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TRIBUNAL DE JUSTICA =Su= PODER JUDICIARIO ‘So Paulo Registro: 2013.0000397451 ACORDAO. Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelagao [n° 0030289-82.2009.8.26.0071, da Comarca de Bauru, em que so apelantes JEAN PAULO DE JESUS LIMA e EVERSON GUSTAVO PEREIRA DOS SANTOS, é apelado MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE SAO PAULO. ACORDAM, em 15* CAmara de Dircito Criminal do Tribunal |de Justiga de Sao Paulo, proferir a seguinte decisdo: "NEGARAM PROVIMENTO #os recursos. V.U.", de conformidade com o voto do Relator. que integra este acon © julgamento teve a participagio dos Exmos. Desembargadcres WALTER DE ALMEIDA GUILHERME (Presidente sem voto), J. MARTINS E ENCINAS MANFRE. Sao Paulo, 4 de julho de 2013 LAURO MENS DE MELLO RELATOR Assinatura Eletrénica TRIBUNAL DE JUSTICA == PODER JUDICIARIO Sado Paulo Apelante(s): Jean Paulo de Jesus Lima e Everson Gustavo Pereira dos Santos Apelado(a)(s): Ministério Pblico PRELIMINAR ~ nulidade por cereeamento de defesa ~ exame de ddependénciatonicologicoindeferido ~auséncia de mulidade. ROUBO ~ materielidade ~ prova oral que indica « subtragio medic rave area ROUIBO ~sutoria ~confisso judicial do eu Jean Paulo - depoimenty de ‘ima indiesndo com autor ~validade ~ depoimento poiciel que indica | apreensto da res fitva ~ validade, 6 devendo 0 depoimento pol Ser visto com reservas quando presente indicio que a scusagio Justfcar eventual abuso pratiado. EMPREGO DE ARMA'— apreensio ~ desnecessidade ~ validade da prova oral que indica seu uso ~ fotos da parte exiema da residéncialas “iia CONCURSO DE AGENTES ~ indicagao pels prova oral ~ valid sdesnecessidade de que todos pratiquer 0s mesmos aos. CONSUMACAO ~ roubo ~ ocorre com desapessamento, cessag 2 violencia ou jrave ameaga, como oconido n0s autos. MAJORANTES ~ concurso do agentes © emprezo de ama de theo comprovados pela prova orl PENAS ~ para o apelante Jean Paulo rent da pena base her preva do tansito em julgado ~ imposspilidade por ofensa av pring pio Ue ampla defesa de” sefem considerades antecedentes processos| em fandamento ~ apelo parcialmente provido para fixar # pens basd no fminime. legal 2, segunde fase ~ compensagdo da agravantg da Feineidéncia com a atenuante da coaSssio, 3. Terosira fase aumbrto nn fago de 3/8 potas duss causes de aumento de pena Para o apelante Everson ~ 1. Aumento da pena base em processos sem trdnsito em julgado ~ impossbilidade por ofensa a0 principio da afppla Alofosa de serem considerados antecedenies processos et andame “pelo parcialmente provido para fixar a pena base no minime legal|~ 2. Segunda fase ndo fi cecunstincias agravantes ¢ atenuantes a sfrem fonsideradas, 3, Tercera fase ~ aumento ne fragdo de 3/8 pela Hoos ‘eausas de aumento de pene, REGIME - apelante Jean Paulo rcincidente~réus que ameagaram char ‘0s dedos das maos de uma das vitimas ~ culpabilidale e periculosifiade ‘Cxacerbada "0 regime deve ser 0 necessirio para dissuadir us refs de fetomarem a delinguir (Recearia)~regime fechado~ necessidade Ao relatorio da r. sentenga’, proferida ppelo Dr. Benedito Antonio Okuno®, que ora se adota, acrescenta- se que os apelantes foram condenados como incursos no artigo Fothas 217, 2 Vara Criminal da Comarca de Baur [Apelago n° 0030289-82.2009,8,26,0071 - Bauru - VOTO N? 6500 208 TRIBUNAL DE JUSTICA =Sa— PODER JUDICIARIO Sao Paulo 157, § 2°, |e Il do Cédigo Penal, a pena de 6 anos e 5 meses de reclusao, em regime fechado, e ao pagamento de 15 dias-multa. absolvigéo por nao haver prova da existéncia do fato; por ngo constituir 0 fato infragao penal; estar provado que o réu nao concorreu para a infragao penal e por falta de provas. © réu Everson apelou* par no Também o réu Jean Paulo apeldu® alegando preliminarmente cerceamento de defesa em face do indeferimento do pedido de instauragao de incidente toxicolégi¢o. Alternativamente busca a forma tentada do delito e a reducao da pena, com a prevaléncia da atenuante da confissdo sobre |as circunstancias agravantes. Apresentadas contrarrazoes®. A douta Procuradoria Geral |de Justia opinou’ pelo nao provimento aos recursos. Eo relatorio. Iniciaimente, quanto a preliminar| de cerceamento de defesa em face do indeferimento do pedido} de instauragao de incidente toxicologico, néo deve prosperar. Destaca-se que o simples fato|da defesa solicitar a realizagao de exame, sem qualquer suparte, nao torna obrigatério seu deferimento. “HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. ROUBO CIRCUNSTANC. YADO. EXAME DE DEPENDENCIA QUIMICA. ART. 19 DA LEI N° 6,3678/76 E ART. 45 DA LEI N° 11,343/2006. POSSIBILIDADE, EM _ TE: DE REALIZACAO, DEPENDENCIA TOXICOLOGICA QUE, POR ) NAO EXCLU] A CULPABILIDADE, PERDA DO NIMENTO DO CARATER ILICITO DO FATO 4 Folhas 236, 5 Folhas 265. Folhas 241 @ 272. 7 Folhas 288, Apelagio n° 0030289-82,2009,8, 26,0071 ~ Bauru = VOTO N? 6500 335 ‘TRIBUNAL DE JUSTICA =z PODER JUDICIARIO Sao Paulo DESCABIMENTO, NO CASO CONCRETO. AUSENCIA DE INDICIOS DE QUE OS PACIENTES ESTIVESSEM SOB O EFEITO. DE ENTORPECENTES NO MOMENTO DA PRATICA DO DELITO. 1. Nos termos expressos do art. 19 da Lei n.° 6368/76 (atual art, 45 da Lei n.° 11.343/2006), a inimputabilidade ou semi- impuabilidade decorrente do uso de substdncia entorpecente ‘ou que determine dependéncia fisiea ou psiquica, seria apta para excluir a culpabilidade nao apenas dos delitos tipificados ‘no préprio diploma legal, mas de qualquer infracao penal, 2 Para que haja exclusdo ow diminuicdo da culpabilidade, a perda ou redugao da capacidade de entendimemto do caréter ilicito do fato, em razdo do uso do entorpecente, deve ser decorrente de caso fortuito ou forga maior. Em outras palavras, a dependéncia quimica, por si sb, ndo afasta ou reduz a responsabilizagdo penal. 3. A tdo-s6 alegagdo de ser 0 réu consumidor reiterado de drogas nao torna obrigatéria a realizagdo do exame de dependéncia quimica, mas cabe ao Juiz, a partir da andlise do acervo probatério e das circunstancias do crime, avaliar a conveniéncia e necessidade do ato. 4. 4o afastar a referida nulidade, arguida na apelacao defensiva, 0 Tribunal a quo, soberano na andlise da matéria fitiea, entendeu que as provas colhidas na instrucdo ndo ‘indicariam, sequer indiciariamente, que os Pacientes estivessem com a intelecgio e voligao prejudicadas durante a prdtica do crime, mas, ao contrério, as circunstdncias que envolveram 0 delito demonstrariam o pleno exercicio da capacidade de discernimento dos agentes no momento da conduta delituosa, 5. Cerceamento de defesa ou prejuizo para a defesa nito caracterizados, 6. Ordem denegada” ® No caso dos autos a parte acusada no forneceu qualquer indicio de que fosse inimputavel em face da dependéncia. Como ensina Renato Flavio sales 7 comentando a anterior Lei de Entorpecentes que ja previd o exame de dependéncia: “f de bom tom que 0 magistrado aguarde a ocasiao do imerrogatério (...). oportunidade em que poderé aferir com maior eficiéncta e seguranca a necessidade ow no de realizagdo do(s) exame(s), inclusive em rqzdo da imediatidade”. HC 118970/SP—rel. Min, Lauria Vaz —}, 16/12/2010. © Dependeme eo wsuira na Lei 10:409°2002 (Nowa Let Anttxicas) ~ psi mundojurdico.adv.brisis ertigoslatigos.asp%odigo=72~ pub. Em 16.08.2005, Apelagdo n* 0030289-82.2009.8.26.0071 - Bauru - Varo N*4s00 ans ‘TRIBUNAL DE JUSTICA =a PODER JUDICIARIO. ° Sao Paulo Porém, ao ser interrogado mostrou-se lucido, tanto que ofertou justificativa para sua conduta, nfo fornecendo qualquer indicio de que inimputabilidade. Destaca-se que eventual dependéncia, ainda que configurada, nado repercutira ha responsabilizagdo do crime. Assim, nao ha que se falar em qualquer problema mental que afete sua capacidade de compreender 0 ilicito. Ademais, a afirmagéo de ser dependente nao basta para autorizar a instauragéo de inciderjte para verificagéo de sua sanidade mental, visto que no foi colhido nenhum elemento que pudesse confirmar a dependéncia alegada ou mesmo que esta dependéncia tivesse prejudicadd a capacidade de entendimento e de autodeterminagao. No mesmo sentido é a orientagao do Superior Tribunal de Justiga. “RECURSO ESPECIAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. TRAFICO, ASSOCIACAO E LAVAGEM E OCULTAGAO DE BENS E VALORES. INEPCI4 DA DENUNCIA N4O OCORRENCIA. ATIPICIDADE DA CONDUTA, SUMULA VST. REDUGAO DA PENA-BASE. IMPROCEDENCIA. SENTENCA CONDENATORIA. VALIDADE. Insuficiente a alegacdo de que o réu & dependente quimico para o deferimento da submissdo ao exame toxicolégico porquanto ao magistrado & facultado, diante das peculiaridades do caso, verificar a presenca de indicios outros a afastar a produgao de prova flagramemente desnecesséiria” ! Desta forma afasta-se a preliminar. Quanto ao roubo, o auto i apreensao e a prova oral, em especial as vitimas"’, que relat a subtragdo mediante grave ameaga, comprovam |a materialidade dos crimes. No tocante a autoria o réu Jean STI REsp 1192559/AL ~ re. " Fothas 160 ¢ 162. n. Og Femandes ~j.04/122012, Apetagdo n? 0030289-82.2009.8.26.0071 - Bauru - VOTO N® 6500 305 TRIBUNAL DE JUSTICA =Sn= PODER JUDICIARIO Sao Paulo Paulo”? confessou ter cometido o delito. Disse que o ee para quitar divida oriunda de aquisi¢&o de drogas para consui No dia dos fatos estava drogado. Foi ao lugar na companhia de mais trés pessoas. Afirmou que Everton ndo teve Participagao na empreitada criminosa. A confiss4o judicial isenta de vicios|e coacées, fornece elemento segurissimo de prova, que por si $6 serve de lastro a condenacdo, exceto se Provada sua insinceridade por outros elementos de convic¢ao, sem o quela Prova incriminatéria se apresenta sélida e robusta, autorizandola confirmagao do edito condenatério, visto que, como expliaa JULIO FABBRINI MIRABETE 13, “a confissdo livre, esponidnea e néio posta on ddivvida por qualquer elemento dos autos & suficiente para a condenacier maxige quando corroborada por outros elementos”. Destaca-se que se mostra indiferent a inten¢&o do autor ao realizar a confisso. De acordo com Q. T. DE CAMARGO ARANHA "4 “o que importa na confissao é a voluntariedade, sendo totalmente indiferente que 0 confitente haja ou néo desejado 0 efeil resultante do ato e que tenha ou ndo consciéneia desse efeito. Investiga-se apen se a confissdo foi feita sem erro ou coacao. O que se confessa é a autoria de m ato, que deve ser pessoal e priprio do confiteme, isto é, dizer-Ihe respeito. S$ havendo confissio, conhecida também, como a 'rainha das provas', quando 0 fa for desfavorivel ao confitente”. Ressalta FRANCESCO CARNELUCC! 1 Que “nao hd no processo penal uma prova mais preciosa do que o testemunho imputado. (...) O maior valor do testemunho do imputado esté certamente ni hipétese da confissdo, isto é, em sua admissiio do carter de réu.(...) Visto quu segundo a experiencia, é muito raro 0 caso em que uma pessoa invente faios e) prejuizo préprio, a confissdo sempre foi considerada, também em matéria civil, um, Prova segura; por isso, costuma-se chamé-la a rainka das provas” Acrescenta FERNANDO DA COSTA TOURINHO FILHO "© que: “considerada como regina probationum (raisha da Provas), nao é de se estranhar a fala de Ulpiano, no sentido de que ‘os qu confessam em juizo devem ser tides como julgados’ (In jusi confessi pro judicatid habetur)”. * Fothas 172 {1 Brocesso Penal tnierprotado ~7* ed, ~ 0 Paulo: Atlas~ 2000 ~p. 469, {{ Da Prova no Processo Penal ~Sio Paulo: Seraiva “p79, 1 Ligdes sobre © Processo Penal Vol. 1-1? e. - Bocksller Ed ~p. 312. '* Processo Penal ~ Vol. 33" ed. ~Bauru: Ed, Ialovt-p. 172 Apetagdo n® 0030289-82.2009.8.26.0071 - Bauru - VOTO N* 6500 605 TRIBUNAL DE JUSTICA = PODER JUDICIARIO Sao Paulo Porém, ha possibilidade de insinceridade na confissao judicial. Por isso afirma o mesmo doutrinador que “a experiéncia tem mostrado que & confissdo nao se pode, nem se deve, em principio, atribuir absoluto valor probatério. (...) para sua apreciacdo o juiz devpré confronté-la com as demais provas do proceso, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade ou discordancia’"”. Este é 0 entendimento atual em que, embora se reconhega a importancia da confissao judicial, seu valor devera ser analisado pelo juiz dentro de todo o contexto probatério, dada a necessidade da busca da verdade real pi embasar a condenagéo, um dos corolarios do Est Democratico de Direito. os Neste sentido, ja decidiu o |C. Superior Tribunal de Justiga: “PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. POSSE ILICITA DE ARMA, (1) IMPETRACAO SUBSTITUTIVA DE RECURSO ESPECIA: IMPROPRIEDADE DA VI ELEITA. (2) CONEISS4O. VALOR ABSOLUT OTIVADA \4Q SO NA CONFISSAO, ‘MAS, TAMBEM, NA APREENSAO DA ARMA E NA PALAVRA DOS POLICIAIS QUE PRENDERAM EM FLAGRANTE O PACIENTE. ILEGALIDADE PATENTE. AUSENCIA. No contexio do_Estado Democratico de Direito, nd Tan writer tarifario da prova. Assim, o juizo de certeza que deve embasar a condenagdo criminal lastreia-se no conjunto probatorio. Na espécie, além da confissio do paciente, militaram em seu desfavor @ apreensio da arma, além da palavra dos policiais que 0 prenderam em flagrante. Nao bastasse, de maneira analitica, a sentenga ainda cuidou de examinar a insubsisténcia da tese defensiva, de que 0 paciente teria se servido da arma para o eficaz exercicio profissional de transportador. Nesse contexto, tem-se por ‘motivada a sentenca condenatbria. Ordem néio conhecida” No mesmo sentido sao as decisdes do Pretério Excelso, que ha muito tempo vem adotando o mesmo entendimento. Ob. cit, STI —HIC 135326/SP ~ rol, Min. Maria Thereza de Assis Moura ~j, 04/12/2012. ‘Apelago n° 0030289-82.2009,8,26.0071 - Bauru - VOTO Ne 600 TRIBUNAL DE JUSTICA =Sn= PODER JUDICIARIO ‘Sao Paulo “CRIME CONTRA A SEGURANGA NACIONAL, @ Pi IPIO BASILAR DO PROCES >ENAL. HLEIRO E_Q_DO_LIVRE_CONVENCIMENTO, AS_CONFISSOES ICIAIS OU EXTRAJUDICIAIS_ VAI PELA ‘SINCERIDADE COM QUE SAO FEITAS OU VERDADES NELAS CONTIDAS. PRECEDENTES. RECURSO A QUE S! NEGA PROVIMENIO” ". “Recurso em Habeas Corpus recebido como Habeas Corpus. Principio do livre convencimento motivado do Juiz. Valoragio de provas. Confissdo. Principio do favor rei. 1. Recurso em habeas corpus, interposto contra acérddos jé transitados em julgado, que no observa os requisitos formais de regularidade iprovidos no artigo 310 do RISTF, mas que merece ser recebido como habeas corpus. 2. Nao constitui reexame de matéria fatico-probatsria a andlise, em cada caso concreto, da forca probante dos elementos de prova relatives a fatos incontroversos. 3. Vige em nosso sistema o principio do livre convencimenio motivado ou da persuasdo racional, segundo 0 qual compete ao Juiz da causa valorar com ampla liberdade os elementos de prova constantes dos autos, desde que 0 faca ‘motivadamente, com 0 que se permite a afericdo dos pardmetros de legalidade ¢ de razoabilidade adotados nessa operacdo intelectual. Ndo vigora mais entre nés o sistema das provas tarifadas, segundo 0 qual o legislador estabelecia ppreviamente 0 valor, a forga probante de cada meio de prova. 4, Tem-se, assim, que a confisséio do réu, quando desarménica com as demais provas do processo, deve ser valorada com reservas. Inteligéncia do artigo 197 do Cédigo de Processo Penal. 5. A sentenca absolutoria de 1° grau apontou motives robustos para por em divida a autoria do delito. Malgrado a confissdo havida, as demais provas dos autos sustentam, quando menos, a aplicagao do principio do favor rei. 6. Habeas corpus concedido" 2”. qualquer prova ou indicio que indique insinceridade, ficando patente a validade da confissdo realizada para lastrear o decreto condenatorio. No caso dos autos nao cao O apelante Everson?', por sua vez, negou ter praticado o roubo. Disse que recebeu um chamado/de 1» STF =RC 1259/RI ~rel. Min. Cordeiro Guerra ~j, 2008/1976. » STF RHC 91691/8P — rel. Min. Menezes Dieito~j. 19/02/2008. 2 Folhas 174 Apelaito n? 0030289-82.2009.8.26.0071 ~ Bauru - VOTO N 6500 835 TRIBUNAL DE JUSTICA =S= PODER JUDICIARIO = ‘Sao Paulo uma funcionaria de nome Luciana para se dirigir ao aeroportp, por volta das 20 horas e 45 minutos, Ficou do lado de fora 4° aeroporto, aguardando a pessoa que iria se utilizar do transporte de moto taxi, momento em ouviu tiros. Informou que trabalha sia empresa Moto taxi Vai Vai, ao lado do Correio e que a chamada esta registrada. Apesar da negativa do apelanfe Everson, a prova dos autos demonstra a saciedade a autoria do delito, As vitimas confirmaram a empreitada criminosa ao descreveram que foram rendidas no interior de sua residéncia por dois individuos, um deles encapuzado e armado. O ofendido José Carlos Ribeiro quando ouviu os gritos de socorro de sua esposa falava ao telefone com sua sobrinha. Aquele roubador encapuzado ficava aterrorizando o casal, dizendo que lhe cortariam os dedos das mos, caso ni encontrasse dinheiro na casa, momento em que os segurang do aeroporto se aproximaram do local dos fatos, os assaltant os levaram para o banheiro. Ficaram sabendo que o roubat encapuzado foi detido e mais outro que pilotava uma dé motocicletas utilizadas no crime. B&BaS descrita conduta que se adequa ao injusto penal, apontando pessoas que praticaram o delito, necessaria andlise do valor tal declaraco. @ Como, nos termos supra, hs A palavra da vitima tem grande relevancia, até porque 0 roubo é crime complexo que tem como objetividade juridica, como afirma Cezar Roberto Bitencourt2, |"o patriménio (posse, propriedade e detengiio), a exemplo do furto, a liberdade individual (quando praticado mediame grave ameaca) € a integridade fisicd e psiquica do ser humano" Como, nos termos supra, ficpu descrita conduta que se adequa ao injusto penal, apontantio quem o praticou, necesséria analise do valor de tal declarago, * Cédlige Penal Comemiado ~Sto Paulo: Saraiva 2002—p. 670, ‘Apelagiio n° 0030289-82.2009.8.26.0071 - Bauru - vOTO N* 6500 975 TRIBUNAL DE JUSTICA == PODER JUDICIARIO Sao Paulo de vitima, por ser objeto material do crime, ser levada pala paixao, ddio, ressentimento e emogdo, procurando narrar 0s fatos como lhe paregam convenientes. Alias, mesmo sem|a nitida intengao de prejudicar quem quer que seja, pode em fate da intensa comog&o decorrente do crime, desvirtuar os fatds, ainda que acredite que os narra com fidelidade. Neste sentido existe a Tovade pia Embora tal possibilidade mostre-ge possivel, nado se pode simplesmente descartar declaragao de vitima. Toda prova tem valor relativo e deve ser sopesada, visto 0 principio da persuasdo racional do Juiz Portanto, néo se pode excluir tao somente pela condig&o de vitima, sendo indispensavel a analige das circunstancias objetivas do fato para averiguar-se sua validade. Afirma Framarino de Malatesta® qi “para a avaliagéo completa do testemunho ndo basta considerar aquelas condigai pessoais que, mesmo fazendo absiragdo do depoimento concreto, fazem pensar ghe 4 testemunha se engana, ou queira enganar; isto basta, unicamente, do ponto vista da avaliagdo subjetiva, Mas, 0 testemunko, para ser bem avaliado, deve também ser considerado na sua forma e no seu contetido... A quem recebe depoimento, este se apresenta, pois, com formas exteriores mais ou menos varicivel Ora, como essas formas externas, segundo a sua natureza diversa, aumentam diminuem 0 valor probatério do testemunho, segue-se que cumpre considera também, para bem avalia-lo; quer dizer, cumpre considerar as exterioridades n quais, ou com as quais se desenvoive 0 testemunho” ?4 aed Por tais motivos a declaracao ap vitima sé deve ser vista com reservas quando verificar-se existéncia de incongruéncias. Desta forma nao ha que falar-se na validade da regra romana, inserida no Digesto®®, no sentido d Ue “nullus idoneus testis in re sua intelligitur’ 2,1 logica dele prove in materia eriminale ~1695 >. 2p. $9160, Jj $itade por EDUARDO ESPINOLA FILHO, in: Cidigo de Processo Penal Brasileiro Anotado ~ 6 Fd. -Rio Janeiro: tra Rio ~ 1980-v. 3p. 78 * Livro 22, th. VoL 1, ‘Apelago n” 0030289-82.2009,8,26.0071 - Bauru - voTO n 6s00 Tas TRIBUNAL DE JUSTICA =z- PODER JUDICIARIO Sado Paulo Tanto assim que Manzini?° afirma que “0 ofendido, seja ou ndo denunciante, querelante ou parte civil, tem plena capacidade testemunhal, ¢ torna-se, efetivamente, testemunha, para todas \as consequéncias de direito”. No caso dos autos nao se vislumbra incongruéncias, tanto que a declaragéo de vitima mostra-se segura e sem vislumbres de sofrer qualquer desvirtuamento ‘an face da comogao do crime ou eventual interesse em prejudicar|a pessoa acusada. Nestes termos, possivel o decreto condenatério lastreado tao somente em declaragéo de vitima, Posicionando-se neste sentido Souza Nucci?’ ao afirmar: “sustentamos poder a palavra isolada da vitima dar margem a condenagao do réu, desde que resistente e firme, além de harménica com as demais circunstancivs cothidas ao longo da instrugéio”. No mesmo sentido Eduardo Espinola Filho®® ao dizer: “quando nao ha imeresse, costuma-se dar muito apreco|é imputacao da vitima, apontando 0 autor do crime, que a feria’ Em crimes de roubo e furto, usualmente praticados de forma clandestina, a palavra da vitimg mostra-se altamente relevante, uma vez que na maioria d casos € a linica prova de autoria. Tourinho Filho? diz que relevantissima a palavra da vitima do crime. Assim, nagueles delitos clandesting ‘qui clam comittit solent’ ~ que se cometem Jonge dos olhares de testemunhas ~ Palavra da vitima é dle valor extraordinirio” Também Eduardo Espinola Filho defende o valor de depoimento da vitima nestes casos, relatand Que “existem muitos crimes cuja prova se torna impossivel, sem se dar um vale preponderante as informacoes da propria vitima”’ Por fim, destaca-se que alegacao de i diito processuale penal italiano secondo Hl nuovo Codice ~ 1932. 23 Codigo de Processo Penal Comentado ~ IIe. -Sbo Paulo: RT 2012 ~p, 463, 1 Gige de Processo Penal Anotado ed Mistrica~ Rio de Janeiro: Edtra Rio ~ 1980 —v. (Np, $8 2% Processo Penal ~ 3° ed, ~ Bauru: Falta Jalovi Ltda, “1977 -¥. It p. 18 Codigo de Processo Penal Anotado ed, Misti ~ Rio de Janeiro: Ediora Rio ~ 1980 ~v. tl ~p. 5, Apetaiio n° 0030289-82,2009.8.26.0071 - Bauru = VOTO N-6s00 Nas TRIBUNAL DE JUSTICA =Sn= PODER JUDICIARIO = Sao Paulo intengéo de vitima prejudicar inocente deve ser afastada He plano, visto que ela, mais do que ninguém, tem o interesse em acusar apenas 0 culpado, posto que agindo em sentido contrario levaria a impunidade daquele que a prejudicou. Como diz Eduardo Espinola Filho?! “seria inconcebivel a falsa acusacdo de um inocente, com o efeito mediato| de firmar a impunidade do agente culpado”. Neste sentido esclarece Framarino de Malatesta®?, que “a animosidade pelo ofensor nao pode ser considerada cdmo ‘motivo de suspeita contra 0 ofendido, quanto d designacdo do delinguerte| O ofendido, nessa sua qualidade, nao pode ter animosidade sendo contra o verdadeiro ofensor; e por isso dizer ao ofendido: - niio acreditamos na tua palavra indicaliva do delinguente, porque tu, como ofendido tens édio contra ele ~ é uma verdadeita e flagrante contradigdo; & reconhecer a verdade da indicagdo, querendo tolher-le a #é. Quando, pois, a aversdo contra o ofensor derivasse de causa estranha ao re 4 endo a razdo de suspeita ndo estaria mais na qualidade de ofendido, mas nd de inimigo, qualidade esta que, como vimos, expondo os critérios gerais em seu lugar, deprecia qualquer testemunho, mesmo de terceiro, € ndo tem que ver com) os motivos de suspeita particularmente inerentes & qualidade de ofendido, dos qhais ‘nos ocupamos aqui”. A jurisprudéncia do Superior Tribunal de Justi¢a confirma tal entendimento. “HABEAS CORPUS. ROUBO_CIRCUNSTANCIADO. NULIDADE NO ATO DE RECONHECIMENTO DO ACUSADO. SENTENCA CONDENATORIA. FRAGILIDADE DO CONJUNTO PROBATORIO. DECISAO QUE ENCONTRA APOIO EM OUTROS ELEMENTOS COLHIDOS SOB O CRIVO DO CONTRADITORIO. DECISAO FUNDAMENTADA. DEPOIMENTO DAS VITIMAS. CRIME COMETIDO NA CLANDESTINIDADE. MEIO DE PROVA IDONEO. PRINCIPIO. DO LIVRE _CONVENCIMENTO. ABSOLVICAO, NECESSIDADE DE REVOLVIMENTO APROFUNDADO DE MATERIA FATICO-PROBATORIA. IMPOSSIBILIDADE NA VIA ESTREITA DO WRIT. 1. A alegada fragilidade do conjunto probatério, a ensejar a pretendida absolvicdo, & questdo que demanda aprofundada andlise de provas, 0 que é vedado na via estreita do remédio constitucional, que possui rito célere ¢ desprovido de dilagéio probaiéria 2. De acordo com o entendimento desta Corte Superior, a 5 Cito de Prac Perl Aoed~ ol HR i Fir io 180->. “p59. | SLs ds proven mains 2 Sana 1p LB Apelagdo n? 0030289-82.2009.8.26.0071 - Bauru - VOTO N* 6500 123s TRIBUNAL DE JUSTICA es |= PODER JUDICIARIO Sao Paulo suposta inobservncia das formalidades previstas no art. 226 do Cédigo de Process Penal nao enseja nulidade do ato de reconhecimento do paciente em sede policial se 0 édito condenatorio esté fundamentado em idéneo conjunto fético probatério, produzido sob 0 crivo do contraditério, que asseste a autoria do ilicito ao paciente. 3. No processo penal brasileiro vigora 0 principio do livre convencimento, em que o julgador, desde que de forma Jfundamertada, pode decidir pela condenagdo, nao cabendo, na ‘angusta via do writ, o exame aprofundado de prova no intuito de reanalisar as razbes e motivos pelos quais as instéincias anteriores formaram convice@o pela prolacdo de deciséo repressiva em desfavor do paciente. imbora exisiam criticas acerca do valor das declaracdes Cr 10 of da. rriminosa, & certo que tal elemento de prova_é admitido para embasar 0 édito condenaisrio, mormente em casos nos quais a conduia delituosa € praticada na clandestinidade, desde que sopesada a credibilidade do deport conforme se verifi. ‘ori na hipstese” ¥ Desta forma, plenamente valida declaragao de vitima, Além disso, tem-se a palavra de u dos segurangas do aeroporto™ informando que, no dia dds fatos, a sobrinha das vitimas ligou pedindo para que se fosse|a casa daquelas averiguar o porqué de nao estarem respondendo as ligages telefénicas. Na companhia de seu irmao, que também € seguranga do aeroporto, sairam do prédio administragao do aeroporto rumo a residéncia das vitimas. Ao aproximarem do lugar viram dois rapazes cada um no guidao Sua motocicleta. Chegando a casa foi possivel ver duas pessoas estranhas correndo pela residéncia de um lado para o outr através da janela. Luiz Fernando foi para o fundo e seu ue deu-lhe cobertura. Ao ser visto por um dos assaltantes hou troca de tiros. Acabada a munigao, eles fugiram, um del acabou detido (o apelante Jean Paulo). Everson foi preso pelt Policial militar Fernando Ayoma Achiles que, em diligéncia pel local, 0 encontrou. Informou que ja havia visto 0 apelante Everto| 15 minutos antes do assalto no prédio do aeroporto. Ele qui saber se a lanchonete estaria aberta ou nao. 2'STF HC 162013 /SP rel, Min, Jorge Muss Folhas 167. Apelagao n® 0030289-82,.2009,8,26,0071 - Bauru = VoTON* 6500 1325) TRIBUNAL DE JUSTICA =Sz— PODER JUDICIARIO. Sao Paulo © apelante Everson foi reconhecido pelos segurangas aeroporto como sendo a pessoa que foi vista 15 minutos ante do assalto no prédio do aeroporto, querendo saber se lanchonete estaria aberta ou nao e, também, por té-lo visto ri companhia de outro roubador no caminho da casa dds administradores do aeroporto. Portanto, plenamente Cad @ autoria dos apelantes em relacdo a pratica do roubo descrit na denuncia. Assim vista a prova, verificou-se “ oo @ aD apossamento da res furtiva pelos outros roubadores qui conseguiram fugir. Dois deles ficaram por quase uma hot como noticiado pela ofendida Ana Lucia Zuaini Ribeiro®, er poder das vitimas, aterrorizando-as A Procura de dinheirg. Levaram duas correntes de ouro e a quantia de R$ aoak (cinquenta reais) da referida ofendida e uma corrente de ouro di José Carlos Ribeiro. Os bens nao foram recuperados. O crime consumou-se com We O roubo é crime complexo que tem como objetividade juridica, como afirma Cezar Robert Bitencourt®, “o patrimonio (posse, propriedade detengao). a exemplo do furt a liberdade individual (quando praticado mediame grave ameaga) e a integridadh Fisica e psiquica do ser humano” Também se mostra relevante o fat de que ele é crime de dano e material, exigindo, portanto, para sua consumagao, 0 resultado naturalistico que acarrete prejuizd efetivo a objetividade juridica protegida pelo roubo. Tradicionalmente 0 roubo proprio, entendia-se consumado quando apdés a violéncia ou grave) ameaca efetivas (decorrentes de resultado naturalistico que! acarreta dano a integridade fisica e Psiquica da vitima), o agente fetirava a res furtiva da esfera de vigilancia da vitima, caracterizando posse mansa, Pacifica e desvigiada (resultado naturalistico que acarreta dano a propriedade da vitima). SFolhas 160. * Céigo Penal Comentado ~ S40 Pavlo: Seraiva ~ 2002 ~ p. 670, Apelagtio n° 0030289-82.2009.8.26.0071 « Bauru - voro N*¢s00 as TRIBUNAL DE JUSTICA =Sz- PODER JUDICIARIO Sao Paulo Entretanto, corretamente, houve uma mudanga de paradigma. Uma vez que 0 roubo protege nao a propriedade, mas também a posse e detencdo, depois cessada a pratica da violéncia ou grave ameaga (resulta naturalistico que acarreta dano a integridade fisica e psiquica vitima), com o desapossamento (resultado naturalistico q acarreta dano a posse e detengao) cumpre-se os requisitos p que o crime se consume. ooD00R A atual jurisprudéncia do Superior Tribunal de Justiga é neste sentido. ‘HABEAS CORPUS. _ PENAL ROUBO__ SIMPLES. CONSUMAGAO. OCORRENCIA. DESNECESSARIA A POSSE MANSA E_ PACIFICA. CONFISS4O__ ESPONTANEA. RETRATACAO EM JUIZO. IRRELEVANCIA, PENA-BASE FIXADA "NO MINIMO LEGAL, CIRCUNSTANCIA ATENUANTE DESCONSIDERADA. SUMULA N.° 231 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICA. REGIME INICIAL FECHADO. — ILEGALIDADE. REGIME —_ABERTO. ADEQUAGAO AO PRECEITO CONTIDO NO ART. 33, 8§ 2.° E 3% CC. O ART, 59, AMBOS DO CODIGO PENAL. INCIDENCIA DA SUMULA N.° 440/STJ, HABEAS CORPUS PARCIALMENTE CONCEDIDO. 1. Considera-se consumado 0 crime de roubo no moment we 0 agente obtém a posse da res furtiva, ainda que ndo seia nsa_e_pacifiea_e/ou er do_policial, send prescindivel que 0 objeto do crime saia da esfera de vigiléncia davitima. Pri s do STJ ¢ do STE. 2. Se a confissdo esponténea do acusado foi uitizada para corroborar 0 acervo provatirio, embasando a condenacao, ‘mostra-se obrigatéria a atenuagdo da pena, a teor do art. 65, inciso Il, alinea d, do Cédigo Penal, ainda que tenha havido retratacdo em julzo. 3. Entretano, fixada a pena-base no minimo legal, nd incide @ atenuante da confissao espontanea, uma vez que, na esteira da jurisprudéncia pacifica deste Superior Tribunal de Justiga, cristalizada na Simula n.° 231, ‘a incidéncia da circunsténcia atenuante ndo pode conduzir a redugdo da pena abaixo do minimo legal’ 4. Fixada a pena-base no minimo legal, porque reconhecidas as circunstancias judiciais favordveis ao réu primério e de ons antecedemtes, nao & possivel infligir-the regime prisional Apelagio n° 0030289-82,2009.8,26.0071 - Bauru - VorON” 6500 sas TRIBUNAL DE JUSTICA =a— PODER JUDICIARIO Sao Paulo ‘mais gravoso apenas com base na gravidade genérica do delito ¢ consideragdes vagas. Inteligéncia do art. 33, §§ 2. 3.° cc @ art. 59, ambos do Cédigo Penal. Aplicacéo do enunciado n.° 440 da Stimula desta Corte 5. Ordem de habeas corpus parcialmente concedida para, mantida a condenagdo, estabelecer o regime inicial aberto, segundo condigdes a serem estabelecidas pelo Juizo das Execuges Penais, confirmando a liminar anteriormente deferida””, O Supremo Tribunal Federal tambem adota atualmente este entendimento. “HABEAS CORPUS. ROUBO CONSUMADO X FURTO TENTADO, SENTENGA PENAL CONDENATORIA. PEDIDO DE DESCLASSIFICACAO PARA 4 MODALIDADE TENTADA. AUSENCIA DE PLAUSIBILIDADE JURIDICA PRECEDENTES. HABEAS CORPUS DENEGADO. 1. Néo se comprova a presenca de constrangimento ilegal a ferir direito do Paciente nem ilegalidade ou abuso de poder a ensejar a concessiio da presente ordem de habeas corpus. 2. E firme a Jurisprudéncia deste Supremo Tribunal no sentido de que, para a-consumacdo do crime de roubo, hasta a verificacdo de que, cessada a clandestinidade ou a violéncia_o agente tenha tido a rsse do objeto do delito, ainda que retomado, em seguida, pela perseguicdo imediata 3. Habeas corpus denegado #8. Logo, no caso dos autos, 0 crime deu- se na modalidade consumada. Demonstrada a causa de aumento de pena prevista no artigo 157, § 2°, inciso |, do Cédigo Penal pela Prova oral, de maneira que mesmo nao apreendida existe proya concreta do seu valor vuinerante, ou seja, a existéncia de troca de tiros com os segurangas do aeroporto, relatada na prova oral. Além do que, vem sendo reconhecida a causa de aumento mesmo quando a arma nao é apreendit ora porque existe outra prova de sua capacidade vulnerante, o1 porque esta decorre da distribuigao do énus de Prova, sendo desnecessaria a realizagao de exame pericial para comprovar ‘210833/SP rel, Min. Lauria Vaz), 197022013 98162/SP —rel. Min, Cirmen Licia~j 06/03/20 ‘Apelago n* 0030289-82.2009.8.26.0071 - Bauru = voTO Ne 5s00 1635 —_ TRIBUNAL DE JUSTICA == PODER JUDICIARIO Sao Paulo sua idoneidade Por isso preconiza Guilherme |de Souza Nucci ®: “(..) para a configuraeio da causa de aumento (wilizacaid de arma), bastam elementos convincentes extraidos dos autos, ainda que a arma ho seja apreendida” Destaca-se ser principio geral de direito que ninguém pode favorecer-se da propria torpeza. ficando patente a autoria. Em nao sendo o objeto utilizado arma. mas réplica, brinquedo ou mesmo arma quebrada, incumbial a defesa afastar a alegagéo de vitima ou testemun! ja, apresentando o objeto utilizado, nos termos do artigo 156 do Cédigo de Processo Penal. Ora, foi narrado 0 emprego de ama Em sentido contrario, além de ser desconsiderado elemento de Prova produzido pela acusagao,| a parte acusada que teria utilizado a arma e posteriormente| a escondido, teria vantagem da sua conduta torpe. Neste sentido 6 a orientagéo do E. ‘Superior Tribunal de Justiga: wa a incidéncia da majorante prevista ho art, 157, § 2% T, do Cédigo Penal, ndo ha a necessidade de apreensao da armd submissdo a pericia. Em tais hipoteses, 0 efetivo emprego do artefato pode ser comprovado por outros meios, tais como as declaracaes da vitima ou depoimerto de testemunhas” ©. “Nao obstante a auséncia de apreensdo e pericia no artefato bélico observou-se a existéncia de um conjunto probatério que permitin ao julgador formar conviccdo no sentido da sua efetiva uilizacao, devendo ser mantida a majorante descrita no ineiso I, do § 2°, do art. 157 do Cédigo Penal” “AGRAVO REGIMENTAL, RECURSO ESPECIAL. ROUBO. CAUSA DE AUMENTO. ART. 157, § 2°. | DO CODIGO PENAL. USO DE ARMA DE FOGO, APREENSAO. PERICIA DESNECESSIDADE. PROVA TESTEMUNHAL. SUFICIENCIA. POTENCIALIDADE LESIVA. ONUS DA ‘digo Penal Comentada ~

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