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Ele afirma que o ego, diferente de Klein, não está desenvolvimento desde o nascimento,
mas é constituído com as experiências do bebê com o outro. A grande pesquisa de René
focou o estudo de crianças em orfanatos e ele analisou os dados de crianças do berçário
de uma prisão feminina e de um orfanato. E o desenvolvimento melhor se deu com as
crianças da prisão feminina. As crianças da prisão tinham todas as funções e
capacidades desenvolvidas e as crianças dos orfanatos tinham o desenvolvimento
totalmente prejudicado.
As dificuldade das crianças nesse momento pode ser superada com as relações mãe-
bebe satisfatórias. Ele fala de alguns problemas no desenvolvimento que ele chama de
afecções tópicas e uma das modalidades é a quando o bebe apresenta um déficnt de seu
desenolvimento e se cuidado suficientemente bom for estabelecido até o primeiro mês,
a criança pode voltar a se desenvolver normalmente. O olhar do Spitz é a necessidade de
uma figura significativa para o desenvolvimento dessa criança.
1) Estágio objetal, não há objeto, nem relação objetal.... diferente de Klein, onde já se
tem relações objetais.
Compreende os 3 primeiros meses do bebê e é uma vivencia parecida com a descrita por
Winnicot, onde não há diferenciação da mãe e criança, eles formam uma única unidade,
é uma relação simbiótica. O objeto libidinal não é reconhecido. O objeto SEIO não é
sentido como libidinal, por que o SEIO e a mãe são uma única unidade. Não existe ego,
é uma posição bem diferente da visão de Klein, onde o ego já nasce com uma estrutura.
O que o bebe sente são experiências positivas de prazer ou negativas de desprazer, mas
não há representação, são as duas formas de reação e percepção dos estímulos. Esse ego
não existe, eles está em processos de vir a ser. Não há atividade mental ou psíquica, o
bebe não consegue distinguir as sensações que vem das pulsões libidinais ou agressivas.
Há apenas o recalque, a barreira que protege o bebe dos estímulos que o afetam. Se ele
sentisse todos os estímulos que rodeiam, sem a formação do ego, ele viveria o caos por
isso o recalque é importante nesses 3 primeiros meses de vida.
O ego é parte do seu aparelho psíquico que virá a ser. A mãe cumpre um papel
fundamental para satisfazer as necessidades dos instintos e a vivência de sustentação.
Isso acontece até o terceiro mês. E esses dados foram obtidos por meio de técnicas
potentes em termos de registro: fotos, filmagem. A falta de resposta do bebe aos vários
estímulos, faz com que o autor chegue a essas conclusões.
Qualquer rosto humano é identificado com mãe, por isso o sorriso a todo e qualquer
rosto humano. Por isso ainda não identifica seu objeto libidinal (a mãe).
Sorriso – primeiro ordenador psíquico, por que reconhece o OUTRO como OUTRO e
não como uma fusão dele.
Por que forçar a criança a perceber que existe uma realidade externa, além da sua
vivencia, que o mundo não gira a seu redor, que nem sempre vai ser atendida no
momento em que precisa, leva o bebe a um processo mais autônomo.
No 6º mês os pré objetos se integram e quando há a integração dos objetos bons e maus
na mãe, começa o estágio libidinal.
Algo importante é que nasce aqui a primeira relação efetiva de objeto, que não é só
visual, mas, acima de tudo, afetiva. O primeiro ordenador o contato se dava pela visão,
aqui a falta remete a uma perda afetiva. É um avanço significativo.
É com reconhecimento desse vínculo afetivo com objeto de prazer e de amor que a
criança começa a desenvolver seu aparelho psíquico.
Fechando esse período surge o terceiro ordenador psíquico que é a aquisição do não. No
final do primeiro ano de vida o desenvolvimento neurológico faz com que o bebe
comece a dar seus primeiros passos e a tocar em tudo o que encontra na sua frente e a
mãe diz que não pode. Aí surge o terceiro ordenador: a interdição, que não vem só com
o não, mas com o gesto de balançar a cabeça, mexer os dedos e o significado do NÃO
com A LINGUAGEM CORPORAL.
Angústia mais uma vez, por que a criança frente aos seus instintos de descoberta e
exploração do ambiente é barrado pela mãe, o bebe entra num dilema, ou obedecer ou
perder o afeto e amor do objeto. qual melhor escolha? Perder o amor ou sucumbir aos
seus desejos? A solução para esse dilema é a identificação com o objeto e a
incorporação do interdito, introjeção da norma. É parecida com a angústia do édipo. O
nome é “IDENTIFICAÇÃO COM AGRESSOR”, a criança internaliza a interdição e
está aberta a toda realidade externa e pode funcionar com o princípio de realidade e não
mais o princípio do prazer.
A partir desse último estruturador o EGO está formado. Criança nasce desconstituída de
ego, que se forma até o primeiro ano, com os 3 ordenadores:
3ª introjeção do NÃO – interdito (primeiro ordenador abstrato, que vem com linguagem
oral, mas também corporal e aí está pronto pra entrar no mundo da linguagem). Se não
tiver esse ordenador, a linguagem não se dá. Por isso o atraso da linguagem das crianças
em orfanato, por que não tiveram a figura da interdição no momento correto.
QUADROS PSICOPATOLÓGICOS NO PRIMEIRO ANO DE VIDA
Na depressão anaclítica tem uma privação afetiva parcial, a criança é privada do contato
afetivo por um determinado período de tempo. Pode ser por que a mae ficou no hospital,
viajou.
3º mês: a criança rechaça o contato humano, passa a não dormir, tem queda de sua
capacidade imunológica e apresenta rigidez na expressão facial. É como se ela entrasse
num processo de embotamento,
Essa primeira afecção é parcial. Mesmo que a criança chegue nesse último estado, caso
a mãe volte, ou haja uma substituta, todo transtorno desaparece com rapidez até o 5º
mês. Inclusive, qualquer lesão física ou neurológica pode ser compensada.
A mais grave é o hospitalismo. Que é perda total, privação total da figura materna. É a
criança abandonada com contato físico não reestabelecido.