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CAPÍTULO
Ventilação Mecânica (Não-Invasiva e Invasiva)
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Vladimir Ribeiro Pinto Pizzo
Herlon Saraiva Martins
Volume corrente (VT) aparelho “entenda” que ele quer respirar naquele momento.
Normalmente este estímulo se faz através de variações de
É o volume aéreo que “circula” pelos pulmões num ciclo pressão ou fluxo e, segundo o ajuste do operador do apare-
respiratório e compõe juntamente com o volume residual e lho, pode-se determinar o valor limiar para disparo, que é o
volumes de reserva inspiratórios (VRi) e expiratórios (VRe) conceito de sensibilidade do aparelho (normalmente ex-
a capacidade pulmonar total (CPT), conforme a Figura 1. presso em variação de pressão necessária para o disparo,
Para uma mesma frequência respiratória, quanto maior o por exemplo, – 1 cmH2O), ou seja, o sensor de pressão da
volume corrente, maior a tendência de queda da PaCO2 e via aérea deve defletir um centímetro abaixo da PEEP para
vice-versa. que o aparelho entenda que o indivíduo quer respirar na-
quele momento. No entanto, o indivíduo só controla o mo-
MODOS VENTILATÓRIOS mento em que quer respirar; é o aparelho que entrega o
“pacote” completo da ventilação.
De acordo com o grau de dependência que o indivíduo Com o advento dos ventiladores microprocessados foi
tem do aparelho de ventilação mecânica faz-se a opção pelo possível desenvolver um modo assistido-controlado espe-
modo ventilatório, que pode ser, numa escala decrescente, cial com características diferenciadas, que permite maior
de suporte ventilatório: sincronia entre o indivíduo e o aparelho, a saber, modo de
ventilação mandatória intermitente sincronizada (SIMV),
Controlado (Figura 2) com ciclos mandatórios-controlados em que durante o in-
tervalo entre dois ciclos a válvula inspiratória pode ser aber-
A característica fundamental deste modo ventilatório é ta por vontade do paciente (disparo) e o indivíduo pode
a completa dependência do indivíduo do aparelho. É o apa- respirar espontaneamente (Figura 4).
relho que “controla” todo o ciclo respiratório, inclusive a fre- O grande problema é que pela circuitaria de traqueias a
quência respiratória. É utilizado quando o drive ventilatório resistência do sistema à respiração espontânea é grande, o
do indivíduo está ausente (coma profundo, sedação/parali- que torna esta condição desfavorável. Por este motivo se as-
sação etc.). socia uma pressão de suporte (PSV), de modo que nos ci-
clos não-mandatórios o indivíduo é “assistido” por um gra-
Assistido-controlado (Figura 3) diente de pressão com fluxo livre para facilitar o esforço
ventilatório e “vencer” a resistência imposta pelo espaço-
Modo ventilatório em que o aparelho fornece um su- morto do circuito do ventilador (Figura 5). Estima-se que o
porte ventilatório predeterminado que pode ser comple- valor de pressão de suporte suficiente para “zerar” a resis-
mentado conforme a necessidade do indivíduo. Pressupõe, tência do circuito da maioria dos ventiladores disponíveis
portanto, interação entre o aparelho e o indivíduo, e esta comercialmente é algo por volta de 8 cmH2O.
“conversa” se faz em termos de um conceito de trigger ou
disparo. Este é o estímulo que o indivíduo faz para que o Espontâneos
Nestes modos em que a independência entre o indiví-
Inspiração máxima
duo e o aparelho é maior, a característica é o controle por
VRI
CI
CV
CPT VT
Nível expiratório
de repouso
VRE
+
CRF Expiração máxima
VR VR
Trigger
0
Ventilação assistido-controlada
5 segundos
+
+
0
0
Ventilação mecânica controlada
Ventilação mandatória intermitente sincronizada (SIMV)
- -
0
Ventilação com pressão de suporte (PSV) Tabela 2. Indicações de ventilação mecânica invasiva
- Anormalidades da ventilação
Figura 6 – Pressão de suporte.
• Fadiga da musculatura respiratória
• Doença neuromuscular e capacidade vital < 15 mL/kg de peso
• Drive ventilatório diminuído
Anormalidades da oxigenação
+ • Hipoxemia refratária
0 • Trabalho respiratório excessivo
Outras
- Ventilação espontânea com pressão
positiva contínua nas vias aéreas (CPAP)
• PaCO2 > 55 mmHg e pH < 7,25
• Insuficiência respiratória e instabilidade hemodinâmica
Figura 7 – Pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP).
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Dessaturação
Alteração do sensório
Desconforto respiratório
Oxigenoterapia VNi
Indicações:
– DPOC descompensada
– Edema agudo de pulmão
– Infecção pulmonar no imunossuprimido
Limitações
Disponibilidade
Contraindicações
Ventilação invasiva
ventilação, assim como monitorizar pressão arterial, fre- Após estabilização inicial, utilizando-se resultados da
quência cardíaca, oximetria de pulso, coletar gasometria ar- radiografia de tórax, gasometria e resposta inicial, novos
terial, confirmar posicionamento do tubo, obter radiografia ajustes devem ser feitos, objetivando correção da hipoxemia
de tórax e examinar cuidadosamente o paciente. e/ou hipercapnia.
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Recrutamento alveolar não houve tempo suficiente para que todo o ar que entrou
saísse gera um aumento da pressão intratorácica que não é
Determinadas patologias ou condições clínicas estão perceptível pelo sensor de pressão na entrada da prótese
associadas a uma perda da capacidade funcional de patên- respiratória (a não ser que se lance mão de manobra de
cia alveolar e consequente disponibilidade de unidades al- pausa expiratória) e é o chamado auto-PEEP, PEEP oculto,
veolares para a ventilação. A gama de condições é imensa e PEEP intrínseco ou PEEP indesejado.
vai desde atelectasias por disfunção de musculatura respira- Condições que estão frequentemente associadas ao
tória até transudação proteica e inativação da solução sur- aparecimento do auto-PEEP são a taquipneia, inadequação
factante com grande heterogeneidade regional na síndrome da relação I:E (Ti relativamente alto no modo PCV ou flu-
do desconforto respiratório agudo (SDRA). xo muito lento em modo VCV) e obstrução ao fluxo aéreo
Esta heterogeneidade manifesta-se através de áreas com (asma, DPOC), de modo que deve-se suspeitar de sua pre-
diferentes complacências que são menos “receptivas” ao flu- sença nestas condições e lançar mão de estratégias para mi-
xo aéreo que suas áreas vizinhas de complacência normal nimizar o dano gerado pela sua presença. É possível suspei-
ou melhor. Portanto, a tendência do fluxo aéreo é de dirigir- tar de auto-PEEP se, ao olhar a curva de fluxo do ventilador
se a estas áreas de boa complacência em detrimento das de – se houver um monitor para isto no ventilador que estiver
má complacência, fato que pode gerar hiperdistensão destas sendo utilizado – esta não tiver o eixo no valor 0 ao final da
unidades alveolares boas, com consequente dano provoca- expiração (o que significa que o sistema ainda não tinha
do pela ventilação mecânica. terminado de esvaziar-se; Figura 8). Para medir o valor do
Na tentativa de homogeneizar a distribuição aérea nos auto-PEEP deve-se proceder à manobra de pausa expirató-
pulmões são utilizadas as manobras de recrutamento alveo- ria, que consiste no fechamento da válvula expiratória no fi-
lar, que consistem na elevação da pressão do sistema na ten- nal desta e na impossibilidade de novo ciclo inspiratório
tativa de “abrir” aquelas unidades alveolares e, consequen- enquanto segura-se o botão, de modo que, se o paciente não
temente, tornar as complacências regionais mais próximas. fizer esforço respiratório (pode ser necessária sedação e pa-
Existem várias maneiras de “recrutar” um pulmão doente e ralisação) haverá uma equalização de pressões no sistema e
elas podem gerar algum desconforto para o paciente, de a pressão aferida neste momento pode ser diferente da
modo que em boa parte das vezes a tolerância às manobras PEEP, portanto, devida ao auto-PEEP.
pode ser ruim e pode haver necessidade de se lançar mão de Para “tratar” o auto-PEEP pode ser necessário o ajuste
sedação e, eventualmente, até paralisação dos pacientes. do ventilador através do aumento do valor do fluxo na
Como estratégias ventilatórias de recrutamento pode- ventilação com volume controlado ou diminuição do tem-
se usar: po inspiratório nos modos de pressão controlada. O trata-
mento da obstrução é premente nos casos em que é esta a
■ Inversão da relação I:E, de modo que o pulmão fica por causa e a compensação da taquipneia diminui o risco de
um período maior em pressão mais alta (pressão de pico) manifestação deste quadro.
do que na fase expiratória (PEEP). Em determinadas situações há auto-PEEP sem que ele
■ Recrutamento por tempo: estabelece-se uma PEEP “ele- seja tratável ou deletério (DPOC grave, por exemplo), mas
vada” e deixa-se o indivíduo ventilando por períodos lon- seu reconhecimento é importante ao se programar a sensibi-
gos (minutos a horas). lidade de disparo do aparelho, já que a presença do auto-
■ Recrutamento por escalonamento de pressão: submete-se PEEP interfere com a sincronia do aparelho, pois, ao se esta-
o indivíduo a PEEPs elevadas e crescentes por intervalos belecer o valor limiar de sensibilidade de disparo do aparelho,
de tempo curto (1 a 2 minutos). o ventilador usa o valor da PEEP como linha de base e no caso
da existência de auto-PEEP este vai fazer com que o indivíduo
Na prática, PEEPs acima de 8-10 cmH2O são considera- tenha que fazer um esforço maior que o programado.
das elevadas, mas em determinadas situações o uso de valo-
res maiores podem ser justificados. Na SDRA, 16 cmH2O é
uma boa estimativa de PEEP para ventilar alguém com hi-
poxemia grave, e em manobras de recrutamento escalona- Fluxo
do pode-se iniciar com PEEPs de 20 cmH2O e chegar a va-
lores de até 45 cmH2O com segurança.
Auto-PEEP
Indivíduos que tenham dificuldade no esvaziamento
aéreo durante o ciclo respiratório (fase expiratória) podem
ser submetidos a um acúmulo de volume aéreo represado
nos pulmões (elevação do volume residual) de maneira au-
tomática e oculta que pode trazer consequências graves ao
paciente, desde desconforto respiratório e dessincronização
com o aparelho até barotrauma. Este incremento de volume
a cada ciclo respiratório em que, durante a fase expiratória, Figura 8 – Auto-PEEP (seta).
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rebaixamento do estado de consciência, deve-se optar pelo adequado (menor possível para uma saturação arterial ade-
tipo de suporte não-invasivo e seus ajustes. quada). A PEEP deve ser regulada num primeiro momento
As situações em que deve-se evitar a VNi estão descri- em 5 cmH2O no mínimo, devendo ser reavaliada e adequada
tas na Tabela 5. conforme a oxigenação (talvez precise ser aumentada na de-
O CPAP (continuous positive airway pressure) pode ser pendência de cada situação/condição ventilatória).
aplicado com um gerador de fluxo, aparelho específico para Caso se tenha escolhido um modo controlado a volume
CPAP ou com aparelho de ventilação invasiva. É modo in- deve-se estimar um volume corrente inicial de 6 a 10 mL/kg
dicado para edema agudo de pulmão cardiogênico (EAP), (preferir mais próximo do 6 que do 10) e regular o fluxo
pois o princípio fisiopatológico de seu funcionamento nes- conforme o esforço inspiratório do paciente. No caso de
sa condição é a redução do retorno venoso e otimização do optar-se por um modo controlado a pressão, deve-se esco-
trabalho do ventrículo esquerdo, além de corrigir as altera- lher um valor de ∆P que gere um volume corrente adequa-
ções da mecânica respiratória. do (6 a 10 mL/kg), o que, em condições normais de compla-
O BiPAP (bilevel positive airway pressure) pode ser apli- cência pulmonar, deve girar em torno dos 12 a 20 cmH2O.
cado com aparelho próprio de BiPAP ou aparelho de venti- O tempo inspiratório deve ser regulado a fim de manter
lação invasiva. É o modo mais indicado para DPOC des- uma relação i:e pelo menos a princípio fisiológica, ou seja,
compensado, pois a presença de uma pressurização maior para as frequências acima, cerca de 1 a 1,2 segundo.
durante a inspiração reduz o trabalho respiratório e ajuda a A titulação da FiO2 pode ser feita pela oximetria de pul-
aumentar a ventilação e reduzir a PaCO2. Para a insuficiên- so de modo que deve-se ofertar o menor valor possível para
cia respiratória hipoxêmica não há consenso quanto ao manter saturação acima de 92. Esta estimativa é possível
modo mais indicado. tendo-se em vista o comportamento da curva de dissocia-
É essencial a presença do médico no início da aplicação ção da hemoglobina, que mostra que uma PaO2 de 60
da VNi, e a escolha de interface adequada (tipo e tamanho mmHg (em condições metabólicas normais suficientes
da máscara), assim como seu ajuste à face do paciente, po- para adequada perfusão tissular) está associada a saturação
dem ter influência decisiva no sucesso da VNi. arterial de oxigênio por volta de 90% – em condições nor-
mais de pH, temperatura e 2,3 difosfoglicerato. Como o
AJUSTES INICIAIS DO VENTILADOR MECÂNICO comportamento da curva é errático ou dificilmente previsí-
vel abaixo deste limite, não se pode garantir acesso de oxi-
Ventilação invasiva gênio adequado aos tecidos para valores de oximetria de
pulso abaixo de 90% (Figura 9).
Dada a imensa gama de possibilidades, os princípios Dependendo do processo fisiopatológico envolvido na
aqui comentados servem apenas como orientações gerais, insuficiência respiratória, pode ser necessária elevação da
devendo os aspectos específicos ser discutidos individual- pressão do sistema para obtenção de adequada oxigenação
mente. (e consequente “recrutamento” alveolar em casos de atelec-
Procedida a intubação orotraqueal, e checada a ade- tasia, SDRA etc., por exemplo). Esta elevação de pressão é
quação do posicionamento da cânula orotraqueal, o próxi- feita em termos de PEEP; do ponto de vista prático, deve-se
mo passo é ajustar o ventilador e para tanto é necessário elevar seu valor e reavaliar a oximetria constantemente com
avaliar a intensidade do suporte ventilatório requerido. cuidado para que a pressurização da caixa torácica não in-
Caso o paciente esteja absolutamente inconsciente e sem terfira negativamente no sistema cardiovascular. Pressões
tônus ventilatório (por sedação ou rebaixamento do nível
de consciência), deve-se escolher um modo assistido-con-
Curva de dissociação da hemoglobina
trolado a volume ou pressão (conforme seu domínio sobre
cada modo), ajustar uma frequência respiratória mínima 100
(em linhas gerais para que a frequência total fique em torno 90
dos 12 a 20 ciclos por minuto). Deve-se oferecer oxigênio em
80
quantidades generosas até que se consiga titular o valor mais
70
% de saturação
60
Tabela 5. Principais contraindicações para ventilação não-invasiva
50
• Parada respiratória franca ou iminente. 40
• Instabilidade hemodinâmica (choque, arritmias graves, síndrome
30
isquêmica aguda não-controlada).
• Rebaixamento do estado de consciência. 20 Efeito do pH
de platô de até 35 cmH2O não estão associadas a elevação vadora de vidas e não deve ser adiada quando indicada.
da incidência de barotrauma e há dados que sugerem que Não se pode esquecer de que o paciente com asma tem ex-
pressões mais altas podem ser seguras, ao menos para ma- celente prognóstico e a intubação é temporária. Já uma pa-
nobras de recrutamento alveolar. rada cardiorrespiratória é muito mais grave e não podemos
deixar que ela aconteça.
Ventilação não-invasiva Para a IOT, vários agentes podem ser utilizados e a me-
dicação de escolha é a quetamina, pelo seu efeito broncodi-
Habitualmente, utilizam-se os seguintes ajustes ini- latador. Alternativas são o propofol e midazolam.
ciais: Após a intubação, o paciente pode ficar muito descon-
fortável e dificultar a ventilação. Nesses casos, além de seda-
■ EAP: CPAP próximo de 10 cmH2O, que deve ser menor ção adequada, pode ser necessário o bloqueio neuromuscu-
inicialmente para adaptação do paciente à máscara e lar, na maioria das vezes, com algumas doses em bolus.
progressivamente elevado observando-se conforto, redu- Quanto aos parâmetros do respirador, recomenda-se
ção da frequência respiratória e obtenção de volume cor- usar o modo ventilação controlada, com baixo volume cor-
rente de 7-10 mL/kg. rente, baixa frequência respiratória (6 a 12/minuto), curto
■ DPOC: pressão expiratória (EPAP) de 4-6 cmH2O e pres- tempo inspiratório e PEEP próximo ao do auto-PEEP
são inspiratória (IPAP) que resulte em volume corrente en- (80%). Mesmo que ocorra acidose respiratória, geralmente
tre 7-10 mL/kg, o que é geralmente obtido com valores en- isso não é problema.
tre 10 e 15 cmH2O. É mais confortável para o paciente que Quanto à ventilação não-invasiva, ainda há necessida-
inicie com níveis menores (por exemplo, 8-10 cmH2O), de- de de estudos prospectivos para validar seu uso.
vendo ser aumentada ou diminuída para obter conforto e
frequência respiratória menor do que 25 rpm. DPOC
■ Insuficiência respiratória hipoxêmica: CPAP de 8-10
cmH2O ou EPAP 8-10 cmH2O + IPAP que resulte em vo- A ventilação não-invasiva constitui-se na modalidade
lume corrente entre 7-10 mL/kg, devendo ser aumentada terapêutica de maior impacto no tratamento da DPOC
ou diminuída para obter conforto e frequência respirató- grave no pronto-socorro nos últimos anos, e deve ser indi-
ria menor do que 25 rpm. cada precocemente em pacientes graves.
As principais indicações são descritas na Tabela 6. Os
São necessários monitorização contínua, reajustes ba- principais benefícios são:
seados na resposta clínica e presença de profissional treina-
do durante a aplicação da VNi. Após 30 minutos deve-se co- ■ Redução de 48% a 59% na mortalidade: número
lher nova gasometria, avaliar queda de frequência cardíaca necessário para tratar (NNT) = 8.
e respiratória e conforto. Caso não haja resposta adequada, ■ Redução de 58% a 59% na necessidade de intubação oro-
considerar intubação e ventilação invasiva. A VNi não deve traqueal: NNT = 5.
retardar a intubação em pacientes que não respondem bem ■ Redução do número de dias de internação hospitalar:
nas primeiras horas. Há pelo menos um ensaio randomiza- – 3,24 dias.
do de uso de VNi no pronto-atendimento em que a VNi não
evitou intubações e sua manutenção, apesar de ausência de Ventilação invasiva
melhora nas primeiras 3 horas, tendeu a aumentar a morta-
lidade. Há críticas metodológicas a este estudo, mas seu Da mesma maneira da crise aguda de asma, a in-
dado mais importante foi mostrar que o retardo na intuba- tubação orotraqueal deve ser feita nos casos graves, na
ção na ausência de resposta inicial à VNi pode ser deletério. maioria das vezes, baseada em parâmetros clínicos (Tabela
7). Caso decidido pela intubação, esse procedimento deve
VENTILAÇÃO EM SITUAÇÕES ESPECÍFICAS ser realizado de maneira rápida, pois a condição clínica do
paciente pode se deteriorar rapidamente.
Asma Após a intubação, o paciente pode ficar muito descon-
fortável e dificultar a ventilação. Nesses casos, além de se-
Pacientes que chegam com crise aguda de asma no ser- dação adequada, pode ser necessário o bloqueio neuro-
viço de emergência, apresentando alteração do nível de muscular (em geral, algumas doses em bolus endovenoso).
consciência, bradicardia ou iminência de parada cardior-
respiratória devem ser submetidos a intubação orotra-
queal. Da mesma forma, durante a evolução no pronto-so- Tabela 6. Indicações de ventilação não-invasiva durante a
corro, pode ser necessária a intubação, e esta deverá ser exacerbação da DPOC
baseada em parâmetros clínicos e, especialmente, antes que
o paciente se encontre em situação crítica com risco de pa- • Insuficiência respiratória (dispneia que não melhora ou piora, mesmo
rada cardiorrespiratória. Caso seja decidido pela intuba- com o tratamento habitual).
ção, esse procedimento deve ser realizado de maneira rápi- • Uso de musculatura acessória e movimento abdominal paradoxal.
da, pois a condição clínica do paciente pode se deteriorar • Acidose e hipercapnia.
rapidamente. A ventilação mecânica é uma intervenção sal-
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Síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) Invasiva: open lung approach (tratamento “manter alvéolos abertos”)