concepeao de lucro, elaborada e praticada pelo comerciante bur gués renascentista, é a marca decisiva da ruptura com os valores ¢ as idéias do ‘mundo medieval. 0 lucro nao é mais apenas o valor que se pag ao comerciante pelo trabalho realizado. O lucro expressa a premissa da acumulagao, da ostenta- fo, da diferenciacao individual e assim realiza a idéia de que tenho o direito de cobrar o nudximo que uma pessoa pode pagar. A idéia ¢ realizagdo do lucro niio cram de forma alguma novas, Bram conhecidas desde a Antigiiidade, a partir do momento em que surgiu o comércio usando o dinheiro como equivalente de trocae, em decorréncia, a acumulacdo de riqueza. No entanto, a forma de pensar « praticar o Incr era distinta. Enquanto no Império Romano 0 comércio realiz o.com apritica de pregos considerados abusivos era consideradoilegal e pouco nobre,e a Igreja Catdlica considerava pecaminosa a atividade lucrativa, no capitais- ‘mo, o lucro tomouse a finalidade de qualquer atividade econdmica. Vejamos esta situagao hipotética: na Grécia, um armador vivia da com- pra, do transporte e da venda de azeitonas & Europa. O preco final do produto remunerava 0 comerciante por seu trabalho de intermediacio. Nesse prego estavam embutidas a repost Wo dos navios e dos escravos ¢ a viagem de volta, Muitos comerciantes enriqueceram, porque agora tarnbém se cobra- ‘va 0 maximo possivel pela mercadoria, Essa forma de enten- © pensamento burgués reprosentou ume ruptura com relagao’ao mundo medieval | -Asociedei que emersu do movinentorenascerista eta me ie : | conconéne' awe cenetacfo. Ologowsa de Jos Armen sécuo xy Yee maior também exige mai ‘Ao pregarofim do conte do Estado scbreaecoromie scion a usage gudouo ceservoiverento da Inds. (oncres em 1870, gow ce Gastave Dore) der o lucro era nova na historia efi instaurada pela burguesia a partir do Renascimento. Se um comerciante pode auferir numa troca comercial 0 maior prego possivel que a si- tuagéo permite — resultante darelagao entre oferta e procu- ra € de outras condigdes pro. dativas e de mercado —, entdo € preciso que a producao seja organizada de forma mais racional e em larga escala. O fato de a concorréncia ser cada or racionalidade ¢ previsio. A Procura por novas técnicas mais eficientes se torna uma constante. Muitos Prémios so oferecidos aos inventores, e projetos como os de Leonardo da Vinci, que ficaram apenas no papel, passam a fazer enorme sucesso. Desen- volvenrse a ciéncia e a tecnologia, enquanto na filosofia cada vez mais se _ Procuram as raizes das formas de pensar. O Renascimento introduziu e desenvolveu 0 antropocentrismo, a Jaicidade, o individualismo e o racionalismo. Com relacdo a vida social, pas- sou a concebé-1a como uma realidade prépria sobre a qual os homens atuam; ercebew-se também a existéncia de diferentes modelos — a Republica, a Monarquia — e passou-se a analisd-los ¢ a defender um ou outro modelo, Conseguiu-se vislumbrar a oposigéo entre individuo e sociedade, entre von- tade individual e regras sociais. ump deo vida a0 se ci iden ao, dent vias: mos eray pria exis cers dop pao valo thistria rguesiaa ate pode nercial 0 ue 2 si- sultante eprocu es pro- sento ‘Gao seja le mais scale. 0 sercada visio, A Muitos vardo da Desen- ais se ismo, a ‘ial, pas- saluan; ‘bla, a miodeto, tre von- A Ilustragao, movimento filos6fico que sucedeu 0 Renascimento, deu tum passo além, Concebeu novas idéias de vida social e entendeu a coletivids- de como um organismo proprio. Comecou a discemir aspectos ¢ areas da Vida social com diferentes caracteristicas e necessidades — a agricultura, a indiistria, a cidade, o campo. O conceito de nacio, como forma de organize- 40 politica pela qual as populagées estabelecem relagdes intersocietatias, ja se cristalizara na Iustracéo. O nacionalismo emergente do Renascimento, ‘identificado ainda com 0 monarca ¢ preso ao sentimento de fidelidade e sujei- a0, dé lugar a nogo de organismo representativo da coletividade, indepen- dentemente de quem ocupa, por certo tempo, os cargos disponiveis. principio de representatividade politica, revelando um aprofun- damento no entendimento da vida social, assim como o aparecimento de teo- tias capazes de explicar a origem do valor das mercadorias ¢ outros mecenis- ‘mos sociais, mostram o grau de desenvolvimento do pensamento social. Jé cra possivel identificar fendmenos sociais e concebélos em sua natureza pro- pria diferenciada. O surgimento de conceitos, como Valor e Estado, revela a existéncia de uma metodologia ea emergéncia de uma nova forma de conhe- cer a realidade social. 0 Renascimento correspondeu a uma primeira fuse da sistematizagio do pensamento burgués, na medida em que procurava trazer de volta 4 Euro- pa 08 valores laicos, o gosto pela vida e o racionalismo, ¢ atribuia do individuo valores pessoais que nao provinham da sua origem. Embora ainda tivesse um certo cariter religioso, o Renascimento exal tava a natureza e os prazeres da vida terrena, fossem 0 éxtase religioso ou 0 simples prazer dos sentidos, que se consegue junto & natureza, Nos séculos XVII e XVIII, entretanto, a burguesia avanca na concep- ao de uma forma de pensar prépria, capaz de transformar o conhecimento nio 86 numa exaltagdo da vida e dos feitos de seus heréis, mas também hum proceso que frutificasse em termos de utilidade prética. Afinal, o de- seavolvimento industrial se anunciava em toda sua potencialidade; os em- preendimentos, quando bem dirigidos, prometiam lucros miraculosos. Por- tanto, era preciso preparar a sociedade para receber os resultados desse trabalho. Os préprios sabios deveriam se interessar em desenvolver conhe- cimentos de aplicagao pratica A sociedade apresentava necessidadles urgentes ao desenvolvimento Cientifico: melhorar as condigdes de vida; ampliar a expectativa de sobrevi- véncia humana a fim de engrossar as fileiras de consumidores e, principal- mente, de maodeobra dispontvel; mudar os habitos sociais ¢ formar uma mentalidade receptiva as inovagdes técnicas. A pratica de elaboragto dos pro- jetos cientificos para 0 desenvolvimento da indhistria passa a ser aplicada & sociedad, pois sem um planejamento racional dos meios de transporte ter- restres e maritimos, da distribuigao ¢ armazenamento dos produtos, da melhoria da infra-estrutura, todo o esforco produtivo estaria perdido. O pla- fejar © 0 projetar o futuro trouxeram consigo também 0 conceito de naco, correspondendo a extensio territorial onde a burguesia de determinado pais teria total controle sobre o mercado. A nagao deveria se submeter a uma or- ALRUSTARGAO ER SOCeDADE CONTARTUAL ASOGOLOGIA PRE. CENTICA ganizasao politica que pudesse favorecer o desenvolvimento econémico € estimulélo, Dentro dessa nova organizacao politica da sociedade deveria pri vilegiar-se 0 individuo, principal motor do progresso econémico. Este deve- ria estar livre das amarras impostas até entio pela sociedade feudal, pois, de posse de sua total liberdade de agir, mover-se e estabelecer-se, 0 individuo poderia promover o progresso econdmico. Novos valores guiando a vida social para sua moderniziigao, maior em- Pemho das pesquisas e do saber em conquistar avancos técnicos, melhora nas condigdes de vida, tudo isso somado levou a esse surto de idéias, conhe- » 6ido pelo nome de Hustracko. Apés um primeiro momento em que a existéncia de um poder central garantia a emergéncia ¢ a organizacio dessa nova ordem social, o mercado cexigia liberdade de expansfo. As novas formas de pensar e agir aliavam-se a necessidade de a burguesia libertar-se das amarras estabelecidas pelas mo- narquias absolutas, que nao permitiam a livre iniciativa, a liberdade de co- meércio ea livre concorréncia de salérios, pregos e produtos. Assim, a Iustragao foi essencialmente pragmitica e liberal, uma vez S<_que a burguesia queria uma ordem econdmica, poiitica e social em que tives- 'se participagio no poder e pudesse realizar seus negécios sem entraves. Podemos dizer que a burguesia jé se sentia suficientemente forte e confi- ante em seus préprios objetivos de vida para dispensar a figura do rei como seu aliado contra os privilégios feudais, tal como sucedera durante a época ‘mercantilista, em que o Estado nacional favoreceu uma politica de acumulagio de capital por meio de monopdtios, fiscalizacao, manufaturas ¢ colonialismo. Fortalecida, a burguesia propunhia agora formas de governo baseadas na legiti- midade popular, até mesmo governos republicanos. Conclamava o povo a ade- rir defesa da igualdade juridica e do sufrdgio universal. A filosofia social dos séculos XVII e XVII pensamento da Ilustracdo, apoiado principalmente 1a coatribuicio dos Jisiocratas (escola econdmica da época), defendia a idéia de que a economia era regida por leis naturais de oferta ¢ procura que tendiama estabelecer, de manei- ra mais eficiente do que os decretos reais, o melhor prego, o melhor produto e 0 ‘melhor contrato, pela livre concorréncia. Além desse apreco pelo livre curso das, relagoes econémicas, os fisiocratas, oponde-se ao uso ocioso que a nobreza fazia de suas propriedades agririas, propunham melhor aproveitamento da agricultu- 1a, atividade que consideravam a principal fonte de riqueza das nagées. Segundo esse ponto de vista, as relacdes econdmicas e sociais eram regidas por leis fisicas e naturais que funcionariam de maneira racional, des- de que nao prejudicadas pela intervencao do Estado absolutista. O controle das relagdes humanas surgia, portanto, da propria dinamica da vida econdmica © desenvolvimento do capitalismo estimulou ¢ social, dotada de uma racionalidade a sistematizacdo co pensamento sociolégioo, intrinseca, cuja descoberta era.a princi- | palmeta dos estudos cienttficos. Araci da sociedad to, tal come Diderot. Or no de Desc: ‘trava quear Recon de opinar e ‘ecandmico, mento e cor ‘os homens contratual. -governantes Finalmente, Daseavam e Umd social origi: Rousseau a vida social, vontades pe de poder, as principios d Entre | ‘materia tin} IWUSTAAKRO € A SOGEDADE CONTAATURL Arracionalidade estava na origem natural ¢ fisica das leis de organizacio da sociedade humana e na base da propria atividade humana e do conhecimen- to, tal como defendiam os pensadores franceses René Descartes ¢ Denis Diderot. O racionalismo cartesiano — termo derivado de Cartesius, nome lati- no de Descartes — se expressava pela frase “penso, logo existo”, na qual mos- trava que a razio era a esséncia do ser humano. Reconhecia-se no homem, portanto, a capacidade de pensar e escolher, de opinar e resolver sem que leis rigidas perturbassem stra conduta, No plano econdmico, essa idéia se traduzia na ansia por liberdade de aco, empreend- mento e contratagdo. Traduzia-se ainda na concepedio de que as relagdes entre os homens resultariam na livre contraposicao de vontades, na liberdade contratual. No plano politico, expressavase no objetivo de livre escolha dos ‘governantes, segundo o ideal de umn Estado representativo da vontade popular. Finalmente, no plano social, manifestava-se na nocdo de que as sociedades se baseavam em acordos miituos entre os individuos que as compunham. Um dos pensadores que mais desenvolveu essa idéia de um pacto social originatio foi Jean-Jacques Rousseau, Em sua obra Contrato social, Rousseau afirmava que a base da sociedade estava no interesse comum pela vida social, no consentimento unanime dos homens em renunciar as suas vontades particulares em favor de toda a comunidade. Para alicercar suas idéias a respeito da legitimidade do Estado a servigo dos interesses comuns e dos direitos naturais do horiem, Rousseau procu- rou tracar a trajetdria da humanidade a partir do igualitarismo primitivo até a sociedade diferenciada. Para ele, a origem dessa diferenciacao estava no apa- recimento da propriedade privada. Justamente por essa critica a propriedade, distingue-se dos demais filésofos da lustracio. John Locke, pensador inglés, também defendeu a idéia de que a socie- dade resultava da livre associagao entre individuos dotados de razo e vontade. Para Locke, essa contratacdo estabelecia, entre outras coisas, as formas de poder, as garantias de liberdade individual eo respeito a propriedade. Seus prineipios deveriam ser redigidos sob a forma de uma constituicao. Entre 08 fildsofos da Ilustracdo, ganhava adeptos a idéia de que toda matéria tinha uma origem natural, ndo-divina, e que todo proceso vital nao 34 A SOCIOLOGIA PRE-CeNICA era sendo o movimento dessa matéria, obedecendo a leis naturais. Esses prin- cipios guiavam 0 conhecimento racional da sociedade, na busca das leis ne turais da onganizagao social. ; Podemos afirmar que a filosofia social da Ilustracdo levaria 4 desco- herta das bases materiais das relagdes sociais. Percebe-se claramente que 0 filsofos dessa época ja desenvolviam a consciéncia da diferenga entre individuo e coletividade. J4 perccbiam que esta possufa regras préprias que regulavam a vida coletiva, como as regras naturais regiam o surgimento, 0 desenvolvimento e as relagbes entre as espécies. : Mas, presos ainda d idéia de individuos, esses fi- AA filosofia social da llustragao levou J6sofos entendiam a vida coletiva como a fusio | & descoberta das bases materials de individualidades. 0 comportamento socialde- | das relagdes socials. correria da manifestacao explicita das vontades F individuais. i do pensa b politica € b vido no bases pa : rater mo carater rn rial, com forma de f ca na $0¢ Afi tagem dc de poder’ politica p Aic pretensa Adam Smith: 0 nascimento da ciéncia econémica 7 Foi Adam Smith, considerado fundador da ciéncia econdmica, quem de leis e demonstrou que a andlise cientifica podia ir além do que era expressamente { confront manifesto nas vontades individuais. Em sua andlise sobre a riqueza das na- politicos ‘¢0es descobriu no trabalho, ou seja, na produtividade, a grande fonte de r+ | As queza. Nao era somente a agricultura, como queriam os fisiocratas, a princi- Tlustraca, pal fonte de bens; mas o trabalho capaz de transformar matéria bruta em i pregaran produtos com valor de mercado. Veremos adiante como essa idéia serd reto- i elaborag: mada e reelaborada no século XIX por Karl Marx. | leis, tend Adam Smith revelara a importancia do trabalho ao pensar a sociedade | ea prop. nao como um conjunto abstrato de individuos dotados de vontade e liberda- 1 das leis « de, tal como fizeram Rousseau e Locke, mas ao aprender e perceber a natu- ‘sao estak reza propria da vida social segundo a qual o comportamento social obedece a zacdo en regras diferentes daquelas que regem a acao individual. Acoletividade deixa- | origem 6 vadde sera soma dos individuos que a compdem. A Revolucio Industrial esta: concessa va em pleno andamento e seus frutos se anunciavam. tades ind _ | | | AILUSTAAGRO EA SOAEDADE CONTABTURL hueza das nacdes) Ose _ Fespeto da diisag 6. ab Legitimidade e liberalismo As teorias sociais da Mustracdo no século XVIIE foram ainda o inicio do pensar cientifico sobre a sociedade. Tiveram o poder de orientar a agio politica ¢ Jancar as bases do que viria a ser o Estado capitalista, desenvol- vido no século XIX, constitucional e democrético. Langaram também as bases para o movimento politico pela legitimacao do poder, fosse de ca- rater monarquico, como na Revolugo Gloriosa da Inglaterra, fosse de cardter republicano, como na Revolucao Francesa, ou ainda do tipo ditato- rial, como no império napolednico. Tao importante quanto seu valor como forma de entendimento da vida social e politica foi sua repercussao priti- cana sociedade. A filosofia social desse periodo teve, em relacao & renascentista, a van- tagem de nao constituir apenas uma critica social baseada no que a socieda- de poderia idealmente vir a ser, mas de criar projetos concretos de realizacdo politica para a sociedade burguesa emergente. A idéia de Estado como uma entidade cuja legitimidade se baseia na pretensa representatividade da sociedade ¢ um avango em relagao a idéia de ‘monarquia absoluta, O Estado ja nao & a pessoa que governa, mas uma ins tuicdo abstrata com relagdes precisas com a coletividade. Além da circul de leis e de riquezas, o Estado criava o principio da circulagao de poder. O confronto de interesses também esta subjacente as idéias propostas pelos polos ituministas. As idéias de Locke de Montesquieu, outro importante pensador da Tlustracao, foram a base da Constituigao norte-americana de 1787. Ambos pregaram @ divisdo do Estado em trés poderes: legislativo, incumbido da elaboragio e da discussao das leis; executive, encarregado da execugao das leis, tendo em vista a protecao dos direitos naturais 4 liberdade, a igualdade © a propriedade; ¢ judicidrio, responsével pela fiscalizacio & observancia das leis que asseguravam os direitos individuais e seus limites, Essa divi- sio estabelecia a distribuigao das tarefas governamentais ¢ a miitua fiscal zacao entre os poderes do Estado. Locke defendia, ainda, a idéia de que a corigem do poder nio estava nos privilégios da tradicao, da heranca ou da concessio divina, mas no contrato expresso pela livre manifestacio das von- tades individuais. ASOGOLOGIR PRE-CIENTIACR Alegislacdo norteamericana, instituindo a divisio do Estado nos trés 3 poderes e estabelecendo mecanismos para garantir a eleicao legitima dos governantes ¢ os direitos do cidadao, pos em pritica os ideais politicos libe- rais e democraticos modernos. Os Estados Unidos da América constituiram a ptimeira republica liberal-democratica burguesa. FEB cor ‘fou Gai Pa ma Aplic eee 136 mi debate Temi isto 6, mostre social cceneéi ecto BB se pe leit que ideolé dade alternativa- cesmos ho- assardo do nada mais ares dessa ime @ que ess08 dois Monarquia 19, visto da ador. Ele 5: primeira, as soci, 10, ademo- ‘Sas inteleo- :onstituitam oe poitica ama defesa, teressadas, agas as re ‘alangando sis métodos, 10 outro, Se steceu muito Seandinavos de por melo petinada dos >, oliberalis- 380, @ a pro- ‘06 liberais & olica obst or4, p34 A crise das explicagées religiosas e o triunfo da ciéncia esisaadasne etc ieee Introdugdo: o milagre da ciéncia ‘Varios aspectos da filosofia da Ilustracao prepararam o surgimento das ciéncias sociais no século XIX: O primeiro deles foi a sistematizacao do pen- samento cientiico. Os efeitos de novos inventos, como 0 para-raios e as vac nas, o desenvolvimento da mecdnica, da quimica e da farmdcia, eram ampla- mente verificaveis e pareciam coroar de éxitos as atividades cientificas, Claro est que a sociedade européia da época nao se dava conta das nefastas conse- liéncias que a Revolucao Industrial do século XVIII traria para o mundo tra- dicional agrdrio e manufatureiro. Aos olhos dos homens da época, eram vitoriosas as conquistas do conhecimento humano, no > sentido de abrir caminho para o controle sobre as leis Se a ciéncia tinha sucesso danattireza. ‘Asidéias de progresso, racionalismo e cientificismo na explicagao da natureza, exerceram todo um encanto sobreamentalidade da épo- | Poderia também explcar & | sociedade, camo elemento da natureza, ca. A vida parecia submeter-se aos ditames do homem esclarecido. Preparava-se 0 caminho para 0 amplo pro- gresso cientifico que aflorou no final do século XIX. Emoposigio a religiosidede mediew, modes se afmsva ‘como srinimo de verdad ¢ progresso, (ela elscoraca pee Granele Eporigio de 1854 na Gra Brtenha) ASOdOLOGIN PRE CeNTIICA ‘Seesse pensamento racional e cientifico parecia vilido para explicar a natu- reza, intervir sobre ela e transformé:4a, ele poderia também explicar a socie- dade vista como um elemento da natureza. E a sociedade, da mesma forma ‘que a natureza, poderia ser conhecida e transformada, As questées de método 0 fildsofo da ustracao, além de preocupar-se com a descoberta das leis que regiam o préprio conhecimento, queria conhecer a natureza e inter- vir sobre ela. Dessa preocupacao provieram as discussdes em torno do méto- do cieatifico, A induedo, método que concebia 0 conhecimento como resultado da experimentacdo continua e do aprofundamento da manipulacéo empirica, havia sido desenvolvida por Bacon desde o fim do Renascimento. Em contraposicao, Descartes defendia a validade do método dedutivo, ou seja, aquele que possibilitava descobertas pelo encadeamento logico de hipdteses elaboradas exclusivamente a partir da razdo. A Gigncia se fundava, portanto, como um conjunto de idéias que diziam respeito a natureza dos fatos e aos métodos para compreendélos. Por isso, as primeiras questées que os socilogos do século XIK tentaro responder serao relativas & definicio dos fatos socizis e 20 método de investigagdo. Tanto 0 método indutivo de Bacon como o dedutivo de Descartes serao traduzidos em procedimentos vlidos para as pesquisas sobre a natureza da sociedade. O anticlericalismo ‘Um aspecto de especial importancia no pensamento desse periodo, so- bretudo aquele de origem francesa, foi o anticlericalismo. Entre os fildsofos ¢ os literatos que se insurgiram contra a religido, em particular contra a Igreja Catdlica, destacase Voltaire, que, ndo se atendo somente & propagacao de idéias anticlericais, também moveu processos judiciais contra a Igreja Cat6li- a, afim de rever antigas condenages da Inquisicao. Voltaire chegou a com- provar a injustica de alguns veredictos eclesiais e a obter indenizagies para as familias dos condenados. essa forma, a Igreja foi questionada como fonte de poder secular, po- litico © econdmico, na medida em que se imiscuia em questées civis ¢ de Estado. Tal questionamento levou a uma descrenca na doutrina e na infalibi- lidade eclesidsticas, assim como ao repiidio a secular atuacéo do clero. Esse processo, denominado por alguns historiadores “Iaicizacdo da so- ciedade”, por outros, “descristianizacao”, atingiu seu apogeu no século XIX. Nesse periado desenvolveramsse filosofias materialistas e o proprio estudo da religito como instituicao social, em suas origens e fungdes. A lgreja como objeto de pesquisa Acexisténcia da Igreja como instituigao social foi discutida por alguns. pensadores ¢ sociélogos do século XIX. Emile Durkheim a considerava um maneira, 0 contratio, uum dos asp finalidades sim, a Igre que se eli religiio — vel ou dest: homens, ec da.conduta samento Ia: so seguad ado a0 afi Nietzsche ¢ assumir a p Ano auxilion o d particular d pria sociede ser vista cr cientificista deuses ni deixa de se, explicagses Asacrali Associ ciéncias nat para substit finalidade cb Nesse naturais do controlados explicagies diregio ave Acién, capaz de ex, as discusso¢ dos de inve: novos “mag. soais, seus y ALCAISE DAS EXPUERCOES AEUGIOSAS € © TAIUNFO DA cieNAA al | slicara mate meio de integrar os homens em torno de idéias comuns. Karl Marx a julgava Ticar a socie- responsével por uma falsa imagem dos problemas humanos, ligada & acomo- | resma forma dacao e A submissio pregadas por sua doutrina. | Defendida por uns, repudiada por outros, a Igreja perdia, de qualquer ‘maneira, o importante papel de explicar 0 mundo dos homens; passava, a0 contrério, a ser explicada por eles. A religido comegou a ser encarada como um dos aspectos da cultura humana, como algo criado pelos homens com scoberta das finalidades praticas relativas & vida terrena, e no apenas a vida futura. As- | srezae inter- sim, a Igreja e sua doutrina sofreram um processo de dessacralizagio, em srmo do méto- que se eliminou muito de seu aspecto sobrenatural ¢ transcendente. Toda mo resultado religiao — em especial o catolicismo — era agora vista de maneira favord- ‘Zo empitica, vel ou desfavordvel, conforme sua insergao na vida concreta ¢ material dos / imento, Em homens, como promotora de valores sociais importantes para a orientaco tivo, ov sefa, da conduta humana, Na filosofia, grandes pensadores sisteinatizaram o pen dchipsteses samento laico c anticlerical. Feuerbach, filésofo alemio, atacou a concep- 0 segundo a qual o homem havia sido criado por Deus, invertendo a situ saue diziam aio ao afirmar que 0 homem criara Deus & sua imagem e semelhanca. + Por isso, as Nietzsche chega a anunciar e morte de Deus ¢ a necessidade de o homem ponder serdo assumir a plena responsabilidade sobre sua existéncia no mundo. 0. Tanto 0 ‘A nova maneira de encarar a doutrina religiosa aduzidosem auxiliou 0 desenvolvimento das ciéncias humanas, em iedade. particular das ciéncias sociais, na medidaem que apré- | © pensamento laico-cientitico pria sociedade perdeu a sacralidade, isto ¢, deixou de | _permitiu pensar @ sociedade ser vista coio obra de Deus. Para o pensamento | comootra humana enao dina cientifcista do século XIX, so os homens que criam os »periodo, so- deuses e nao 0 contrario. A vida humana em sociedade osfilésofbs € deixa de ser mero estigio para a vida apds a morte ¢ passa agora a buscar ontra.a lgreja explicagdes para a existéncia das crencas religiosas na prépria sociedade. ‘opagagao de Igreja Catoli- Asacralizagao da ciéncia regoua com- sizagdes para A sociologia se desenvolveu no século XIX quando a racionalidade das para substituir a religiéo na explicacdo da origem, do desenvolvimento e da finalidade do mundo, Nesse momento, a ciéncia, com sua possibilidade de desvendar as leis, naturais do mundo fisico e social, por meio de procedimentos adequaclos € controlados, havia conquistado parte da sacralidade que antes pertencia as explicagdes religiosas: a de descobrir e apontar aos homens 0 caminho em direcdo a verdade. ‘A ciéncia jé nao parecia mais uma forma particular de saber, mas a tinica capaz de explicar a vida, abolir e suplantar as crencas religiosas ¢ até mesmo as discussoes éticas. Supunha-se que, utitizando-se adequadamente os méto- dos de investigacdo, a verdade se descortinaria diante dos cientistas — os novos “magos” da civilizagao ---, quaisquer que fossem suas opinides pes soais, seus valores sobre o bem & 0 mal, o certo ¢ o errado. a por alguns «slderava um | . Giéncias naturais e de seu metodo havia obtido o reconhecimento necessétio | A.cincia mestrova su SOCIOLOGIA PRE-CENTIACA 12 copacidace de desvendar@ mundo. Com amesma proposta de isencao de valores com que se descobriria a lei da gravitagao dos corpos celestes no universo, julgava-se possivel desco- brir as leis que regulavam as relacoes entre os homens na sociedade, leis naturais que existiriam independentemente do credo, da opinio e do julga- mento humano, O poder do método cientifico assim sé assemelhava ao po- der das antigas praticas magicas: bem usado, revelaria ao homem a esséncia da Vida e suas formas de controle. Toda essa nova mentalidade, reforgando a erenga na materialidade da vida e no poder da ciéncia, orientou a formacao da primeira escola cientifica do pensamento sociolégico, 0 positivismo, que estudaremos no préximo capitulo. 28 aual a panei BB Por que pode (S84) No que a sac i {GG Em que senti Aplicacao dc lizagao da ciénel Doll, a dor sum desea atitude, BEGET viaco: ¢ Shelloy. Duragao: diversos cadaver Disouta act Temas para Seguiv-se, 2, cujo prego foi dda, embora sob u te caso? Mero ar antijesuitiemo nf entéo em marche tilosético, o indivi co © uma outra pe aquilo que se ide resses criados & visdes completan rmilago do novo inredutiveis uma é

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