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o 67 — 4 de Abril de 2006 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 2411

MINISTÉRIO DA ECONOMIA E DA INOVAÇÃO mente aos seguintes aspectos: eficiência energética, qua-
lidade do ar interior, ensaios de recepção de sistemas
após a conclusão da sua construção, manutenção e moni-
Decreto-Lei n.o 78/2006 torização do funcionamento dos sistemas de climatiza-
ção, inspecção periódica de caldeiras e equipamentos
de 4 de Abril de ar condicionado e responsabilidade pela condução
dos sistemas.
A Directiva n.o 2002/91/CE, do Parlamento Europeu A certificação energética e da qualidade do ar interior
e do Conselho, de 16 de Dezembro, relativa ao desem- dos edifícios exige significativos meios humanos qua-
penho energético dos edifícios, estabelece que os Esta- lificados e independentes, razão pela qual se decidiu
dos membros da União Europeia devem implementar optar pela adopção faseada deste sistema de certificação,
um sistema de certificação energética de forma a infor- começando pelos edifícios maiores e abrangendo, gra-
mar o cidadão sobre a qualidade térmica dos edifícios, dualmente, um universo cada vez mais amplo, à medida
aquando da construção, da venda ou do arrendamento que a experiência se for consolidando e que a população
dos mesmos, exigindo também que o sistema de cer- e a generalidade dos intervenientes, nomeadamente os
tificação abranja igualmente todos os grandes edifícios serviços de projecto, de manutenção e as próprias enti-
públicos e edifícios frequentemente visitados pelo dades licenciadoras, se forem adaptando às novas regras.
público. Optou-se, ainda, por consagrar um modelo de cer-
A certificação energética permite aos futuros utentes tificação energética que salvaguarda um conjunto de
obter informação sobre os consumos de energia poten- procedimentos simplificados e ágeis no domínio do
ciais, no caso dos novos edifícios ou no caso de edifícios licenciamento e da autorização das operações de edi-
existentes sujeitos a grandes intervenções de reabilita- ficação, na linha do esforço de desburocratização que
ção, dos seus consumos reais ou aferidos para padrões tem vindo a ser prosseguido pelo Governo.
de utilização típicos, passando o critério dos custos ener- Este decreto-lei vem ainda dar expressão a uma das
géticos, durante o funcionamento normal do edifício, medidas contempladas na Resolução do Conselho de
a integrar o conjunto dos demais aspectos importantes Ministros n.o 169/2005, de 24 de Outubro, que aprova
para a caracterização do edifício. a Estratégia Nacional para a Energia, no que respeita
Nos edifícios existentes, a certificação energética des- à linha de orientação política sobre eficiência energética.
tina-se a proporcionar informação sobre as medidas de Por outro lado, esta é uma iniciativa também muito
melhoria de desempenho, com viabilidade económica, relevante no combate às alterações climáticas, contri-
que o proprietário pode implementar para reduzir as buindo para uma maior racionalização dos consumos
suas despesas energéticas e, simultaneamente, melhorar energéticos nos edifícios e para a prossecução de uma
a eficiência energética do edifício. das medidas do Programa Nacional para as Alterações
Nos edifícios novos e nos edifícios existentes sujeitos Climáticas, aprovado pela Resolução do Conselho de
a grandes intervenções de reabilitação, a certificação Ministros n.o 119/2004, de 31 de Julho, eficiência ener-
energética permite comprovar a correcta aplicação da gética nos edifícios, pelo impulso que é dado ao cum-
regulamentação térmica em vigor para o edifício e para primento dos regulamentos relativos aos sistemas ener-
os seus sistemas energéticos, nomeadamente a obriga- géticos e de climatização dos edifícios e às características
toriedade de aplicação de sistemas de energias reno- de comportamento térmico dos edifícios.
váveis de elevada eficiência energética, dando, assim, Foram ouvidos os órgãos de governo próprio das
cumprimento ao disposto nos artigos 5.o e 6.o da referida Regiões Autónomas, a Associação Nacional de Muni-
Directiva n.o 2002/91/CE, que obriga os Estados mem- cípios Portugueses, bem como as Ordens dos Engenhei-
bros a garantir a efectiva implementação dos requisitos ros e dos Arquitectos e a Associação Nacional dos Enge-
mínimos regulamentares de desempenho energético por nheiros Técnicos.
forma a assegurar a respectiva eficiência energética. Assim:
As inspecções no âmbito da certificação não se devem, Nos termos da alínea a) do n.o 1 do artigo 198.o da
contudo, resumir ao desempenho energético de caldei- Constituição, o Governo decreta o seguinte:
ras e instalações de ar condicionado. Os sistemas de
climatização devem, também, assegurar uma boa qua-
lidade do ar interior, isento de riscos para a saúde CAPÍTULO I
pública e potenciador do conforto e da produtividade.
Assim sendo, as inspecções a realizar no âmbito da Disposições gerais
certificação devem integrar, também, esta componente
e, deste modo, contribuir para assegurar a adequada Artigo 1.o
manutenção da qualidade do ar interior, minimizando
os riscos de problemas e devolvendo ao público uti- Objecto
lizador a confiança nos ambientes interiores tratados
com sistemas de climatização. 1 — O Estado assegura a melhoria do desempenho
O Regulamento dos Sistemas Energéticos e de Cli- energético e da qualidade do ar interior dos edifícios
matização nos Edifícios (RSECE) e o Regulamento das através do Sistema Nacional de Certificação Energética
Características de Comportamento Térmico dos Edi- e da Qualidade do Ar Interior nos Edifícios.
fícios (RCCTE) consubstanciam a actual legislação exis- 2 — O presente decreto-lei transpõe parcialmente
tente, que enquadra os critérios de conformidade a para a ordem jurídica nacional a Directiva
serem observados nas inspecções a realizar no âmbito n.o 2002/91/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho,
deste sistema de certificação, estabelecendo, para o de 16 de Dezembro, relativa ao desempenho energético
efeito, os requisitos que devem ser aferidos relativa- dos edifícios.
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Artigo 2.o CAPÍTULO II


Objectivo Organização e funcionamento do SCE
O Sistema Nacional de Certificação Energética e da
Qualidade do Ar Interior nos Edifícios, adiante desig- Artigo 5.o
nado por SCE, tem como finalidade: Supervisão do SCE
a) Assegurar a aplicação regulamentar, nomeada- A Direcção-Geral de Geologia e Energia e o Instituto
mente no que respeita às condições de eficiência do Ambiente são, respectivamente, as entidades respon-
energética, à utilização de sistemas de energias sáveis pela supervisão do SCE no que respeita:
renováveis e, ainda, às condições de garantia
da qualidade do ar interior, de acordo com as a) À certificação e eficiência energética; e
exigências e disposições contidas no Regula- b) À qualidade do ar interior.
mento das Características de Comportamento
Térmico dos Edifícios (RCCTE) e no Regu-
lamento dos Sistemas Energéticos e de Clima- Artigo 6.o
tização dos Edifícios (RSECE); Gestão do SCE
b) Certificar o desempenho energético e a qua-
lidade do ar interior nos edifícios; 1 — É atribuída à Agência para a Energia (ADENE)
c) Identificar as medidas correctivas ou de melho- a gestão do SCE.
ria de desempenho aplicáveis aos edifícios e res- 2 — Compete à ADENE:
pectivos sistemas energéticos, nomeadamente a) Assegurar o funcionamento regular do sistema,
caldeiras e equipamentos de ar condicionado, no que respeita à supervisão dos peritos qua-
quer no que respeita ao desempenho energético, lificados e dos processos de certificação e de
quer no que respeita à qualidade do ar interior. emissão dos respectivos certificados;
b) Aprovar o modelo dos certificados de desem-
Artigo 3.o penho energético e da qualidade do ar interior
Âmbito de aplicação
nos edifícios, ouvidas as entidades de supervisão
e as associações sectoriais;
1 — Estão abrangidos pelo SCE, segundo calenda- c) Criar uma bolsa de peritos qualificados do SCE
rização a definir por portaria conjunta dos ministros e manter informação actualizada sobre a mesma
responsáveis pelas áreas da energia, do ambiente, das no seu sítio da Internet;
obras públicas e da administração local, os seguintes d) Facultar, online, o acesso a toda a informação
edifícios: relativa aos processos de certificação aos peritos
a) Os novos edifícios, bem como os existentes sujei- que os acompanham.
tos a grandes intervenções de reabilitação, nos
termos do RSECE e do RCCTE, independen- 3 — Os encargos inerentes à actividade da ADENE
temente de estarem ou não sujeitos a licencia- no âmbito do Sistema Nacional de Certificação Ener-
mento ou a autorização, e da entidade com- gética e da Qualidade do Ar Interior nos Edifícios são
petente para o licenciamento ou autorização, suportados através da receita obtida pelo registo dos
se for o caso; certificados.
b) Os edifícios de serviços existentes, sujeitos Artigo 7.o
periodicamente a auditorias, conforme especi-
ficado no RSECE; Exercício da função de perito qualificado
c) Os edifícios existentes, para habitação e para 1 — A função de perito qualificado pode ser exercida,
serviços, aquando da celebração de contratos a título individual ou ao serviço de organismos privados
de venda e de locação, incluindo o arrenda- ou públicos, por um arquitecto, reconhecido pela Ordem
mento, casos em que o proprietário deve apre- dos Arquitectos, ou por um engenheiro, reconhecido
sentar ao potencial comprador, locatário ou pela Ordem dos Engenheiros, ou por um engenheiro
arrendatário o certificado emitido no âmbito do técnico, reconhecido pela Associação Nacional dos
SCE.
Engenheiros Técnicos, nos termos definidos no RCCTE
e RSECE, e desde que tenha qualificações específicas
2 — A calendarização a definir nos termos do número
anterior tem por base a tipologia, o fim e a área útil para o efeito.
dos edifícios. 2 — A definição das qualificações específicas, refe-
3 — Excluem-se do âmbito de aplicação do SCE as ridas no número anterior, é da competência da asso-
infra-estruturas militares e os imóveis afectos ao sistema ciação profissional respectiva com base num protocolo
de informações ou a forças de segurança que se encon- a celebrar com a Direcção-Geral de Geologia e Energia,
trem sujeitos a regras de controlo e confidencialidade. o Instituto do Ambiente e o Conselho Superior das
Obras Públicas, a celebrar no prazo de três meses a
contar da data de entrada em vigor do presente
Artigo 4.o decreto-lei.
Definições
Artigo 8.o
As definições necessárias à interpretação e aplicação Competências dos peritos qualificados
do presente decreto-lei são as referidas no anexo I, bem
como as constantes do RCCTE e do RSECE, no que 1 — Os peritos qualificados conduzem o processo de
respeita especificamente às disposições com eles rela- certificação energética dos edifícios articulando direc-
cionadas. tamente com a ADENE.
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2 — Compete aos peritos qualificados: Artigo 11.o


a) Registar, na ADENE, no prazo de cinco dias, Taxa
a declaração de conformidade regulamentar O registo dos certificados na ADENE está sujeito
emitida no decurso do procedimento de licen- ao pagamento de uma taxa, a fixar anualmente por por-
ciamento ou de autorização, nos termos pre-
taria conjunta dos membros do Governo responsáveis
vistos no RCCTE e RSECE;
b) Avaliar o desempenho energético e a qualidade pelas áreas da energia e do ambiente.
do ar interior nos edifícios e emitir o respectivo
certificado, aquando do pedido de emissão da CAPÍTULO III
licença ou autorização de utilização, proce-
dendo ao respectivo registo, na ADENE, no Fiscalização
prazo de cinco dias;
c) Proceder à análise do desempenho energético Artigo 12.o
e da qualidade do ar nas auditorias periódicas Garantia da qualidade do SCE
previstas no RSECE e emitir o respectivo cer-
tificado, registando-o na ADENE, no prazo de 1 — A ADENE fiscaliza o trabalho de certificação
cinco dias, com menção a medidas de melhoria do perito qualificado, com base em critérios de amos-
devidamente identificadas, assumindo a respon- tragem a aprovar pelas entidades responsáveis pela
sabilidade do seu conteúdo técnico; supervisão do SCE.
d) Realizar as inspecções periódicas a caldeiras e 2 — As actividades de fiscalização referidas no
a sistemas e equipamentos de ar condicionado, número anterior podem ser contratadas pela ADENE
nos termos do RSECE, e emitir o respectivo a organismos públicos ou privados.
certificado, registando-o na ADENE, nos ter- 3 — Sem prejuízo do disposto no n.o 1, a ADENE
mos previstos na alínea anterior. assegura que a actividade de cada perito seja fiscalizada
de cinco em cinco anos.
Artigo 9.o
Artigo 13.o
Obrigações dos promotores ou proprietários
dos edifícios ou equipamentos Qualidade do ar interior

1 — Os promotores ou proprietários dos edifícios 1 — A ADENE pode ordenar a fiscalização, por ini-
obtêm o certificado de desempenho energético e da qua- ciativa própria, nomeadamente, nas seguintes circuns-
lidade do ar interior nos edifícios nos termos do presente tâncias:
decreto-lei, do RCCTE e do RSECE.
2 — Os promotores ou proprietários dos edifícios são a) Sempre que haja indícios de que um edifício
responsáveis, perante o SCE, pelo cumprimento de representa perigo, quer para os seus utilizadores
todas as obrigações, quando aplicáveis, decorrentes das ou para terceiros, quer para os prédios vizinhos
exigências do presente decreto-lei, do RCCTE e do ou serventias públicas;
RSECE. b) Quando, na sequência de reclamações ou de
3 — Os promotores ou proprietários dos edifícios ou participações, se afigurar possível que tenha
equipamentos abrangidos pelo SCE devem solicitar a ocorrido ou possa vir a ocorrer uma situação
um perito qualificado o acompanhamento dos processos susceptível de colocar em risco a saúde dos
de certificação, auditoria ou inspecção periódica. utentes.
4 — Os promotores ou proprietários de edifícios ou
equipamentos são obrigados a facultar ao perito, ou 2 — As actividades de fiscalização podem ser con-
à ADENE, sempre que para tal solicitados e quando tratadas pela ADENE a organismos públicos ou pri-
aplicável, a consulta dos elementos necessários à rea- vados.
lização da certificação, auditoria ou inspecção periódica,
conforme definido no RCCTE e RSECE; CAPÍTULO IV
5 — Os proprietários dos edifícios são também obri- Contra-ordenações, coimas e sanções acessórias
gados a requerer a inspecção dos sistemas de aqueci-
mento com caldeiras e equipamentos de ar condicio- Artigo 14.o
nado, conforme estabelecido no RSECE.
6 — Os proprietários dos edifícios de serviços abran- Contra-ordenações
gidos pelo RSECE são obrigados a participar, no prazo 1 — Constitui contra-ordenação punível com coima
de cinco dias, qualquer reclamação que lhes seja apre- de E 250 a E 3740,98, no caso de pessoas singulares,
sentada a propósito da violação do disposto naquele
regulamento. e de E 2500 a E 44 891,81, no caso de pessoas colectivas:
7 — Os proprietários dos edifícios de serviços abran- a) Não requerer, nos termos e dentro dos prazos
gidos pelo RSECE são ainda responsáveis pela afixação legalmente previstos, a emissão de um certifi-
de cópia de um certificado energético e da qualidade cado de desempenho energético ou da quali-
do ar interior, válido, em local acessível e bem visível dade do ar interior num edifício existente;
junto à entrada. b) Não requerer, dentro dos prazos legalmente
Artigo 10.o previstos, a inspecção de uma caldeira, de um
sistema de aquecimento ou de um equipamento
Validade dos certificados
de ar condicionado, nos termos exigidos pelo
O prazo de validade dos certificados para os edifícios RSECE;
que não estejam sujeitos a auditorias ou inspecções c) Solicitar a emissão de um novo certificado para
periódicas, no âmbito do RSECE, é de 10 anos. o mesmo fim, no caso de já ter sido concretizado
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o registo previsto na alínea b) do n.o 2 do área da certificação energética, a Direcção-Geral de


artigo 8.o; Geologia e Energia e, para a certificação da qualidade
d) Não facultar os elementos necessários às fis- do ar interior, a Inspecção-Geral do Ambiente e do
calizações previstas nos artigos 12.o e 13.o; Ordenamento do Território.
e) A emissão de um certificado, pelo perito qua- 2 — Compete ao director-geral de Geologia e Energia
lificado, com a aplicação manifestamente incor- e ao inspector-geral do Ambiente e do Ordenamento
recta das metodologias previstas no RSECE, no do Território, nos respectivos domínios de responsa-
RCCTE e no presente decreto-lei; bilidade, a aplicação das coimas e das sanções acessórias
f) A não apresentação dos certificados e da decla- referidas nos artigos 14.o e 15.o
ração de conformidade regulamentar, para efei- 3 — Nas Regiões Autónomas as entidades competen-
tos de registo, nos termos do disposto no tes para a instauração e instrução de processos de con-
artigo 8.o tra-ordenação e aplicação de coimas são as entidades
responsáveis pelas áreas da energia e do ambiente.
2 — Constitui contra-ordenação punível com coima
de E 125 a E 1900, no caso de pessoas singulares, e
de E 1250 a E 25 000, no caso de pessoas colectivas, Artigo 17.o
não facultar aos inspectores os documentos referidos
Produto das coimas
no n.o 4 do artigo 9.o, quando solicitados, independen-
temente de outras sanções previstas pelo RSECE. 1 — O montante das importâncias cobradas em resul-
3 — Constitui contra-ordenação punível com coima tado da aplicação das coimas previstas nos artigos ante-
de E 75 a E 800, no caso de pessoas singulares, e de riores é repartida da seguinte forma:
E 750 a E 12 500, no caso de pessoas colectivas, a
falta de afixação, nos edifícios de serviços, com carácter a) 60 % para os cofres do Estado;
de permanência, em local acessível e bem visível junto b) 40 % para a entidade que instruiu o processo
à entrada, da identificação do técnico responsável pelo de contra-ordenação e aplicou a respectiva
bom funcionamento dos sistemas energéticos e pela coima.
manutenção da qualidade do ar interior e de uma cópia
de um certificado de desempenho energético e da qua- 2 — O produto das coimas resultantes das contra-or-
lidade do ar interior, válido, conforme previsto no denações previstas no artigo 14.o aplicadas nas Regiões
RSECE e no presente decreto-lei. Autónomas constitui receita própria destas.
4 — A tentativa e a negligência são puníveis.

Artigo 15.o CAPÍTULO V


Sanções acessórias Disposições finais e transitórias
1 — Em função da gravidade da contra-ordenação,
pode a autoridade competente determinar a aplicação Artigo 18.o
cumulativa da coima com as seguintes sanções aces- Medidas cautelares
sórias:
1 — Quando, em edifício existente que ainda não pos-
a) Suspensão de licença ou de autorização de sua plano de manutenção ou sistema centralizado apro-
utilização; vado, se verifique uma situação de perigo iminente ou
b) Encerramento do edifício; de perigo grave para o ambiente ou para a saúde pública,
c) Suspensão do exercício da actividade prevista
a ADENE deve comunicar esse facto à Inspecção-Geral
no artigo 7.o do presente decreto-lei.
do Ambiente e do Ordenamento do Território e ao
2 — As sanções referidas nas alíneas a) a b) do delegado concelhio de saúde, que podem determinar
número anterior apenas são aplicadas quando o excesso as providências que em cada caso se justifiquem para
de concentração de algum poluente for particularmente prevenir ou eliminar tal situação.
grave e haja causa potencial de perigo para a saúde 2 — O disposto do número anterior é também apli-
pública, nos termos do RSECE. cável aos edifícios novos, caso em que a imposição de
3 — A sanção referida na alínea c) do n.o 1 é aplicada medidas cautelares cabe à entidade licenciadora, à Ins-
quando os peritos que praticaram a contra-ordenação pecção-Geral do Ambiente e do Ordenamento do Ter-
o fizeram com abuso grave das suas funções, com mani- ritório e ao delegado concelhio de saúde, no âmbito
festa violação dos deveres que lhes são inerentes e, das respectivas competências.
ainda, nos casos de incorrecta aplicação das metodo- 3 — As medidas referidas nos números anteriores
logias de forma reiterada, e tem a duração máxima de podem consistir na suspensão do funcionamento do edi-
dois anos contados a partir da decisão condenatória fício, no encerramento preventivo do edifício ou de parte
definitiva. dele ou, ainda, na apreensão de equipamento, no todo
4 — A sanção referida no número anterior é noti- ou parte, mediante selagem, por determinado período
ficada à ordem ou associação profissional na qual os de tempo.
peritos em causa estejam inscritos e à ADENE. 4 — A obstrução à execução das providências pre-
vistas neste artigo pode dar lugar à interrupção de ener-
Artigo 16.o gia eléctrica, através de notificação aos respectivos dis-
tribuidores, a concretizar pela entidade competente, nos
Entidades competentes para processamento das contra-ordenações termos da legislação aplicável.
e aplicação de coimas
5 — O levantamento das medidas cautelares é deter-
1 — As entidades competentes para a instauração e minado após vistoria ao edifício da qual resulte terem
instrução dos processos de contra-ordenação são, na cessado as circunstâncias que lhe deram origem.
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6 — A adopção de medidas cautelares ao abrigo do e, por acréscimo, dos níveis de consumo de energia
presente artigo bem como a sua cessação são averbadas dos sistemas de climatização e suas causas, em con-
no respectivo plano de manutenção da qualidade do dições de funcionamento, mas também, no caso da
ar interior pelo técnico responsável do edifício e comu- energia como da qualidade do ar, a verificação das
nicadas à entidade que emite a respectiva licença de condições existentes no edifício em regime pós-ocu-
utilização do edifício, no prazo máximo de 30 dias. pacional. Para efeitos do presente decreto-lei, o termo
«auditoria» tem significado distinto e não deve ser
Artigo 19.o confundido com o conceito definido na norma NP
EN ISO 9000:2000.
Aplicação nas Regiões Autónomas
Certificado — documento inequivocamente codificado
O presente decreto-lei aplica-se às Regiões Autóno- que quantifica o desempenho energético e da qua-
mas dos Açores e da Madeira, sem prejuízo das com- lidade do ar interior num edifício.
petências cometidas aos respectivos órgãos de governo Edifício — entende-se por «edifício», para efeitos do
próprio e das adaptações que lhe sejam introduzidas presente decreto-lei, quer a totalidade de um prédio
por diploma regional. urbano, quer cada uma das suas fracções autónomas.
Grandes edifícios — edifícios de serviços com uma área
Artigo 20.o útil de pavimento superior ao limite mínimo definido
no RSECE.
Disposições transitórias Grande intervenção de reabilitação — uma intervenção
1 — Todas as medidas regulamentares previstas no na envolvente ou nas instalações, energéticas ou
presente decreto-lei devem estar publicadas no prazo outras, do edifício, cujo custo seja superior a 25 %
máximo de oito meses a contar da data da sua entrada do valor do edifício, nas condições definidas no
em vigor. RCCTE.
2 — Findo o prazo previsto no n.o 2 do artigo 7.o Pequenos edifícios — todos os edifícios de serviços com
sem que tenham sido celebrados os protocolos ali refe- área útil inferior ao limite que os define como grandes
ridos, as qualificações específicas necessárias ao exer- edifícios.
cício da função de perito qualificado são as que resul- Plano de acções correctivas da qualidade do ar inte-
tarem de despacho conjunto dos ministros responsáveis rior — conjunto de medidas destinadas a atingir, den-
pelas áreas da energia, do ambiente e das obras públicas, tro de um edifício ou de uma fracção autónoma, con-
o qual vigora até à celebração dos protocolos. centrações de poluentes abaixo das concentrações
Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 26 máximas de referência, por forma a garantir a higiene
de Janeiro de 2006. — José Sócrates Carvalho Pinto de do espaço em causa e a salvaguardar a saúde dos
Sousa — António Luís Santos Costa — Diogo Pinto de seus ocupantes.
Freitas do Amaral — Fernando Teixeira dos San- Plano de racionalização energética — conjunto de medi-
tos — Alberto Bernardes Costa — Francisco Carlos da das de racionalização energética, de redução de con-
Graça Nunes Correia — Manuel António Gomes de sumos ou de custos de energia, elaborado na sequên-
Almeida de Pinho — Mário Lino Soares Correia — Antó- cia de uma auditoria energética, organizadas e seria-
nio Fernando Correia de Campos. das na base da sua exequibilidade e da sua viabilidade
económica.
Promulgado em 5 de Março de 2006. Potência nominal — a potência térmica que um equi-
Publique-se. pamento é capaz de fornecer nas condições nominais
de cálculo e que consta da sua placa de características.
O Presidente da República, JORGE SAMPAIO. Proprietário — o titular do direito de propriedade do
edifício ou de outro direito real sobre o mesmo que
Referendado em 6 de Março de 2006.
lhe permita usar e fruir das suas utilidades próprias
O Primeiro-Ministro, José Sócrates Carvalho Pinto de ou, ainda, no caso de edifícios ou partes de edifícios
Sousa. destinados ao exercício de actividades comerciais ou
de prestação de serviços, excepto nas ocasiões de cele-
ANEXO I bração de novo contrato de venda, locação, arren-
Definições damento ou equivalente, as pessoas a quem por con-
trato ou outro título legítimo houver sido conferido
Área útil — a soma das áreas, medidas em planta pelo o direito de instalar e ou explorar em área deter-
perímetro interior das paredes, de todos os compar- minada do prédio o seu estabelecimento e que dete-
timentos de um edifício ou de uma fracção autónoma,
nham a direcção efectiva do negócio aí prosseguido
incluindo vestíbulos, circulações internas, instalações
sanitárias, arrumos interiores à área habitável e outros sempre que a área em causa esteja dotada de sistemas
compartimentos de função similar, incluindo armários de climatização independentes dos comuns ao resto
nas paredes. do edifício.
Auditoria — método de avaliação da situação energética Sistema de aquecimento — conjunto de equipamentos
ou da qualidade do ar interior existente num edifício combinados de forma coerente com vista a promover
ou fracção autónoma e que, no âmbito do presente o aquecimento de um local, incluindo caldeira, tuba-
decreto-lei, pode revestir, no que respeita à energia, gem ou condutas de distribuição, bombas ou venti-
conforme os casos, as formas de verificação da con- ladores, dispositivos de controlo e todos os demais
formidade do projecto com os regulamentos RCCTE acessórios e componentes necessários ao seu bom
e RSECE ou da conformidade da obra com o projecto funcionamento.

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