Professional Documents
Culture Documents
Aula 03
Aula 03
No setor público, o termo empreendedor também vem sendo difundido. Isso vem
ocorrendo principalmente no âmbito das instituições, ou seja, definindo o que
seria uma instituição empreendedora.
Segundo Ted Gaebler e David Osborne: “Naturalmente, o fato de que não se pode
governar como quem dirige uma empresa não quer dizer que o governo não
possa tornar-se mais empreendedor. Qualquer instituição, pública ou privada,
pode ser empreendedora, assim como qualquer instituição, pública ou privada,
pode ser burocrática.”
É possível gerar competitividade, inclusive entre entidades públicas. Vejamos o
que cita Gaebler:
Identificação
Decisão de
da Implementação Crescimento
oportunidade avançar
Governança e Accountability
As partes interessadas (stakeholders) em uma empesa/entidade pública são os
acionistas da empresa, os clientes, os funcionários, etc. Indivíduos e organizações
ativamente envolvidos no negócio em si, cujos interesses são afetados (positiva
ou negativamente) por ele, ou que exercem influência sobre o mesmo. Pode
abarcar, também, atores externos, como fornecedores, agências
governamentais, comunidades afetadas pelo projeto e a sociedade em geral.
É para os stakeholders que as empresas trabalham. Principalmente o stakeholder
acionistas/fundadores em empresas privadas ou o stakeholder cidadão nos
órgãos e entidades públicas.
Podemos fazer a seguinte separação:
Stakeholders primários (fundamentais para as atividades da
organização, afetando e sendo afetados diretamente): fornecedores,
clientes, acionistas, empregados; públicos (comunidades, governo).
Stakeholders secundários (há influência, mas os agentes não estão
necessariamente dedicados): mídia, entidades de classe, sindicatos.
E o que a governança tem a ver com isso? Vamos entender esse conceito
também?
Segundo Michael Hitt, a governança é “o conjunto de estratégias para
administrar a relação entre os acionistas, que é utilizado para determinar
e controlar a direção estratégica e o desempenho das organizações.”
Tudo que se relaciona com a boa administração da empresa visando o interesse
dos stakeholders (partes interessadas) é considerado governança corporativa.
Dentro desse contexto temos a teoria da agência. O que é isso? À medida que
as empresas crescem, os donos e acionistas precisam delegar a
administração a um terceiro, a um agente. Esse agente irá administrar o
negócio.
O problema é que o agente pode estar interessado em atender os seus interesses,
deixando de lado os interesses dos acionistas. Esse é o problema do agency
(agência).
Em busca da harmonia nessas relações, são estabelecidas forças de controle,
classificadas em externas e internas.
Participação
Transparência
Responsabilidade
Equidade/Inclusão
Efetividade e eficiência
auditor pelo auditado, uma vez que aquele é uma pessoa alheia aos
acontecimentos da empresa.
Conselho fiscal: órgão fiscalizador dos atos de gestão administrativa,
protegendo os interesses da empresa e dos seus acionistas.
Comitê de Auditoria: órgão vinculado ao Conselho de Administração, que
tem como funções:
o Supervisionar a integridade e qualidade das práticas contábeis e seus
demonstrativos.
o Verificar a conformidade dos atos da administração.
o Orientar as relações da empresa com os analistas, o mercado e os
investidores.
o Levantamento e análise de “riscos vitais”.
Quem mora em condomínio sabe muito bem que esses três mecanismos são
muito comuns para auxiliar no controle da atuação do síndico. O síndico é um
agente que toma conta do patrimônio dos proprietários do condomínio. Ele recebe
a “confiança” de todos ou da maioria para poder administrar algo em prol da
coletividade.
Governança Participativa: governança que envolve canais institucionalizados
de participação da sociedade civil, como o orçamento participativo. Trata-se de
um processo de cogestão, com democracia direta atuando junto com a
democracia representativa.
Governança Eletrônica (e-governance): envolve o uso de meios eletrônicos
que promovem a interação entre governantes e governados. O dadosgov é um
exemplo disso. Trata-se de um ambiente com dados abertos para consulta da
população. Esse e-governance funciona como um incremento para a governança
corporativa.
Accountability: é a obrigação que um órgão/entidade possui de prestar contas
dos resultados obtidos, em função das responsabilidades que decorrem de uma
delegação de poder.
Para Tinoco:
Mudanças Institucionais
Falamos um pouco sobre isso nas aulas 0 e 1. Vamos fazer um
complemento.
Pluralismo/Ouvidoria
As ouvidorias, também chamadas de ombudsman, são espaços de diálogo entre
órgãos e cidadãos ou empresas e clientes. Por meio de ouvidorias que as
empresas conseguem ouvir de fato seus clientes e obter subsídios para melhoria
de processos e produtos. O cidadão, por sua vez, utiliza a ouvidoria de um órgão
público para obter informações ou fazer reclamações sobre serviços prestados.
Assim como na iniciativa privada, esse diálogo deve servir de subsídio para a
melhoria do serviço prestado pela Administração Pública.
A ouvidoria tem o importante papel de equilibrar forças. Sem esses canais de
comunicação, o cliente ou o cidadão não conseguem fazer valer seus direitos.
As ouvidorias são canais presentes nos órgãos. O trabalho dessas áreas é receber
demandas, dúvidas, reclamações e sugestões de cidadãos. Após o recebimento,
a dúvida, por exemplo, é encaminhada ao setor competente. A partir daí o
trabalho da ouvidoria é acompanhar a solução do problema que surgiu a partir
da ligação do cidadão.
informação;
VI - disponibilidade: qualidade da informação que pode ser conhecida e utilizada
por indivíduos, equipamentos ou sistemas autorizados;
VII - autenticidade: qualidade da informação que tenha sido produzida, expedida,
recebida ou modificada por determinado indivíduo, equipamento ou sistema;
VIII - integridade: qualidade da informação não modificada, inclusive quanto à
origem, trânsito e destino;
IX - primariedade: qualidade da informação coletada na fonte, com o máximo de
detalhamento possível, sem modificações.
Cidadania
Vamos começar pela definição de cidadão: “Indivíduo no gozo dos direitos civis e
políticos de um Estado”.
Por muito tempo, a palavra cidadania não era comum dentro das empresas. O
homem era visto como uma máquina, como um mero recurso, que deveria ser
eficiente, produtivo a qualquer custo.
Hoje, mesmo que a passos não tão largos assim, essa ideia vem sofrendo
alterações. Do momento em que as empresas perceberam que o homem é o fator
de competitividade no mercado, novas preocupações surgiram.
Temas voltados ao ser humano passaram a ter importância dentro de uma
organização. Assim, assuntos como valores, éticas, emoções, qualidade de vida
e cidadania ganharam destaque. A razão disso, como falamos, é a necessidade
de cuidar do bem mais precioso de uma empresa: o homem.
Voltando ao conceito de cidadão, que remete ao exercício de direitos, podemos
dizer que a cidadania nas empresas e nos órgãos públicos vai ao encontro (a
favor) da participação das pessoas nas decisões tomadas.
Assim, ao fazerem parte daquilo que realmente importa nas empresas e nos
órgãos, os indivíduos passam a se sentirem mais responsáveis pelo que estão
fazendo. A consequência desse comprometimento é um melhor trabalho
desempenhado pelas pessoas, podendo gerar resultados mais qualificados.
Dentro do setor público, temos vários exemplos da crescente participação da
sociedade nas decisões do Estado. As audiências públicas são um exemplo desse
relacionamento.
Alguns temas que são discutidos no âmbito dos Poderes (Executivo, Judiciário e
Legislativo) são trazidos para discussão antes de qualquer tomada de decisão.
Assim, quando há um projeto de lei em discussão que carece desse debate devido
à repercussão que o assunto possui, a realização das audiências é fundamental.
Um excelente exemplo dessas audiências é o que ocorreu recentemente na
Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, em que se discutia a educação.
Com um discurso simples, direto e carregado de importantes verdades, uma
professora da rede pública expôs os reais problemas da educação, vivenciados
por ela em sua rotina de trabalho.
Outra evidência da crescente participação da sociedade nos rumos do país. Após
a veiculação na internet de vídeos do Ministério da Educação que seriam
mostrados a alunos da rede pública, a repercussão da sociedade com relação ao
conteúdo fez com que o Governo suspendesse a distribuição do material.
Os vídeos, que trazem uma importante mensagem acerca do combate à
homofobia, acabaram ficando bastante “fortes” para a distribuição em escolas. A
partir desse problema, uma diretriz foi lançada, como se pode perceber nas
palavras do Ministro da Secretaria Geral: “qualquer material sobre costumes será
feito a partir de consultas mias amplas à sociedade”.
Outro aspecto que evidencia a cidadania nas decisões estatais é o orçamento. O
modelo inicial de orçamento que o Estado utilizava era um mero documento
contábil que apenas listava receitas e despesas.
Posteriormente, esse orçamento evoluiu, chegando ao orçamento-programa, em
que a preocupação com os resultados e as realizações para a sociedade passou
a ser o foco. Além disso, esse orçamento mais evoluído trouxe uma estreita
relação entre o planejamento e o orçamento.
Mais recentemente, entrou em cena a figura do orçamento participativo, em que
a população é contemplada no processo decisório, por meio de lideranças ou
audiências públicas.
Nesse tipo de orçamento, os Poderes Executivo e Legislativo são co-participantes
na elaboração dos orçamentos. Um ponto fundamental é a transparência dos
critérios e informações que nortearão as decisões. Isso é claro, já que, ao
pluripartidário brasileiro, uma vez que o governo precisa fazer sua maioria
negociando com diferentes atores. O clientelismo associa-se ao patrimonialismo.
No clientelismo, existe sempre um patrão e um cliente, podendo envolver
também a troca do voto por empregos públicos.
Temos também o fisiologismo, que se caracteriza pela prática de ações de
burocratas/políticos para satisfação de interesses particulares.
Questões
1) (CESPE SPU 2014) Governabilidade refere-se à responsabilidade da
administração pública na prestação de contas.
Esse é o conceito de accountability.
Gabarito: E
2) (CESPE TCU 2011) Governança trata do aperfeiçoamento dos conflitos
de interesses presentes em determinada sociedade quando se trata de
defender interesses.
Esse é o conceito de governabilidade, que envolve questões políticas, conflitos de
interesse.
Gabarito: E
3) (CESPE TCU 2011) Entre outros aspectos, a governança trata das
condições sistêmicas sob as quais se dá o exercício de poder em
determinada sociedade.
Exercício do poder também é uma questão de governabilidade.
A governabilidade relaciona-se com questões políticas. Enquanto a governança
refere-se a finanças, a recursos e à administração, a governabilidade guarda
relação com as condições políticas para exercer a gestão. Exemplo claro é a
problemática que tem o poder executivo para governar tendo que depender do
poder legislativo para aprovação das matérias de interesse.
Gabarito: E
4) (CESPE EBC 2011) Governança e governabilidade são conceitos
distintos, contudo fortemente relacionados, até mesmo,
Gabarito: C
12) (CESPE TRT 10ª 2013) Aproximando-se do modelo tradicional
burocrático, o governo empreendedor visa estimular a ação e a parceria
da sociedade, exercendo forte controle sobre a economia.
O controle sobre a economia deve diminuir no contexto gerencial do
empreendedorismo.
Gabarito: E
13) (CESPE ANAC 2012) Os avanços tecnológicos têm gerado
ferramentas mais acessíveis que incentivam o controle social e
demandam novos aplicativos, no âmbito do governo eletrônico.
Perfeito. Quanto mais sistemas de informação, sites de governo, etc, melhor a
transparência e o controle social.
Gabarito: C
14) (CESPE SPU 2014) Os conselhos de políticas municipais são
instâncias de participação popular que se equiparam aos órgãos
executivos, o que lhes permite por em prática as ações que propõem.
Os conselhos são meramente opinativos. Os órgãos do poder executivo
continuam com o poder de decisão exclusivo.
Gabarito: E
Vejamos questões de outras bancas.
15) (CS-UFG UFG 2015) O termo intraempreendedor representa aquele
que, dentro da organização, assume a responsabilidade de promover a
inovação de qualquer tipo, a qualquer momento, em qualquer lugar na
empresa. O intraempreendedor deve ter competências que devem gerar
habilidades. A habilidade para realizar as atividades funcionais de uma
organização e entender o seu funcionamento como um todo corresponde
à competência de
a) conhecimento do produto.
b) setor.
c) negócio.
d) liderança.
Exercícios Trabalhados
1) (CESPE SPU 2014) Governabilidade refere-se à responsabilidade da
administração pública na prestação de contas.
2) (CESPE TCU 2011) Governança trata do aperfeiçoamento dos conflitos de
interesses presentes em determinada sociedade quando se trata de defender
interesses.
3) (CESPE TCU 2011) Entre outros aspectos, a governança trata das condições
sistêmicas sob as quais se dá o exercício de poder em determinada sociedade.
4) (CESPE EBC 2011) Governança e governabilidade são conceitos distintos,
contudo fortemente relacionados, até mesmo, complementares. O primeiro
sociedade.
b) o reconhecimento que tem uma ordem política, dependente das crenças e das
opiniões subjetivas, e seus princípios são justificações do direito de mandar.
c) o conjunto de mecanismos e procedimentos que levam os decisores
governamentais a prestarem contas dos resultados de suas ações, garantindo-se
maior transparência e a exposição das políticas públicas.
d) a capacidade do governo de representar os interesses de suas próprias
instituições.
e) a aquisição e centralização de poder do setor público na administração das
agências, por meio dos princípios de governança corporativa do setor privado.
21) (CESGRANRIO PETROBRÁS 2010) A Governança Corporativa tem como um
dos seus pilares a constituição e o funcionamento de um Conselho de
Administração. Uma das melhores práticas de Governança Corporativa, vinculada
ao Conselho de Administração, é a
a) criação de um comitê de auditoria.
b) elaboração de um Manual de Procedimentos Internos.
c) aplicação de um sistema de árvore funcional.
d) separação das funções de presidente do Conselho e executivo chefe.
e) criação de um sistema de avaliação de desempenho justo e transparente.
22) (CESGRANRIO PETROBRÁS 2010) Lei Sarbanes-Oxley promoveu ampla
regulação na vida corporativa, fundamentada nas boas práticas de governança
corporativa. Seus focos são quatro valores ou princípios: compliance,
accountability, disclosure e fairness. A constituição de um comitê de auditoria
para acompanhar a atuação dos auditores e dos números da companhia está
vinculada aos princípios de
a) compliance e disculosure.
b) compliance e fairness.
c) apenas accountabilitty.
d) apenas compliance.
e) disclosure e fairness.
Gabarito:
1) E 2) E 3) E 4) E 5) E 6) C 7) X
8) E 9) E 10) C 11) C 12) E 13) C 14) E
15) C 16) A 17) D 18) C 19) C 20) C 21) D
22) C 23) B 24) E 25) E 26) C 27) C 28) E
29) C 30) C 31) E 32) C 33) C