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“Não há razão para se supor que o mundo tenha tido um início.

A idéia de
que as coisas devam ter um começo é realmente algo devido à pobreza de
nossos pensamentos” (Bertrand Russel).

Há três escolas de pensamento com relação à origem do mundo. A


primeira escola de pensamento afirma que esse mundo veio a existir pela
natureza e que a natureza não é uma força inteligente. Entretanto, a natureza
funciona de um modo próprio e sempre mutável.

A segunda escola de pensamento diz que o mundo foi criado por um


Deus todo poderoso, o qual é responsável por tudo. A terceira escola de
pensamento diz que o início do mundo e da vida é inconcebível pois não tem
nem início nem fim. O Buddhismo está de acordo com essa terceira escola de
pensamento. Bertrand Russel concorda com essa escola de pensamento
dizendo: ‘Não há razão para se supor que o mundo tenha tido um início. A
idéia de que as coisas devam ter um começo é realmente algo devido à
pobreza de nossos pensamentos”.

A ciência moderna diz que há alguns milhões de anos a recente terra


esfriada era sem vida e que a vida se originou no oceano. O Buddhismo nunca
proclamou que o mundo, o sol, a lua, as estrelas, o vento, a água, os dias e as
noites foram criados por um deus poderoso ou por um Buddha. Os buddhistas
acreditam que o mundo não foi criado de uma só vez, mas que o mundo é
criado milhões de vezes a cada segundo e isso continuará a acontecer por si
mesmo e terminará por si mesmo. De acordo com o Buddhismo, os sistemas
mundiais sempre aparecem e desaparecem no universo.

H.G. Wells, em A Short History of the World, diz que: ‘É


universalmente reconhecido que o universo em que vivemos, tem toda a
aparência de ter existido por um enorme período de tempo e possivelmente
por um tempo sem fim. Mas que o universo em que vivemos existiu somente
desde uns seis ou sete milhões de anos pode ser julgado como uma idéia
totalmente ultrapassada. Nenhuma vida parece ter surgido de repente sobre
terra’.

Os esforços feitos por muitas religiões em explicar o início e o fim do


universo são realmente mal-concebidos. A posição das religiões que propõem
a visão de que o universo foi criado por deus em um ano fixo exato, se tornou
difícil de se manter à luz do conhecimento moderno e científico.

Os cientistas, historiadores, astrônomos, biólogos, botânicos,


antropólogos e grandes pensadores de hoje têm todos contribuído com um
conhecimento vasto e novo sobre a origem do mundo. Essas últimas
descobertas e conhecimentos não estão de modo algum em contradição com
os Ensinamentos do Buddha. Bertrand Russel, novamente, diz que respeita o
Buddha por não fazer falsas declarações como outros que se comprometeram
com uma visão particular sobre a origem do mundo.

As explicações especulativas sobre a origem do universo apresentadas


por várias religiões não são aceitáveis aos cientistas e intelectuais modernos.
Mesmo os comentários das Escrituras Buddhistas, escritos por alguns
escritores buddhistas, não podem ser desafiados pelo pensamento científico
em relação a essa questão. O Buddha não perdeu Seu tempo com esse assunto.
A razão para Seu silêncio foi a de que esse assunto não tem valor religioso
para atingir a sabedoria espiritual. A explicação sobre a origem do universo
não é um problema da religião. Tal teorização não é necessária para se viver
um modo de vida correto e para dar uma direção à nossa vida futura.
Entretanto, se alguém insiste em estudar esse tema, então deverá investigar as
ciências, a astronomia, a geologia, a biologia e a antropologia. Essas ciências
podem oferecer mais informações confiáveis e testadas sobre esse tema do
que podem oferecer quaisquer religiões. O propósito de uma religião é cultivar
a vida aqui nesse mundo e no próximo, até que a libertação seja atingida.

Aos olhos do Buddha, o mundo nada mais é que samsara – o ciclo de


repetidos nascimentos e mortes. Para Ele, o começo e o fim do mundo estão
no samsara. Uma vez que elementos e energias são relativos e
interdependentes, não tem sentido especificar qualquer coisa como sendo o
início. Seja qual for a especulação que fizermos sobre a origem do mundo,
não haverá uma verdade absoluta nesse nosso conceito.

‘Infinito é o céu, infinito é o número de seres,

Infinitos são os mundos no vasto universo,

Infinito em sabedoria o Buddha ensina assim,

Infinitas são as virtudes Dele que assim ensina’. (Sri Ramachandra)

Um dia um homem chamado Malunkyaputta se aproximou do Mestre e


pediu que Ele explicasse a origem do universo. Ele até o ameaçou de parar de
ser Seu seguidor se a resposta do Buddha não fosse satisfatória. O Buddha
calmamente respondeu que não tinha importância se Malunkyaputta o
seguisse ou não, pois a Verdade não precisava da ajuda de ninguém. Então, o
Buddha disse que não discutiria sobre a origem do universo. Para Ele, obter o
conhecimento sobre tais temas era uma perda de tempo porque a tarefa de um
homem era se libertar do presente, não do passado ou do futuro. Para ilustrar
isso, o Iluminado relatou a parábola de um homem que fora atingido por uma
flecha envenenada. Esse homem tolo se recusou a ter a flecha removida antes
de saber tudo sobre a pessoa que atirou a flecha. Quando seus assistentes
descobriram esses detalhes desnecessários, o homem já havia morrido.
Similarmente, nossa tarefa imediata é atingir o Nibbāna, e não o se preocupar
sobre nossos começos.

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