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História da arte: ensino e pesquisa na prática

escolar de nível médio

Andréa Carla Kincheski Coelho1


Ana Luiza Ruschel Nunes2

Resumo: O presente artigo objetivou construir o Estágio Supervisionado de


Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Estadual de Ponta Grossa. O espaço
para a docência foi o Colégio Estadual João Ricardo Von Borell Du Vernay, atuando
de forma colaborativa com a professora efetiva da disciplina de Artes e orientadora,
um Projeto de docência envolvendo: planejamento- observação –ação e reflexão da
prática educativa em Artes Visuais, ainda com observações e direção de classe
numa turma de primeiro ano do ensino médio. A escola teve como exigência seguir
o planejamento anual da disciplina de artes.Sendo assim, a escolha dos
conhecimentos a serem trabalhados na docência foi pertinente ao plano de estudo e
do planejamento da regente de classe, que elegeu a Arte Medieval especificamente
a Arte Bizantina e Arte Românica.Os resultados da docência no Estágio
Supervisionado, pautam-se nos referenciais teóricos embasados principalmente em
Battistoni (1987), Carmo (1996), Cotrim (2005), Proença (2007), Osinski (2002) e
Nunes (2004); A pesquisa em ensino de artes Visuais foi de abordagem Qualitativa,
por meio da Pesquisa-Ação, tornado-se esta a própria metodologia de ensino a partir
da espiral cíclica de Carr&Kemmis, o que proporcionou uma aprendizagem
significativa pelos alunos sobretudo os resultados interconectando o saber vivido
do aluno e o saber artístico e científico em Artes Visuais num percurso de
aprendizagem para a docência na atuação do acadêmico compreendendo o estágio
em arte como construção de conhecimento num processo de intervenção
pedagógica.

Palavras – Chave: Docência; Pesquisa-Ação; Artes Visuais; Ensino Médio

INTRODUÇÃO

1
Professora de História do Estado do Paraná, Licenciatura em História -UEPG. Pós-graduada em Metodologia da História,
Educação Patrimonial e Metodologia da Arte. Graduada em Artes Visuais -UEPG. Prticipa do Grupo de Estudos e Pesquisa em
Artes Visuais, Educação e Cultura-GEPAVEC-/CNPq. Email: andycarcoelho@ig.com.br

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Professora de Artes Visuais do Curso de Licenciatura em Artes Visuais da UEPG/PR. Doutora em Educação e atuando com
Metodologia de Ensino e Estágio Supervisionado em Artes Visuais e coordenadora do grupo de Estudos e Pesquisa em Artes
Visuais, Educação e cultura – GEPAVEC – UEPG/CNPq.Email:analuiza@uepg.br

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Construir conhecimento no Estágio Supervisionado não é simplesmente
despejar conteúdos em sua forma cartesiana na aprendizagem dos alunos em
relação as Artes Visuais na escola. Assim, o artigo descreve parte da prática de
docência que se realizou como pré-requisito à conclusão do Estágio Supervisionado
II, o campo de Estágio foi o Colégio Estadual João Ricardo Von Borell Du Vernay, da
cidade de Ponta Grossa.

No que diz respeito ao referencial teórico, buscou-se embasamento nos


autores Battistoni (1987), Carmo (1996), Cotrim (2005), Proença (2007), Osinski
(2002) e Nunes (2004).

A metodologia da pesquisa utilizada foi à abordagem Qualitativa, por meio


da Pesquisa-Ação. Com o presente artigo, pretendeu-se sobretudo, discutir os
resultados e apresentar uma análise do processo de ensino em artes-visuais, bem
como visualizar a atuação do acadêmico verificando o processo pedagógico por
meio dos planejamentos e da prática em sala de aula ,na formação inicial para a
docência.

HISTÓRIA DA ARTE MEDIEVAL COMO CONHECIMENTO NO ENSINO E


APRENDIZAGEM DAS ARTES VISUAIS

Ensinar significa também aprender, o que levou os envolvidos aos estudos


da História da Arte Medieval aprofundado e que após planejar, apresentou-se aos
alunos destacando que na Idade Mádia, a queda do último imperador romano, em
476, ocorrida no contexto das invasões germânicas, que segundo Carmo (1996), é o
fato que marca o fim da Antiguidade e o início do que se convencionou chamar
Idade Média. Esse período vai até 1453, quando a cidade de Constantinopla foi
conquistada pelos turcos, que segundo Nunes (2004, p. 67):

Na Idade Média assentada predominantemente na agricultura, o trabalho servil


acontecia nas pequenas comunidades distantes do mercado da cidade. A posse
da terra era condição de liberdade e poder e quem não a possuía tinha sua vida

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igual à dos antigos escravos, embora livre juridicamente. Não havia, neste
período, a exaltação do trabalho. Mas foi exatamente o trabalho de servidão o
sustentáculo da estrutura social e econômica da época, dando aos proprietários de
terra a manutenção da economia medieval.

O trabalho servil era, portanto uma condição natural espelho de uma época,
a economia voltava-se para os donos de grandes propriedades com condições de
manter ao seu redor grande quantidade de pessoas que sob sua égide protegiam-se
de ataques bárbaros. Por sua vez, essa proteção envolvia extensos laços que
mantinham o servo preso aos seus votos, como explica Nunes ao compará-lo com
antigos escravos.

Segundo Battistoni (1987- p.43), uma nova mentalidade surge com o triunfo
do cristianismo. Essa religião conseguiu incorporar elementos advindos de diversas
fontes, o judaísmo com as noções de cosmogonia, história do mundo, os Dez
Mandamentos e algumas doutrinas como a do pecado original e da providência
divina. A filosofia helenística coopera com um vasto número de doutrinas e práticas
onde o cristianismo podia abastecer-se, e ao mesmo tempo, conservar seu caráter
distinto. A imagética do cristianismo baseava-se em um indivíduo histórico de
personalidade bem definida: Jesus Cristo. O período tem por características
históricas: a terra como principal representatividade de riqueza, o teocentrismo e o
sistema feudal baseado na servidão coletiva.

A arte neste contexto tem início com os primeiros cristãos, chamada Arte
Paleocristã. Os primeiros cristãos eram perseguidos pelos romanos e sua produção
artística destacava-se por representações simbólicas principalmente nas
catacumbas (cemitérios subterrâneos da Itália), onde se encontravam para estudar a
vida e os ensinamentos de Jesus Cristo.

Sobre os primeiros cristãos comenta Nunes (2004, p.67):

Os seguidores de Jesus Cristo, impedidos de divulgar os ensinamentos


cristãos, contrapõem-se a venerar os imperadores, o que deu início à
perseguição aos cristãos emergentes, sob o comando do imperador
Diocleciano (séc.III a V), levando os cristãos a se refugiarem nas
catacumbas (túmulos subterrâneos), e em casas particulares para realizar
seus cultos, orar e ouvir narrações dos construtos e organização da missão
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de Jesus Cristo. Nessas galerias subterrâneas, eram sepultados os cristãos
mártires, após sua morte. Aí originaram as pinturas cristãs, tendo como fim
servir à fé. (...) voltaram-se às representações simbólicas cristãs que
revelaram uma arte cuja produção era de um caráter com formas
grosseiras, rudes e de uma simplicidade marcante. A temática era religiosa,
como, por exemplo, o peixe, a palma, a cruz entre outros. Sua função era
pedagógica, instruindo os cristãos convertidos à nova fé cristã (...).

Apenas em 313, o imperador Constantino, concedeu liberdade religiosa em


todo o império, por meio do Edito de Milão. Assim, Cotrim (2005), afirma que os
cristãos puderam construir suas igrejas e celebrar publicamente seu culto.

Com a permissão do culto e adesão do império a arte passou a expressar a


autoridade absoluta do imperador, que se constituía um representante absoluto de
Deus. Para demonstrar essas características os sacerdotes impunham regras de
representação, indicando segundo Nunes (2004, p.68): “entre outras coisas, até o
espaço de cada figura humana sagrada na composição e dizendo como fazer a
representação gestual, ou seja, como mãos, os pés, as dobras da roupa deveriam
ser pintadas (...).”

Por volta do século IV, com a invasão dos povos bárbaros ao longo do
Império romano, o imperador Constantino I transfere a capital do império para
Bizâncio, antiga cidade grega renomeada mais tarde para Constantinopla. Neste
local reúnem-se toda uma série de fatores que impulsionam a ascensão de uma
nova expressão artística.

Afirma ainda Proença (2007), que a arte bizantina está intimamente


relacionada com a religião, obedecendo a um clero fortalecido que possui, além das
suas funções naturais, as funções de organizar também as artes, e que
conseqüentemente relega os artistas ao papel de meros executores.

No século IV, o imperador Constantino reconheceu o culto livre aos cristãos


do Império Romano. A arte cristã primitiva (paleo-cristã) evoluiu então para a arte
bizantina. O mosaico foi a característica principal do período e suas características
de criação influenciaram mais tarde a arte gótica. Os ícones também marcaram esta
primeira etapa da arte bizantina. Os vitrais eram de uso freqüente nesse período.
Outra representação artística desse período é a iluminura, um tipo de desenho

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decorativo, freqüentemente empreendido nas letras capitulares que iniciam capítulos
em determinados livros, especialmente os produzidos nos conventos e abadias
medievais.

Entre os séculos XI e XIII surge o que convencionou-se chamar Arte


Românica, estilo é visto principalmente nas igrejas católicas construídas após a
expansão do cristianismo pela Europa e foi o primeiro depois da queda do Império
Romano a apresentar características comuns em várias regiões.

A INVESTIGAÇÃO-AÇÃO NA APRENDIZAGEM DA HISTÓRIA DA ARTE : UMA


PRÁTICA EDUCATIVA NO ENSINO DE HISTÓRIAI DA ARTE NA ESCOLA

A Metodologia da pesquisa na docência teve por objetivo principal que o


aluno do Ensino Médio da referida escola, pudesse conhecer a concepção da
História da Arte, em especial a arte Medieval de forma mais aprofundada, sendo
capaz de problematizá-la. Para que ocorresse esta verificação do processo de
ensino-aprendizagem buscou-se utilizar como abordagem da pesquisa qualitativa
num processo de intervenção pedagógica escolar.

Os instrumentos de coleta de dados relacionam-se a: observação direta na


prática da docência, em que dependem mais da habilidade do professor e
pesquisador em captar informação através dos cinco sentidos, julgá-las sem
interferências e registrá-las com fidelidade do que da capacidade das pessoas de
responder a perguntas ou se posicionar diante de afirmações. (TEIXEIRA. s/d)

O Estágio Supervisionado com Docência foi realizado com 8 horas para


contato e conhecimento da realidade escolar da gestão, supervisão, da professora
de Artes Visuais, dos espaços da escola, 12 horas de observação direta em sala de
aula com registro em diário de bordo do início ao fim da aula da professora de Artes
Visuais da escola e estas aulas foram discutidas e analisadas, tomadas como
suporte para pensar e realizar a docência, num percurso de aprendizagem dos
processos metodológicos de ensino das Artes Visuais. Assim, foi a partir da

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observação pelas quais, foram feitos Planejamentos de aulas teóricas e práticas,
discutindo e contextualizando a arte na História, bem como realizaram-se também
práticas de leitura de imagens com os alunos e da apropriação do saber da História
medieval e da construção da prática artística, investigando dos materiais e técnicas
em relação ao contexto da época, com a técnica e tecnologia tomando a técnica do
mosaico (fig.1), própria da técnica e produção no contexto da Idade Média, numa
tentativa de desenvolver uma conexão entre a teoria e a prática numa tentativa de
desenvolver uma conexão entre a teoria (saber da História da Arte Medieval) e a
prática ( de construção e criação artística) pelos alunos da escola de nível médio..

Fig. 01: Alunos realizando a atividade de Mosaico


Local:sala de arte Col. Borell Du Vernay
Fonte: Walderez Regina Schluter
Portfólio da Professora/estagiária e pesquisadores

Nos trabalhos concluídos pudemos observar representações de flor, barcos,


motivos circulares, uso de letras iniciais de seus nomes, figuras abstratas
geometrizadas. Denotando que os alunos optaram por formas simplificadas,
relativamente conhecidas, diferenciando-se apenas o uso de figuras abstratas
geometrizadas que segundo o aluno ocorreu por colar os caquinhos sem análise
prévia. Como avaliação, além de verificar o processo percorrido por cada aluno, foi
realizada uma avaliação formal, a pedido da regente de classe, com questões
referentes ao conteúdo estudado.

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Fig.02: Imagem de alguns Trabalhos dos alunos concluídos

Técnica do mosaico

Fonte: Walderez Regina Schluter

CONCLUSÃO

O estágio em Artes Visuais foi de grande valia, pois houve a possibilidade de


experienciar a realidade desse ensino “in loco” no espaço de atuação profissional
futura, possibilidade de trocas e de aprendizagem inicial para a docência em Artes
Visuais. Sabe-se que há uma carência muito grande dos profissionais em arte,
qualquer que seja a linguagem, e que as escolas e os alunos encontram-se sem
fundamentação teórica e prática dessa disciplina, estando por sua vez, sedentos
desse conhecimento.

Se analisarmos a história da disciplina de Arte na escola percebe-se que


houve grandes avanços, pois reformas na educação proporcionaram a disciplina um
espaço importante sendo obrigatória e conquistando uma ampliação na sua carga
horária para duas aulas semanais. Cabe ressaltar, que isso de nada adianta se os
profissionais que estão na Escola não souberem articular a disciplina e dar a ela a
seriedade necessária para que realmente tenha relevância e destaque das demais,
e cumpra alguns de seus objetivos, como cooperar para que os alunos apreendam a
ler o mundo e a ser mais criativos.

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Portanto, no ato da docência, vimos a valor de encarar a arte como uma
disciplina que se destaca e que proporciona ao aluno uma compreensão do mundo
em que vive. Compreender que a arte é criada pelo contexto é de uma importância
fundamental para o aluno significar tudo que aprende, reconhecer que a teoria sem
a prática é vazia e vice versa, e com isso é que o professor realize realmente o que
Ana Mae Barbosa(2005) chama de proposta triangular, ou seja, contextualize,
realize a fruição da obra e produza poéticas, por meio desse conhecimento.

A prática em sala de aula no estágio supervisionado, embora se considere


de carga horária ainda reduzida, proporciona ao acadêmico visualizar a realidade da
escola, da educação e do perfil de aluno que irá formar e enfrentar na sua vida
profissional o que permite que reconheça a importância de planejar, pesquisar,
estudar e avaliar para o seu desenvolvimento como professor e pesquisador.. Um
professor que investiga e que não reconhece que precisa estar sempre aprendendo,
torna-se um repetidor de teorias e fórmulas vazias. Importante também para o
acadêmico é inserir-se na escola como um pesquisador de métodos para a melhoria
da educação e do ensino de artes visuais, portanto a participação dele no processo
de ensino desde o início de um conteúdo, até a avaliação final, é de grande
significado, pois pode-se visualizar todos os encaminhamentos necessários para o
processo de ensino e aprendizagem, inclusive o processo avaliativo,
desencadeando aí a espiral cíclica num aprendizado crescente em espiral reflexiva.

Considera-se, portanto que o estágio coopera para formar professores


pesquisadores com consciência crítica, e ciente do seu papel para o processo e
formação criativa do aluno.

REFERÊNCIAS

Barbosa, Ana Mae. Imagem no Ensino da Arte. Perspectiva. São Paulo, 2005.6ªed.

BATTISTONI, D. Pequena História da Arte. Papirus. São Paulo, 1987.

CARMO, Sonia Irene do. História: passado e presente – Antiga e Medieval. Atual.São
Paulo, 1996.

8
Conhecer - 2000. Publicada pela editora Nova Cultural ano 1995.

COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral.Saraiva.São Paulo, 2005.

COELHO, Andréa Carla Kincheski; NUNES,Ana Luiza Ruschel. Arte Visual no Ensino
Médio: Um Panorama das Artes da Pré-história a Idade Média. Relatório de Estágio
Supervisionado em Artes Visuais, Curso de Licenciatura em Artes Visuais, UEPG- Pr, 2009.

MARTINS, Mirian C. numa tentativa de desenvolver uma conexão entre a teoria e a prática.
FTD. São Paulo, 1998.

NUNES, Ana Luiza Ruschell.Trabalho, Arte e Educação: formação humana e prática


pedagógica. UFSM. Santa Maria, 2004.

OLIVEIRA, Sandra Ramalho e. Imagem também se lê: textos design. Rosari. São Paulo,
2005

OSINSKI, Dulce. Arte, história e ensino: uma trajetória. Cortez. São Paulo, 2002.

PROENÇA, Maria da Graça. Descobrindo a História da Arte. Ática. São Paulo, 2007.

TEIXEIRA, in: http://www.serprofessoruniversitario.pro.br. disponível em 02/05/08

THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. Cortez. São Paulo.

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