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ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CPIIIA - EMPRESARIAL Tema 01; TEORIA DOS TITULOS DE CREDITO. Conceito de titulo de crédito no Cédigo Civil. Atributos e caracteristicas dos titulos de crédito. 1* QUESTAO: VINICIUS celebrou com BANCO SALVA VIDAS S.A. contrato de mituo no valor de RS 100,000,00 ( cem mil reais). O contrato previa a emissio, pelo mutuério, de nota promisséria no valor contratado, devidamente avalizada, em caso de inadimpléncia, HENRIQUE se obrigou, no contrato de mituo, a avalizar o titulo cambial em favor de VINICIUS. Inadimplida a obrigagdo pelo mutuério, 0 credor ajuizou ado de execugo em face de Henrique, que, em sede de ‘embargos, alegou inexisténcia de responsabilidade, sob o fundamento de o aval ser uma garantia tipica do ito cambiario ¢ de nao ter sido observado o Principio da Literalidade. Decida a questdo de forma fundamentada. RESPOSTA: STJ. REsp 255.139/PR. 4" Turma, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar. J. 29/08/2000. CONTRATO BANCARIO. Nova promisséria. Aval. Responsabilidade de terceiro. O aval & garantia que se constitui em titulo cambial, ndo em contrato baneério; neste, a garantia de terceiro pode ser a fianga, ndo o aval. Negado pelas instancias ordindrias, interpretando o contrato, que 0 embargantes tenham assumido uma obrigacdo solidaria, ndo cabe a execugdo contra eles pelos encargos previstos nesse documento.Recurso no conhecido. V. arts. 77 ¢ 31, do Decreto n° $7.663/66 (LUG), art. 898, do Cédigo Civil e simula n° 26, do STI (O AVALISTA DO TITULO DE CREDITO VINCULADO A CONTRATO DE MUTUO TAMBEM RESPONDE PELAS OBRIGAGOES PACTUADAS, QUANDO NO CONTRATO FIGURAR COMO DEVEDOR SOLIDARIO). 2* QUESTAO: Por que se pode afirmar que a nota promisséria, na condigao de titulo cambiario, € crédito cartular, literal, auténomo e abstrato? Resposta justiticada RESPOSTA: E cartular porque os direitos de crédito esto incurporados no documento, sendo necessaria a apresentagdo pelo portador: ¢ literal porque o conteddo das declarayes contidas no documento limitador do direito do portador. que ever observi-las; € autonomo porque as obrigagdes cambidrias ndo estdo na dependéncia du validade da declaragdo principal (do subscritor), sendo independentes entre si: ¢ abstrato porjue a circulagdo, quandc por endosso. desvincula 0 titulo de sua causit debendi, tornando ay excegdes pessoais inoponiveis av portador de boa-té. 3* QUESTAO: Sobre o principio da inoponibilidade de excegdes cartulares, responda: a) Qual & » enunciado ¢ seu amparo ley b) O principio tem aplicagio aos titulos de crédito, independentemente da forma de circulagao? DIREITO EMPRESARIAL - CP04 - 03 ~ CPIIL- 2° PERIODO 2013 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: a) O art. 17 da LUG dispée que: " As pessoas acionadas em virtude de uma letra ndo podem opor a0 portador excegdes fundadas sobre as relagdes pessoais delas com o sacador ou com os portadores anteriores, a menos que o portador ao adquirir a letra tenha procedido consciente em detrimento do devedor.” O devedor, neste caso, s6 poderd opor ao portador as excesdes pessoais em relagdo a este. V. art. 916 do Cédigo Civil. b) O principio da inoponibilidade das excegdes pessoais tem aplicagdo aos titulos de crédito quando transferidos através de endosso ndo cabendo nos titulos ” nao a ordem", cuja circulagio observa os efeitos de cessdo de crédito (art. 294, do Cédigo Civil). CPIIIA - EMPRESARIAL DIREITO EMPRESARIAL - CP04 - 03 - CPIIL- 2° PERIODO 2013 3 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CPIIA - EMPRESARIAL Tema 02: TITULOS DE CREDITO. Classificagéo. Letra de Cambio. Legislaglo. Cédigo Civil. Convenso de Genebra, Decreto n° 2.044/1908, Reservas a Lei Uniforme. 1* QUESTAO: JOSE DO AMARAL ajuizou execucdo em face de ANTONIO SILVEIRA, avalista de uma letra de cambio, ensejando interposigao por este de embargos a execusdo, sob a alegacdo, comprovada, de que sua obrigagdo se limitaria a $0% do valor do titulo, tal qual foi indicado ao lado de sua assinatura. Afirma o embargado que a regra do Cédigo Civil proibitiva do aval parcial, invocada pelo executado, ndo seria aplicavel para a letra de cdmbio. A alegago do embargante deve ser acolhida? Resposta fundamentada. RESPOSTA: O candidato deve abordar a possibilidade da dado de aval parcial (art. 30 do Dec. n° 57.663/66), no obstante a vedagdo legal do Cédigo Civil (art. 897,parigrafo iinico). O art. 903 do citado diploma legal recepcionou as leis especiais ao dispor: "Salvo disposigo diversa em lei especial, regem-se os titulos de crédito pelo disposto neste Cédigo” 2* QUESTAO: CH Administracdo © Servigos S.A. ajuizou execugao em face de Abel Torres com base em titulo cambial emitido em moeda estrangeira para pagamento a vista © réu, em embargos, alega excesso de execugdo proporcionada pela conversio da moeda estrangeira ao cdmbio do dia da liquidacdo e nao pelo da data do vencimento, citando 0 Decreto n° 2.044/08 para embasar seu argumento. juiz julgou procedentes os embargos, aplicando o diploma citado, da seguinte forma: "O titulo cambiario expresso em moeda estrangeira devera ser pago pelo cambio a vista, do dia do vencimento e do lugar do pagamento”. © autor apelou, pois entende que deve prevalecer a convengao entre as partes. exarada no titulo, ou seja, a conversdo da moeda pelo cambio do dia da liquidag3o, incidindo na espécie a regra da Lei Uniforme Analise 0 caso e indique qual ¢ 0 dispositivo aplicavel RESPOSTA: STJ. Resp n° 195078. 4* Turma. Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar. NOTA PROMISSORIA Moeda estrangeira. Conversio. Data do pagamento, - A conversio da moeda estrangeira pode ser feita ao cambio do dia do pagamento da nota promissoria. Hipotese em que constou do titule a opcdo pelo dia da liquidagdo. Art. 41 da LUG, Recurso conhecido e provide. STF. RE n° 71154. Pleno. Rel. Min. Oswaldo Trigueiro. LEI UNIFORME SOBRE © CHEQUE, ADOTADA PELA CONVENGAQ DE GENEBRA. APROVADA ESSA. CONVENGAO PELO CONGRESSO NACIONAL, E REGULARMENTE PROMULGADA, SUAS NORMAS TEM APLICAGAO IMEDIATA, INCLUSIVE NAQUILO EM QUE MODIFICAREM =A LEGISLAGAO INTERNA. RECURSO EX'TRAORDINARIO CONHECIDO E PROVIDO. DIREITO EMPRESARIAL - CP04_ 03 - CPIIE- 2° PERIODO 2013 1 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CPIIIA - EMPRESARIAL. Tema 03: 7 LETRA DE CAMBIO. Conceito, Natureza juridica. Requisitos essenciais. Partes. Modalidades de vencimento e pagamento. 1" QUESTAO: GUSTAVO ALT opés embargos a execugdo extrajudicial de letra de cémbio movida por JORGE, 20 argumento de que o titulo exequendo nao continha a data nem o local da sua emissio. O embargado defendeu-se, alegando que a mengio a cidade na qual o titulo foi emitido era desimportante, porque 0 enderego do devedor consta do documento. Alegou, ainda, que a data somente tinha relevancia ao tempo em que se exigia o registro do titulo em repartigdo fiscal, em 15 dias (Decreto-Lei n° 427/69). Decida a questo, com os fundamentos legais pertinentes. RESPOSTA: STJ. REsp. n° 28920-1/ SP.4* Turma. Rel. Min. Sélvio Teixeira. DIREITO CAMBIAL. NOTA PROMISSORIA. DATA DE EMISSAO. REQUISITO ESSENCIAL. EXECUCAO. CARENCIA. PRECEDENTES DA CORTE. DOUTRINA. RECURSO PROVIDO. I - NOS TERMOS DA LEGISLACAO PERTINENTE (LUG, ARTS. 75/76), A DATA DA EMISSAO DA PROMISSORIA SE APRESENTA COMO REQUISITO ESSENCIAL A CARACTERIZACAO DO TITULO. I - O RIGOR FORMAL E PROPRIO DOS TITULOS DE CREDITO, CONDUZINDO A SUA INOBSERVANCIA A CARENCIA DA ACAO EXECUTIVA. Obs.: embora o acérdao tenha apreciado caso concreto sobre nota promisséria, a data de emissao também é requisito essencial das letras de cambio (art. I°, n° 7, LUG) 2" QUESTAO: Credor de letra de cdmbio com vencimento a certo termo de vista apresentou o titulo para aceite do sacado dois anos da data de emissdo. Em razio da recusa do aceite, ajuizou ago cambial em face de um dos endossantes, que, em embargos, alegou que a letra, com vencimento a certo termo de vista, $6 tem forga executiva se comprovada a dagdo de aceite pelo sacado, Analise a questo sob todos os aspectos. RESPOSTA: No caso em questdo, ndo procedem os embargos. pois em havendo recusa do aceite pelo sacado, 0 prazo de vencimento € contado a partir do protesto comprobatorto da ‘eusa, ndo sendo © aceite 10 dos coobrigados de letra de cimbio.O juiz deveria extinguit 0 de edibio com requisito essencial para a execu feito, sob fundamento da inobservancia de condigao especial dat ago, pois as bet Yencimento a certo termo de vista, devem ser apresentadas ao sacady para aceite, dentro do prazo de um ano a contar de sua emissdo, sob pena da perda dos direitos cumbiais em relagdo. aos coobrigados (art. 23 e 53, LUG). DIREITO EMPRESARIAL - CP04 - 03 - CPIII - 2” PERIODO 2013 5 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CPIIIA - EMPRESARIAL Tema 04: SAQUE. Obrigas4o do sacador. Aceite. Langamento. Responsabilidade do aceitante. Modalidades. Aceite parcial. Aceite modificativo. Clausula nao aceitavel. Lugar de apresentasio. 1 QUESTAO: O emitente de uma letra de cambio foi demandado pelo tomador em virtude da recusa de aceite do sacado. Em defesa, 0 réu alegou que o titulo tinha sido sacado com cldusula expressa exonerando- © da responsabilidade do pagamento. Procede a alegaco? Analise a questo de forma fundamentada. RESPOSTA: O ar. 9° da LUG determina que o emitente & o garantidor da aceitagdo e do pagamento de letra, podendo, contudo, se exonerar da garantia da aceitago. Nesta hipétese o sacador s6 poderd ser cobrado na data do vencimento do titulo. Considera-se ndo escrita a cldusula de exoneragfio da garantia do pagamento pelo sacador, diferente dos endossantes (art. 15 LUG). 2" QUESTAO: CONCURSO PUBLICO PARA INGRESSO NA MAGISTRATURA DE SAO PAULO Leonor sacou uma letra de cimbio contra Tilia em favor de Roberto. © titulo nao foi aceito e 0 tomador ajuizou ago cambial em face do sacador sete meses apés o vencimento. Em sede de embargos, o devedor alegou nJo set o obrigado’principal pelo pagamento, embora seja emitente, € © credor decaiti do direito de ayo por nao ter levado o titulo a protesto em tempo habil. Devem ser providos os embargos? Resposta fundamentada RESPOSTA: Leonor sacou a letra de cambio e ndo inseriu a ekiusula sem protesto. Portanto, © protesto & necessirio para a cobranga cambial do sacador, mesmo que ndo tenha decorrido o prazo de | ano fixado pelo art. 70, da LUG (Cf amt. 44, da LUG), Entdo, a alegagdo ¢ procedente se comprovado que © titulo ndo foi protestads em tempo habil; aplica-se o art. 53, da LUG - perda do direito de agdo em lace dos coobrigades. inclusive o sacador. O obrigado principal na letra de cdmbio é 0 aceitante, els que € a unica pessoa que o art, $3 ressaiva © no pode o portador demandar o sacador sem comprovar a falta de secre A solugdo para o tomador ¢ discutir em agdo propria, nia cambial. © nav pagamento do crédito contido na letra de cdmbio v a cunsa debendi que motivou 0 saque. 3 QUESTAO: XXXV_CONCURSO PARA INGRESSO NA MAGISTRATURA ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO ANTONIO DOS SANTOS sie uma letra mbio em favor de JOSE DO AMARAL contra PEDRO PERFIRA, que, ¢ mpossibilitado de assinar, pede a JOAO DA SILVA que, em seu nome, aceite o titulo, © que é feito em 49703 2006, Posteriormente, em 09/10/2006, por exigéncia do sacador, PEDRO PEREIRA outorga poderes especiais a JOAO DA SILVA para aceitar titulo cambial, sem ji efetivado, Antes do vencimento, 0 aceitante faleceu Lo fis nyo ao aceit DIREITO EMPRESARIAL - P04 - 03 - CPEL- 2° PERIODO 2013 6 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Vencido e nao resgatado o titulo, JOSE ajuizou ago de execugto em face do Espolio de PEDRO PEREIRA, que garantiu o juizo e embargou alegando a invalidade do aceite. Procede a defesa? Resposta fundamentada. RESPOSTA: A LUG no seu artigo 8° determina que "todo aquele que opuser sua assinatura na letra, como Tepresentante de uma pessoa, para representar a qual nao tinha de fato poderes, fica obrigado em virtude da letra (...)”. No caso em vertente, Jodo da Silva ao opor sua assinatura a rogo de Anténio sem poderes para tanto, tornou-se aceitante da letra e, portanto, seu devedor principal. Dessa forma procede a defesa oferecida nos embargos. V. art. 892 do Cédigo Civil. A outorga de poderes especiais a Jo’o da Silva no tem efeito retroativo, eis que ndo mencionou o aceite dado anteriormente. DIRFITO EMPRESARIAL - CPod - 03 - CPHL - 2” PERIODO 2013 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CPIIIA - EMPRESARIAL Tema 05: ENDOSSO. Conceito. Natureza juridica. Langamento. Modalidades de endosso. Endosso em branco ¢ preto. Diferengas entre endosso e cessio de crédito, Endosso parcial. Cadeia de endossos. 1* QUESTAO: XXII CONCURSO PARA INGRESSO NA MAGISTRATURA ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO © que é endosso (conceito)? Em que se distingue da cessdo? RESPOSTA: ENDOSSO ~ instituto tipico de direito cambiario; -forma de circulagao dos titulos a ordem; ~ Vigora o principio da inoponibilidade das excegdes - art. 17 Dec. n° $7.663/66 € art. 916 do ‘digo Civil ~ € ato juridico unilateral; acessério; literal e integral; - confere direitos auténomos (direitos novos em relagdo aos do portador anterior); ~ 0 endossante se obriga, salvo cléusula em contrario (regra geral); +a nulidade de um endosso ndo afeta os endossos posteriores (principio da autonomia); - ndo pode ser parcial; ~ no pode se subordinar a condigao; - pode ser dado no proprio titulo ou em folha anexo; CESSAO orma de transferéncia de direitos em geral; + admite oponibilidade de excegdes; - € um negocio juridico bilateral; ~ contere direitos derivados (os mesmos direitos do cedente), uma ces subseqiientes: + © cedente nao se obriga (no garante 0 pagamento e sim a existéncia do crédito), salvo chiusula em contrario; = anulidade de uma obrigagdo acarreta a das demais; ~ pode ser parcial; - pode subordinar-se a condigao; ~ pode ser dada no documento em que se materializou o titulo ou em outro documento. ~ exige a notificagde do devedor para ter effeacia em relagdo a este Viviada contamina as 2* QUESTAG Uma letra de cimbio foi emitida por VERA contra GERALDO em favor de EDUARDO, que Iransteriu por endosso em branco para ROBERTO e este, por tradigdo, para JOSE. O portador (José) endossou em branco para SOLANGE, que, por tradigio, transferiu a CAROL. O sacado nd aceitou 4 ordem dada, Vencido 0 titulo, quem 0 portador pode demandar para satisfagao do set crédito? Resposta fundamentada. DIREITO EMPRESARIAL - CPO4 - 03 - CPIII - 2° PERIODO 2013 8 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: Vera é sacador e coobrigado; Eduardo é endossante © coobrigado, Nao ha aceite e, por conseguinte, obrigado principal. Como Roberto transferiu o titulo a José por tradigdo nfo se obrigou. José é endossante ¢ coobrigado. José ¢ endossante e coobrigado. Solange nao é obrigada pela mesma razdo de Roberto. Assim, Carol podera demandar os coobrigados Vera, Eduardo e José, observados os atos ¢ prazos previstos na LUG, cf. determina o art. 53. Ressalte-se que, dentre estes atos, ganha relevo a necessidade da interposi¢ao do protesto em tempo habil com fundamento também no art. 44 da LUG. 3* QUESTAO: Uma letra de cdmbio aceita por Florentina foi entregue pelo sacador a Roberval, que a endossou em branco para Miguel. ‘Que opgies tem o endossatario para transferir 0 crédito a terceiro? RESPOSTA: a) preencher o espago em branco com o nome do terceiro; ) endossar de novo em branco ou em preto; ) remeter 0 titulo a um terceiro por tradigdo, sem endossé-lo (art. 14, da LUG), DIREITO EMPRESARIAL - CPO4 - 03 - CPHL - 2" PERIOD 2013 9 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CPIIIA - EMPRESARIAL Tema 06: ENDOSSO. Endosso préprio impréprio: endosso-mandato e endosso-caugio. Endosso péstumo. Cancelamento do endosso. 1* QUESTAO: Uma letra de cémbio foi emitida por BEATRIZ contra FLAVIO em favor de IGOR e endossada, sucessivamente, para VERA, JOSE, LUIZ e ADRIANA. O endosso de VERA para JOSE foi sem garantia. O de JOSE para LUIZ foi com cléusula nao endossavel. Nao houve aceite. Responda: a) vencido 0 titulo, quem 0 portador pode demandar para cobranga do seu crédito? 'b) quais sao os requisitos a serem observados para a efetiva cobranga? Respostas fundamentadas, RESPOSTA: a) so coobrigados Beatriz, Igor e Luiz perante o portador Adriana, b) devera ser levada a letra de cambio a protesto para comprovar a falta de aceite. Posteriormente, © portador (Adriana) poderd intentar aga0 cambial em face dos coobrigados, endosso é a forma de transferéncia dos titulos de crédito a ordem, bem como dos direitos a ele inerentes, além de tomar o endossante um coobrigado. A lei admite, contudo, que o endossante se exonere da aceitago © do pagamento do titulo (art. 15 da LUG), devendo a exclusio da responsabilidade do endossante ser expressa no titulo, O Professor devera comentar a diferenga de tratamento do endosso no Cédigo Civil e leis especiais. 2* QUESTAO: Uma letra de cdmbio foi emitida no dia 0402/2009 com vencimento a | (um) més da data, O titulo foi aceito 7 (sete) dias apos sua emissav. No dia 0603/2009, 0 beneticidrio (Paulo) endossou a cartula para "A" e, como no tivesse ainda o aceitante honrado o pagamento. no mesmo dia foi realizado o aponte para protesto. Q protesto foi lavrado e registrado em 11/03/2009, Na data do endosso, "A" exigi do beneticidrio um avalista ¢ este apresentou "B", que langow aval em preto no titulo em favor de Paulo (avalizo Paulo, assinado "B" No dia 12/03/2009, munide do titulo da verte de protesto, "A" ajuizou cambial em face do itante, do sacador, de Paulo e de seu avulista, Fodos alegaram caréncia do direito de agao de e datou seu aval O juiz acolheu a alegagao ¢ evtinguiu 0 process "A" apelou e invocou em sintese. a) que pode cobeur a divida de qualquer um dos coobrigados; b) que 0 endosso de Paulo foi feito antes do protesto (dia 06/03): ©) que o endosso depois do vencimento tem 9 mesmo cfeite iar. 920, do Codigo Civil); c) que toi ubservade u prazo do art 44, 3° alinea da LUG Analise o caso ¢ informe se agit corretamente o jui7 ao reconhecer a caréneia do direito de agdo em face dos devedores. RESPOSTA: Art. 20, LUG (endosso postumo). 0 endossi depois do prazo para 0 aponte a protesto tem efeito de cesstio. O endosso foi feito quando © prazo do art, 28, do Decreto n° 2044°1908 ja havia expirado, acarretando a incidéncia do art. 53, da LUG - perda do direito de agdo em face do sacador, endossante ¢ avalistas, # excegtio do aceitante, Nao cabe invocar o art. 920, do Codigo DIRETTO EMPRESARIAL - CPO4 - 03 - CPI - 2° PERIODO 2015 10. ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Civil, em razdo da norma do art. 20, da LUG (lei especial) e 0 art. 44, 3* alinea foi objeto de reserva (art. 9°, do Anexo I), Agiu corretamente o juiz ao julgar carente 0 portador do direito de ago em face dos coobrigados, ‘mas equivocou-se com relagao ao aceitante. 3" QUESTAO: "A" sacou uma letra de cdmbio em face de "B" indicando a si préprio como tomador. Antes do vencimento, 0 tomador endossou o titulo para "C". Posteriormente, houve mais dois endossos, todos translativos e antes do vencimento. Houve aceite. No dia 18/03/2009, cinco dias antes do vencimento, "C" procura "E" e, com o consentimento , Fisca sua assinatura no titulo, excluindo seu endosso em preto para "D". No dia 20/03/2009, endossa o titulo para "F", Na data do vencimento, nao hd pagamento e 0 portador demanda todos os signatarios do titulo, tendo observado o prazo para 0 protesto. "C” alegou sua ilegitimidade passiva em razio do cancelamento do endosso. Procede a alegacdo? Dé o amparo legal. RESPOSTA: Art. 16, LUG. Os endossos riscados (cancelados) séo considerados ndo escritos para tins cambiarios, como jé previa o art. 44, §1°, do Decreto n° 2.044/1908. So € admissivel 0 cancelamento do endosso na hipstese do pardgrafo unico, do art. 24, do Decreto n° 2.044/1908. Portanto, "C" é parte legitima na agao cambial. DIREITO EMPRESARIAL - CP04 - 03 - CPHL - 2° PERIODO 2013 "W ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CPIIA - EMPRESARIAL Tema 07: AVAL. Finalidade. Caracteristicas, Diferengas entre aval e fianca. Langamento e modalidades. Aval de pessoa casada e de sociedade. Responsabilidade do avalista. Pluralidade de avais. Avais simultaneos e sucessivos. Aval posterior ao vencimento. 1" QUESTAO: Paulo Silva é 0 devedor principal de uma letra de cambio. Seus colegas de trabalho, José Bento e Henrique Neto, garantiram por aval a referida obrigagdo cambidria, a pedido de Paulo. Os avais foram langados no anverso da letra, de forma sobreposta e sem indicagao do avalizado. Considerando a situagao apresentada, responda se houve, na hipétese, avais simultineos ou sucessivos, discorrendo, ainda, sobre a solidariedade nos avais simulténeos e sucessivos. Resposta fundamentada. RESPOSTA: O principal devedor ¢ o aceitante. Os avais apresentados so simulténeos ou conjuntos. Avais em branco e sobrepostos sao simultaneos € nao sucessivos (Simula 189 do STF). No aval simultineo, os avalistas respondem por quota-parte da obrigagdo entre si ¢ pelo valor integral perante portador do titulo; nos avais sucessivos verifica-se solidariedade pelo valor integral de um avalista em face do anterior e do avalizado. 2* QUESTAO: HENRIQUE, casado sob 0 regime da comunhio parcial de bens, avalizou obrigag4o contida em nota promisséria emitida pela sociedade Frutas Campos Gerais Lida. sem a assinatura de seu cénjuge. Ambos so sécios da sociedade devedora. Em razao do inadimplemento da divida pelo emitente, 0 credor ajuizou agdo de execugao em face do avalista, que teve todo o seu patriménio penhorado. MARCIA, mulher do avalista, opde embargos de terceiros, pretendendo a exclusdo de sua meagio, Decida os embargos, fundamentadamente RESPOSTA: STJ. REsp 434.681/RS. 4° Turma, Rel. Min, Barros Monteiro. EMBARGOS DE TERCEIRO. MULHER CASADA, AVAL PRESTADO PELO MARIDO. ONUS DA PROVA. - Constitui Snus do cOnjuge provar que as dividas contraidas pelo outro nao reverteram em benelicio da familia, Em c é de presumir-se o prejuizo. Sendo o cdnjuge executado, entretanto. io da empresa avalizada, ndo prevalece a presungdo, fazendo-se necessiria aquela prova Orientagdo do STJ que se firmou no mesmo sentido da decisio recorrida (Samula n° 83-STJ), - A exclusdo da meagdo do cénjuge deve ser considerada em cada bem de causal endo ma indiscriminada totalidade do patriménio (REsp n° 200.251-SP). Recurso especial ndo conhecide. Obs.: decisto proferida antes da entrada em vigor do Cédigo Civil, que exige no regime da comunhio parcial autorizagdo do cénjuge para prestagio de Hianga ou aval (art. 1.647, IID) 3* QUESTAO: CONCURSO PARA JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO DO ESTADO DE MINAS GERAIS 2006 DIREITO EMPRESARIAL - CP04 - 03 - CPI = 2° PERIODO 2013 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Banco Oriente S/A firmou contrato de empréstimo de RS 200,000.00 (duzentos mil reais) com 0 Restaurante Peixe Bom Lida. para a construgo do estabelecimento deste, com vencimento previsto para 90 (noventa) dias, pactuando-se juros remuneratérios de 4,5% ao més e, em caso de inadimplemento, 0 acréscimo de juros de mora de 1% ao més, multa de 10% e correc, no maior indice vigente na data do pagamento. Os dois sécios da devedora firmaram 0 contrato também na qualidade de avalistas ¢ de co-devedores solidérios. O contrato contou com a assinatura de duas testemunhas. Foi emitida, pela devedora, uma nota promisséria em garantia, vencivel no mesmo prazo, com aval de seus dois sécios. Responda cada questdo de forma individualizada, sucinta, fundamentada e justificadamente, como juiz da causa: 1 - Nos embargos 4 execugo do contrato, vocé acataria a alegagdo dos dois sdcios, de que no caso eles no tém legitimidade passiva para a execucdo, porque inexistente a figura do aval contratual e porque ndo se presume a fianga? 2 - Nos embargos do cénjuge do avalista, opostos 4 execucio da nota promisséria, vocé acataria a alegagdo de invalidade da penhora sobre a sua meago, jA que o empréstimo no se dera em proveito do casal ou da familia? RESPOSTA: 1 - Nao. Embora ndo exista a figura do aval contratual, eis que esse instituto s6 tem cabimento nos titulos de crédito pagaveis em dinheiro, foi dado aval dos sécios na nota promissoria. Esse titulo pode ser avalizado e os avalistas so responsiveis solidarios com o avalizado perante o portador (arts. 77 32, LUG). 2 - Cf. a ementa ¢ fundamentagio do Resp n° 346995, Rel. Min. io Teixeira. PROCESSO. CIVIL. EXECUGAO. MEACAO DA ESPOSA. ONUS DA PROVA. AVAL. CONJUGE SOCIO. DA EMPRESA AVALIZADA. PRESUNGAO. ORIENTACAO DO TRIBUNAL. RECURSO PROVIDO. | - A meagao da mulher casada nao responde pela divida contraida exclusivamente pelo marido, exceto quando em beneficio da familia. IT - E da mulher o dnus de provar que a divida contraida pelo marido ndo veio em beneficio do casal. HI - Em se tratando de aval do marido, presume-se 0 prejuizo da mulher, salvo se 0 marido for socio da empresa avalizada, como na espécie, DIREITO EMPRESARIAL - CP04 - 03 - CPI - 2° PERODO 20 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CPIIIA - EMPRESARIAL Tema 08: PROTESTO. Conceito. Fungio e importancia, Efeitos. Legislacdo. Procedimento. Modalidades de protesto. Dispensa do protesto. Prazos. Sustagio e cancelamento do protesto. 1* QUESTAO: ALFA ALIMENTOS Lida. foi citada para pagar uma divida de R$10.000,00 (dez mil reais) materializada numa duplicata de venda sacada por BETA MOVEIS S/A. e endossada, simplesmente para cobranga, para 0 BANCO Y S/A. A ré provou que a duplicata era fria, que 0 protesto foi indevido e a agdo foi extinta. Sentindo-se prejudicada pela conduta do endossatdrio- mandatario, ALFA ALIMENTOS Lida. ajuizou ag3o indenizatéria em face do Banco Y S/A., pleiteando danos morais pelo aponte do titulo para protesto, considerado abusivo. O réu alegou, em contestagdo, tratar-se de exercicio regular de direito, eis que agiu como mandatario do sacador- endossante. Analise a questio sob todos os aspectos, em especial a legitimidade do endossatirio-mandatirio para figurar no polo passivo da agdo indenizatéria RESPOSTA: STJ. REsp n° 778409/SP. 3* Turma. Rel. Min. Humberto Barros. "I- RECURSO ESPECIAL. DUPLICATAS FRIAS. ENDOSSO TRANSLATIVO. PROTESTO. INDENIZACAO POR DANOS MORAIS. ILEGITIMIDADE DO ENDOSSATARIO. LEGITIMIDADE EXCLUSIVA DO ENDOSSANTE/SACADOR. I. O endossatario é obrigado a protestar 0 titulo ndo pago. Se nao o fizer, perder o direito de regresso contra o endossante (Art. 13, § 4°, da Lei 5.474/68). 2. A ago do sacado, prejudicado pelo protesto de duplicata sem causa de emissio, deve ser proposta contra 0 sacador/endossante, ndo contra o endossatario, que tinha 0 dever de protestar o titulo. Il - RECURSO ESPECIAL. DUPLICATAS FRIAS. ENDOSSO-MANDATO. PROTESTO. INDENIZAGAO POR DANOS MORAIS. ILEGITIMIDADE DO ENDOSSATARIO/MANDATARIO, QUE NAQ EXCEDEU OS PODERES RECEBIDOS. DANO MORAL. INDENIZAGAO, RAZOABILIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE REVISAO NO STI. SUMULA 7. 1. O endossatério:mandatirio que protesta a duplicata, sem exceder os poderes que recebeu do mandante, ndo tem responsabilidade pelos danos decorrentes do protesto. E, portanto, parte ilegitima na agiv de indenizagdo movida pelo sacado, 2. Em recurso especial somente & possivel revisar a indentzago por danos morais quando o valor fixado nas instancias locais for exageradamente alto, ou baiso, 4 ponto de maltratar o Ant, 159 do Codigo Beviliqua, Fora desses casos, incide a Simula * a impedir o conhecimento do recurso, A indenizagao deve ter contetido didatico, de modo # coibir reincidéneia do eausador do dano sem enriquecer a vitima” Sumula 476 STJ: "O endossatariv de titulo de erédito por endosso-mandato s6 responde por danos decorrentes de protesto ind slar os poderes de manda 2* QUESTAO: XL CONCURSO PARA INGRESSO NA MAGISTRATURA ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO ANTONIO JOSE emitiu em (5.05.20 nota promisséria em favor de MANOEL PEDRO, com ara 05.06.2000, nu svinr de RE [0000.00 Inaclimplida = nbrigagio, © credor obleve no cartirio competente o protesto cambial. Fste tata motivou a perda de um empréstimo pessoal bancario pretendide por ANTONIO. Visando a "limpar” seu nome, ANTONIO propde, em julho vencimento DIREITO EMPRESARIAL - CP04 - 03 - CPHE- 2° PERIODU 2015 4 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO de 2004, medida judicial objetivando 0 cancelamento do protesto, ao argumento de que a prescrigio do titulo acarreta o cancelamento do protesto. Solucionar, justificadamente. RESPOSTA: STJ. REsp 671.486/PE. Terceira Turma. Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Di J. 08/03/2005. DJ 25/04/2005. Acdo de cancelamento de protesto. Nota promisséria. Protesto. Cancelamento diante da prescrigao do titulo executivo. 1. No tem agasalho na Lei n° 9.492/97 a interpretagao que autoriza o cancelamento do protesto simplesmente porque prescrito o titulo executivo. Higido 0 débito, sem vicio o titulo, permanece 0 protesto, disponivel ao credor a cobranga por outros meios. 2. Recurso especial conhecido e provido, 3* QUESTA Gustavo, iiltimo endossatario de uma nota promisséria que the foi endossada por José e avalizada por Pedro (aval em branco), propés a¢do de execugdo em face de Pedro, que, em seus embargos, ‘embora reconhecendo ser sua a assinatura aposta no titulo, alegou que o seu nome nao constou do protesto, mas apenas o do avalizado, eis que figurou na lavratura € no registro do protesto apenas 0 nome deste. Também alegou, com fundamento no art. 32, 1° alinea, da LUG, nao estar mais obrigado ao pagamento do valor expresso na cambial porque o emitente ja liquidou a divida perante o ultimo endossatdrio, conforme prova documento publico que juntou aos embargos. Em Sua contesta¢do, nos autos dos embargos, 0 exequente invocou o principio da inoponibilidade de excegdes € 08 atributos da literalidade, autonomia e abstragao, além da falta de quitagdo dada no titulo. Analise a questao sob todos os aspectos. RESPOSTA: Os embargos devem ser julgados procedentes e acolhidas as alegaydes do avalista, De acordo com © art. 24 do Dec. 2044/1908, o pagamento feito pelo aceitante (equiparado ao emitente da NP pelo art. 78 da LUG) desonera todos os obrigados, inclusive o avalista, sendo tal pagamento “extintivo", termo empregado por Jodo Eunapio Borges. Se 0 avalizado € 0 emitente da NP. pois o aval é em branco (art.31) e foi feita prova cabal do pagamento por ele, fica desonerado 0 avalista Em relagdo a eventual irregularidade no registro do protesto, tal questio nio ateta v avalista do emitente, pois ele ¢ obrigado direto como 0 avalizado, sendo dispensivel o protesto para a Propositura da ayo cambial. Ademais, a Lei 9492/97, em seu art. 21, § 4°, nao inclui os avalistas como devedores que ndo poderio deixar de figurar no registro do protesto, salvo se foram expressamente indicados pelo credor ou apresentante como responsaveis pelo cumprimento da obrigagao, \ invoeagio aos atributos da literalidade. autonomia e abstrayao perdem sentido diante da prova do pagamento, mas fariam sentido se nao tivesse havide pagamento, DIREITO EMPRESARIAL - CP04 - (03 - CPI - 2" PERLODO 2013 15 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CPIIIA - EMPRESARIAL Tema 09: ACAO CAMBIAL. Objeto. Foro. Defesas admissiveis. Prescrig4o. Acdo de locupletamento. Legitimidade. Prazos. Agdo monitéri 1* QUESTA Uma letra de cambio emitida por "A" em favor de "B", com aval de endossada a"D", "E” e "F". O sacado, Ulysses, ndo aceitou a cartula. A) Vencido o titulo, pode "F" propor a agdo pertinente contra qualquer um dos integrantes da relagdo cambiaria? Justifique. B) E se o titulo estiver prescrito? Pode a ado de locupletamento ser dirigida contra o avalista ou qualquer um dos endossantes? Justifique. ', foi sucessivamente RESPOSTA: . a) Sim, com base no art. 47, da LUG. E importante observar que se ndo houver aceite, o portador somente podera exercer seu direito em face dos coobrigados (sacador, avalista e endossantes) se observar 0s prazos para 0s atos indicados no art. 53. b) Nao, com base no art, 48, do Decreto n° 2.044/08. Os avalistas e endossantes tém sua responsabilidade pelo pagamento da letra de cimbio extinta com a prescrigdo da ago cambial Verificada a prescrigdo da agdo cambial, "F” somente podera demandar na aco de locupletamento o sacador - "A". 2" QUESTAO: Felipe, credor de letra de cémbio, ajuizou agdo de execugdo em face do aceitante, por falta de pagamento. O devedor opds excegio de pré-executividade, com alegagdo da prescrigio do titulo. pedido foi indeterido sob 0 seguinte fundamento: a apreciacao de excegdo de pré-executividade, instrumento utilizado como defesa em processo de execusdo, sem o necessirio oferecimento de garantia, tem seu subsirato em questées que ndo demandem dilagdo probatéria. Correta a deciséo? Analise a questo sob todos os aspectos. RESPOSTA: TRF. 1” Regido. Ag. Inst. 030711-5/03 - PA. DJ 02.03.2004, PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXCEGAO. PRE-EXECUTIVIDADE. OPOSIGAO. EMBARGOS. IMPOSSIBILIDADE.1. A excegdo de pré-executividade ndo tem previsio em lei, Trata-se de construgao doutrinario-jurisprudencial admissivel antes da interposigdo de embargos e apliciivel em casos excepcionais (vicios formais do titulo executivo e objegdes como decadeneia, prescrigao © pagamento). 2. E possivel, antes de proceder-se a penhora, em excegio de pré-executividade, argir-se a nulidade do titulo executivo na falta de requisitos necessaries na formago e desenvolvimento vilido do process de execuydio. Entre as matérias arguiveis esti, sem duvida, « Hepitimidade passivat, sem a qual o proceso de execugdo nao pode ter de Agravo de instrumento parcialmente prov ido para determinar que a exce examinada pelo juiz monoeratico nvolyimento valid do de executividade seja TRF. I" Regido. Ag. Inst. 012255-0/99 - GO. DJ 21.03.2003. PROCESSO CIVIL, EXECLG AO FISCAL, EXCEGAO DE PRE-EXECUTIVIDADE CONTRIBUIGAQG SOCIAL SOBRE © LUCRO. LEI N° 7.689/88, COISA JULGADA.CERTIDAO DE DIVIDA ATIVA. NULIDADE EXTINCGAO DO PROCESSO.POSSIBILIDADE.1. A exceyao de pré-executividade tem sido admitida, excepcionalmente, pela jurisprudéncia nas hipoteses de vicios formais do titulo executivo, prescrigdo, decadéncia e pagamento, sem 0 necessirio oferecimento de embargos, Sua DIREITO EMPRESARIAL - CPO04 - 03 - CPHL - 2” PERIODO 2013 16 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO hipétese de cabimento aplica-se, ainda, aquelas situagSes em que a matéria pode ser conhecida de oficio pelo Juiz.2. Remessa oficial improvida. 3* QUESTAO: Felipe Diniz, em viagem aos Estados Unidos, contraiu divida de expressivo valor, decorrente de jogo € apostas em cassino, pagando-a em nota promisséria. A promessa de pagamento constante do titulo cambial, todavia, ndo restou honrada. O juiz norte-americano condenou o emitente a Pagar a divida e o credor pediu, no Brasil, a concessdo de exequatur para o cumprimento da decisio. Foi concedido 0 exequatur ¢ devedor agravou dessa decisao, argumentando o seguinte: a decisdo agravada fere a soberania nacional, porque "preconiza o entendimento de que um juiz estadunidense pode condenar um cidadao do Brasil, residente no Brasil, com bens no Brasil, a algo que um juiz brasileiro nao pode"; "optou o legislador por coibir o jogo, seja impedindo a cobranca advinda dessa pratica (art. 814, do Codigo Civil), seja atribuindo-the carter de contravengao penal (art. 50, do Decreto-lei n° 3.688/41 - Lei de Contravengdes Penais); a decisio recorrida fere, pois, a ordem piiblica, porque desconsidera a opcdo legislativa do pais, adotando, sem base legal, outro ctitério"; a concessio do exequétur também fere os bons costumes, pois o legislador pitrio considerou habito nocivo a jogatina, buscando expurgar 0 jogo das relagdes civis, a0 menos em territério nacional”. Pergunta-se: a) E possivel a concessiio do exequatur para obrigar o devedor a pagar a nota promissoria emitida para pagamento de divida de jogo contraida em cassino nos Estados Unidos” Justifique: b) Caso a divida fosse contraida em territério nacional, caberia tal defesa pelo emitente para desobrigé-lo do pagamento? E se a nota promiss6ria tivesse sido endossada pelo beneficiério a terceiro que desconhecia a causa debendi, a resposta seria a mesma? RESPOSTA: a) Cf. decisdo do STJ sobre o tema: Agravo Regimental na Carta Rogatéria n° 3198/US. Corte Especial. Min. Rel. Humberto Gomes de Barros. DJ 11.09.2008. CARTA ROGATORIA - CITACAO - ACAO DE COBRANCA DE DIVIDA DE JOGO CONTRAIDA NO EXTERIOR - EXEQUATUR - POSSIBILIDADE. - Nio otende a soberania do Brasil ou a ordem publica conceder exequatur para citar alguém a se defender contra vobranga de divida de jogo contraida ¢ exigida em Estado estrangeiro, onde tais pretensdes silo licitas CE no mesmo sentido, acérdao do TIDFT nos Embargos Infrinyentes n° 4492197 Camara Civel. Rel. Des. Adelith de Carvalho Lopes. b) Sim, com base no art. 814, do Codigo Civil ¢ no art, 51, do Decreto mn 2.114408 (direito pessoal do réu em relagdo ao autor). Ndo caberia a mesma alegacdo perante 0 endossatirio do titulo, com fundamento no art. 17, da LUG (inoponibilidade das excegdes pessoais) DIREITO EMPRESARIAL - CPO4 - 03 - CPIIL - 2° PERIODO 2013, a ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CPIIIA - EMPRESARIAL Tema 10: DUPLICATA. Conceito, Natureza juridica. Requisitos. Disting#o entre fatura e duplicata. Remessa da duplicata e aceite. A retengdo da duplicata. Triplicata. Endosso e aval. Duplicata de prestacdo de servigos. Fatura ou conta de servigos. 1" QUESTAO: IGOR emitiu nota promisséria em favor de TIAGO para documentar obrigago decorrente de contrato de compra e venda de mercadoria. Em razio de obrigagdo inadimplida, o emitente foi demandado pelo credor, TIAGO, vendedor das mercadorias. O devedor, em sede de embargos, alegou nao ter a cambial forga executiva em razio da vedacdo do art. 2° da Lei n° 5.474/68, Assiste razio ao embargante? Resposta fundamentada. RESPOSTA: Nao assiste razdo ao devedor. O art. 2° da Lei 5.474/68 & norma dirigida ao vendedor da mercadoria, ndo se admitindo a emissao de titulo diverso da duplicata para documentar o saque do vendedor pela importancia faturada ao comprador. © comprador pode emitir cheque ou nota promissria para pagamento do prego. 2* QUESTAO: Banco de Pamaiba S/A. ajuizou ago de cobranga em face de Aphir Barril e Ophir Aldio com base em duas duplicatas de venda sacadas em face de ROA Ants Griticas Ltda. ¢ avalizadas pelos réus, Em contestagdo, os réus alegaram que a condigdo de socio da sociedade nao poderia ensejar a cobranga direta deles, a uma porque a sociedade é dotada de personalidade juridica e os sécios Fespondem sempre subsidiariamente ¢ a duas, porque como sécios de responsabilidade limitada, s6 respondem até o valor de suas quotas. Aduziram que nao ostentavam mais a condigao de sécios na data da prestagdo do aval, apresentando alteragao contratual, na qual constava nova composigao societaria, porém nao foi arquivada na Junta Comercial. Assiste razdo aos réus? Resposta fundamentada RESPOSTA: Ver ementa © fundamentayao da Apelacio Civel n? 2006.001.49872. Sexta Camara Civel do TIRJ. Rel. Des. Helda Lima Meiretes. J. 07/02/2007, Acao ordinaria de cobranga. Duplicatas Aval. Réus avalistas de dividas assumidas pela empresa BRS Artes Girificas Lida. Sentenga que julga procedente o pedido, Manutengito. Gratuidade de justiya no apreciada. Pedido realizado somente quando determinado o depdsito da verba honoraria pericial, com o objetivo dinico de ndo arcar com 4 vera. Inexisténcia de nulidade. A condigdo de siicio do avalista em nada influencia a validade da yarantia. A altera oi devidamente arquivada na Junta Comercial Apelo desprov ido 10 do contrate social apresentada 3 QUESTAO: Press Graphics Industria de Prensas Ltda. ajuizou aydo ordinaria em tace de Transporte de Cargas Amaral Ltda., com a finalidade de wbter + decktragio de inexigibilidade de triplicata de prestagao de servigo, bem como a reparaydo de danos materiais e morais, em razio de falha na prestacdo do transporte, julgada em conjunto com ago cautelar de sustagao do aludida protesto do titulo. A autora aduz que contratou com a ré o transporte de uma prensa hidrdulica do local de sua tabricagdo (Maria Helena/PR) até 0 local onde seria realizada a III Feira de Corte e Conformagao DIREITO EMPRESARIAL - CP04 - 03 - CPI - 2° PERIODO 2013 18 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO de Metais, em Resende, cujo inicio estava marcado para 25/10/2007, salientando que o bem deveria chegar a0 destino até 22/10/2007, considerando o prazo necessario para a montagem do maquinario de grande porte no respectivo stand de vendas, o que exigiria ainda cerca de dois dias. Afirma que, apesar de o bem haver sido retirado do estabelecimento da autora em 18/10/2007, sua entrega somente ocorreu em 24/10/2007, as 23h00, ocasionando, portanto, a perda de mais de um dia de exposicao, 0 que the causou danos de ordem material e moral. Esclarece, ademais, que a ré, inicialmente, emitiu 3 (trés) duplicatas, no valor de RS2.833,00 cada uma, com vencimento respectivamente em 18/11/2007, 25/11/2007 e 02/12/2007, havendo a autora langado mao do direito de reter tais titulos de crédito, quando enviados para aceite, por entender que 0 servigo nao foi prestado devidamente. Contudo, aduz que a ré emitiu uma triplicata no valor total das 3 duplicatas anteriores (R$8.499,00), para a data do primeiro vencimento, a qual foi indevidamente levada a protesto, 0 que deu ensejo ao ajuizamento da cautelar que, nao obstante, nao logrou impedir, tempestivamente, a efetivagao do protesto. A ré alegou que nao foi contratado dia especifico para a entrega, a qual ocorreu antes do inicio do evento. Afirma que o alegado atraso decorreu de fato superveniente, inevitavel e imprevisivel, em Virtude da interdigao sibita de uma das vias da rodovia, em razio de obras, cujo estreitamento da Pista impossibilitou a passagem da carteta, o que configura fortuito extemno a eximi-la de responsabilidade, fatos que foram devidamente informados A contratante. Pergunta-se: 4) E licito ao sacador da duplicata sacar triplicata em caso de retengdo das duplicatas pelo sacado? Justifique. b) Deve o pedido ser julgado procedente e cancelado o protesto da triplicata? Justifique. RESPOSTA: a) STJ. Resp n° 64227/RS. 4* Turma. Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar. J. 05/09/1995.Triplicata. Duplicatas ndo devolvidas. A jurisprudéncia admite a extragdo de triplicata quando o devedor retém as duplicatas que Ihe foram enviadas para aceite. Interpretagao extensiva a0 art. 23, da Lei n° 5.478768. Recurso conhecido, pela divergéncia, mas improvido. STJ. Resp n° 64227/RS. 4 Turma. Rel. Min, Ruy Rosado de Aguiar. J. 05/09/1995 b) TIRJ. Apelacdo Civel n° 2008.001.12780. 16" Camara Civel. Rel. Des. Mauro Dickstein. J. 24/06/2008. APELAGAO. ACAO ORDINARIA, DE NATUREZA DECLARATORIA. OBJFTIVANDO O RECONHECIMENTO DA INEXIBIGILIDADE DE TITULO DE CREDITO CUMULADA COM INDENIZATORIA, JULGADA CONJUNTAMENTE COM MEDIDA CAUTELAR DE SUSTACAO DE PROTESTO. CONTRATO DE TRANSPORTE QUE DEU ENSIJO A EMISSAO DE TRES DUPLICATAS. ALEGAGAO DE FALHA NA PRESTACAO DO SERVIGO, PORQUANTO 0 CONTRATADO NAO PROCEDEU A ENTREGA DO EQUIPAMENTO (PRENSA INDUSTRIAL) NA DATA AVENCADA, PREJUDICANDO A EXPOSIGAO DO PRODUTO EM PEIRA DE NEGOCIOS, QUE CONSTITUIA. A FINALIDADE PRECIPUA DO CONTRATO. ATRASO DE DOIS DIAS NA COLOCAGAO DO BEM QUE SERIA NEGOCIADO NO RESPECTIVO STAND DE VENDAS. RETENCAO DAS DUPLICATAS. PELO CONTRATANTESACADO. EMISSAO DE UMA. UNICA TRIPLICATA, COM O VALOR TOTAL E VENCIMENTO NA PRIMEIRA DAS DATAS ANTERTORMENTE — PACTUADAS, LEVADA A PROTESTO. SENTENGA DE PROCEDENCIA PARCIAL. INCONFORMISMO DO REU. ARTS. 734 E 749, DO CODIGO CIVIL DE 2002. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA TRANSPORTADORA. AINDA QUE NAO SE CONSIDERE COMO PACTUADA A DATA APONTADA PELA AUTORA, NAO SE PODE NEGAR QUE A ENTREGA ESTAVA PREVISTA, CONSIDERANDO O OBJETIVO DO FRANSPORTE (EXPOSIGAO DO PRODUTO EM FEIRA DE NEGOCIOS). AUSENCIA DIREITO EMPRESARIAL - CP04 - 03 - CPHL - 2” PERIODO 2013 19 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DE CULPA CONCORRENTE OU MESMO FORTUITO EXTERNO. OBRA EM RODOVIA QUE JA ESTAVA EM ANDAMENTO HA MAIS DE 6 (SEIS) MESES. EVENTO EXTRAORDINARIO, POREM, PREVISIVEL, RESTANDO EVIDENCIADO QUE A TRANSPORTADORA NAO ADOTOU AS CAUTELAS NECESSARIAS PARA A REALIZAGAO DO SERVIGO. CORRETO O RECONHECIMENTO DE IRREGULARIDADE QUANTO AO SAQUE DA TRIPLICATA, QUE NAO GUARDOU A DEVIDA SIMETRIA COM AS RESPECTIVAS DUPLICATAS, ACARRETANDO, ASSIM, PROTESTO INDEVIDO, DE MODO QUE DEVEM SER MANTIDOS OS EFEITOS DA LIMINAR NA LIDE CAUTELAR, NO SENTIDO DE QUE ESSE ATO SEJA CANCELADO EM DEFINITIVO, TAL COMO DETERMINADO NA SENTENCA RECORRIDA. INDENIZACAO DEVIDAMENTE FIXADA. SOLUGAO QUE SE MANTEM. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. DIREITO EMPRESARIAL - CP04 - 03 - CPIII - 2° PERIODO 2013 20 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CPIIIA - EMPRESARIAL Tema 11: NOTA PROMISSORIA. Conceito. Natureza juridica. Caracteristicas. Figuras. Requisitos essenciais. Nota promisséria vinculada a contrato. Clausula mandato. 1* QUESTAO: CONCURSO PARA JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO DO ESTADO DE MINAS GERAIS - 2006 Augusto Silva emitiu em branco uma NP e a entregou a Bemardo Cunha, a quem devia determinada quantia. Bernardo transferiu o titulo, por tradigo, para Carlos Sd e este, por sua vez, endossou para Daniel Rocha. Vencido 0 titulo, o portador preencheu 2 cambial inserindo seu nome como beneficidrio ¢ promoveu agao de execugao contra o emitente (Augusto). O executado, em embargos, arguiu falta de causa debendi, em razio de no ter nenhum vinculo juridico com Daniel, pessoa que sequer conhece. Daniel refutou as alegagdes, no sentido de que o preenchimento do titulo se deu de boa-fé, descabendo ao devedor qualquer possibilidade de excegdo ou defesa pela circulagao do titulo. Decida a questo fundamentadamente. RESPOSTA: endossatério Daniel Rocha recebeu o titulo por endosso em branco e, nos termos dos arts. 77 € 14, LUG pode preencher 0 espago em branco, quer com seu nome, quer com o nome de outra pessoa. subscritor de uma nota promissoria ¢ responsivel da mesma forma que o aceitante de uma letra de cambio (arts. 78 ¢ 28). O emitente nao pode opor ao endossatirio de boa-fé excegdes pessoais (art. 17). Cabe observar que Daniel Rocha ¢ endossatario do titulo € nao beneficidrio originario. O enunciado menciona que Carlos $4 endossou a cértula e, como 0 endosso ¢ escrito no titulo e assinado pelo endossante, conclui-se que a pessoa que dispds do crédito foi Carlos Sa, primeito beneficiario. Portanto, a0 preencher seu nome como “beneficidrio", Daniel Rocha agiu em conformidade vom o art. 14, da LUG endo como portador que preencheu titulo emitido em branco, nav endossado, * QUESTAO: Incorporadora Imobilidria S/A. contratou com a Edificadora Construa Fact! SA uma construgdo multifamiliar, para entrega em 40 meses. A Incorporadora se obriges se pagamento das Prestagdes, mediante a emisss3o de notas promissérias mensais, vinculadas ao contrato. Faltando 10 meses para seu término € como a obra se encontrasse cronologivamenie com 30% realizados, sem tempo para concluit-se no prazo ajustado. a Incorporadora Imubiliarta S.A. suspendea os Pagamentos das notas promiss6rias, alegando exceptio nom adimpleti contructus. Em agao de execugdo, a Edificadora Construa Facil S/A. exige 0 pagamento dos titulos veneidos, sustentando que © prazo global ndo se esgotara. Procede a detesa da executuda? Necidit 4 question, com fundamentagdo adequada. RESPOSTA: titulo em questo tem natureza pro solvendo em razao da inexisiéncis de cliusula expressa em contrario, caso em que a executada poderia alegar em sede de emburyos « usa debendi do titulo para justificar 0 seu inadimplemento. Na agdo cambial € possivel defesa fundada em direito pessoal do réu em relago ao autor (art. 51, Dec 7.044/190%) 3* QUESTAO: DIREITO EMPRESARIAL - CPO4 - 03 - PIII - 2° PER{ODO 2013 y ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Maria do Céu ¢ negociante de iméveis ¢ precisa de esclarecimentos sobre a utilizag3o de nota Promiss6ria. Suas davidas sfo: Por que a obrigago contida num titulo de crédito é quesivel? O Que diferencia a nota promisséria emitida em cariter pro soluto daquela emitida em cardter pro solvendo? Qual o efeito de cada uma delas, em decorréncia da falta de pagamento, quando emitidas em razo da compra e venda de um imével? RESPOSTA: E quesivel porque o lugar do pagamento, nao sendo requisito essencial do titulo, é no domicilio do devedor, portanto, a iniciativa do pagamento cabe ao credor. A diferenga entre as notas Promissérias encontra-se no efeito novativo (ou no) da subscrigao. Na emissao pro soluto (expressamente consignada no titulo) ha efeito novativo e no podem ser alegadas questdes subjacentes a0 titulo pelo subscritor (ex. inadimplememento contratual); ja na emissto pro solvendo (presungao juris tantum), as excegdes pessoais podem ser invocadas. Cf. STF, RE n° 14065, 2* Turma. Rel. Hahnemann Guimaraes. J. 04/10/1950, A SUBSTITUIGAO DE DUPLICATA POR NOTA PROMISSORIA DEIXA PERDURAR, SALVO'PROVA CONTRARIA, O NEGOCIO CAUSADOR DA EMISSAO DA CAMBIAL, E. ASSIM, NAO EXTINGUE O PRIVILEGIO DECORRENTE DA PRIMITIVA CAUSA DEBENDI. ENVOLVE NOVACAO: E DACAO EM PAGAMENTO CONDICIONADA, PROSOLVENDO, NAO EXTINGUINDO, ASSIM, TAMBEM, SALVO PROVA EM CONTRARIO, O PRIVILEGIO DECORRENTE DA PRIMITIVA CAUSA DEBENDI. DIREITO EMPRESARIAL - CP04 - 03 - CPHL - 2" PERIODO 2013 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CPIIIA - EMPRESARIAL Tema 12: CHEQUE. Conceito. Natureza juridica. Requisitos essenciais. Tipos de cheques. Formas de circulag#o. Endosso e aval. Assinatura falsa. Responsabilidade da instituigao financeira. Conta conjunta banedria. 1* QUESTAO: ‘Anténio Fernandez contratou a fabricagiio e entrega de méveis para seu estabelecimento com Piranguinho Méveis e Decoragées Lida. O pagamento do prego havia sido ajustado em cinco parcelas, garantidas mediante a emissio de cinco cheques pos-datados. Descontados os trés primeiros cheques, a vendedora ndo entregou os bens adquiridos, \evando o comprador a sustar, perante a instituigo financeira sacada, o pagamento dos dois remanescentes. © comprador ¢ 0 vendedor chegaram a um acordo em 21 de outubro de 2007, data em que se resiliu 0 contrato controvertido. Todavia, tendo em vista que a vendedora havia transferido os cheques a uma sociedade de fomento mercantil, esta notificou 0 emitente para que pagasse o valor consignado nos dois tltimos cheques sustados. O fundamento era o de que, sendo terceiro de boa- fé, a faturizadora ndo poderia ficar vinculada as excegSes pessoais que teria a emitente contra a sociedade com quem contratara. Da circulagao do titulo deveria decorrer a inoponibilidade de tais excegies. Em virtude dessa cobranga, novamente © emitente procurou a vendedora para solucionar a questéo. Nova reunido foi promovida, desta vez com a participagdo de um representante da sociedade faturizadora, e novo acordo foi firmado, pelo qual Piranguinho Méveis ¢ Decoragdes Ltda. se responsabilizou pelo pagamento dos titulos em aberto. Com o inadimplemento desse acordo, a faturizadora ingressou com agao de execuydo em face do recorrido. Pergunta-se: Esta o emitente obrigado a pagar os cheques sustados faturizadora? Justifique ¢ dé © amparo legal RESPOSTA: Ver a fundamentagao do STJ, Resp n° 612423. 3* Turma. Rel. Min. Nancy Andrighi (por maioria). Ver a fundamentag3o do voto vencido do Min. Humberto Gomes de Barros, pela aplicagdo absoluta da inoponibilidade de excegdes, mesmo com a cigncia pela faturizadora do destazimento do contrato que ensejou o saque dos cheques. 2* QUESTAO: XXI CONCURSO PARA INGRESSO NA MAGISTRATURA ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO. Emitido um cheque contra o Banco X, este, alegando a inexisténcia de proviso, recusou 0 payamento. Pode u sacador e emitente do cheque, provando ter proviso no Banco sacado, executar 0 estubelecimento bancario para a cobrunga do aludido cheque, que seria um titulo executive extrajudicial? Em caso negativo, como deverd proceder 9 emitente sacador em relagdo ato Banco sacado? Fundamentar devidamente a resposta RESPOSTA: "No cheque, a esteutura de débito e crédito relaciona o emitente e o portador du cheque, ndo sendo este © proprio emitente, pois ¢ 0 emitente quem se obriga diretamente ao pagamento do cheque, € nao © Banco sacado. Se o Banco sacado recusar cumprit a ordem de pagamento por qualquer motivo, justo ou no, € © emitente quem responde diretamente pelo pagamento a ser feito ao DIREITO EMPRESARIAL - CP04 - 03 - CPIIT - 2° PERIODO 2013 23 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO portador, considerando-se no escrita qualquer declarago pela qual se exima o emitente dessa garantia (art. 15, da Lei do Cheque). {...] O Banco, no entanto, responde perante 0 correntista emitente se recusar injustificadamente 0 pagamento do cheque, podendo até mesmo responder pelas perdas e danos que causar por sua imprudéncia. Entre 0 Banco sacado e 0 terceiro beneficirio do cheque (ndo sendo o correntista) nao existe relagdo juridica alguma com base no cheque” € entre o Banco sacado e o correntista a relago juridica tem por base 0 contrato firmado entre as partes. (Wille Duarte Costa - Titulos de Crédito. 2 ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2006, p. 325). Em sintese: ndo pode o sacador/emitente executar o estabelecimento bancdrio com base no ndo pagamento do cheque. O sacador/emitente deverd ajuizar ago indenizatéria em face do banco, invocando o descumprimento do contrato firmado por ambos. 3* QUESTAO: MARIDO e MULHER, casados pelo regime da comunhdo universal de bens, sdo titulares de conta conjunta em estabelecimento bancério. Emitido um cheque pelo MARIDO, sem suficiente provisdo de fundos, pode 0 credor ajuizar execugao em face do MARIDO E DA MULHER, sob a alegacao de responsabilidade solidaria, com base no art. 51, da Lei n° 7.357/85? Analise a questo sob todos os aspectos. RESPOSTA: STJ. Resp n° 13.680/SP. 4* Turma. Rel. Min. Athos Carneiro. DJ 16/11/1992, CHEQUE. CONTA-BANCARIA CONJUNTA. ALEGACAO DE CONTRARIEDADE AO ARTIGO 51 DA LEI 7.357/85. A SOLIDARIEDADE DECORRENTE DA ABERTURA DE CONTA- BANCARIA CONJUNTA E SOLIDARIEDADE ATIVA, POIS CADA UM DOS TITULARES. ESTA AUTORIZADO A MOVIMENTAR LIVREMENTE A CONTA; SAO, POIS, CREDORES SOLIDARIOS PERANTE O BANCO. TODAVIA, AINDA QUE MARIDO E MULHER, OS CO-TITULARES NAO SAO DEVEDORES SOLIDARIOS PERANTE O PORTADOR DE CHEQUE EMITIDO POR QUALQUER UM DELES SEM SUFICIENTE PROVISAO DE FUNDOS. RECURSO ESPECIAL DE QUE NAO SE CONHECE. DIREITO EMPRESARIAL - CP04 - 03 - CPIIL- 2° PERIODO 2013 24 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CPIIIA - EMPRESARIAL Tema 13: CHEQUE. Pagamento. Prazo de apresentacio. Oposicio e contra-ordem. Aces: execusio, locupletamento sem causa, monitéria e causal. Requisitos. Legitimidade. Prazo prescricional, 1° QUESTAO: ‘André emitiu em favor de Carol um cheque no valor de R$34.000,00 ( trinta e quatro mil reais) em 01/05/2007. Inseriu na cartula a data de 01/08/2007, data em que o cheque foi visado pelo banco sacado. A agéncia em que André mantinha sua conta situava-se em Copacabana e, embora a fransaio tenha se realizado na cidade de Campos dos Goytacazes, por equivoco, André inseriu como local de emissio a cidade do Rio de Janeiro. O cheque foi endossado para Francisco Campos no dia 20/08/2007 e depositado na cidade de Sao Paulo no dia 15/09/2007. Pergunta-se: 1) O cheque foi depositado dentro do prazo de apresentacao? 2) 0 prazo de apresentacao tem alguma relevancia para o viso do cheque? 3) O presente cheque pode ser sustado ou devolvido por insuficiéncia de fundos? 4) Tem Francisco Campos aco cambiéria indireta contra Carol? Respostas fundamentadas. RESPOSTA: 1) Nao. O lugar de emissdo ¢ 0 mesmo do de pagamento; assim, o prazo para a apresentagdo & de 30 dias ¢ 0 cheque foi depositado somente no dia 15/09 (art. 33). 2) Sim, com base no art. 7°, §2°, 3) Sim. A sustagdo pode ser promovida antes ou apés a expiragdo do prazo de apresentagio e tem efeito imediato (art. 36). O cheque pode ser apresentado ao sacado até a ocorréncia da prescrigao e ser devolvido por insuficiéncia de fundos. 4) Nao, an, 47, II (apresentagdo tardia a payamento) 2* QUESTAO: CRISTIANO emitiu cheque no valor de RS $.000,00 (cinco mil reais) em lavor de MARLENE ein 10.10.2003. para pagamento na mesma praya. MARI_ENE endossou a cambial em 16.11.2003 em favor de ROBERTO. O portador moveu ayo executiva em face de CRISTIANO, que, seguro 0 juizo. opés embargos de devedor, arguindo e comprovando ter pago diretamente «a MARLENE em data de 13.11.2003, metade do valor da obrigagdo, MARLENE nao the desoiveu o cheque limitando-se a entregar um recibo de pagamento parcial. ROBERTO argunenini, entdo, que ta! Pagamento parcial ndo poderia ser a cle oposto, pelas normas dev Direito Cambiairio. Analise os argumentos das partes. RESPOSTA: O ant. 15 da Lei n.° 7357/85 estabelece que o emitente € garante dev payamenty Jo cheque. © Pagamento parcial feito por CRISTIANO a MARLENE nfio consti do chyyue. endosso pistuine feito a ROBERTO, embora tenha eteito de cessio (art. 27), ndo tem efeito "ex tune” para atingit v DIREITO EMPRESARIAL - CP04 - 03 - CPIII - 2° PERIODO 2013 28 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ato de emissao, porque o cheque nio foi emitido "nao ordem". Portanto, o efeito de cessio é do endosso € ndo do saque. Cabe ao emitente pagar o cheque ¢ nao pode opor a exceso do pagamento parcial a ROBERTO, salvo se provar que este esté agindo deliberadamente em seu prejuizo (art. 25, parte final). *Gabarito alterado por orientagdo do professor responsavel no dia 27/05/2013, que constaré no oficio de revisio 3" QUESTAO: Em 12/02/2006, Francisco, na qualidade de vendedor, celebrou um contrato de compra e venda de maquindrio industrial com Jodo, na qualidade de comprador. Na cldusula referente ao pagamento, as partes ajustaram o seguinte: “Jodo emitiré um cheque, no valor de R$100.000,00, em favor de Francisco, avalizado por Waldirio. No ato da entrega do cheque nas condigdes ora entabuladas, Francisco dard plena e geral quitaao a Joao, mediante o respectivo recibo". Assim, em 13/02/2006, Jo3o emitiu o cheque, colheu a assinatura de Waldirio, na qualidade de avalista, ¢ entregou, contra recibo, para Francisco. Em 14/02/2006, o beneficiario apresentou 0 cheque ao banco-sacado, tendo este ultimo, todavia, devolvido o cheque por insuficiéncia de fundos. Irresignado, apés algumas tentativas frustradas de solucionar o impasse de forma amigavel, Francisco encaminhou 0 cheque ao Cartério de Protesto em 24/07/2006, tendo sido o protesto devidamente lavrado em 27/07/2006 Pergunta-se: 4) Ante as circunstancias narradas, poderd Francisco pleitear a resolugo do contrato de compra € venda ajustado com Jodo com o fito de reaver 0 maquinario industrial? Justifique em, no maximo, cinco linhas. b) Supondo que, em 15/12/2006, o beneticidrio tenha ajuizado uma execugdo lastreada no referido cheque em face de Jodo © Waldirio, poderia ser pronunciada a prescrigdio? Justifique em, no maximo, cinco linhas. RESPOST, a) ndo, pois a emissdo do cheque ti estabelecida em cardter pro soluto, constituindo a emisstio do cheque o pagamento da obrigagao. [sso nao invalida a discussdo sobre a devolugao do cheque pelo sacado entre 0 emitente e 0 beneficiariv, feita a comprovagao do ndo pagamento. b) Nao ocorreu a prescrigdo, porque v proteste & causa interruptiva (art. 202, Il do Codigo Civil) & ele foi lavrady em 27/07/2006 Logs, a ayo proposta em 15.12.2006 nao toi alcangada pela prescrigdo que 6 ocorreria em 27.01 20 DIREITO EMPRESARIAL - CP0S - 03 - CPLL- 2" PERIODO 2013 2% ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPII A 22013 Disciplina/Matéria: DIREITO EMPRESARIAL Sessdo: 14 - Dia 08/11/2013 - 08:00 as 09:50 Professor: SCILIO PEREIRA FAVER 14 Tema: TITULOS ESCRITURAIS. Emissio de titulo a partir de caracteres eletrénicos. Propriedade e circulagdo. Duplicatas virtuais. Prinefpio da cartularidade. Titulos exclusivamente eseriturais. 1" QUESTAO: . CARLOS CARVALHO adquire de MARIO SILVA cinquenta agdes eseriturais da COMPANHIA X Pergunta-se: a) As agdes adquiridas possuem certificado? b) Como se prova a existéncia da agao escritural? ¢) Como se transfere a titularidade de ages escriturais? Respostas fundamentadas RESPOSTA: a) Essas ages nao possuem certificado e a sua transmis administradora, na qual se efetua o assentamento praptio. se faz através da instituigdo financeira b) As agdes escriturais decorrem de conta corrente, aberta nos livros da instituigao finaneeira administradora (artigo 35. da Lei n° 6404.76), mediante registros informatizados. .\ sus prova se através do extrato de conta do seu depdsito, ou de certidan passada pela instituigao financeira administradors. SOLE GAO DO PROBLEMA: Carlos Carvatho ¢ Miirio Silva dirigem-se & insti ie du finanecira admninistradora e, mediante documento eserito, junto a ela, soligitamethe at sterneia dus agdes, QUEST AO: © emitente de um titulo de erédito tipice, nominado por fei especial. podera escother livremente o suporte dle Stat emissdin« fisico ow virtual? Explique e justitique RESPOST.\ Sao hs uma uniformidade no direito cambiirio nagional quanto au suporte que dese ser utilizade pelo emitente Ha titulos de credit que nde podent preseinir da cartubaridade em seu aspecto ckissien, ou seja a documento escrito e com assinatura autograta do emizente. caso do cheque e da cédula de eredite hraneciri Ha outres tales em gy Feura € oposto, ou sei. sO podem ser emitidos em fornia eseritural, desmaterializada, como a Letra Finaneeira, {.etra de Arrendamento Mercantil - LAM. 0 Certificade de Recebiveis do Agronezocie - CRA € « Certilivado de Recebiveis Imobiliarios ~ CRI ressibitidudle de esvotha pelo emitente do suporte onde o eredito estard representado, para a Letta Hipotecaria, o Certiticade de Direitos Creditérios do Agronegocio - CDCA. a Letra de icio, Letra de Credit Imobiliario - LCL e Cédula de Credito Imobiliarie - CCL e de Crédit Banciri Crédity slo. grone © Cedul 4 E, por fim, existem titulos que podem ser desmaterializados durante sua existéncia, com a emissio em papel (cartular), mas com posterior conversdo para forma escritural. Sao exemplos o Certificado de Deposito Agropecuario - CDA e Warrant Agropecuati Cédula de Produto Rural - CPR -WAea *Questio incluida em substituigao da anterior em razio do RDA n2 01 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ¥ QUESTAO: Cia Textil do Brasil celebrou contrato de compra ¢ venda de mercadorias com Tecidos Finos Lida, cmitindo. para tanto, duplicata virtual, escriturando a operago em seu livro de Registro de Duplicatas, também virtual. O titulo foi enviado pelo emitente, por computador. ao sacado. com sua assinatura digital, valendo-se. para tanto, da criptografia, A duplicata foi enviada eletronicamente ao banco para que este exercesse a cobranga do sacado. a partir de documenta impresso com as informagées transmitidas virtualmente. Pergunta-se: 1) As duplicatas virtuais sto consideradas titulos de crédito? 2) A duplicata virtual inaceita pode ser executada com a devida comprovagdo do recebimento ¢ entrega da mercadoria e protesto do titulo? Resposta fundamentada f ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO aa RESPOSTA: © Cédigo Civil prevé o principio da cartularidade no art. 887 que dispoe: "o titulo de crédito, documento necessério ao exercicio do direito literal e auténomo nele contido, somente produz efeito quando preenche os requisitos da lei." Houve quem sustentasse antes do advento do Cédigo Civil a executoriedade das chamadas duplicatas Virtuais ou titulos escriturais, como por exemplo Luis Emygdio: " Todavia, os avangos tecnologicos tém demonstrado a necessidade de repensar a doutrina sobre a cartularidade ou a incorporagao. (...) O mesmo ocorre com as duplicatas virtuais, correspondentes a registros eletromagnéticos transmitidos via computador por empresirio ao banco. que. também através de computador. pode processar a cobranga ao devedor", No mesmo sentido Fabio Ulhoa: ” O registro do erédito em meio magne ( proceso que se chama. as vezes, desmaterializagdo dos titulos de crédito. numa reteréncia a0 abandono do papel como suporte) tem despertado diversas quest6es para o direito cambiario.(...) Para . 0 direito positive brasileiro. grayas a extraordinaria invengao da duplicata. enconitra-se suficientemente aparelhado para, sem alteraydo legislativa, conferir executiv idade ao crédito registrado e negociado apenas em suporte magnético (...) O erédito registrado em meio magnético serd descontado junto ao banco, muitas vezes em tempo real, também sem a necesssidade de Papelizagdo, Por via telefnica, os dados sao remetidos aos computadores da instituigao financeira, que credita - abatidos os juros contratados - 0 seu valor na conta de depésito do empresirio, Nesse momento, expede-se a guia de compensacdo bancdria que. por correio. ¢ remetida ao devedor da duplicata virtual. De posse desse boleto. 0 sacado procede ao pagamento da divida. em qualquer ayéncia de qualquer banco no pais (...)" O Codigo Civil. art, 889. pardgrafo 3°. encerra a polémica existente ao considerar os titulos escriturais como titulos de crédito. litteris "O titulo poder ser emitide a partir dos earacteres eriados em computador ou meio téenico equivalente € que constem da eserituragdo do emitente, observados os Fequisitos minimos previstos neste artigo”. lei ndo foi bastante clara quanto a este nove titulo. ngo podendo ser emitido unilateralmente, sem a devida anugneia do devedor. sob pena da perda de executoriedade por perda de liquide Sobre as indagagdes do enuneiado: 1) € preciso observar os requisitos do art, 2°. $1°. da Let n® 5.47468 tamto para a duplicata cartular quanto para a virtual. Esta tem apoio no $3", de art. 889, do Codigo Civil eno $1°, do art, 10, da MP n? 2.200:2001.Sem g pie & \ailida e boleto ndo ¢ duplicata, 2) pelos dados do enunciado pereche duplicata foi assinada digitalmente. Os documentos alguer assinatura a duptic sletriniens de que trata a MP n* 2.200 2061 sto consideralos, par fins Ievais. documentos pliblicos ou particulares & as deelaragdes neles contisias presumeniese Verdadeiras em rekagdo aos signatitios Assim, pode-se considerat a duplicata slicks. haa vista conter st assinaatura digital do emitente devendo ter sido wilizada a certificagasy digital da 1CP-Brasil ou outro meio aceite pela pessenn a ser posto o documento (rt, 10, 92°. MP ne 2 2h un; io rp ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPIII A 22013 Disciplina/Matéria: DIREITO EMPRESARIAL, Sessdo: 15 - Dia 08/11/2013 - 10:10 as 12:00 Professor: SCILIO PEREIRA FAVER 15 Tema: TITULOS REPRESENTATIVOS, Conhecimento de frete ou de transporte. Natureza juridica. Figuras interveniemes. Formas de circulagao, Responsabilidade do endossante. stoppage in transitu. A responsabilidade do emitente. Cliusula de nao indenizar. Conhecimento de transporte multimodal 1° QUESTAO: Determninado orgdo da administragdo estadual direta contratou, por licitagao. a compra de mereadorias a distancia para entrega através de transporte rodovidrio. No conhecimento de transporte emitido. consta a informagdo “frete a pagar pelo destinatario". cumprindo a exigéncia do inciso VII. do art. 2°. do Decreto n° 19.473/30. A informagao foi dada pelo remetente ¢ vendedor ao transportador, O destinatario alega que nunca se responsabilizou pelo pagamento do frete e no & parte no contrato de transporte. portanto ndo pode responder pela cobranga. O transportador invocou o art. 436. paragrato Unico. do Cédigo Civil para concluir que. se a mercadoria foi recebida - fato inconteste ~ presume-se a anugneia do destinatario com a estipulagao feita pelo remetente e contida no conhecimento Caso seia proposta uma agao de cobranga do frete em face do destinatario, como juiz da causa acotheria ou nao a alegagao de ilegitimidade passiva’? Justifique. RESPOSTA: STA. Resp n° 3169. 4" Turma, Rel. Min. Athos Carneiro. DJ 24/09/90. CONTRATO DI FRANSPORTE, RESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO DO FRETE. EMISSAO. PELO TRANSPOR TADOR, DE DUPLICATA DE PRESTAGAO DE SERVICUS.CONTRA O. DESTIN.\TARIO. A SIMPLES CIRCUNSTANCIA DE O REMETENTE FAZER CONSTAR DO CONHECIMEN TO DE TRANSPORTE QUE O PRETE SERIA PAGO PELO DESTINATARIO. A TSTE NAO OBRIGA, SE NAO ANUIU PREVIAMEN TE. OU A POSTERIORI A ASSL NGAO DE TAL RESPONSABILIDADE, MAXIME EM SE CUIDANDO DE ENTIDADE DE DIRLITO PUBLICO. A ANUENCIA DEVE SER INFQUIVOCA. F NAO SE PRESUME DO SIMPLES: RECEBIMENTO DA MERCADORIA POR SERVIDOR SUBAL TERNO. INENISTENCIA DI "ESTIPULAGAO EM FAVOR DE TERCEIRO” ARTIGOS 1.098 E PARAGRAFO UNICO, F929 Do CODIGO CIVIL RECURSO ESPECIAL CONHECIDO F PROVIDO, obs: ns ar Hos mencionados no Resp reterent-se aw Codigo de 1916 Pelestio prado conitaty de transporte multiniodal de ea Celet i» Haw fol a mereadoriat entree ne jprazo cenvencionade. o que cause piciiizos iis destinatario ean expedider. em face de rompimente de wegoeios futur Apureuse que Fesponsabitidade pelo atrase ocorrert por culpa do transportador ferro. itr. Sontratade pelo operadar de transporte niultimodt U fiche ae operador de transporte multiazoda! inputur, como argumente exuneratorio de esponsbilidade. 0 Fato de werecito” Analise a qurestioy sub todos os aspectos. ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: No contrato de transporte a obrigagdo do transportador € de resultado ¢ nao de meio, pois 0 destinatirio e o remetente nao esperam ver a carga conduzida até o local combinado. mas efetivamente sua entrega nas condigdes esperadas (art. 750 do Cédigo Civil) Assim sendo. nao pode imputar ao transportador falhas de tereeiro para excluir sua responsabilidade No caso do transporte multimodal, a legislagio especifica prevé responsabilidade do operador. desde © momento em que recebe a mercadoria ¢ ¢ emitido o conhecimento, até a sua efetiva entrega, As Operagdes necessarias a execugao do contrato sto de responsabilidade do operador. a menos que este invoque e prove as excludentes de responsabilidade permitidas. Amparo leval: Lein® 9611/98, artigo cee 13 16. Transportadora Entrega Rapido Lida. ajuizou agdo de execugdo por titulo extrajudicial. com base no conhecimento de frete, sob 0 fundamento de inadimplemento do pagamento do frete pelo remetente ‘A agdo foi extinta sem resolugao do mérito por ilegitimidade ativa, sob 0 argumento de que este titulo beneficia apenas o remetente ou destinatario, devendo o emitente utilizar outro meio para assegurar seu direito ao recebimento do crédito. Correta a decisio? Analise a questdo sob todos os aspectos RESPOSTA: TIRS. Ap. Civel 2003.001.32870. 1* Camara Civel. Rel. Des. Maria Augusta Vaz. J. 02/03/2004, APELAGAO CIVEL. ACAQ DE EXECUCAO POR TITULO EXTRAJUDICIAL ILEGITIMIDADE DO TRANSPORTADOR PARA A EXECUGAO COM BASE NO CONHECIMENTO DE TRANSPORTE. O transportador ndo possui legitimidade para figurar no Délo ativo de agdo de execugdo baseado em conhecimento de transporte. pois. este ndo v benelicia e sim ao remetente ou ao destinatario da mercadoria. O transportador pode se garantir com a reten da mercadoria. na forma do Art. 2°. VIL. do Decreto n? 19.4 73, de 10, 12.1930, ou executar com base no contrato de transporte. boleto de frete ou duplicata de servigo. ou ainda promover agao de cobranga ou monitétia, O conhecimento de transporte. também conhecido por conhecimento de frete ou conhecimento de carga. vera deveres ao transportador, comproviande que a mereadoria esta em seu poder. ¢ quem pode lazer circular o titulo de crédito € 0 remetente ou o destinatarie, nunca o iransportador, exeeto se beneticiado por endosso. ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CPIIIA - EMPRESARIAL Tema 16: CONHECIMENTO DE DEPOSITO E WARRANT. Legislagdo. Emissio. Circulacdo. O primeiro endosso do warrant. A responsabilidade do endossante do conhecimento. O Procedimento de cobranga do warrant. A execucdo do saldo. Certificado de depési agropecudrio (CDA) e warrant agropecuario (WA). 1* QUESTAO: José Bento interpés agravo de instrumento contra a decisio proferida nos autos da agdo cautelar que move contra Topper Corretora S/A., na qual 0 juiz a quo indeferiu a liminar pleiteada para vedar a entrega para a agravada de 200 sacas de café de sua propriedade, depositadas em armazém geral. Sustentou o agravante ser proprietario das citadas 200 sacas de café beneficiado, tipo 6-30, da safra 2006-2007, depositadas nos armazéns da Cooperativa de Producdo dos Cafeicultores de Silvestre Ferraz. Aduziu que a armazenadora expediu, na forma da lei, 0 warrant representative dos eréditos das mercadorias depositadas. Alegou que endossou 0 conhecimento de depdsito unido a0 warrant a agravada para garantia de eventual débito, que, contudo, ndo possui certeza ¢ liquidez, tanto que ndo houve preenchimento do campo relativo & quantia devida e a data de vencimento no warrant. Assim, aduziu que jamais transferiu os créditos da mercadoria a recorrida. Entretanto, esta procurou a depositiria do café e, com 0 intuito de requerer a transferéncia da mercadoria, apresentou uma declaragdo, na qual afirma que the teriam sido transferidos, por endosso, os direitos sobre ela. Sustentou que 0s titulos so desprovidos de legalidade, nao possuindo agravada qualquer direito sobre as sacas de café, tendo a decis’o monocratica se equivocado, ao considerar que ela estaria no exercicio regular de seu direito, quando pleiteia a transferéncia da mercadoria. Requereu a atribuigdo de efeito suspensivo ativo ao agravo, para deferir a liminar ¢ impedir que a agravada retire do depdsito a mercadoria. A agravada, devidamente intimada, apresentou contraminuta, na qual observou que somente na hipotese de circulagdo isolada do warrant é que o valor da divida por ele garantido devera ser anotado no verso do conhecimento, sendo certo que se © warrant nao circulou separadamente, nao ha necessidade de discriminagao dos valores da divida. Analise 0 caso sob todos os aspectos. RESPOSTA: TJMG. Agravo de Instrumento n° 1.0035.07.096680-5/001.17" Camara Civel. Rel. Des. Eduardo Mariné da Cunha, DJ 21/08/2007. AGRAVO DE INSTRUMENTO © ACAO CAUTELAR - MEDIDA LIMINAR INDEFERIDA - ENDOSSO Dl CONHECIMENTO DI DEPOSITO E WARRANT - POSSIBILIDADE DE RETIRADA DAS MERC ADURIAS PELO ENDOSSATARIO - DECISAO MANTIDA. O conhecimento de depdsito ¢ a warrant sto titules emitides conjuntamente, com possibilidade de sua separagdo e circulagiio medi inte endosso, que Podera ser apenas de um deles ou de ambos, vendo que, nesta tiltin. hipétese, vo undossatario Possui pleno dircito de disposigdo da mercadoria armazenada, In casu, possuinde a avravada tanto © conhecimento de depdsito como o warrant, que Ihe foram repassados via endosso pelo agravante, inexiste razdo juridica para impedi-la de dispor da mercadoria depositada, devenda ser mantida a decisdo que indeferiu a medida liminar pleiteada DIREITO EMPRESARIAL - CP04- 03 - CPHL - 2° PERIODO 2013 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 2* QUESTAO: Irmaos Soares & Cia. Ltda. depositou num armazém geral 5.000 sacas de café, que foram dadas em penhor ao Banco Milenar S/A., mediante endosso do warrant. E licito ao depositante vender a mercadoria empenhada? Por qué? Explique e dé 0 amparo legal. RESPOSTA: Sim, pois 0 endosso do warrant constitui um direito real de penhor sobre a mercadoria depositada, mas néo retira a propriedade nem a disponibilidade do portador do conhecimento, que podera endossa-lo, transferindo ao endossatario a mercadoria com o gravame ( art. 18, Dec. 1102/03). endossatario do conhecimento podera retirar a mercadoria depositada caso proceda na forma prevista no art. 22, do Decreto n? 1102/03 3* QUESTAO: Que peculiaridades traz o procedimento de cobranga do warrant em relagio ao da nota promiss6ria? (citar e EXPLICAR pelo menos trés peculiaridades) RESPOSTA: a) necessidade de venda extrajudicial da mercadoria empenhada; b) execugao pelo saldo nao coberto pelo produto liquido da venda; ) prazo para realizacdo do leildio (10 dias, apés o protesto por falta de pagamento); 4) possibilidade de cobranga dos endossadores do conhecimento a partir do 1° endosso do warrant e e) necessidade de averiguar junto a0 depositirio se houve prévia consignagdo pelo portador do conhecimento do valor da divida contraida época do 1° endosso do warrant. DIREITO EMPRESARIAL - CP04- 03 t= 2" PERIODO 2013 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CPIIIA - EMPRESARIAL Tema 17: CEDULAS E NOTAS DE CREDITO. Rural, industrial, comercial e 4 exportagio. As garantias da cédula de crédito. Circulagio. Inscrigio. Processo de execucio da cédula, Capitalizagao de juros. Outros titulos de crédito rural: duplicata rural e nota promissér rural. Cédula de Produto Rural (CPR). Cédula de crédito bancério. Letra de crédito imobilidrio (Lei n° 10.931/2004). 1* QUESTAO: XXXVII CONCURSO PARA INGRESSSO NA MAGISTRATURA ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO Qual é a finalidade e quais so as garantias das cédulas e notas de crédito? RESPOSTA: Finalidade: proporcionar crédito para pessoas fisicas e juridicas que se dedicam a atividades econémicas consideradas relevantes para a economia nacional (rural, comercial, industrial, exportadora), além de estimular 0 mercado de crédito ¢ as instituigdes que nela atuam de modo a permitir a recuperagdo do crédito em condigdes de maior celeridade e garantia, Garantias:podem ser reais ou fidejussérias (aval). As garantias reais aplicam-se apenas as cédulas de crédito, podendo consistir em hipoteca, penhor ou alienagdo fiduciaria, As notas de crédito possuem garantia exclusivamente fidejusséria. Com base nos arts. 60 e 52, do Decreto-lei n° 167/67 © 413/69, respectivamente, pode-se afirmar ser possivel nas cédulas de crédito, cumulativamente, a garantia real e a fidejusséria (aval), observadas as restrigdes dos pardgrafos do art. 60, do Decreto-lei n° 167/67 2* QUESTAO: Determinado credor de uma cédula de crédito bancério virtual, acompanhada de simples protesto cambiario, pode requerer a faléncia de uma sociedade limitada que explora a pecuaria? Resposta justificada RESPOSTA: A questdo principal ¢ saber se a cédula de crédito bancario pode ser virtual e, em caso afirmativo, se pode ser considerada titulo executivo extrajudicial para lastrear requerimento de faléneia. A questdo ¢ pacifica De acerdo com 0 art. 90 Cédigo Civil, os titulos de crédito sio regulados pelas disposigdes deste diploma, salvo disposigao diversa na legislagdo especial A Lei que disciplina a Cédula de Crédito Bancario (CCB) € a de n° 10.93 1/2004. Dispde o art. 29, §2°. que a CCB serd emitida por escrito, em tantas vias quanto forem as partes que intervierem, assinadas peia emitente ¢ pelo terceiro garantidos, se houver, sendo vedada outra forma de emissio, Outra demonstragao de inadmissibilidade de CCB virtual & 0 art, 41, onde se permite 0 protesio por indieagGes da via negocidvel da CCB que se encontra na posse do credor. Ao contrario da CCB, 0 Certiticado de Cédulas de Crédito Bancério pode ser documental ou escritural, como autoriza expressamente o §3°, do art, 43. Conclui-se que nao ¢ valida nem dotada de eficseia CCR virtual por contrariar expressamente a legislagao especial; o mesmo nao se pode dizer do Centificado representative das cédulas. Em razZo da resposta negativa a primeira indagag&o, fica prejudicada a segunda, concluindo-se pela impossibilidade de requerimento de DIREITO FMPRESARIAL - CP04 - 03 - CPHL - 2° PERIODO 2013 34 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO faléncia fundado em CCB virtual, independentemente das discusses subjacentes sobre a natureza da sociedade limita que explora atividade rural - se ¢ simples ou empresaria - ou da necessidade de protesto especial para o requerimento de faléncia fundado na impontualidade imotivada. 3* QUESTAO: CONCURSO PARA JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO DO ESTADO DE MINAS GERAIS - 2006 Joelson Silva, brasileiro, divorciado, residente e domiciliado em Contagem (MG), empresério individual, devidamente registrado na JUCEMG, explorador do ramo de hortifrutigranjeiros, desenvolvia o seu negécio em imével préprio na cidade de Belo Horizonte (MG), que exibia o titulo "SACOLAO VENDA NOVA". Endividado, celebrou com um determinado banco comercial um contrato de miituo. Os recursos obtidos com este contrato foram suficientes para que ele Quitasse as dividas entdo existentes. Contudo, sem capital de giro, ajustou com um banco uma operacao de abertura de crédito em conta-corrente, no limite de R$ 100,000,00 (cem mil reais), que, por sua vez, foi documentada por uma Cédula de Crédito Bancario emitida por ele em favor da respectiva instituigdo financeira. Joelson Silva ndo conseguiu honrar as obrigagdes contraidas nos respectivos prazos. Assim, ele ingressou com agdo revisional do contrato de mituo, na qual invocou a aplicagio do Cédigo de Defesa do Consumidor, citando uma série de clausulas contratuais que, supostamente, seriam abusivas. Entre as cléusulas citadas, Joelson destacou as seguintes: (i) "Fica estipulado expressamente e aceito pelo MUTUARIO que a taxa de juros sera definida pelo Banco ,de acordo com os pardmetros utilizados para operagées desta natureza.” (ii) "Em caso de inadimpléncia, além dos juros moratérios & razdo de 1% a.m, seré devida multa moratoria equivalente a 2% por més até a efetiva quitagao da divida." (iii) "O Banco fica autorizado a debitar nas contas-correntes do MUTUARIO as quantias devidas em virtude do presente contrato.” Concomitantemente, 0 banco ajuizou em desfavor de Joelson uma execugdo por quantia certa lastreada na Cédula de Crédito Bancario, instruindo a inicial com os extratos da conta-corrente, discriminando as parcelas utilizadas do crédito aberto. 4) Quanto 4 ago revisional noticiada, na qualidade de Juiz, avalie as supostas abusividades do contrato de miituo apontadas pelo autor. b) Uma vez citado na noticiada execugdo, Joelson opis embargos, arguindo ko 38 a caréneia de agdio do exequente face 4 iliquidez do seu erédito ¢ ao disposto na simula 233 do STI Como vocé, na qualidade de Juiz, decidiria estes embargos? Justifique. abordando os aspectos relevantes que envolvem a questo. Limite sua resposta a, n0 maximo, dez linhas. RESPOST, a) as instituigdes financeiras ndo estéo sujeitas av limite de juros imposto pelo Decreto n° 626/33 (Lei da Usura) e sim aos limites estabelecidos pelo CMN (art. 4°, IX, da Lei n° 4.59564, recepeionada pela CR'88 como Lei Complementar - art. 92, CR.88). Cf. verhete n° 596, da simula do STF e simula vinculante n° 7, Sem embargo, aplica-se o art, 52, do CDC. onde esta previsto o dever do fornecedor de crédito informar ao consumidor o montante dos juros de mora e a taxa efetiva anual de juros. Se a instituigdo financeira no prestar esta _informagdo antecipadamente hé abusividade da cléusula, DIRFITU EMPRESARIAL - CPO4- 03 - CPII- 2° PERIODO 2013 35 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO A segunda clausula estaré em conformidade com o §1°, do art. 52, do CDC se a multa de mora ndo for superior a 2% do valor da prestagdo. O critério progressivo da multa (mensal) estabelecido pela cldusula é abusivo. A terceira clausula nao é abusiva ¢ pode ser livremente pactuada nos termos do que faculta o inciso VIII, do art. 28, da Lei n° 10.931/2004. 'b) Os embargos devem ser julgados improcedentes. Se a tinica arguigdo do devedor foi a iliquidez do crédito nao tem razio o embargante em face do disposto no art. 28, da Lei n° 10.931/2004, A CCB é titulo executivo extrajudicial © representa divida em dinheiro, liquida, certa e exigivel, tendo 0 credor apresentado os extratos da conta corrente, que foram elaborados em conformidade com 0 §2°, do mesmo artigo. Ademais, o crédito foi concedido e utilizado pelo emitente da cédula, nao podendo agora, diante do seu inadimplemento, invocar ser a divida iliquida para fins de descaracterizar 0 titulo executivo, DIREITO EMPRESARIAL - CP04 - 03 - CPIll - 2° PERIODO 2013

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