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05/10/2016 09:02 por Redação

Em audiência pública, professores e sindicatos criticam MP do ensino


médio
Entidades pedem rejeição do projeto, tanto pela falta de debate como pelo conteúdo; audiência foi realizada na
Câmara

A Medida Provisória do Ensino Médio sofreu resistência na primeira audiência pública na Comissão de Educação na
Câmara dos Deputados. Entidades da sociedade civil presentes pediram a rejeição da MP, tanto pela falta de
discussão quanto pelo conteúdo.

Entre os pontos mais polêmicos estão a falta de formação de professores para se adequar à nova estrutura e a
incapacidade das redes de ensino, sem recursos adicionais, oferecerem várias opções a seus estudantes, o que
poderá restringir a formação a algumas opções técnicas. Além da possível retirada da obrigatoriedade das disciplinas
de artes, sociologia, filosofia e educação física.

Apresentada pelo presidente Michel Temer no último dia 22, a MP do Ensino Médio flexibiliza os currículos e amplia
progressivamente a jornada escolar. A reformulação da etapa já estava em discussão na Casa, no Projeto de Lei
6480/2013, e agora volta em formato de MP, com o prazo de 120 dias para ser votada. A previsão é que a comissão
mista que ficará encarregada de emitir parecer sobre a medida seja criada hoje (5). Ao todo, a MP recebeu 568
emendas, que foram consolidadas em 566.

Presentes na audiência, professores e sindicalistas interromperam diversas vezes os discursos de representantes do


MEC e dos secretários estaduais de educação. "É mentira", "Professores não foram ouvidos", "Não há nenhum
professor ou estudante na mesa" foram alguns dos gritos. As interrupções foram pontuais e não impediram o
prosseguimento da audiência.

"Estamos perplexos ao receber uma MP para tratar desse tema. E a perplexidade é tanto quanto ao método de
apresentação quanto no conteúdo, por isso as pessoas lá atrás estão muito inquietas", diz a secretária-geral da
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Marta Vanelli. A CNTE foi uma das entidades que
pediu a rejeição da MP.

Também contrário à MP, o coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara,
apresentou dados de pesquisas de opinião dos estudantes que apontam que os alunos querem no ensino médio
justamente os conteúdos que a MP retira, como artes e educação física. Cara ressaltou ainda que a MP não prevê
recursos sufientes para a ampliação da jornada. "Em meio à crise econômica e arrecadatória, isso acaba sendo um
problema que cria expectativa que não pode cumprir. A MP altera a lei do Fundeb [Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação], concentrando recursos para estados e redes estaduais, prejudicando o ensino infantil
e fundamental, o orçamento dos municípios", acrescenta.

O deputado Danilo Cabral (PSB-PE) chegou a citar a proposta de emenda à Constituição (PEC 241/16), que limita o
crescimento do gasto público à inflação. "A MP [do ensino médio] diz que a União vai transferir recursos para estados
em até quatro anos. Até quatro anos é o que? Pode ser um? E depois? A PEC 241 vai colocar uma trava. Como
conciliar colocar um teto de gasto e o Plano Nacional de Educação?", diz.

A MP

De acordo com a medida provisória, cerca de 1,2 mil horas, metade do tempo total do ensino médio, serão
destinadas ao conteúdo obrigatório definido pela Base Nacional. No restante da formação, os alunos poderão escolher
entre cinco trajetórias: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas - modelo usado também na
divisão das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) - e formação técnica e profissional.

A medida também amplia gradualmente a carga horária do ensino médio para 7h por dia ou 1,4 mil horas por ano.

“Urgência” - A secretária-executiva do MEC, Maria Helena Guimarães, defendeu a urgência de uma reforma como
justificativa para a edição de uma MP e ressaltou que a questão é discutida há anos. "A ideia de MP foi no sentido de
coroar o processo de debate intenso que há muito se arrasta no Brasil". Ela destacou também a importância de
aprimorar a MP com o debate no Congresso.

Maria Helena diz que as disciplinas não foram excluídas e sim que a MP transferiu para a Base Nacional Comum
Curricular - que está atualmente em discussão - o que deverá ser ensinado nas escolas. De acordo com o MEC, não
há sinalização que os conteúdos deixarão de fazer parte do ensino médio ou que serão retirados da Base, que definirá
também as diretrizes da formação dos professores.

Mais cedo, em coletiva de imprensa, Maria Helena disse que a MP só será colocada em prática a partir de 2018, que
isso só ocorrerá após a aprovação da Base.

Com Agência Brasil

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