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MENSAGEM N® 898 es EXCELENTISSIMO SENHOR PRESIDENTE DO SENADO FEDERAL? tenho a honra de comunicar a Vossa Exceléncia que, nos termos do paragrafo 1* do artigo 66 da Constituicéo Federal, resolvi vetar parcialmente o Projeto de Lei n* 93, de 1990 (n* 5.504/90, na Casa de origem), que "dispde sobre o regime juridico dos Servidores Publicos Civis da Unido, das autarquias e das fundagées publicas federais". Os vetos incidem sobre os seguintes dispositivos da proposigao: Pardgrafo nico do art. 64 MALL. 64. cocceececereececereeceseeeeseres Paraégrafo tnico. Juntamente com a remuneragéo de junho seré paga, como adiantamento da gratificagao natalina, jetade da remuneragao ou provento recebido no més. Raz6es do veto . A fixagéo de data para pagamento da parcela do 13" salario é totalmente incompativel com uma administragao financeira responsével. Destaco, ainda, que a rigidez produzida | pelo dispositivo parece néo atender ao interesse dos préprios servidores, que perderiam a oportunidade de receber aquela parcela em més anterior a junho. : Pardégrafos 1* e 2* do art. 87 e art. 90 MALL. BT. ceccecee eee e ere ce ee ee nese reseen aes esse ees § 1°. € facultado ao servidor fracionar a licenga de que trata este artigo em até 3 (trés) parcelas, ow converté-las em pectinia. § 2*. Os periodos de licenga-prémio j4 adquiridos e néo gozados pelo servidor que vier © falecer seréo convertidos em pecinia, em favor de seus beneficiérios da pensdo." “Art. 90. Para efeito de aposentadoria, ser4 contado em dobro © tempo de licenga-prémio que o servidor nao houver gozado ou convertido em pecinia Raz6es do veto A faculdade concedida ao servidor para converter a licenga-prémio ndo gozada em pectinia (pardgrafos 1° e 2° do art. 87 e art. 90), combinada com a contagem retroativa do tempo de servico de celetista, provocaria, em 1991, excepcional acréscimo de despesa. Cabe lembrar que a situagéo vigente, que concede esse beneficio com prazo mais dilatado, néo permite a sua conversdo em pecunia. No caso do art. 90, torna-se necesséria a-posterior edigéo de dispositivo que restitua a possibilidade do beneficio da licenga-prémio nao gozada ser contada em dobro quando da aposentadoria do servidor. Conseqiientemente, essas normas desatendem o interesse publico. Artigos 192, 193 e 250 "art. 192. 0 servidor que contar tempo de servigo para aposentadoria com provento integral sera aposentado: I - com a remuneragéo do padréo da _ classe imediatamente superior aquela em que se encontra posicionado; II - quando ocupante da ultima classe da carreira, coma remuneragdo do padrdéo correspondente, acrescida da diferenca entre esse e o padréo da classe imediatamente anterior." "art. 193. 0 servidor que tiver exercido fungéo de direcéo, chefia, assessoramento, assisténcia ou cargo em comissdo, por periodo de 5 (cinco)anos consecutivos, ou 10 (dez) anos interpolados, poderé aposentar-se com a gratificagado da fungdo ou remuneracéo do cargo em comissao, de maior valor, desde que exercido por um perfodo minimo de 2 (dois) anos. § 1° - Quando o exercicio da fungéo ou cargo em comissaéo de maior valor n&o corfesponder ao periodo de 2 (dois) anos ser4 incorporada a gratificagaéo ou remuneragéo da fungéo ou cargo em comissdéo imediatamente inferior dentre os exercidos. ° § 2* — A aplicagéo do disposto neste artigo exclui as vantagens previstas no art. 192, bem como a incorporag&o de que trata o art. 62, ressalvado o direito de op¢ao." = "Art. 250. O servidor que jad tiver satisfeito ou vier a satisfazer, dentro de um ano, as condigées necessérias para a aposentadoria nos termos do inciso II do art. 184 do antigo Estatuto dos Funciondérios Publicos Civis da Uniéo, Lei n® 1.711, de 28 de outubro de 1952, aposentar-se-4 com a vantagem prevista naquele dispositivo." Razées do veto Esses dispositivos concedem "promogées" aos servidores no momento da aposentadoria. Além do importante e permanente acréscimo da despesa, o disposto nesses artigos contraria qualquer principio bésico de administracéo de pessoal, ao conceder “promocéo" ao servidor quando da aposentadoria. A Constitui¢éo prevé, e o Projeto de Lei assegura, que todas as vantagens concedidas aos servidores em atividade serao estendidas aos inativos. Contrariamente, esses dispositivos concedem vantagens ao inativo sem contrapartida ao pessoal ativo. Pardgrafo 2° art. 226 "MALE. 226. cesceseeees § 2*. 0 auxilio seré devido também ao servidor por morte do cénjuge, companheiro ou dependente econémico." Razées do veto Trata-se de vantagem totalmente descabida, que, em ultima insténcia, visa simplesmente oferecer saldrio indireto aos servidores, sem a menor referéncia ao padréo estabelecido para Previdéncia Social, que limita esse tipo de beneficio apenas aos casos de falecimento do segurado. fo 2° - 23 MALE. 231. cee ceeeeeccc eee e sence ite eeeeeeeeeeeeees § 2%. © custeio da aposentadoria ¢ — de responsabilidade integral do Tesouro Nacional." ZA veto A matéria acha-se adequadamente disciplinada nos arts. 183 e 231, caput. Assim, ao estabelecer que o custeio da aposentadoria é de responsabilidade integral do Tesouro, o § 2° do art. 231 revela manifesta incongruéncia frente aos textos referidos, podendo gerar equivocos indesejaveis. neas "a" "do MALL. 240. ceeeeeeeceee cece eee se ese eeeeeeeteeenes d) de negociacao coletiva; e) de ajuizamento, individual e coletivamente, frente & Justiga do Trabalho, nos termos da Constituicao Federal. Razées do veto As alineas "a" e "e"™ do art. 240 sao inconstitucionais, porque contrarian o art. 114 da Constituigéo, que delimita a competéncia da Justiga do Trabalho, e o disposto nas alineas "a" e "c" do inciso II, do § 1* do art. 61 da Carta, que colocam sob reserva legal, a partir de iniciativa privativa do Presidente da Repiblica, a regulagdéo dos direitos e a definicdo da remuneragdo dos servidores ptblicos. N&o pode, por conseguinte, a Administracéo Publica, adstrita que estaé ao principio da legalidade (C.F., art. 37, “caput"), transigir judicialmente sobre matérias reservadas & lei. Ao referir-se a "trabalhadores e empregadores, _abrangidos os entes de direito piblico externo e da administragaéo publica direta e indireta", o art. 114 da Carta Magna alcangou, apenas, as situagées decorrentes de contrato de trabalho, onde h4 empregadores e empregados sujeitos a relagéo contratual, e ndo as que decorrem de relagaéo legal, qual seja o regime estatutério, ora instituido, em obediéncia ao comando expresso do art. 38 da Constituigéo, que se refere a servidores - e néo a empregados - da Administragaéo Publica direta, das autarquias e das fundagées. Os servidores tém, no texto o 5 constitucional, tratamento distinto do dado aos trabalhadores empregados, tanto que a eles o § 2* do art. 39 da Lei Maior assegura ayenas alguns dos direitos garantidos aos trabalhadores urbanos e rurais pelo art. 7*. Mas, entre os direitos garantidos por aquele pardgrafo néo est, por exemplo, 0 do “reconhecimento das convengSes e acordos coletivos de trabalho" (art. 7%, XXVI), e ndo est porque as normas regentes das relacées estatutérias, inclusive as cldusulas remuneratérias, estao estritamente subordinadas ao principio da reserva legal. Note-se que a prépria competéncia do Presidente da Repiblica para propor alteragées da remuneragéo dos servidores ptblicos é constitucionalmente vinculada, porquanto sujeita a disponibilidade orcamentéria e limitada pela realizagéo das receitas correntes (C.F., art. 169, ADCT, art. 38). Vale ‘notar, por fim, que © Poder Judicidrio, pelo pronunciamento das suas Altas Cortes, inclusive o E. Supremo Tribunal Federal, tem entendido que a decisdo sobre litigios entre a Administragao Publica e os seus servidores excede da competéncia da Sustiga do Trabalho, delimitada pelo art. 114 da Carta. Neste sentido, podem ser vistos os acérddos do Supremo Tribunal Federal, no Conflito de Jurisdigaéo n* 6829-8-SP, publicado em 14 de abril de 1989, e do Superior Tribunal de Justiga, nos Conflitos de Competéncia n* 1203-PR e 1336-SP, ambos de publicacéo recente, em 24 de setembro de 1990, com ementas expressas no sentido de que "a disposicéo insita no art, 114 da Constituicdo nao abrange o pessoal estatutdrio, dizendo unicamente com aquele submetido ao regime coletista". £, portanto, o préprio Poder Judicid4rio que aponta, em jurisprudéncia firmada, 0 entendimento de que a Justi¢a do Trabalho nao é competente para decidir sobre as questées atinentes & relacéo estatutéria. Dai a inconstitucionalidade das alineas em questao. Parégrafo 4° do artigo 243 MAL. 243... .cee eee ee ee eee dence e eee e ee eeeeeeeeeee § 4%. 0s contratos individuais de trabalho se extinguem automaticamente pela tranformagdo dos empregos ou fungées, ficando assegurada aos respectivos ocupantes a continuidade da contagem dos tempo de servigo para fins de férias, gratificacdo natalina, licenga-prémio por assiduidade, anuénio, aposentadoria, disponibilidade, e para os fins previstos no § 2* do art. 62." Razdes_do veto © dispositivo permite a contagem do tempo de servico anterior & incluséo no novo regime juridico por parte dos celetistas no servigo ptblico, para o efeito de assegurar-lhes uma série de vantagens, entre estas inclusive, como no caso do anuénio, gratificagao antes néo existente. Com isso, estaré o pardégrafo ora vetado conferindo privilégio extravagante aos mesmos, tendo em vista que esse tempo de servico como celetista j4 lhes tera garantido a percepgéo da verba indenizatéria do FGTS. Nao hé, portanto, razéo para equiparar também quanto ao passado, de forma absoluta, as situagdes juridicas dos servidores celetistas e estatutarios. Artigo 246 “Art. 246. Os saldos das contas do Fundo de Garantia por Tempo de Servigo - FGTS, dos servidores que passarem ao regime previsto nesta Lei, serdo transferidos para conta de poupanga aberta em nome do servidor na Caixa Econémica Federal, podendo os saques efetuarem-se: I - nas hipéteses previstas na legislagéo referente ao Fundo de Garantia por Tempo de Servigo; II - parceladamente e no més do aniversério do titular, nas proporgées a seguir indicadas, a incidir sobre o saldo da conta: a) um quinto em 1991; b) um quarto em 1992; ¢) um tergo em 1993; a) um meio em 199: e) o restante em 1995. § 1*. Para abertura da conta de poupanga de que trata este artigo, o banco depositario do FGTS deverd transferir, para a Caixa Econémica Federal, os saldos das contas dos servidores optantes, no primeiro dia Util do més subseqiiente ao da vigéncia desta Lei, devidamente corrigidos de acordo com a legislagaéo do FGTS. § 2*. Havendo servidores néo optantes, a Unido ou a entidade depositante faré jus ao saque dos saldos das contas do FGTS, relativos aqueles servidores, observando o mesmo parcelamento previsto no inciso II deste artigo, adotando-se, como més de aniversdério, o da vigéncia desta Lei." Razées_do veto @ Em sintonia com as recomendagées do Conselho Curador do FGTS, impée-se 0 veto a este dispositivo, tendo em conta que a liberacéo imediata dos recursos do FGTS provoca abrupta redugéo na disponibilidade de recursos daquele undo, prejudicando as aplicagées nos programas habitacionais. 0 assunto deve ser objeto de tempestiva regulamentacao legal. Estas, Sr. Presidente, as razées que me levaram a vetar parte do projeto em causa, as quais ora submeto & elevada apreciacaéo dos Senhores Membros do Congresso Nacional. Brasilia, em 11 de dezembro de 1.990.

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