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interpolação foi feita entre o conjunto I e o conjunto III, resultando em uma filtragem
conjuntos III e II, reverte o processo anterior de filtragem, causando uma adição gradual
coleções pivôs circuladas; o conjunto III apresenta a repetição da nota lá sustenido apenas
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Essas operações foram realizadas utilizando a biblioteca de funções Profile, do programa de auxílio à
composição OpenMusic.
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Além desses conjuntos de notas, foi utilizado um pequeno grupo de multifônicos,
tendo como fundamentais as notas fá, lá e si bemol. Esses multifônicos foram articulados
A composição de cada uma das sete seções do grupo denominado A foi realizada
de modo independente; cada seção foi composta como uma pequena peça isolada. Para
cada uma das seções foram selecionados diferentes materiais musicais e características
seções 7 são compostas de frases longas e melancólicas, interrompidas por figuras curtas
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As seções 1A, 2A e 3A foram compostas utilizando o conjunto de multifônicos e
glissando foram notadas na partitura fazendo uso das notas da escala de dó maior, por ser
como um glissando. Em função de suas durações serem curtas, essas seções foram
seguintes: 1C, 1D, 2C, 3C e as seções 3B, 2B, 1B, que foram agrupadas para a criação da
parte final da peça. Nessas sete seções foram utilizados os mesmos multifônicos das
Seção 1A
Seção 1C
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Seção 1D
A seção 4A foi composta utilizando as notas dó sustenido, sol, mi, sol sustenido,
si e ré, sendo esse grupo de alturas parte do décimo nono conjunto resultante do processo
por meio de delays com diferentes tempos de espera, criou uma textura polifônica densa
Fig.3.7: Parte executada pelo intérprete e duas possibilidades de padrões rítmicos (início do segundo
sistema, pág.4)
permutações foi o décimo quarto conjunto de notas – fá, lá, si, ré e fá sustenido – , sendo
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as notas lá e fá sustenido substituídas pelas notas lá sustenido e sol, respectivamente. A
substituição dessas notas deu-se por sugestão da flautista Luciane Cuervo, tornando a
computador, como na seção A4. A 4C foi composta em três módulos: o primeiro é uma
transposição de uma segunda maior acima do conjunto de notas da seção 4B; o terceiro
foi composto fazendo uso de um conjunto de alturas derivado dos usados nos módulos
anteriores. Esse conjunto foi formado por duas notas - si e ré -, do usado no primeiro
módulo; e três do segundo módulo – dó sustenido (ré bemol), mi e sol. A textura da seção
estruturais três tipos de gestos musicais: trinados, trêmolos e apogiaturas. Esses gestos
(frulato), foram usados como transição entre nota e ruído. Esse gesto de transição foi
construído pela repetição de uma mesma nota em uma pequena seqüência de semi-fusas
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Fig.3.8: Gesto de transição entre nota e ruído. Terceiro compasso da seção 5A, página 6
ao usado pela técnica de síntese granular, para derivar seqüências musicais a partir de um
Granulus2.
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Esse algoritimo faz parte da biblioteca de funções de auxílio à composição OM-Modeling, que vem sendo
desenvolvida e programada em linguagem LISP pelo compositor. OM-Modeling está sendo implementada
como uma biblioteca de extensão nos ambientes de Composição Assistida por Computador OpenMusic e
Common Music.
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Fig.3.9: Processo de trabalho do algoritmo Granulus2
O material gerador utilizado foi extraído das seções 5A e 5C, sendo o algoritmo
empregado cinco vezes para cada seção. O resultado foi impresso e revisado
musicais expressivas. A figura 3.10 mostra o primeiro compasso da seção 6B, gerado por
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Fig.3.10a: Compasso gerado por Granulus2
As seções 7A e B, para flauta baixo, foram compostas como uma única seção e,
após estar concluída, foi dividida em duas. Nessas seções o discurso musical da flauta foi
no registro grave-médio da flauta baixo. Para a construção rítmica do primeiro nível foi
estabelecido um grupo de sete compassos organizados na seguinte ordem: 6/8 6/8 7/8 7/8 6/8
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/8 /8. Estes foram preenchidos por grupos de impulsos assimétricos obedecendo à
mesma ordenação númerica dos pulsos de cada compasso, resultando nas figurações
seção 7B, foi composta com uma permutação dos compassos da primeira parte, figura
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Fig.3.11a: Figurações rítmicas referentes à seção 7A
Essas intervenções são fragmentos melódicos, executados o mais rápido possível, que
discurso musical lento e estável das seções 7A e 7B. Fazendo uso dos conjuntos oito e
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temporalmente, de modo a criar um acúmulo gradual de interrupções na melodia
grupos.
Fig.3.12: Seqüência melódica dividida em grupos, de acordo com a série numérica 3,5,7,5,5,7,5,3
Utilização do computador
possuem parâmetros com valores a serem definidos pelo intérprete, permitindo inclusive
a variação dinâmica dos valores durante a performance da peça. Assim, com o controle
desses parâmetros deixado a cargo do intérprete, a partitura indica apenas quando deve
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EFX-01: Conjunto de cinco unidades de Delay, com tempos variados entre 200 e
2000 milissegundos;
EFX-02: Conjunto de dez unidades de Delay, com tempos variados entre 500 e
7000 milissegundos;
EFX-03: Conjunto de duas unidades de flanger, com freqüência e profundidade
variadas (freqüência entre 3 e 10 Hz e profundidade entre 0.3 e 1.0) e uma unidade de
reverberação;
EFX-04: Conjunto de uma unidade de modulação em anel (ring modulation) e
uma unidade de pitch shift;
EFX-05: Conjunto de três unidades de delay, com tempos variados entre 250 e
1000 ms.; mais uma unidade de flanger, uma de phaser e um filtro (low pass).
sonoros gerados, sound-01, sound-02 e sound-03 foram utilizados nas transições entre as
seções 7A -> 1D, 4B -> 2C, 6A -> 7B, 7B -> 5C. O arquivo sound-final foi utilizado na
áudio pré-gravados são controlados por uma interface gráfica, desenhada para ser operada
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Foram registradas, tendo Luciane Cuervo como intérprete, as seções 1A, 2A, 3A, 6B, 3B, 2B, 1B.
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peça Spells, mas, como qualquer instrumento musical, pode ser utilizado em futuras
eletrônicos, na qual, a performance não está constrita pela rigidez cronométrica. Por outro
vezes, a manutenção da peça no repertório dos intérpretes, considerando que ainda é mais
a fase em que são definidos modelos que permitem adaptar os conceitos abstratos à
composicional por ser esta a fase, na qual, manipulando o material delimitado como
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Spells foi publicada em CD, tendo por intérpretes Luciane Cuervo nas flautas-
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4 - DANÇAS & INTERMEZZI
Catarina Domenici de uma peça para piano e sons eletrônicos, baseada em uma dança
peça, optei pela expansão do projeto, concebendo assim um ciclo de três danças
compostas para piano e sons eletrônicos, intercaladas por dois intermezzi para piano-solo.
As peças para piano e sons eletrônicos Meta-funk, Dança de Inverno e Círculos de Fogo
foram compostas a partir de duas danças e de uma canção oriundas de diferentes culturas
musicais.
A influência das fontes originais no resultado de cada uma das três peças dá-se em
derivado de um excerto da gravação do funk Get it Together, realizada pelo grupo norte-
Círculos de fogo, o padrão rítmico cíclico do Ponto de Iansã, dança ritual de religiões
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afro-brasileiras, além de seu uso literal em alguns momentos, também guiou a intenção
expressiva da peça.
discurso musical. Essa disputa dá-se pela alternância entre momentos que o piano conduz
rítmico derivado da baguala, utilizado na parte eletrônica. Essas três linhas rítmicas,
se, desse modo, dois discursos simultâneos. A justaposição da estrutura cíclica da parte
do piano às densas seções da parte eletrônica criam um acúmulo de tensão que determina
as danças que os antecedem, bem como preparação para a que vem depois. A concepção
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estrutural dos Intermezzi foi motivada pelas múltiplas possibilidades de reflexão de
Danças & Intermezzi foi concebida para ser executada integralmente. No entanto,
4.2 – Meta-funk
Estruturação formal
interação entre piano e sons eletrônicos: sons eletrônicos com intervenções do piano;
Para cada uma das seções foi estabelecido um único modo de interação entre a parte
modo:
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Seções Compassos Modo de interação
1 1-6 Eletrônicos/interv.piano
2 7-16 Piano-solo
3 17 Sons eletrônicos-solo
4 18-24 Piano = sons eletrônicos
5 25 Sons eletrônicos-solo
6 26-29 Piano-solo
7 30-34 Eletrônicos/interv.piano
8 35-49 Piano = sons eletrônicos
de um excerto da gravação do funk Get it Together, realizada pelo grupo Jackson Five.
O resultado da análise espectral foi transcrito para a notação musical tradicional com o
auxílio do programa OpenMusic. Como a quantidade de parciais era excessiva, foi feita a
opção pelo uso dos parciais graves, chegando por fim à seqüência de notas mi bemol, dó,
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O espaço composicional da parte eletrônica se resume ao próprio sample,
utilizado como fonte geradora para o conjunto de notas da parte do piano. Para os sons
organização temporal dos trechos eletrônicos. Tendo a parte eletrônica como estrutura
improvisada.
contrabaixo elétrico nos grupos de funk, figura 4.2. Dessa figura melódica foram
e 6. A seção 4 foi composta como um grande arpejo do acorde [ré bemol, lá bemol, si, e
sol] por vários registros do piano. Esse acorde foi construído sobre o ré bemol, utilizando
notas que não pertenciam ao espaço composicional, criando, dessa forma, um contraste
harmônico maior com as outras seções. A peça termina com o piano executando
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Fig.4.2: Figura melódica alusiva ao acompanhamento do contrabaixo elétrico dos grupos de funk
Estruturação formal
modo semelhante à forma Tema e Variação. A primeira seção foi a matriz geradora, ou
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composição da primeira seção. As seções 2-5 foram derivadas da primeira pelo uso de
œ œ
&œ œ bœ œ bœ bœ
Fig.4.3:Coleção de notas que formam o espaço composicional de Espelho de Areia
Após sua conclusão, a primeira seção foi “refletida” três vezes, gerando assim as
onde “A” é a linha melódica superior; “B”, a linha inferior; e “R”, o retrógrado.
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Em alusão à metáfora dos espelhos, descrita na seção 4.1 deste capítulo.
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