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CANÇÃO DE LOUVOR
O CÂNTICO DE MIRIÃ

Êxodo 15.20,21

O cântico a ser analisado hoje é o de Miriã. Esta mulher era irmã de Moisés e Arão (Êx
2.4). Foi uma das poucas mulheres a receber o título de "profetiza". Certamente, ela
desempenhava papel preeminente ao lado de Moisés e Arão, à frente do povo de
Israel (Mq 6.4).

Infelizmente, Miriã passou para a história não só em função de seus feitos positivos,
mas também por causa de uma atitude de rebelião contra o seu irmão Moisés (Nm
12). A alegação contra o casamento "misto" de Moisés pode ter sido mero pretexto. A
história de Miriã ficou manchada por causa disso, como se pode ver em Deuteronômio
24.8,9.

O contexto histórico
O contexto histórico em que surgiu o cântico de Miriã é o mesmo do cântico de
Moisés. Aliás, a composição cantada por Miriã e as outras mulheres, nada acrescenta
à composição atribuída a Moisés (Êx 15.1-18).

O cântico de Miriã é, na verdade, uma transcrição do início do cântico de Moisés (Êx


15.1). Miriã utilizou aqueles versos como um refrão, celebrando a mesma vitória
celebrada por Moisés, a saber: a travessia do Mar Vermelho e a derrota dos exércitos
de Faraó. Entretanto, o conteúdo desse refrão e a maneira como Miriã o utilizou,
colocam diante de nós preciosas orientações e sugestões no que tange à prática do
louvor.

O objetivo deste estudo é, portanto, apresentar a essência do louvor, à luz da Bíblia,


apontando recursos para um louvor mais rico e criativo, bem como advertir quanto ao
perigo da incoerência entre o que se externa nos lábios e o que se guarda no coração.

1 - O LOUVOR PERTENCE AO SENHOR


Certamente, o ponto mais relevante do cântico de Miriã é a indicação de que o Senhor
é objeto do louvor: “Cantai ao Senhor". O louvor é devido única e exclusivamente a
Deus, e antes de tudo, pelo que Ele é. Como diz a canção, "Ao único que é digno de
receber a honra e a glória, a força e o poder, ao rei eterno, imortal, invisível mas real, a
Ele ministramos o louvor..." O nosso Deus é incomparavelmente maior do que tudo
quanto Ele faz.

Por isso, devemos louvá-lo não só pelos seus poderosos feitos, mas, especialmente,
pelo que Ele é. A Bíblia está repleta de declarações de louvor a Deus pelo fato de ser
Ele o único Senhor (Dt 6.4; II Sm 22.32; Ne 9.6; Sm 83.18; Is 42.8; Ap 4.11; 19.16).

É perigoso haver uma distorção no louvor. Isso ocorre quando se dá mais valor a
quem o conduz, do que Àquele que deve recebê-lo. Também, quando o mesmo se
transforma em espetáculo apenas para satisfazer os participantes. O louvor a Deus é
mais do que declarações faladas ou cantadas e manifestações emocionadas; é
entrega de todo o ser a Deus, como diz o salmista: "Bendize, 6 minha alma, ao
Senhor, e tudo o que há em mim bendiga ao seu santo nome "(S1103.1).

Como enfatizou Jesus, "ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele darás culto" (Mt
4.10).

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2 - O LOUVOR DEVE SER UMA EXPRESSÃO ALEGRE E


CRIATIVA
Você acha que sua igreja tem sabido valorizar o aspecto festivo do louvor?
É interessante, no cântico de Miriã, a forma como ela e as demais mulheres louvaram
ao Senhor: "tomou um tamborim e todas as mulheres saíram atrás dela com tamborins
e com danças". Podemos destacar aqui pelo menos três elementos que embelezam,
enriquecem e aprimoram o louvor que oferecemos ao Senhor. São eles:

Os instrumentos musicais
A utilização de instrumentos musicais, bem executados, e por pessoas devidamente
preparadas, é de grande valor para tornar o louvor mais vibrante, agradável e
dinâmico. Encontramos, na Bíblia, diversas passagens que mostram a relevância dos
instrumentos musicais no louvor a Deus (I Cr 15.16, 28; Ed 3.10,11; SI 33.2,3; 98.5,6;
150.3-5).

As igrejas devem incentivar e apoiar os seus membros que têm aptidão para a música.
Havendo pessoas bem preparadas, com certeza o louvor terá mais arte e beleza. O
salmista recomenda: "tangei com arte e com júbilo" (SI 33.3).

A expressão corporal
Como conseqüência da influência cultural que recebemos dos primeiros missionários,
até hoje temos dificuldade em admitir as expressões corporais na apresentação do
louvor a Deus.

O texto de Êxodo 15.20 diz que Miriã e todas as mulheres louvaram a Deus com
tamborins e danças. Se fosse hoje, em determinadas igrejas, elas seriam
imediatamente convocadas pela liderança para receberem uma repreensão. Para
alguns aquilo seria um escândalo, uma falta de reverência.

Muitos cometem o erro de confundir repressão com reverência, e alegria com


irreverência. Às vezes confundem formalidade e semblante carrancudo com
espiritualidade. A formalidade nem sempre é sinal de verdadeira espiritualidade e
reverência a Deus.

Na expressão do louvor é importante valorizar a riqueza cultural peculiar a cada povo.


Não se pode impor um padrão como sendo mais santo e único, pois, qualquer que
seja ele, será sempre o reflexo da cultura daqueles que o propõem ou impõem.

Muitos hoje têm defendido um "abrasileiramento" das nossas expressões cúlticas. De


fato, é razoável louvarmos a Deus também com instrumentos, ritmos e estilos da
nossa própria cultura; e também com letras mais contextualizadas.

Quando louvamos, o corpo também deve participar do culto (e não só a alma). Nós,
brasileiros, por natureza temos ginga e bamboleio. Com equilíbrio e bom senso,
devemos estar mais abertos para colocar em prática a recomendação bíblica:
"glorificai a Deus no vosso corpo" (I Co 6.20).

Se você se habituou a não gostar disso, não deve, evidentemente, sentir-se


constrangido e forçado a mudar. Porém, deve ter um pouco mais de tolerância e
respeito para com aqueles que se sentem bem louvando a Deus de corpo e alma.

A dimensão comunitária do louvor


Cada um pode e deve louvar a Deus individualmente. Entretanto, o louvor tem uma
forte característica comunitária. 0 texto diz que tçh das as mulheres louvaram com

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Miriã. O louvor a Deus não pode se transformar num "showzinho" de quem está à
frente.

Existem dirigentes de louvor, cantores e grupos musicais hoje que acabam "roubando
a cena", ao se colocarem como o centro do louvor. Como já vimos, Deus é o centro do
louvor.

E aqueles que conduzem o povo de Deus ao louvor devem buscar o envolvimento e a


participação de todos. Naturalmente, isto requer sensibilidade, preparo e maturidade.
O Salmo 148 é, por excelência, um convite ao louvor que Integra a todos: jovens,
velhos, crianças e até mesmo a natureza.

• Você acha que é possível produzir um louvor mais "brasileiro" sem perder em
qualidade?

3 - O LOUVOR DEVE SER A EXPRESSÃO DE UM CORAÇÃO


PURO
É lamentável observar que o mesmo coração que Irrompe em um cântico de louvor ao
Senhor pelo livramento, em seguida se rebela contra o próprio irmão e profeta do
Senhor. Em Números 12 encontramos o relato da oposição exercida por Miriã e Arão
contra Moisés. O texto diz que eles falaram contra Moisés, por causa da mulher
estrangeira (etíope) que ele tomara para si. Entretanto, o real motivo parece ter sido
inveja e despeito, conforme se observa no versículo 2.

Comentando esse episódio, o Rev. Wilson Castro Ferreira escreveu: "É doloroso
verificar que a irmã zelosa, generosa e amiga, que desempenhou papel tão importante
na condução do seu povo, fosse levada pela inveja e despeito a uma atitude tão
mesquinha contra um irmão tão leal, tão nobre e tão reconhecidamente digno. Ela que
estivera com ele nos momentos de alegria e dor, contra ele se revolta e se
amesquinha. O castigo de Miriã revela como Deus aborrece a inveja". (Modelos de Fé,
Luz Para o Caminho).

Esse incidente nos adverte quanto ao perigo de se ter palavras bonitas nos lábios e
sentimentos impuros no coração. Determinadas pessoas louvam a Deus com
entusiasmo e emoção, fazendo declarações bonitas de submissão a Deus e de amor
aos irmãos, mas guardam sentimentos impuros no coração; não pedem e não
concedem perdão e não se dispõem a reatar relacionamentos rompidos.

Tiago questiona e condena tal Incoerência na vida cristã (Tg 3.8-10). Quando não
nasce de um coração puro, o culto deixa de ser aceito por Deus (Is 29.13; Mt 5.22-24;
Hb 10.19-22).

O caso de Miriã serve de advertência para todos nós (Dt 24.9). Quando louvamos a
Deus, Ele não se limita a ver o nosso entusiasmo e a beleza artística de nossos atos
litúrgicos. Ele sonda os corações e vê, antes de tudo, se está havendo sinceridade e
coerência (SI 51.15-17; Am 5.21-24). Viver cantando é fácil. Difícil é viver o que se
canta.

• Você concorda que às vezes acontece esta separação entre o que se canta e o
que se vive? Como corrigir isto?

AUTOR: REV. ENEZIEL PEIXOTO DE ANDRADE

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