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direito penal, do profess: Alessandro Baratta, apresenta a teo- légicas sobre crime ¢ control | com of principio da ideologn da | defesa social. Um confronto desmistificador, que percorre des- | de ov to Penal, cujo foco recai sobre igdes e 0 processo de jema penal, itutivos do cri- Analisa teorias psicanal nnvolvida por Reik, Merton, que rejeita o pri bem e do m: meno nor forgo do sentimento cole- tivo. Baratta aborda ainda a te das subculturas crimina Cloward-Ohlin e Sutherland, que demonstram de que modo a desi- Colegio F rinolégico Alessandro Baratta CRIMINOLOGIA CRITICA E CRITICA DO DIREITO PENAL Introducao a Sociologia do Direito Penal Tradtugio € preficio Juarez Cirino dos Santos rioca do & Editora Revan no é dado por um conceito ideal de sociedade, mas inados, como os de “sociedade feudal”, fe transigao” ete, Esta teoria trabalha, além disso, sobre a basé de uma aniilise dos conflitos de classe ¢ das contradigées especificas que caracte- rizam a estrutura econdmico- as relagdes de produgao de determinada fase do desenvolvimento de uma formagio econd- miico-social. 43 Ill. As TEORIAS PSICANALITICAS DA CRIMI~ NALIDADE E DA SOCIEDADE PUNITIVA. NEGA— GAO DO PRINCIPIO DE LEGITIMIDADE 1.A TBORIA FREUDIANA DO “DBLITO POR SENTIMENTO DE CULPA” E [AS TEORIAS PSICANALITICAS DA SOCIEDADE PUNITIVA Examinaremos sumariamente nos préximos capitulos as teorias sociolégicas que, progressivamente, destrogaram os principios singu- lares integrantes da ideologia da defesa social, até ating, utilizanclo jum novo enfoque, o assim chamado enfoque do etiquetamento ou da reagio social” (labeling approach), a completa inversio da pers pectiva dia investigacao criminolégica. De fato, as teorias crimino- ligicas da reagio social e as compreendidas no movimento da inal, do sujeito criminalizado para o sistema penal izagdo que dele fazem parte e, mais em in reago social ao desvio. 1 estas diversas etapas da re- , deve-se levar em considera- € a8 processos de wolvimento, a partir de lingua alema — até os _gaglo do tradicional conceito de cu de todo direito penal baseado no pri iade e, portanto, também de culpabilidade. tivas, defensivas e éticas sobre as quais se baseia a ideologia da defesa social (principio de legitimidade) e em geral toda ideologia penal, Segundo as teorias psicanaliticas da sociedade eliminar ou circunscrever a criminalidade, mas corresponde a mecanismios psicoldgicos em face dos quais o desvio er depois de ter desenvolvidk a neurose € 0 tabu. A pi da é uma formagao social. © p Jando o tabu, uma grave per ia doenca ou a morte, O doente, ao conirario, vincula 4 proibigdo o temor de uma pena, no para si, mas para um parente ou uma pessoa préxima. No caso da violagdo de um tabu, a puni¢&o ocorre de modo esponta- feme atrair sobre si, vio- posto que todos os componentes do grupo se sentem ameagados ppela violaglo do tabu e por isso se antecipam na punigao do violador. 50 itos de outro modo reprimidos. Esta sponde a representagio da capi portanto, a presenga, nos , de impulsos idénticos aos proibicos. membros do gr 2. THBoDOR REIK E A SUA EXPLICAGAO PSICANALITICA DAS TEORIAS RETRIBUTIVA = PREVENTIVA Da PENA. A VARIANTE DE FRANZ ALEXANDER & HUGO STAUB A TAL HIPOTESE Sobre a mencionada teoria freudians do “delito por: de culpa”, Th © funda uma teoria psicanalitica penal, baseac satisfagdo da necessidade uma acio proibida; b) a pena satisfaz também a necessidade de putnigdo da socied wvés de sua inconsciente identifica com © delinquente. 0 efeito catirtico da pena e 0 proceso de identifica- ‘clo da sociedade com o delinquente, sio os dois aspectos de uma teoria psicologica do direito penal segundo a qual as duas concep- ‘ees fundamentais da pena, a concepeio retributiva e a concepeio iva, ndo so mais que racionalizagées de fendmenos que A teoria retributiva encontra sua correspondéencia nas da retribuigdo enfatizam a fumgao da pena em face da sociedade (prevengao geral) e em face do autor de um delito (prevencao especial). Ambas transferem a funngfo da pena para um resultado fata 10, qute consiste em influenciar a coletividade ou 0 autor do delito. BL de da do sentimento de culpa, anterior ao del aparece no como uma consequéncia da a sua mais profunda motivacto Da hipétese segundo a qual o efeito dissuasivo da pena se Reik extrai a conclusto de que a tendéncia de d lreito penal é a da superacao da pena: “talvez vird um tempo em que a necessidade de punigio seri menor do que na atualidade, e em que os meios de que se dispde para evitar o delito estarao para a pena assim como 0 arco- fris esta para o tremendo temporal que o preceden”® A teoria psicanalitica da finalidade da pena é desenvolvida posteriormente por Franz Alexander ¢ Hugo Staub, Eles poem em relevo o mecanismo sociopsicolégico através do qual a pena infligida fa quem delingue vem contrabalangar a pressio dos impulsos repri- midos, que o exemplo de sua liberagio no delinquente torna mais fortes. A punicéo representa, de tal modo, uma defesa e um reforco do superego. Oego pretend toda vez que se verifica uma violagio do diteito, para a momentoem que ele é pressionado pelos impulsos, a forca do pr superego, O mau exempio do delin- _quente age de modo sedutor sobre os préprios impulsos reprimmidos ¢ aumenta sua pressio. Por iss, o ego tem necessidade de reforgar o _préprio superego, e somente pode obler este reforgo das pessoas reais que incorporam a autoridade, as quai sio 0 modelo do superego. Se ‘0 ego pode cemonstrar aos impulsos ‘mundanas dio razdio ao superego, enldo ele pode se defender do as- salto dos impulsos. Mas s as autoridadles Oimputso i, uma reagio defensiva do ego contra os prépri- finalidade da sua repressio, para conservar 0 8 impulsos, com 82 3. ENRIQUECIMENTO POSTERIOR DA TEORIA FSICANALITICA DA SCI EDADE PUNITIVA £ A CRITICA DA JUSTIGA PENAL NA OBRA DE ALEXANDER, eSraus Siaub ¢ Alexander enriqueceram a teoria psicanalitica da socie- dade punitiva com dois motivos que, ao lado daqueles examinados até ‘agora, permaneceram centrais na literatura psicanalitica posterior. (© primeito destes motivos é uma variante do fundamental prin- ipio freudiano da identidade dos impulsos que mover o detingquen- tee a sociedade na sua reagao punitiva, Este princfpio é transportado, agora, para as caracteristicas psicoldgicas gerais do mundo dos delin- quentes ¢ das pessoas que incorporam os drgios do sistema penal, Existe entre estas pessoas uma afinidade que, em geral, se ¢ com a presenca de fortes tendéncias antissociais nao suficier reprimidas,as quis impelem as pessoas pertencerttes ao segundo grupo unt zeloso exercicio da funcao punitiva. Com este motivo, o aimbito de aplicacio da teoria da sociedade punitiva se desloca, em certo sentido, da sociedade em geral, ou identificagao da sociedade com 0 dente reforco do superego, mas do ponto de vista da identificagio de um sujeito individual sociedade punitiva e com os ér- A ficagao leva, de um lado — como se vit no final do pardgrafo precedente — ao reforgo do superego, de outro, ¢ € este 0 motivo que aqui interessa, a um desvio da (ima; agressdes, cuja eliminacto em issocial & impedida por inibigdes, ¢ forma de comportamento 53 ficagao do st na adquire assit psicoldgica da fungao punitiva, para r da justiga penal, sobre a qual pest € das fontes afetivas da dissimulada de agressbes das massas, Pa seja possivel é necessirio no sb que 0s homens alcancent controle do ego sobre a vida afetiva, mas também que as tendéncias agressivas das massa encontrem mais ampla eli ssublimagies. £ 0 discurso de Alexander e Staub nfo finaliza com a imagem utépica e risonha do visio sombria e pessimista, que adquire uma ‘mos que ela se fazia presente precistmente na Aleman imediatamente anteriores a0 advento do nacional-soc distantes da segunda guerra ‘A possibilidade de eliminar as agressoes dim olhos de Alexander e Staub, de um lado, por causa do pacifismo que impunha uma rentincia a eliminagao de agressBes belicas, de outro, por causa de modificagdes da vida econdmica, com o advento de formas de concentragao ¢ de organizagao da economia, proprias do capitalismo tardio. Estas comportam uma diminuigio das empresas privadas e da livre concorréncia: “a luta individualista de cada um contra todos perdle, assim, sempre mais terreno, € as agressdes, sto ‘subtraidas também estas formas sublimadas de satisfagio na luta eco- nomica™. Certo, causa perplexidade afirmar que a efémera paz. en~ tre as duas guerras mundiais, e a diminuigao “meramente quantitati- ‘va” do choque entre as forgas econdmicas, no interior da sociedade, apareciam como fatores frenantes de um lento processo de raciona- Ba aberto pot Reik, Alexander e Staub e, pouco ais tare, por Erich Fromm, a teoria psicanalitica da sociedad puni- tiva é levada a posteriores desenvolvitnentos por Paul Reiwald. spresentativas expres- bentendido na reagio punitiva, aparece nos conceitos de ¢ de bode expiatdrio. Momento central da i tica da reago punitiva é, portanto, bode expiatério: também esta teoria encot anilise freudiana do mecanismo de projeeio”. 4A obra bg Pat Retwatp, Hetmur OSTERMEYER E EDwaRD Nascett ‘Um mecanismo de projecio semelhante ao que se verifica ‘na mentalidade primitiva, e que conduz, a representagio das for- ‘casdemoniacas hosts, nas quais estio transferidas as proprias agres- s6es, explica como a sociedade punitiva, separando-se, como 0 bem do mal, do sujeito delinquente, transfere para ele as proprias agressdes. A pena no basta, observa Helmut Ostermeyer", para descarregar toda a agressio reprimida, Uma parte dela é transferida 1, para outros individluos, através do mecanismo de projec. Reiwald'' coloca este mecanismo de projego em rela {o, também, com a fungao da literatura ¢ dos filmes sobre cri- mes. £0 mesmo mecanismo de alarme social suscitado pelas re- presentacoes dos crimes, através dos mass media, que por meio da os da sociedade a projetar as prOprias ten~ figuras de delinquentes particularmente sujeitos desviantes. Fendmienos similares sratura anglo-saxdnica, em referencia as presentagdes que os mass media tém dado de grupos mat por exemplo, dos rockers ¢ de sua periculosidade social ais, 85 OO sobre o delinquente 2 figura do bode exp carregado dos nossos sentimentos de culpa e enviado ao deseo Edward Nacgeli relaciona a mérbida necessdade de sensacionais Aescricdes de delitos com esta necessidade de um bode expistorio, que é encontrado no delinquente, sobre 0 qual slo projetadas as nossas mais ou menos inconscientes tendéncias eriminosas © nosso negating a asim chamad sonra, produ, cme conto bid através de instinca do sapere sentiment le scientes que procuru ser descaregades. Ei lodo homern existe tendéncinatransferr ese sombre sobre uma eecia pose, cbjcto da proj ou sj a trniporté-laparaocxterior, coms 4 conccbé-Incomoalguma coisa de exter nt ugar de vollar-e conta si pripr desta tranterénciao bade expats para oquial éscbretadocente, ristico o fato de que se encontra em condigao indefesa. todo caso, sempre sobre aqueles que parecem dife- No pés-escrito a citada edigdo da clissica obra r sublinha a terrivel atua- 10 da projecao sobre o bode consciéncia publica através decénios”, © modelo de explicacio psicanalitica da reagdo punitiva, ainda que mediatizada por formas frequentemente mais popula. eas, patece hoje, novamente como na época em Staub escreviam suas obras decisivas, ter a consciéncia dos juristas e certarhente estdo contidos al- dos juristas, pois que, am a ideologia da defesa social precisamente no seu fundamental momento de legitimacio da pena. E no raro, em Telacio a ideias e elementos criticos extraidos do repertétio da 56 5, LIMITES DAS TEORIAS PSICANALITICAS DA CRIMINALIDADE E DA SOCIE~ DADE PUNITIVA, A REPRODUGAO DA CONCEPGAO UNIVERSALISTA DE DELITO Nio obstante a importante funcao critica exe as psicanaliticas da criminalidade em face di social, € necessirio dizer que aquelas nao conseguiram superar os limites furdamentais da criminologia tradicional. De fato, tas teo- rias geralmente se apresentam, ii semelhanga das teorias de orien- mecanismos de ctiminalizacio. Al sociedade punitiva apresenta a mesma insuficiéncia dos mais avan- ¢aclos pontos tebricos da critica sociolégica (teoria do labeling), que examinaremos mais adiante. E isto porque as teorias psicanaliticas, orientam a propria andlise sobre as fungées punitivas sem mediar esta analise com aquela do conteiido especifico do comportamento desviante, do seu significado dentro da hist6rica determinabilidade das relagées socioecondmiicas. De resto, ¢ é isto que mais conta, ainda quando as duas linhas da criminologia psicanalitica aparecem reunidas em um mesmo contexto tedrico, esses dois momentos, o da explicagao etiolégica do comporiamento criminoso e o da interpretagdo funcional da mas imediata- mo efeito que teria uma jus- wentos. A auséncia de uma taposigio « mediagao 10 expresso de deter ias contradigdes nismo entre individuo e soviedade”. A dimensao histérica da questo substitui uma aistérica ica, na qual se insere logicamente a tese da da reagio punitiva. ante do delito e da reagdo punitiva é rinea, Os fendmen do controle penal des conteiido, & luz de deter se inscrevem, sdo hispostatizados como elententos de uma con- cepeao genérica ¢ formal da sociedade. Assim como as teorias as reconduzem a concepcao da tniversalidade do de- lito ao natural antagonisnio et 10 sociedade, a teoria funcionalista, como se vers no préximo capitulo, reconduz a uni- fade do delito a sua relagio normal com a estrutura social, ivo, para a consolida- AAtssanbR0 IV. A TEORIA ESTRUTURAL— FUNCIONALISTA DO DESVIO E DA ANOMIA. NEGAGAO DO PRINCIPIO DO BEM B DO MAL 1A VIRADA SOCIOLOGICA NA CRIMINOLOGIA CONTEMPORANEA: EMILE DURKHEIM 10 das teorias mais propriamente socioldgicas, o prin- ia teoria estrutural- a, introduzida criminologia contemporainea. Con sica & concepgao dos caracteres diferenciais biopsicolégicos do ante e, por consequéncia, & variante positivista do princi- Neste sentido, teoria funcionalista da anomia na profuuida revisio critica da criminolo- ica, na origem de uma todas as teorias criminologicas da que a maioria dessas com das quais se tratard partilhe com a ‘gia como pesquisa das causas de A teoria estrutural-funcion 1) As causas do desvio nao devem ser pesquisadas nem em {atores bioantropoldgicos e naturais (clima, raga), nem em wma tuagio patolégica da estrutura social 2) O desvioé ,dmeno normal de foda estrutura social te g ppassados determinados desvio é negativo para a existéncia e 0 desenvolvi- tura social, seguindo-se um estado de desorganiza- dade 89 ns Precisamente na abertura de sua célebre exposi¢do sobre cri- em Les régles de la méthode sociologique (1895), incontroversa representagdo do crime ut fato cujo carter patolo- acordo sobre este ponto.” For outro lado, observa Durkhein contramos 0 fertomeno criminal en mente ligado as condigdes de toda vida coletiva”®. For tal razio, considerar o crime como uma doenga social “significaria admitir que a doenga nao é algo acidental, mas, ao contririo, deriva, em certos casos, da constituigdo fundamental do ser vivente”. Mas isto reconduziria a confundir a fisiologia da vida social com a sua pato- ogi. O delito faz, parte, enquanto elemento funcional, da fisiologia endo da patologia da vida social. Somente as suas formas anormais, por exemplo, no caso de crescimento excessivo, podem ser conside- radas como patoldgicas. Portanto, nos limites qualitativos e quantita tivos da sua fungio psicossoc € nfo s6 “um fendmeno inevitivel, embora repuge: mana”, mas também “uma parte integrante de toda sociedade si” Este aparente paradoxo se explica tendo em vista aquilo em que consiste a normalidade e a funcionalidade do delito para o gru- o,provocand ¢ estimaando a conado pelo di tentada pelo set penal. O fato de que a autoridade publi coletivo, descarregue a propria reagiio re- nisidade do Crime, permite uma maior elasticidade em relagao a outros normativos, ¢ torna possivel, desse modo, mediante o desvic dual, a transformagao e a reniovagdo social. Assim é g¢ 60 smo da futura transformacio, De fato, € a antecipagio da moral futura, como a ver 0 fendmeno logia sob uma nova luz. Contrariamtente ia precedente e contemporanea, ¢ par- so havia a corpo estranho e inassimi- ‘mas, principalmente, como Ista visio geral funcionalista Durkheim, por uma teoria dos fato- He? a Les régies de la méthode sociologique,conttaas concepedes naturalists positivist que iden- ima, raga), nas condigdes econdmicas, na densidade da populagio certas regides etc, ele tinha colocado 0 acento sobre fatotes intrin- secos ao sistema socioecondmiico do capitalismo, baseado sobre uma divisto social do trabalho muito mais deferenciada e coercitiva, com © nivelamento dos individuos e as crises econdmicas e sociais que uma monografia sobre suicidio, de 1897, Durkheim aprofunda a teoria dos fatores estruturais da an stipologias inlividuais do sui mentos de depressio econdmica, porque os esforgos dedica sucesso econdmico sio frustrados, mas também nos momentos de CF 2, RobERT MeRToW:a suréracio Do DUALISMO INDIVIDUO~s0— CIEDADE. FINS CULTURAIS, ACESSO AOS MEIOS INSTITUCIONAIS E “aNomia" Partindo, principalmente, deste tlt de Durkheim, Merton desenvolveu a teoria funci Em um ensaio de 1938, que representa uma etapa es- no caminho percorrido pela sociologia criminal con- tempordnea, Merton se opde, como Dui icepedo Patoldgica do desvio e aquelas visées do mundo que define como quais se chega, como no caso das teorias jobbesianas, partindo do pressuposto de uma idividuo € sociedade, e consi- ciedade como uma forga que reprime o livre de- ‘0 dos recursos vitais individuais e que gera, por se contra a sua agio repressiva. lual, por seu Ido, é repetida e sancionada pela sociedade como patolégica, perigosa e cri Diferentemente destas concepgoes, fuuncionalista que Merion aplica ao estudo da aroma permite, a0 interpretar 0 desvio como um produto da estrutura soci- al, absolutamente normal como o comportamento conforme as re- ‘Stas. Isto significa que a estrutura social nao tem somente un efeito r ubém, e sobretudo, um efeito estimulante sobre 9 vidual. A estrutura social “produz novas moti- vagdes, que nao se deixam reconduzir a tendéncias inatas”. Os me- ccanismos de transmissio entre a estrutura social e as motivagSes do comportamento conforme ¢ do comportamento desviante sao da mesma natureza. Observando a situaglo em que se encontram os individuos no contexto da estrutura social, se verifica que seus com- Portamentos singulares sao tanto conformistas como desvis Ponto de vista, a teoria funcionalista repele as concepgdes individu- alistas, segundo as quais a importdncia que o comportamento desvi- © modelo de explicagao funcionalista proposto por Merton, Portanto, consiste ein reportar o desvio a uma possivel con Gio entre estrutura social e cultura: a c momento do desenvolvimento de ui dividuo determinadas metas, damentais do seu comporia de bem lizados, que resguardam as modalidades e os meios legitimos para alcancar aquelas me- tas, Por outro lado, todavia, a estrutura econdmico-soci dividuo para alcangé-los, est na origem dos comportamentos desviantes, Esta desproporgio, condo, nao é um fendmeno anor- ‘mal ou patol6gi quantitativos, em Ao atinge o nivel critico da anomia, um elemento funcional navel da ial. A cultura, ou “estrutura cultural” & para Merton’, “o conjunto de representagies axiolégicas comuns, que regulam o comportamento dos membros de uma sociedade ou de um grupo”, A estrutura social &, a0 contréio, “© conjunto das relagdes sociais, nas quais os membros de uma sociedade ou de um Srupo esto diferentemente inseridos crise da estrutura cultural, Scorre uma forte discrepincia entre normas e fins culturais, por € as possibilidades socialmente estruturadas de agit em conformidade com aquelas, por outro lado, 3. RELAGAO ENTRE FINS CULTURAIS B MEIOS INSTITUCIONAIS:CIN— co MoDELOS De “ADEQUAGAO INDIVIDUAL” A estrutura social ndo permite, pois, na mesma medida, a fodos os membros da sociedade, um comportamento ao mesmo tempo conforme aos valores ¢ as normas, Esta possibilidade va- ez 63 separagao em relagdo a uns ou a outros, ea ou separada- mente, Dai derivam cinco modelos de “adequagio individual”. 1. Conformidade — corresponde a resposta positiva, tanto 0s fins como aos meios institucionais e, portanto, ao tipico com- portamento conformista. Uma massa de individuos constitui uma sociedade somente se a conformidade ¢ a atitude tipica que nela se encontra. 2. Inovagio — corresponde adesio aos fins culturais, sem 0 itualismo — corresponde ao respeito somente formal aos meios institucionais, sem a persecugiio dos fins culturais. 4, Apatia — correspond & negacao tanto dos fins culturais como dos meios institucionais. 5, Rebelido — correspond, nao A simples negacao dos fins e dos meios institucionais, mas a afirmacio substitutiva de fins alter- wediante meios alternativos, observa Merton, realiza um papel de primaria importancia para a pertinéncia das reagdes indivi- duais a um ou a outro tipo: “Se se quer pesquisar como a estru- tura social exerce uma pressio para uma ou para outra destas maneiras alternativas de comportamento, se deve observar, pre- individuos podem passar de uma a outra formidade com o setor social em co corresponde ao segundo principio segundo o qual 0 to desviante deriva da discrepan- i, Merton mostra como feriores esto submetidos, na sociedade norte- americana analisada por ele, maxima pressto neste sentido. 64 3 quanto para a menor possibilidade de tomnar- ‘para atingir os graus mais elevados da “piramide de instrugio”, nao sio decisivas as caracteristicas biopsicolégicas dos individuos, mas sim a pertinéncia a um ou a outro setor da sociedad. ser-se tornou-se estreito inteiramente aberta, em fazé-1o, com geo in da, negadas' 4, MERTON E A CRIMINALIDADE DO “COLARINHO BRANCO” Se, nas diversas elaboragdes de sua teoria, Merton ir sobre a particular exposi¢do dos estratos sociais inferio- mais, a sugestdo proveniente de duas perspectivas criminolégicas contemporaneas, adequadas para integrar ou cor- rigir a sua primitiva construgdo e das quais, para os fins do nosso discurso, nos ocuparemos mais adiante. Trata-se, de um lado, das pesquisas sobre cri inde do colarinho branco, e das teorias respectivas de E.H. Sutherland e, por outro lado, das pesquisas teorias de A.K. Cohen, ¢ de outros, sobre subculturas {As primeiras mostravam qudo grande era a te econdmica, de pessoas ocupantes de posigdes sociais de 0. Por isso, a teoria da maior exposigao dos estratos soci- ais inferiores A delinquéncia eva integrada com estes dados, ¢ © 6s 08 meios institucionais. Sutherland, no seu fundamental ensaio de 1940, se servia precisamente dos dados por ele analisados sobre a cifra negra da criminalidade de colarinho branco, para projetar, em alternativa A teoria funcionalista, a sua teoria da ‘associagdo diferencial”. Segendo ests teoria, como sera exposto em seguida, a criminalidade, como qualquer outro modelo de de fins e de técni- incipalmente um reforgo da sua tese sobre o desvio inovador: a classe dos homens de negdcio, da qual se recruta grande parte desta populagio amplamente des- viante mas escassamente perseguida, correspond, de fato, ao tipo caracterizado pela proposta inovadora, Estes sujeitos — ob- n'? — aderem e personificam decididamente o fim das quais sto deter obtengao dos fins cul itica da teoria estrutural-funcionalista de Merton sera ida, mais adiante, em conexdo com as teorias das wras criminais, apresentadas nos capitulos subsequentes, imitamo-nos a duas observagdes. Em primeiro lugar, nao nalidade de colarinho branco no esquema do desvio inovador, Merton foi constrangido a acentuar a consideragto de um ele- mento subjetivo-individual (a falta de interiorizacdo das normas icionais), em relagdo a de um elemento estrutural-objetivo ida possibilidade de acesso aos meios legitimos para a ob- inovador das classes mais desfavorecidas, na teoria de Merton, desde sua formulagao origindria'®, ndo pode ter a mesma fungao 66 nomeno da distribuigéo de recursos, Merton nao vé 0 nexo funci- onal objetivo, que reconduz a criminalidade de colarinho branco fe também a grande criminalidade organizada) A estrutura do processo de producio e do processo de circulagio do capital: ou Seja, 0 fato posto em evidéneia por ndo poucos estudos sobre a grande criminalidade organizada, que entre circulagdo legal € circulagio ilegal, entre processos legais ¢ processos ilegais de acu mulagdo, existe, na sociedade capitalista, uma relagao funcional objetiva. Assim, por exemplo, uma parte do sistema produtivo le~ gal se alimenta de lucros de atividades delituosas em grande esti- lo. £, por isto, é fruto de uma visio superficial fazer da cr dade das camadas privilegiadas um mero problema de soci ‘do ¢ de interiorizagio de normas. Por isso —c esta é a segunda consideraglo dade de colarinho branco permanece, substa ‘corpo estranho na construcao original de Merton. Esta é ade~ quada somente para explicar, naquele nivel superficial de and- idade das camadas mais baixas. te se pode relacionar tal expli- -a social, nao obstante algumas expressdes de Merton (como também de autores que desenvol- vyeram, partindo da teoria est nais) pareceriam sugerit uma critica da soci- a. Em realidade, estas teorias t@m uma fungi adora, no sentido que possuem, sobretudo, © efeito de legitimar cientificamente e, dessa maneira, de con- solidar a imagem tradicional da criminalidade, como prépria do comport ico das classes pobres na nos~ ‘sa sociedade, e 0 correspondente recrutamento efetivo da “po- pulagao sa” estas classes. 67 V. A TEORIA DAS SUBCULTURAS CRIMINAIS. NEGAGAO DO PRINCIPIO DE CULPABILIDADE 1. COMPATIBILIDADE £ INTEGRAGAO DAS TEORIAS FUNCIONALISTAS E [DAS TEORIAS DAS SUBCULTURAS CRIMINAIS Jago entre a teoria funcionalista e a teoria das subcul- turas criminais néo é uma relagao de exclusio reciproca, mas pode ser considerada, melhor, como uma relagio de compal lidade. De fato, as dutas teorias se desenvolvem, em parte, sobre dois planos diferentes: a primeira, pretende estudar o vinculo funcional do comportamento desviante com a estrutura soc segunda, assim como se apresenta em suas primeiras formu ‘e6es na obra de Clifford R. Schaw! e de Frederic M, Trascher*, ¢ preocupa principalmente em estudar como a se comunica aos jovens delinquentes ¢, portanto, deixa em aberto o problema estrutural da origem dos modelos subculturais de comportamento que so comunica- iade das duas teorias resulta, pois, da prépria diversidade de nivel de discurso e dos conjuntos de fendmenos de que se ocupam, respectivamente. ‘Mas, desde o momento em que, com a obra de Albert K. Cohen, 0 alcance da teoria das subculturas criminais se amplia, do plano dos fendmenos de aprendizagem para o da explicagio mesma dos modelos de comportamento, subsiste entre as duas te~ sno de encontro, que tem levado mais geralmente a idade. Realmente, a siderada como uma hipétese geral, origem e da funefo das subculturas edade, ainda que nfo possa fornecer todos os elementos para uma 69 igo dos vs A teoria funcionalista, portanto, se apresenta como suscet ser integrada com a introdugio do conceito de subculti timo ponto de vista, a teoria fun 1s, com base 'agdo social, estd na origem das subculturas criminais na sociedade industrializada, especialmente daquelas que assumen a forma de bandos juvenis. No © modelos de comportament dos estratos médios. A constituigao de subculturas crimin: Senta, portanto, a reagio de minorias destavorecidas a Por parte delas, de se orientarem dentro da sociedlade, 8s reduzidas possbilidades legitimas de agir, de que disp Em um artigo de 1959, Cloward expe a teoria mertoniana da anomia, ¢as de Sutherland e de Cohen sobre subculturas criminais, intese estendenido 0 conceito de des de acesso aos meio também 20 acesso aos meios Permite aperfeicoar a explicagio estruturalista da de colarinho branco, sem permanecer unticamente ao nivel das tec, nnicas de aprendizagem e da associagao diferencial, isn de sua prepara less inferior podem adqui treza necesshrias. A maior lo mertoniana da rela- 105, Cloward e Oblin oria das subculturas nertoniano do desvio por te da crimina- (003, nos drogados etc.” © conceito de subcultura criminal, portanto, nfo funda somente lum grupo autinomo de teoria, mas encontra aplicagio, combinado ‘com outros elementos, no interior de um quaciro de teorias complexas, 2. Epwin H. SUTHERLAND: CRITICA DAS TEORIAS GERAIS SOBRE CRI ‘MINALIDADE; ALBERT COHEN: A ANALISE DA SUBCULTURA DOS BANDOS JOVENIS Edwin H, Sutherland contribuiu para a teoria das subculturas criminais, principalmente com a andlise das formas de aprendi- zagem do comportamento crim fe que 0 individuo razio, a sua teoria é ferenciais”. Aplicou esta ular, dl delinquéncia de colsrinho branco, em um porque se baseiam sobre Isa amostra de criminalidade, a criminalidade oficial e tra- onde a criminalidade de colarinho branco é quase que ramente descuidada (embora Sutherland demonstre, por meio 71 fos individuos pertens nto, © comportamento, em concurso com os valores e as normas instituciona-lizadas pelo direito ou pela moral “oficial”. Nao exis- te, pois, um sistema de valores, ou o sistema de valores, em face dos quais o individuo & livre de determinar-se, sendo cutpdvel a alitude daqueles que, podendo, nao se deixam “determinar pelo valor”, como quer uma concepefo antropoldgica da culpabilida- de, cara principalmente para a penal alema (concepcao normativa, concepedo finalista)". Ao contrario, nao sé estratificagdo eo pluralismo dos grupos sociais, mas também as reagées tipicas de grupos socialmente impedicos do pleno acesso a0 meios legitimos para a consecucio dos fins institucionais, do lugar a um pluralismo de subgrupos culturais, alguns dos quais rigidamente fechados en e de normas, ¢ caract comportamento alter 86 aparentem disposicao do sujeito escolher o sis- tema de valores 20 qual adere. ide, condigdes sociais, estruturas ¢ mecanismos de conn am a pertenga de individuos a subgrupos ow sul isso aos individuos de valores, normas, modelos de protegidos pelo sistema penal, como 0 conjunto dos critérios posi- tivos de conduta social compartilhados pela comunidade ou pela grande maioria dos consécios. Uma minoria desviante represen- taria,ao contririo, a culpavel e reprovin valores, orientando 0 préprio comportamento, mesmo podendo fazer diversamente, por critérios ¢ modelos que no teriam natu- 14 Glico protegido pelo si mista e da minoria desviant gia do sistema de valores dominante) Nilo pretenclemos nos aprofundar, aqui, na questio espinho- sa e dificil da relatividade do sistema de normas e de valores rece- bido pelo sistema penal, da sua relagio com a “consciéneia soci- al”, das suas precregativas positivas (o bem) em face dos sistemas alternativos de valores e regras, presentes e aplicados no ambito de grupos restritos (subculturas criminais). Contudo, bastard citar alguns dados relatives & perspectiva sociolégica sobre esta ordem de problemas. Eles sto, em geral, enfrentados pelos juristas par- findo de uma série de pressupostos nao refletidos criticamente & no confirmados por andlises empiricas, Estes pressupostos sto os seguintes: a) o sistema de valores e de modelos de comportamento recebido pelo sistema penal corresponde aos valores ¢ normas sociais que o legislador encontra preconstituidos, e que sto aceitos pela maioria dos consécios; b) o sistema penal varia em conformi- dade ao sistema de valores e de regras sociais, A investigacao sociolégica mostra, a0 contriio, que: a) no interior de uma socieciade moderna existem, em correspondéncia 4 sua estrutura pluralista e conflitual, em conjunto com valores & regras sociais comuns, também valores ¢ regras especificas de gru- pos diversos ou antagonticos; b) o direito penal nao exprime, pois, somente regras e valores aceitos unanimemente pela sociedade, ‘mas seleciona entre valores e modelos alternatives, de acorddo com lador) e na sua aplica- nncidvias), tem um peso iedade, mas também defasamentos ‘em relagio a elas; frequentemente acolhe valores presentes 50- ‘mente em certos grupos ou em certas areas e negados por outros _grupos e em outras dreas (pense-se no tratamento'privilegiado, no cédigo italiano, do homicidio por motivo de honta 3 em face das reagdes da sociedade (pense-se na persegi delitos que nao suscitam, ou ainda nao suscitam, uma apreciével de poluigio ambiental) (pense-se na persegui¢ao de delitos em face dos d ste ide de todo sistema de valores ¢ de daca fase do desenvolvii regeas sociais, em. social, das relagée: ismos de aprendiza- ‘agdo de regras e modelos de comportamen. © na base da delinquéncia, e em particular, das car, anu Criminosas, ndo diferem dos mecanismos de soci izagaio através dos quais se explica o comporlamento noriml Mostra, én, que diante da influéncia destes mecanismos de ‘© Peso especifico da escolha individual ou da det 60 da vontade, com Personalidade, é muito relative. Deste tltimo ponto de normativa ¢ ética da culpa proprio principio de culpabilidade, ou vespon: individual, como base do sistema penal negacto do idade ética 76 VI. Uma correcio pa TEORIA pas SUBCULTURAS CRIMINAIS: A TEORIA DAS TECNI- CAS DE NEUTRALIZAGAO 3. Gresuian M. Syxss © Davio Marza: “as Técnicas DE Neu~ TRALIZAGIO” ‘nlante correcdo da teoria das subculturas crimi- nis € devida a Gresham M. Sykes e David Matza, A cotrecto fol ‘€cnicas de neutralizacdo, ou seja, daque- icao do comportamento desviante que si0 adas a0 lado dos modelos de comportamento ¢ ternativos, de modo a lizar a eficdcia dos valores dias normas sociais aos quais, apesar de tudo, em realidade, o de, linquente geralmente adere. ira vista a teoria de Sykes e Matza se apresenta como uma teoria da delinquéncia, alternativa a teoria das subculturas, De fato', observam os autores, o elemento caracteristico de umn subeultura criminal ndo é, como afirma uma teoria largamente de valores que representa uma reviravolia res difusos na sociedade respeitosa da lei, e por isso “res cada 4 delinquéncia de menores, esta teoria leva como forma de comportamento baseado sol mas ¢ valores diversos dos que caracterizam a ordem constituida & Sspecialmente, a classe média, em oposigao a fais valores, do mesmo modo que o comportantento conformista se baseia scbre a adesdo a estes valores e normas. Mas esta oposigto de sistemas de valores ¢ de tiormas niio ocorre sempre, porque o mundo des Gelinquentes nao é nitidamente separado, mas inserido, também, na soviedade, e porque os delinquentes estao, normalmente, sub- metidos a mecanismos de socializacio que nfo sto tio especii. 17 formista, demonstraria, ‘reconhece”, pelo ia medida em que nto de culpa ou de vergonha quando viola as wostra frequentemente admiragao por pes- istingue entre fins adequados e inade- npostamento desviante. A explicagao deste “paradoxo” acha-se, segundo Sykes ¢ Matza, em uma extensio do sistema de “descriminantes” oficiais, “sob forma de justificacao para 0 comportament siderada vilida pelo delinquente, mas ndo ou por toda a sociedade”®, Através destas formas especificas de justificagZio ou de raciona- lizagao do préprio comportamento o delinquente resolve, em sentido favoravel ao comportamento desviante, 0 conflito entre as normas e 08 valores sociais, por ele aceitas pelo menos parcialmente, ¢ as pro= pprias motivagdes para um comportamento desconforme com aque- las. Desse modo se realiza nao sé uma defesa do individuo delinquen- {e, posto diante das reprovagées provenientes da propria consciéncia dos demais, uma vez cumprids a agdo, como geralmente se admnite (ou seja, uma neutralizaglo de certos aspectos punitivos do controle social), mas também uma neutralizagio da eficsicia do controle social sobre a propria motivagio do comportamento. Estas “técnicas de neutralizagdo” sto descritas pelos autores se- ‘gundo alguns tipos fimdamentais: a) exclusio da prépria responsabi- idade, com a qual o delinquente interpreta a si mesmo mais como arrastado pelas circunstancias do que ativo ¢, desse modo, “prepara o ccaminho para o desvio do sistem: ‘omtinante sem a neces- sidade,de um ataque frontal as norm: 1egacio de ilicitude: i presente no pensa- mala in se e delitos que so somenté mala prohibita, o delinquente interpreta as suas agbes como somente proibidas, mas no imorais ou danosas,e aplica uma série de edefinigses (por exemplo, um ato de vandalismo é definido como simples “perturbagio da ordem”, um furto de automével como “to- ‘mar por empréstimo”, as batalhas entre gangs como contlitos priva- A anilise dos grupos de jo. segundo os autores, que o jovem di 78 q present ; €) condenagio dos que condenam, 408 fatos e as motivagdes dos cida- daos obedientes da lei, que desaprovam 0 comportamento do delin- quente, ¢ que sto “hipdcritas”, assim como as insticias de controle social: a policia (que é corrupta), os mestres (que no sio imparciais), 1s pais (que sempre desabaam sobre os filhos) etc; €) apelo a instin- cias superiores: com esta técnica, as normias, as expectativas ¢ os de~ veres que derivam da sociedade em geral, ainda que aceitos, sfio sactificados em favor de normas, expectativas e deveres de fidelida- de € de solidariedade, que derivam de pequenos grupos sociais aos quais 0 detinquente pertence: os irmos, « gang, 0 circulo de amigos. 2. TBORIA DAS “TECNICAS DE NEUTRALIZAGAO" COMO INTE~GRAGAO CORREGAO DA TEORIA DAS SUBCULTURAS A descricfo das técnicas de neutralizagio, entendidas como componente essencial co comportamento desviante, nao represen- 0, uma verdladeira e propria alternativa tedrica & a correcao e uma integracto Cohen, como se vera, 0 gio do comportamento Sutherland nem Cohen o As técnicas de neutralizacto na parte essencial cuja aprendiza- ios sociais, € objeto da teo- fato de que Sykes e Matza wvés da aprendizagem destas téc- ,,€ no tanto mediante a apren- , valores ow atitudes que esto em oposicio direta com os da sociedade dom Mas esta ¢ uma diferenga mais quantitativa que qualitativa, admitida a prevaléncia da aprendizagem das izacio, estas representam, frequentemente, va- elemento de justificagto ¢ de racion: desvianie estava presente, ainda que n igdes favoriveis a vi diferenciagao dos 79 Vite eee Como aceito pelos delinquentes, mas, de tim ponto ce an gS Se poderia dizer que a presenga do primeira alte segundo, assim que, de ft ise de Sykes Matza, como baseado sobre um € regras, que deriva da sintese dos valo- Fes ¢ das regras aprendidas nos contatos riz ts exceebes e justiticacoes aprendidas nos conttioe cory ‘ose subculturns desviantes.O sistema resultante&, ois, um, quid novumn e1 ma “of lagao com a teoria de mt de justficagdes do compor- im Sykes e Matza, devem ser estuda- ia aos grupos dentzo de grupos sociais deter estudadas no quadro de uma Iver, declaram: tudo, um conhecimento mais aprofundado da isteibuigao das téc~ a aas de newtralizagio, como modelo conceitual operncional para viante, varidvel segundo a idade, 0 sexo, a G Brupo ttnico etc. A priori se poderia sustentar que igdes para o comportamento desvi Por segmentos da sociedade nos ‘éncia entre os ideais comuns e a pritica soci A funcio integrativa e nfo altemativa da teoria des pocgritzact em relacto teotia das subculturss, assim come ac ent boys, de A. Cohen, é reforcada por este mesmo autor, em um relatério de ampla abertura tesrica ¢ sobre a teoria das subculturas eri James F. Short Jr’, em que estes autores tornam criticas de Sykes e Matza. A reacdio negativa em © nao somente em face de um sistema de valo da classe média, Positivos, faz: parte 80 | | igdes do comportamnento desviante & lise de tais reagdes, e de seus elemen- tos constitutivos, que erroneamente exam negligenciados ma teoria das subeulturas criminais, mas que ccupam, ao contritia, wm Ingar proprio nesta teoria: “A formagao de uma subcultura é, ela mesiia, Provavelmente, a mais difusa e a mais eficaz das técnicas de neutralizagio, visto que nada permite uma tao grande capacidade de atenuat os escriipulos e de procurar protegdo contra os remorsos do superego, quanto 0 apoio entitico, explicito e repetido, ¢ a aprovagto por parte de outras pessoas” 3. OBSERVAGOES CRITICAS SOBRE A TEORIA DAS SUBCULTURAS CRI MINAIS. A TEORIA DAS SUBCULTURAS COMO TEORIA “DE MEDIO AL— cance” Em tempos recentes e em uma perspectiva cultural e politica 's das subculluras criminais tornaram- teorias, de fato, permanecem no interior de tal modelo explicativo e, aceitando acriticamente a qualidade crimi- rosa dos comportamentos examiinados, nsio se destacam das teorias stas, exceto pelos instrumentos explicativos adotados; certa~ las pela estrutura metodolégica. A te- mncionalista e a teoria das sub-culturas, realmente, ndo se co- locam o problema das relagdes sociais © econémicas sobre as quais nos de criminalizagio ¢ de mentos € dos sujeitos inados’ Efetivamente — jé 0 vimos —, a teoria das’subculturas reto- ma, desenvolvendo-os posteriormente, os elementos conticlos ma te- oria mertoniana da anomia: a correlagio entre criminalidade e estratifi-cagio social e, portanto, entre criminalidade e mecaniismos de distribuigtio de oportunidades socinis e de riqueza, através dos 81 izacio do significado das diversas formas de desvio e, a0 mesmo tempo, das reais fungdes dos processos de criminalizagio, na socie- dade capitalista avangada. Mas isto pressuporia que a a nivel superficial da estratificacto e da pluralidade dos grupos ais, avancasse, através de um exame mais penetrante da distribui- do, até a estrutura da prociigic ¢ a Kigica da valorizacio do capi- tal, pelas quais a distribuicao de oportunidades sociais ¢ de riqueza é,em tiltima instincia, determinada. De fato, 96 a este nivel, 0 mo- econdmico podem se reintegrar ao momento politico das relagoes de hegemonia entre os grupos sociais, e de suas mediagdes através do direito e-do Estado, que é 0 que explica a fungao do processo de criminalizagio. A teoria das subculturas, ao contririo, detém a sua anzlise ao nivel sociopsicolégico das aprendizagens especificas das rea- ‘g0es de grupo, ¢ chega somente a indicar, de modo muito vago, a superficie fenoménica dos processos de distribuigéo, como mo- mento econémico correlato aos mecanismos de socializagto por cla postos em evidéncia, Permanece, pois, limitada a um registro meramente descritivo das condiedes econdmicas das subculturas, que na iva, nem a um interesse i¢des. Estas so, desse modo, acritica-mente postuladas como quactro estrutural dentro do qual se insere e funciona uma teoria criminolégica de médio alcance: ou seja, uma teoria que parte da anilise de determinados setores da feno sua racionalizacto hipostasiada, dado que falta toda indicagao teérica e pritica sobre as condigdes objeti- vas para sua mudanca e sobre sua correspondente estratégia. Mas se as condigdes da desigualdade econémica e cultural dos grupos nao sto criticamente refletidas, 0 fendmeno correspondente do des- vio ¢ da criminalidade também nfo é criticamente refletido, nem 82 al € a consequente reagdo purniti que a teoria das subculturas tem o importante mérito de ter indica- do uma linha de e de ter sugerido uma posterior reflexéo sobre as condigées econdmicas da criminalidade; de fato, essa teo- ria individualizon, nos mecanismos de socializagao e de reagio de _grupo, os veiculos de transmiss8o entre fatores econdmico-estrutu- rais (distribuigao da riqueza e das chances sociais) e comportamen- to subjetivo individual, A teoria das subculturas, todavia, nao se lan- «a para além do ponto em que chegaram as feorias dos fatores eco- némicos da criminalidade, no ambito da criminologia liberal con- ‘temporanea?, 83

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