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Insénia 1 ott nio? Esta pergunta sungin-me de eho fre no. sono profundo -aeordon-me. A inérela findow mum instante, 0 corpo morto le vanton-se ripiile, como se fosse inpelido por tum maquinisto, Sin ov nio? Para bem dizer ni era per tn, vor inferior on fantasmagoria de sotto tra una expéete de mio poderosa que me agate ava os cabelos e me Ievantava do eolehio, br falmente, me sentava na eanta, arrepiado e ata ido, Ninea ningném despertou de semelhante rmaneira. Umma garra segurando-me os eabelos, pusando-me para cima, forcandome a enguer © espinhiago, @ a ¥o2 soprada nox mens ouvidos, fritada aos’ mens ouvidos, — "“Sim on nao” Nada sei: estou atordoado ¢ preciso conti hiya a dormir, nio pensar, nio desejar, matéria {rin ¢ impotente, Bieho inferior, plana ou pe- dea, mum eolehio, De repente a modorra son, a mola me suspenden e a interrogacao absurda, me entro hos ouvidos: — "Sint om iio?" Encostar de nova a eabeea ao travesseito continuar a dormir, dormir sempre, Mas 0 Aesgragado corpo esta exguido e io tolera a po- sigio horizontal. Poderei dormir sentadot Um, dois, nm, dois. Certamente sio as pan- ‘elas de van pazatio inexistente. ‘Um, dois, umn, ‘Onvindo isto, aeabared dorinindo sentado, ° E escorregarei no colo, mergulbarel a eaboca zo trayessero, como ui bruto, levantar-me-el {tanto com os rumares dar, os pregies os vendedores, que men excto ‘Um, dois um, dois, Nao eonsigoestrar nn candy emibrulecerme novamente: impos rel a alaplacio aos leng6ise As colsas moles die enchen ealchdo-e os travereciros. Cotas Imeuteaquilo foi alucinagéoy esforgo-m0 por acreditar que wna alcinapao ne agarro os ea ins e me eonservon deste modo, ineirgedo, os aos muito aber, chetos de pavores, Que pa- vores? Por que tremo, tonto eustentar-pe em Colaag passadas, fragels, (elas de aranha Sin ou no Estarel completamente doido tou ben, é claro, Tavlo em Fedor ae eoneerva em Orem am arg oan nem in iniuy aa paredes samtram-e depois qe aper- {elo bota docomatador a faixa dene que ra reo quarto comm, igual A que ontem te fei ts ols me deaperto subitamente ‘Por que fui imaginar gue este jato de Tus & diferente dos outros efunesto¥ Cai na eama e tolel fora dau nem sei que tempo longe, mito Tonge, gastando-me no eepago. Partfetlas mi nas hoiarann toa entxe ce ntundos De repent time janela se abria na casa igi, wan orto dle Tur alravessousme a virara, entrowme em tea e interrompen aatséncla prolongada ‘Sim ou nfo Quem me et fozenlo na som. ‘a esta horrivel pergunta? Com a golfada de Tez que peuetrou a vidrage, alguén chegou, Dogot-me os eabelos, levantonsme do. colehio, glloume as palaveas sem sentido eeseondense Te ardinio aida ensa proxi Se gue {tyes toreide una lampada para aesqaera ot toca um btao a pared, eu frie eontinnado rola hn ens, fora da Terra. Sas isto Sao a den ea ria queime divide o qurta Inda-se em pesto. ‘Quem ee aquit Sed um lado? Avent sa tol raal perdido. Nao poss nada ue yous our, "Se um Indio paeou Delos Slufes procurtloel taleando, emeonr&loat hum easto de pare e dire! hain, para nao Imodtont-los "Nao te porno dar nada, meu Hilo. Volta para o logan donde vests atraves Eenovamente os vidroe E delacme af qualquer ‘oise'" Nao, nonhumn lade se egana eomigo. Gtadoalguém me estrone cam st pero de mim, repstindo as paavrge que me end Sim io, sim, no. Um religio tents cha- rare iretidade. Que tmpo dormi? Bape- Tareiaié quo orelugi bata de now e me dg {oo rel mals cn hor, dnteo dest horeve Sato de hoe ‘Vin, ds um, dois. Tudo ito sso. Onvt feligo est longe ou pertoso tiue-tague dele to prising e mute distant Sim ou niot Devetetlvantaeme, andary wie, ehogar i anelaereeeber oar da madrgae Gai Impousivel moverme. Para aleangar a J nela preciso atravessar esta claridade que me onde o quarto como una cana, rasga a escut do, fria, dura, rua, Sea esentidio fosce ean pleta, ew couseguiria eneostar-ine de nove, eer. rar os olhos, pensar aiim eneontto que’ tive durante o dia, recordar ima frase, un Tost, 8 milo que me apertou x dedos, mnentivas eas 0 rel6gio lé embaixo torna a bater. Conto fas paneadas o engano-mme, Duns ou trés? Da ‘qui uma hora certifiear-me-ei, Uma hora img vel, 08 cotovelos pregaddos nos joelhos, © quetixo tas miles, os dedos sentindo a dureza dos esse a cara. O que hi de sensivel nesta carcaga tre. Ila eoneentrouse nos deslos,e os dedos apa am oseos de eavetra, Un dois, um, dois, Evidentemente me equi veo, nis ougoo tigtetag do péndulos 0 re gio afastourse, gastard uma elernidade para Ime dizer se foram duas ou trés as panendas que ‘me penetraram a earne e rebentatam ossos, Qu um rato faruinto que roeu. Nao. Se fosse umn rato, en me levantari, ita enxotéclo, Usaria as pernas, que se fornata de ehumbo, atravessaria a zona luninosa, acende ia um cigar, tui, a martelar no eseuro, sma ow wlo-me? 8 porta, se chegou vaminavelmente’ ‘Houve agora uma pausa nesta agonia, to os rumores se dissiparam, a vidraga escunec 0 séalho fugin-me dos pés-—e senti-me cair de vagar na treva absoluta, Subitamente wan foo suete rasga a treva eum arrepio sacode-aue. Na queda imensa deixei a cama, aleancei a mesa, ‘vim famar Sim ou nfo? A pergunta eorta 2 noite 1on- ga, Parove que a cade se enehen de igreies, Be todas as gre jas hd sinos tocando, higubres {im ou no Sim ou nfo?” Por que & que estes ‘ne tocam fora de hora, adiantadamente? “A‘foscoa invisivel que me persegue rio S6 contenta com a interrogaeio multiplicada: aper- (aimee peseogo. Tenbo um n6 na gargantay Uihns me fevem, uma horrivel gravata me es trang, "Por que estan rindot Hem? Por que esto indo aqui no mew quarto? An, an! An, ant Nio bé motivo, An, ant An, ant Um sujeito Mardou no meio da nelte, mio reatou o son, eto sentar-se A mesa.e fumar. Apenas. Inteira- Tene calmo, os cotovelos pregados na madeira, Daueixo apoiado nas munheeas, o eigarro preeo ja Gentes os dedos quase parados pereorrendo fis exeresedneias de uma eaveira, ‘Toda a carne fgiu, toda a-varne apodreceite foi comida pe Tovvermes, Um feixe de cssos, escorado it mesa, fms, Um esqueleto veio da cama até agus ralejanido-se, Pangendo. ‘Sima out nao? La até 0 diabo do rel6gio a siquetaquear, a moatracar: “Sim ou nio%”. De- Nefaria que’ me deixassem em paz, nfo, me Viensem fazer pergantas a esta hora, Se pndesse Juivnr a enhega, deseansaria talvez, dormiria Janta i phe do livros, despertaria’ quando 0 fol entra pela janet. ‘Tarn d,s dia Quo wwe dizia ontem & fardn aquele fianen ris, perto ao uma vi trina? ‘ie mmvell Pens ee discord’ dete achel tudo ruim na vid, © homem amével soe- Su para nfo me conttariag, Provavelmente ot donnie, MTeré parade o madi religio? ‘Teré ba- tido enquanto me nse, constmt xéeos dn Uinslenio grande envale omndo, Con tudo vor que me alge conte esp mne noe ovvido, a apertarme o pescago Esl mega, Com & possiel setelhante eotea? Como possvel uma vor apertar o pescogo de alguém? Teo, tento libertarane da lena ye me psa para ina nova queda, expeo amin mex que Stqueime apertao peseoge ao una vor nn gravata, “A vor die apenas: ~—"'Sim ou no?” From? Que vou responder? TE na teil ingustge. Por qe dora tha, enelhide a falanges desearnadas contor hha GritasYanias? Tem? Os verinesinsath ‘Alig qu vinha da ensn proxi desapare- cou, a viragnapagos-ey ete quarto 6 uma s- dulfna, Una snitura onde pedagos don do se ampliam desesperadamente Invent? por one entrant estas palavras? ie pontas de cigrras se acumblamn, Exou x6 der afastar do Hinul obgat-ine @ anda na fun, tonne o bande, entrar Do eae? Sim ou nfo? Bel lét Antes de morrer, ag te-me como’ dado, corr como doido, enorme 6 fansiedade me eonsumin, Agora estox imivel e travgill, Como posso fumar se estou imdvel € tranqiilo? A brasa do elgarro desloea-se vaga rosamente, chega-me & boca, aviva-se, foe, ent palidece, & uma brasa animada, vai e vem, solta hho at, como um fogo-fatno. Os mens dedos es ‘io Tonge dela, frien e sem earne, metides em “rhitas vazias, Toda a vontade stmiu-se, derre- teu-8e — ea brasa é um olho zombeteiro, Vai e vem, lenta, vai e vom, parece que me esté per- suntendo qualquer coisa Evidentemente sou um sujeito feliz. Hem? Felize imével. Se alguém comprimisse ali o bo- ‘to do comntador, ew verin no espelho uma eara sossegala, a mesma que vejo todas os dias, inex- pressiva, indiferente, um sorriso idiota pregado thos bei. Amanhi comportarsne-et direito, amarr rel uma gravata 20 peseogo, pereorrerei as russ ‘como um bieho daméstieo, tum eidadio eomum, arrastado para aqui, para a convonientes, Feliz, compl ‘Novos foguetes rompem a eseurido ¢ acen- lem novos cigarros. Feliz e imével. Se a notte finxdasse, erguer-me-ia, eaminbaria eomo 08 ot ‘ros, entraria no baneiro, livrarsme-ia das im ppuregas que me esto ealadas nos ossas, Mas a noite nia finda, todos os reldgios deseansaram en Terra esti finével como eu, 0 siléneio ¢ um burburinko confuse, um s0- pro monétono. Pareee que tum grande vento se erzama gemendo sobre as &rvores dos quintais visinhos. Um zumbido longo de abelhas. as nhelhas parter ot vidros da janela eseura, 0 ” vento vom Inmber-0 os oso, entolar- 2 no Thou pevcor como una graval, Fin. "A tocha qunte apngada do eigarro treme; ox dedos qu Yereornem barneos deo tas vaniag, tremem, “Eva tremrn neprodr © tigwetaqee de wm Flip ‘Desejarin converar, vollar a ser homem, sustentar ima spinizo qualgies, defender me fie inimigosinvsiveis_ As ides amorteceram temo a brasa do cigatro. 0 frfo stendese covet Hon omos choalinin a pergunta inv fel Ban ou aio? Bim ou nio¥ Sin ou not Um Ladrio ‘quo desgragou por toda vida foi a feli ‘eidade que o acompanhou durante um més o.dois. Coisa estranha: sem nenhima prepa ao, tan tipo se aventura, anda para ben dizer ‘Te olhos fechados, eomete entos, entra nas easas em examinar os arredores, pia como se estives- ena ra —e tudo corze bem. Pisa coma se esti- ‘esse na Tua. Bat que prineipia a dif Convém saber mexer-se rapidames rior, como um gato: o corpo nko pess, ondula, parece querer vos, mal se firma na perna {que adquirem elastisidade de borrach. Se nao fosso assim, as juntas estalariam a cada instan- te, o homem gostaria uma eternidade para des Inear-e, o trabalho se tornaria impossivel. Mas ‘inguém eaminha dese jeito sem aprendiza- gel, € a aprendizagem no se realizaria se as primeivas tentativas fossem descobertas, Deve hhaver uma divindade protetora para as exia- ras estouvadas e de articulagies perras. No eomiogo usara sapatos de corda —e ninguém des- confia delas: eonseguem nio dar nas vistas, porque sio como toda a gente, Neuhuma poliela {ria aeompanhiclas, Se nio batessem nos mé- veis e mio dirigissem a luz para os ollos das pessoas adormocidas, nfo cairiam na pris ‘nde ganham es modos necessirios ao offeio. upuram o ouvido e habituam-se a destizar. Ci fora nio’precisurio sapatos de banho ow de ‘énis: mover-se-Zo como se foszem miiquivas ce

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