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A Revista Arte Real é um periódico maçônico virtual, fundado em 24 de fevereiro de 2007, de periodicidade
mensal, distribuído, gratuitamente, pela Internet, atualmente, para 33.154 e-mails de leitores cadastrados,
no Brasil e no exterior, com registro na ABIM - Associação Brasileira de Imprensa Maçônica, sob o nº 005
JV, tendo como Editor Responsável o Irmão Francisco Feitosa da Fonseca, 33º - Jornalista MTb 19038/MG.
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A Origem da Maçonaria Leonardo Pavani
A
constituição do Grande Oriente do Brasil, Maçonaria Especulativa, pela formação da primeira
no “caput”, de seu artigo primeiro, conceitua potência maçônica do mundo, a Grande Loja da
a Maçonaria como sendo uma “instituição Inglaterra.
essencialmente iniciática, filosófica, filantrópica,
Para alguns, a linha de raciocínio para a origem
progressista e evolucionista”. Entre os incisos do
da Ordem é simples: ela é tão antiga quanto sua
parágrafo único, consta que a Maçonaria “proclama
história documentada. Da fundação da Grande Loja da
a prevalência do espírito sobre a matéria. Pugna
Inglaterra, em 1717 em diante, a Ordem tem sido franca
pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da
em relação a sua existência, apenas, os métodos de
humanidade, por meio do cumprimento inflexível do
reconhecimento mútuo têm sido afastado do olhar do
dever, da prática desinteressada da beneficência e da
investigação constante da verdade (CONSTITUIÇÃO,
2007:3).” Seus fins supremos são: “Liberdade,
Igualdade e Fraternidade”.
V
ivendo em Israel há mais de quarenta anos, Maçônica de judeus, é uma demonstração de que
Leon Zeldis, cônsul honorário do Chile, em existe uma luz no final do túnel, e que a paz entre
Tel Aviv, já ocupou o mais alto cargo da palestinos e judeus é possível sim! E não, somente,
Maçonaria Israelense. Ele assinala que não existe a paz, mas a fraternidade pode reinar entre árabes e
impedimento entre o Judaísmo e a Maçonaria. E judeus, como ocorre na Grande Loja de Israel.
mais: rabinos e hazanim (oficiantes cantores das
A prova maior do compromisso dessa Grande
sinagogas) pertencem à Ordem, e, na cidade de
Loja, com os princípios de “Liberdade, Igualdade e
Eilat, no extremo Sul do país, na fronteira com o
Fraternidade”, pode ser vista no Selo (emblema) da
Egito, uma loja maçônica chegou a funcionar em uma
mesma: a Cruz, a Lua quarto crescente e a Estrela
sala da Yeshivah (escola religiosa para formação
de Davi estão juntas, simbolizando o Cristianismo,
de rabinos). “A Maçonaria Israelense é um exemplo
o Islamismo e o Judaísmo. Da mesma forma, a
de convivência e tolerância”, destaca Zeldis, “o que
Bíblia, o Alcorão e a Torah estão no Altar das Lojas,
procuramos mostrar é que é possível conviver, judeus
comprovando que todos os Irmãos, independente
e árabes, como irmãos.”
da fé professada, estão imbuídos do objetivo de
Nadim Mansour, árabe palestino, de religião trabalhar pela felicidade da humanidade.
cristã ortodoxa, foi empossado, em Tel Aviv, como A Grande Loja do Estado de Israel foi
o Grão-Mestre da Grande Loja do Estado de Israel, instalada em 20 de outubro de 1953, em Jerusalém.
cargo que ocupou até o ano 2013. A Grande Loja de
Israel teve já dois Grão-Mestres palestinos: Yakob
Nazih, de 1933 a 1940, e Jamil Shalhoub, de 1981
a 1982. O Grão-Mestre Mansour nasceu em Haifa e
se mudou para Acre, aos cinco anos de idade. Foi
iniciado em 1971 na Loja “Akko”, da qual seu pai
foi um dos fundadores, e, em 1980, tornou-se seu
Venerável.
Nadim Mansour é, também, Grau 33 do Rito
Escocês Antigo e Aceito. A presença de um maçom
de origem árabe como Grão-Mestre, de uma Loja
G
iuseppe Garibaldi não nasceu na Itália, mas África e a Ásia só tinham dado uma fraca ideia, fiquei
em Nice, na França, em 4 de julho de 1807, maravilhado com o espetáculo esplêndido que meus
31 anos após a Declaração da Independência olhos contemplavam”. Acompanharemos seus passos
Americana. Não haveria local mais apropriado, um porto em três momentos históricos – Garibaldi no Brasil, no
marítimo na costa mediterrânea, que sob as bênçãos Uruguai e na Itália.
de Poseidon, serviu de berço para o homem que iria
O Império Brasileiro estava em ebulição, em
viajar pelo mundo levando a mensagem de liberdade
especial a Província de São Pedro do Rio Grande
para os povos. Seus pais, genoveses, optaram pela
do Sul, onde havia eclodido, há poucos meses, a
nacionalidade italiana para o filho, em virtude da “jus
Revolução Farroupilha. Enquanto na sua terra natal o
sanguinis” (direito de sangue).
movimento dos carbonários crescia, no Brasil, estava
É, mundialmente, conhecido como “Herói de chegando a Maçonaria, com seus membros atuando
Dois Mundos”, por ter participado de conflitos na Itália e e influenciando as lutas da humanidade por liberdade,
na América do Sul, dedicando sua vida à luta contra a como na Revolução Francesa e na independência de
tirania. Ainda menino, tornou-se marinheiro e conheceu vários países latino-americanos, inclusive Estados
a vida no mar. Aos 25 anos era capitão da Marinha Unidos e Brasil. Os maçons tremulavam a bandeira
Mercante. A proximidade com as ideias republicanas de dos movimentos abolicionistas. Ouve-se que, ao norte
Mazzini, um Carbonário, que acenava com o projeto de dos Estados Unidos, montaram uma rede de fuga de
unificação da Itália, fizeram com que o jovem marinheiro escravos negros para o Canadá. Eram vagidos que
iniciasse um flerte com os movimentos revolucionários, ecoaram, também, por todas as províncias brasileiras.
para a liberdade dos povos. Sua estreia não foi a
Garibaldi chegou pouco depois da fundação
melhor das experiências e lembranças. O fracasso da
da primeira Loja Maçônica no Rio Grande do Sul, que
insurreição de Gênova, fez com que sua cabeça fosse
ocorreu no dia 23 de novembro de 1831, em Porto
posta à prêmio, obrigando sua fuga da Europa.
Alegre, com o nome de Loja Philantropia e Liberdade,
A bordo do navio Nautonnier, Garibaldi aportou, tendo como seu primeiro Venerável Mestre, Bento
no final de 1835, no Rio de Janeiro. À sua frente estava Gonçalves da Silva, líder farrapo e com quem iria
o Pão de Açúcar, a Pedra da Gávea e o Corcovado, que guerrear e entrar para história como Comandante da
mereceu registro em seu diário “[...] quando apareceu Frota Naval Farrapa.
em volta de mim esta natureza luxuriante de que a
O
maçonólogo e escritor belga Jean van Win uma corda ornada com nós de amor, terminada em
acredita que a corda que utilizamos na borlas pendentes. Isso – acrescido de uma eventual
decoração dos templos tenha sido introduzida associação com o termo “filhos da viúva”, surgido nos
na Maçonaria Simbólica devido a um engano. Segundo rituais na mesma época – teria bastado para que se
ele, o uso a corda de nós espalhou-se pelo mundo, a passasse, por extensão, a associar a Borla Dentada de
partir da França, por um erro de tradução do abade Pérau a uma corda com nós e borlas em torno da Loja.
Pérau, que, em 1742, publicou um livro intitulado “O
Segredo dos Franco-Maçons”, baseado na obra “A De todo modo, o fato é que as cordas com nós
Maçonaria Dissecada”, de Samuel Prichard, editada em vêm sendo usadas, desde então, como ornamento
1730. Nela, Prichard afirma que dentre os equipamentos nos templos, quadros ou tapetes de Loja maçônicos.
da Loja há o “Pavimento Mosaico, que é o piso da Algumas Lojas utilizam nos seus quadros ou tapetes
Loja, a Estrela Flamígera, que é seu Centro, e a Orla o número de nós conforme o grau representado. A
Dentada, que é a borda em torno dela”. Acontece que maioria delas, no entanto, especialmente na Europa e
o abade traduziu, do inglês original para o francês, América do Norte, adota a corda de 12 nós, que, como
Pavimento Mosaico como Palácio Mosaico, Estrela já mostramos, tem um significado relevante na história
Flamígera como Dossel Constelado de Estrelas e Orla da geometria. Aqui cabe uma consideração: aceita-
Dentada por Borla Dentada. Com isso, as potências se, por seu caráter simbólico, que a corda maçônica,
maçônicas que, por qualquer motivo, inspiraram-se mesmo sendo aberta, tenha 12 nós, embora uma
direta ou indiretamente na tradição francesa, teriam
assimilado o termo Borla Dentada.