You are on page 1of 62
COLECAO ENFOQUE Ann O Imaginario Ensaio acerca das ciéncias @ da filosofia da imag jie ot ahi Tip leg ges Ft iin de Linge Bvasoseanx aes 2 rn en. 3 Sam foi on hn ‘an eH 265512 ‘i pom ig wt pcs bor gue ‘ot or Sumario Wwropucto 3 |. parADoxo Do MUAGANARIO NO OGDENTE 9 1. Um iconodasmoendémico 9 2. Ae resistin do imaginiio 16 3.0 efit perverso ea eaplsio do video 31 1, AScHENCIAS DO INAGINARIO. 35 1, As pscoogis da profunderas 35 2. As confimgiesanatomotsildgcae © ctoligicas 40 5. Assocologie do sehagers edo omar 46 4, As*Nows Citas: da mitocriea 3 rmitcandise 57 5.0 maginirio da eiéacla 68 6, Os cnfins da imagen edo absluto do stnbelo re egos 71 O smaginrio INGO CONCEITUALEONCVO METODO PARA NEN DO MIO 73 Oligo doimaginsvi 79 1.0 pluntismo expecico ar clasiicaghes 79 2. Agia do mito 82 3. Aramsica do imaginsro 88 WA tépica sociocultural do imainelo 92 (C/A dina diagno: a aca verfntica 100, Concwusto 117 Binuioceara 121 Introdugio ‘Sera muito banal alrmar que ox enorme proges- tos ds tenls de reprodugies por imagens (a otge fi, o cinema, ox videos, “a imagens de inte” ete) € de wus meios de tran (0 belindgraf® a tele ‘So, o fax etc) permiiam ao sculo 20 acompankar a ‘construgio de uma “cviizagio da imagem”, Por conse- giinte torts il imagine que ura ila des {2% prontas prs 0 const tenka trattoria com Pletamentea¢ floss, que até entzo dependiam do ‘que alguns denominam "a glia Gutenberg" it 6 2 upremacta di imprensa eda comunlcagio exrta — omnia enorme rquea de sntnes, retdrica © todor on proceso de raciecnso — sobrea imagem mental (a femager percept, das lembranca, da sis et) ot i il lace cs hay Ucn ss ced am Ton 6 5 0 inagindcia lela Fe lei pote cindy, Soc © foxogalido. sa inonagio permit ecenens, evetuamente lasifcar num tabulho exausvo e que posibilitou 0 ‘suo dos process de produ, tnsmiso e recep fo, 0 “mises” — que denominazs 0 imaginio — de todas a imagens pasadas, poss, produzdas ¢ a screm prods. Conta, no tet sido ete mesmo proceso que provocou uma ruptus, uma verdes revohisio cultural, nesta los ce los exits ‘que constitu o pele bialenar do Ocidente? Ascii nio-ocdetas nna separa atin Fovmagies (digas, “as yedades")ferneidas pela lna- gem diquclsforncids pelos sitemss ds excita. Os Hlogramar (signe cart copa algo sum desenho gue eto sem lnitrse a reprodir os sgnos con loon iis etme dan ado bie gos epi ou os caacteres chines, por exemplo, ‘misuram com cia or sgos dt imagens € a sin ses abtratis! Em contapartd, anti e imporantes ivlgies como 4 América pré-colombians, a Aéica reg Ponsa ee, esti pssundo uma inguagem ‘eum satema rico em objets simbslcs, jamal tlea- Introdga0 Todas etn cvdgiesno-acidentin, een ver de fandaentrem ses pinfpos de relddde nama ver- dade en, mum nc proceso de deiegso dh vers de, num modelo tnico do Abucluto sexi roo © por veces inominive, estabelecersm seu unerso mental leva soci em furndamentos praia, portan to, diferencidos. Aqui, toda deren alguns mencio- ram um “poitlsmo de valores") € prcebida como um Rgurago diferencads co qulidadesSigorods ¢ Imaginrias. Portant, todo “polteamo” ip fo & receptivo 3 imagens (cone) quando ndo aos alos {edn em greg, significa “imagem. Ora, 0 Ocien: testo a lingo que nos sustents a partido rai cinio sori ese sibeqientebatismo esto, lem de desea ser considera, com muito orglho, 0 ‘co herdeio de uma nica Verde, quase sempre de fou ws imagers & precno Bsr ene peredono de wma ivlizag, « noua, qu, por um Indo, propiciow 20 mundo ae técnica, cm constants desemrakiment, de reproducio da comunicagio da imagens e, por outro, do ado da flosoa fundamen, demonstow uma des confiang iconocasta (que “dest at imagens Oy plo menos, suspeits dela) endémica* I (© PARADOXO DO IMAGINARIO NO OCIDENTE 1, Um iconolasmo endémico Sem didda qu neta hernga ancestral mas anign « incontstvel & 0 monottsm da Bibl. A probigio de criar qualquer imagem elon) como um substitu para o dvin encontrvae impress no segundo mands- ‘mento dale de Molsts (do, XX. 4-5). Outros, co smo podemceconstatar no Centro (Jo ¥. 215 Gfaice, VL 1-13; Aas, XV. 29..) € Iain (Gon 4 VIL, 133-134, XX 96 ete), a inflata bo judo nas relgies monotesus e ques orig ‘am nee foi enorme. O método da verdad, orn do socratismo e basa numa liga bina (com apenia dois alors um filso eum verdad, unis dele @ ini a ee iconoclmo religoro,trnand-ae eo heranga de Sécrates,primiramente, € Patio © Aa ‘eles em seguida, 0 nico proceso cfc para abel verdad. Durante vitor culos eesecihmente UE ° O inaginda de Artes (culo 4 .C), a vit de aces & verde foia experiinda dos ft, maiesnda, das certs da liga para, Rralmente cheer Seda pelo rcaciio bani que denominamos de dléticne no qua se de- senrola © principio “da excusio de um terecieo na Sategra (*Ox... 0x", propondo penas duassoluyses uma abslutamente verdadera«outraabsoktamente fala, que excluem a porsbilidale de toda e qualquer teria solu}. Ligco que, se am dado da prcepcfo ‘a conclusio de um racocnio considera apenas proposts “erdadcrs", «imagem, que nlo pode ser redda sum agumento*verdaeita” ou * fo” fr ral, pase a ser desalozada, incertae ambigua, tr nando-seImpossvelextair pla sia percepsio (nun "isio") ma ica proposta "werdadeira” ou “sa forma. A imagioagio, portant, multo antes de Male- branche,*€supeita de ser“ amine do ero ed fli ok A tang pote se Dever dest He ats deri infinite umn contemplao lnegotne Ins pede permanocer bloguead no enunclado claro den logs, ela prope uma “eae vlads” enquanto a gic aristotlica exige “aide e dierenga” 'Nio devemosexquecer que a mensigem cist fol Kano, ls encon t ythe dn le monde menen (D0 Kamo, a pesoa eo mito no mando milano] (Pai, 1947), Dente os discpsls de Grae, além de D. Zaban e Viana Pique, devemoe citar 0 lio de Jam Serve eects em tbs berber Servier tami se basta no “Enso eral de etoloia, de 1964, evo tlo LHomne ene [0 bomem ini] pode parecer iconodasa. Na vende, ox capitals consti= tuem um florégio de gandes imagens que reconduzem, 20 simbolo absolut come, por exemplo, a descrgo os rials faereion em Os tines pars vs vel” € dos tai iniiticns, os pasos © o gras elit vos dos rts samantiens et. em “As ports de sn ue" Tate de um vaso conjanto imagine todas 2 forgs provas da enoega que se ope i area es chs constatages Frnt ds paleontolga. Neste enslo demente, de uma ionia mordaz eum Holgi de cacmplo refutes, as rehindiagtes de um eo Slonim so admis como dogma. A orientagio de todos os simboliadores aise miteos para o ins arcbata a espe humana do determinismo animal ¢ 2 0 imagindio sulgae Aqui percebemes come a obra do etnélogo do Tnvishel cond o campo ds raloriagSes moderns ds "coca lg”, Antes, toda, examinaremos ale conrente do ponsmento que logurard tum domino por una *uciloga do imag" (0 primero, como scabamer de ver, desdobraa-se 1m prospeso do “longinquo” ema reablitacto do se vagem" « slo “primordl”, O segundo, 20 conti, embora com um resultado istic, fchase sobre a thas prdnimo cdo eis comm”, rn aie bilitandoo “clin” dos “dedivorecios”.Seus ro pests podem ser comparados 0 dpe (uma obra ‘01 um objeto pronto para constmo) que os surrealist ‘evaam 2 nel de obras de ante, Mas, entre etn Jogos do engin se tnt de trnardifuneionalse menos baras os a= jetos medestos — como o famsso “porta grrais” de Marcel Duchamp — e to falaes que jf nfo sse- 0 imaghiro preslcers quando tam mals nena imagem. O soclogo lero Geor- 8 Simm, precunor desta sciloga “surrealist fot quem, no inci do culo, ata a reflexsoflostca ‘ea anise sciligla para as fsa da “moda”, do "plantco", das “grandes cides” (Roma, Floren, TS Pino mei na s As céscor do imagine Menez.) do entureto", do jogudor” do “rerato" «tc. A posteridade desa corente renslars —e dew verf —; no coragio do imagine, uma “forma” aot ‘campos de pesuia expeciamente cox, mas bastante ahandonnde, dos silos da Escola de Grenoble om trabalhos de Jcquce Bleu tee, Sale et Crd seen. Baal sor Tefen anhpol 4 meg [Simbolsmo ecco. Ema wbrea esis ane poligjca do tmaginirio] (Champion, Pars, 1977), abre fe aban ref ‘wopoligcos como “a telae oo", os nstrumsentos me slals fc € que se posicionam entre a mitondie tio ‘ara a0s pesquindares de Grenoble © polcandie, Perr Sansot, scilogo ela “mostra postin do sem sel Farmes sla de oe sie (As formas sense dda vida social] (PLE, 1986) e, por conseqléni, do Imaginsio respgado numa vst colbta transeral, tanto na Pique de il (A pdt da cidade) (Klick sec, 1972) como mas rons pag [As alas plagitics] (1980), com seus tabs sobre as le brangas da “infnca” provi a, 0 Jogo de mgly ou sinda dos “desprovidos"; e Michel Mafeol, funds Alor simultineo de uma “esis socolgis”atenta as 0 imoginsnio renores imagens do cotidino, 20 filo, elémero, conquitadors do presente e do seal ede um neobar- rouime epienoligco gd, exe também, 90 Aa car de ppemme [No vio die apart] (lon, | 1990), Pare corrente sci orga compet 2 sciolgi enomiads de i istic ws"? ma quia imestigiio do socislogo cede ciante do ima [Gniso reat e represents de wna arosingern de urn gropo socal, aknente, cot Cornelius Ca toriadis ou Georges Baan, as rates potas dos poderesaparenes sero to maonaliad qe se desta Caro bre um fund imaginsro mais ot menos ps I Sonal Ns ceilogjis rs reese hw eatego / prs um “reencantamento” (Baaakerang) do mundo da Pesquit eseu objeto Coc” e ecioal™), to desen- do pelo conceptnimo © a didicsrighas © itimensonas dor polit, Este “rencantamen to? pasa acima det imo, da proximidaee do longinuo “sel pee imigingso,o hgu-co- sagan? A pris Gouger a wciclgfa pet [SC Sander rain arse par mc Band, 6 Ar eléntas do imaginrio matin" (B Tacussd), fundamentando-se num “co ribecimento comm (M. Mates) onde sel bj ‘to foram um x6 no ato do conbice no glo eta {0 simbelieo da imagem const o pragma (o mode- lo pert, «demonstra stsitira plo excmpl) 4.As "Novas Cte" la mitotic 3 mioansise tes secilogas epercuti junto com td tina corren tetera eatsica dencrnad & “noma era ieita- a? —o termo pertence a Lévi-Strauss —, tendo por Sica justia a obras curs, ages histr- «8 as geealgias dos vio lero, Gaston Bache lard (1884-1962) fot © pionelro incontestve desta “nova cet” th Sida de documents (texto, obra de arte, em partcalar dos contedos imagine dis heragasescas. Ser wo redo das imagens podtcas © Iierdrias dos quatro elementos clisicos que, nda an- tes di 28 Guerra Mundial 4 panded ig), Ba ‘hela consrule uma ane era na qual imagem surge para uminar 2 prépri imagem, cxando assim * Pychnahe fei psi 99, Cal 0 tmegindio . eral na itis © uma espéie de determinsno tans rats de ura eaboraio poetcn 2 lon mb Fase ngs dibs gu orn ‘act em 1960, Le Rue de ere [A podticn lo amen. Com fei, es ta Ml Comoe bom Tov, a orginal de Bachelrd e ua postest= lade fade nunca trem sacra a0 canto dase reas “estat”. Extn, deslando Ubertarse da Ar iéslor do taginsri “irvtagio® provocada pla extca hier, nem por Iso debsaram de recirns cihos habits do ps trsmo mascaad pes spesta inci” de tert (2 gamstolog, a semis, a fonolgi ec) onde os prderes"podicos” da imagem se perdem de nono noe Imistéros deur item que evra a plural at poligica em prol deste novo “monoteisma” que é 4 strutun” absvat todo-poderoa. Esta consents 6h de pat e mse" enquanto, na eld, insere-e de forma banal ns va lgiabiniria obec pelo silogsimo. Os discipalos de Bacheltd, Jean Pierre Richard (Linn et sna [Literatura sensi, 1954), uma das iguras de popa da “Nova Critca,enp meamos (le Dior nythiga de Le Charme de Pare [0 ambiente milco da Caresa de Par, Car, 1960) permaneceo Bis sos contetilos magni dos tby Thos, Mas adane veremos cama ents Fielidae 8 “ge taco slmbéba" (E. Case) perme 6 aceso ama uta légia toulmene cferente diquel, bins, do on. ou” e com base ma "eacuso de um terciro™. No fentanto, na pesaa de Chude Lévi-Strauss, devemos restiuir 20 etruturlsmo o que hi de mas ocundo na fua exploragio do mito. De fo, ser cle quem spontaré qualidade esencal do smo yin, to 6 a edn 9 0 imagine cdma tee er son wiconrmns oie a Tey tessome mee me ota pum da eqs dag pa edi) — Min doo tengo do dics (acon), Fi asin Gee asog ine Nebraa® csr, abel San em dns pres (Gari «sini, 8 ts ancats como tnbin emi ane ‘Bross cna como ode iio on Parl No a, igen nl Sas eo Soc power uc lipies wane er nar pl nnn rca dimen a do Nem po ne ee modo EQUA Robins neni None ic o As eidcis do imagindeio se br pretirtecigeedel pre cnleron- tumento do elt, iteesante nour que Vidor Hi 5° obserars em Shakespear este to mito ea no” de unm “agio dupa que se repete rm menor 20 Tongo do drama", ecm Hanae no Rt Lar, unto a am drama menor que copa acon o drama priacpa, correo desenolar de uma ago que arrasa consgo, ‘amo uma nama a0 me sen saber o grande poeta, que Lévi-Strauss gula a Richard Wigs art osc won betta fs que se apm nie redundincis consutas das st semelhant [Neste movimento sido de wna mitcrtica (que permanece bchehrdian) sdnaemos 0 departments dhs “ings letras® da Escola de Grenoble, mae 0 hoc pelo sew antigo nome, *Centzo de Pesquisas do Imagini” [Gn de Rashes Mmvginae— CAL Funda em 1966 ports profane da Universidade ‘de Grénoble, um ds quis fol Léon Celle, depart rent apresntou um gande ndmero de tbulhos — iniciados dex anos ants om nosso O ambit mio da rao de Roma, Cori, 1951 — dos *mitocrtios” 5 bre autores to dversos como Jllo Verne (S. iene, 1972}, Shelly (. Pesin, 1973}, Proust (C. Robin, 1977); Bauelaire(B Mathias, 1977); Blke (D. Cha 6 O imagindio ‘in, 1981) ete ,@08tbalbor mae recente de Ph Wa ter sobre Iteratura da époc do ret Artur ede J Sigs os, autor de uma tes importante sabre 0 imbolismo do inseto, Outros, hi an a peaqulas que sen tremciam nis *mitandises", ulrapasando a obra de tum Gnico auto, como orto di infincia oa Gteraora narativa lllana do século 20 (G. Boset); 0 conju to dos romances afo-negros de lingua frances (A. € RR. Cherain, 1973); mito aponess (A. Rocher, 1989); lteraturaanglo-sex (J. Marigny, 1983), jos objetivo conflvem pars Laborato de Pesquisa sobre 0 lgidsto Amerion (Latetoie de Rececte sur Vlouginare Amen} digo por Vila Sachs de Parl VIL. Se 5 nos prmiimo dedicar mela pina a0 CRI. de Grenoble € pom ce foto embriso de cerca dor quaretae ts cetrs de Pequin sobre 0 Irmagidio quem 1982, se eunieam ra Associa de Fasquisa Coordenads [Ganpenen de Recherche Cor dinns — GRECO) (wm centro de peaquca que, nfe- lament, fo existe mas) no CNRS, No se tata qi de cals tds ox Centos eps pelos cin- ‘0 continente, de Seu a Side de Montreal 40 Recife ‘ou de Brazil a Lubin. No entanto, como exemplo

You might also like