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DIVULGAGAO OPERACIONAL (DIVOP) N° 05/2015 $ieaER| O tinico objetivo das investigacdes realizadas pelo Sistema de Investigacdo e Prevencdo de Acidentes Aeroniuticos (SIPAER) é a prevencao de futuros acidentes aeronduticos. De acordo com 0 Anexo 13 da Organizagto de Aviagao Civil Internacional ~ OACT, da qual 0 Brasil é pais signatario, 0 propésito desta atividade nao é determinar culpa ou responsabilidade. Esta Divulgacio Operacional, cuja conclusdo baseia-se em fatos ou hipoteses, ou na combinacao de ambos, objetiva exclusivamente a prevencao de acidentes aeroniuticos. O uso desta divulgacdo para qualquer outro proposito poderd induzir a interpretacdes erréneas e trazer efeitos adversos ao SIPAER. RESPONSAVEL: CENIPA ASSUNTO: COLISAO COM ANIMAIS TERRESTRES EM AERODROMOS NO BRASIL HISTORICO _] No dia 30/05/2014, a aeronave de matricula PR-TKB decolou do Aeroporto de Porto Urucu (SBUY) e, no momento da rotagdo, a aeronave colidiu com uma anta ou tapir (Tapirus terrestris, Linnaeus1758). A aeronave teve colapso do trem de pouso e perda de todos os sistemas hidrdulicos. © voo foi realizado até 0 Aeroporto Internacional Eduardo Gomes (SBEG) com o trem de pouso embaixo. O pouso foi realizado sem freios e sem controle direcional, A unica pista do aerédromo ficou interditada por 60 minutos. Nao houve feridos. No Brasil, de 2009 a 2015, foram registradas 508 colisées com animais terrestres, demonstrando que esta 6 uma situagao recorrente. Colisées com animais terrestres representam elevado risco a aviagéo, uma vez que a energia de impacto gerada nesses eventos 6 diretamente proporcional a massa do animal, ultrapassando, varias vezes, os limites de certificagao das aeronaves. ANALISE [ A repetitividade de eventos envolvendo animais terrestres sugere a necessidade de verificar a rea de operagdes dos aerddromos brasileiros, a fim de identificar falhas que permitam 0 acesso destes seres vivos a rea de operagées de aeronaves. O sistema de protegao de aerédromos inclui cercas patrimoniais, mas nem sempre estas so adequadas para segregar a area, evitando 0 acesso de animais. Diante desta necessidade, podem ser necessarias cercas operacionais, destinadas a evitar 0 acesso a area de operagéo de aeronaves. Estas cercas so mais caras perimetro é mais eficiente do ponto de vista da aplicagéo de recursos na protegdo da area operacional Caso 0 aerédromo disponha somente de cercas patrimoniais, ainda 6 possivel que existam Areas dentro do aerédromo que se constituam areas atrativas naturais (bosques, rios, etc.). Neste caso, 0 acesso de animais que habitam tais reas é livre a area de operagées, demandando a aplicagao de cercas operacionais. Caso 0 aerédromo tenha cercas operacionais, estas devem ser verificadas regularmente quanto & sua integridade. Pontos de acesso alternativos, como portées, canais de drenagem ea copa das Arvores devem ser saneados para evitar a ocorréncia de colisses com animais terrestres. Populagdes de animais terrestres que habitem a area operacional devem ser capturadas e translocadas o mais rapidamente possivel, a fim de evitar a sua reprodugao no local. Dependendo do tipo de aeronave, da fase do voo e da parte atingida durante a coliséo, animais terrestres de pequeno porte podem provocar sérias consequéncias e prejuizos aos operadores de aeronaves. Animais de maior porte aumentam ainda mais as chances de acidentes aeronduticos resultando fatalidades a bordo da aeronave e no solo. Por exemplo, a severidade relativa entre a coliso com uma capivara (Hydrochoerus hydrochaeris Linnaeus, 1766) € um urubu-de-cabega-vermelha (Cathartes aura Linnaeus 1758) 6 de 227%. Ou seja, considerando que a coliséo ocorreu (probabilidade igual a 100%), a severidade estimada de um evento envolvendo uma capivara é mais que o dobro que a envolvendo um urubu Diante deste cenario, a Agéncia Nacional de Aviagao Civil (ANAC) emitiu 0 Regulamento Brasileiro de Aviacao Civil n° 164 (RBAC 164), que estabelece regras para o Gerenciamento do Risco da Fauna nos Aerédromos Publicos. O RBAC 164 prevé o seguinte no que concerne a fauna terrestre: Item 164.53 (d) Mesmo que no esteja enquadrado em nenhum dos critérios para a realizacao de uma IPF - @, por conseguinte, do PGRF -, nenhum operador de aerédromo deve prescindir da realizagéo de procedimentos basicos operacionais e de manutencéo do sitio aeroportudrio para a mitigagao do risco da fauna, sob pena de aplicagao das sangdes previstas em regulamento. item 164.53 (d)(1) Os procedimentos dizem respeito ao controle de focos de atracao de animais no sitio aeroportuario, 4 manutengéo das éreas verdes e do sistema de drenagem, garantia que o sistema de protecao nao permita a presenca de animais na drea operacional e vistoria periédica com o objetivo de identificar fauna e focos atrativos no sitio aeroportuério. A oriticidade desta condigao é ratificada pela Organizagao de Aviacao Civil Internacional (OACI) no Doe 9137 AN/898 Airport Services Manual, Part 3 Wildlife Control and Reduction, que traz 0 seguinte em seu item: 4.5.3 O cercamento de perimetro, completo e em altura adequada, 6 o método primario para prevenir 0 acesso de espécies que oferecam alto risco 4 aviacao, exceto aves. Cercas e portées devem ser mantidos fechados e sua verificagao deve ser regular, além de serem eliminadas as fontes de alimento disponiveis no aerédromo (tradugao livre). Nos Estados Unidos, a titulo de exemplo, as duas espécies que representam maior risco a aviagao sao animais terrestres. Todas estas informagées ratificam a importancia de cercas operacionais para impedir 0 acesso de animais terrestres 4 area de movimento de aeronaves. Além disso, animais terrestres podem servir de atrativo, se vivos ou mortos, as aves que exigem maior energia e capacidade gerencial para serem efetivamente controladas dentro e fora dos aerédromos. A abrangéncia deste problema extrapola a aplicabilidade do RBAC 164, gerando a demanda pela emissao desta divulgagéo operacional a todos os aerédromos brasileiros, piblicos ou privados, civis ou militares. Animais terrestres podem acessar areas restritas utilizando estratégias variadas. Algumas espécies tém alta capacidade de cavar, sendo chamadas de "cavadoras”. Outras tém facilidade de escalar obstaculos, sé as chamadas “escaladoras’. Muitas vezes rvores ao redor podem servir como ponto de acesso ou as proprias cercas podem oferecer pontos de descanso as aves. Diante desta peculiaridade, 6 recomendada a distdncia minima de 5 metros entre as copas de drvores em lados distintos da cerca operacional. A figura abaixo mostra um padrao de cerca recomendado, que pode ser utilizado em aerédromos, a fim de evitar as condigbes descritas acima, A concertina e 0 Angulo negativo sobre a cerca tém 0 objetivo de impedir 0 acesso de animais escaladores, uma vez que a curvatura do suporte é voltada para fora da area a ser isolada. Além disto, a primeira impede 0 uso do local como ponto de pouso. A eficiéncia desta & aumentada se 0 suporte apresentar largura inferior a 15cm e estiver completamente dentro dos anéis da concertina. Concertina Detalhe da tela Nivel do solo Tanto as bases de suportes como a tela, tipo alambrado, devem ter profundidade minima de 50cm no nivel do solo, a fim de evitar 0 acesso de animais por baixo da mesma Recomenda-se ainda que toda a cerca tenha alicerce de concreto, néo somente as bases de suportes (moirdes) Por fim, em acessos alternatives a areas de operagées (portées, canais de drenagem, rios, etc.) devem ser instalados obstaculos que impegam o acesso de animais terrestres, AGOES RECOMENDADAS Aos operadores de aerédromos: E recomendavel a instalagdo de cercas operacionais adequadas que impegam o acesso de animais terrestres, por terra ou agua, a drea de operagao de aeronaves (pistas de taxi, pouso e decolagem). E recomendavel a verificagao e a manutengao periédicas, nos aerédromos onde existam cercas operacionais, quanto a sua integridadelefetividade, provendo a manutengdo/alteracao das mesmas, de imediato, para reduzir 0 risco de colisées com animais terrestres ao menor nivel possivel. E recomendavel que, apés o cercamento da respectiva area de operagdes, sejam estabelecidas rotinas de verificagao da presenca de animais terrestres na area operacional de seus aerédromos, de forma a capturar e translocar individuos remanescentes. DIVULGAGAO. - Agéncia Nacional de Aviagao Civil - ANAC, - Servigos Regionais de Investigagao e Prevengao de Acidentes Aeronduticos - SERIPA; e - Operadores de Aerédromo. APROV SE SCHUCK Chefe do Centro de Investigagao e Prevengdo de Acidentes Aeronauticos

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