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transformações mediante o impacto da invasão

História do livro no Brasil napoleônica, alguns anos mais tarde.

A primeira tentativa efetiva de introduzir a tipografia


Biblioteca Nacional, localizada no Rio de Janeiro, no Brasil foi feita pelos holandeses, durante o período
depositária do patrimônio bibliográfico e documental em que ocuparam o nordeste brasileiro, entre 1630 e
do Brasil. 1650.

A História do livro no Brasil relata o Durante a ocupação holandesa, as negociações entre


desenvolvimento do acesso aos recursos de edição e de Pernambuco e Holanda selecionaram um tipógrafo,
aquisição do livro no país, num período que se estende Pieter Janszonon, como encarregado da tipografia no
desde o início da atividade editorial, durante a Recife, mas consta que ele morreu logo que chegou ao
colonização, até o mercado editorial atual, Brasil, em 3 de agosto de 1643[5]. Dois anos depois, a
compreendendo a história das editoras e livrarias que Companhia Holandesa das Índias Ocidentais ainda
permitiram a acessibilidade moderna ao livro. procurava um tipógrafo, sem conseguir. Na época,
Maurício de Nassau já havia partido, e os holandeses
[editar] Período Colonial pressionados já não se preocupavam mais com o
assunto.
Acredita-se que a tipografia só foi introduzida nas
colônias pelos colonizadores, onde havia uma cultura [editar] Início da atividade editorial
autóctone altamente desenvolvida, que o poder colonial
desejava suplantar ou reprimir. Tal ideia é defendida Cerca de 60 anos depois, Recife teve a 1ª impressora
por Nelson Werneck Sodré[1] e outros. A tipografia, nos do Brasil segundo os historiadores Ferreira de
primeiros dois séculos da colonização portuguesa e Carvalho[6] e Pereira da Costa[7], mas o tipógrafo é
espanhola, foi em parte um auxiliar da evangelização desconhecido. Serafim Leite, em “Artes e Oficinas dos
cristã, era implantada por iniciativa clerical, tanto que Jesuítas no Brasil”[8], relata que a impressora funcionou
sua produção era destinada às necessidades do clero e de 1703 a 1706, e defende que o tipógrafo era um
das missões[2]. jesuíta, Antônio da Costa, mas não há nenhuma prova,
entretanto, da existência de tal impressora.
Os aborígines brasileiros, que ainda permaneciam na
Idade da Pedra, não tinham uma civilização que No Rio de Janeiro, em 1747, há provas definitivas de
precisasse ser superada pelos catequizadores, fato que ter havido uma impressora, através de folhetos
contribuiu para que não houvesse a necessidade impressos na época. O tipógrafo era Antônio Isidoro da
imediata da tipografia. Quanto às especulações de que Fonseca[9], reconhecido tipógrafo de Lisboa, que
os jesuítas tivessem trazido uma impressora com eles, vendera lá seu negócio e viera para o Brasil. Isidoro
na verdade nunca surgiu qualquer indício de material tivera problemas em Lisboa, com a inquisição, por ter
impresso com tal origem. sido o editor de “O Judeu”, Antônio José da Silva,
carioca nascido em 1703 de uma família de judeus
convertidos, e que acabou sendo queimado,
Colégio Santo Inácio, onde acredita-se terem sido posteriormente, num dos últimos autos de fé da
feitos os primeiros impressos no Brasil, em 1724. inquisição, em 19 de outubro de 1739[10]. Na época, o
governador do Rio de Janeiro e de Minas Gerais,
A “História da Companhia de Jesus no Brasil”, de Gomes Freire de Andrade, estava interessado em
Serafim Leite[3], informa que a biblioteca do Colégio estimular a vida intelectual da cidade do Rio de
Santo Inácio, no Morro do Castelo, Rio de Janeiro, Janeiro. Estimulou a arte criando a Academia dos
possuía alguns trabalhos impressos na própria casa por felizes, em 1736, que se tornou a Academia dos
volta de 1724, o que pode ter sido um engano, pois Selectos em 1752, que se reunia no próprio Palácio do
poderiam estar se referindo a dois livros da época, Governo[11]. Prova concreta da existência da tipografia
“Vocabulário de la lengua guarany”, de Antônio Luiz foram um folheto, de 1747, cuja autoria é atribuída a
Restrepo (1722), e “Arte de la lengua guarany”, os Luiz Antonio Rosado, e um volume denominado “Hoc
quais foram impressos numa região que atualmente é est Conclusiones metaphysicae de ente real, praeside R.
brasileira, mas que na época pertencia ao Paraguai, G. M. Francisco de Faria”, em 1747. Ainda há duas
Pueblo de Santa Maria la Mayor[4]. outras obras, referentes ao bispo Antonio do Desterro
Malheyro. Tão logo a notícia da tipografia chegou a
Lisboa, porém, houve ordem para fechá-la, por não ter
Na maioria das colônias, as necessidades
sido considerada conveniente, no momento, a
governamentais tornavam imperativo aceitar a
impressão na colônia.
tipografia, e apenas na América portuguesa a
administração permaneceu tão elementar que a
dispensava. Tal necessidade só se tornaria iminente Isidoro voltou a Portugal, mas, após 3 anos, solicitou
quando o governo da colônia sofresse as licença real para instalar novamente sua impressora na
colônia, no Rio de Janeiro ou em Salvador, prometendo
jamais imprimir sem as devidas licenças civis e Conde da Barca, trouxe e mandou instalar o prelo no
eclesiásticas, mas sua solicitação foi recusada[12]. Rio de Janeiro, no andar térreo de sua própria
residência, na Rua do Passeio, 44. O Irmão José
A proibição de Portugal para a impressão no Brasil foi Mariano da Conceição Veloso, religioso mineiro que
o fator que fez com que todos os originais brasileiros fora para Lisboa em 1790, voltou ao Brasil com a
passassem a ser publicados na Europa ou a permanecer família real para trabalhar na impressora do Rio, a
na forma de manuscritos. Há vários trabalhos escritos Imprensa Régia. A inauguração do novo prelo foi em
por brasileiros e impressos, na época, em Portugal, 13 de maio de 1808, com a publicação de um folheto
entre eles as poesias de Cláudio Manoel da Costa, de 27 páginas, acompanhado da Carta Régia. Nos 14
trabalhos de José de Santa Rita Durão, José Basílio da anos do monopólio da Impressão no Rio foram
Gama (autor de “Uruguai”, de 1769), Tomás Antônio produzidos mais de mil itens[16].
Gonzaga (cuja obra Marília de Dirceu teve 4 edições
em Lisboa entre 1792 e 1800). [editar] Mercado editorial na província

Em 1792, havia apenas 2 livrarias no Rio de Janeiro[13], • Minas Gerais


e possivelmente uma das duas era de Paul Martim,
natural de Tours e o 1º livreiro carioca. Seu filho, Paulo A 1ª impressão de livro na província foi em Vila Rica,
Martim Filho, manteve a livraria funcionando até 1823. Minas Gerais, posteriormente Ouro Preto, em 1807,
Os livros oferecidos eram, geralmente, de medicina ou antes do surgimento da Imprensa Régia. O governador
religião, e a maior parte dos livros que chegavam ao Athayde de Mello, futuro Conde de Condeixa, ficou
Brasil, na época, era contrabandeada. tão satisfeito com um poema feito em sua honra por
Diogo de Vasconcelos, que desejou vê-lo impresso. Tal
[editar] Chegada da família real ao Brasil impressão foi feita pelo padre José Joaquim Viegas de
Menezes, em uma pequena prensa para fins
domésticos. Associado ao português Manuel José
António de Araújo e Azevedo, conde da Barca, que Barbosa Pimenta e Sal, aos poucos foram criando a
mandou instalar o 1º prelo no Brasil, em sua própria “Typographia Patriota de Barbosa & Cia”, que ficou
casa, no Rio de Janeiro pronta em 1821.

Em 1808, quando a família real, por pressão da invasão Após 1807, os primeiros livros impressos em Ouro
napoleônica, transferiu-se para o Brasil, levou consigo Preto foram uma coleção das “Leis do Império do
60 mil volumes da Biblioteca Real[14]. Instalados na Brasil”, em 1835, por um impressor chamado Silva, e o
nova capital, Rio de Janeiro, Dom João VI e seus “Diccionario da Língua Brasileira”, de Luís Maria da
ministros criaram, entre os demais empreendimentos, a Silva Pinto, em 1832. Surgiram, posteriormente, outras
Biblioteca Real, atual Biblioteca Nacional, criada em tipografias em São João Del Rei (1827), Diamantina
1810. O impacto provocou um aumento do número de (1828) e Mariana (1830)[17].
livrarias, de 2 existentes em 1808 (as de Paulo Martim
e Manuel Jorge da Silva), para 5 em 1809 (além das
• Bahia
anteriores, somaram-se a de Francisco Luiz Saturnino
da Veiga, Manuel Mandillo — que após 1814
associou-se a José Norges de Pinho — e João Roberto Clóvis Bevilaqua, dono da Livraria J. L. da Fonseca, na
Bourgeois); 7 em 1812 (além das anteriores, Manuel Faculdade de Direito do Recife entre os anos de 1891 e
Joaquim da Silva Porto — que em 1815 associou-se a 1895. Fotografia de Alberto Henschel.
Pedro Antônio de Campos Bellos — e José Antônio da
Silva); 12 em 1816 (além das anteriores, Fernando José
Pinheiro, Jerônimo Gonçalves Guimarães, Fancisco Na Bahia, logo que a família real chegou ao Brasil, um
José Nicolau Mandillo, João Batista dos Santos), e em livreiro de Salvador, Manuel Antônio da Silva Serva,
1818, mais 3 (Antônio Joaquim da Silva Garcez, João natural de Portugal, pediu permissão para ir à Inglaterra
Lopes de Oliveira Guimarães e Manuel Monteiro e conseguir uma impressora para a Bahia; tal permissão
Trindade Coelho)[15]. O periódico “Correio foi concedida em 1809, e começou a imprimir em
Braziliense”, de Hipólito José da Costa Pereira Furtado 1811; aventa-se que possuía, na época, 2 impressoras.
de Mendonça, era produzido na Inglaterra. Em Paris, Serva morreu em 1819, e a tipografia continuou com
houve um desenvolvimento do comércio editorial em seu sócio e genro José Teixeira e Carvalho, ficando
língua portuguesa, que iria durar muito tempo, conhecida como “Typographia da Viúva Serva, e
praticamente até 1930. Carvalho”. Mais tarde, seu filho Manuel começou a
trabalhar na firma.. A publicação conhecida da Silva
Serva é de 176 títulos, e a editora sobreviveu com
Há discordância sobre o fato de haver ou não um prelo várias mudanças de nome até 1846, porém perdeu sua
no Brasil por ocasião da chegada da família real. posição de monopólio em 1823. Durante a luta pela
Consta que a imprensa com tipos móveis foi finalmente independência do Brasil, as tropas da junta pró-
trazida ao Brasil pelo próprio governo que antes a Portugal invadiram a “Typographia da Viúva Serva”,
proibira com tanta veemência. António de Araújo e para interromper a publicação do jornal nacionalista
Azevedo, então Ministro do Exterior e posteriormente
“Constitucional”; os editores fugiram para Cachoeira, de Sales Nines Cascais; a “Typographia Monárquica
onde instalaram sua própria gráfica para imprimir a Constitucional”, que foi vendida em 1848 a Fábio
continuação, o semanário “O Independente Alexandrino de Carvalho Reis, A. Theophilo de
Constitucional”[18]. A tipografia de Serva continuou Carvalho Leal e A. Rego, e que produziria “O
produzindo a Gazeta da Bahia, pró-Portugal, mas Progresso”, o 1º jornal diário do Maranhão, iniciado
quando a causa nacionalista triunfou, em junho de em 1847[20].
1823, sua publicação teve que ser interrompida.
Belarmino de Mattos tem sido considerado por muitos
Com a morte de Silva Serva, a produção literária historiadores como um dos melhores impressores que o
baiana entrou em declínio, só se recuperando nos anos Brasil já teve[21]. Criou um sindicato, a “Associação
1890. Destacam-se, na época, a “Livraria J. L. da Typographica Maranhense”, inaugurada em 11 de maio
Fonseca Magalhães, editores”, do jurista Clovis de 1857, uma das primeiras organizações de
Bevilacqua, entre 1895 e 1910, e a Livraria Catilina, trabalhadores do Brasil fora do Rio de Janeiro (foi
fundada por Carlos Pongetti em 2 de fevereiro de 1835, precedida, no Rio de Janeiro, pela “Imperial
e que duraria até 1960, ocasião em que se tornou a Associação Typographica Fluminense”, fundada em 25
mais antiga livraria do Brasil. Em 1864, Serra Teriga de dezembro de 1853).
assumiu sua direção, passando-a para Xavier Catilina
em 1877. A Catilina era uma casa varejista, mas teve • Pernambuco
um grande período editorial, na administração de
Romualdo dos Santos, em que publicou obras de
Em Pernambuco, Recife teve a 1ª tipografia, a “Oficina
Castro Alves, Coelho Neto, Ruy Barbosa, Xavier
Tipográfica da República restaurada de Pernambuco”,
Marques, e Ernesto Carneiro Ribeiro. A impressão,
em 1817, que logo foi fechada pelo governo, por
porém, geralmente era feita em Portugal ou outros
motivos políticos. Em 1820, o governador Luís do
países da Europa, como era costume na época.
Rego Barreto ordenou que se construísse uma “prensa
de parafuso”, de modelo tradicional, no arsenal local,
• Maranhão ou no trem, ficando então conhecida como “Officina do
Trem de Pernambuco”, e o professor francês de
O Maranhão foi uma das primeiras províncias a ter desenho, Jean-Paul Adour, foi nomeado para dirigi-la.
uma tipografia, pois era uma das mais prósperas do Quando Rego foi destituído, passou a se chamar
império, devido à produção do algodão, que valorizara “Officina do Trem Nacional”, em 1821, e depois
desde a invenção do tear de Cartwright, em 1787. “Typographia Nacional”. Ainda em Recife havia o
Durante tal período de desenvolvimento, houve um concorrente Manuel Clemente do Rego Cavalcante,
período áureo de atividade cultural e intelectual na que se estabeleceu com um equipamento recém-trazido
região, por influência da elite portuguesa. O período de Portugal, associando-se depois a Felipe Mena
áureo da literatura começa com o aparecimento dos 1ºs Calado da Fonseca e ao inglês James Prinches; o ex-
poemas de Gonçalves Dias, na década de 1840, e vai padre e professor de português Antônio José de
até a partida de Aluísio Azevedo para o Rio de Janeiro, Miranda Falcão aprendeu com Prinches a arte da
no início da década de1880. Dois impressores se tipografia. Além dessas, outras duas tipografias foram a
destacam nessa época: Belarmino de Mattos e José “Typographia Fidedigna” de Manuel Zeferino dos
Maria Corrêa de Frias. Santos, de 1827 a 1840, e a Typographia do Cruzeiro”,
iniciada em 1829.
A impressão foi introduzida no Maranhão em 1821,
pelo governador Bernardo da Silveira Pinto da Em Olinda, Manuel Figueiroa de Faria abriu, em
Fonseca, quando esse instalou uma impressora oficial, meados de 1831, a “Pinheiro Faria e Companhia”, que
para produzir o jornal do governo “Conciliador do se mudou em seguida para Recife, e que talvez seja
Maranhão”[19]. Um prelo “Columbian”, o mais moderno responsável pelos primeiros livros de Pernambuco;
da época, foi trazido de Lisboa, e formava-se então a publicava o “Diário de Pernambuco”, tendo comprado
“Typographia Nacional Maranhense”, posteriormente seus direitos de Antônio José de Miranda Falcão, em
denominada “Typographia Nacional Imperial”. 1835. Na época, havia 14 firmas impressoras e 4
estabelecimentos de litografia em Recife, e uma das
As primeiras impressoras de propriedade privada no mais importantes foi a “União”, de Santos e Cia.,
Maranhão foram a de Ricardo Antônio Rodrigues de fundada em 1836, pelo padre Ignácio Francisco dos
Araújo, que existiu de 1822 até a década de 50, e a Santos.
“Typographia Melandiana”, de Daniel G. de Melo, que
produziu seu 1º trabalho em 1825. A mais importante, Talvez a publicação mais interessante de Pernambuco,
porém, foi a “Typographia Constitucional”, de na época[22], foi o trabalho de Nísia Floresta
Clementino José Lisboa, que teve início em 1830. (pseudônimo de Dionísia Gonçalves Pinto), “Direitos
Outras foram a de “Ignácio José Ferreira”, fundada em das Mulheres e Injustiças do Homens”, adaptação livre
1833 por João Francisco Lisboa e Frederico Magno da obra Vindication of the rights of women, de 1792,
d’Abranches; a “J. G. Magalhães e Manuel Pereira de autoria da feminista Mary Wollstonecraft Godwin.
Ramos”; a “Typographia Temperança”; a de Francisco
Outras tipografias a salientar são a do cônego O escritor Victoriano José dos Santos e Silva montou a
Marcelino Pacheco do Amaral, que instalou um prelo “Officina dos Anais Fluminenses”; havia também a
em sua própria casa, só para publicar seu “Compendio moderna “Typographia Astréia”, que imprimia um
de theologia moral”, em 3 volumes produzidos entre jornal com o mesmo nome, e a firma “Torres e Costa:
1888-1890, e depois vendeu sua “Imprensa Innocêncio Francisco Torres e Vicente Justiniano da
Econômica” a um editor local, e a de Tobias Barreto, Costa”, que logo foi substituída pela “Typographia
em 1847, que fundou em Escada, interior de Innocencio Francisco Torres e Companhia”. Mediante
Pernambuco, a “Typographia Constitucional”, que a quantidade de tipografias, houve um aumento do
durou até 1888. número de livrarias no Rio de Janeiro.

• Paraíba Em 1823, Paulo Martim Filho, que se mudara para a


Rua dos Pescadores, nº 14, era o livreiro mais
Na Paraíba, destacou-se a “Typographia Nacional da conhecido do Rio de Janeiro. Silva Porto, na Rua da
Paraíba”, que imprimiu o 1º jornal da província. Quitanda, era o 2º em importância, mas ao todo havia
outras 11 livrarias, e uma delas era a loja de Francisco
Luiz Saturnino da Veiga. Ao se casar novamente,
• Pará Francisco doou o dote de sua falecida esposa aos filhos
mais velhos, João Pedro Ferreira da Veiga e Evaristo
No Pará, o impressor João Francisco Madureira da Veiga, que ingressaram por conta própria no
fabricou seu próprio prelo. Já em 1822, a Imprensa mercado livreiro, comprando o estabelecimento de
Liberal publicou o 1º jornal paraense, e o 5º do Brasil, Silva Porto.
“O Paraense”, pelo mestre impressor Daniel Garção de
Melo. A “Typographia de Santos e Menor”, de O predomínio do Rio de Janeiro no mercado literário
Honório José dos Santos, ofereceu a 1ª publicação local teve início na década de 1840 e permaneceu até 1880, a
importante, o “Ensaio corográfico sobre a província do despeito da tentativa de outras cidades provinciais, tais
Pará”, de António Ladislau Monteiro Baena. Depois, a como a Casa Garraux, afamada livraria de São Paulo,
tipografia mudou o nome para “Santos e Filhos” e, que apresentava na época 400 obras impressas na
posteriormente, “Santos e Irmão”. província, isto é 11% de todos os títulos existentes no
país.
• Outras províncias
Destacava-se, também, a “Casa do Livro Azul”, sebo
Depois do Pará, a tipografia chegou nessa ordem nas mais conhecido do Rio de Janeiro, na Rua do Ouvidor,
províncias[23]: Ceará em 1824, São Paulo em fevereiro que funcionou de 1828 a 1852[28]; seu proprietário,
de 1827, Rio Grande do Sul em junho de 1827, Goiás Albino Jourdan, perdera a visão e a audição e era
em 1830, Santa Catarina em 1831, Alagoas em 1831, ajudado por dois auxiliares de 14 e 17 anos.
Sergipe em 1832, Rio Grande do Norte em 1832,
Espírito Santo em 1840, Paraná em 1853 (Rizzini • Pierre Plancher
defende que foi em 1849[24]), Amazonas em 1854, Piauí
em 1832, Mato Grosso em 1840[25]
Pierre René Constant Plancher de la Noé, tornara-se
um impressor oficial na França em 1798. Após
[editar] Mercado editorial no Rio de Janeiro inúmeros problemas políticos com o governo francês,
foi para o Rio de Janeiro em 1824, e enquanto
• Início da produção editorial aguardava que a alfândega liberasse seus
equipamentos, abriu sua loja provisória na Rua dos
A nova constituição portuguesa, adotada em 15-16 de Ourives, nº 60, em março de 1824. Em junho do
fevereiro de 1821, abolira a censura prévia, e logo mesmo ano, mudou-se para a Rua do Ouvidor,
surgiu no Brasil uma avalanche de publicações sobre inicialmente no nº 80, depois nº 95, e logo começou a
política[26]. Foi extinto, igualmente, o monopólio da publicar em português. Grande parte de sua publicação
impressão pela imprensa do governo. Em 1821, foi era administrativa. Dentre suas várias publicações,
permitida a instalação da “Nova Officina destacam-se o “Annuario Histórico Brasiliense”, em
Typographica”, de propriedade particular, seguida pela 1824, no ano seguinte um almanaque, “Folhinhas de
“Typographia de Moreira e Garcez”, no Rio de Janeiro. Algibeira e de Porta”, e em 1827, o “Almanack
Nas vésperas da Independência do Brasil, já existiam, Plancher”.
na cidade, cerca de 7 estabelecimentos tipográficos.
Manuel Joaquim da Silva Porto, poeta e livreiro, que
introduzira no Brasil a Phedra, de Racine, e que fora Notícia do Jornal do Commercio do dia 10 de junho de
tipógrafo da Imprensa Régia, iniciara sua “Officina de 1900.
Silva Porto e Cia.”, ao lado de Felizardo Joaquim da
Silva Moraes, tornando-se o 1º livreiro da cidade a ter Plancher publicou a 1ª novela brasileira, “Statira a
tipografia própria[27]. Zoroastes”, de Lucas José de Alvarenga, em 1826, com
58 páginas. Anteriormente, Paulo Martim publicara
algumas novelas, mas traduzidas do francês. Plancher “Os Assassinos Misteriosos”, de Justiniano José da
publicou o periódico “Spectador Brasileiro”, jornal que Rocha, em 1839[31].
durou até 23 de maio de 1827. Adquiriu depois o
"Diário Mercantil", de Francisco Manuel Ferreira e • Louis Mongie
Cia, e mudou seu nome para Jornal do Commercio, o
mais antigo da cidade do Rio de Janeiro. É atribuído a
Louis Mongie teve uma das principais livrarias da Rua
Plancher o novo processo de impressão planográfica
do Ouvidor, de 1832 até 1853, ano de sua morte,
conhecido como litografia, que fora inventado em 1798
quando então a livraria foi transferida para “Pinto &
e só começou a se generalizar em 1815, substituindo a
Waldemar”, que se tornou, por volta de 1860, “F. L.
gravação em chapas de metal.
Pinto & Cia.”, e depois para “J. Barboza e Irmão” —
todos a intitulavam, porém, “Livraria Imperial”.
O litógrafo de Plancher era Hercule Florence, que
desistiu do cargo para seguir uma viagem de
exploração e antropologia com o Barão de Langsdorff. • Paula Brito
O primeiro litógrafo do Brasil, portanto, foi Armand
Marie Julien Pallière, que trabalhou um tempo para o Em 1831, Francisco de Paula Brito, que viera de
Arquivo Militar, em 1819, e foi substituído por família humilde e aprendera a ler com sua irmã,
Johannn Jacob Steinmann, que chegou ao Rio de comprou um pequeno estabelecimento de seu parente
Janeiro em 1825 e alguns anos depois voltou para Sílvio José de Almeida Brito, na Praça da Constituição,
Suíça, onde publicou sua coleção de vistas litografadas, nº 51; era uma papelaria e oficina de encadernação,
“Souvenirs de Rio de Janeiro”. além de vender chá. Brito instalou ali um pequeno
prelo, adquirido de E. C. dos Santos, e no ano de 1833,
Graças aos aprendizes de Steinmann, em 1846 existiam Brito já possuía 2 estabelecimentos: a “Typographia
no Rio de Janeiro 4 tipografias imprimindo em Fluminense”, na Rua da Constituição, nº 51, e a
litografia. A mais antiga era a de Luís Aleixo “Typographia Imparcial”, no nº 44; em 1837, mudou
Boulanger, fundada em 15 de agosto de 1829, e a mais para o nº 66 e expandiu a loja para nº 64 em 1939. Em
importante foi a firma “Ludwig e Briggs”, que existiu 1848, Brito possuía já 6 impressoras manuais e uma
entre 1843 e 1877. O principal concorrente de Briggs mecânica, e expandiu suas instalações para os nº s 68 e
era “Heaton e Rensburg”, fundada em 1840 (pelo 78, esse constituindo sua “Loja do canto”, que se
inglês George Mathia Heaton e o holandês Eduard tornou sua livraria e papelaria, além de criar filiais em
Rensburg), cuja principal característica era a sociedade com Antônio Gonçalves Teixeira e Sousa e
publicação de músicas[29]. com Cândido Lopes, formando com esse último a
“Tipografia e Loja de Lopes e Cia”, em Niterói.
Cândido Lopes se tornaria, posteriormente, o primeiro
• Villeneuve impressor do Paraná[32].

Em sua loja, Francisco de Paula Brito criou a


“Sociedade Petalógica”, que tinha tal nome devido à
“liberdade” que Brito dizia que seus membros davam à
imaginação (uma peta = uma mentira), e reunia todo o
movimento romântico de 1840-1860: Antonio
Gonçalves Dias, Laurindo Rabelo, Joaquim Manuel de
Macedo, Manuel Antonio de Almeida, entre outros.
Toda a elite da época, entre políticos, artistas e líderes,
reunia-se na “Livraria de Paula Brito”.
Tipos móveis justapostos em um linotipo.

Após a abdicação de D. Pedro I, em 1832, o comércio Uma prensa usada na litografia


de livros sofreu os efeitos econômicos da incerteza
política, e Plancher vendeu sua firma para dois Em 1851, Brito entrou no campo da litografia; uma de
conterrâneos, em 9 de junho de 1832. Os compradores suas revistas, “A Marmota na Corte”, incluía o encarte
foram Junio Constancio de Villeneuve e Réol-Antoine de um figurino. Brito trouxe de Paris o litógrafo Louis
Mougenot, e em 15 de julho de 1834, Mougenot Therier, que passou a fazer as litografias para a revista.
vendeu sua parte a Villeneuve, que possuiu a 1ª Criou em 2 de dezembro de 1850 a nova “Imperial
impressora mecânica do hemisfério sul [30], depois a 1ª Typographia Dous de Dezembro”, data de aniversário
rotativa e a 1ª linotipo. Seus concorrentes eram a seu e de D. Pedro II, que se tornou seu acionista,
“Typographia Nacional”, “Paula Brito”, “Laemmert”, a patrocínio esse dado mais por caráter pessoal do que
“Typographia do Diário”, e as impressoras do Correio político partidário. Paula Brito foi o primeiro editor
Mercantil e Correio da Tarde. Na época, foram genuinamente não-especializado do país, pois incluía
produzidos dois dos mais antigos títulos registrados grande variedade de obras e assuntos, ao contrário de
como romances brasileiros: “O Aniversário de D. seus antecessores, que se dedicavam mais aos assuntos
Miguel em 1828”, de J. M. Pereira da Silva, em 1838, e técnicos.
Paula Brito editou a 1ª revista feminina do país, em No início da década de 1870, Garnier teve sua própria
1832, “A Mulher do Simplício”, ou “A Fluminense tipografia, a “Tipografia Franco-americana”. No
Exaltada”, que foi impressa por Plancher, seu amigo. A conjunto, Garnier tem o crédito de 655 trabalhos de
revista persistiu até 1846, quando foi substituída por autores brasileiros publicados, entre 1860 e 1890, além
“A Marmota”, que durou, com algumas mudanças de de várias traduções, do francês, de romances mais
título, de 1849 a 1864, 3 anos após sua morte. populares. Deve-se a Garnier o formato francês dos
livros que o Brasil adotou: in-oitavo (16,5 x 10,5 cm) e
Há registro de 372 publicações não-periódicas feitas in-doze (17,5 x 11,0 cm), imitações da firma parisiense
por Paula Brito, de temática bastante variada, e dessas, Calmann-Levy[35].
83 na área médica, geralmente teses[33], mas a maior
parte constituída de dramas. Brito incentivava a Em 1891, com saúde precária, Baptiste iniciou
literatura nacional, ainda precária. Pode-se considerar negociações para a venda de sua empresa, mas
que o primeiro romance brasileiro com algum valor insatisfeito com os preços, desistiu, falecendo 3 anos
literário tenha sido “O Filho do Pescador”, de Antônio depois, em 1º de outubro de 1893; a firma passou para
Gonçalves Teixeira e Sousa, publicado por Brito em seu irmão Hippolyte, que residia em Paris, voltando
1843. Empregou o poeta Casimiro de Abreu e o jovem assim à condição inicial de filial da “Garnier Frères” no
Machado de Assis, que começou como revisor de Rio de Janeiro.
provas de Paula Brito e deu início à carreira literária
como colaborador de “A Marmota Fluminense”. Hippolyte Garnier tinha 77 anos quando seu irmão
Baptiste morreu. A Garnier na França acabou sendo,
No início de 1857, os acionistas insatisfeitos nas décadas de 1890 e 1920, a principal editora de
conseguiram a liquidação da “Typographia Dous de literatura hispano-americana em todo o mundo. A
Dezembro”. Sua firma foi reduzida a “Typographia de morte de Baptiste, assim como dos irmãos Laemmert
Paula Brito”, com apenas um endereço, ainda graças ao causaram uma estagnação no mercado livreiro
auxílio financeiro do imperador. A publicação de livros brasileiro, além de que a queda do império transformou
caiu, reduzindo-se para 12 em 1858 e 15 em 1861, ano completamente o clima social. Em 1898, Hyppolite
de sua morte. Sua viúva continuou o negócio em mandou ao Rio um novo gerente, Julien Lansac, e seu
sociedade com o genro até 1867, caindo a produção, e assistente chefe passou a ser Jacinto Silva, que teve
em 1868 a Sra. Rufina Rodrigues da Costa Brito ficou grande autonomia, pelas dificuldades de Julien falar a
sozinha, transferindo seu negócio para a Ria do língua portuguesa. Hippolyte mandou reformar as
Sacramento, nº 10, onde sobreviveu até 1875. instalações da Garnier, que foi inaugurado com gala.
Cada um dos convidados foi presenteado com um
• Garnier exemplar da 2ª edição de Dom Casmurro, de Machado
de Assis, autografado. Por volta de 1904, Jacinto Silva
saiu da firma e foi dirigir o departamento de livros da
Dentre as várias livrarias do Rio de Janeiro, na Rua do
Casa Garraux, em São Paulo, e em 1920 instalou sua
Ouvidor, enquanto algumas eram pertencentes a
própria “Casa Editora O Livro”, que foi o centro do
franceses, como Plancher e Villeneuve, outras eram
movimento modernista.
filiais de firmas já existentes na França, como Mongie,
Aillaud e Bossange. Destacam-se entre esses os Irmãos
Firmin Didot, mas na ordem de importância, a mais Hippolyte Garnier morreu aos 95 anos em 1911, e
destacada foi a Garnier Frères, que funcionou no Brasil Lansac voltou à França em 1913; os negócios passaram
de 1844 a 1934. para um sobrinho, Auguste P. Garnier, que enviou para
o Rio de Janeiro outro gerente francês, Émile Izard
(nascido em 1874). A partir de então, a Garnier entrou
Os irmãos Auguste (nascido em 1812) e Hippolyte
em decadência, com poucas publicações, e o fim
(nascido em 1816) Garnier começaram a trabalhar
chegou perto de 1934, quando a Livraria Garnier foi
como balconistas de livraria em Paris, em 1828, e mais
vendida a Ferdinand Briguiet, que anteriormente
tarde abriram seu próprio negócio, aos 21 e 17 anos. O
comprara a Livraria de Lachaud, na Rua Nova do
irmão mais novo, Baptiste Louis Garnier (nascido em 4
Ouvidor.
de março de 1823), trabalhou para seus irmãos até
1844, e depois foi para o Brasil, chegando ao Rio de
Janeiro em 24 de junho de 1844. Após dois anos de • Briguiet-Garnier
acomodações temporárias, instalou-se na Rua do
Ouvidor, nº 69 (mais tarde renumerada 65), e Quando a Garnier foi vendida, passou a usar o nome
permaneceu ali até 1878, mudando-se para o nº 71, em Livraria Briguiet-Garnier, e durou até 1951, quando a
frente ao seu principal concorrente, a “Livraria “Difusão Européia o Livro (DIFEL) assumiu a filial
Universal”, de E. & H. Laemmert. Até 1852, a firma brasileira da Garnier. O edifício da Garnier foi
denominava-se “Garnier Irmãos”, depois, “B. L. demolido em 1953, para dar lugar a um Banco, e a
Garnier”, e acredita-se que tenha se separado dos Briguiet ficou restrita à Rua Nova do Ouvidor. Briguiet
irmãos entre 1864 e 1865[34]. então já fora substituído por seu sobrinho Ferdinand,
que morreu sem herdeiros em meados de 1970. Alguns
dos ativos da firma foram comprados pela “Livraria
Itatiaia” de Belo Horizonte, e a Loja Briguiet foi em 10 de agosto de 1806) e Heinrich (nascido em 27 de
fechada em 1973. outubro de 1812) eram filhos de F. W. Laemmert, um
clérigo protestante que os educou em casa e aos 14
• Lombaerts anos os enviou para o aprendizado do comércio de
livros. Partindo para Paris, Eduard foi trabalhar na
firma de Martin Bossange e seu filho Hector. Dois anos
Entre as livrarias de estrangeiros no Rio de Janeiro,
depois, Bossange decidiu abrir filial no Rio de Janeiro,
destacava-se a do belga Jean Baptiste Lombaerts
e Eduard, representante de Bossange, abriu uma
(1821-1875) e seu filho Henri Gustave Lombaerts
sociedade com um português chamado Souza,
(1845-1897), que era a maior de litografias montadas
representante de J. P. Aillaud., estabelecendo-se na Rua
na época[36], na Rua do Ourives, nº 17, de 1848 até
dos Latoeiros (hoje Gonçalves Dias), nº 88, sob o nome
1904, quando a loja foi demolida, para dar lugar à
Souza Laemmert. Quando o contrato expirou, em 1833,
Avenida Central. De 1871 a 1879, a livraria produziu
Eduard resolveu ficar no Brasil, casou com uma
um suplemento em português para acompanhar um de
brasileira e começou seu próprio negócio, na Rua da
seus principais periódiocos importados, a revista
Quitanda nº 77, a “Livraria Universal”. Seu irmão
francesa “La Saison”. A partir de 1879, começou a
Heinrich veio, a seu pedido para o Brasil, e formaram a
editar sua própria edição brasileira da revista, com o
“E. & H. Laemmert, mercadores de livros e de
nome “A Estação”.
música”, em 1838. Em pouco tempo começaram a
editar e em 1839 criaram a sua “Folhinha“ anual. Em
• Leuzinger 1844, começaram o “Almanack Laemmert”, que
superou todos os concorrentes e, em 1875, chegava a
ter 1770 páginas. Instalaram-se, em 1868, na Rua do
Xilogravuras do século XVI ilustrando a produção da Ouvidor, nº 68. A oficina tipográfica de Laemmert
xilogravura. No primeiro: ele esboça a gravura. inaugurou em 2 de janeiro de 1838, e recebeu o nome
Segundo: ele usa um buril para cavar o bloco de de Typographia Universal.
madeira que receberá a tinta
Em 1877, Eduard afastou-se da firma, indo para
Outra firma de destaque foi a do suíço Leuzinger, Karlsruhe, a cidade onde aprendera o ofício e lá faleceu
fundada por Georg Leuzinger (1813-1892), que chegou repentinamente, em 18 de janeiro de 1880. Henrique
ao Rio de Janeiro em 1832, e até 1840 economizara o faleceu 4 anos depois. Todos os negócios foram para
suficiente para comprar a mais antiga papelaria da uma sociedade formada por Gustave Massow, o genro
cidade, “Ao Livro Vermelho”, de Jean Charles de Henrique, Edgon Widmann Laemmert, e Arhur
Bouvier, na Rua do Ouvidor, nº 31. Em 1852, Sauer. Em 1891, a firma foi reorganizada com o nome
Leuzinger adquiriu a Typographia Franceza, fundada Laemmert & Companhia, e em 1898, possuía filiais em
por Jean Soleil Saint Amand em 1837, e que publicara São Paulo e Recife. Em 1903, houve nova mudança de
em 1841 os primeiros poemas de Joaquim Norberto, sócios, e Edgon foi substituído por seu filho Hugo e
“Modulações Poéticas”, e as duas primeiras edições, de Gustave por seu irmão Hilário. Laemmert possuía uma
1844 e 1845, de “A Moreninha”, de Joaquim Manuel biblioteca com um exemplar de cada edição produzida ,
de Macedo. Sob a direção de Leuzinger, ela se tornou mas essa foi destruída por um incêndio em 1909, após
uma das tipografias mais bem equipadas do país. o que a livraria nunca mais foi reaberta. Os direitos
Leuzinger teve grande participação no autorais de sua propriedade foram vendidos a Francisco
desenvolvimento da gravação em madeira Alves, que adquiriu o mais famoso de seus títulos, “Os
(xilogravura) no país, e em 1843, trouxe da Alemanha Sertões”, de Euclides da Cunha, que Laemmert
2 talentosos gravadores em madeira, Eduard publicara em 1902 e vendera 3 edições.
Hüslemann e R. Rollenberger. Em 1850, Rollenberger
morreu de febre amarela e Hüslemann voltou para a
A tipografia continuou, e a propriedade, que ficara com
Alemanha, mas deixaram muitos aprendizes no Brasil.
Arthur Sauer, passou para Manuel José da Silva, em
Leuzinger foi o responsável, entre outras coisas, pela
1910, que já era dono do “Anuário Geral de Portugal”,
introdução dos cartões postais ilustrados no país, e
então o Alamanack mudou o nome para “Anuário do
aventurou-se na fotografia. As 54 xilogravuras que
Brasil”. A nova organização passou por várias
ilustram o livro de Louis e Elizabeth Agassiz, “Journey
mudanças de proprietário, tornando-se “Sérgio &
in Brazil”, de 1868, são de Leuzinger. Como tipografia,
Pinto” em 1919, “Álvaro Pinto & Cia em 1920,
a Leuzinger sobreviveu, sob o nome “Gráfica
Alexandre Henault & Cia em 1921, e em 1925 foi
Ouvidor”.
adquirida pelo Jockey Club do Rio de Janeiro, onde foi
chamada “Almanack Laemmerte Limitada”. Poucos
• Laemmert livros foram produzidos nessa época, destacando-se o
“Livro de Ouro do Centenário a Independência do
Ver artigo principal: Tipografia Universal Brasil”, em 7 de setembro de 1922. Em 1942, outro
incêndio destruiu o Almanack, e o último número foi
do de 1943. A Gráfica Laemmert voltou a publicar
A mais importante das livrarias estrangeiras foi, porém,
livros por volta de 1970[37].
a Laemmert; entre 1893 e a passagem do século, foi a
principal editora brasileira. Eduard Laemmert (nascido
• Sellos & Couto que durou até a década de 1940, e Castilho foi trabalhar
na Editora Civilização Brasileira.
A firma Sellos & Couto foi fundada em 1815, quando
José Gonçalves Agra abriu uma livraria na Rua do • Francisco Alves
Sabão, nº 22. Nos anos 1820, a firma passou às mãos
de Agostinho de Freitas Gonçalves, sucedido em 1852
Ver artigo principal: Livraria Francisco
pelos seus sobrinhos Antônio e Agostinho Gonçalves
Alves
Guimarães, que acrescentaram a ela uma oficina
impressora, a “Typographia Episcopal”. Antônio
passou a se dedicar aos negócios bancários e Agostinho Nascido Francisco Alves d’Oliveira em 2 de agosto
se aposentou em 1887, vendendo a firma a seu enteado de1848, foi para o Rio em 1863, e conseguiu emprego
João Antônio Pinto[38]. Quando esse morreu, falido, o em uma loja de artigos náuticos, e com economias,
negócio foi arrematado por Antônio Joaquim de Sellos abriu um sebo na Rua São José, depois o vendeu e
e Gaspar Pereira de Couto, que passaram a operar, voltou para o Porto. Ao receber o convite do tio para
primeiro como Sellos, Guimarães & Cia. e, depois, trabalhar em sua livraria, foi para o Brasil novamente, e
como Sellos & Couto. se naturalizou em 28 de julho de 1883. A firma de
Francisco Alves, originalmente denominada Livraria
Clássica, foi fundada em 15 de agosto de 1854, na Rua
• J. Ribeiro dos Santos dos Latoeiros, nº 54 (posteriormente alterado para nº
48), por seu tio Nicolau António Alves. Francisco
Ver artigo principal: J. Ribeiro dos Santos acabou comprando a parte de todos os sócios e do tio,
até 1897. Inicialmente dedicada aos livros didáticos,
A J. Ribeiro dos Santos, outra importante firma, foi mediante o aumento do número de escolas no país (nos
fundada pelo português Serafim José Alves, em 1871, últimos anos do Império, as escolas passaram de 3.561
no nº 11 da Praça D. Pedro II, hoje Praça 15 de para 7.500), a Francisco Alves chegou a ter quase o
Novembro. No final do século, mudou para a Rua Sete monopólio dos livros didáticos no Brasil.
de setembro, nº 83, e pouco depois adotou o nome do
parente e herdeiro de Alves, Jacintho Ribeiro dos A Livraria Francisco Alves abriu uma 1ª filial em São
Santos. Jacintho comprara o ponto de sua livraria de Paulo, em 23 de abril de 1893, onde Manuel Pacheco
Francisco Rodrigues da Cruz, herdeiro da Livraria Leão, filho do secretário de educação e amigo de
Cruz Coutinho, a Livraria Popular, a qual foi criada por Francisco, Teófilo das Neves Leão, ficou encarregado,
Antonio Augusto da Cruz Coutinho. A Livraria com parte das cotas da sociedade. Em 1906, abriu uma
Jacintho Ribeiro dos Santos destacava-se pelo bom 2ª filial, em Belo Horizonte. Em São Paulo, adquiriu a
acabamento dos livros didáticos, uso de imagens, e “N. Falconi” e a “Livraria Melilo”; no Rio de Janeiro,
elevado número de tiragens em alguns de seus livros, adquiriu a “Lombaerts”, a “Livraria Católica de
que chegavam à marca de mais de 100.000 exemplares Sauvin”, a “Livraria Luso-Brasileira” de Lopes da
em 1924, numa população de 1.157.141 na cidade. Cunha, a “Empresa Literária Fluminense”, de A. A. da
Como “Livraria Jacintho”, sobreviveu até 1945, Silva Lobo, a casa de “Domingos de Magalhães”.
quando foi comprada pela “Editora A Noite”. Comprou também a firma portuguesa “A Editora”,
anteriormente “David Corazzi”. Em 1909, adquiriu a
• Livraria Quaresma “Laemmert”, adquirindo os direitos de “Os Sertões”, de
Euclides da Cunha, e de Inocência, de Taunay.
Comprou também a pequena livraria da “Viúva
Ver artigo principal: Livraria Quaresma Azevedo”, no Rio de Janeiro.

A Livraria de Serafim José Alves parece ter tido Na linha literária, Francisco Alves publicou Afrânio
alguma ligação, também, com a Livraria Quaresma[39]. Peixoto, Emílio de Menezes, Raul Pompéia, entre
Pedro da Silva Quaresma foi o fundador da “Livraria outros, mas a grande maioria de seus livros era
do Povo”, em 1879, na Rua São José. A Livraria impressa no exterior, por motivos econômicos e
Quaresma durou até a década de 1960, com livros técnicos que inviabilizavam a impressão interna, o que
baratos e de apelo popular, e foi o local de treinamento foi motivo de muitos nacionalistas o criticarem. No seu
do livreiro e alfarrabista Carlos Ribeiro, que fundou tempo livre, Francisco Alves escrevia seus próprios
depois a “Livraria São José”, atuante nas décadas de livros, sob o pseudônimo Guilherme do Prado, ou F.
1950 e 1960. d’Oliveira. Foram catalogados, após sua morte, 39
livros de sua autoria[40].
• Antônio Joaquim Castilho
Alves era diabético e adquiriu uma pneumonia que o
O livreiro e impressor Castilho é também dessa época, levou à tuberculose. Quando o sócio Pacheco Leão
mas as edições mais importantes dessa firma são de seu faleceu, em 23 de dezembro de 1913, Alves adquiriu a
filho, Antônio Joaquim Castilho. Castilho enfrentou parte da viúva, mas faleceu em 29 de junho de 1917,
dificuldades financeiras e, em 1931, sua firma se após complicações de uma fratura na perna em um
transformou na “Livraria América”, de A, Bedeschi, acidente ferroviário. No testamento, deixou um grande
legado e uma pensão vitalícia àquela que fora sua Moço, e em 1852, “Cantos da Solidão, de Bernardo
amante desde 1891, Maria Dolores Braun. Todo o Guimarães., na “Typographia Liberal” de Joaquim
restante de seus bens ficaria para a Academia Brasileira Roberto de Azeredo Marques.
de Letras, porém com a exigência de que a Academia
deveria realizar, a cada 5 anos, dois concursos em sua Em 1855, São Paulo tinha apenas 15 mil habitantes,
homenagem, cada um deles com um primeiro prêmio enquanto o Rio de Janeiro passava dos 250 mil e
de 10 contos, um segundo de 5 contos e um terceiro de Salvador e Recife possuíam mais de 80 mil. Havia
3 contos. Um dos concursos deveria ser para então 3 livrarias, “Fernandes de Souza”, “Gravesnes” e
monografias sobre “a melhor maneira de ampliar a “Torres de Oliveira”, e 3 gráficas, a “Typographia
educação primária no Brasil”, e o outro para Liberal” de Azeredo Marques, a “Typographia Dous de
monografias sobre a língua portuguesa[41]. Mediante a Dezembro”(sem ligação com a de Paula Brito), de
Academia estar estatutariamente impedida de gerir Antônio Lousada Antunes, e a “Typographia
qualquer tipo de negócio, vendeu a livrarai a um grupo Litteraria”. Havia um encadernador, o alemão U.
de antigos empregados, liderados por Paulo Ernesto Knossel, cujo negócio foi adquirido em 1880 pelo
Azevedo, sucessor de Pacheco Leão na gerência da alemão Jorge Seckler, tornando-se importante gráfica,
filial de São Paulo, e Antônio de Oliveira Martins. A com impressoras movidas a vapor. Em fins de 1860,
nova firma adotou o nome “Paulo de Azevedo & havia a “Typographia de Lei”, a “Typographia
Companhia”, mas continuou a usar a marca F. Alves, e Americana”, e a tipografia “Henrique Schroeder”.
a dominar o mercado de livros didáticos até o
aparecimento da Companhia Editora Nacional, de
• Casa Garraux
Octalles Marcondes Ferreira, na década de 1920.
Em 1860, Baptiste Louis Garnier abriu uma filial em
Paulo de Azevedo morreu em 1946, sendo sucedido
São Paulo, e confiou-a a Anatole Louis Garraux (1833-
pelos filhos Ivo e Ademar, que admitiram como sócios
1904), e em 1863 Garraux já se tornara independente e
Álvaro Ferreira de Almeida, Raul da Silva Passos e
abrira a Livraria Acadêmica, em sociedade com Guelfe
Lélio de Castro Andrade, havendo nova revitalização
de Lailhac e Raphael Suares, mas que ficou sempre
da Livraria. Em 1972, a empresa foi vendida para o
conhecida como “Casa Garraux”. Foi na Casa Garraux
almirante José Celso de la Rocque Maciel Soares
que José Olympio começou a se interessar pelo
Guimarães, que modificou seu nome para “Livraria
mercado livreiro, ao conseguir ali um emprego
Francisco Alves Editora”; em 1974, a empresa de
arrumando e limpando livros.
navegação Netumar, de Ariosto Amado, adquiriu 80%
do seu capital e Carlos Leal assumiu a gerência.
Antes de 1920, Garraux não publicava, mas tornou-se
destacado livreiro, tornando-se a livraria com o estoque
• Outras editoras mais atualizado do país[43]. A partir de 1872, a
cafeicultura foi modificando o cenário da província, e
Outras editoras e livrarias importantes do fim do século nesse ano a Garraux mudou do Largo da Sé para a Rua
XIX foram a firma Editora Pimenta de Mello, fundada da Imperatriz (futura XV de Novembro), passando a
em 1845, e que sobreviveu até 1937, e a Livraria desempenhar papel importante no desenvolvimento
Moderna, de Domingos de Magalhães e Companhia, a intelectual e cultural de São Paulo. Garraux passou a
principal editora no campo da literatura nos anos 1890. direção da loja, nessa época, para seu genro Willy
Fischer, que se aposentou em 1888, e seu sucessor,
[editar] Mercado editorial em São Paulo Alexandre Thiollier, antigo caixa, dirigiu os negócios
até 1893, passando então a direção às mãos do sócio
• Século XIX Charles Hildebrand, de Estrasburgo.

São Paulo, que no início do século XIX formava uma • Outras livrarias paulistanas
única província com o Paraná, possuía uma pequena
capital com menos de 10 mil habitantes, e tinha pouca De 3 livrarias em 1850, São Paulo passou para 5 em
importância[42].Em 1827, José da Costa Carvalho, 1870, sendo uma delas a “Grande Livraria Paulista”,
futuro Marquês de Monte Alegre, importou uma que os irmãos Antônio Maria e José Joaquim Teixeira
impressora e um impressor, e produziu o 1º jornal da abriram em 1876.
província, “O Farol Paulistano”.
Em 1893, mediante a imigração nordestina na fuga da
Em 1828, a cidade de São Paulo foi escolhida para seca, São Paulo cresceu para 192.409 habitantes [44] e,
abrigar uma das duas novas escolas de Direito do país, na passagem do século, igualou o Rio de Janeiro, com
e a vida estudantil acabou por transformar a cidade, 239.820 habitantes. A indústria de papel instalada no
sendo que em 1836, uma gráfica local possuía até um estado começou a crescer; uma das fábricas era a “Cia.
livro impresso, “Questões sobre presas marítimas”, de Melhoramentos de São Paulo”, formada em 1890 pelo
José Maria de Avelar Brotero. Após algumas outras Coronel Antônio Proost Rodovalho, e que em 1920
impressões, em 1849 surgiu a 1ª obra literária, de um entrou para o ramo de papel para livros, associando-se
estudante, “Rosas e Goivos”, de José Bonifácio, o à editora “Weiszflog Irmãos”. No fim do século,
porém, São Paulo ainda tinha apenas 8 livrarias. Entre passou, aos poucos, para o genro Ênio Silveira. Em
outras, destacava-se a “Casa Eclectica”. 1934, a marca “Nacional” quase se reservava
totalmente para livros didáticos e infantis. Em 1943,
[editar] Século XX houve o abandono da empresa de 6 professores
responsáveis pela execução dos livros didáticos, que
fundaram sua própria editora, a “Editora do Brasil”,
• Monteiro Lobato
especializada em livros didáticos. O auxiliar de
Octalles, Arthur Neves (1916-1971), saiu e formou a
Ver artigo principal: Companhia Editora Editora Brasiliense, que implantou sua própria livraria,
Nacional a "Livraria Brasiliense".

Até a Primeira Guerra Mundial, os livros brasileiros Octalles morreu em 1973, e a presidência da empresa
eram impressos, em sua maioria, na Europa. A Editora passou ao seu irmão Lindolfo. Em 1974 a Livraria José
Garnier, utilizada por Machado de Assis e quase todos Olympio Editora solicitou auxílio financeiro para
os acadêmicos, era francesa e tinha suas oficinas na comprar a editora[49], porém, essa operação não chegou
França. Coelho Neto era impresso no Porto, em a ser finalizada. A empresa de José Olímpio solicitou
Portugal, e editado por Lelo & Irmão. As editoras e ajuda governamental: no caso, o financiamento total da
livrarias brasileiras dedicavam-se mais aos livros operação; assim, o Banco Nacional de
didáticos, e pouco se imprimia no Brasil. Desenvolvimento Econômico (BNDES) adquiriu a
totalidade das ações da empresa [...], contudo, a
Monteiro Lobato teve a iniciativa que modificou o situação econômica da José Olympio tornava
mercado editorial brasileiro. Imprimiu por conta impossível a desejada transferência e a Nacional
própria, nas oficinas do jornal “O Estado de São acabou tornando-se propriedade do BNDE[50].
Paulo”, seu livro Urupês, e verificou que, na época, o
Brasil contava com apenas umas 30 livrarias capazes Em 1980, o Instituto Brasileiro de Edições Pedagógicas
de receber e vender livros[45]. Escreveu, então, para (IBEP) adquiriu a Companhia Editora Nacional,
todos os agentes postais do Brasil (1300 ao todo), formando um dos maiores grupos editoriais do país.
solicitando nomes e endereços de bancas de jornais, Em 2009, a Conrad Editora, especializada em revistas
papelarias, armazéns e farmácias interessadas em em quadrinhos, foi comprada pelo Grupo IBEP-
vender livros[46]. Quase 100% dos agentes postais Companhia Editora Nacional[51].
responderam, proporcionando uma rede de quase dois
mil distribuidores espalhados pelo país. Lobato • José Olympio
começou a publicar obras de seus amigos e de
escritores iniciantes.
Ver artigo principal: Livraria José
Olympio Editora
Monteiro Lobato, um dos grandes incentivadores do
livro no Brasil, na Cia. Editora Nacional: "Um país se A editora deu largada em 1931, ainda em São Paulo,
faz com homens e livros". com um livro de sucesso: “Conhece-te pela
Psicanálise”, do americano J. Ralph, obra do gênero
Quando a inicial Cia. Gráfio-Editora Monteiro Lobato que hoje se conhece como auto-ajuda[52]. Nos anos 40 e
entrou em colapso, Octalles Marcondes Ferreira (1899- 50, Olympio se tornou o maior editor do país,
1972), que fora seu auxiliar e se tornara seu sócio, o publicando 2 mil títulos, com 5 mil edições, os quais
incentivou a abrir outra editora, e em novembro de nos anos 80 atingem 30 milhões de livros de 900
1925, a Companhia Editora Nacional já estava autores nacionais e 500 estrangeiros.
constituída e se preparava para publicar uma versão,
supervisionada por Lobato, do 1º livro escrito no Brasil A crise da Livraria José Olympio teve início com o
no século XVI, o relato de Hans Staden, “Meu colapso no mercado de ações. Nos anos 70, tentou
Cativeiro Entre os Selvagens Brasileiros”, numa comprar a Companhia Editora Nacional. Em 03 de
tiragem de 5 mil exemplares[47]. maio de 1990, quando morreu, José Olympio já não era
mais proprietário da editora que leva seu nome, pois
Enquanto Octalles permanecia em São Paulo, Lobato após ser encampada pelo BNDES nos anos 70, foi
dirigia a filial do Rio de Janeiro; em viagem aos comprada pela Record em 2001; hoje pertence ao
Estados Unidos, e devido à especulação na bolsa de Grupo Editorial Record[53].
valores e ao crash de outubro de 1929, Lobato precisou
vender a Octalles suas ações da editora, e passou a • Martins Editora
contribuir apenas como autor e tradutor[48].
Ver artigo principal: Livraria Martins
A editora começou a investir, aos poucos, em títulos
Editora
educacionais. Em 1932, Octalles adquiriu a Editora
Civilização Brasileira, fundada em 1929 por Getúlio
M. Costa, Ribeiro Couto e Gustavo Barroso, e que
José de Barros Martins resolveu abandonar o emprego imprimir as apostilas, e em 1962 foi criada a Sesil
para abrir uma livraria numa pequena sala do primeiro (Sociedade Editora do Santa Inês Ltda.). Anderson
andar de um edifício na Rua da Quitanda, em São Fernandes Dias, porém, defendeu a criação de uma
Paulo, em 1937[54]. Organizou seu próprio editora. Assim, a Editora Ática surgiu em agosto de
departamento editorial, sob a direção de Edgard 1965, e no ano seguinte, já apresentava 20 títulos em
Cavalheiro, e seu 1º título, no início de 1940, foi seu catálogo.
“Direito Social Brasileiro”, de Antônio Ferreira
Cesarino Júnior. Em 1999, a Ática foi comprada pela Editora Abril em
1999, numa parceria com o grupo francês Vivendi. Em
Martins promoveu a liquidação de sua companhia em 2002, a Vivendi vendeu suas empresas do ramo de
1974, mas procurou manter-se no ramo, negociando os publicações para o grupo francês Lagardère, mas a
mais valiosos contratos de publicação com a Editora Editora Ática ficou fora dessa transação comercial. Em
Record[55]. Atualmente, a Martins Editora é um selo 2003, os dois acionistas controladores da Ática —
editorial da Livraria Martins Fontes. Abril e Vivendi — puseram novamente a Editora à
venda. Após um ano de negociações, foram adquiridos
• Civilização Brasileira pela Editora Abril, em fevereiro de 2004, os ativos
financeiros da Vivendi, tornando-se a sócia majoritária
da Editora Ática, inaugurando uma nova fase na
Ver artigo principal: Civilização história da empresa, que passou a fazer parte da Abril
Brasileira Educação. No início de 2005, a editora passou a
funcionar no prédio do Edifício Abril, na Marginal
Fundada por Getúlio M. Costa, Ribeiro Couto e Tietê.
Gustavo Barroso em 1929, a Editora Civilização
Brasileira tinha na época poucos títulos, e em 1932 foi • Livraria do Globo
adquirida por Octalles Marcondes Ferreira[56], passando
a fazer parte da Companhia Editora Nacional. Ênio
Na década de 1880, a “Livraria Americana”, de Carlos
Silveira assumiu em parte a Civilização Brasileira, e a
Pinto, originalmente estabelecida em Pelotas,
incrementou, sendo que, no final da década de 50,
apresentava traduções de vários autores estrangeiros,
tornara-se já uma das principais editoras do país. Em
nem sempre com autorização dos autores. Casos como
1963, Ênio Silveira assumiu o controle total da
esse, e muitos outros, ocasionaram uma reação por
Civilização Brasileira[57]e, no ano seguinte, seu
parte dos autores e do governo, e começaram a se
catálogo era igual ao da Companhia Editora Nacional,
estabelecer leis com o intuito de preservar tais direitos.
acrescentado de 46 novos títulos. A Civilização acabou
As origens da Livraria do Globo são dessa época, mas
se tornando o canal mais importante para a moderna
a editora só começou um programa regular de edições
literatura brasileira nos anos 60[58], além de se dedicar
em 1928[60]. No início dos anos 30 surgia, assim, em
às traduções, tanto dos países europeus, quanto dos
Porto Alegre, a Livraria do Globo, e o início da
estadunidenses, japoneses e latino-americanos.
atividade editorial parece ter se dado, especialmente,
pela posição de desrespeito do novo governo com
Em 1982, Ênio aceitou uma oferta operacional da relação aos direitos autorais dos outros estados. A
DIFEL, empresa estrangeira, para colaborar com sua Revista do Globo, por não ter verba para matérias
firma. Paralelamente, o Banco Pinto de Magalhães, de inéditas, recorria também à pirataria[61]
capital português, e uma pessoa jurídica portuguesa, o
major Batista da Silva, adquiriram 90% do capital da
Civilização Brasileira, e Ênio ficou com 10%. Em Livraria do Globo na Rua da Praia em Porto Alegre.
março de 1984, formalizou-se a transferência da matriz
da Civilização para São Paulo, mantendo-se uma filial O florescimento da atividade editorial também era
no Rio de Janeiro[59]. Ênio da Silveira faleceu em 1996. decorrente do aumento de desenvolvimento do Rio
Atualmente, a Civilização Brasileira faz parte do Grande do Sul, que se dera no período da República
Grupo Editorial Record. Velha, 1889-1930. A Editora Globo começou com uma
pequena papelaria e livraria, fundada em 1883 pelo
• Editora Ática imigrante português Laudelino Pinheiro Barcellos,
junto à qual foi construída uma oficina gráfica para
Ver artigo principal: Editora Ática trabalhos sob encomenda. José Bertaso, rapaz admitido
para pequenos serviços em 1890, tornou-se sócio e em
1919, proprietário. Bertaso previu a escassez de papel
Entre 1964 e 1965, surge a Editora Ática. Em 15 de com a Primeira Guerra Mundial e importou o suficiente
outubro de 1956, foi fundado o Curso de Madureza para lucrar depois, com as vendas. A “Barcellos,
Santa Inês, para a educação de jovens e adultos, pelos Bertaso e Cia” adquiriu uma máquina linotipo, a 1ª do
irmãos Anderson Fernandes Dias e Vasco Fernandes estado, e em 1922 começou a publicar livros de um
Dias Filho e pelo amigo Antonio Narvaes Filho. Com o renascimento literário local, a contrapartida gaúcha do
passar do tempo, mediante o crescente número de movimento modernista. Mansueto Bernardi, italiano de
alunos, o mimeógrafo tornou-se insuficiente para Treviso e diretor do departamento de propaganda, era
ainda mais ambicioso, e incentivou a publicação de Com a revolução de 1930, o Rio Grande do Sul
títulos traduzidos. Montou uma equipe de revisores, projetou-se no cenário nacional.. Com a implantação
tradutores e artistas gráficos, e criou a Revista do do Estado Novo, uma das consequências foi a criação
Globo. do Instituto Nacional do Livro, por iniciativa do
Ministro Gustavo Capanema, em setembro/dezembro
Bernardi, em 1931, com a criação do Estado Novo, de 1937 (pelo Decreto-Lei nº 93, de 21/09/1937). O
abandonou a atividade editorial e passou a dirigir a poeta Augusto Meyer o dirigiria até 1954, e novamente
Casa da Moeda. O mais velho de seus 3 filhos, de 1961 a 1967[63]. Foi criado e incentivado por Getúlio
Henrique d’Avila Bertaso, que começara na Livraria Vargas com o objetivo de elaborar uma enciclopédia e
Globo em 1922, aos 15 anos, assumiu o setor editorial, dicionário da língua brasileira que retratasse a
enquanto a direção da Revista do Globo foi dada a um identidade e a memória nacional e para apoiar a
jovem escritor, Érico Veríssimo, que se transformou implantação de bibliotecas públicas em todo o Brasil.
em um dos principais tradutores da editora. A carreira Até 1945, no entanto, ainda não haviam concluído a
de Veríssimo como autor tivera início em 1928, quando enciclopédia e o dicionário, mas, o número de
Bernardi aceitara seu conto “Ladrão de Gado” para bibliotecas públicas cresceu, principalmente nos
Revista do Globo. Seu 1º livro, "Fantoches", foi uma estados de escassez cultural, graças ao auxílio prestado
coletânea de contos que H. Bertaso aceitara publicar pelo o INL na composição do acervo e na capacitação
em 1932. Após alguns livros, o êxito comercial só técnica.
chegou em 1935, com “Caminhos Cruzados”, que
recebeu vários prêmios. • Outras editoras de destaque

Além das já mencionadas, no início do século XX,


Capa da Revista do Globo, ano IV nº 7, de 1932, com tiveram importância, no Rio de Janeiro a Livraria H.
ilustração de Francis Pelichek Antunes, fundada por Hector Antunes em 1909, e a
Arthur Vecchi, em 1913, que começou com edição de
Mediante a situação econômica, o livro brasileiro se livros e posteriormente se dedicou às revistas em
tornou competitivo, fato que foi aproveitado pela quadrinhos. Além dessas, a Livraria Editora Leite
Livraria Globo. Em 1936, a empresa já possuía 3 Ribeiro e Maurillo, fundada no Rio de Janeiro em
andares, 500 empregados, 20 máquinas Linotipo, e o 1917, e que em meados de 1920 passou a se chamar
setor editorial já tinha cerca de 500 títulos. Veríssimo Freitas Bastos; a Livraria Católica, fundada pelo poeta
passou a direção da revista a De Souza Júnior, e se Augusto Frederico Schmidt, em 1930, a qual logo se
tornou consultor editorial de H. Bertaso, influenciando tornou ponto de encontro dos intelectuais da época. Os
no ganho de qualidade literária da editora., que dava que a freqüentavam se tonaram conhecidos como o
ênfase aos autores anglo-americanos, devido à "Círculo Católico". Schmidt tirou, posteriormente, a
preponderância das traduções do inglês. Com a palavra Católica e ficou apenas Livraria Schmidt
Segunda Guerra Mundial, houve uma súbita Editora, que permaneceu até 1939, quando o negócio
prosperidade no negócio de livros, e vários tradutores foi absorvido e as instalações adquiridas por Zélio
foram contratados, tais como Leonel Vallandro, Valverde, de cuja firma Schmidt se tornou sócio.
Juvenal Jacinto, Herbert Caro, Homero de Castro, Outras são a Gianlorenzo Schettino Livraria Editora,
como empregados permanentes. No início dos anos 50, que existiu de 1922 a 1931; a Editora A. Coelho
com o rigor do Brasil no controle das remessa de Branco, e a Editora Ariel, dos escritores Gastão Cruls e
divisas para o exterior, houve um declínio na produção Agripino Grieco, que era exclusivamente editora.
de traduções da Globo, havendo depois uma pequena
recuperação nos anos 60, porém, sem recuperação do A Editorial Calvino Limitada foi iniciada por volta de
antigo interesse, especializando-se em outras áreas. 1931, sob o nome Calvino Filho. Na década de 1940,
mediante suas publicações de tendência [marxismo|
Veríssimo começou a se dedicar mais à sua própria marxista]], no enfrentamento da censura do Estado
produção literária; José Bertaso morreu em 1948 e, em Novo, chegou a ser considerada o órgão da seção
1956, quando a Globo atingiu seu 2.000º título desde carioca do Partido Comunista. A Editora Vitória, que
1930, foi decidido transformar a parte editorial do iniciou com romances de autores nacionais e
negócio em um empreendimento legalmente separado, estrangeiros em 1944, no ano seguinte mudou sua linha
sendo criada a Editora Globo[62]. Veríssimo foi, aos para história e teorias marxistas, tendo se tornado, após
poucos, se desligando da Globo, e morreu em 1975. a queda de Getúlio Vargas, a principal editora do
Henrique Bertaso morreu em 1977, tendo passado seu Partido Comunista, tomando esse papel das Edições
negócio aos filhos José Otávio, Fernando e Cláudio. Horizonte, fundadas em início de 1943 e incorporadas
Em 1986 a empresa foi vendida à Rio Gráfica Editora a ela em 1948. A experiência editorial da Vitória foi
(RGE), de Roberto Marinho. A Rio Gráfica passou a interrompida abruptamente com a revolução de 1964.
usar somente o nome Editora Globo desde então.
Outras importantes editoras que tiveram início na
• Instituto Nacional do Livro primeira metade do século XX foram a Saraiva e Cia,
fundada em 1906, em São Paulo, por Joaquim Inácio
da Fonseca Saraiva[64]; a Editora O Pensamento, de
Antonio Olívio Rodrigues, fundada em 1907; a Editora Fernando da Rocha Peres, Glauber Rocha e Paulo Gili
Cultrix (atualmente integrada à Pensamento), sob a Soares, como Macunaíma Empreendimentos Editoriais
direção de Edgard Cavalheiro; a EDIPE, em 1930; e a Ltda. Em 1974, destacou-se a Editora Itapuã, de
Companhia Melhoramentos de São Paulo, fundada em Dmeval Chaves e a Editora Janaína, de Jorge Amado.
1877 como empresa de papel, mas que iniciou sua
atividade editorial em 1915, como "Weiszflog e Em Recife, destacaram-se a “Livraria Sete”, e a
Irmãos". “Gráfica Amador”, que mudou o nome para Editora
Igarassu, e em 1980, a Editora Guararapes.
• Mercado editorial nos outros estados
[editar] Livros de bolso
No Rio Grande do Sul, além da Editora Globo, a
editora mais antiga era a “Livraria e Editora Selbach”, Houve várias tentativas, no Brasil, de produção de um
fundada em 1931, tendo iniciado sua atividade com livro mais barato[67]. Na “Coleção Globo”, no início dos
“Farrapos!”, de Walter Spalding. Encerrou por volta de anos 30, foram lançados 24 títulos, inclusive clássicos,
1960, Outras editoras importantes são a “Livraria aventuras e policiais, no formato 11x 16 cm,
Sulina”, fundada em 1946 pelos irmãos Leopold e cartonados. Em 1942, Bertaso iniciou a “Coleção
Nelson Boeck, especializada em direito, administração Tucano”, com ficção de boa qualidade, tais como
de empresa e história. A “Tabajara”, com livros André Gide, Thomas Mann, e outros. Na década de 60,
didáticos, e a L&PM Editores, criada por Ivan Pinheiro a Globo lançou a “Coleção Catavento”, com sucesso.
Machado e Paulo de Lima, em 1974, na época para Em 1944, houve a “Coleção Saraiva” de clássicos
publicar um único livro, “Rango, história em brasileiros.
quadrinhos de um marginal”, por Edgar Vasques, que
surgira antes em no jornal porto-alegrense “Folha da Houve tentativas de distribuição em bancas de jornal e
Manhã”. Estimulado pelo sucesso, os dois jovens em quiosques de aeroportos. Em 1963, constitui-se a
editores passaram a publicar um número reduzido, mas Editora Monterrey, para produzir ficção ligeira
selecionado de títulos, questionadores do governo da popular, em formato de livro de bolso. O exemplo de
época, durante a ditadura militar[65]. Nos anos 70, outras mais qualidade foi o da Tecnoprint Gráfica, que
editoras importantes foram a Editora Movimento e a adotou, posteriormente, a marca editorial Edições de
Editora Mercado Aberto. Ouro.

No Paraná, em Curitiba, na década de 30 a Editora Na década de 60, surgiu a Dominus Editora S/A
Guaíra ganhou reputação nacional com títulos como (DESA), com edições de bolso e a Livraria José
“Esperança”, de André Malraux, “Doña Bárbara”, de Olympio Editora lançou a “Sagarana”, com
Rómulo Gallegos, entre outros. No início dos anos 40, reimpressões em pequeno formato. Em 1970, a Editora
sua produção era de 40 títulos por ano. Declinou após a Bruguera, subsidiária brasileira da Francisco Bruguera,
Segunda Guerra Mundial. Ainda em Curitiba, A da Argentina, publicou uma coleção de bolso de ficção
Editora dos Professores, criada por Ocyron Cunha em estrangeira e nacional, a maioria em domínio público.
1962, era destinada a produzir obras de professores A Editora Artenova também teve experiências com
regionais, e atualmente está desativada. livro de bolso. Em fins de 1971, a Editora Edibolso
iniciou com apenas 14 títulos e em fins de 1977 já
Santa Catarina, apesar da pouca atividade editorial, tem lançara quase uma centena de livros de bolso[68].
abundância em pontos de venda, e grande parte de seus Algumas das coleções de bolso mais conhecidas,
municípios possui livrarias, o que a colocava em 5º atualmente, são das editoras L&PM (Coleção Pocket) e
lugar nacional em pontos de venda de livros nos anos Martin Claret.
80[66].
[editar] Panorama editorial atual
Em outras cidades do Rio de Janeiro, vale destacar
Petrópolis, com a Editora Vozes, criada em 5 de março A partir dos anos 80 houve um crescimento ascendente
de 1901, pelo convento franciscano local, e é a mais do mercado editorial brasileiro, com um aumento do
antiga editora do Brasil ainda em atividade. setor editorial. Novas editoras surgiram, mas muitas
das antigas foram substituídas ou incorporadas a
Em Minas Gerais, em Belo Horizonte se destacou a outras. A Companhia Editora Nacional, por exemplo,
Livraria Itatiaia Editora, além da Editora Comunicação, atualmente pertence ao IBEP, e a Civilização
Editora Vega, Interlivros e LEMI (Livraria Editora Brasileira, ao Grupo Editorial Record, que surgira em
Miguilim), de livros infantis. 1942 e se constituíra em editora em 1957. As Editoras
Cultrix e Pensamento se uniram na Editora
Na Bahia, entre as décadas de 40 e 60, a mais Pensamento-Cultrix, enquanto a Editora Cortez &
importante marca editorial foi a “Livraria Progresso”, Moraes separou-se, formando a Editora Cortez e a
de Aguiar e Souza Ltda. (não confundir com a Editora Moraes, que por sua vez se transformou na
Progresso do Grupo Delta). Outra foi a Edições Centauro Editora. Editoras antigas sobreviveram, como
Macunaíma, fundada em 1957 por Calasans Neto, a Editora Brasiliense e a Editora Vozes, a mais antiga
ainda atuante do Brasil, e novas editoras cresceram e até 80 mil habitantes, muitas vezes, não há nenhum
diversificaram o cenário editorial nacional, como ponto de venda”. Ainda de acordo com a ANL, a
Editora Perspectiva (1965), Editora Nórdica (1970), região Sudeste é a que tem o maior número de lojas;
Editora Cátedra (1970), Martin Claret (1970), Alfa- São Paulo, com 864 varejistas especializados em livros,
Ômega (1973), Editora Rocco (1975), Companhia das tem mais que o dobro do 2º colocado, seguido pelo Rio
letras (1986), entre outras. de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. O
Paraná está em 5º lugar em número de livrarias. A
• Editora Nova Fronteira Bahia tem o maior número de livrarias na região
Nordeste, sendo o sexto colocado no país, empatado
com Santa Catarina; Roraima, que apesar de ter apenas
A Editora Nova Fronteira foi fundada no Rio de
25 livrarias tem, proporcionalmente, na região Norte, a
Janeiro em1965, pelo jornalista político Carlos
melhor média nacional[71].
Lacerda. Antes de morrer, em 1977, acertou um
vínculo formal com a Editora Nova Aguilar, fundada
em 1958, por um sobrinho do proprietário de sua [editar] Enquete
homônima em Madri. Com a morte de Lacerda,
assumiram seus filhos Sérgio e Sebastião. Em 23 de julho de 2010, o jornal Valor Econômico
promoveu uma enquete com um grupo de críticos e
• Editora Abril professores para identificar qual é a melhor editora do
Brasil[72], apresentando como resultado a Companhia
das Letras em primeiro lugar (81%), a Cosac Naify em
Birmann 21, o edifício sede da Editora Abril, em São segundo (76%). Em 3º lugar ficaram a Editora 34, a
Paulo, é um dos maiores arranha-céus do Brasil. Martins Fontes e a Record; em 4º a Editora UFMG; em
5º Ateliê Editorial, Editora Hedra, Editora Iluminuras,
Editora da Unicamp[73]; em 6º lugar Contraponto
A Editora Abril foi a responsável pelo êxito de um tipo
Editora, Difel, Edusp, Editora Escrituras, Editora
de livro vendido nas bancas de jornais: a edição em
Perspectiva, UnB, Editora Vozes, WMF Martins
fascículos. A Abril foi constituída por Victor Civita e
Fontes, Zahar Editores.
seu amigo Giordano Rossi em 1950, inicialmente como
editora de revistas. Começou com o Pato Donald,
trabalhando com a organização Walt Disney, e seu 1º A pesquisa promovida pelo jornal não teve a intenção
empreendimento no mercado de livros foi em 1965, de medir a eficiência empresarial, mas sim de indicar
com uma edição ilustrada da Bíblia Sagrada, em as editoras que mais se destacam culturalmente. A
fascículos quinzenais, seguindo-se outras, de interesse votação se encaminhou para a ênfase nas áreas
geral. O crescimento e a aceitação foram artístico-literária e das ciências humanas e na
impressionantes, e em 1974, até fascículos sobre capacidade de interferir na vida cultural e de formar
filosofia, Os Pensadores, dos quais eram vendidos leitores com critérios para medir a qualidade de uma
100.000 exemplares por semana. Em 1982, foram editora. Aos 21 especialistas consultados, foi pedido
lançados Os Economistas, incluindo 20 títulos que que fossem escolhidas as três melhores casas editoriais.
nunca haviam sido publicados em português. Foram excluídas as áreas mais especializadas, como
livros técnicos, autoajuda, didáticos e paradidáticos.
• Panorama atual da leitura no Brasil

O Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), a


Câmara Brasileira do Livro (CBL), a Associação Fundação Biblioteca Nacional
Brasileira de Editores de Livros (ABRELIVROS) e a
Associação Brasileira de Celulose e Papel Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(BRACELPA) pesquisam os hábitos de leitura dos (Redirecionado de Biblioteca Nacional do Brasil)
brasileiros e fornecem informações para o Ir para: navegação, pesquisa
planejamento do mercado e das políticas públicas[69], e
atualmente têm cerca de 659 editoras cadastradas. A Biblioteca Nacional, também chamada de
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, é a
Um levantamento da Associação Nacional de Livrarias depositária do patrimônio bibliográfico e documental
(ANL), disponibilizado em 27/07/2010, mostra que no do Brasil, considerada pela UNESCO como a sétima
país existem, atualmente 2.980 lojas — 11% a mais do biblioteca nacional do mundo e, também, é a maior
que havia em 2006[70]. A ANL aponta, porém, que os biblioteca da América Latina[1]. Entre suas várias
brasileiros leem apenas 1,9 livros por ano, o que fica responsabilidades incluem-se a de preservar, atualizar
aquém de outros países latino-americanos. Vitor e divulgar uma coleção com mais de oito milhões de
Tavares, presidente da ANL, exemplifica: “Na peças, que teve início com a chegada da Real
Argentina, se lê em torno de cinco. No Chile, três. Na Biblioteca de Portugal ao Brasil e cresce
Colômbia, se lê 2,5 livros por ano”. Ainda segundo constantemente, a partir de doações, aquisições e com
Tavares, “Há cada vez mais livrarias sendo o depósito legal.
inauguradas em grandes centros, mas, em cidades de
[editar] Sede do SNBP com o alvará de 27 de julho de 1810), localizado na
antiga rua de trás do Carmo, atual rua do Carmo,
Também funciona como sede do Sistema Nacional de próximo ao Paço Imperial. As instalações, no entanto,
Bibliotecas Públicas (SNBP), criado em 1992 pelo foram consideradas inadequadas e poderiam por em
decreto presidencial n° 520, de 13/05/92. risco tão valioso acervo assim, em 29 de outubro de
1810, data que ficou atribuída à fundação oficial da
Biblioteca Nacional, o príncipe regente editou um
[editar] História decreto que determinava que, no lugar que havia
servido de catacumbas aos religiosos do Carmo, se
Esta página ou secção não cita erigisse e acomodasse a "minha Real Biblioteca e
nenhuma fonte ou referência instrumentos de física e matemática, fazendo-se à custa
(desde junho de 2009). da Real Fazenda toda a despesa conducente ao
Por favor, melhore este artigo arranjamento e manutenção do referido
providenciando fontes fiáveis e estabelecimento".
independentes, inserindo-as no
corpo do texto por meio de notas [editar] Nova sede
de rodapé. Encontre fontes:
Google — notícias, livros, Fachada da Biblioteca Nacional
acadêmico — Scirus
As obras para nova edificação da Biblioteca somente se
A biblioteca foi fundada com o nome de Real concretizaram em 1813, quando foi transferido o
Biblioteca, depois Biblioteca Imperial e Pública da acervo. Enquanto o processo de instalação dos livros,
Corte e, desde 1876, chama-se Biblioteca Nacional. A que se iniciou em 1810, estava ocorrendo a consulta ao
seguir é apresentado um pouco de sua história. acervo da Biblioteca já podia ser realizada por
estudiosos, mediante consentimento régio e, em 1814,
[editar] Primórdios após o término da organização do acervo, a consulta foi
franqueada ao público.
Fachada frontal do edifício
[editar] Ampliação do acervo
A história da Biblioteca Nacional se inicia antes de sua
fundação pois em 1º de novembro de 1755, Lisboa Oficialmente estabelecida, a Biblioteca continuou a ter
sofreu um violento terremoto, que marcou sua história, seu acervo ampliado de maneira significativa, através
e que deu origem a um grande incêndio que, entre de compras, doações, principalmente, e de "propinas",
outros edifícios, o da Real Biblioteca, também ou seja, pela entrega obrigatória de um exemplar de
conhecida como Real Livraria, considerada uma das todo material impresso nas oficinas tipográficas de
mais importantes bibliotecas da Europa, àquela época. Portugal (Alvará de 12 de setembro de 1805) e na
A esta perda quase irreparável para os lusitanos seguiu- Impressão Régia, instalada no Rio de Janeiro. Essa
se um movimento para sua recomposição, que foi legislação relativa às propinas foi sendo aperfeiçoada
prevista entre as tarefas emergenciais para reconstruir ao longo dos anos e culminou no Decreto nº 1.825, de
Lisboa após o incidente de 1755. 20 de dezembro de 1907, chamado comumente Decreto
de Depósito Legal, ainda em vigor.
[editar] Real Biblioteca da Ajuda
[editar] Compra pelo Império do Brasil
A fim de levar a cabo essa missão, o rei Dom José I de
Portugal e o ministro Marquês de Pombal Após a morte de Dona Maria I, em março de 1816, teve
empenharam-se em juntar o pouco que sobrara da Real início o reinado de Dom João VI, que permaneceu no
Livraria e a organizar, no Palácio da Ajuda, uma nova Brasil até 1821, quando circunstâncias políticas o
biblioteca, que se tornou importante pela composição fizeram retornar a Lisboa com a Família Real, à
de seu acervo que, em 1807 reunia cerca de sessenta exceção de seu filho primogênito. Aqui também
mil peças, entre livros, manuscritos, incunábulos, permaneceu a Real Biblioteca. Nessa época ela já
gravuras, mapas, moedas e medalhas. Este acervo foi crescera muito e, após a Independência, em 1822,
aquele trazido ao Brasil após a vinda da família real em passou a ser propriedade do Império do Brasil, pois sua
1808, em consequência da invasão de Portugal pelas compra consta da Convenção Adicional ao Tratado de
tropas francesas comandadas por Napoleão Bonaparte. Amizade e Aliança firmado entre Brasil e Portugal, em
29 de agosto de 1825. Pelos bens deixados no Brasil a
[editar] Mudança para o Rio de Janeiro Família Real foi indenizada em dois milhões de libras
esterlinas, desse valor, oitocentos contos de réis
O acervo foi trazido em três etapas, sendo a primeira destinavam-se ao pagamento da Real Biblioteca, que
em 1810 e as outras duas em 1811. A biblioteca foi passou a se chamar, então, Biblioteca Imperial e
acomodada, inicialmente, nas salas do andar superior Pública da Corte.
do Hospital da Ordem Terceira do Carmo (de acordo
[editar] Outra sede [editar] Atualidade

Em 1858, a Biblioteca foi transferida para a Rua do Em 1990 a Biblioteca Nacional foi transformada em
Passeio, número 60, no Largo da Lapa, e instalada no fundação de direito público, com vínculo ao Ministério
prédio que tinha por finalidade abrigar de forma da Cultura, absorvendo parte das funções do Instituto
melhor o seu acervo. Atualmente, com algumas Nacional do Livro (INL) que foi extinto naquele ano.
modificações, esse edifício abriga a Escola de Música
da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Com essa reestruturação teve incluídos em sua
estrutura organizacional os seguintes órgãos:
Como seu acervo continuava a ampliar-se com as
doações, aquisições e através de contribuição legal, • Escritório de Direitos Autorais (EDA), em que
compra de coleções de obras raras em leilões e em são realizados os registros de obras
centros livreiros de todo o mundo, em breve seria intelectuais
necessária sua mudança para outro edifício, mais • Agência Brasileira do International Standard
adequando às suas necessidades. Book Number (ISBN)
• Agência Brasileira do International Standard
[editar] A sede atual Series Number (ISSN)
• Agência Brasileira do International Standard
Escadaria interior Music Number (ISMN)

O crescimento constante e permanente do acervo da A partir dessa data passou a coordenar, em todo o
biblioteca foi fundamental para a realização de um Brasil:
projeto de construção de uma sede que atendesse a
todas as necessidades da biblioteca, acomodando de
forma adequada suas coleções. Com base nisso foi • o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas
projetado seu atual prédio, que teve sua pedra • o Programa Nacional de Incentivo à Leitura
fundamental lançada em 15 de agosto de 1905, durante (PROLER)
o governo de Rodrigues Alves. A inauguração se • o Plano Nacional de Obras Raras (PLANOR)
realizou em 29 de outubro de 1910, durante o governo • o Plano Nacional de Microfilmagem de
Nilo Peçanha. Periódicos Brasileiros (PLANO)

O edifício da Biblioteca Nacional, cujo projeto é Além disso tornou-se responsável pela promoção e
assinado pelo engenheiro Sousa Aguiar, tem um estilo divulgação de autores e livros brasileiros no exterior,
eclético, no qual se misturam elementos neoclássicos e através de participação em feiras internacionais de
art nouveau, e contém ornamentos de artistas como livros e concessão a editoras estrangeiras de bolsas de
Eliseu Visconti, Henrique e Rodolfo Bernardelli, apoio à tradução de escritores brasileiros.
Modesto Brocos e Rodolfo Amoedo.
[editar] Funções
Fica situado na Avenida Rio Branco, número 219,
praça da Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, e A BN tem estabelecido estreita relação com
compondo com o Museu Nacional de Belas Artes e o organismos internacionais para divulgar os livros e
Teatro Municipal um conjunto arquitetônico e cultural autores brasileiros, e tem atuado no desempenho de
de grande valor. funções referentes à biblioteca, ao livro e à leitura, em
seus diversos segmentos.
[editar] Atividades
Como também tem a função de centro nacional de
Ao longo do século, a Biblioteca Nacional diversificou informações bibliográficas e documentais, vem
e aperfeiçoou suas atividades, e passou por sucessivas atuando como uma biblioteca de amplo acesso com
reformas. Em resposta às exigências impostas pela acervo disponível a pesquisadores, tanto presenciais
demanda dos pesquisadores, e diante da importância do quanto distantes, no Brasil e no exterior. Em seu
conjunto bibliográfico e documental sob sua guarda, prédio-sede atende a cerca de quinze mil usuários por
buscou acompanhar a evolução tecnológica mundial e mês.
investiu no aprimoramento dos mecanismos de
segurança e preservação do patrimônio sob sua Dispõe de duas outras bibliotecas públicas:
custódia; criou e desenvolveu metodologias modernas
de catalogação e classificação para seu acervo e adotou • a Biblioteca Demonstrativa de Brasília (BDB),
novas tecnologias da informação, para garantir o com atendimento ao público do Distrito
direito de acesso do cidadão e contribuir para a sua Federal que registra uma média de 25 mil
qualificação. usuários por mês
• a Biblioteca Euclides da Cunha (BEC),
dedicada ao público infanto-juvenil da
Biblioteca Nacional, com a média de 2500
usuários por mês

De seu acervo, vale destacar um exemplar da Bíblia de


Mogúncia, de 1462 e a coleção iconográfica, Teresa
Cristina Maria, inscrita no registro Programa Memória
do Mundo pela Unesco em 2003. Esta última foi alvo
de um grande furto em 2005.

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