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BACIA DO PARANA Pedro Victor ZALAN Gedlogo pela UFR) (1977) MSS. ¢ Ph.D. em Geologia pels Marco Antonio Mendonga ASTOLFI Geblogo pela UNB (1977) DEPEX/NEXPAR/SEINT — Curitiba/PR Colorado Schoo! of Mines, EUA (1988) RASPETRO/GEREX -1 — Rio de Janeiro/RI Inés Santos VIEIRA en ee Gestoga pela UFRI (1980) Gedlogo pela UFPR (1977) DEPEX/DIRSUL/SESUL — Rio de Janciro/R) DEPEX/NEXPAR/SEINT — Curitiba/PR Valéria Tiriba APPL Joao Claudio de Jesus CONCEIGAO Gebloga pela USP (1979) “Mestre em Sensoriamento Remoto pelo INPE (1984) (CENPES/DIVEX/SETEC — Rio de Janciro/R) Geétogo pela UFR) (1977) CENPES/DIVEX/SETEC — Rio de Janeiro/Ri Airton MARQUES Osmar Anténio ZANOTTO Geblogo pela UFPR (1978) Geéogo pela UFPR (1979) DEPEX/NEXPAR/SEINT — Curitba/PR DEPEX/NEXPARSEINT — Cut ABSTRACT “The Parand basin was established in the Late Ordovician/Early Silurian over continental crust of the recently assembled Gondwana supercontinent. Thermal subsidence due to cooling of large hot areas that had been affected by metamorphism, plutonism and deformation during the Brasiliano/an-African orogenic event, constituted the initial driving mechanism. ‘The tectonic-sedimentary evolution of the basin consisted, in the Paleozoic, of the deposition of three transgressive-rearessive sedimentary sequences (Silurian, Devonian, Permo-Carboniferous) strongly influenced by glaciation, sea level changes and intraplate stresses derived from Andean orogenies. Du= fing the Mesozoic the basin evolved via deposition of two major continental sedimentary sequences (Ciiassic, Juro-Cretaceous) strongly influenced by climate, mantle-rlated thermal anomalies and stresses derived from the rupture between South America and Africa. The first four sequences are predomi- antly sificiclastic in nature, while the fifth contains the most voluminous basaltic lava flows of the planet, They are separated by basinwide unconformities and were deposited during three main phases bf subsidence (Silurian-Devonian, Late Carboniferous-Permian, Late Jurassic-Early Cretaceous), each being interpreted as representing distinct basins in time and space. “The structural framework of the Parana basin consists of a remarkable pattern of criss-crossing linear features (faults, fault zones, arches) clustered into three major groups (N4S°-65°W, N50°-70°E, EW), The northwest and northeast-trending faults are long-lived tectonic elements inherited from the Precambrian basement whose recurrent activity throughout the Phanerozoic strongly influenced sedi- ‘De RAJA GABAGLIA, GP. e MILANI, E.J, (Coords,). 1990. Origem ¢ Evolucéo de Bacias Sedimentares. PETROBRAS. 135 mentation, facies distribution, and development of structures in the basin. The E-W trends were mostly developed during the breakup of Gondwana There are two major exploratory plays for hydrocarbons in the basin; one for oil, the other for gas and condensate. A third play, of the deep tight gas sands type, is hypothesized for the deepest parts of the basin. Evidences for the existence of petroleum in the basin are plentiful, and are known since the last century. Discovery of significant quantities of hydrocarbon in the Parana basin is only a matter of time and persistence. 1 — INTRODUCGAO Bacia do Parana, siricto sensu, € uma vasta bacia intracraténica sul-americana, desenvolvida completamente sobre crosta continental, ¢ preenchida por sedimentares ¢ vulcdnicas, cujas ide des variam entre 0 Sil 10 eo Cretaceo. Abrange uma area de cerca de_1.400.000km:, estendendo- se pelo Brasil (1-100,000km'), Paraguai (100.000km"), Uruguai (100.000km’) e Argentina (100.000km:) (Figura 1). A extensao ocidental argentina, conhecida como Bacia Chaco-Parand, apresenta uma evo- lucao eolégica diferente, muito mais ligada ao ambiente de antepais andino do que intracrat6nico. Ela nao serd tratada neste estudo. "8 Bacia do Parana ocupa a parte meridional do Brasil, a metade oriental do Paraguai, a reside mesopotimica da Argentina ¢ a metade ocidental do Uruguai. Ela possui um formato alongado na diregdo NNE-SSO (1.750km de comprimento), com uma largura média de 900km. Dois tergos da por {a0 brasileira (734.000km:) so cobertos por derrames de lava baséltica, que podem atingir até 1.700m je espessura. A espessura maxima de rochas sedimentares e vulednicas gira em torno de 8.000m, no centro geométrico da bacia (Figura 2). Um terco da superficie da bacia é representado por um cinturdo de afloramentos em toro da capa de lavas, onde podem ser observados os diversos pacotes sedimenta- res que preenchem a bacia. © seu nome deriva do Rio Parand, que corre paralelo ao seu eixo maior, numa direg4o NE-SO, por cerca de 1.500km, até defletir numa direcao E-O, cruzando o Arco de Assun- ‘cao ¢ formando a fronteira entre 0 Paraguai ¢ a Argentina jo ’ ‘O conjunto de rochas sedimentares ¢ vulednicas que constituem a superposigao de pacotes depositados, no minimo, em trés diferentes ambient da dindmica de placas que "a evolucao do Gondwana no.tempo geoldgico. Por isso, seus limi- es foram muito varidveis no tempo, sendo que a configuracao atual nao retrata com nitidez aquilo que jd foi um grande mar, diretamente conectado com 0 Oceano Pacifico paleozéico, e-cobrindo uma aMtensa area do continente gondwanico, hoje fragmentado em varios pedagos (América do Sul, Africa, Antartica, Madagascar, Australia e India). ‘Os limites atuais da bacia podem ser de mera natureza erosional ou de origem tectdnica (grandes arcos ou soerguimentos). No primeiro caso, os sedimentos simplesmente afinam ou sdo suavemente afinados por eroséo, sem a interferéncia de qualquer atividade tectOnica maior. Isso aparenta ser 0 ca- jo da borda nordeste da bacia, entre a zona de falha Guapiara e o Arco de Goidnia-Alto Paranatba (Figura 3). O limite noroeste da bacia é o cinturdo de dobramentos do Paragual-Araguaia, de idade Pré-Cambriano Superior/Ordoviciano, 0 qual, provavelmente, agiu como barreira topografica para @ sedimentagao. ‘0 segundo caso, isto é, erosio decorrente de aco de grandes arcos ou soerguimentos, é 0 mais comum., A borda oeste da bacia ¢ representada pelo Arco de Assungao, que é uma extensa flexura de ‘embasamento, com direcdo N-S, que atravessa 0 Paraguai ¢ a parte ocidental do estado do Mato Gros So do Sul, no Brasil (Figura 3). Essa feigao foi criada no inicio da histéria da Bacia do Parana, prova velmente no Eodevoniano, como resposta flexural da crosta aos primeiros movimentos orogénicos da nargem ocidental da América do Sul. Ao serem empurrados e empilhados, 0s pacotes de rocha da margem _ omverzente da América do Sul geraram um arco flexural situado mais ao interior do continents. Sua ‘Mocalizagao presente € uma resposta aos eventos orogénicos do Mesozdico/Cenozdico, sendo que seu ‘gino deve ter migrado com o tempo, provavelmente de oeste para leste. Esta deve ser a razao da suave ‘ssimetria da Bacia do Parana, com um flanco ocidental mais “abrupto’’ (I°-4°, préximo ao Arco de 136 708 er 50° a oo ee : ~S AS Venezu 70 ye é an o— Gael | ——« ew we ‘ BRASILIA (Sau vaooR Bouivia en 20° 20° \ CHILE! 20 eee Fig. | — Mapa de localizacao da Bacia do Parand na América do Sul. Location map of Parand basin, South America >). jgFloriandpolis 200 km _—_— 124 mi =] AFLORAMENTOS DE :] ROCHAS SEDIMENTARES 7} coocaruRa vances Mapa de espessura total do preenchimento da Bacia igneas posordovicianas). Fig. 2— do Parana (sedimentos ¢ rochas lckness of Parana bssin fill (post. Ordovician sedimentary and igneous rock). ‘Map showing the total th Fig. 3 — Mapa do arcabouco estrutural da Bacia do Parana. ‘A bacia € dominada por elementos tectOnicos lineares que se ‘orientam em trés diregdes principais: NO-SE, NE-SO e E-O. ‘Apenas 0s mais importantes sio mostrados aqui. Com diego NO: 1 — Arco do Alto Paranaiba; 2 — Flexura de Goifinia; 3 — Baixo de Ipiagu/Campina Verde; 4 — Alio de Cardoso. 3, = Zona de falha se Guapiara 6 = Falha d 0; = i ite bie a Fon Gir So tae aie Ceiba, Ta ‘Alga: U— 2 a Cindido de Abreu-Campo Max: io; 17 Lineamento do Rio Piquirs 13 — Zona de falha Co- ado/"14 — Sinclnal de Torres, 18 — Arco do Rio Grande. Com tires NE: 16 — Zona de falha Tansbrasiiano (também co- ‘hes por Lineamento Transbrasiiino) 17 — Lineamento de Aracatuba; 1 Fala de Guaxupé: 19 20 Zona de fala de axaquara; 21 (otti.22— Za de aa Bien Slade 29 — Fs ido Leto; 24 — Falha de Agotea. Com Diregio E-O: 25 — Lineamento de Cassiandia; 26 — Lineamento Moji-Guagu- Dourados: 27 — Lineamento de Sao Sebastito; 28 — Linea- mento de Taquara Verde; 29 — Lineamento de Bento Goneal- Nes, A unica estrutura importante com diregio NS € 0 Arco {de Assungdo (30).0 Domo de Araguainha (31) €um dos maio- res astroblemas conhesidos do mundo. Map showing structural framework of Parané basin. The ‘basin is dominated by linear tectonic elements oriented in three iain directions: NW-SE, NE-SW and E-W. Only the most im- ‘portant ones are shown here. In NW direction: 1 ~ Upper Pa- ‘ranaiba arch; 2— Goldnia Nexure; 3 — Lower Ipiagu/Campina Verde; 4 — Alto de Cardoso; §— Guapiara fault zone; 6 — Santo Anastacio fault 10 Jerdnima/Curiuva fault; 8 — Ponta Grossa arch; 9 — Curltiba/Maringd fault zone; 10 — ‘Alonzo River fault; 11 — Candido de Abreu/Campo Mourio fault zone; 12 — Piquiti River lineament; 13 — Cagador fault ‘zone; 14 — Torres syncline; IS — Rio Grande Arch. In NE direc tion: 16 — Transbraziian fault zone (also known as Transbra 2ilian lineament); 17 — Aracatuba lineament; 18 ~ Guexupe fault; 19— Jacutinga fault: 20 — Taxaguara fault 21 — Lanci- rnha/Cubatdo fault zone; 2? — Blumenau/Soledade fault 20° ‘ne; 23 — Leio fault; 24— Agotea fault. In EW direction: 2° — Cassiléndia fault: 26 — Moji-Guacu/Dourados lineament; 27 — Sio Sebastito lineament; 28 — Taquara Verde lineament: 29 —Bemio Gongalves lineament; The only importan struct re in the NS direction is the Assungao arch (30). The ‘Araguainha dome (31) is one of the largest known astrobleme in the world 139 ‘Assungdo) € um flanco oriental mais suave (0,5*-1°). O Arco de Assuncao estende-se em subsuperficie pela Argentina, acompanhando, aproximadamente, 0 Rio Parana, até a regido de Rio de la Plata, @ partir do qual nao pode mais ser rastreado para o sul. 'O time norte da bacia é o Arco de Goifinia/Alio Paranaiba, com diregio NO-SE, que é outra fe- ura crustal com forte resposta aeromagnetométrica, a0 longo da qual foram intrudidos varios cor Dos aatinos ¢ kimberliticos. Outros dois arcos de direcao NO sao de extrema importancia na configurara0 ie Basia do Parana (Figura 3). O Arco de Ponta Grossariou uma notdvel eentrancia.na Borde. Ori tal da b; rand, enguanio que o Arco do Rio Grande originou uma. entrancia simi- Tar no estado do Rio Grande do Sul. Todos estes ?P ressGh “NO 80, provavelmente, expressoes de antigas eprofundas falhas, especialmente os Arcos de Goiania/Alto Paranaiba ¢ Ponta Grossa, ._Ambos tm {espostas aeromagnetométricas expressivas, ic au a presenga de espess0s diques de diabisio derivados do maifo, 05 quaisferian sido 0% alimentadores dos derrames meso26)cos O seu paralelis > mo em torno da direcdd N5S°O ¢ uma ‘clara indicacdo da sua origem tectnica, esta ¢ uma das gs ais impatient ‘Seu desenvolvimento com- pleto teve lugar no Mesozdico. Os estudos efetuados nao descartam, entretanto, a interprewcdo ae relaciona estes arcos a sostas flexurais da crosta 4 sobrecarga dos sedimentos s Houve outro evento tectonico influente nos limites orientais da bacia, 0 soerguimento- da Serra do Mar, Ele se iniciou, aproximadamente, no fiuroniano} prosseguindo até épocas recentes, tendo.afe- {ado toda a regio sudeste do Brasil (caracteizada por elevagBes que recebem o nome gection de Serra do Mar), € sendo derivado de pulsos tectOnicos recorrentes (Bacoccoli ¢ Aranha, 1984). Este efeito € facilmente deduzido a partir do limite ‘erosional das isopacas de lavas ¢ pela observa¢ao das diferentes ‘elevacGes dos derrames de lavas nos estados do Parana e Santa Catarina (proximo de 1.000m) e Rio Grande do Sul, no eixo do sinclinal de Torres (ao nivel do mar). A causa deste soerguimento © PONEO compreendida, mas parece estar relacionada a separaco entre a ‘América do Sul e a Africa. Qualquer, tentativa de explicé-lo tem de levar em conta 0 telacionamento temporal entre o seu inicio (Turoniano) ‘© a fase rifte da rupwura continental. (135-115. Ma), “wane ann /| fs oe ‘Os primeiros trabalhos cientificos ‘sobre a Bacia do Parana remontam ao século passado. Desde entdo, milhares de trabalhos sobre sua geologia foram publicados por ‘Orgaos técnicos publicos esta- duais ¢ federais, universidades, companhias de mineracdo € petrdleo, pesquisadores etc. A Bacia do Pastng éa mais bem estudada das bacias intracratOnicas brasileias, especialmente no tocante & sua superficie. Tal fato é devido a varias condigées favoraveis, tais como a auséncia de vegetacao densa, excelentes afloramentos (varias escarpas) ¢ a sua localizagao, proxima a regiao mais desenvolvida do Brasil. ‘Em relagdo ao seu tamanho, a Bacia do Parand é extremamente pobre em recursos minerals. Registram-se ocorréncias de carvao em depésitos deltaicos permianos, gemas em geodos das lavas, agua de aqiliferos edlicos jurdssicos, além de poucas rochas carbonaticas permianas. Estes sao dé‘linicos re- cursos minerais explorados hoje em dia. Existe, ainda, uma certa produgao de diamantes em alguns locais da bacia. Os indicios de éleo em afloramentos sao numerosos, especialmente nas partes leste € sudeste da bacia. Os arenitos asfalticos dos estados de ‘S40 Paulo (regido de Anhembi) e de Santa Catarina (Barra Nova) sfio famosos, apesar de apresentarem modestas reservas. Muitos indicios foram Teportados nas minas de carvao (arenitos da Formagao Rio Bonito), nas escavacdes das usinas hidrelétricas (derrames de basalto) ¢ em pedreiras (soleiras ¢ diques de diabasio fraturados); assim como em diversas pocos exploratérios para hidrocarbonetos. |Existem quatro descobertas ‘subcomerciais de gas e duas subco- merciais de dleo. Também ocorrem significativas reservas de folhelhos betuminosos (Formacao Irati), ue constituem 0 principal e mais rico gerador da bacia. Encontra-se em fu ncionamento, no Parana, ‘ima usina-piloto que extrai, em pequena escala, 0 dleo desses folhelhos betuminosos. Grandes s°e% _favoraveis para a geracdo de leo pela Formacao Irati ¢ gas pela Formacao Ponta Grossa foram delim, s para hidrocarbonetos nos arenitos das for- .adas pela jica. Sdo encontrados bons reservat6rios Sig ¢ ltararé. A descoberta de quantidades comerciais de hidrocarboneios ‘magies Rio Bonito, Pirambdi Farece ser uma questdo de tempo € persisténcia, aliados & evolucdo dos conhecimentos acerce da bacia ¢ aos avangos tecnoldgicos na aquisigdo de dados. Pretende-se aqui apresentar uma visio integrada da evolucdo geolégica da entidade que, present mente, constitui a Bacia do Parana. No desvendamento de tal histéria, o preenchimento sedimentar 140 ¢ 0 elemento mais importante, pois nele esto impressos os registros dos ambientes sedimentares que prevaleceram na dtea, dos diversos climas vigentes, das osclages de'nivel do mar, eda evolusto nce, altos sntrapetsolou temporalmente varias discordancias ¢, em especial, a distribuigio de depocentros, alos intrabasinais, dreas-fonte ¢, conseqiientemente, as ficies sedimentares. Deformacoes vmacnees 2 Gs stile cstrutural complexo concentradas em areas restrtas, em vez de pervasivamenteafetarem eran es regibes da bacia, refletem uma histéria deformacional tipica de bacias intracratOnicas, has quais antigas zonas de falha e intrusdes igneas desempenham papel fundamental. Il — EMBASAMENTO. < rochas sedimentares da Bacia do Parana foram depositadas sobre uma vasta area de e. "-So-cntio recim-construido continente do Gondwana. Tal supercontinenie era, entao, composto de va- Fos niicleos crat6nicos (ferrenos granuliticos e de granitos-“greenstones"), rodeados por variex care, res méveis orogénicos (rochas metassedimentares dobradas e empurradas, granitos ¢falias ac shoe fateeamente remobilizadas) e dispersamente cobertos por remanescentes de bacias de aniepais, de 2 yszamaléssica, todos formados durante o ciclo Brasiliano (Proterozbico Superior a Ordovielano) ~~ -Esieciclo — comhecido na Africa como orogenia Pan-A\fricana — foi um importante evento tecency, magmdtico. durante 0.quala colisio de diversos nicleos craténicos, junto-com seus prismias sediiner, tares adjacentes, levou a formacao do Gondwana, A deformagao decorrente deste ciclo teve inicio a 200-050 Ma (Proterozdico Superion), senso que a maior parte da granitosénese sitions eno limite eng ite 0 Proteros ‘0 Faneraz6i Ma), enquanto o resfriamento ocorreu_no Cambro- Ordoviciano (500-4: O embasamento aflorante que bordeja a Bacia do Parana é constituido por: a) margem lest, su deste — dois cinturdes méveis brasilianos principais, com diregao NE (faixas Dom Feliciano'¢ Ribeira), Separados por uni hiicleo crat6nico (Rio de La Plaia/Luiz Alves); b) margem norte/nordeste — um cinturdo mével principal, de idade Proter fozdico Médio, com diregao NO (Faixe Uruagu, 1.000-1.200 Ma), edois macicos de rochas crstalinas do Arqueano, remobilizados durante o cielo Bracihens (maci- Gos de Guaxupé ¢ de Golds), que representam o embasaiento aflorante das rochas metassedine marcy pupuerozéicas, ocorrentes nos cinturdes de dobramento; ¢) margem oeste/noroeste — umn einturae ne, vel Brincipal (faixa de dobramentos Paraguai-Araguaia) que parte do Paraguaie atravessa, com diregao feral N-S, toda margem ocidental da bacia, defletindo bruscamente para ENE-OSO nee proximidades 0 paralelo 14%, delimitando a borda do extremo norte da bacia (Figura 4) © embasamento da Bacia do Parand foi estado, em certo detalhe, por Cordani er al (1984Y; usando dlados de pocos que atingiram a sesao pré-siluriana, Este estudo advoga a existencia de un nts cra {Gnico no centro da bacia, ao redor do qual se desenvolveram os cinturdes méveis, Nesta ares nic enaee fina coberiura gravimétrica para confirmar esta hipétese, mas ela aparenta ser muito plausivel. Une mapa tentativo da geologia subjacente a bacia é apresentado na Figura 4 Até agora, nao ha indicag6és da existencia de um rifte central inicial que estivesse associado a ori- fem € 20 desenvolvimento da Bacia do Paran. E verdade que nao existe, praticamente, nenhure on bertura gravimétrica na maior parte da bacia, contudo nenhuma das outrae fertamentes de investiga- 40 (geromagnetc ‘0s, mapas de isépacas, trabalhos de campo ete.) fornece qualquer indiea sao segura da presenga desse rfte. Tal hipdtese, entretanio, no pode ainda ser deseartade. ‘Linhas sis micas le seflevi rcentes na pate mais cena da hava (ém Mosttada teflesoes olga . Profundidade, sua origem deve ser investigada. A origem da Bacia do Parana deve estar, de aleum ~ modo, selacionada ao fim. do ciclo Brasiliana {Neo-Ordoviciano) gue deixou exposto um expressivo volume “aquecido”” de crosta continental recém-agrupada. Provavelmente. Subseqiiente arrefecimen-,\ Lo.dos esforcos, untamente com o “‘esfriamento”’ da crosta, foram. suficientes para iniciar a subsidén- herd eniOr Parte da evolugdo estratigréfica-cstrutural da Bacia do Parané foi controlada por trendes Y herdados desse embasamento, Tal conjunto de cratons efaixas moveis contém um surpreendente panea, ode Zonas de fraqueza, as quais cruzam o embasamento, partindo-o em centenas de mepabloces, blo, | 05 sub-blocos (Figura 3), num padrao similar aquele descrito no Canad, por Sanford etal (1985) > 4 Assungao, CINTUROES DE DOBRAMENTOS FALHAMENTOS DE IDADE BRASILIANA, DEPOSITOS MOLASSICOS DE IDADE BRASILIANA Fig. 4 — Mapa tentative da eeotogia do embasamento da Bs cia do Parana Tentative map of basement geology of Parané basin. \i/ Estas zonas de fraqueza preexistentes seriam as principais dissipadoras dos esforcos intraplaca, perm tindo, 20 longo delas, movimentagdes de blocos tanto verticais quanto horizontais. Tais movimento nao teriam sido de grande escala, mas suficientes para influenciar as mudancas e distribuicdes de facie \gedimentares, bem como originar deformacées localizadas. i ‘O histograma de lineamentos obtidos através de estudos aéromagnetométricos indica nitidariente suicdo bimodal das zonas de fraqueza (Figura 5).JOs lineamentas NE sao claramente deriva- ‘cinturdes méveis Brasifianos, que afloram nas margens leste e sudeste da Bacia do Parana, p ‘tstendendo-se sob ela através da sua porgao meridional. Esses lineamentos também sfio proeminentes ta parte noroeste da bacia, numa clara influéncia da faixa Paraguai-Araguaia, assim como do linea- © mento Transbrasiliano (Figura 3). "A origem dos lineamentos NO é mais nebulosa. Contudo, varias evidéncias indicam que eles se- jam, pelo menos, t2o antigos quanto os lineamentos NE, de idade Brasiliana; provavelmente, até mais + SSS). velhos{A orientagio NO-SE da faixa Uruacu (mais antiga que o Brasiliano) ¢ uma desras edencias x Ribeiro (1980) concluiu por uma idade Arqueana para as estruturas lineares com direcdo N50°O, pre~ Ne sentes nas massas rochosas transamaz6nicas (1.900-2,000 Ma) remanescentes nos terrenos pré-cambrianos Go extremo sul do Brasil. Davino et al. (1982) concluiram também por uma idade Arqueana para os lineamentos NO da parte nordeste da bacia.—-p 90% ‘Uma compreensdo mais acurade'do arcabouco estrutural do embasamento é de uma importancia fundamental na interpretagao correta da evolucio estratigrafica-estrutural da bacia, Isso também se cestende para todas as demais bacias intracrat6nicas do mundo, Numa area intraplaca, distante de even tos tecténicos capazes de causar grandes distiirbios ou gerar novos trendes tectOnicos,a atividade tect: hhica estd basicamente restrita as reativacdes de falhamentos do embasamento. Este € mecanismo atra: [Edo qual os esforcos intraplaca, criados pelas movimentagdes das placas e dos eventos orogenéticos ins delas, so dissipados. O estilo estrutural prevalecente durante a vida de uma associados as mai Dacia ini esis ' saat pelas movimentacdes verticals € horizontais dos blocos limitados or fall tituem o emba: Tejeitos ao longo das falhas sao da ordem de poucag Tentenas de metros para Os componentes verticais ¢ de poucos quilémetros para os componentes J ‘A estratigrafia da Bacia do Parana consiste, basicamente, de cinco seqiiéncias depisicionais prin- cipais, que variam, em idade, do Ordoviciano ao Cretaceo. A Figura 6 apresenta a coluna cronoestrat\ Suifica da bacia e sua correlagio com os eventos tectSnicos e magmaticos que afetaram a América do Sul durante o Fanerozdico. E importante frisar que 0 preenchimento sedimemtar da baci € predomi- pantemente siliciclastico, sendo capeado pelo mais volumoso derrame de lavas basdlticas sobre crosta ! | Continental da Terra. Camadas de caleério, finas ¢ isoladas, ocorrem apenas no Permiano Superior, gtingindo volume representativo na Formacdo Irati, no tergo norte da bacia, Sao conhecidas também \. Georrénctas isoladas dejevaporitos (anidrita) na Forma¢ao Irati. Tudo isso reflete a localizacao da placa I Sul-americana (nto; parte do Gondwana) em latitudes bem meridionais durante o Paleozdico, a0 con- rari dos bem conhecidos e significativos depésitos carbonaticos e evaporiticos dos atuais continentes do hemisfério norte, 0s quais, naquela época, estavam situados em latitudes equatoriais. ‘A primeira coluna estratigrafica da bacia foi estabelecida por White (1908), e desde entio surgiram , dezenas de colunas diferentes, bem como nomes para séris, grupos, formacdes, membros ¢ facies. Dentre os trabalhos recentes mais sigificativos podem ser citados Sanford ¢ Lange (1960), Daemon ¢ Quadros (2969), Northfleet (1969), Schneider er a. (1974), Almeida (1980), Soares ¢” al. (1974), Filiaro ¢t al. (1982), Gama Jr. etal, (1982), Zalén eta. (1987) ¢ Franga ¢ Potter (1988). Centenas de trabalhos pode- vam ver listados aqui, cada umn promovendo uum pequeno progresso — e freqiiemtemente confusio — no entendimento da eolucdo estratigrafica da Bacia do Parana. o eNjo se pretende aqui apresentar uma evolucao do conhecimento através da bibliografin extent nem dacutit variacdes faciol6gicas em areas diminutas. A coluna aqui apresentada é aquels utilizada 143 Fig. 5 — Diagrama em roseca das extensdes de lineamentos, ob- tido a partir de levantamentos aeromagnetoméiticos na bacia Podem ser observades dois grupos de wendes principais: NO-SE (N45*-65°0) ¢ NE-SO (NSO°-70°E). Um terceito tende, su bordinado, alonga-se segundo E-O (N85°-95%O), Rosette diagram of lineament extensions, obtained from ae- ‘romagnetomeiric surveys in the basin, Two main tread groups ‘an be seen: NW-SE (N45°65°W) and NE-SW (NSO°-70°E}. A third trend, subordinate, lies in an E-W (NSS*9S°W) NiveL_]_EVENTOS CRONO Sse LITOESTRATIGRAFIA "Wl D0 MAR [TECTONICOS ; os CRETACEO = Oo, aE WAS FM Sémna cera 4, 0A SULATLANTICO JURASSICO : FM.-BOTUCATU SSSA PRE-RIFTE ie Fivenenana lz PERMIANO |=} | le OROGENT lz > | rasbiteeclans CARBONIFERO PR ORESL LS | TROGENA DEVONIANO : SOnERENIANA L aaa a SILURIANO | oe EM RIO VAT ORDOVICIANO | Fig. 6 — Coluna cronolitoestratigrifica de Bacia do Parand ‘mostrando a distribuigdo temporal e espacial das principais uni dades litolégicas numa seqdo hipotética SSE-NNO. Também es- to ilustrados os eventos tecténicos que afetaram a evolugdo da bacia, bem como uma curva tentativa da variacio do nivel do ‘mar associado &s Seqiiéncias Paleozdicas. (Chronolithostratographie column in Parana basin showing temporal and spatial distribution of main lithological unis in 4 hypothetical SSE-NNW section. Also shown are tectonic evens that have affected basin evolution, as well as a tentative curve involving sealeve! variation associated with Paleozoic sequen- 144 pelos exploracionistas da PETROBRAS na busca de hidrocarbonetos. As divisoes litoestratigraficas ne Ja apresentadas so de carater ¢ utilidade regional, santo em trabalhos de subsuperficie como de super- ficie, também fornecendo as mais significativas evidéncias no que tange a evolugao tectono-estratigrafica a bacia. { ‘A estratigrafia aqui apresentada é, praticamente, a compilagao de todos os trabalhos citados aci- ma, com énfase especial ao de Schneider et al. (1974). As principais contribuigdes incluem o reconheci- mento e subdivisdo da Seqiiéncia Siluriana na bacia (Zalan e1 al, 1987) ¢ estabelecimento de impor- {antes discordancias regionais como contatos entre algumas fornacdes, A maioria dessas discordan- cias pode ser relacionada aos principais eventos tectOnicos que afetaram a placa sul-americana. As mo- dificagdes menores, as referéncias bibliograficas especificas, ¢ a descrigao individualizada das unidades litoestratigréficas podem ser encontradas em Zalan ef al. (1986) 'As cinco seqiéncias deposicionais aqui relatadas sdo pacotes de rochas limitados por discordan- cias de escala bacial, cada um consistindo de uma ou mais unidades litoestratigraficas formais. Essas seqiiéncias no correspondem exatamente & definigao de Sloss (1963), porque algumas das discordan- cias ndo apresentam carter inter-regional (nao podem ser reconhecidas em todas as bacias cratGnicas brasileiras). Elas também nao coincidem exatamente com as seqiiéncias deposicionais de Mitchum ef ‘al, (1977), por terem sido primariamente determinadas pelos tipos de rochas ¢ discordancias ¢ nao pelas relacdes fisicas dos estratos. Algumas delas nfo podem ser individualizadas em segdes sismicas sem controle de poco. Além disso, nem todas as seqiiéncias representam uma sucesso previsivel de rochas, depositadas durante um ciclo global ou regional de mudanga relativa do nivel do mar. As seqiiéncias do Tridssico ¢ Juro-Cretaceo so depésitos continentais controlados unicamente por tectonismo. As seqiiéncias aqui descritas correspondem mais a grandes unidades limitadas por discordancias: 0s “‘sin- temas” de Chang (1975). . ‘As denominagdes dessas seqiiéncias deposicionais sao informais. Muitas séries e grupos foram criados ¢ formalmente descritos e nominados no passado. Embora isto seja valido num senso litoestratigrafico, nna maior parte das vezes, as unidades abrangiam aspectos diferentes (pertenciam a diferentes seqtién- cias ¢ ambientes deposicionais), ou seccionavam ambientes sedimentares similares, de tal maneira que ‘seu uso pratico & quase inviavel. No decorrer do texto se farao referencias a estes termos, mas estes nao serao utilizados. As seqiiéncias deste trabalho sero nominadas pelo periodo de tempo no qual ‘a maior parte da sedimentacao teve lugar. Dessa forma, temos as Seqiiéncias Siluriana, Devoniana, Permo-Carbonifera, Tridssica e Juro-Cretdcea. Essas denominagdes séo informais, baseadas nas data- ‘c0es paleontologicas correntes. A Seqiiéncia Siluriana, por exemplo, iniciou sua sedimentacao durante © Ordoviciano, concluindo-a no Eodevoniano, mas 0 grosso da sedimentagao ocorreu no Siluriano. No futuro, essas seqiiéncias terdo de ser formalizadas em grupos ou supergrupos. As ids seqiiéncias paleozéicas representam ciclos quase completos de transgressio-regr@ssao ma- rinha. A Seqiiéncia Siluriana inicia-se com os depésitos continentais a transicionais da Formacao Rio Ivai, seguidos pelas camadas marinhas da Formacao Vila Maria (pico de transgressdo), sendo elas co- bertas pelos depésitos regressivos da Formacao Furnas. No Paraguai oriental, a Formacdo Rio Ivai cor- responde ao Grupo Caacupé mais o arenito Eusébio Ayala do Grupo Itacurubi. Estes sedimentos fo- ram recentemente datados como Ordoviciano (partes média a superior) por Ciguel (1988). A Formagao Vila Maria é correspondente ao Folhelho Vargas Pefia, enquanto a Formacao Furnas correlaciona-se a0 Arenito Cariay, ambos membros do Grupo Itacurubi.Evidéncias de influéncia glacial sao conhecidas nas Formacdes Vila Maria e lap (sua correlativa na borda sudeste). No que diz respeito a paleogedgra- fia, a Seqiiéncia Siluriana foi depositada, provavelmente, em um golfo completamente aberto para oes- te, para uma margem passiva do proto-Pacifico. Nao hé evidéncias para a existéncia do Arco de Assun- ‘cdo, a esta época. ‘A Seqiiéncia Devoniana ¢ representada pela Formacao Ponta Grossa. O cardter discordante do contato Furnas-Ponta Grossa foi discutido em Zaldn ef al. (1987). Esta sequéncia inicia-se em geral por arenitos transgressivos basais, passando gradacionalmente a folhelhos marinhos que se enrique- ‘cem, para o topo de forma gradativa, em matéria orgéinica. Faltam na seqiiéncia devoniana depdsitos de cardter regressivo (erosio ou n&o-deposigao?), com excecdo de um depésito deltaico muito localiza- do no flanco nordeste da bacia (Andrade e Camargo, 1982). Em termos de paleogeografia, esta seqién- cia representa um mar jé restrito pela subida do Arco de Assuncao a oeste (durante 0 Eodevoniano), com ligagdes para 0 proto-Pacifico ao norte ¢ a sul deste importante elemento tecténico. 145 'A Seqiéncia Permo-Carbonitfera é a mais bem conhecida da bacia..|nicia-se 07 depositos comti snentars da base do Grupo Hararé (Formacao Campo do Tenente) que rapidament: Pasi ‘a marinhos (Formagdes Mafra e Rio do Sul). Os depésitos equivalentes em tcmPo te Grupo ltararé na metade se- (entrional da bacia so predominantemente continentais (Formacao "Aquidauaha), indicando a entrada Somer epicontinental pelo sul, cobrindo apenas a metade meridional da bacia. A influéncia glacial do ne forte nessa época. Franca ¢ Potter (1988) procederam a um detalhago réestudo dessas unidades. te ora o nivel do mar continue a subir, cobrindo toda a bacia jd no Eopermian, bit importan-s, te rewogradagao é registrada na area do “mar Itararé”. Uma andmale cunha de depésitos clisticos a aerree invade este mar € 0 cobre sob a forma de possantes pacotes deltacos (Formagao Rio Bonito}. | seo. de tal influxo de clésticas em meio # um ambiente generalizado de subida de nivel do mar | ard diseutido adiante, Uma vez cessado esse influxo, os sedimentos voltar 8 indicar transgressio mari-| sa (Formacao Palermo), a qual atinge um maximo de expressao areal duran’ & deposicao de folhe- | Te etuminosos da Formagao Irati. A seqiiéncia regressiva que s¢ seus & clissica ¢ uma das mais pelas que se conhece (Formagoes Teresina, Rio do Rasto ¢ ‘Corumbatai). Paleogeograficamente, a Se- aiigncia Permo-Carbonifera representa um extenso ‘mar epicontinental com entrada pelo sil, € com ex tenso para norte ainda nao bem determinada, mas que por certo extrapolou os limites atuais da bacia. \ th deposigaa final da Formagao Corumbatai deve ter-se estendido provavelmente até 0 Eotridssico. Saeko mais retornou a Bacia do Parand, As seqGncias mesozbicas sho estrarienie continen- | tais, a Sequencia Tridssica (Grupo Rosério do Sul ¢ Formacdo Pirambéia) consis de uma variada vai naia de ambientes lacustres,fluviais e eélicos, enquanto que a Seatiensis Juro-Creticea repre- sexta um gigantesco ‘“"mar™ de dunas arenosas (Formacao Botucait), ‘seguindo uma tendéncia mun=—~" Sal da epoca, Esse imenso deserto é coberto pelo maior derrame de lavas basdlticas (com termos 4 sae ntermedirios, também) conhecido no planeta. A fase das lavas marca imPoriani periodo de subsidéncia € estruturaao da bacia. a ieee estratigrafica da Bacia do Parana praticamente se extingulu no Fina! do estigio rifte) dda separagio entre a Africa e a América do Sul, ha 115 Ma. Qs det lava do Cretéceo ¢ do} \y ‘Tereldrio indicam, contudo, que a evoluedo estrutural nao for ‘interrompida, Eles refletem_o gradual | soerguimento da regio costeira, no sudeste do Brasil além-de movimentagdes verticais ao longo de 3s tect «ego Sebastid){Houve uma subsidéncia da parte da bacia Tovalizada @ none da zona de falha Curitiba- Staringd, em relagdo & porcio meridional, tendo sido alt acumulada, praticamente, a totalidade dos wifimentos do Grupo Bauru (Cretéceo). © deslocamento dos depocenttos nas © noroeste, incluida Scrormatao Cachoeirinha de {dade tereiéria (que ocorre no extremo novoeeit da bacia, além dos limites sa Grupo Bauru), refleteo soerguimento gradual da parte oriental da bacia. A geometgia da distribu So NO (zonas de falha Curitiba-Maringa e Guapiara) ¢ £-0 (lineamento\\ (ao do Grupo Bauru.em mapa é fortemente afetada pela zona de fal © pelo lineamento de Sao Sebastido. no Parana. Ess movimentos no interior do conti ° S Piro da placa sul-americana, foram atuantes durante a fase drifte de separacdo entre a Africa ¢ a senlica do Sul «dover indicar que a placa continuava sob a influfncia relative de algum tipo de ‘esforgo tectOnico suave. io oo ‘A Figura 3 mostra 0s principais elementos tect6nicos da Bacia do Favartt Um marcante padrao de figdes lineares entrecruzando-se pode ser observado. Essas ficdes ‘podem ser divididas em trés erw pos, de acordo com suas orientagdes (NO-SE, NE-SO-¢ Figura 5). As duas mais importantes sis pot sientagdes NO-SE e NE-SO, que podem cofstituir falhas simples ou extensas zonas de falhas com a temas de quilémetros de comprimento ¢ poucas dezenas de ‘quilometros de largura. [Esses dois eru-_) Esses dois ert pos de-elementos tectOnicos sio_zonas de fraquezs ‘antigas que foram recorrentementé ativas durani_| / Inedo da bacia, A evolucdo de todos 0s aspectos cos da Bacia. 4 (rochas geradoras Acree E iodo facialogica, estruturas, subsidencia, migracio, diastnese ‘magmatismo etc.) deve sere li ‘endida no ambi des + de falhas, da situagao temporal dos movimentos ts or essas estrut s ; rentes ao‘longo delas nseajiente controle estabeleci Opie Soares eral. (1982} também reconhecem este mesmo padrao dos elementos tectdnicos com orient gio No e NE, num Tudo detalhado de imagens LANDSAT ¢ de radar das partes central ¢ oriental da bacia, Eles identificaram faixas retilineas com alta concentracao de lineamentos, separando-os-em tres srrupos de trends NO (variando de N25° a N65°O) e dois grupos de trendes NE (variando entre N35°E e N6O°E). ores, estas 2onas estruturais representariam areas com maior mobi- lidade tectOnica em comparacao as areas adjacentes. Varias destas “zonas moveis’” coincidem com $: See a eae a aed Hoe ‘Algumas dasicanele Sex ttaqueles autores, baseadas na interpretagao de feigdes de superficie, s40 exatamente as mesmas Xi. nossas, as quais foram obtidas, principalmente, através de dados de subsuperfci. Soares ef al. (1982) também concluiram que esses elementos representam zonas de fraqueza do embasamento, que varios | deles controlaram a sedimentacao durante a evolugio da bacia e que as zonas de trendes NO estio in- tensivamente intrudidas por diques de diabasio, enquanto os trendes NE so notavelmente carentes destas | feigdes. {Tas falhas com orientagao NE tém sido amplamente estudadas nas rochas do embasamento aaya- cente (Hasui et al, 1977), mas sua extensio sob a bacia nao era bem entendida. O primeiro reconheci- mento dos principais falhamentos NO na bacia foi feito por Vieira (1973), tendo sido estudados em detalhe, posteriormente, por Ferreira er al, (1981) ¢ Ferreira (1982). O presente trabalho demonstrou que 0s trendes NO ¢ NE ocorrem em toda a bacia, tendo também confirmado a existéncia de um importan- te terceiro grupo de lineamentos com orientagao E-O (conforme reconhecimento prévio por Bacoccoli ¢ Aranha, 1984). , © padrao estrutural atual de cada uni d é icipalmente porque as falhas \ X' ° sm as falhas de diregao NE. Este evento tectOnico do Juro-Creticeo foi o mais _\ Torte dentre aqueles que, de alguma maneira, afetaram a Bacia do Parand. Ele reativou vigorosamente | as falhas NO preexistentes, criando, provavelmente, varias outras paralelas a esta dire¢do, promovendo © condicionamento de milhares de corpos igneos intrusivos ¢ a extrusio do mais volumoso derrame de lavas do planetaj O peso das lavas pressionou a crosta, causando uma terceira ¢ importante fase de subsidéncia da bacia, Este evento foi denominado de reativacao Wealdeniana por Almeida (1967), ou evento Sul-Atlantiano por Schobbenhaus ef al, (1984)//O evento Sul-Atlantiano teve lugar entre o/ Neojurdssico € 0 Eoeoceno, englobando todo o tectonismo, magmatismo, formagao da bacia € sedir mentacao relacionados com a separacdo entre a América do Sul e a Africa. / C see inte pers ewceeco A 2 Meringd,-que é limitada por duas falhas principais: a falha de Sao Jer6nimo-Curiiva, ao norte, € @ falha do Rio Alonzo, ao sul. O eixo do Arco de Ponta Grossa esta inteiramente inserido dentro desta zona de falha (Figura 3), paralelo as falhas limitrofes, sendo detectado até cerca de 150km na direra0 noroeste, a partir do limite da bacia. Os milhares de lineamentos NO que representam a zona de falha Curitiba:Maringa estao normalmente preenchidos por diques de diabasio. Este padrao’estratural de ‘uma zona retiinea, com concentracao de falhas e diques, formando uma extensa zona de falha que / pode se alargar ou estreitar de forma significativa ao longo do seu trende, ¢tipico da maioria das zonas/ de falhias NO, como as de Guapiara, Candido de Abreu-Campo Mourao ¢ Rio Piquiri, A ocorréncial de grandes diques (alguns com espessura da ordem de centenas de metros) ¢ dé¥ormacao associadas € tipica das zonas de falhas com direcio NO. 40, 0 padrdo estrutural das zonas de falha Ng ¢ difer las so constituidas ou por uma tinica | sath na de falha retilinedttcom excegio das zonas de falha Lancinha-Cubatao € \ “Transbrasiliano). Ocorre em geral uma auséncia significativa de diques e, consequentemente, das defos- Y “maces associadas a eles, Entretanto, estruturas relacionadas a movimentagoes transcorrentes sao mul To mais comuns ao longo dos lineamentos NE, embora também sejam frequentes ao longo dos linea: “mentos NO, Os elementos NE-SO que apresentam deformacao intensa a les, ‘associada sio Cubatao- | Lancinha, Transbrasiliano, Guaxupé, Jacutings, Leio € Acotea (Figura 3)-x¢ Afora essas diferengas, praticamente quase nenhuma outra pode ser apontada entre as zonas de falha NO e NE. Ambas influenciaram de forma consideravel a sedimentacao de varias unidades estrati- grdficas, embora cada uma 0 tivesse feito em épocas diversas. Os movimentos ao longo delas tiveram componentes horizontais ¢ verticais. Os blocos por elas delineados moveram-se para cima ¢ para baixo. num estilo estrutural tipico de falhas verticais. 147 Apesar da atividade freqiiente dessas falhas, 0s ejeitos verticais sto relativamente pequenos, ai indo, no maximo, poucas centenas de metros. Dois motivos poderiam explicar esse fate, Prime, ae yeclocamentos recorrentes foram suaves; e segundo, a reversio de movimentos provavelment¢ con- tribuiu para a compensagao e atenuacdo desses deslocamentos. Nas atividades de campo desenvolvidas neste estudo, foram encontradas freqiientes evidéncias de falhamentos transcorrentes, tanto nas 20nas Te falhas NO quanto nas de direcdo NE. Alem disso, novas se¢des sismicas comefam a mostrar algu- nas estruturas em flor, € 05 mapas aeromagnetoméiricos mostram varios lineamentos deslocaclos. Com 2 evolugi do conhecimento técnico, 0s falhamentos horizontais ee tomar, provavelmente, uh i= portant estilo estrutural na bacia. As zonas de falha de Guapiara, Curiiba-Maringd, Cindido de Abre\- Campo Mourdo, Transbrasiliano, Taxaquara, Lancinha-Cubatéo, ¢ as falhas do Leao ¢ Acotea sio al- tgumas das descontinuidades particularmente ricas em estruturas relacionadas & tectOnica transconre- se Oe rejetos sao normalmente pequenos (da ordem de centenas de metros até poucos quilometros), devido talver as mesmas razbes que condicionam os pequenos rejeitos verticais. Uma excecao ¢ a zona ‘ie fatha de Guapiara, onde ha indicacdes aeromagnetométricas de destocamentos em torno de 20m. ‘Os lineamentos E-0 so pouco compreendidos na Bacia do Parand. Podem ser detectados em ma- pas aeromagnetometricos ¢ imagens LANDSAT. Seu desenvolvimento teve inicio a partir do Tiidssico. Pata dade, aliada ao seu extraordinario paralelismo — mas ndo coincidéncia — com as zonas de fratu- ro ccanicas, sugere tuma ligagao qualquer com 0 desenvolvimento do Atldntico Sul. Algumas linhas deevidéncia também sugerem a importancia de sua influéncia no atual arcabouco estrutural da bacia- ‘Os trabalhos de campo também evidenciaram a marcante presenca dessas tés diregdes tectOnicas em exeala mesoscépica, através da medigdo de centenas de didclases em afloramentos de rochas sedi- snentares ¢ derrames de lavas no flanco sudoeste do Arco de Ponta Grossa. Aparecem, em freqiiéncias Tsetescentes, mas em proporgdes muito préximas umas das outras, 0s picos de N6S°O, EO ¢ N50°E ‘A diregao noroeste, associam-se diques de diabasio, falhas reversas e dobras. Essa coincidéncia, bem como ae relacdes de campo dessas feisdes, sugerem uma intima relagdo entre as intrusbes de diabasio @ uais estruturas; tendo estas sido formadas quando da entrada das primeiras nos sedimentos. (Os trabalhos de campo foram muito importantes para a determinacdo dos estilos estruturais pre~ sentes na bacia, Basicamente, dois tipos principais ocorrem: 1) deformagdes associadas as intrusdes igneas bisicas ¢ 2) deformagdes associadas as reativagdes dos grandes lineamentos. Os primeiros fo- vam deseritos em Zaldn et al. (1985), enquanto que as deformacdes associadas aos lineamentos NO € Ne consistem basicamente de estruturas em flor, dobras ¢ falhas reversas escalonadas ou grandes fa- thas normais. Varios domos pequenos (até poucos quilémetros quadrados), horsts e grabens, assim como falhas listricas reversas, so conhecidos na bacia. Para os autores, a maior parte destas estruturas pode ser relacionada a corpos igneos intrusivos em subsuperficie ou & reativagao (movimentos verticais ¢ hori- eit de zonas de falhas importantes. Nao sto conhecidos dobramentos pervasivos significativos na aviat assim, as tapas estruturais para hidrocarbonetos devem, provavelmente, ser uma combinagso ae laces liraitados por falhas pertencentes aos tés trendes principais com suas estruturas associadas, intrudidas ou ndo por corpos igneos. \V — TECTONICA E SEDIMENTACAO. ‘A origem da Bacia do Parand ainda é obscura. Nao ha evidéncias claras de um rifte central precur sor sob a bacia, como ocorre em outras bacias cratdnicas interiores similares. Os depésitos molassicos cambro-ordovicianos so, algumas vezes, invocados como representativos do rifte inicial (Cordani ¢: SI, 1984), Alguns deles esto, hoje, preservados em grabens, mas nao foram neles formados Quando tnuito, podem representar bacias transtensionais formadas ao longo dos lineamentos NE, a0 final do elo Beaciliano, O vulcanismo associado a muitos desses depésitos esté relacionado a ambientes con: presvionais (andesitos,riolitos). Tais depSsitos representam sedimentos associados & er0sa0 das cama- tas empithadas através de empurrdes tipicos da orogenia Brasiliana. Além disso, sua distribuicao ¢ es, pessuras s40 muito pequenas para a imensa depressao inicial esperada, sem contar a diference temporal entre o inicio de sua deposi¢ao (600 Ma) (inicio de uma suposta fase rifte) ea dos primeiros sedimentos da Bacia do Parané (cerea de 440 Ma) (inicio de uma suposta fase de subsidéncia termal), Sendo assim. essa hipdtese nfo sera considerada no momento. Nao se pode, entretamo, descartar a possibilidade de existéncia de um periodo de estiramento crustal ‘como 0 mecanismo inicial da subsidéncia da Bacia do Parand. O candidato a depésito representativo dessa possivel fase seria a Formacao Rio Ivai, de idade Neo-Ordoviciana/Eosiluriana, componente ba: sal da Seqiiéncia Siluriana. Seu mapa de is6pacas (Figura 9) apresenta um depocentro linear na parte central da atual Bacia do Parana, com dois ramos subsididrios separando-se para sudeste, numa manei- ra similar a um rifte com duas jungdes triplices. Além disso, o depocentro corresponde, grosseiramente, a uma anomalia gravimétrica positiva, a qual poderia representar um soerguimento do manto. Secdes sismicas que cortam o depocentro, bem como 0 seu ramo mais meridional, sugerem feigdes de rifte nna parte mais profunda da bacia. Tal hipétese, portanto, necessita ainda de um volume maior de dados conclusivos antes de ser definitivamente considerada como a real causadora da subsidéncia inicial da baci. Enquanto a hipétese anterior nao é elaborada, pode-se considerar outra que contemple uma rela- 40 mais intima entre 0 Ciclo Orogénico Brasiliano (700-450 Ma) ¢ a Bacia do Parana (440-120 Ma), jd que o inicio da bacia se deu logo apés o término da orogenia. O Ciclo Brasiliano foi um evento iectOnico de natureza compressional, muito intenso e longevo. Varios critons isolados foram unidos através de uma série de eventos colisionais que deformaram e metamorfisaram os cinturdes de dobra- mentos interpostos, originando um significativo magmatismo e remobilizando, isotopicamente, vastas reas da América do Sul e da Africa. Apés a intensa deformagao ¢ granitogénese que ocorreu, aproxi- madamente, entre 700-580 Ma, a litosfera deve ter sido espessada pelo empilhamento advindo dos em- purrdes, 0 que; provavelmente, ocasionou um considerdvel aumento no gradiente geotérmico, decor rente do espessamento de camadas de rochas supracrustais enriquecidas em radioisétopos. O resfri mento deste ciclo parece ter ocorrido entre 500-450 Ma (Cordani, comunicacao pessoal), podendo re- presentar um provavel mecanismo da subsidéncia que criou a depressao inicial da Bacia do Parana, pois os primeiros sedimentos da bacia foram depositados logo apds esse intervalo de tempo (em torno de 440 Ma). Uma vez iniciada a sedimentacao, 0 peso dos sedimentos aliado ao resfriamento induziu ‘a subsidéncia que acolheu as Seqiéncias Siluriana e Devoniana. Existiram duas outras fases da subsi- déncia importantes, ambas com mecanismo de subsidéncia inicial diferentes. ‘A entidade chamada hoje em dia de Bacia do Parana é, na realidade, 0 produto final da superposi- 540, no tempo, de trés diferentes bacias, cujas geometrias ¢ limites variaram de forma considerdvel de ‘uma bacia para outra. A Figura 7 apresenta curvas de subsidéncia tipica de pocos na bacia, Sao clara- mente visiveis trés fases principais de subsidéncia (Siluro-Devoniano, Permo-Carbonifero a fase de lavas do Jurdssico Superior-Cretdceo Inferior), separadas por dois longos periodos de erosao-nao de- posigdo (Neodevoniano-Mississipiano), ou de baixas taxas de sedimentacao (Tridssico-Jurassico). As ‘duas primeiras fases de subsidéncia apresentam um mecanismo motriz de subsidéncia. ‘A primeira fase de subsidéncia foi responsavel pela deposicao das Seqiiéncias Siluriana e Devonia- na, O mecanismo responsivel por essa subsidéncia jé foi discutido. A Seqiiéncia Siluriana foi deposita- da num golfo aberto para o proto-Pacifico, numa margem passiva. A discordancia Caledoniana prova- velmente assinala a transigo da margem passiva para a margem compressional, durante a qual 0 proto- Arco de Assuneao se desenvolveu. A transgressdo Devoniana ocupou, praticamente, a mesma area da Seqiiéncia Siluriana, delineando, assim, a forma da Bacia do Parand Siluro-Devoliiana (Figura 8). Um soerguimento geral associado a Orogenia Eoherciniana determinou o fim da sedimentacao ¢, provavel- mente, 0 fim da ‘primeira Bacia do Parana”. ‘A segunda fase de subsidéncia (Permo-Carbonifero) comegou logo que a Bacia do Parand deixou 0 Pélo Sul, e as geleiras continentais comecaram a derreter num ambiente periglacial (Caputo ¢ Cre well, 1985 — migracdo dos pélos). E provavel que a subsidéncia inicial da “segunda Bacia do Parand" tenha-se dado devido a sobrecarga das geleiras continentais associada a uma fase de reativacao disten- sional, possivel reflexo de nova fase de estiramento crustal. Os depésitos do Grupo Itararé sao afetados por grandes falhamentos normais, além de seus sedimentos refletirem grande instabilidade tectOnica €poca de sua deposigao. Olistostromas, facies de deslizamento e variacdes faciologicas laterais abrup- tas so marca registrada dos depésitos desse grupo. ‘A forma da bacia permiana-carbonifera era completamente diferente da bacia siluriana-devoniana mar epicontinental ¢ os ambientes litordneos e continentais associados ocupavam uma rea bem mais extensa (Figura 8). Um soerguimento generalizado associado orogenia Finiherciniana cessou a sedi- mentacdo, terminando assim a segunda fase da Bacia do Parana. 149 ——~ SILURIANO-DEVONIANO 3-CB-3-SP| CARBONIFERO A - PERMIANO JURASSICO- 7 oF -CRETACEO BACKSTRIPPED SUBSIDENCIA TOTAL PROF UNDIDADE 4800 6000: 420 346 272 198 124 50 TEMPO Fig. 7 — Exemplo de curvas de subsidencia total ¢ Backstrip- ‘ped (cortgida para o efeito do peso do preenchimento vuleano- Zedimentar) tipicas de pogos que atravessam a coluna estrat trifica completa da Bacia do Parané (adaptado de Oliveira, 1987). “Example of tora-subsidence and backstripped curves (cor- rected to compensate forthe weight of voleanosedimentary fil), ‘plea! of the wels that passthrough the complete stratigraphic ‘column in the Parand basin (adapted from Oliveira, 1987). © mar nao mais retornou a Bacia do Parana, A sedimentagdo recomecou no Mesouriisst% sum ambiente flivio-edlico, preenchendo as depresses remanescentes; ¢ mais tarde coma unt gigantesco deserto de dunas de arcia que recobria a bacia e éreas do embasamento adjacente, Dufante o Triassico maior parte do Jurdssico, a razao de subsidéncia foi bastante baixa, nfo caracterizando uma fase significativa na bacia (Figura 7). : "A tereeira fase de subsidéncia (Neojurassico e Eocreticeo) coincide com o masmatsin’ basaltico. 0 préprio peso das lavas foi, certamente, 0 causador da subsidéncia, come demonstra a comparacao cave ne curvas de subsidéncia total e backstripped (Figura 7). Esta fase foi a mals importante na evolu fo da Bacia do Parana, no que tange & estruturacao ¢ ‘maturacdo da matéria organica. Célculos bases sae oe metodo de Lopatin indicam que sedimentos do Permiano Inferior ¢ mais anvigoe atravessaram, a janela de geragdo de dleo durante essa fase de subsidéncia. E> alguns casos, nas areas mais profun- dias, contuido, o calor dos corpos fgneos intrusivos foi o responsével pela maturacdo da Formacao Irati, & conseqiientemente, a geracao de hidrocarbonetos. O fim da “terceirs & hima Bacia do Parana" coin- Seneca término desse magmatismo (cerca de 120 Ma), que atingiu no so & bacia, mas extensas srens do rifte Sul Atlantico, que se encontrava em pleno desenvolvimento. A forma da bacia foi ligeira mente diferente da anterior (Figura 7). EXTENSAO AREAL MAXIMA DA BACIA DO PARANA NS ee A ~ammareme Vrasked T 7 1 oo?” — PERMIANO. | ett sunissico sone Taco Fig. § — Distribuigio espacial das “trés Bactas do Parana” du rante 0 Siluriano/Devoniano, Carbonifero/Permiano © Ju: rissico/Cretaceo ‘Spatial distribution of the “three Parand basins” durine the Silurian/Devonian, Carboniferous/Permian and Juras: sic/Cretaceous. 151 152 Fig. 9 — Mapa de isépacas da Sequéncia Siluriana, Perfil SS" representa localizacdo das segoes da Figura 16. Isopach map of the Silurian sequence. The SS° profile re presents the location of sections in Fig. 16 5D sa, cujo eixo c Depdsitos cretacicos (grande extenséo € pequenas espessuras) ¢ tercidrios (pequenas extensoes ‘espessura) na metade norte da bacia nao sio suficientes para caracterizar qualquer outra fase impor ante de subsidéncia da bacia comparavel as outras és, -— Todaa sedimentagao da Bacia do Parand, praticamente, procedeu sob significativa influéncia dos trendes NO ¢ NE, tendo-se assim evidéncias de reativagdes recorrentes dessas antigas zonas de fraque- za. Tais movimentagées (de natureza vertical e horizontal) foram em geral de pequena escala, mas de magnitude suficiente para controlar a localizagao de depocentros ¢ altos intrabaciais, ¢ a distribuigao de facies sedimentares. A evolucdo da bacia foi dominada por uma tect6nica de blocos limitados por falhas desses dois grupos de diresdes. Tais blocos, além de se movimentarem, sofreram também rever- ses nas suas movimentagdes, particularmente notadas quando da reversio de movimentos verticais. Nessas ocasides ocorrem migragdes dos depocentros ou inversdes de depocentros para altos, ¢ vice- versa. Ha varias maneiras de se detectar tal influéncia ‘A Figura 10 apresenta o mapa de is6pacas da Formacao Ponta Grossa. Observa-se um forte con- tole de direg6es NO, principalmente ao longo da zona de falha de Guapiara, que divide esta unidade em duas sub-bacias. A zona de falha Curitiba-Maringa controla a localizagio do depocentro mais im- portante. A Figura 1] apresenta 0 mapa de isopacas do Grupo Itararé e Formacao Aquidauana. Mais uma vez, 0s trendes NO sto predominantes. Ocorte, entretanto, uma notivel inversio ao longo da zona de falha Curitiba-Maringé que controla agora uma drea com pequena espessura de sedimentos. O de- pocentro mais importante desta unidade tem sua localizacao e elongacdo, nitidamente controlada pela zona de falha de Guapiara. “Tu. : beets A Formacao Rio Bonito, por sua vez, apresenta um forte Goritfole pelos trendés NE, em éspetial na parte oriental da bacia (Figura 12). Importantes lobos deltaicos espraiam-se segundo essa direcao. Particularmente notavel é 0 controle da zona de falha Lancinha-Cubatao. As jazidas de carvao do Pa- rand, Santa Catarina e Rio Grande do Sul so fortemente controladas por falhas de direcao NE. Os grandes depocentros da parte ocidental da bacia dispoem-se elongados paralelamente ao arco de As- sungdo. A Formagio Rio Bonito, devido & sua litologia e geometria, parece ser uma resposta deposicio- nal a um importante soerguimento das bordas da bacia ‘0 mapa de isopacas do Permiano Superior (Figura 13) nao apresenta nenhuma influéncia signifi- cativa de trendes NO ou NE, dispondo-se as curvas eliptica e concentricamente em relacdo ao centro da bacia. Tal fato sugere que, durante 0 Neopermiano, a bacia passou por uma fase de quiescéncia, |.» tectnica marcante, consistindo de uma ampla plataforma estavel coberta por um mar epicontitiental! em fase regressiva.|O recuo do mar deve ter deixado, ao final do Permiano, grandes depressdes lacustres ‘no centro da bacia, conforme atestado pelo Membro Morro Pelado da Formagio Rio do Rasto./ O Mesozsico assiste a uma grande revolucdo na geometria interna do preenchimento da Bacia do Parand. Duas fases de subsidéncia principais ocorreram durante o Paleozéico. As isopacas das unida- des litoestratigraficas paleozdicas apresentam consistentemente a peculiaridade em comum de serem interrompidas erosionalmente pela reentrncia semi-eliptica do aiual Arco de Ponta Grossa, indicando assim ser esta uma feigdio mesozdica. Em todos os mapas de ispacas apresentados (Figuras 9-13) ¢ claro o fato de terem as unidades se estendido por sobre a regio ocupada pelo atual Arco de Ponta Grossa, 0 qual, durante 0 Mesozdico, viria a se erguer e interceptar as isopacas paleozdicas. fintatiza-se que as zonas de falha Curitiba-Maringa e Guapiara sao feigdes antigas que sofreram constantes reati- vacdes durante o Paleozéico. Entretanto, a reentrancia que hoje se conhece como Arco de Ponta Gros- cide com a zona de falha Curitiba-Maringa (Figura 3), é uma feigio mesozdica. Tal afirmagao é corroborada pelo mapa de isopacas do Tridssico e Jurdssico (Figura 14), no qual as isépa- cas se dispdem paralelamente a reentrancia do arual Arco de Ponta Grossa (notadamente a curva de 100m). Tem-se, assim, a primeira indicagao da tendéncia positiva desta feicao semidémica, a época da deposicao das Formacdes Pirambdia e Botucatu, com conseqilente influéncia e controle na distribui- Gao dessas unidades. O soerguimento inicial do Arco de Ponta Grossa aqui descrito deve estar intima- mente relacionado aos primérdios do rompimento entre a América do Sul e a Africa © Neojurassico ¢ 0 Eocretéceo, época de extrusdo das lavas da Formavao Serra Geral, assistem @ uma nova mudanga na geometria interna do preenchimento da bacia, voltando-se, em parte, a0s pa- drdes prevalecentes no Paleozdico. As isépacas voltam a tendéncia de cobrir a regido do Arco de Ponta Grossa (jd que so por ele, hoje em dia, truncados), e as zonas de falha NO voltam a ter grande in- Mluéncia (Figura 15).\Sabe-se que a direcdo d¢ diques de diabasio no interior da Bacia do Parana ¢ pre 208 = Tar Fig. 10 — Mapa de isdpacas da Formagdo Ponta Grosse. Pi rie Tings representam importantes zonas de falha (S — Gua para, 9 Curtiba-Maringa, conforme numeragao da Figura *) Isopach map of Ponta Grossa formation. Fine lines repre sent major fault zones (5 — Guapiara; 9 — Curitiba-Maringa. ‘as numbered in Fig. 3)

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