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Interpretagao no Direito de Autor Cartos ALBERTO BITTaR Mestre e Doutor em Direito pela USP SUMARIO 1 — CONSIDERACGES PRELIMINARES 1. Introdugao 2. A natureza peculiar das normas de Di @ proteg¢ao do autor de obra intelectual ito de Autor: ll — A INTERPRETAGAO NO DIREITO DE AUTOR NO PLANO CONVENGIONAL E NO DO DIREITO COMPARADO 8. A edigéo de normas interpretativas especiais nas con- vengées internacionais 3.1. Gonsideragées preliminares 3.2. Os textos convencionais 4. A edigdo de normas interpretativas espectals no Di- reito comparado 5. A interpretacdo no Direito Autoral trancés. 5.1, Na lei - Na doutrina moderna Na Jurisprudéncia 3. 5.4. Na doutrina anterior & lei de 1957 6. A intorprotago no Dirito Autorsl italiano 6.1. Na let 6.2. Na doutrina moderna 6.3. Na jurisprudéncia 6.4. Na doutrina anterior & lei de 1941 7. A interpretag&o no Direlto Autoral alemao 7.1. Na tet doutrina jurisprudéncia 8. A interpretagao no Direito Autoral de outros patses 1. No Direi escandinavo 2. No Direito portugues ‘8: No Direito espanhol :4. No Direito mexicano 5. 6. © No Direito argentino No Direlto belga :7. No Direito suigo ‘8. No Birgito irlandés 9. No Direito tcheco 10. No Direito iugosiavo 1. No Direito soviético ¢ no dos pafses socialistas lia 0, 16 m, 62 abr./jun. 1979 219 9. A excegio da interpretagéo extensiva no sistema an glo-norte-americano Ill — A INTERPRETAGAO NO DIREITO AUTORAL BRASILEIRO 10. A interpretacao na lei atual 41. Na doutrina ‘moderna 42. Na legislac&o anterior 43. Na doutrina anterlor & Lei n® 5.988/73 14. Na jurisprudéncia Iv — SINTESE CONCLUSIVA 1. CONSIDERACOES PRELIMINARES 1, Introdugdo Conforme salientamos alhures, em certos campos do Direito, tendo em vista a respectiva indole, o legisiador impSe determinada interprata- 940, limitando a atuagao do exegeta ou do aplicador da lei, por meio de norma de cunho vinculatério (). Isso ocorre em razéo da natureza especial do Direito em causa, dos principios que o inspiram, da ratio que o embasa, como, por exemplo, no Direito de Autor, cujo caréter peculiar temos exalgado (?). Com efeito, a orientagao da interpretagdo, ou o direcionamento, pelo legislador, da agao do intérprete, tem em mira evitar o entendimento am- pliativo, a conceituagao dilatada, ou a conclusdo extensiva, que possam sacrificar os objetivos ultimos visados pelo mesmo Direito. Nesse sentido, no plano do Direito de Autor — direito especial, em fungéo exatamente do elemento moral que o integra e define — sao erigi- das normas especiais de protegao aos autores de obras liter4rias, artisticas e cientificas, no sentido de garantir-Ihes os direitos abrangidos em seu contexto, nas diferentes relagdes jurfdicas em que se envolvam, conforme mostraremos no presente trabalho. Esse Direito ampara — como se sabe — os autores de obras intelec- tuais, artisticas, literdrias e clentificas, visando garantir-Ihes, de um lado, @ protegaéo aos diferentes aspectos morais de sua produgdo, para asse- gurar a sua integridade e impedir qualquer ofensa e, de outro, proporcio- nar ao criador da obra as vantagens pecunidrias que a sua utilizagaéo econémica lhe puder oferecer. As prerrogativas morais compdem o chamado “direito moral” ¢, as de cunho econémico, o “direito patrimonial” ou “pecuniério”. Aquelas vao desde o direito de inédito ao de defesa da integridade da obra e estas correspondem a participagao do autor em qualquer forma de utili- zagéo econémica da obra (°). (VE ross artigo “Interpretagto no Dicelto em geral”, In RT 499/24. 12) Em viriae oportunidades temos_ reaigado oese speci. V., dentra outros trabalhos, nosso tivo Biratto de Autor na Obra Foita Sob "Paulo, RT. 1977, especialmente odes. 4. 6. 18 8 1B"angs7 60 vorboto “Direlia Autoral", In Eneiclopédia Saraiva do Direto. () ¥,, dantre outros aviores, PEDRO VICENTE BOBBIO: O Direlto de Autor na Crlagto Musleal, S. Paulo, ax, 1955, page. 7 8 8. 220 R. Inf. legisl. Brasilia a. 16 m, 62 abe./iun, 1979 2. A natureza peculiar das normas de Direito de Autor: a prote- ¢&o do autor de obra intelectual As normas de Direito de Autor sao de natureza protetiva ao criador da obra. Com esse espirito, 6 que se erigiu todo o extenso conjunto de principios e regras, que compée 0 Direito de Autor, fruto, principalmente, dos trabalhos de inimeras convengées internacionais e, por isso, carac- terizado por um profundo sentido de uniformidade, mesmo no plano na- cional. Desde os primeiros movimentos para a sua regulamentagéo como direito, essa foi a idgia-matriz: a protec¢do dos autores de obras inte- lectuais. E, com esse objetivo, efetuou-se, de 8 a 19 de setembro de 1884, a Convengéo de Berna, que fixou os tragos fundamentals desse Direito, cujos textos vém sofrendo rovisdes periédicas, para adaptagdo a sua pré- pria evolugao e as novas conquistas da técnica (*). Subjetivo e privatista, pois, mesmo por origem, 6 0 sistema juridico que deflui do reconhecimento dos direitos do autor sobre a sua criagao intelectual. Volta-se para o amparo do autor, ou seja, do individuo como criador de obra de espirito. Por isso 6 que apresenta ratio especial, ou fundamento distinto, do direito comum, como ja anotava EDOUARD SILZ (°). Rege relagdes pessoais do autor com sua obra e cuida de am- paré-lo contra violagdéo a sua personalidade especial como criador, con- forme assinalam GEORGES MICHAELIDES NOUAROS (6) e HERMANO. DUVAL (*). Em face disso o Direito de Autor 6, em principio, ilimitado, para satis- fazer aos interesses do criador da obra. Em conseqiiéncia, suas normas Tepresentam restrigdes As regras gerais sobre 0 direito de liberdade de agao e sobre o de propriedade, como anota HUGO WISTRAND (*). Assim, tem sido insculpido © consagrado nas Constituigdes dos Esta- dos modernos como um dos direitos fundamentais do individuo, No Direi- to brasileiro, desde a primeira Constituigéo Republicana, de 1891 (art. 72, § 26), até 0 texto vigente (Constitui¢éo de 1267, com a redagéo da Emen- da Constitucional n? 1/69; art. 153, § 25) (°). Com efeito, conforme STIG STROMHOLM: “Tout le systéme du droit d'auteur, y compris les dispositions relatives aux contrats de cessions, a pour but d’assurer une protection efficace des intéréts qu'attache le créa- (A convenglo tol tormalizada om 021888. V., dontre outros sutoree, ANTONIO GHAVES; Direlto page. 32 © cog Autoral de Rediodttusto, SP, Mex Limoned, (6) EDOUARD SILZ: “La notion jurldique de droit. mor in Revue Telmestrietle de Drolt Civil, 1923, XXXII, pA ¥. tb, nosso artigo "0 Direito de Autor no Plano das segs. (6) GEORGES MICHAELIDES NOUAROS: Le Drotl Moral de WAuteur, Poris, Arthur Rousteau, 1895, ply. 50, (7) HERMANO DUVAL: Dirslloe Auloralo nap IneengSex Modemat, Rio, Fé. Andos, 1950, pégs. 11 © 12. (8) HUGO WISTRAND: Lee Exceptions Apperiées aux Drolis de [Auteur sur sea Oeuvres, Paris, Edit. Montchréstlon, 1968, pags. 32.0 33. (econ oa Sonttulcea o rformen tm aslo & watt, & ercesho de Cat dr foe Emenda de 7-9-1926: art. 72, § 25; Const. do 1994: art. 113, ine. 20; Const. de 1945: rt. 150, § 25) 194. A rospelto, lla, $8, pags. 105 6 R. Inf, legisl, Brasilia o. 16 m. 62 abr./jun. 1979 221 teur intellectuel a ses productions. C'est dans ce but que les législateurs modernes ont édité des régles plus ou moins complétes tendant a limiter strictement la portée des cessions, a réserver a |’auteur toutes le prérroga- tives qui ne rentrent pas, selon une interprétation étroite, parmi les droits dont il s’est départi” ('*). || — A INTERPRETACAO NO DIREITO DE AUTOR NO PLANO CONVEN- CIONAL E NO DO DIREITO COMPARADO 3. A-edigao de normas interpretativas especiais nas convencdes internacionais 3.1. Consideragées preliminares Assim, em razdo da natureza especial do Direito de Autor, 6 que se tem: a) adotado, como norma, a interpretagdo restrita dos negécios juri- dicos sobre Direlto de Autor, quase sempre por textos expressos; b) inse- rido normas singulares para 0 efetivo respeito e a defesa de suas prerro- gativas, principalmente morais; ¢) limitado o alcance das cessées de dirai- tos sobre a matéria autoral; e d) editado normas complementares sobre esse instituto, requerendo-se sempre a configuracdo expressa, no respec- tivo instrumento, dos direitos cedidos. A edigéo de normas especiais de interpretacdo no Direito de Autor tem visado evitar duvidas na pratica, dentro da nogdo exposta de que impossivel, mesmo por sua natureza, a extensGo do entendimento dos termos ajustados pelas partes. Por isso 6 que, mesmo A auséncia de texto expresso, a doutrina e a jurisprudéncia sempre defenderam o principio da interpretagao limitativa nas convengSes sobre matéria autoral. Objetiva-se, com essa orientagao, assegurar a efetividade da prote- g&o que 0 Direito de Autor confere ao criador de obra intelectual, resguar- dando-o nos negocios juridicos que celebra para a utilizagao econdmica de sua obra. € que, a par da indole especial desse Direito, a crescente multiplice- gao das formas de comunicagao das obras de engenho e a necessidade de especializagéo para o exercicio das atividades correspondentes tém exigido a atuacéo de empresas na reprodugdo ou representagdo dessas obras. Assim sendo, 0 autor confia a editor ou empreendedor de espetaculos a divulgacdo @ a exploragao da obra, mediante participagéo nos resulta- dos, e por meio de diferentes contratos: edigao, ancomenda, cessio, pro- dugdo e outros ("). E, como o autor, em geral, n&éo dispée de conhecimentos técnicos especificos, com muito mais razdo recebe o amparo legal, seja na deli- (10) STIG STROMHOLM: Le Concurrence entre Auteur d'une Oeuvre de Esprit et Je Cesslonalre d'un Drolt eBxpleltation, Stockholm, Norsioct & Sdnors, 1960, pag. 11. (11) A matéria fol desonvoivida om nossa dlssertacto Diratio de Autor na Obra Feite woh Encomenda, 4 clade, péas. 27 @ segs. 222 R. Inf, fogist. Brositia a. 16 n, 62 obr./jun. 1979 mitagao do alcance das concessdes que faz, seja na edigéo de normas disciplinadoras dos diversos contratos sobre direitos autorais. Mas, precedendo a elaboragao legislativa e informando as préprias. convengées internacionais, a doutrina e a jurisprudéncia — aquela lapi- dando os contornos do direito moral e esta ditando solugées para os conflitos exsurgidos e restringindo a extensdo das autorizacées dadas pelo autor — construiram todo um sistema de normas interpretativas para efeito de cingir os ites cedidos aqueles individualizados no respectivo instrumento de negécio juridico. Sobressaem-se, dentre elas: a) a da necessidade de participagdo do autor em cada um dos processos de utilizagao, independentes entre si; e b) a obrigatoriedade de insergdo, no instrumento de contrato, dos direi- tos cedidos, permanecendo na esfera do autor os nao explicitados de forma inequivoca. Identificam-se essas diretrizes em diversos sistemas legislativos na- cionais mesmo entre aqueles separados por diferengas sensiveis em seu conjunto. Isso se deveu, especialmente, as premissas que se fixaram por ocasido da primeira convengao sobre Direito de Autor, em que se definiu como uma das metas nesse campo a da uniformizagao legislativa (*). 3.2. Os textos convencionais Com efeito, os preceitos acima expostos encontram-se insitos nos textos da Convengéo de Berna, de 1896, e nas subseqiientes revisdes: Paris (Ato Adicional: 1896); Berlim (1908); Roma (1928); Bruxelas (1948): Roma (1961); Estocolmo (1967); e Paris (1971). Na primeira convengao, os paises contratantes constituiram-se em “estado de uniao", para “a protecdo do direito dos autores sobre obras literérias e artisticas" (incluidas as cientificas: art. 49), compreendendo 0s direitos j& concedidos pelas leis nacionais e os que viessem a ser reconhecidos (arts. 19 e 29), © texto inaugural ja distinguia a reprodugao (art. 4°); a representa- go @ execugao publica (art. 99); assegurando, ainda, o direito a tradugéo fart. 69), @ adaptagdes (art. 10), e referindo-se as obras publicadas pela imprensa, obras dramaticas, musicals e outras. Considerava, pois, como independentes as formas de utilizagéo da obra, exigindo a autorizagao do autor em cada caso. © Ato Adicional de 1896 introduziu as novelas, publicadas em folhe- tins e em compilagées periédicas, e os artigos de periddicos, estendendo a protegdo a fotografia (art. 7°). ‘A Convengéo de Berlim considerou protegidas como obras originais, sem prejuizo dos direitos do autor: as tradug6es, adaptagées, arranjos, (1a) Sobre a Convento de Bema: v. tb.: K, STOYANOVITCH: Le Dro d'auteur di la France at lon Pays Soci 1950, aga. 53 ©. e4 les Rapporte entre alietes, Lio, Generale, DOCK: tude eur fe Dro d’Auleur, Paris, Lib. Génbrale, 1969 MARIE. CLAUDE 223 reprodugées etc. (art. 2%), aplicando-se as suas disposigées as fotografias @ as obras obtidas por processo andlogo (art. 3°). Exigiu a autorizagéo do autor de obras musicais para a adaptagao a instrumentos para reprodu- gdo mecanica e execugdo publica (art. 13) e para representagao @ repro- dugdo publica pela cinematografia ou processo andlogo (art. 14). Reflete o texto a preocupagao dos unionistas em submeter ao regime da Convengaéo os novos processos de comunicagao introduzidos pela técnica, dentro da orientagao primeira de nao enunciar exaustivamente as obras protegidas e os processos de reproducdo, a fim de no os deixar escapar ao seu alcance. A Convengao de Roma, de 1928, consagrou expressamente 0 direito moral, consignando que, independentemente dos direitos patrimoniais @ mesmo apos a sua cessdo, conserva o autor o direito de reivindicar a paternidade da obra e de opor-se a modificagdes que Ihe sejam prejudi- ciais & honra ou reputagao (art. 6%, bis). Note-se ainda que o texto reafirma a pluralidade dos direitos patri- moniais. A Convengdo de Bruxelas, de 1948, introduziu novas formas de comu- nicagdo da obra, submetendo-as a autorizagdo autoral; a radiodifusdo ou comunicagdo publica por qualquer meio; a comunicagao publica dife- rente da do organismo de origem; a efetivada por meio de alto-falantes ‘ou outro meio andlogo (art. 11 — bis). Ressalvou que a autorizagao con- cedida em qualquer dos modos nao implicava na de impressdo por ins- trumento destinado a processos de reprodugdo de sons ou imagens (alinea 38). Inseriu, ainda, a recitagao publica (art. 11 — ter); a impressdo por ins- trumento mecAnico para reprodugao mecanica; a execugdo publica pela mesma forma (art. 13); a adaptagdo e reprodugao cinematografica e ana- logos (art. 14). A GConvengéio de Paris, de 1971, que substituiu as demais (art. 32), aperfaigoou mais os textos, falando em autorizagéo para gravacdo (art. 11 — bis); transmissao publica (art. 11 — ter) e também para a tradugdo (art. 11. — ter); @ estabelecendo o direito de participagao do autor na mais-valia da obra de arte, ou direito de seqiléncia (art. 14 — ter). © exame dos textos denuncia, pois, que os unionistas distinguem: @) o direito moral na base do Direito de Autor e, por isso, insuscetivel de restrigéo na cessdo de direitos patrimoniais; b) a existéncia de diferentes direitos patrimoniais, independentes, que se preocupam em destacar, a medida em que a técnica revela novas formas de comunicagéo das obras intelectuais; ¢) a necessidade de autorizagdo autoral apartada para utili- zagéo de cada direito patrimonial; d) em conseqiéncia, a especificagdo, no instrumento de contrato, de cada direito cedido; @) a interpretagéo estrita de suas clausulas. 4, A-edig¢&o de normas Interpretativas especiais no Direito com- parado No Direito comparado encontram-se perfeitamente delineadas essas diretrizes. Deter-nos-emos no Direito francés, no italiano @ no alemao, 224 R. Inf. legisl. Srosilia a, 16 m. 62 abr./jun. 1979 examinando também outros ordenamentos juridicos para, por fim, concen- trar-nos no Direito brasileiro. Pode-se, desde logo, assentar que, nas relagées entre autor e editor (ou empreendedor ou cessionério de direitos autorais), prevalece o prin- Cipio da interpretagao estrita, Com efeito, demonstrando o interesse pratico de que se revestem 08 conflitos sobre direitos autorais, em face da intensidade com que se exploram os direitos patrimoniais, salienta STIG STROMHOLM que impera nesse campo: “Le principe de l'interprétation stricte des cessions en matiére de droit d'auteur — principe adopté par les législateurs mo- dernes — est destiné a laisser a l'auteur, aprés la cession d’une partie de ses droits, un faisceau de prérrogatives bien défini” (*). !sso contere uniformidade legislativa 4 matéria — conforme anota- mos — fazendo com que, em sistemas juridicos completamente diferen- ies, imperem os mesmos principios de protegao ao criador da obra inte- lectual, evitando-se, em conseqtiéncia, 0 entendimento extensivo no equa- cionamento de questées relativas a direitos autorais. 5. A interpretagao no Direito Autoral francés 5.1. Na lei A lei francesa, de 11-3-1957, destaca por expresso, no contetide do Direito de Autor, os atributos morais e os pecunidrios (art. 19). Define os direitos morais como perpétuos, inaliendveis © imprescri- tWveis (art. 62). Ao titular dos direitos cabe, outrossim, o direito exclusive de exploragaio econémica da obra, sob qualquer forma (art. 21), compreen- dido sob as designacdes de reprodugao e representacao (art. 26). Fixa a independéncia do aspecto incorpéreo do direito em relacao & propriedade do objeto (art. 29). E, como conseqiiéncia, prescreve que a cesséo do direito de representagdo no importa no de reprodugao, e vice-versa, assinalando que, mesmo quando um contrato implique em cessao total de direitos, deve entender-se como limitado aos modos de exploracdo nele previstos (art. 30). Impde, ainda, a autorizagdo do autor, por escrito, com relagao a cada direito cedido, que cumpre seja mencio- nado especificadamente na estrutura da cesséo, cujo instrumento limi- taré © Ambito do aproveitamento econémico, quanto a extensao, o desti- ho, o lugar e a duracdo (art. 31). Nessa ordem de idéias, a lei francesa declara nula a cessao global de obras futuras (art. 33), permitindo apenas a concessdo de direito de preferéncia e com respeito a obras de género claramente determinado (art. 34). Além disso, estabelece a participagdo proporcional do autor em qualquer cessdo (total ou parcial) de direitos (art. 35). (13) Ob. cit, pag. 18. R. Inf, fegial. Bi 225 Outrossim, a exploragaéo econémica da obra por forma nao previsivel ‘ou nao prevista no contrato deve ser estipulada mediante cldusula expres- sa, que preveja a participagao proporcional do autor (art. 38). Ademais, na cess&o parcial, 0 cessionario substitui o autor no exer- cicio dos direitos, mas nas condigées e limites do contrato (art. 39). Mes- mo no contrato geral de representagado, a sociedade-mandatéria deve agit nas condigées estipuladas no respectivo instrumento (art. 43), que Ihe n&o confere monopodlio (art. 44). Por fim, ao regular 0 contrato de edicdo, insiste a lei em que a utili- zag&o econémica se faga sempre na forma e nos modos de exploracdo determinados no contrato (arts. 48 @ segs.). ___ Ante ao exposto, observa-se que a jrancesa, fiel ao espirito unio- nista, insere varias normas interpretativas em seu contexto, as quais refletem as preocupacées protetivas assinaladas, amoldando-se aos prin- cipios gerais enunciados. Distingue, pois, diferentes direitos patrimoniais, considerando-os inde- pendentes @ submetendo cada qual a autorizagao autoral. Limita a cessdo aos expressos termos ajustados, exigindo a clara individualizagéo dos direitos no respectivo instrumento e impondo a participagao do autor em processos ndo previstos ou supervenientes. Mesmo no contrato geral de tepresentagdo, celebrado com as sociedades de arrecadagdo, os termos avengados ditam os limites de atuagao da entidade. 5.2. Na doutrina moderna Discorrendo sobre a lei de 1957, HENRI DESBOIS assinala que, nas convengées sobre direitos de autor, o principio geral é o da interpretagdo restrita, fixada através de regras imperativas, que, inclusive, exige a espe- cificagado dos direitos cedides no respectivo instrumento de negécio. Escreve, a respelto, que o legistador nao se contenta em estabelecer disposic¢ées “qui dérogent aux régles du Code civil relatives & l'adminis- tration des preuves”. Mas ainda intervém “dans I'aménagement des con- trats, afin d’éviter que les auteurs se dépouillent inconsidérément du fruit de leur travail: il les a protégés contre eux-mémes, estimant selon une présomption traditionnelle que l'expérience dément plus d'une fois qu’ils n’ont cure de leurs intéréts pécuniaires” (4). Acrescenta 0 mesmo autor que, de duas formas, o legislador disci- plina a matéria: a) quanto aos direitos, “a essentiellement posé des ragles impératives d'interprétation”; e b) quanto as obras, de modo mais violento, “en condamnant la cession globale des oeuvres futures” ("*), E 0 principio de interpretagao restrita 6 de ordem publica, como ano- ta ANDRE HUGUET, “car une clause contractuelle inserée dans Ja conven- 8. $78 0 $79, Em taco do fem voz do “‘ceselo”, quando {4 HENRI DESBOIS: Le Droit D’Autour on France, Paris, Dalioz, 1 carttor do Direlio de Autor, DESBOIS pronte @ utilizagdo do "ean fe discutla 0 projete que dou origem @ ter Uv. p89. 127). 195) 0b. elt, phy. 578, 226 R. Inf. fegisl, Brasilic ¢, 16 n, 62 obr./jun. 1979 tion, et tendant a renverser la méthode d'interprétation restrictive en inter- prétation extensive serait ilicite” (*). Assim, com a aplicagao do principio geral, a conseqiiéncia ultima sera a ineficiéncia pura e simples do contrato que dispuser ao contrario. Com efeito, as partes nao podem alterar as citadas regras de interpreta- g40 (), de conformidade com o principio da predominancia da ordem publica. Nesses casos, 0 direito especial derroga o direito comum. £ que, no campo do Direito de Autor, as regras de direito comum nao satisfazem, em virtude da personalidade especial do autor — como anota ANDRE FRANCON —, de modo que a lei intervém para regulamen- tar os contratos sobre matéria autoral (1%). Na mesma linha de pensamento, ressalta ALAIN LE TARNEC: a) a ne- cessidade de discriminagao, no contrato dos dizeitos cedidos, e b) a pre- valéncia da interpretacdo estrita, verbis: “L’objet de l'autorisation accordé par l'auteur sur son oeuvre, d'une maniére générale, l'objet du contrat, doit étre rigoureuse- ment précisé. S’il ne l’est pas d’une maniére suffisante, il appar- tient au juge d’interpréter étroitement la convention, le cas échéant” ('*), Com isso — anota o mesmo autor —, na regulamentagao da utiliza- Gao econémica da obra, o legislador estreita o campo de atuagao do ii térprete e, em vista da orientacdo tragada, nas convengées sobre direitos de autor, de u’a maneira geral, “l’auteur conserve tous les droits autres que ceux dont il n’a pas disposé en termes précis et non équivoques” (»). Com efeito, j4 se fixou que cada modo de exploragao corresponde aum direito patrimonial. Ora, esse direito é “exclusivo, oponivel a todos”, cabendo ao autor, pois, autorizar ou proibir a utilizagdo de cada qual, como registra ANDRE KEREVER (1) Por essa razéo, sempre prevaleceu, no Direito francés, a tese da determinagao da extens&o dos direitos cedidos em fungao do fim e das modalidades de contrato — como assinala STIG STROMHOLM, analisan- do diferentes conflitos entre autor e cessiondrio em alguns sistemas — de modo que conserva o criador os direitos nao expressamente menci fades, No respectivo instrumento, considerando-se nula a cessdo glo- bal (#). (18) ANDRE HUGUET: L'ordre Public of fos Contrale @'Exploltaion du Droit d'Auteur, 1982, pg, 128. (17) Ct. HENRI DESBOIS: ob. cit, pégs, 581 @ segs, (18) ANDRE FRANCON: La PropHélé Litléralre et Artiatiqu®, Paris, Presses. Universi lo. 81. Lib. Générale, res do France, 1970, (19) ALAIN LE TARNEC: Manuel do te Propriété Litiéralre et Artistique, Paris, Dalloz, 1968, pag. 110 (tb, pags. 78, 78 8 178). (20) 0b. elt, pag. 111. (21) ANDRE KEREVER: “Le Droit ¢'Avieur en Europe Occidentale", in Hommage # Henri Desbois, Dalloz, Paria, . “1874, pag. 50. (2) STIG STROMHOLM: Le Droit Moral da rAutour en Droit Allemand, Frangsie et Scandinave, Stockholm PLA, Norstedt & Stners, 1966, vol. Il. t. 2, pg, 10. R. Inf, legiel, Bresilia o. 16 m. 62 abr./jun. 1979 227 Assim, na cessdo, 0 autor nao se despoja de seus direitos, sendo nos limites objetivados. Se se refere a determinada produgdo cinematograti- ca, a extensao dos direitos cedidos restringe-se a realizagéo do filme, conforme demonstra PAUL DANIEL GERARD (?*). O mesmo ocorre com relagdo & obra fotografica, segundo PIERRE FREMOND (*). Dessa forma, em obra executada em publico e depois radiodifundida ou televisionada, ao autor oferecem-se duas ocasides para exerciclo de seus direitos. Em primeiro lugar, “au titre de la communication au public réuni au lieu ou s'effectue l’exécution”; e, em segundo, “au titre de la communication au public qui pergoit les sons transmis par l'appareil de radio, ou qui voit les images passer sur les écrans de télévision”, segundo ALAIN LE TARNEC (*). Com efeito, os dirsitos patrimoniais compreendem todas as utiliza- g6es possiveis da obra intelectual, como anota HUGO WISTRAND (*). Por isso 6 que, analisando as regras que limitam o alcance das auto- rizages consentidas pelo autor, na lei francesa, ANDRE FRANCON (*), depois de tecer comentarios dos textos citados, assenta que se a técnica revelar novo modo de exploragdéo da obra de engenho, pertenceré ao autor e n&o ao cessionério (*). A prevaléncia da exegese estrita é ressaltada também por J.G. RE- NAULD — que estuda o contrato de adaptacdo e examina a interpretacéo das cessdes em varios sistemas: francés, belga, irlandés, suigo e italiano —, assinalando que, por inverséo das regras gerais do Direito, ao editor (ou ao cessionério) cabe fazer a prova da extensdo da cessdo, “le con- trat devant étre interprété restrictivement”, com remissao a POIRIER, F. PLAISANT, SAVATIER e GERARD (*). Assim, a transferéncia de um dos direitos nao implica na de outros direitos parciais, conforme anota RENAULD, de modo que se admite tam- bém “que la cession qui englobe l’ensemble du droit d'auteur, n’aura point d'effet a I'égard des modes d'exploitation non encore connus au moment de la convention” (*). Ainda conforme o mesmo autor, essas regras de interpretagéo — sobre as quais inexiste discusséo — sao mais notaveis porque derrogam manifestamente o direito comum. Dessa forma, enquanto o cessionario de um bem qualquer adquire o direlto de usé-lo como entender, no Direi- to de Autor, ao contrério, “I’acquéreur du droit n'est investi que des fa- (25) PAUL DANIEL GERARO: Loe Derechos de Aulor an In Obra Cinematogréfice, trad, MANUEL PARES MAICAS, Barcelona, Ediciones Ariel, 1058, page, 147 6 segs. (20 PIERRE FREMOND: Le Droit de la Photographie, Paris, Dalloz, 1979, pég. 163 (em que também propugna pela Iinterprelagho restitiva). ig. 250. + pg. 24. (27) Ob. cit, péga. 82 © soos. (2) ob. eit, pig. 83. (29) J... RENAULD: Drolt d'Auleur et Contret 4'Adaplalion, Bruxelles, F. Larcler, 1955, péy. 124, nota 9. 460) Ob. elt, pag, 125. 228 R. Inf, legist, Brasilia a. 16 n. 62 ebr./jun. 1979 cultés expressément prévues @ la convention, les autres restant a la dis- position du cédant” (). As mesmas diretrizes prevalecem com relagdo ao contrato de repre- sentagdo geral, entre autores e sociedades arrecadadoras de direitos autorais, em que a atuacao destas se conforma aos termos ajustados, como se pode observar em ANDRE SCHMIDT (*), 5.3. Na jurisprudéncia Mas, mesmo antes da consagragdo legal do sistema de interpretagado estrita, j4 a jurisprudéncia assim entendia, decidindo pela limitagdo dos direitos cedidos aos precisos termos convencionados entre as partes. Com efeito, informa-nos ALAIN LE TARNEC que as disposigGes limi- tativas do alcance das cessées na lei derivam de solugées ditadas pela Jurisprudéncia (®). Estudo aprofundado nesse sentido foi realizado por STIG STRO- MHOLM, que, analisando o direito moral e as implicagdes com a cesséo de obras futuras no Direito francés, alemao e escandinavo, mostra como a jurisprudéncia e a doutrina edificaram estes conjuntos de principios, apresentando varios casos, nos trés sistemas, em que predominam as teses expostas (*), ALAIN LE TARNEC cita também varias decisdes da jurisprudéncia. Assim, por exemplo, as que distinguiram as autorizacgées para radiodifu- so e televisionamento, de um lado, e a execugdo publica, de outro (*). Refere-se, ainda, a acérdao em que se assentou que, na reprodugdo por um processo grafico, o autor conservava o direito & adaptac&o cinema- tografica; e outro, em que se definiu que, quando o autor concedia a editor de musica o direito de extrair de sua obra uma pera, nao signifi- cava que podia este proceder a adaptaciio cinematografica (**). ISIDRO SATANOWSKY reporta-se a decisSes em que se fixou que o direito de proceder ao registro néo comportava o de audi¢do publica ou a utilizag4o radiotelefénica, com remissao a BOUTEL, R. PLAISANT e HENRI DESBOIS (7). J. G. RENAULD aponta, dentre outras decis6es, uma antiga, em que se estabeleceu que a cesso para adaptacdo cinematogréfica, realizada & (1) Icom, Ibidem. (82) ANDRE SCHMIDT: Lew Sociétés @’Autoure: SACEM-SACD — Contrate de Repréventation, Paris, Lib. 1971, pigs 158 © segs. @ 175 © segs. 180, © carter oroativa ds. juraprdtncie 8. Relat Droit Moral", In Hommegs 4 aegas vt. EOQUARD SIL2, ob. cit, page. ata (4) Ob. lt, vol. M1, tomo 2, pls. 2, 28, 27 © segs. (88) 0b. cit, pho. 280. (28) Ob elt. fe. 78. Con retoslio a folosain, v th, RENE GOURIOU: Le Photograchle et ta Dro ‘Auteur, Parts, Lib. Générale, 1959. en IBIORO AATANOWRNT: Dereéhe She, B pies, Tovar Argentina, 2984, vat. pda. 371. Telagdo & fonoprafia, v. tb. PIERRE LE BEC: Le’ Droit d'auteur et in Phonographie, Faris, Arhur Rousseau, 1011, om ave Id eponte a inorpretapde ete uraprudBncia. sntusdo também por ROBERT PLAISANT: fend Deshole, Paris, Dalfoz, 1974, pége, 5. R. Inf, fegisl, Brosilic 16 n. 62 obr./jun. 1979 229 época do filme mudo, n&o permitia ao beneficiario produzir filme falado, apés a introdu¢ao desse novo processo (**). Também na cessdo para sono- rizagéo em determinada lingua, deveria ser obedecida essa especifica- ho (). 5.4. Na doutrina anterior a lei de 1957 Pela mesma tritha enveredava a melhor doutrina, desde os primeiros sistematizadores da matéria. Com efeito, |4 GUSTAVE LARDEUR, ao tempo em que se concebia o Direito de Autor como propriedade, propugnava por solugdo favordvel ao autor em todos os casos de renincia, salientando que deveriam sempre receber interpretacao restritiva (*). RENEE-PIERRE LEPAULLE, por sua vez, examinando o contrato de edigao, ressalta o aspecto moral do Direito de Autor, assinalando que nao importava essa avenga em sua alienagéo. Ao revés, com a concluso do contrato, o autor conservava, verbis: “Egalement tous les droits qui n’ont pas fait l'objet du contrat tel que le droit d’autoriser une traduction, un arrangement, ou la représentation de son oeuvre” (+t). Destaca também 0 aspecto pessoal do Direito de Autor EDOUARD SILZ, assentando que, na transmissdo de direitos patrimoniais, permanece intacto 0 direito moral e que as normas estritas de Direito de Autor sao de ordem piblica, limitando, pois, a liberdade contratual (2). LEON MALAPLATE ressalta, em face da natureza do Direlto de Autor @ mesmo sem texto expresso de lei, a necessidade de participagao do au- tor em todos os processos de utilizag&o da obra, assinalando que: “Quiconque les exerce sans son autorisation mérite d’étre pour- suivi, méme si la loi ne le prévoit pas expressément, du seu! fait qu'il y a une atteinte a la personalité de l'auteur” (*). Outrossim, os direitos patrimoniais devem ser utilizados nos termos fi- xados pelo autor, como anota GEORGES MICHAELIDES-NOUAROS, so versar a questéo da comunicagao da obra ao publico, verbis: “Les créanciers ne peuvent saisir le droit de reproduction que dans le sens et les limites of il a été exercé par I'auteur: I'oeu- (88) 0B. oft. pag. 125, nota 3. (26) Ob. elt, pag. 151. (4) GUSTAVE LARDEUR: Dw Comat decion on Matra Linda, Par, Arner Roveseny 120, Bg, $21. Pouces vores em contrano. 80 I (G. RENAULD® ob. city pag. (41) RENCE-PIERAE LEPAULLE: “Lee Drolte de TAutour sur eon Ceuvre™, Paris, Dalloz, 1927, pig. 162, (42) Ob. cit, pg ate. (43) LEON MALAPLAN Drolt d'auteur — sa Protection dans tes Rapports Franco-€trangore", Parl Recuell Sirey, 1931, pig. 57. 230 R. Inf, tegisl, Brotilio @. 16 n. 62 abr./jun. 1979 vre doit étre considérée inédite quant aux modes de reproduc- tion dont I’auteur n’a pas voulu se servir.” Dessa forma, acrescenta 0 mesmo autor que: “Une oeuvre publiée par la voie de la presse ne peut étre trans- posée a I’écran cinématographique, le chef des créanciers ayant saisi le droit de reproduction” (#). 6. A interpretago no Direito Autoral i 6.1. Na lei A lei italiana, de 22-4-1941, também confere ao autor — depois de consagrar os aspectos morais do Direito — o direito exclusivo de utiliza- G40 econémica da obra, sob qualquer forma ou modo (art. 12), especifi- Cando, exemplificativamente (art. 13), diferentes processos (reprodugao, transmissdo, execugdo, representagao, difusdo etc.). Também sufraga a independéncla, entre si, desses direitos exclusives, salientando que o exercicio de um nao exclul o de outro (art. 19). De outra parte, ao disciplinar 0 contrato de edigo, prescreve que po- dera conter todos os direitos ou alguns, mas nao se incluem os direitos futuros e nem os que dependam de modificagdo (art. 119 ¢ suas alineas). Além disso, assenta que a alienagao de um direito néo implica na transfe- réncia de outros (idem). Nos contratos sobre obra futura, impde a nulidade da cessao total — isto 6, sem limite de tempo — permitindo-a apenas em periodo de até dez anos (art, 120). 6.2. Na doutrina moderna Comentando disposigées da lei, VALERIO DE SANCTIS acentua que, “Nella classificazione e interpretazione di atti e negozi in ma- teria de diritti di autori si debbono tener presenti i principi propri alla natura del diritto di autore. e soprattutto, quello della indi- pendenza delle varie facolta esclusive” (*). Lembra, outrossim, que os principios expostos, embora inseridos na regulamentagéo do contrato de edic&o, tém cardter geral (arts. 119 a 121 da lei especial) e impdem: a) a incessabilidade de direitos futuros even- tualmente atribuidos por lei posterior, que comporte protec4o ao Direito de Autor mais ampla em seu conteddo e de maior duragdo, ¢ b) a validade da transferéncia de direitos em rela¢&o 4 obra a criar, com a observancia das normas imperativas postas para a tutela do autor acerca dos limites do contrato (*°). (44) 06. lt, pag. 125. (45) VALERIO DE SANTIS: Verbola “Autore", in Enelelopedia del Diritlo, vol, 1V, pds. 414 (48) Idem, Ibidem. R. Inf. legisl, Brasilia a. 16 n. 62 obr./jun. 1979 231 Salienta, em outro passo, que, em face do principio da independén- cia das varias formas de utilizagao dos direitos patrimoniais, o exercicio de um nao exclui o de outro, assinalando que, no regime anterior a lei de 1941, assim jé o afirmava a jurisprudéncia ¢ a doutrina (*), TULLIO ASCARELLI ressalta, por sua vez, a importancia da enumera- g&o legislativa das taculdades compreendidas no direito patrimonial, que se faz para proteger o autor na exploracdo da obra (*). Assinala que, em face da pluralidade de direito, nas sucessivas utilizagdes da obra, ao autor $e reserva a execug&o, a gravacdo (e, pois, reproducdo pela gravacdo) e a utilizagéo do disco para a execugdo lucrativa da obra, eis que distinta @ reprodugdo por gravagdo da execugéo pelo uso do disco (**). Resguarda a lei ainda, conforme o mesmo autor, a reprodugdo da obra pela imprensa, a recitagZo, a execug4o e a representagdo da obra impres- $a, porque configuram utilizacgées distintas, embora a segunda pressupo- nha a primeira. Acentua entao que isso reflete na delimitagao dos direitos derivados do de autor, verbie: “Estos tendran el contenido que corresponde a la facultad a que se refiera el negocio; la concesién de la representacion no im- plica, por tanto, la de la difusién; la concesién de la reproducci6n No implica la del recitado y por eso las diversas facultades po- dran corresponder a sujetos distintos...” (5). Analisando, em outra parte, o contrato de edig#o, anota ainda ASCA- RELLI, quanto aos direitos transmitidos (ou faculdades do direito de utili- zagdo), que “son aquellos y sélo aquellos contractualmente especifica- dos” (3). Para esse efeito, segundo o mesmo escritor, a lei estabelece, na tu- tela do autor, dois limites, ad Iittaram: a) “excluye que la transmisién pue- da implicar la constitucién de un derecho mas amplio que e! que actual- mente corresponde al autor; e b) excluye que, salvo pacto expreso (ad- vidrtase, pues, que el pacto al respecto debe ser expreso), la enajenacién (dice la ley) se extenda al derecho (rectius: facultad) de utilizacién de las eventuales transformaciones y elaboraciones de que la obra es susceptible {y dejando a salvo en todo caso Ios limites establecidos por el inaliena~ ble derecho moral), incluidas tas adaptaciones para el cine, la radio y el registro sobre aparatos mecdnicos” (®). No mesmo sentido, pronunciam-se PAOLO GRECO e PAOLO VERCEL- LONE que, depois de assentar a independéncia dos direitos de utilizagéo @ da inaxcluséo de um direito pelo exercicio de outro, fazem a distingao (@ Ob. em, pila. 302, (48) TULLIO ASCARELLI: Teorla de la Concurencla y de lot Blones Inmatertales, trad, de E, VERDERA y L. SUAREZ-LLANOS, Barcelona, Bosch Casa Editorial, 1970, pég. 671. (49) Ob. cit, ply. 670. (64) Idem, Ibidem. (61) Ob. et, pig, 740, (62) Idem, Ibidem, 232 R. Inf, legisl, Brositic «. 16 1», 62 abr./jun. 1979 entre as duas formas tradicionais: 0 contrato de edigao e o de cessdo de direitos, assinalando que o contetido do primeiro “‘consiste ne!la conces- sione al’ editore di poteri concernenti da un lato la riproduzione in un certo numero di exemplare, dall’altro la pubblicazione e messa in cir- culazione dell'opera” (*). E com base na lei atual em que destacam também os limites j4 ex- postos (art. 119), afirmam que: “A) di fuori di queste due forme di utilizzazione, hanno vigore i principi dell’ indipendenza delle varie forme exclusive dell’autore e dell’interpretazione restrittiva degli atti di disposizione sul dirit- to di autore” (*). Discorrendo sobre os direitos patrimoniais, GIUSEPPE PADELLARO acentua que se constituem de uma série de faculdades para a utilizagao econémica da obra, sob diferentes formas e modos, originarios ou deri- vados, a saber: reprodugdo por qualquer processo; difus&o por radiofo- nia ou televisao; elaboragao; transformagao de obra narrativa em teatral, cinematogréfica, e outros. Salienta entéo que representam “diritti assolu- tamente indipendenti tra di loro che lo scrittore pud esercitare separata- mente e cedere singolarmente o congiuntamente, in piena liberta contrat- tuate” (°). Nesse sentido, a autorizagao dada para determinado processo no se estende a outro. Assim, a cesséo de musica para producdo cinematogra- fica restringe-se a produgao publica nas respectivas salas, nao compreen- dendo a divutgagao em cassetes. Da mesma forma, concedida ao editor a publicagéo da obra pela imprensa, nao poderd fazé-lo por meio diferente (como, por exemplo, fixagao em cassete) (°). Pondera, outrossim, MARIO FABIANI que esses direitos de utilizagao econdmica estéo compreendidos em um elenco exemplificativo na lei (arts. 13 e segs.). E, com remiss&o a ASCARELLI, registra que “6 appunto fa tutela defl’autor quella che impone un elenco delle facolta attribuitegli per impedire che i diritti derivati a terzi da quello dell’autore possano com- prendere facolta che invece l’autore intendeva riservarsi o concedere a soggetti distinti” (*), Versando, em outra obra, 0 contrato de edigdo, assenta GIUSEPPE PADELLARO que, mesmo em presenga de contratos diversos, com que se transfiram direitos de utilizagéo econdmica de uma obra intelectual, “do- vranno applicarsi le limitazioni poste dalle norme inderogabilli della legge (83) Ob. cit, pig. 276, (54) Idem, ibidem. (65) GIUSEPPE PADELLARO: I Dino d'Autore (La dleciplina gluridica degll strumanti di comunicazione clei), Witano, F. vattaral, 1972, pag >, (80) Ob. ett, pags, 102 © 103, (57| MARIO FABIANI: 11 Dini e'Auiore nella Glurlsprudensa, Padova, Cedam, 1969, pég. 67. R. Inf. fegisl. Brasilia o, 16 n. 62 obr./| 1979 233 speciale, sotto il titolo sul contratto di edizione, norme che sono informate al principio della protezione dell'autore quale contraente pi debole” (°). As normas desse género, fixadas na lei, sao as que se referem, por exemplo, ao numero minimo de exemplares e aos prazos e termos, “cul mancata previsione implica in vista della sopra rilevata inderogabillita, I’in- validita della pattuizione”, como acentua (*). MARIO ARE, por sua vez, enfoca a questéo sob o aspecto da distin- do entre o direito da utilizagao da obra e a propriedade corpus mecha- nicum, assinalando: “Data la netta distinzione tra il diritto di proprieta dell’esemplare ed il diritto di utilizzazione economica detl’elemento intelletuale dell’opera considerato nelta sua astrattezza, la cessione dell’un diritto non implica corrispondentemente la cessione dell'altro” (*). Por isso 6 que acentua que, quando o autor ceder a propriedade de exemplar, ndo transmite ao adquirente o direito de reprodugaéo de exe- cugdo @ outros, citando OLAIGNER, BALL e ULMER. Ao revés, o direito permanece “integro rimanendo delimitato solo per quanto attiene al go- dimento dell’elemento formale incorporato nell’esemplare...” ("). GIORGIO JARACH, salientando também a independéncia dos direl- tos patrimoniais, frisa que esse conceito se faz presente quando se trate de determinar o conteddo dos contratos concluldos pelo autor, nos quails venha a ceder a terceiros um ou mais de seus direitos (*). Assinala entdéo que esses direitos séo “assoluti, opponibili, clod, a qualsiasi terzo, il quale @ tenuto a rispettarne |’exclusivita”. Em face disso @, mesmo no siléncio da lei, 6 de concluir-se que “l'autore possa libera- mente includere opera gia ceduta si la sua inclusione nella raccolta fiesta faccia concorrenza all’edizione del cessionario dell'opera singo- ja” (8), 6.3. Na jurleprudéncia A jurisprudéncia J& se orientava nesse sentido, bem antes da promul- gag&o da lei atual, a exemplo do Direito francés. De fato, PIOLA CASELLI refere-se a decisdes alcancadas com res- pelto a obra complexa, em que se fixou que a publicacdo de artigo ou monogratia, como parte de obra, nao implicava o direito de fazer publica- ¢40 separada ou em outra obra coletiva. E, em outro passo, que, concedi- do 0 direito para a divulgagao sem ilustracées, o editor nao poderia langar a obra com llustragées, e vice-versa, reportando-se a KOHLER (*). (Ga) GIUSEPPE PADELLARO: 11 Dirt degit Autoel, degi! Editor, deglt Esscutor! © degil Ialerprall, Milano, Glatt, 1908, pag. 107 (59) 0b, ct, pda. 108. {00} MARIO ARE: L'Oggetlo de! Ditto di Autore, Milano, Giuffrt, 1963, pig. 242. (61) Ob. ct, pag. 242 © note 34. (62) GIORGIO JARACH: Manuale del Dielto d'Autore, Milano, U. Mursia & Cin. 1988, pA. 58. (69) 0b, elt, pag, 61 (64) 06, eit, pag. 704. 234 R. Inf. legisl, Brasilio o, 16 m. 62 abr./jun. 1979 Menciona TULLIO ASCARELLI decisdes em que se estabeleceu que a edigdo de um artigo em uma revista ndo compreendia o direito de sua reprodugdo em cépias separadas; e a edigéo em um volume néo com- preendia a em fasciculos ou em apéndices (*). MARIO FABIANI cita antigas decisGes, em que se distinguiu, clara- mente, no campo das obras musicais, o direito da emisséo do de recep¢ao em publico (*), Dentro da mesma orientagdo, intorma-nos GIUSEPPE PADELLARO que a jurisprudéncia tem declarado a invalidade de contratos em que se desrespeitam os limites fixados pela lei sobre a edicao, como a determi- Nagao do numero minimo de exemplares e o termo final na cessdo (*). Apresenta-nos, por sua vez, AUGUSTO FRAGOLA, dentre outros, ques- téo em que se definiu, interpretando-se cldusula contratual que, para a cessdo do direito de redug&o cinematografica de obra literaria, 6 reserva- do ao cedente o direito de consentir (°). MARIO FABIANI oferece-nos, outrossim, decisées em que se distin- guiu o direito de reprodugdo por gravago e o direito de pér em circulagdo es cépias, salientando que o complexo de faculdades contidas no direlto patrimonial pode ser objeto de diferentes convengées (*). 6.4. Na doutrina anterior & lei de 1941 Mesmo antes da edigao da lei de 1941, também a doutrina defendia as mesmas idéias. Com efeito, PIOLA CASELLI, atendo-se ao carater absoluto do direlto moral e da interferéncia da vontade do autor na publicagae da obra, as- senta a independéncia entre as formas de publicacdo, concluindo que: a) pelo exercicio de um dirsito, 0 autor nao perde os demais, ¢ b) a obra deve considerar-se inédita quanto aos modos néo incluidos na publica- ao, verbl “Dal concetto del valore assoluto della signoria spettante all’au- tore sull'opera non pubblicata, combinato con il principio che Vatto di pubblicazione deve corrispondere alle modalita della determinazione di volonta dell’autore, si pud trarre da regola che l'autore, if quale abbia prescelto un dato mezzo di pubblica- zione, non perde il diritto exclusivo ad una pubblicazione diversa, e che, quindi, un’opera pubblicata in una data maniera deve ri- (65) OB. ot, ph. 740 (66) Ob. cit, pig, 60 © notas 34 #97. No mesmo sontido, LUIGI SORDELLI: Ditite d’Autore, Giuttr, 1954, que so rofero A radicagto, na. urlapru ‘da nosessigade do consenti ‘ulor nas sucessivac ulllzagdes dos discos, pigs, Se segs. (67) Ob. cit, pl. 108. (62) AUGUSTO FRAGOLA, La Clhematcarate, sala Glunenrdenss, Padovn, Cedar, 1986, plat. 90. ‘tego. Do mesmo autor. v. 16.! La Redlotalevisione nella iv cases Se, utlizegto. abusha de Imagem © de volacso. de personeheade em’ telovisho, pig © sos. 2 205 @ sons. (60) Ob. lt, phigs. 67 © segs. R. Inf. legisl, Brasilia a, 16 m, 62 abr./jun. 1979 235 tenersi non pubblicata rispetto alle altre maniere da lui non con- sentite” (7°). Em outra parte, analisando a lei entao vigente (art. 42) — que Ppulava que a cessdo, mesmo absoluta, ndo compreendia o direito de tra- dug&o, redugéo ou adaptagao da obra —, ressalva que inobstante a im- perfeita redagao do texto, devia-se entendé-lo aplicdvel a todos o8 pro- cessos de utilizagdo: assim, a dramatizagdo, a adaptagiio cinematogré- fica, a versificagao e demais (#), Salienta que essa regra deriva da lei alema de 1901, acentuando de- pois que, em cada contrato, deve a vontade do autor determinar-se de modo seguro e preciso (7). Assinala também que, no caso, a lei intervém para regular a cess&o de direitos, mas, a sua falta, deveriam aplicar-se os principios gerais da interpretacao dos contratos. E, nesse sentido, nos palses em que se néo introduziram regras especiais supletivas, a doutrina e a jurisprudéncia tém adotado a interpretacao restritiva (78). Por isso, conclui 0 citado autor, o contrato deve “sempre interpretars! restritivamente a favore dell’autore, malgrado le generalita dell’espressioni adoperate, per cid che concerne l'estensione e l'efficienza della facolta il cui esercizio @ stato trasferito aleditore od empresario” ("*). No mesmo sentido e examinando a natureza e a disciplinagao do con- trato de edigéo, ALFREDO DE GREGORIO anota que inexiste transferén- cia ao editor de todos os direitos de autor. limitando-se a transmisséo apenas aos elementos necessarios ao exercicio normal do direito de edi- Go. Por isso, 0 autor, “appunto percha ha limitato alla facolta di edizione esclusiva I'alienazione da tui compiuta, conserva il pisno godimento di tutte le altre facolta comprese nel diritto di autore” (**). A celebragao do contrato deixa, pois, ao autor os outros direitos exclusivos, conforme o mesmo escritor, nos termos do assentado pela doutrina germanica, acolhida na let italiana entao vigente. Assim, remata DE GREGORIO que, apés a conclusao do contrato, “restano nell'autore le facolta non contenute nel diritto di edizione da lui alisnato, o non altri- menti trasmesse, mediante una specifica determinazione contrattuale, all’editore” ("*). Mantém, pois, 0 autor os direitos de tradugao, versificacdo, dramatizagao e outros, ndo perdendo. em suma, as faculdades de utiliza- go nfo compreendidas na edigdo (7). (70) EDUARDO PIOLA CASELLI: Trattato del Dlrto di Autore © del Contato I Edlrlone, Torino, Tort nose, 1027, pag. 405. (1) Ob, clt, pga. 782 « 70. (72) Ob. cit, pha. 788, a ig 787. (74) Idem, Todor. (75) ALFREDO DE GREGORIO: Il Contratta 6! Eélzione, Roma, Athenaeum, 1913, page. 119 © aeg8, © lg. 208, (79) 0b, elt, pig. 208. (7) Ob. elt. po. 208. 236 R. Inf, legisl, Brasilia @, 16 m, 62 abr./jun, 1979 7. A interpretagéo no Direito Autoral alem&o 7.1. Na fet A lei alema, de 9-9-1965, confere também ao autor a exploragdo eco- némica da obra {art. 15), depois de ressaltar os aspectos pessoais e pa- trimoniais do direito (art. 11). Permite a lei a concessdo do direito de sob qualquer forma ou limite, como direito exclusivo ou nao, mas a utilizagdéo deve ser procedida na forma em que haja sido permitida, nao tendo efeito a concessdo para modos de exploragao nfo conhecidos (art. 31). Se o contrato ndo espe- cificar os modos de utilizagaéo, a concessao ter4 a sua amplitude deter- minada em fungao da finalidade nela perseguida (idem). A concesséo pode, outrossim, ser limitada no tempo, lugar e conteudo (art. 32). Admite a lei a cessiio, pelo autor, do direito de uso, fixando regras Para os casos de divida: se o autor concede o direito de uso, deve-se considerar que reserva os direitos de publicagao e exploragao sobre qual- quer adaptacao da obra; se para reprodugao, reserva o direito a realizar registros sonoros ou visuais; se para comunicagao, néio adquire o cessio- nario o direito de ver ou ouvir a obra fora do ato publico a que estiver destinada: alto-falantes ou outro processo (art. 37 e suas alineas). A contratagdo sobre obras futuras deve fazer-se por escrito, poden- do ser denunciada em cinco anos (art. 40). 7.2. Na doutrina Estudando a evolugdo do direito moral e a questo das obras futu- ras no Direito alemAo, francés e escandinavo, STIG STROMHOLM salienta que, no primeiro, desde a lei de 1901, ja se delimitava a extensao da ces- 8&0 de direitos, com base no sistema de principios (expostos) construidos pela doutrina e pela jurisprudéncia ("*). Predomina no Direito alem&o a doutrina da cess&o finalistica que, conforme o mesmo autor, inspirou a regra interpretativa contida na lei atual, que reserva ao autor os modos de utilizagao da obra nao previstos no contrato de concessao. Salienta, ainda, que a mesma orientagdo prevalece nos dois outros sistemas, onde se acham inscritas disposigées similares as da lei alema @, como que sintetizando a orientagdo geral, registra, verbis: “D’une fagon générale, les législateurs se sont efforcés de saisir tous les actes pratiquement concevables & propos d’une oeuvre de l’esprit pour les soumettre au monopole de I’auteur” ('*). 7.3. Na jurisprudéncia Nesse campo, como se verifica ainda no citado STROMHOLM, a juri: prudéncia também precedeu 4 lei. Inimeras decisdes sao citadas e dis- 8) STIG STROMHOLM: ob. clL, vol. Il, tomo 2, pigs. 23 © sags. (79) Idem, Ibidem, pag. 189. R. Inf, logis!. Brasilia a. 16 ». 62 abr./jun. 1979 237 cutidas pelo autor, sempre limitativas do alcance das cessdes, mesmo antes da lei de 1901. Também J, G. RENAULD — que estuda a interpretagdo das cessdes. em diferentes ordenamentos juridicos — oferece-nos decisées da juris- prudéncia alema, com remissao a ULMER, nas quais se assentou que, em face do carater especial dos direitos de autor, jamais poderiam ser completamente alienados e ainda DE BOOR (*). 8. A interpretagdo no Direito Autoral de outros paises 8.1. No Direito escandinavo No Direito escandinavo prevalecem também, de um modo geral, as tendéncias expostas, como, alids, aponta STIG STROMHOLM, no texto retrocitado. As leis dos paises escandinavos — que se caracterizam por uma acentuada uniformizacgao e disposigao quase idéntica — conferem ao autor o direito exclusivo de exploragao da obra, na forma originaria ou modificada (por tradugdo, adaptagao, transformagao, fixagao e outros modos). Assim 0 estabelecem a lei sueca de 30-12-60; a dinamarquesa, de 31-5-61, 6 a norueguesa, de 12-5-61 (art. 29). Permitem a cessao total ou parcial do direito de disposigao, salientan- do que a cessdo de exemplares da obra nao implica na dos direitos patri- moniais (art. 27). A lei norueguesa destaca que, na cessdo sob forma dada, ou por melos determinados, nao poderé o cessionério utilizar a obra de outro modo (art. 25). Acentuam essas leis, ainda, que, na edigao, o autor ,gonserva os demais direitos n&éo compreendides na reprodugao (art. 31). Acentuam, ainda, que, se a aplicagao de disposigées do contrato resultar contréria a usos @ costumes em matéria autoral, deverdo as cléusulas softer modificagdo ou considerar-se nula a avenga (lels sueca @ dinamarquesa, art. 27, € lei norueguesa, art. 29). 8.2. No Direito portugués A legislagao de Portugal (Decreto n? 13.725, de 27-3-27) assegura ao autor os direitos de reproduzir, editar, negociar ou vender a obra, poden- do autorizar tradugao, representagao (art. 15) e outras formas de trans- missao a terceiros, como direitos patrimoniais (§ 19) sob qualquer modo, por exemplo: extragéo de novela de obra de teatro; transformagéo em verso de obra em prosa, e vice-versa; e conversdo de obra dramatica em livreto de dpera (art. 27). Prescreve, com respeito ao contrato de edigdo, que o direito se transmite isoladamente em qualquer edicdo, reservando-se ao autor a publicagao em outras (art. 43 ¢ alinea 34). Estabelece que o direito de (80) Obrm eltads, plos, 124, nota 6, 0 126, nota 1, 238 R. Inf. legisl. Brasilia a. 16 m, 62 editar separadamente diversas obras nao confere o de fazer edigéo com- pleta, sem consentimento especial; e, também, 0 contrato para edigfo completa nao autoriza a publicagaéo em separado (art. 50 @ paragrafo unico). Além disso, ressalta que o direito de ediga&o ndo transmite o de ee ou qualquer outro, podendo dele o autor dispor livremente fart. 62). Quanto & representagdo, presume que o direito se transmite por se- parado dos demais (art. 70). Fixa que as transmissées do direito de repre- sentagdo sdo sempre de interpretacao restrita (art. 90, paragrafo dnico), podendo fazer-se a titulo oneroso ou gratuito (art. 96) e limitar-se a qual- quer dos direitos patrimoniais (art. 97, § 19) Evidencia-se, pois, a plena adequagao do Direito portugués ao sis- tema unionista, com a individualizagao e independéncia dos direitos patri- moniais; e a necessidade de formulacao contratual expressa para cada autorizagéo, além da fixagdo de norma especial de interpretagdo estrita. 8.3. No Direito espanhol A lei espanhola de 10-1-1879, que especifica os direitos compreen- didos (art, 2°: de tradugao, refusdo, reprodugao, transformagdo e outros), permite a sua cessdo por ato entre vivos (art. 69), requerenda sempre a autorizagéo autoral para a sua utilizagdo (especialmente: arts. 12, 16 2 19). Prescreve, ainda, que a venda de objeto de arte nao importa em alienagéo do direito de reprodugao ou exposicao, reservados ao autor {art. 9°), a quem confere também 0 direito de publicar em volume a obra Gujos direitos tenha cedido (art. 32). Estabelece, outrossim, que a matéria referente a direitos de autor se regula pelo direito comum, com as limitag6es da legislagéo especial (art. 59). Observam-se aqui também a independéncia dos direitos patrimo- niais e a necessidade da permissdo do autor em sua utilizagdo. Analisando a relagaéo contratual entre autor e editor, em fungéo do direito espanhol, JOSE MARIA DESANTES acentua que o Cédigo Civil estabelece normas, de caréter vinculante (*!), sobre interpretagdo (arts. 1.281 a 1.289). Mas a natureza do contrato e a fungao econédmica podem ditar outras (arts. 1.258 a 1.287). Assinala que, em regra, deve o intérprete observar a vontade das partes ¢ o fim visado, para o estudo dos contratos, deduzindo, em fungao. desse entendimento, varias regras praticas de interpretagdo ou critérios, como denomina (*). (ER JOSE MARIA DESANTES: Lea Retaclén Contractual entre Autor y Editor, Pamptona, Ed. Universidad ‘de Navarra, 1970, pg. 110. (62) Ob, cit, page, 117 © soos, R. Inf, legisl, Brasilia @, 16 n, 62 abr./jun, 1979 239 8.4. No Direito mexicano A lei mexicana, de 4-11-63, cujas disposigées sao de ordem pt- blica e estabelecidas em beneficio do autor (art. 19), exige também o consentimento deste para quaisquer formas de utilizago (art. 5°), inde pendentes entre si, a saber: producdo, transmisséo etc. (art. 39). Com referéncia a edigéo, permite as partes livre pactuagdo, salvo quanto aos direitos irrenuncidveis. Esse contrato nao significa alienagao dos direitos patrimoniais: o editor ndo dispde de direitos mais do que 0s conseqiientes para o melhor cumprimento da avenga. Assim, fixa que a autorizagdo para divulgagaéo da obra em separado nao confere direito para a edigdo em conjunto, e vice-versa (art. 52). Estabelece, mais, que 0 direito de publicar a obra néo compreende o de exploraé-ia em representagao ou execugéo publica (art. 72), nem o de difundi-la por televiséo ou radiodifusdo ou processo semelhante abrange 0 de radiodifundir ou explorar a obra publicamente, salvo pacto em con- trério (art. 73). Verifica-se, pois, que também a lei mexicana se ajusta as diretrizes até aqui expostas, distinguindo os diferentes direitos pecunidrios e Im- pondo, em razéo de sua independéncia, a contratuagao apartada @ ex- pressa de cada qual. Em conseqiléncia, impera também a interpretagdo estrita dos negécios juridicos sobre matéria autoral. 8.5. No Direito argentino A lei argentina, de 2-10-1957, prescreve que nas relagées de Direito de Autor se aplica 0 direito comum, respeitadas as condigces ¢ limites da lei especial (art. 12). A lei permite ao autor a cessao de direitos, mediante alienagao total ou parcial, que conferira direito ao aproveitamento econémico da obra (art. 51). Estabelece, outrossim, que a alienagao das plantas, cro- quis etc. destina-se A execugéo a que 0 autor tenha em vista (art. 15). Fixa, ainda, com respeito edigdo, que o autor pode traduzir, trans- ferir, refundir a obra, mesmo contra o editor (art. 38), que s6 tem direito vinculado & impressdo, difusao e venda dos exemplares da obra (art. 39). Amolda-se, pois, a lei argentina aos principios gerais enunciados, delimitando o campo da edigao e diferenciando os diversos direitos pecuniérios. Estudando os direitos intelectuais na legislagéo argentina, depois de apresentar visdo gera! do Direito de Autor, acentua ISIDRO SATANO- WSKY, com relagao aos direitos patrimoniais, que ao autor cabe auto- rizar cada um dos processos de utilizagéo da obra (®) (2) OD. cit, vol. |, plo. 228. A menma orientacho provalece no Direlto dos palses atino-americanos, om imbém_ da Iniluéncl francesa, recebida '2 coditlcagto napoletnioa. No Diralto colom blano, v, ARCADIO PLAZAS: Derechos (nlalectuales, Bogotd, Lib. Volunted, 1942, y pdos. 125 © segs, 240 R, Inf, legisl, Brosilia @. 16 m. 62 aby./jun. 1979 Assinala, outrossim, que em face da lel, conserva o autor na edi¢&o, salvo renuncia, os direitos de tradugdo, transmissdo e outros. Os direitos do editor vinculam-se apenas & impressao, difusio e venda dos exem- plares (arts. 38 e 39 da lei especial), devendo 0 contrato especificar 0s direitos compreendidos (*'). Ressalta, ainda, SATANOWSKY que o poder do autor € discricio- nario, e esse principio relaciona-se ao direito intelectual e a liberdade de consciéncia. Por isso, conclui: “De ahi proviene también el principio de que cedido un derecho intelectual, 0 una determinada forma de reproduccién, represen tacién 0 modificacién, otros no se consideran implicitamente incluidos” (*). Assim, a simples entrega do manuscrito da obra néo confere direito a reprodugao, execug&o ou qualquer outro (*). J& HECTOR DELLA COSTA, na estruturagao do vinculo juridico au- toral, ressalta 0 cardter absoluto dos direitos de autor, de modo que se no pode conceber, sobre a obra, poder juridico superior ao do autor, pelo fato da criagdo. Dai, os direitos decorrentes: de adaptacao, tradugao e demais (*). No campo autoral, conforme DELLA COSTA, a vontade alheia su- jeita-se ao exercicio dos direitos pelo autor, “pues el autor originari conservaré todos aquellos derechos que expresamente no haya cedid em face de seu ius absoluto, que inclui o ius revocandi (*). Nesse sentido defende o mesmo autor a tese de que a cessibilidade dos direitos de autor vulnera esse cardter, razao por que prefere falar em delegabilidade. Assim, para ele, esses direitos séo apenas delegé- veis, porque 0 autor 6 a parte mais fraca na relagao (°). 8.6. No Direito belga A lei belga (de 22-3-1886, com modificagdes em 5-3-1921) consi- dera moveis, cessiveis @ transmissiveis (art. 3°) 0s direitos patrimoniais, ressaltando que ndo pode o cessionario modificar a obra para venda posterior (art. 82). Impera a exegese estrita, como anota J. G. RE- NAULD (*}, na apreciagdo das convengSes sobre a matéria. TCE eh plo, 351, © Diraito argentino € estidedo no vol. I, As fis. 107 @ segs. V. tb, CARLOS Mi 'SIGFRIDO RADAELLI: Derechos Intelectuales cobre tes Obras Literanes yA 2. 1845, tomo 2, pays. 3 (Gceitos morals) @ pay. 77 (a x 3 patrimonials) @ 8098. (05) Ob. cit, vol. 1, pag, 526 (86) Ob, cit, vol. 1, pa. 371. (87) HECTOR OELLA COSTA. €1 Dereeno de Aulor y au Novadad, 8. Aires, Cathesta, 1871, pig. 74 (00) Ob. cit, pg. 95. (00) tor, (90) Ob. cit, pas, 148, R. int, legisl. Brasilia a. 16 m. 62 abr./jun. 1979 241 8.7. No Direito suigo A lei suiga assenta que a transferéncia de uma das faculdades com- Preendidas no Direito de Autor ndo significa a de outros direitos parciais, salvo convengdo em contrario (art. 99, alinea 28). A interpretagdo res- trita também se impde, segundo o mesmo RENAULD, que se reporta a BIANCO 6 STREULI (*)., 8.8. No Direito irlandés A lei irlandesa limita a cesséo as faculdades expressamente previs- tas no ato (art. 2°), Deduz-se, conforme ainda J. G. RENAULD, que se torna praticamente impossivel a cessao completa de direitos, porque, Para tanto, deveriam ser previstos todos os modos de exploragao ima- ginavels, com remiss&o a BEAUFORT e PFEFFER (*). 8.9. No Direlto tcheco A lei tcheca, de 25-3-65 — que impde a inalienabilidade de direite moral, para a protegéo da qualidade de autor (art. 12) —, exige sempre © consentimento do autor para a utilizagao econémica da obra (art. 14), salientando que nenhum direito pode ser objeto de renuncia ou restrigdo por contrato (alinea 3%). Assim, para a divulgagdo da obra, determina que o contrato estipule forma e amplitude, fim, remuneragao e demais elementos (art. 22, alinea 38), devendo celebrar-se sempre por escrito (alinea 49). Como se observa, também aqui se consagra a interpretagao est com a exigéncia de especificagao dos direitos cedidos, que sdo, pois, considerados independentes. 8.10. No Direito lugoslavo No Direito iugoslavo, reconhecem-se as prerrogativas morais @ patrl- moniais (lei de 20-7-1968, art. 27). Os direitos patrimoniais sao os de utilizag&o aconémica da obra (art. 28) e consistem em publicar, repro~ duzir, transformar, elaborar, representar a obra, enfim, utilizé-la sob qual- quer forma ou modo {art. 31). Os direitos patrimoniais podem ser cedidos livremente (art. 53), mas sempre por escrito, nao produzindo qualquer efeito a contratagéo verbal (art. $7). Dessa forma, também aqui se segue a linha de Berna. Nesse sen- tido, a jurisprudéncia tem decidido que esté sujeita ao pagamento dos direitos autorais qualquer comunicagao ao publico, por meio de alto- falantes, de obra musical, como nos informa LEONELLO LEONELLI (*). (1) OB. elt, pap, 124 © note 7. (62) Ob. cit, pag. 126 @ note 5. (89) LEONELLO LEONELLI; “Il Dlrito ’Autoro relia Repubblica tugostava”, In Mi Dieito di Autore, 1975, m8 4, pag. 589. 242 R. Inf, legisl. Bresilie 0. 16 m. 62 abe./jun, 1979 8.11, No Direito soviético e no des demais paises socialistas No Direito soviético — que permite a utilizagao da obra através de contrato e por qualquer forma que possa reproduzir o resultado da atividade criadora do autor (Cédigo Civil, de 1965, arts. 472 @ 485) — distingue também diferentes direitos patrimoniais (arts. 476 @ 492), re- querendo sempre a autorizagdo autoral (principalmente: arts. 476, 485 @ 492) Conforme observa K. STOYANOVITCH — que o confronta com o regime de protegdo existente na Franga —, no Direito soviético e, em geral, no dos paises socialistas, mostra-se a jurisprudéncia bastante criativa (°) e, inobstante as limitagdes decorrentes do sistema, o artista raramente vé frustrados os seus legitimos direitos (%*) 9. A excegdo da interpretagao extensiva no sistema anglo-norte- americano Descerra-se excegiio a essa orientacéo no Direlto anglo-norte-ame- ricano, em virtude de particularidades do sistema, que se contrapde ao chamado “sistema europeu", de base francesa, ou da “Unido de Berna”. Com efeito, no Direito anglo-norte-americano, que se mostra obje- tivo e publicista, o Direito de Autor mantém ainda o carater de direito de propriedade, como assinalam NATHAN COHEN (*), STEPHEN LADAS (°*) e PHILIP WITTENBERG (°*). Destina-se 0 reconhecimento do “copyright” a assegurar ao autor os proveitos econémicos de sua obra, mas, nesse sistema, predomina o inte- resse publico, conforme registra HERMANO DUVAL (*). A protegao 6 feita em razéo da obra e do beneficio que traz & coletividade, para pro- mover o progresso das letras, ciéncias e artes, como se consigna ex- Pressamente na Constituigao norte-americana (art. 19, § 8°). O direito moral néo se acha contemplado no “Copyright Act”. Em algumas leis civis estaduais se reconhece um “moral right”, mas 6 com base na “common law” que tem sido invocado na pratica, como anotam MARGARET NICHOLSON (°°) e ANTONIO MISERACHIS ('%), para im- pedir-se reprodugao e utilizagaéo da obra sem consentimento do autor. (90) 0B, cit, page, 98 © 167 © sogs. (85) Idem, pg. 170. (86) NATHAN COHEN: pag. 175. Regulation of Musical Copyiight", In Oregon Law Revue, abril de 1939, (@7) STEPHEN LAOAS: The Internationat Protection of Literary and Aftittle Property, Now York, Tho Macmillan Go., 1938, pig, 3. (98) PHILIP WITTENBERG: The Protection and Markeling of Lisrary Property, New York, Jullan Mossnar Ine., 1926, pag. 3. (00) HERMANO DUVAL: Yo. XXX!, pags, 212 6 segs (00) MARGARET NICHOLSON: A Manual of Copytight Preciles, New York, Oxlord University Press, 1645, pag. 65. 208 Direlioe Autoraia", In Repertérlo Enclelopédico de Dirvito Brasileiro, {101) ANTONIO MISERACHIS: EI Copyright Nenteamertcano, Barcelone, Bosch, 1946, page. 64 9 s0g8, R. Inf, legisl, Brasilia a. 16 n. 62 obr./jun. 1979 2a3 Ao reverso do sistema da Convengdo de Berna, que exigiu em prin- cfpio fundamental a nao imposigao de formalidades extrinsecas para a protegdo das obras, o Direito anglo-norte-americano exige o registro da obra 6 a mengdo de reserva, no estatuto. Por essa razo 6 que ANDRE FRANGON acentua que o Direito de Autor nao alcanga, naqueles paises, © nivel de protegao atingido na Franga (°), Dos contratos para utilizagao da obra, os principios séo a edigéo (license) e a cessao (assignment), diferenciando-se substancialmente, pois, enquanto no primeiro existe licenca para publicagado, pelo segundo o autor pode despojar-se de um ou mais direitos. Ora, predomina na jurisprudéncia norte-americana a chamada “‘teoria da indivisibilidade”, segundo a qual somente ha cessao se a transmisséo de direitos se Consuma em sua integralidade. Se o autor reserva parte dos direitos, deve-se entender presente a simples licenca, permanecendo aquele como titular dos direitos, como acentua EDUARDO J. V. MAN- sO (). Essa teoria representa uma das mais significativas peculiariedades do sistema norte-americano, conforme BARBARA RINGER (?*). Com base nessa orientagéo 6 que se define qual 0 nome que apareceré na divul- ga¢ao do copyright e quem tem legitimidade para agir em caso de in- fragao ao Direito Autoral. No mesmo sentido, MICHAEL F, MAYER informa-nos que a juris- prudéncia jé decidiu que a autorizagdo para representagao publica de pelicula cinematogrdfica no mundo inteiro incluia a distribui¢do por tele- vise, embora critique essa tese (), Em face desse objetivo 6 que, tanto a lei inglesa (de 5-11-56: art. 39}, como a norte-americana (titulo 17, USC, com as modificagées de 7-9-57: art. 29), ainda conferem direito originario ao empragador, em obras sob encomenda, inobstante a impropriedade, eis que o Direito de Autor se funda na criagao da obra, como mostramos em nossa citada dissertagéo. O mesmo ocorre no Direito canadense, como aponta LEON-MERCIER GOUIN, em que ao empregador também sao atribuidos direitos origindrios. em certos casos, abrindo-se excegdo aos principios gerais da titulari- dade (1). Com respeito aos direitos patrimoniais, distingue os direitos de utili- zar, fruir, dispor da obra e autorizar, no todo ou em parte, a sua utilizagdo ‘ou fruigdo, por terceiro {art. 29). Faz depender de autorizagao autoral a utilizagéo por qualquer forma: edigéo; tradug4o; adaptagao; incluséo em (102) ANDRE FRANGON: La Propridie LiNéraire et Artietique en Grand-Bretagne et aux iste-Unie, Pari, ‘Anhur Rousseau, 1056, page. 5 a 57 6 9098 (109) EDUARDO J, V. MANSO: "Contratos. debi (004) BARBARA RINGER: "Jucicial Developments Jen., 1971, pgs. 65 « secs. (105) MICHAEL F. MAYER, “A Ducting of Protection for Cremtive Rights", In R.ILD.A., EXK, uty 1971, pg. 70. Autorais", in BLT, m9 467/5, United States — Copyright Law", In RALD.A., LXVtH, (106) LEON-MERCIER GOUIN: Le Droit Auteur, Montreal, Fides, 1950, n.° 25 @ aaon, pags, 29 ¢ segs. 244 R. Inf. legisl. Brasilia @. 16 m, 62 abr./jun, 1979 fonograma ou em pelicula cinematografica; comunicagao direta ou indire- ta; execugdo; representagao; recitagéo; declamagao; radiodifuséo sonora ou audiovisual, por alto-falantes, telefonia com fio ou sem, ou aparelhos sonoros; videotonografia e execucao publica (art, 30 © paragrafo unico) Conse, assim, a independéncia das diferentes formas de utilizagéo (art. 35 Ainda dentro dessa orientacdo, a lei protege as obras complexas como independentes, mas permite a reprodugdo em separado, pelos au- tores, das partes constituintes (art. 7? e pardgrafo unico). De outra parte, traga normas para a regulamentagéio da cessdo de direitos, permitindo se efetive cessao total ou parcial, a titulo universal ‘ou singular (art. 52). Ressalva, porém, na transmissao total que compreen- da todos os direitos os de natureza personalissima, como o de introduzir modificagées e os expressamente excluidos por lei (parégrafo unico). A lei presume onerosa a cessio (art. 53) © prescreve seja averbada para valer contra terceiro (art. 19). Exige que, no instrumento de cess4o, facam as partes constar especificadamente quais os direitos envolvidos @ condigées do exercicio, quanto ao tempo, lugar e remuneragéo (art. 29). Considera o cessiondrio como sucessor do autor para os efeitos legais (arts. 17 e 42, § 29). Com relagao @ cessao de obra futura, fixa como limite maximo o periodo de cinco anos (art. 54). Se o contrato for indeterminado ou de Prazo superior, a tanto se reduziré, com a diminuigdo proporcional da Tetribuiggo, se for o caso (pardgrafo unico). Além disso, traga normas limitativas com respeito a edigdo (arts. 57 segs.) — que se circunscrevera a uma, se inexistir clausula contraria (art. 59) —, a representago e a execugo, em que insiste na autorizacéo autoral farts. 73 © segs.). Mas, os Estados Unidos procederam a reformulagao de sua legislagao a nivel federal para atender a evolugdo processada na matéria, na qual ampliaram o Ambito da protegao dos autores, acatando os reclamos da doutrina (3%). lll. A INTERPRETAGAO NO DIREITO AUTORAL BRASILEIRO 10. A Interpretagao na lei atual © Direito brasileiro inscreve-se na linha privatista e subjetiva da Unido de Berna. Com efeito, como signatario da Convencao, tem o nosso Pais seguido, em tragos gerais, as diretrizes definidas nos conclaves revisionais. A lei atual vai além: insare norma expressa sobre interpretagdo dos negécios juridicos no Direito de Autor (Lei n? 5.988/73, art, 3°). Contem- (107) & rove 3 7 gat om 1-4-1078. V8 rppato, 8 m0 ‘now sane. siatema (page 48 sage; mosirende a ferida dissertagto, em que discut- R. Inf, legis silia @. 16 m. 62 abr./jun. 1979 265, pla ademais, em seu contexto, diferentes normas particularizadoras de defesa do direito moral e limitativas as cessSes do direito pecuniario (especialmente: arts. 25 a 28; 29; 30; 52 a 54), Assim, de inicio, a Lei n? 5.988, de 14-12-73, impde expressamente, a Interpretagao estrita dos negécios juridicos sobre direitos autorais (art. 3°), reconhecendo ao autor direitos morais @ patrimoniais (art. 21), enunciando (art. 25) e definindo aqueles como inalienaveis e irrenunclé- veis (art. 28). Deflui do exposto que a lei atual — que sorveu no Direito francés a orientagéo — sufraga o principio da interpretagao estrita, erigindo-o ‘em texto expresso; reconhece também, Incisivamente, a independéncia das formas de utilizagéo das obras intelectuais, delas oferecendo espe- cificagéo exemplificativa; restringe a autonomia dos contratantes na cele- bragdo de contratos de cessdes de direitos, impondo a forma escrita, a enunclagao expressa dos direltos cedidos e suas condlg6es, e a exclusdo dos modos nao previstos, como corolérios do principio geral. Insere-se, pois, na mesma orientagdo dos paises integrantes da Unido de Berna. 11. Na doutrina moderna Manifestando-se sobre a Lei n? 5.988/73, o Prof. ANTONIO CHAVES tece breves comentérios sobre suas disposigées, em confronto com o Projeto de Cédigo de Direito de Autor e Direitos Conexos, antes apresen- tado (°), Analisando os direitos patrimoniais, sua natureza e a indepen- déncla das formas de utilizagdo da obra intelectual, acentua que a “‘auto- rizag&o ou cess4o, de qualquer direito” “diz respeito exclusivamente as modalidades de utilizagdo contratada” (2%), Frisa que inexiste problema mais delicado do que o da cesséo de direitos, em face da multiplicidade de modos pelos quais se pode utilizar a obra intelectual, que o desenvolvimento da tecnologia vem tornando cada vez mals complexo. E, em face da proposi¢éo anterior — que methor protegia o autor —, critica a permissdéo de cessdo global da lel atual, salientando que deveria o texto exigir, nesse caso, reserva obrigatéria ao autor (*°), Assinala, por seu turno, o Prof. FABIO MARIA DE MATTIA que, em face da natureza do Direito de Autor, o legislador limita a liberdade con- vencional, ditando normas para reger as relagdes entre o autor eo editor ou empreendedor de espetéculos (4), Brasiieiza de Ditelio de Autor, S. Paulo, Ed. Rov. doe Tribunals, 1975, (108) ANTONIO CHAVES: Nowa Let pége, za eeu © referlgo. projeto, v. ANTONIO CHAVES, In Revists dos ‘Tribunals, 294/14 19 238/38. (108) Ob. cit, pay. 33. (190) Ob. elt, pg. 41. (111) FABIO MARIA DE MATTIA: © Autor # 9 Edlier ne Obea Grética, S. Paulo, Saraiva, 1975, ptgs. 19 2 segs, 246 R. Inf, legisl, Brosilig o, 16 », 62 obr./jun. 1979 Ressalta, outrossim, quanto a edigdo, o cardter geral de que se reves- te (1), aspecto esse também antes apontado pelo Prof. WALTER MO- RAES, que registra, em varios pontos, as limitagdes dos contratos de cessdo no Ambito dos direitos conexos (11%). A independéncia das formas de utilizagéo da obra intelectual e a necessidade de autorizagdo autoral foram, ainda, realgadas pelo Prof. AN- TONIO CHAVES em parecer, emitido a 9-9-75, para a SICAM (Sociedade Independente de Compositores e Autores Musicais), a respeito de musica captada, em que mostra as diferengas entre o direito de emissao e o de recepcdo e a participag¢aéo do autor em cada qual, conforme prociama a Convengao de Berna (em especial, arts. 8; 9; 11; 11 ter; 12 e 14) e com base em inumeros autores e copiosa jurisprudéncia (2**), EDUARDO J. V. MANSO, que estuda os contratos em matéria autoral, distingue diferentes tipos e, mostrando a distancia entre a cessfo e a concessao de direitos, acentua que o instrumento respectivo deve conter especificadamente os direitos negociados. Assinala entéo que “a inter- pretagéo do contrato, por forca do que dispde o art. 3° dessa Lei n? 5.988, ha de ser estrita”, no sentido de que “ao intérprete néo seré permitido atribuir ao cessionario outros modos de utilizagao da obra além dos previstos” no respectivo contrato (1°). Limitam-se os direitos, assim, aqueles expressamente consignados na convenc&o. Assim, se o instrumento se refere a concessdo para edi¢do grAfica, isso significa que o autor reserva os demais. Nao poderd, pois, a obra ser divulgada sob outra forma. Se as partes convenclonam a utilizagéo da obra mediante publicagdo em fasciculos, nao poderaé ser divulgada sob forma de livro, e assim por diante. Circunscreve-se, pois, a cessdo aos aspectes mencionados no res- pectivo instrumento, vedada qualquer extensdo, que invalidaré o ato. Com efeito, o autor tem plena titularidade sobre qualquer modalidade de exploracdo da obra, como acentua o citado escritor (""*), Assim, uma obra fiteraria pode ser utilizada em publicag&o, radiodifusdo, recitagao ou outro processo. Mas cada maneira especifica é independente da outra. Se o autor cede o direito de representagdo, conserva 0 de reprodugdo @, dentre os direitos que compreende, consideram-se transferidos somen- te 08 expressos no contrato. Ora, 6 para assegurar essa independéncia que a Iei estabelece a in- terpretagao estrita, como conclui (!"). (12) 0b. cit, pg. 25. (113) WALTER MORAES: Poalgfo Sistemdtica do Direlto dos Arilates, tolérpretes @ Execulantes, S, Pavio, Rev. dos Tribunals, 1973 (V. pag. 284, dentre outres). (114) ANTONIO CHAVES: Obrae Radiodtundidas ou Televisionadae — Mdslea Captada, parecer divigado pela SICAM, SP, 1976, (195) Ob, cit, phe. 13. Sobre contratos, v. 0 nosso verbele “Contratos de Direitos Autorala”, In Eacielon péila Geraiva do Diesto., (198) EDUARDO J.V. MANSO: “Disalton Autoraie Decorrenter du Obra Infalactual Encomendada'’, In Arquivos do Minlsiérlo da Justice, n.° 136, pio, 45. (117) 0b, eft, pas. 47, R. Inf. legisl. Brasilia a. 16 n. 62 ob./jun. 1979 287 De nossa parte, além da referida dissertagéo —- em que analisamos os contratos de direitos autorais, detendo-nos nos diferentes aspectos da obra de encomenda — temos, em diferentes trabalhos, exalcado a natureza protetiva do Direito de Autor e 0 limitado alcance das cessdes feitas pelos autores, na utilizagao econémica de suas obras ("*). Ao intérprete cabera, em cada caso, para equacionar as duvidas ex- surgidas, examinar cuidadosamente os termos dos contratos a luz dos principlos expostos. Devera atentar para a respectiva formulacdo e definir a intencao das partes, pols, como adverte EDUARDO ESPINOLA ("), a insergdo de clau- sulas © condigées de figuras juridicas distintas (de cess&0 e edigao, por exemplo), no contrato, podera, em vista das profundas diferengas que as separam, suscitar dificuldades para o intérprete que, para dirimi-tas, ado- lara, no entanto, a exegese estrita. 12. Na legislac&o anterior Mas, no regime da legislacao anterior, duvidas existiam, em certa parte da doutrina, quanto ao alcance de cessdes de direitos morais, em face de texto expresso do Cédigo Civil, que permitia renuncia ao direito de nominag&o da obra (art. 667), inobstante a tradi¢ao de nosso Direito, fundado na doutrina alema (9), Com efeito, o Direito de Autor nasceu no Brasil sob a égide do direito moral — a exemplo do que ocorreu na Alemanha, conforme assinala VON LISZT, referido por SAMUEL MARTINS (2!) — com a institulgao do delito da contratagao no Cédigo Criminal do Império (art. 261). Erigido 0 Direito de Autor a categoria de mandamento pela Constitui- gao de 1891, com o reconhecimento da exclusividade ao criador para a exploragéo da obra, editou-se a Lei n° 496, de 1-8-1898, sob a influéncia da lei belga de 22-3-1886. Essa lei definiu os direitos de autor como méve's, cessiveis e trans- missiveis, no todo ou em parte (art. 39), mas ressalvou que a cessdo, quer do direito, quer da obra, nao incluia o direito de modificar a obra, seja para venda, seja para exploragdo, sob qualquer forma (art. 59). Sufragou, pois, a limitagdo da cessdo de direitos, acompanhando a melhor orientagdo filoséfico-doutrinaria sobre a matéria, que defendia o tespeito ao elemento moral dos direitos de autor. (118) . piss. 27 0 sens. 6 68 96 cltace, ‘0. In Rev. Foren, ‘obits de Autor ze plano dev Moerdeden poblems, cingor Inrpretegte no Dice em ao. {119} EDUARDO ESPINOLA: Parecer I Rev, doe Tebunale, 274/49 © soos, (020) Ck SAMUEL MARTINS: DireHo Autoral, seu Concelte, sun Histérte © ua Legiatagto entre és, Recl- fe, Liv, Francesa, 1908, page. 8 e segs. (121) Ob, cit, plas. 5 0 soos. 248 1. 16 m, 62 abs./jun. 1979 Mas 0 Cédigo Civil, promulgado pela Lei n? 3.071, de 1-11-1916, nao acompanhou, em certo aspecto, a evolugao dos conceitos sobre esse Di- reito. Com efeito, de um lado, consagrou 0 direito exclusivo de reprodugao ao autor (art. 649) e afirmou, em consonancia com a natureza do Direito de Autor, que a cessdo nao transmitia o direito de modificar a obra, que permanecia na esfera do autor (art. 659). Limitou, ainda, a cessdo de ar- tigo jornalistico a vinte dias da publicacao, findos os quais o autor recobra- va os direitos (pardgrafo unico). Além disso, impés a autorizagao autoral para a reprodugio (art. 663), redugaio, insergdo em compéndio, transforma- Gao de género, ou desenvolvimento (arts. 664 e 665), reconhecendo, pois, a independéncia das formas de utilizagao. Delineou os limites da edig&o (arts. 1.346 e segs.), cujas regras es- tandeu 4 representacao, determinando a licenga autoral para a comunica- ga0 do manusorito (art. 1.362). Entretanto, de outra parte, manifestou 0 Codigo verdadeiro retrocesso, quando permitiu ao autor a cessdo do direito de ligar 0 nome aos seus Produtos intelectuais (art. 667), rompendo com a sua prépria sistematica @ com a natureza dos direitos intelectuais. Essa norma foi criticada com veeméncia por CLOVIS BEVILAQUA, que assinala que o projeto estatuia exatamente o reverso (art. 774). Foi inserido no Congresso, que se deixou impressionar pela existéncia de al- guns obscuros escritores que, mediante paga, produziam obras para ou- trem assinar (2). Mas constitui mesmo a maior aberragéio de nosso Cé- digo Civil. Por isso, indmeras vozes levantaram-se contra esse texto, provocan- do debates na doutrina, resumidos por LINO LEME ("*). Dentre outros, cri- ticaram essa disposigao: FILADELFO AZEVEDO (4), EDUARDO ESPINO- LA (#28) @ 0 Prof. ANTONIO CHAVES (128), Admitiam, ao revés, a cessibi- lidade do direito de nominagéo: PONTES DE MIRANDA (27), PEDRO VI- CENTE BOBBIO (128) e HERMANO DUVAL (2°), Outros escritores, ainda, apés a realizagio da Convengéo de Roma, em 1928, que prescreveu a inalienabilidade do direito moral — promul- gada no Brasil, pelo Decreto n? 23.279, de 24-10-1933 — declaram a Insubsisténcia do citado texto, dentre os quais: CLOVIS (1°), ALBERTO 1922) CLOVIS BEVILAQUA: Cédlgo Civil Comantads, Rio, Freitas Bas ‘A proposta parliu de ARTHUR LEMOS, que se fundave am Pt (123) LINO LEVE: Divolio Civil Comparado, S, Paulo, Rey. dos Tribunals, 1962, np, 26% (924) FILADELFO AZEVEDO: Dieello Moral dow Eserttores, Alo, Albe, 1920, pigs, 31 @ segs. (125) EDUARDO ESPINOLA: Parecer in Rev. doe Tebunale, 274/49 0 sogs, (926) Direito Avtorat de Radioditusto, cit, pags. 302 « sags (927) PONTES DE MIRANDA: Tratade de Direlio Privade, Rio, Borsoi, 1971, vol. XV, ndas. 49, 59» 62, (928) PEDRO VICENTE BOSBIO: Parecer in Rev. dow Tribumals, 274/66 5 seas. (129) “Limites 208 Direltos Autoraie”, in Repertérlo Enclelopddico do Dielto Brasileiro. (130) Obra 0 focal citadoe, obs. n.2 3 1944, vol. V, pg. 226, obs. no t, Ler. R. Inf. legist. Brasilia o. 16 n. 62 abe./jun. 1979 ~ “249 DA ROCHA BARROS (1), EDUARDO ESPINOLA (}*), GONDIM NET- TO (#8) 6 DIRCEU DE OLIVEIRA E SILVA (4). Outra orientagao surgiu, também, com a promulgagéo do Cédigo Penal — que definiu como crime a atribuigdo falsa a outram de autoria de obra intelectual (art. 185) — no sentido de considerar-se, com isso, revogado o texto do art. 667 do Cédigo Civil. A tese foi defendida por cacy AZEVEDO e aceita pelo Prof. RUBENS LIMONGI FRAN- A Lembra, a propésito, o Prof. ANTONIO CHAVES, ao falar sobre & inalienabilidade do direito moral, que foi, inclusive, apresentado projeto, da autoria do jurista CLOVIS RAMALHETE, para efeito de limitagdo legal da cessao de direitos, cujo texto ndo veio, porém, a ser acolhido (#*). Ao revés, o Decreto n? 4.790, de 2-1-1924, estatui a necessidade de numeragéo dos exemplares da obra — cuja fixagdo o Cédigo ja atribuira ao editor (art. 1.355) —- sempre que inexistisse alienagao, ao editor, dos direitos sobre a obra (art. 4°), admitindo, pois, uma cessdo total. Inexistiam, outrossim, regras de interpretagao especificas para o campo do Direito de Autor, além das que decorriam da anélise sistemé- tica do Cédigo, retroapresentada, Normas dessa espécie foram, no entanto, inseridas na antiga Intro- dugao ao Codigo Civil (Lei n° 3.071, de 1-1-16), a saber: a que vedava a escusa do cumprimento da lei pelo desconhecimento (art. 5%); a que impunha obrigag&o ao juiz de despachar ou sentenciar, mesmo na omis- s&o da lei (art. 5%); a que restringia o alcance da lei de excec&o aos casos especiticados (art. 6°); ¢ a que mandava aplicar a analogia @ os principios gerais na omissdo da lei (art. 7°). No Cédigo, foram contempladas duas outras normas para a inter- pretagao de negécios juridicos: uma, que manda o intérprete, nas mani- festacdes de vontade, buscar a inteng&o das partes e nao o sentido literal das expressdes (art. 85); e, outra, que determina a interpretagdo estrita dos contratos benéficos (art. 1.090). Assim, no sistema do Cédigo, deve- se perquirir a intengdo dos contratantes, para a definigéo de sua vontade real @, como acentua o Prof. WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO, mediante a reconstrugao retrospectiva do ato volitivo e sua harmonizagao. com as clausulas contratuais. De outro lado, nos contratos benéficos (191) ALBERTO DA ROCHA BARAOS: Diraltos Aulorale don Esctitores, SP, 1046, pip. 15. (192) 0b. @ local cltados. (188) GONOIM NETTO: Paracer in Rev. dos Tebunale, 274/59 © 8008, (194) DIRCEU DE OLIVEIRA: Direlte de Autor, Rio, Ed, Nacional de Direito, 1056, pég. 18. (138) Gf RUBENS LIMONG! FRANCA: ©, Diao, x tel ¢ & reomdines, SP. RT. 1971, rag ‘obra de FILADELFO AZEVEDO 6 jo Nove énc, Pana ‘2 “Direlto Civit™, tr Ateuty dudtelaroy n ir 'Suplemento, pag. 20.8 8 de BUBENS LIMONG! FRANCA: Nome Civil das Pensoes SPAT, 3. 00., pag. 300, note 4 (136) Ob. cit, pgs. 295 @ segs. 136, note 250 R. Inf. legisl. Brasilia a. 16 n. 62 obe./jun. 1979 (como a doag&o), a parte vincula-se aquilo a que expressamente se obri- gou (°%7). A atual Lei de Introdugao a0 Cédigo Civil (Decreto-Lei n° 4.657, de 4-9-1942), dispGe, por sua vez, que: a) na omissdo da lei, devem ser apli- cados a analogia, os costumes e os principios gerais de direito (art. 4°), e b) cabe ao intérprete atender aos fins sociais a que ela se dirige e as exigéncias do bem comum (art. 59). Eram essas as regras de cunho interpretativo — conforme CLOVIS BEVILAQUA (#8) — que existiam antes da Lei n? 5.988/73, objetivando orientar o exegeta e, principalmente, os juizes, as quais apresentam ca- rater geral, porque insitas em diploma legal introdutério. 13. Na doutrina anterior & Lei n? 5.988/73 Mas, mesmo assim — e considerada a questéo debatida — a melhor doutrina sempre adotou posigao protetiva ao autor, limitando o alcance dos negécios jurldicos celebrados para a utilizagdéo das obras intelectuals @ salvaguardando os aspectos morais do direito. Com efeito, anota FILADELFO AZEVEDO — que fez estudo sobre o direito moral e suas caracteristicas —- que a cessdo do direito autoral 6 sempre entendida restritivamente, citando ROSEMBERGER (*). Dessa forma, acentua que a dilatagdo de prazos de protegdo e de outras formas de reprodugdo néo ficam abrangidas na transferéncia anterior. Salienta, depois, que na desapropriacao deve a interpretagdo ser res- trita, frisando, ainda, que essa diretriz limitativa era defendida por dou- trina e jurisprudéncia (**°), ALBERTO DA ROCHA BARROS diferencia a cess&o da edigdo, mos- trando também o alcance restrito que, em face da natureza do Direito de Autor, assumem (**%), Na mesma diretriz, manifesta-se PEDRO VICENTE BOBBIO que, ana- lisando os direitos autorais na obra musical, acentua que a permissado do autor para a edigéo da obra se esgota com a sua reprodugaéo, em Papel no qua! se imprimam os simbolos musicais, e com a colocacdo dos exemplares impressos em comércio. Com isso se conclui o referido processo reprodutivo, n&o podendo ser utilizada a obra sob outro modo, mesmo que represente Idgica conseqiiéncia da edigdo, “sem que o autor [137] Curso de. Direlto Civil — ObrioacSes, SP. S: Direhio Civil — Contraloe, SP, Saraiva, 1977, FREIRE ‘0 primeiro a. preacupar. BATISTA, CARLOS MAXIMILIAN virlaa tegtas extreldas da jurispn (139) Ob. cit, As. 4140) teom, tbtaem. (741) Ob, eit, pigs, 95 6 96. R. Inf, tegisl, Brosilia @. 16 wm. 62 al volte a interferir, no exercicio do direito especifico, correspondents a esse outro processo” (7), Enfatiza que todas as leis do mundo reconhecem ao autor a inter- feréncia especifica nas execug6es publicas da obra. Dal, a “licenga de edigdo 6, logicamente, limitada a realizagaéo sonora nao publica, portanto, individual, que tem na edicgéo o processo preparatério” ('4*), Nessa ordem de idéias, a concessdo para insergéo de musica em filme limita-se & produgao, nado podendo ser estendida a realizagaéo sonora publica que aquela se seguir. A autorizagado conferida para sincroni- zagéo ndo compreende a de exibicdo ("). No mesmo sentido e examinando contrato firmado entre composi- tores e editor de musica, assenta GONDIM NETTO que, na cessdo de direitos, permanecem com o autor os néo expressos no contrato. Cada direito deve ser “objeto de licenca expressa" e outorgada exclusiva- mente pelo autor ou por mandatario com poderes especiais. Assim, conclui que a autorizagdo para reprodugdo fonomecanica ou fabricagéo de discos e sincronizagdo em filme “nao inclui permissdo de representacdo, de execucao piblica e de teletransmissao pelo rédio ou televisdo” (9), Desse modo, o autor pode transferir todos os direitos ao editor. mas mediante fixacdo de percentaaem em cada direito cedido, conforme PE- DRO VICENTE BOBBIO (*). A idénticas conclusdes chegaram inumeros outros juristas, examinando 0 mesmo contrato, em que um compositor transmitia a um editor todos os seus direitos patrimoniais, para divulaa- go no mundo todo: EDUARDO ESPINOLA (#"), FREDERICO JOSE DA SILVA RAMOS ('#*) @ ALFREDO BUZAID ('*). Assim sempre entendeu o Prof. ANTONIO CHAVES que, em vérias partes de sua obra sobre 0 direito de radiodifusao (:%) mostra-se veemen- te defensor da inalienabilidade do direito moral, o que imprime caréter restrito As convengdes sobre a matéria, a ponto, inclusive, de poder ser utilizado contra o préprio autor (1). Em HERMANO DUVAL, que examina o Direito de Autor em face das novas técnicas de comunicacdo, encontram-se também definidas as ten- déncias limitativas aos negéclos juridicos autorais (12), {14 PEDRO VICENTE BOBBIO: © Blsto de Anior nex Ciintee Wheel cit, pce 27 6 28. (145) 0b. « "0cal citados. (146) Parecar in Rev. Gov Tribunals, 274/85 © teas. (147) Ob. @ local citados. (148) FEDERICO J. DA SILVA RAMOS: (149) ALFREDO BUZAID: Parecer in Rev. (180) Ob. ct, Page. 286 0 tags. 9 Sti ¢ segs. Em ov (do. Prod. ANTONIO’ CHAVES. Cr. ‘to mosiea a limited (151) Ob. cit, page 334 © 995. (152) Diallo de Autor nes invengBee Modemas, cit, pégs. 80 0 segs: 180 @ 253 @ sage. (quanto ao cinema, a0 ridio € televisac). 252 R, Inf, legisl, Brasilia a, 16 n, 62 abr./jun. 1979 Por isso 6 que a melhor doutrina, mesmo sem texto expresso de lei, tem defendido que, até a ilimitada transmissdo, ‘com todos os direitos”, deixa ainda ao autor as faculdades juridicas relacionadas com a tutela de sua personalidade especial, ou, como diz KURT RUNGE — referido por GONDIM NETTO, verbis: “Auch die unbeschraenkte Uebertragung mit allen — Rechten- belaesst dem Urheber noch die persoenlich Keitsrechtlichen Be- fuegnisse, die such auf die Wahrungseiner Urhebereche und die werktreve bezirken” ('5), 14, Na jurisprudéncia Observa-se a mesma orientagdo na jurisprudéncia que, além, tem cumprido misso importante na evolugdo do Direito de Autor e na fixagao. de diferentes conceltos. A tendéncia protetiva ao autor e o alcance res- trito da cessdo de direitos foram assentados também muito antes da lei especial, inobstante a assistematica norma referida. Assim 6 que a jurisprudéncia tem, por exemplo, sob o aspecto moral, vedado a reprodugdo da obra sem autorizagaéo do autor, mediante as cominagées legais ('). Também desautorizou: a divulgagéo de musica com a supress&0 do nome do autor do texto poético, impondo a neces- saria indenizagao ("*); 0 aproveitamento de romance em sua maior parte, em pega apresentada como original em radio, pela empresa de radiodifu- sao ('*) e a edicdo nao consentida de obra musical (1°). Mas as mais freqientes demandas — que muito agitaram os nossos tribunais — s&o encontradas no campo do direito de execugao publica, com as sociedades arrecadadoras pleiteando a cobranca de direitos au- torais sobre composigdes musicais, de autoria de seus filiados executa- das em locais publicos, casas de cangas, clubes, restaurantes e demals. Nesses casos, reafirmando a exclusividade do autor (através das socie- dades mandatdrias) em autorizar a divulgagaéo, como direito independen- te, a jurisprudéncia tem feito prevalecer a exigéncia dos direitos autorais de execugdo, com as cominagdes devidas (}**), Outrossim, na cessdo de direitos sobre obra musical, para produgao cinematogratica, declarou a necessidade de pagamento dos direitos pelo (159) Rev, dow Tibunale, 2747/59, (154) Rev, dow Tribunals, 243/299, (155) Rey. dos Tribensls, 105/208, (156) Rey, doa Tribunals, 161/691 (157) Rey. des Tribunaie, 304/181, (158) Rew. Forense; 191/186; 129/104; 126/150: 140/313; 149/141: 152/200; 164/278, & Rev. dow 304/791; 108/476; 194/982; 252/181; 263/603; 256/548; 260/603; 262/145: 284/618; 2877400; 296/670: 260/661; 204/717; a00/886; 806/711; aBe/EAB 718", 9081 ‘348/550; 950/540, 360/422; 361/129 © 445/10, Na Rev. dos Tribunale 164, a8 foinat ‘encontram-s¢ também pareceres, no mosmo sentido, da ALVINO LIMA @ LINO LEME, R. Inf. legisl. Brosilia o. 16 m. 62 abr./jun. 1979 253 exibidor, conforme ajuste (#9). Em outro caso, decidiu-se que a cessdo nao importa em renuncia, devendo o exibidor pagar a remuneragéo em cada projegdo ou execugéo da fita sonora (}). Fixou-se, de outro lado, que na cesséo de composig¢éo musical a editor, mediante participagdo percentual na venda de exemplares ~— por no constituir cessao pura e simples —, o autor tem direito a retribul¢go @ & prestag&o de contas ('*). Ainda na orientagdo estrita, a jurisprudéncia obrigou o editor, pelo excesso de exemplares, a indenizar o autor. Determinou, em outro caso, a favor do autor, a perda dos exemplares produzidos além do conven- cionado (°%). No mesmo sentido, decidiu-se — ainda com respeito & edig&o de obra literéria — que, na cess&o de direitos autorais pelo autor ou her- deiro, a lei posterior, que prorroga a sua durago, protege os herdeiros, se 0 contrato nado user em contrario, porque se presume que aqueles cedem somente os direitos existentes no momento do ajuste (). Assentou-se, em outro julgado, e com relagdo A cessdo do direlto de adaptagdo para a cinematogratia, que inadmissivel 6 a reprodugéo da pega em resumo, mesmo com autorizagéo da empresa cessiondéria, porque a disposicéo para aquele fim nao implica na divulgagdo por outra forma (*), Em outros julgados, concedeu-se ao autor indenizagéo, em virtude de: a) reprodugao nao autorizada de quadro em estampas menores ('); @ b) divulgagao de obra artistica, nao autorizada pelo autor, com finalidade comercial (**). Sob 0 aspecto processual, tam a jurisprudéncia considerado os direi- tos autorais suscetiveis de protegao por meio de interditos ('*7). IV. SINTESE CONCLUSIVA O Direito de Autor, que se identifica, em esséncia, por seu aspecto moral itrenunciavel, apresenta cunho eminentemente protetivo ao criador da obra intelectual. Objetiva amparar a personalidade especial do autor, ou seja, do individuo como criador de obra de engenho, e garantir-lhe os proventos decorrentes de utilizagfo de sua producdo. 1158) Rev. dos Tribunals, 238/603 © 960/422, (160) Rev. dow Tribunaie, 213/101 (161) Rey. dos Tribunals, 192/604 (162) Rew doa Tribunals, 219/572. (463) Rev. doe Tubunals, 485/218. (164) Rew. Forenee, 210/108 (165) Rev. dos Teibunale, 2257203. (185) Rey, dee Tebunale, 272/108. (162) Rey, dos Tabunais, 4447100. 254 R. Inf, legisl, Brosilio @. 16 m, 62 abr./jun. 1979 Dal, tem sido consagrado nas Constituigdes dos Estados modernos como um dos direitos individuais inalienaveis do homem, acentuando-se, com a sua evolugdo, a condigao de direito especial (ou sui generis, como assinalam os escritores), conforme a melhor doutrina, e as legislagdes atuais reconhecem. Indole peculiar apresentam as suas normas, dirigidas & garantia de protegao eficaz ao autor, especialmente nas relagées estabelecidas para © aproveitamento econdmico de sua obra, Dessa forma, desde os primérdios de sua afirmagéo como direito especial, tem sido assentada essa orientacao protetiva, tanto na juris- prudéncia, como na doutrina — mesmo a auséncia de normas expressas de lel — e também na legislagdo, em que recentemente vem assumindo contornos mais definidos. Assim, tém sido inseridas normas especiais para: a) assegurar a inviolabilidade do direito moral, proclamando-se a sua inalienabilidade; b) garantir a independéncia dos diferentes direitos patrimoniais e a au- torizacéo autoral em todos os processos de utilizagéo da obra: c) fixar a delimitagao do contetdo da edigdo; d) estabelecer a limitagaéo do al- cance da cessdo de direitos; e) exigir a configuracdo expressa e inequi- yoca no instrumento de contrato, dos direitos cedidos em cada despoja- mento. Essa 6 a linha tragada pelos unionistas de Berna, de cardter subje- tivo, desde a Convengao inaugural e ressaltada a cada nova revisio, em que se procura acompanhar os progressos técnicos da comunicagao. Vislumbra-se, contudo, excecdo a esses principios no Direito anglo-norte- americano, em face de peculiaridades do sistema, que se reveste de cunho objetivo. As mesmas tendéncias protetivas encontram-se no Direito brasileiro, que se acasala na vereda unionista, evidenciando doutrina e jurisprudén- cia a fidelidade & natureza peculiar do Direito e a conseqiiente limitagaio da extensao das convengées particulares, desde as primeiras manifesta- gées e, mesmo, contra esdruxula norma estilhagadora do direito moral, que em sua codificagao se imiscuiu. Consagrando esse entendimento — e realgando a sua importancia —, a Lei n? §.988/73 impée, por expresso, a interpretagao estrita dos neg6- cios juridicos sobre direitos autorais e dita normas especiais para a sua regulamentagdo, mostrando-se, nesse paso, identificada com a evolugao do Direito de Autor e elidindo, por previsdo explicita, quaisquer dividas @ respeito. & de preservar-se, pois, esse sistema, que se amolda ao cardter especial do Direito de Autor, possibilitando-se, assim, que se concilie o crescente desenvolvimento da tecnologia e a continua introdugado de novas formas de utilizagéo da obra intelectual, com a necessidade de preserva- G40, ao autor, dos direitos decorren' sua produgaéo — tanto morais, como patrimoniais — dentro do intinito liame que os entrelaca. (168) Rev. doe Tribunale, 359/319 » 470/242, R. Inf. legisl. 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