You are on page 1of 7
151122017 Lizg6s Presidéncia da Republica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juridicos LEIN® 42.965, DE 23 DE ABRIL DE 201: Missnda Estabelece principios, garantia, direitos e deveres para o Uso da Internet no Brasil Reaulamento ‘APRESIDENTA DA REPUBLICA Fago saber que o Congreso Nacional decreta ¢ eu sanciono a seguinte Lei CAPITULO | DISPOSICOES PRELIMINARES Ant. 12 Esta Lei estabelece principios, garantias, direitos © deveres para 0 uso da internet no Brasil e determina as diretrizes para atuagao da Unido, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios em relagao a matéria Art. 22 A disciplina do uso da internet no Brasil tem como fundamento o respeito a liberdade de expresso, bem ‘come: 1-0 reconhecimento da escala mundial da rede; 11-08 direitos humanos, o desenvolvimento da personalidade e o exercicio da cidadania em meios digitais; Ill-a pluralidade e a diversidade; IV- a abertura e a colaboracao; \V - a livre iniciatva, a livre concorréncia e a defesa do consumidor; © VI-a finalidade social da rede. ‘Art. 22 A disciplina do uso da internet no Brasil tem os seguintes principios: | - garantia da liberdade de expresséo, comunicagao e manifestagao de pensamento, nos termos da Constituigao Federal; Il- protegao da privacidade; IIl- proteco dos dados pessoais, na forma da lei; IV- preservagdo e garantia da neutralidade de rede; \V - preservacdo da estabilidade, seguranca e funcionalidade da rede, por meio de medidas técnicas compativeis ‘com os padrées internacionals e pelo estimulo ao uso de boas praticas; VI- responsabilizacao dos agentes de acordo com suas atividades, nos termos da lel; VII- preservacao da natureza participativa da rede; VIII - liberdade dos modelos de negécios promovidos na intemet, desde que nao confltem com os demais principios estabelecidos nesta Lé Pardgrafo Unico, Os principios expressos nesta Lei nao excluem outros prevists no ordenamento juridico patrio relacionados a matéria ou nos tratados internacionais em que a Republica Federativa do Brasil seja parte, At 42 A disciplina do uso da internet no Brasil tem por objativo a promogao: 1 do direlto de acesso a internet a todos; Il - do acesso & informagéo, ao conhecimento e a participagéo na vida cultural e na condugéo dos assuntos publicos; IiL- da inovacao e do fomento a ampla difusdo de novas tecnologias © modelos de uso @ acesso; © IV = da adeséo a padrées tecnolégicos abertos que permitam a comunicagao, a acessibilidade e a interoperabilidade entre aplicagdes e bases de dados. hitp/wwaplanatto,gowbriccivl_03Y_ato2011-2014/20146i112965.him 18 151122017 Lizg6s Art, 52 Para os efeitos desta Lei, considera-se: | - internet: 0 sistema constituido do conjunto de protocolos légicos, estruturado em escala mundial para uso PUblico @ irrestrito, com a finalidade de possibilitar a comunicagao de dados entre terminais por meio de diferentes redes; II-terminal: 0 computador ou qualquer dispositive que se conecte a intemet; IIl- enderego de protocolo de intemet (enderego IP): 0 cédigo atribu'do a um terminal de uma rede para permitir ‘sua identiicagdo, definido segundo parémetros intemacionais; IV - administrador de sistema autdnomo: a pessoa fisica ou juridica que administra blocos de endereco IP ‘especificos @ o respectivo sistema auténomo de roteamento, devidamente cadastrada no ente nacional responsavel pelo registro e distribuigao de enderegos IP geograficamente referentes ao Pais; \V - conexao a internet: a habilitago de um terminal para envio recebimento de pacotes de dados pela internet, mediante a atribuigdo ou autenticagao de um enderego IP; VI- registro de conexao: 0 conjunto de informagoes referentes & data e hora de inicio e término de uma conexao a internet, sua duragdo e o endereco IP utilizado pelo terminal para o envio e recebimento de pacotes de dados; VII - aplicagées de internet: 0 conjunto de funcionalidades que podem ser acessadas por meio de um terminal conectado a intemet; @ VIII - registros de acesso a aplicagées de internet: 0 conjunto de informagées referentes a data e hora de uso de uma determinada aplicagao de internet a partir de um determinado enderego IP. ‘Art. 62 Na interpretagao desta Lei serao levados em conta, além dos fundamentos, principios © objetivos previstos, a natureza da internet, seus usos e costumes particulares e sua importancia para a promogao do desenvolvimento humano, econémico, social e cultural. CAPITULO II DOS DIREITOS E GARANTIAS DOS USUARIOS Art. 72 0 acesso & intemet & essencial ao exercicio da cidadania, e ao usudrio so assegurados os seguintes direitos: | - inviolabitidade da intimidade e da vida privada, sua protegao e indenizagao pelo dano material ou moral decorrente de sua violacdo; II inviolabilidade e sigilo do fluxo de suas comunicagGes pela internet, salvo por ordem judicial, na forma da lei IIL-inviolabilidade e sigilo de suas comunicagées privadas armazenadas, salvo por ordem judicial; IV- nao suspensao da conexao a internet, salvo por débito diretamente decorrente de sua utilizagao; \V - manutengao da qualidade contratada da conexo a internet; VI - informagées claras e completas constantes dos contratos de prestagio de servigos, com detalhamento sobre © regime de protecao aos registros de conexao e aos registros de acesso a aplicagées de internet, bem como sobre praticas de gerenciamento da rede que possam afetar sua qualidade; VII - nao fornecimento a terceiros de seus dados pessoals, inclusive registros de conexdo, ¢ de acesso a aplicagdes de internet, salvo mediante consentimento livre, expresso @ informado ou nas hipéteses previstas em lei; VIII - informagGes claras completas sobre coleta, uso, armazenamento, tratamento @ protegao de sous dados Pessoais, que somente poderdo ser utiizados para finalidades que’ a) justifiquem sua coleta; b) nao sejam vedadas pela legislagao; © ©) estejam especificadas nos contratos de prestacao de servigos ou em termos de uso de aplicagées de internet; IX = consentimento expresso sobre coleta, uso, armazenamento @ tratamento de dados pessoais, que devera ‘ovorrer de forma destacada das demais cléusulas contratuais; X = exclusdo definitiva dos dados pessoais que tiver fornecido a determinada aplicagéo de internet, a seu equerimento, ao término da relagao entre as partes, ressalvadas as hipéteses de guarda obrigatéria de registros previstas nesta Lei; XI - publicidade e clareza de eventuais politicas de uso dos provedores de conexdo & internet e de aplicagées de internet; hitp/wwaplanatto,gowbriccivl_03Y_ato2011-2014/20146i112965.him 218 151122017 Lizg6s XIl - acessibilidade, consideradas as caracteristicas fisico-motoras, perceptivas, sensors, intelectuais e mentais do usuatio, nos termos da lei; e XIll - aplicagao das normas de protecdo e defesa do consumidor nas relagdes de consumo realizadas na internet. Art. 82 A garantia do direito a privacidade e a liberdade de expresso nas comunicagées é condigao para o pleno exercicio do direito de acesso a internet. Paragrafo Unico, Sao nulas de pleno direito as cldusulas contratuais que violem o disposto no caput, tals como aquelas que: | - Impliquem ofensa a inviolabilidade e ao sigllo das comunicagées privadas, pela internet; ou Il - em contrato de adesdo, no oferegam como alternativa ao contratante a adogao do foro brasileiro para solugao de controvérsias decorrentes de servigos prestados no Brasil CAPITULO Ill DA PROVISAO DE CONEXAO E DE APLICAGOES DE INTERNET Secaol Da Noutralidade de Rede Art. 92 O responsavel pela transmisso, comutago ou roteamento tem o dever de tratar de forma isonémica ‘quaisquer pacotes de dados, sem distingdo por contetido, origem e destino, servigo, terminal ou aplicagao. § 12A discriminagSo ou degradacao do tréfego seré regulamentada nos termos das atribuigses privativas do Presidente da Reptblica previstas no inciso IV do art. 84 da Consiituicdo Federal, para a fel execugao desta Lei, ouvidos ‘© Comité Gestor da Intemet e a Agéncia Nacional de Telecomunicagdes, ¢ somente podera decorrer de: | - requisitos técnicos indispensaveis a prestagao adequada dos servigos e aplicagées; e II- priorizagao de servigos de emergéncia. § 22 Na hipétese de discriminagdo ou degradacao do tréfego prevista no § 12, o responsavel mencionado no ‘caput deve: | - abster-se de causar dano aos usudrios, na forma do art, 927 da Lei n® 10.41 Cédigo Civi; II agir com proporcionalidade, transparéncia e isonomia; IIL - informar previamente de modo transparente, claro e suficientemente descritivo aos seus usuarios sobre as pralicas de gerenciamento e mitigagao de trfego adotadas, inclusive as relacionadas & seguranga da rede; € IV - oferecer servigos em condigées comerciais ndo discriminatérias e abster-se de praticar condutas anticoncorrenciais. § 32 Na provisdo de conexdo @ intemet, onerosa ou gratuita, bem como na transmissao, comutacao ou roteamento, é vedado bloquear, monitorar, fitrar ou analisar o contetido dos pacotes de dados, respeitado o disposto neste artigo. Segao Il Da Protecio aos Registros, aos Dados Pesso: e as Comunicagées Privadas Art. 10. A guarda e a disponibilizagao dos registros de conexdo e de acesso a aplicagées de intemet de que trata esta Lei, bem como de dados pessoais do contetido de comunicagées privadas, devem atender a preservagao da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das partes direta ou indiretamente envolvidas. § 12 0 provedor responsavel pela guarda somente serd obrigado a disponibilizar os registros mencionados no caput, de forma auténoma ou associados a dados pessoais ou a outras informagées que possam contribuir para a identificagdo do usuario ou do terminal, mediante ordem judicial, na forma do disposto na Segdo IV deste Capitulo, respeitado 0 disposto no art. 72 § 22 0 contetido das comunicagées privadas somente poderé ser disponibilizado mediante ordem judicial, nas hipoteses e na forma que alei estabelecer, respeitado o disposto nos incisos Ile Ill do art. 72. § 320 disposto no caput nao impede o acesso aos dados cadastrais que informem qualficagao pessoal, fiagao © ‘enderego, na forma da lei, pelas autoridades administrativas que detenham competéncia legal para a sua requisi¢ao. hitptwwaplanatto,gowbricciv_03Y_ato2011-2074/20 46i112965,him 318 151122017 Lizg6s § 42 As medidas @ os procedimentos de seguranca @ de sigilo devem ser informados pelo responsavel pela proviso de servicos de forma clara e atender a padrdes definidos em regulamento, respeitado seu direlto de confidencialidade quanto a segredos empresariais. Ar. 11. Em qualquer operago de coleta, armazenamento, guarda e tratamento de registros, de dados pessoais ‘ou de comunicagdes por provedores de conexao e de aplicagdes de intemet em que pelo menos um desses atos ocorra ‘em territério nacional, deverao ser obrigatoriamente respeltados a legislacao brasileira e os direitos a privacidade, & protegao dos dados pessoais e ao sigilo das comunicagées privadas e dos registros, § 120 disposto no caput aplica-se aos dados coletados em territério nacional ¢ ao contelido das comunicagées, desde que pelo menos um dos terminais esteja localizado no Brasil § 22 0 disposto no caput aplica-se mesmo que as alividades sejam realizadas por pessoa juridica sediada no exterior, desde que oferte servigo ao piiblico brasileiro ou pelo menos uma integrante do mesmo grupo econdmico possua estabelecimento no Brasil § 32 Os provedores de conexdo e de aplicages de intemet deverdo prestar, na forma da regulamentagao, informag6es que permitam a verificagao quanto ao cumprimento da legislagao brasileira referente & coleta, & quarda, a0 armazenamento ou ao tratamento de dados, bem como quanto ao respeito & privacidade e ao sigilo de comunicagdes. § 42 Decreto regulamentaré o procedimento para apuragao de infragées ao disposto neste artigo. Art. 12. Sem prejuizo das demais sangSes civeis, criminais ou administrativas, as infragdes as normas previstas nos arts. 10 ¢ 11 ficam sujeitas, conforme o caso, as Seguintes sangGes, aplicadas de forma isolada ou cumulativa: | - adverténcia, com indicagao de prazo para adogao de medidas corretivas; Il - multa de até 10% (dez por cento) do faturamento do grupo econémico no Brasil no seu ultimo exercicio, excluidos os tributos, considerados a condigéo econémica do infrator e 0 principio da proporcionalidade entre a gravidade da falta e a intensidade da sanco; Iil- suspenso tempordria das atividades que envolvam os atos previstos no art. 11; ou IV- proibigéo de exercicio das atividades que envolvam os atos previstos no art. 11 Paragrafo tinico. Tratando-se de empresa estrangeira, responde solidariamente pelo pagamento da multa de que trata o caput sua filial, sucursal, escritério ou estabelecimento situado no Pais. Subsegao! Da Guarda de Registros de Conexao Art. 13, Na proviséio de conexao a internet, cabe ao administrador de sistema auténomo respectivo o dever de manter os registros de conexo, sob sigilo, em ambiente controlado e de seguranga, pelo prazo de 1 (um) ano, nos termos do regulamento. § 12, responsabilidade pela manutengo dos registros de conexdo nao poderd ser transferida a terceiros. § 22, autoridade policial ou administrativa ou o Ministério Publico podera requerer cautelarmente que os registros de conexéo sejam guardados por prazo superior ao previsto no caput. § 32 Na hipétese do § 2%, a autoridade requerente terd 0 prazo de 60 (sessenta) dias, contados a partir do requerimento, para ingressar com’ pedido de autorizagao judicial de acesso aos registros previstos no caput. § 42 0 provedor responsdvel pela quarda dos registros devera manter sigilo em relacdo a0 requerimento previsto no § 22, que perderd sua eficdcia caso 0 pedido de autorizagao judicial seja indeferido ou nao tenha sido protocolado no prazo previsto no § 32. § 52 Em qualquer hipétese, a disponibilizagao ao requerente dos registros de que trata este artigo deverd ser precedida de autorizacao judicial, conforme disposto na Secao IV deste Capitulo. § 62 Na aplicagao de sangdes pelo descumprimento ao disposto neste artigo, seréo considerados a natureza ea gravidade da infragdo, os danos dela resultantes, eventual vantagem auferida pelo infrator, as circunstancias agravantes, 0s antecedentes do infrator e a reincidéncia, Da Guarda de Registros de Acesso a Aplicacées de Internet na Provisao de Conexéo Art. 14, Na provisdo de conexdo, onerosa ou gratuita, 6 vedado guardar os registros de acesso a aplicagoes de internet hitp/wwapanatto,gowbriccivl_03Y_ato2011-2074/20146i112965.him 48 151122017 Lizg6s Subsegao Ill Da Guarda de Registros de Acesso a Aplicagées de Internet na Provisdo de Aplicagées Art. 15. O provedor de aplicagdes de internet constituldo na forma de pessoa juridica e que exerca essa atividade de forma organizada, profissionalmente e com fins econémicos deveré manter os respectivos registros de acesso a aplicacdes de internet, sob sigilo, em ambiente controlado e de seguranga, pelo prazo de 6 (seis) meses, nos termos do regulamento. § 12 Ordem judicial poderé obrigar, por tempo certo, os provedores de aplicacdes de intemet que nao esto sujeitos ao disposto no caput a quardarem registros de acesso a aplicagdes de internet, desde que se trate de ragistros relativos a fatos especiticos em periodo determinado. § 22 A auloridade policial ow administrativa ou 0 Ministério Publico poderdo requerer cautelarmente a qualquer provedor de aplicagdes de intemet que os registros de acesso a aplicagdes de internet sejam guardados, inclusive por prazo superior ao previsto no caput, observado o disposto nos §§ 32 42 do art. 13. § 32 Em qualquer hipétese, a disponibilizagao ao requerente dos registros de que trata este artigo devera ser precedida de autorizacao judicial, conforme disposto na Segao IV deste Capitulo. § 42. Na aplicagdo de sangdes pelo descumprimento ao disposto neste artigo, seréo considerados a natureza e a

You might also like