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DEFINIÇÃO DE RESERVATÓRIO
Acumulações de petróleo e gás ocorrem em áreas subterrâneas formadas por
características estruturais e estratigráficos, denominadas reservatório ou bacia. De
acordo com Lyons (2010), um reservatório é a “porção da armadilha que contém o óleo
e/ ou gás em um sistema hidraulicamente ligado´´. Já Amyx, Bass Jr. & Whiting (1988)
citando Uren, definem reservatório como sendo “um corpo de rocha porosa e permeável
contendo petróleo e gás através do qual os fluidos podem se mover em direcção a
aberturas de recuperação sob pressões existentes ou que venham a ser aplicadas´´. Para
Petroleum Geoscience Technology (PGT, n.d.), reservatório é “à rocha com porosidade
e permeabilidade adequadas à acumulação de petróleo´´, coberta com uma camada de
rocha impermeável (rocha selante) que impede o petróleo de migrar para a superfície
(Shell, 1983). A maior parte das reservas conhecidas encontra-se em arenitos e rochas
carbonáticas, embora acumulações de petróleo também ocorrem em folhelhos,
conglomerados ou mesmo em rochas ígneas e metamórficas.
PROPRIEDADES BÁSICAS
O conhecimento das propriedades básicas do reservatório e dos fluidos nele contido é
muito importante, pois, permite estimar a quantidade de fluidos nele existente, a sua
distribuição e a capacidade de movimentação e escoamento. Essas propriedades
influenciam directamente na quantidade de fluido a ser extraído do reservatórios
(Thomas, 2001, . Desta forma o reservatório de petróleo é caracterizado pelas seguintes
propriedades:
Compressibilidade
∆VP ⁄VP
Cf = ; Cf ≥ 0
∆P
Onde:
VP – Volume inicial;
∆P - Variação da pressão.
Porosidade
A porosidade representada pela letra grega (∅) é uma das mais importantes propriedades
das rochas, visto que mede a capacidade de armazenamento de fluidos pela rocha. Ela é
definida como sendo a relação entre o volume de vazios ou volume poroso (𝑉𝑝 ) e o
volume total da rocha (𝑉𝑡 ). Esta relação pode ser expressa como uma fracção ou em
percentagem.
𝑉𝑝
∅=
𝑉𝑡
Porosidade absoluta: corresponde ao volume total dos poros quer estejam ou não
conectados;
Porosidade efectiva: refere-se apenas aos poros conectados entre si.
Figura.
Saturação
A percentagem do volume poroso ocupado por cada fluido (água, óleo e gás) denomina-
se “saturação´´. A saturação de óleo, água e gás é a fracção do volume poroso (𝑉𝑃 )
ocupado por cada um desses fluidos.
𝑉𝑓
𝑆𝑓 =
𝑉𝑃
Onde: f - indica o fluido para o qual esta sendo calculada a saturação. Geralmente, a
saturação é expressa em percentagem.
𝑆𝑤 - Saturação de água
𝑆𝑜 - Saturação de óleo
𝑆g - Saturação de gás
𝑆𝑤 + 𝑆𝑜 + 𝑆g = 1
𝑞𝜇𝐿
𝑘=
𝐴(𝑃1 − 𝑃2 )
Permeabilidade efectiva
Quando mais de um fluido preenche o espaço poroso (como é o caso dos reservatórios
com água, óleo e gás), a facilidade com que cada um desses fluidos se move é chamada
de “permeabilidade efectiva´´ ao fluido considerado. O símbolo da permeabilidade
efectiva é a letra k com um subscrito correspondente ao fluido em questão. Assim, as
permeabilidades efectivas ao óleo, à água e ao gás têm por símbolo 𝑘𝑜 , 𝑘𝑤 , 𝑘𝑔
respectivamente.
Viscosidade
Mobilidade
𝜆𝑤
𝑀=
𝜆𝑜
Grau API
141,5
˚𝐴𝑃𝐼 = − 131,5
𝑑
CLASSIFICAÇÃO DE RESERVATÓRIOS
Quando inicia a produção, tanto o fluido que é produzido quanto o que permanece no
reservatório sofrem alterações devido as mudanças das condições as quais estão
submetidos. O fluido produzido passa das condições iniciais de pressão e temperatura
do reservatório (ponto R) para as condições de temperatura e pressão da superfície
(ponto S) e, é representado pela curva RS. Neste caso, aproximadamente 60% dos
hidrocarbonetos estarão na fase líquida e 40% na fase gasosa. Devido à libertação de
gás, o óleo reduz de volume quando levado para as condições de superfície. De acordo
com o grau de redução de volume, o óleo pode ser classificado em baixa contracção
(óleo normal) e óleo de alta contracção (óleo volátil) (Thomas, 2001). O autor defende
ainda que a contracção se deve à libertação das fracções mais leves (metano, etano,
propano, etc.), de onde se conclui que as misturas com grandes percentuais destes
componentes apresentam maior contracção, enquanto as misturas com pequenos
percentuais sofrem menor contracção. Consequentemente, um óleo de baixa contracção
resulta em uma maior quantidade de líquido na superfície.
Reservatório de gás
O jazigo de petróleo contendo mistura de hidrocarbonetos na fase gasosa nas condições
do reservatório chama-se reservatório de gás. No diagrama de fases, o ponto
correspondente às condições de pressão e temperatura originais se localiza à direita da
curva dos pontos de orvalho. Dependendo do seu comportamento, quando sujeito a
reduções de pressão dentro do reservatório e do tipo de fluído resultantes nos
equipamentos de superfície, os reservatórios de gás podem ser classificados em:
reservatórios de gás húmido, reservatórios de gás seco e reservatórios de gás retrógrado.
Reservatório de Gás Húmido e Gás Seco
A mistura gasosa, ao ser levada para a superfície, é submetida a processos nos quais os
componentes mais pesados são separados dos mais leves. Se a mistura produzir uma
certa quantidade de líquidos, o reservatório recebe o nome de reservatório de gás
húmido. Se não houver produção de líquido, recebe o nome de reservatório de gás seco.
Esta classificação depende não só da composição original da mistura, mas também dos
processos de separação. Um mesmo gás pode ser classificado como gás húmido para
determinada condição de separação e considerado gás seco para outras condições de
separação.
Para que ocorra este tipo de mecanismo é necessário que o reservatório esteja em
contacto directo com uma grande acumulação de água denominada aquíferos. Os
aquíferos podem ser encontrados subjacentes ou ligadas lateralmente ao reservatório. O
mecanismo se manifesta da seguinte maneira: a redução da pressão do reservatório,
causada pela produção de hidrocarbonetos, após um certo tempo é transmitida e se faz
sentir no aquífero, que responde a essa queda de pressão através da expansão da água
nele contida e da redução de seu volume poroso. O resultado dessa expansão da água,
juntamente com a redução do volume dos poros, é que o espaço poroso do aquífero não
é mais suficiente para conter toda a água nele contida inicialmente. Há portanto uma
invasão da zona de óleo pelo volume de água excedente. Essa invasão, que recebe o
nome de influxo de água, vai, além de manter a pressão elevada na zona de óleo,
deslocar este fluido para os poços de produção. Este processo é contínuo, ou seja, a
queda de pressão na zona de óleo causada pela produção desse fluido se transmite para
o aquífero, que responde com uma invasão de água na zona de óleo, que acarreta a
produção de mais óleo e assim por diante. Uma característica marcante desse tipo de
mecanismo, que já foi citada anteriormente, é que a pressão se mantém elevada por mais
tempo do que em outros mecanismos, proporcionando um período de surgência maior
para os poços produtores. O factor de recuperação desse tipo de reservatório é
normalmente alto, cerca de 30 a 40%, mas pode atingir valores consideravelmente mais
altos, devidos principalmente ao fato de que a pressão permanecendo alta, além das
vazões permanecerem altas as características dos fluidos se mantêm próximas das
originais. A razão água/óleo (RAO) cresce continuamente, começando pelos poços
localizados nas partes mais baixas da estrutura. Obviamente os poços devem ser
completados na zona de óleo e numa posição um pouco afastada do contacto óleo/água
para evitar a produção prematura desse último fluido. São comuns as intervenções,
principalmente nos poços de produção localizados na parte mais baixa da estrutura, com
a finalidade de corrigir razões água/óleo elevadas, que se manifestam desde os estágios
iniciais da vida produtiva do reservatório. O período de surgência dos poços se encerra
quando a razão água/óleo se torna excessiva. Como a pressão se mantém elevada por
mais tempo, é normal a razão gás/óleo permanecer próxima à razão de solubilidade da
mistura. Este tipo de reservatório não se caracteriza por grandes vazões de gás. Como
no mecanismo de capa de gás, a recuperação de um reservatório sujeito ao influxo de
água é fortemente influenciada pelas vazões de produção. As reduções instantâneas no
valor da razão água/óleo devem-se ao fechamento ou recompletação de poços que
estavam produzindo com vazões de água excessivas. Deve-se mencionar que, ao
contrário do que ocorre nos reservatórios de óleo, em reservatórios de gás a influência
de um aquífero actuante pode ser maléfica em termos de recuperação dos
hidrocarbonetos neles existentes .
Figura.
Figura
É importante lembrar que mais cedo ou mais tarde todo reservatório recebe alguma
contribuição do mecanismo de gás em solução. Mesmo um reservatório cujo
mecanismo proporciona uma boa manutenção de pressão, em algum tempo da sua vida
produtiva poderá ter essa pressão reduzida para valores inferiores à sua pressão de
bolha, causando então o aparecimento de gás livre na zona de óleo.
Após a exaustão da energia natural do reservatório tendo ainda ficado grande parte do
petróleo no reservatório, torna-se necessário empregar uma série de processos de
recuperação que visam a extração adicional do petróleo residual. Esses processos são
chamados de métodos de recuperação que, de uma maneira geral, tentam interferir nas
características do reservatório que favorecem a retenção exagerada de óleo (Thomas,
2001).
Não é necessário esperar o declínio total da produção para que se faça a injeção de
fluidos no reservatório, isto é, os métodos de recuperação são aplicados mesmo havendo
condições de produção com recuperação primaria.
Os Métodos Especiais de Recuperação são empregados para atuar nos pontos onde o
processo convencional não conseguiu atingir as taxas de recuperação desejadas.
Quando a viscosidade do fluido injetado é muito menor que a do fluido a ser deslocado,
o primeiro se move muito mais facilmente no meio poroso, encontrando caminhos
preferências e se dirigindo rapidamente para os poços de produção. O óleo fica retido
porque o fluido injetado não se propaga adequadamente no reservatório, ficando
grandes volumes de fluidos nas rocha nos quais o deslocamento não se processou.
Métodos Térmicos
Estes métodos é aplicável para óleos muito viscosos que quando aquecidos reduzem a
sua viscosidade e se deslocam com maior facilidade. Existem dois tipos de métodos
térmicos:
Métodos Miscíveis
Métodos Químicos
ESTIMATIVA DE RESERVAS
Denomina-se estimativa de reservas ao cálculo dos volumes de fluidos que podem ser
retirados dos reservatórios até que eles sejam abandonados, possibilitando decidir a
viabilidade do projeto. As estimativas de reservas são feitas na descoberta do
reservatório e revistas ao longo de toda sua vida útil (Heriot Watt University, HWU;
autor desconhecido).
As estimativas podem ser feitas por meio de duas abordagens, a determinística (se a
melhor estimativa de reserva é feita baseada em dados de engenharia, geológicos e
econômicos conhecidos) e/ou a probabilística (quando dados geológicos, de engenharia
e econômicos conhecidos são usados para gerar uma série de estimativas e suas
probabilidades associadas). Atualmente, as companhias têm utilizado a abordagem
determinística, entretanto há uma tendência para o uso da abordagem probabilística no
futuro.
As reservas provadas são as quantidades de petróleo que, por análise dos dados
geológicos e de engenharia, podem ser estimadas com certeza razoável como sendo, a
partir de uma determinada data, comercialmente recuperáveis de jazidas conhecidas e
nas atuais condições económicas, métodos operacionais e regulamentos
governamentais. No caso de ser utilizada metodologia determinística, o termo “certeza
razoável” destina-se a exprimir um elevado grau de confiança de que as quantidades
serão recuperadas. No caso de ser utilizada metodologia probabilística, deverá existir
uma probabilidade mínima de 90% de as quantidades recuperadas de fato serem iguais à
estimativa ou de a excederem.
Prováveis
As reservas prováveis são as quantidades de petróleo que, por análise dos dados
geológicos e de engenharia, têm menor probabilidade de ser recuperadas do que as
reservas provadas, mas maior probabilidade do que as reservas possíveis. No caso de ser
utilizada metodologia probabilística, deverá existir uma probabilidade mínima de 50%
de as quantidades recuperadas de fato serem iguais à estimativa 2P ou de a excederem.
Possíveis
As reservas possíveis são as reservas não provadas em que as análises dos dados
geológicos e de engenharia demonstram menor probabilidade de serem recuperáveis do
que as reservas prováveis. Essas reservas são baseadas em interpretação dos “ORJV ́ e
outras evidências da saturação dos hidrocarbonetos.
Quando a abordagem
probabilística for empregada, deverá haver uma probabilidade de pelo menos 10% (P10)
de que as quantidades atualmente recuperáveis serão iguais ou maiores do que a soma
das estimativas de reservas provadas mais prováveis mais possíveis.
Recursos contingentes
De acordo com Borges (2014 citando Weaver, 2006 e Bucheb, 2008) e Simioni (2006)
unitização é a operação conjunta e coordenada de um reservatório de petróleo pelos
consorciados nos trechos distintos que recobrem o reservatório.
A localização dos poços é outro fator relevante para o aumento das taxas de
recuperação, uma vez que, pelo mecanismo de injeção de gás, o poço deve ser perfurado
na parte mais inferior do reservatório e pelo mecanismo de injeção de água, o poço deve
ser perfurado na parte superior do reservatório.
A Unitização oferece uma solução para este impasse entre conservação e direitos
correlatos. Com a Unitização, todas as ações no campo são coordenadas, para que todo
o reservatório possa ser tratado como uma única unidade de produção. Isto permite a
utilização de métodos mais eficientes de recuperação de petróleo. As concessionárias
recebem a parcela da produção de acordo com cálculo do percentual que mais se
aproxima da contribuição de cada consórcio, separadamente, para a produção total da
unidade de produção. Este cálculo deve alocar a produção total com base na área cedida
a cada consórcio no processo licitatório.
BIBLIOGRAFIA
Amyx, J. W.; Bass, D. M. & Whiting, R. I. (1988). Petroleum reservoir engineering: physical
properties. USA: McGraw-Hill.
Lyons, W. (2010). Working Guide to Reservoir Engineering (1st ed.). UK: Elsevier.
Shell Internacional petroleum company, Ltd (1983). The Petroleum Handbook (6a ed.).
Netherlands: Elsevier.