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TEMAS LIVRES FREE THEMES


Práticas que integram a saúde mental à saúde pública:
o apoio matricial e a interconsulta

Practices that integrate mental health with public health:


matricial support and interconsultation

Elaine Rosner Silveira 1

Abstract This article is an offshoot of my doctoral Resumo Este artigo é um desdobramento da Tese
thesis defended at the Federal University of Rio de Doutorado defendida na Universidade Federal
Grande do Sul. It seeks to approach the historical do Rio Grande do Sul. Tem como objetivo abor-
dissociation between mental health and broader dar a histórica dissociação entre a saúde mental e
public health as well as practices that work to- a saúde pública mais ampla bem como as práticas
wards the integration of the two. It examines the que propõem sua integração, examinando o con-
scientific background that fosters this dissociation texto científico que produz esta dissociação bem
and also national and international health-relat- como os documentos nacionais e internacionais
ed documents that stress the need for integration. na saúde que referem à necessidade de integração.
Based on Rose, I analyzed the documents and in- Foram analisados a partir de Rose os documentos
terviews with health professionals on the practic- e entrevistas com profissionais da saúde sobre as
es of Matricial Support and Interconsultation for- práticas de Apoio Matricial e Interconsulta for-
mulated by the Ministry of Health and by the Porto muladas pelo Ministério da Saúde e pela Secreta-
Alegre/ Rio Grande do Sul Municipal Health De- ria Municipal de Saúde de Porto Alegre (RS), que
partment, which seek to relate mental health with pretendem relacionar a saúde mental com a Aten-
Primary Healthcare. These documents and health ção Primária à Saúde. Estes documentos e práti-
practices propose new subjectivations to the pro- cas da saúde propõem aos profissionais novas sub-
fessionals. They emphasize the interdisciplinarity jetivações. Enfatizam a interdisciplinaridade e a
and the non-hierarchization of services and não hierarquização de serviços e saberes, e estão
knowledge, and are in line with the form of con- em consonância com a forma de organização so-
temporary social organization, which suggests tak- cial contemporânea, que propõe que se assumam
ing horizontal and democratic decisions, rather decisões horizontais e democráticas, em vez de
than decisions imposed by a vertical authority impostas por uma autoridade vertical típica dos
typical of the patriarchal and biomedical model. modelos patriarcal e biomédico.
Key words Mental health, Public health, Pri- Palavras-chave Saúde mental, Saúde pública,
mary healthcare, Matricial support, Interconsul- Atenção primária à saúde, Apoio matricial, In-
tation terconsulta
1
Prefeitura Municipal de
Porto Alegre. Rua Moab
Caldas 400, Santa Teresa.
90880-310 Porto Alegre
RS. rosilelaine@gmail.com
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Saúde mental e saúde: cial na área de saúde mental, pois estas objetivam
uma histórica dissociação articular áreas, saberes, serviços, a saúde mental e
a saúde no sentido geral. Em termos gerais, estas
Este artigo é um desdobramento da Tese de Dou- práticas consistem em encontros interdisciplina-
torado intitulada “Práticas pedagógicas na saú- res entre profissionais que trabalham nos servi-
de: o apoio matricial e a interconsulta integran- ços de saúde mental (psicólogo, psiquiatra, tera-
do a saúde mental à saúde pública”1, defendida peuta ocupacional e outros) e profissionais que
no Programa de Pós Graduação em Educação trabalham nos postos de saúde da rede básica
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A (médico, enfermeiro, agente comunitário e ou-
pesquisa se realizou a partir de uma abordagem tros) para que os primeiros auxiliem os segun-
construcionista cultural que, segundo Hall2, con- dos, principalmente a respeito da avaliação e do
sidera que o significado é construído na e através atendimento de casos que precisam de atenção
da linguagem, que as “coisas” não têm um signi- em saúde mental, com o intuito de que possam
ficado inerente, nem os significados são apenas acolher e acompanhar alguns casos que talvez não
individuais, entendendo ser o significado produ- necessitem de atenção especializada.
zido pelo trabalho da representação e das práti- A percepção desta dissociação entre saúde
cas de significação. mental e saúde no sentido mais amplo, verifica-
Embora a saúde mental faça parte da saúde da nas práticas dos serviços, também se encon-
mais ampla, é comum na rede básica os profissio- tra referida em vários documentos nacionais e
nais generalistas atenderem a um leque diversifi- internacionais na saúde, que abordam também
cado de situações como desnutrição infantil, hi- a necessidade de integrá-las, conforme será cita-
pertensão em adultos, diabetes, entre outros, mas do. O documento internacional elaborado pela
não incluírem a saúde mental ou as manifesta- Organização Mundial da Saúde, intitulado “Re-
ções da subjetividade como parte deste leque. latório sobre a saúde no mundo 2001: Saúde
Acreditam ser esta da alçada do serviço especi- mental: nova concepção, nova esperança”4, con-
alizado, sem que muitas vezes considerem a pos- sidera ser a saúde mental comumente ignorada e
sibilidade de alguma assistência ser procedida no negligenciada, diferente do que sucede com a saúde
âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS). Tam- física, ressaltando ser a maioria das doenças
bém é observável uma falta de aproximação en- mentais e físicas influenciada por uma combina-
tre ações voltadas a diabetes, a saúde da mulher, ção de fatores biológicos, psicológicos e sociais.
da criança, do adolescente, do idoso, por exem- Este documento indica que muitos países não
plo, e a saúde mental, tanto no planejamento dos possuem orçamentos específicos para a saúde
programas e políticas quanto na execução da mental, e boa parte daqueles que a incluem entre
assistência. As diferentes políticas colocadas em seus gastos consigna menos de 1% do orçamen-
ação, como por exemplo, a Política de Atenção to da saúde pública para a saúde mental. A nova
Integral à Saúde da Mulher, a Política de Saúde do concepção a que alude o título do documento, é
Idoso, a Política de Saúde Mental, comumente ou a de que saúde mental e saúde física são insepa-
são pouco articuladas entre si ou não o são. As- ráveis, que uma influencia a outra, e que a saúde
sim, discussões referentes à saúde mental, ao so- mental, os sentimentos e os pensamentos, são
frimento psíquico ou à subjetividade, que a prin- tão importantes quanto a saúde física. E os esta-
cípio seriam transversais a qualquer outro pro- dos afetivos angustiados e deprimidos desenca-
grama e política pública de saúde, comumente deiam mudanças no funcionamento endócrino e
não perpassam esses programas. Dessa forma, imunitário e criam suscetibilidades a doenças fí-
as ações e o cuidado em saúde se processam, com sicas, estando entre essas os distúrbios cardía-
frequência, de forma compartimentada, fracio- cos. E comumente os profissionais da atenção
nando o atendimento e o sujeito, que também é primária não reconhecem a angústia emocional,
atendido de forma fragmentada: cada “fragmen- propondo o treinamento destes profissionais
to” é remetido para um serviço diferente, ou para para detecção e tratamento de transtornos men-
um programa específico, ou para um profissio- tais. Outro documento mais recente, elaborado
nal específico, sem que haja, muitas vezes, uma pela Organização Mundial da Saúde5 juntamen-
articulação entre eles, gerando-se, assim, como te com a Associação Mundial de Médicos de Fa-
salientou Ceccim3, uma parcelarização técnico- mília (WONCA), indicou entre outras, as seguin-
burocrática do trabalho. tes razões para a integração da saúde mental na
Esse é o aspecto que justifica meu interesse APS: as altas prevalências de transtornos men-
pelas práticas da Interconsulta e do Apoio Matri- tais e o baixo número de pacientes que recebem
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tratamento em todos os países; o aumento do Contingências de produção da dissociação
acesso aos cuidados em saúde mental, quando e da integração entre saúde mental
realizados na APS; a maior qualificação das ações e saúde física
e dos serviços desenvolvidos na APS minimiza o
estigma e a discriminação; é mais barato para Tal como propõe Foucault 9, não interessa
pacientes, comunidades e governos o tratamen- buscar a origem dos acontecimentos ou uma iden-
to em saúde mental na APS que em hospitais tidade primeira, na qual estivesse assentada a
psiquiátricos; e os bons resultados obtidos rela- verdade, entendida como algo anterior a tudo
tivamente à integralidade da saúde de sujeitos que é externo, acidental e sucessivo, mas de con-
com sofrimento psíquico. siderar sua proveniência e emergência. Nessa
Outro documento internacional é a Declara- mesma direção, autores que se utilizam de Fou-
ção de Caracas6, que defende desde a década de cault, como Kendall e Wickham10, ressaltam que
1990, a atenção psiquiátrica na Atenção Primária se deve procurar pelas contingências, e não pelas
à Saúde e na comunidade, propondo não centrar causas, pois um evento histórico não deve ser
a assistência à saúde mental nas internações hos- visto como necessário, mas como decorrente de
pitalares. uma série de relações complexas procedidas en-
Em nível nacional, o documento do Ministé- tre outros eventos. Dessa forma, busquei inda-
rio da Saúde sobre o Núcleo de Apoio à Saúde da gar a emergência ou o contexto social e na saúde
Família7 também enfatiza a integração da aten- a partir do qual se propõem as práticas como o
ção à saúde mental na APS. Refere estudos reali- Apoio Matricial e a Interconsulta.
zados na década de 1980, que demonstraram que O surgimento da ciência moderna foi o mo-
entre os pacientes que procuram o Programa mento onde se deu o processo de multiplicação e
Saúde da Família 33% a 56% apresentava “trans- criação de diferentes disciplinas e saberes, das
tornos mentais comuns”. A respeito destes o do- fronteiras entre eles e das tentativas de interrela-
cumento cita o estudo da OMS, divulgado em cioná-los, bem como surgiram as dicotomias
2001, que encontrou com maior frequência na entre mente/corpo e sujeito/objeto, segundo
APS a coexistência de depressão e ansiedade, além Luz11. As disciplinas científicas que emergiram
de sintomas físicos que não recebem explicação nesta época e posteriormente, tais como a Física,
médica. Este documento utiliza tais indicações a Química, a Fisiologia e a Medicina, reproduzi-
para justificar a necessidade de qualificar a APS e ram nas suas teorias estas dualidades e dicoto-
aponta a melhoria da efetividade na atuação das mias, apesar de periodicamente também reduzi-
equipes de Saúde da Família possibilitada pelo rem um polo da dicotomia a outro, como a au-
Apoio Matricial em saúde mental. tora também salientou. Segundo Capra12 e Mi-
Como vimos, há ainda hoje em documentos nayo13, estas dicotomias do modelo cartesiano
recentes uma ênfase na necessidade de integra- da ciência deram origem na saúde à separação
ção entre saúde mental e saúde física, e a insistên- entre os profissionais que se ocupam do corpo e
cia nessa temática, em nível internacional e naci- os profissionais que se ocupam da mente, divi-
onal, é um indicativo de que se considera que dindo a prática da assistência em dois campos
ainda não foi alcançada plenamente. distintos com pouca comunicação: os médicos
Também autores como Lancetti e Amarante8 ocupam-se do tratamento do corpo, os psiquia-
consideram fundamental o papel da rede básica tras e psicólogos da cura da mente, hiato que
na Reforma Psiquiátrica, pois para eles a saúde impede a compreensão da relação entre aspectos
mental é o eixo da Estratégia da Saúde Família emocionais e físicos no curso das doenças. Bem
(ESF) e esta é um programa de saúde mental, como corroborou a separação entre a doença ou
pois trabalha próximo à comunidade, todos os o corpo (o objeto) e as representações e as signi-
profissionais conhecem os pacientes pelo nome ficações do sujeito sobre elas (o sujeito).
bem como suas histórias. Consideram que a Saú- Também faz parte deste modelo científico
de da Família tem poder de inserção dos indiví- positivista a valorização do discurso da Razão,
duos ao seu território mais que os CAPS, pois a dos aspectos quantitativos em detrimento dos
saúde mental compete a todos profissionais de qualitativos, da objetividade em detrimento da
saúde. subjetividade. Um representante importante do
positivismo na saúde é o modelo biomédico que
valoriza a especialização, o trabalho isolado, a
objetividade em detrimento dos aspectos psíqui-
cos ou subjetivos.
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A forma discursiva e a prática biomédica pre- Botega20 propõe assessorar em saúde mental os
ponderantes na saúde, segundo Ceccim e Ca- profissionais e as equipes não especializadas, en-
pazolo14, enfocam principalmente os determinan- tre outras atividades. Ambas buscam integrar a
tes biológicos do adoecimento, sendo essa uma saúde mental à saúde mais ampla e são propos-
“racionalidade que busca a verdade das doenças tas dos órgãos oficiais a nível federal e municipal.
na alteração anatomopatológica”. Nesse modelo A metodologia utilizada foi a pesquisa quali-
o hospital e as emergências são considerados tativa, a entrevista semiestruturada e a análise
como centrais e como o topo da hierarquia da baseada em Rose21. Segundo esta autora, um pri-
rede assistencial e a rede de serviços como um meiro tipo de análise do discurso foucaultiana
todo é pouco articulada e valorizada, sendo um examina como as visões ou relatos são constru-
sistema burocratizado e verticalizado. Ocorre, ídos como reais, verídicos ou naturais, confor-
também, uma organização fragmentária do tra- mando regimes de verdade. Enfoca estratégias
balho, tanto na assistência quanto nos proces- de persuasão ou os modos como determinado
sos de trabalho, gerando alienação no cuidado e discurso consegue persuadir e produzir efeitos
na sua finalidade. E um padrão tecnicista e roti- de verdade, bem como posições de sujeito. Esta
nizado de atenção, que considera pouco as sin- primeira forma de análise aborda a produção
gularidades dos casos e medicaliza em alto nível, social e os efeitos dos discursos. Um segundo tipo
levando em conta, principalmente, o saber epi- de abordagem analítica foucaultiana, examina a
demiológico, deixando como secundário o aten- maneira como os discursos institucionais são
dimento individual e o saber da clínica. materializados na própria arquitetura e nas po-
Em contraposição ao modelo hospitalocên- sições de sujeito. Ou seja, articula-se poder/saber
trico encontra-se o conceito ampliado de saúde e a produção de posições de sujeito relacionadas
que integra a saúde mental e não foca apenas no aos mesmos. Como o autor21 refere, estas duas
aspecto biológico das doenças, mas define a saú- formas de análise podem acontecer de maneira
de como um bem-estar físico, mental e social – e bastante relacionada.
está presente em vários documentos internacio- Foi realizada a análise de dois documentos
nais e nacionais como a Constituição da OMS15 do Ministério da Saúde sobre Apoio Matricial22,23
de 1948 e também o capítulo sobre o SUS da e um da Secretaria Municipal da Saúde de Porto
Constituição Federal de 198816. A Reforma Psi- Alegre/RS sobre Interconsulta24, e de entrevistas
quiátrica que hoje faz parte da Política de Saúde com doze profissionais da Secretaria Municipal
Mental17 do Ministério da Saúde propõe a inser- da Saúde (SMS), sete profissionais de serviços de
ção social na comunidade do doente mental e saúde mental (psicólogo, terapeuta ocupacional,
também faz parte deste contexto de produção psiquiatra, assistente social) e cinco médicos de
desta ideia de integrar saúde mental e saúde físi- serviços da rede básica (Estratégia de Saúde da
ca. E a ênfase dada nas últimas décadas na Aten- Família e Unidade de Saúde). Este tipo de análise
ção Primária à Saúde – desde a Declaração de não busca indicar qual a melhor prática ou a
Alma-Atá de 197818 –, ao invés da valorização mais produtiva – se a Interconsulta ou o Apoio
apenas dos hospitais enquanto centro da assis- Matricial – mas relatar como estas são significa-
tência na saúde, também forma o contexto onde das pelos documentos e pelos profissionais. A
se promovem as práticas de Apoio Matricial e escolha destes documentos para análise se deveu
Interconsulta. Esses são hoje os discursos de ver- ao fato de serem as referências oficiais que em-
dade colocados na saúde e que informam as prá- basam estas práticas realizadas pelos trabalha-
ticas abordadas. dores da SMS de Porto Alegre/RS e que propõe
articular os serviços de saúde mental e a rede
básica. A escolha dos sujeitos se direcionou aos
Aportes metodológicos que participam destas práticas em diferentes ser-
viços da cidade, sem pretender abranger todos.
O Apoio Matricial foi teorizado por Campos e A entrevista indagou como realizam e o que os
Domitti19 e propõe um arranjo organizacional que profissionais pensam delas.
estabeleça uma relação dialógica horizontal entre Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de
profissionais do serviço de referência (a rede bá- Ética da Secretaria Municipal de Saúde de Porto
sica, por exemplo) e do serviço especializado, Alegre/RS e não recebeu financiamento para a
ampliando a clínica. A Interconsulta teorizada por sua realização.
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Novas subjetivações na saúde tivados pela sua formação profissional acadê-
mica, mas também os documentos e as práticas
Os documentos do Ministério da Saúde ana- – como da Interconsulta e do Apoio Matricial –
lisados sobre Apoio Matricial foram: produzem o objeto sobre o qual trabalham e tam-
1) “Saúde mental e atenção básica: o vínculo bém os sujeitos profissionais que os realizam.
e o diálogo necessários”, que é um anexo da pu- Estas novas formas de ver, dizer e julgar ex-
blicação “Saúde mental no SUS: os Centros de pressam-se nas novas nomenclaturas utilizadas
Atenção Psicossocial”22 ; nestes documentos. Por exemplo, os dados so-
2) a cartilha do HumanizaSUS intitulada bre prevalência em saúde mental na população
“Equipe de Referência e Apoio Matricial”23. são apresentados conforme a modalidade de cui-
O documento da Secretaria Municipal de dados que esta necessita – “cuidados contínuos
Saúde sobre Interconsulta analisado foi o “Plano (transtornos mentais severos e persistentes)” ou
de Saúde Mental 2005-2008”24. “eventual (transtornos menos graves)”22, e não
Nos documentos do Ministério da Saúde são apenas a partir de transtornos psiquiátricos,
propostas como tarefas do Apoio Matricial: a como comumente são apresentados. O posto de
discussão de caso, a capacitação, a consulta con- saúde é denominado de “equipe de referência”
junta, a participação em reunião de equipe na enfatizando a responsabilidade da equipe da rede
rede básica, a visita domiciliar, a disponibilização básica sobre os casos, e o serviço especializado é
de contato telefônico para emergências. O Apoio denominado de “serviços de referência/especiali-
Matricial tal qual se encontra nestes documentos dades”23, enfatizando também sua responsabili-
propõe produzir um novo “arranjo organizaci- dade enquanto referência secundária.
onal”, que visa fornecer um “suporte técnico” às A Interconsulta, presente no documento da
ações básicas22, modificar relações e processos Secretaria Municipal da Saúde de 200524, propõe
de trabalho tidos como fragmentados e aliena- como fazendo parte de suas atividades a discus-
dos, horizontalizar e democratizar relações. A são de caso e a realização de capacitação, e em-
Cartilha refere que o serviço de saúde que con- bora cite autores que apontem como tarefa da
centra as decisões na alta hierarquia “e cuja orga- Interconsulta abordar questões interpessoais,
nização é baseada no poder das corporações pro- institucionais e de equipe, o documento não des-
fissionais, tende a gerar descompromisso e falta taca estes aspectos. Ela é dirigida mais para a
de interesse de participação na maioria dos tra- orientação sobre questões técnicas como o ma-
balhadores.”23. nejo da medicação, do diagnóstico e da conduta
E estes documentos se endereçam a um pro- técnica. Este documento da SMS é permeado pela
fissional com este perfil tradicional que trabalha noção de “evidências” que considera como se-
de forma fragmentada e não articulada, têm cundárias ou desconsidera informações socio-
como diretriz que a APS possa aumentar a reso- culturais e psicológicas, segundo Castiel e Diaz26.
lutividade de atendimento aos casos de saúde E, por outro lado, ao mesmo tempo, também é
mental, e, através da responsabilização compar- permeado por noções da Reforma Psiquiátrica
tilhada excluir ou superar a lógica de encaminha- de inclusão social. A Interconsulta no documen-
mento aos serviços especializados. to da SMS pretende qualificar os encaminhamen-
Os documentos do Ministério da Saúde ana- tos da APS para os serviços especializados, dife-
lisados criam novas formas de produzir sujeitos rente do Apoio Matricial proposto pelo Ministé-
profissionais na saúde, com novas formas de ver, rio da Saúde que, como vimos, parece pretender
dizer e julgar – como referiu Larrosa25 ao definir principalmente aumentar a resolutividade da
o processo de subjetivação – a saúde mental e a APS. A Interconsulta parece ter o foco de atuação
saúde. A partir da contribuição foucaultiana, mais restrito do que o Apoio Matricial que tem
Larrosa25 considera que subjetivar-se é aprender uma pretensão de modificar a forma de se orga-
a ver-se, dizer-se e julgar-se de uma determinada nizar o trabalho nas instituições e equipes, além
forma, é a experiência de si mesmo em um dado de propor a realização de consultas conjuntas.
jogo de verdade. Para este autor, as teorias e as Apesar das diferenças apontadas, as atividades
práticas pedagógicas e terapêuticas não são me- que são propostas como fazendo parte da Inter-
ras mediadoras, que dispõem os recursos para o consulta estão contidas nas atividades que o Mi-
desenvolvimento do sujeito, mas produzem as nistério da Saúde propõe como Apoio Matricial
pessoas, sendo constituidoras das subjetivida- em saúde mental.
des, da relação do sujeito consigo e com os ou- E tanto a Interconsulta quanto o Apoio Ma-
tros. Os profissionais da saúde não são só subje- tricial afirmam a saúde mental como tão impor-
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tante quanto a saúde física, propõem novas for- mente seguir as definições oficiais do Ministério
mas de organização das relações de poder entre da Saúde ou da Secretaria Municipal da Saúde.
os profissionais, de saber e de verdade na saúde, Em vários serviços este trabalho da saúde mental
afetando usuários e profissionais. Elas direcio- com a rede básica já acontece há mais de cinco
nam os sujeitos profissionais da saúde mental anos, tendo sido referido tanto pelos profissio-
para que realizem interdisciplina e ensinem os nais de ambos locais que participam destas ativi-
demais profissionais a praticá-la, assim como a dades, ter ocorrido um forte aprendizado no
intersetorialidade, e que compartilhem respon- período.
sabilidade sobre os casos. Nem todos profissionais são favoráveis a es-
Pode-se dizer, então, que os documentos do tas práticas. Um clínico geral se posicionou con-
Ministério da Saúde e da SMS compõem um tra e defendeu o encaminhamento direto de casos
modo de falar sobre a saúde e de gerenciá-la, que aos serviços de saúde mental via documento de
está inserido em valorações e verdades que tanto referência e contrarreferência por considerar mais
se referem ao momento atual das políticas públi- rápido do que esperar a reunião para discutir o
cas brasileiras, quanto a propostas assumidas caso – posição que na minha experiência verifico
por documentos e entidades de saúde internaci- ser bastante comum entre profissionais das Uni-
onais e da ciência. Valoriza-se a Atenção Primá- dades de Saúde. Esse profissional defendeu que a
ria à Saúde, a atenção à saúde mental na Atenção renovação de receita psiquiátrica, bem como a
Primária, inserindo o doente na comunidade e atenção aos casos deve ser feita pelo especialista,
não segregando em internações hospitalares, a não por um médico clínico geral. Ele diz:
integração entre os serviços da saúde e a interse- [...] porque às vezes tu fica com um paciente de
torialidade entre a saúde e outras instituições que psiquiatria copiando receita, o clínico fica copia-
não da saúde. dor de receita [...] porque a gente não vê o dia a dia
[do paciente], não conversa, não temos tempo pra
Modus operandi, críticas e estratégias saber como é que é a vida dele, né.
do apoio matricial e da interconsulta Diz ainda que o psiquiatra é quem tem uma
visão
A forma de realizar este trabalho de integra- [...] mais subjetiva. Vai ter que conversar, per-
ção dos profissionais do serviço de saúde mental der tempo, por isso que a consulta do psiquiatra é
e dos profissionais da rede básica tem variado na demorada, né?
SMS de Porto Alegre e nem todos os serviços de E completa:
saúde mental as realizam, assim como nem todo [...] o clínico na verdade, ele deixa de fazer a
posto de saúde participa. Em um dos formatos, parte clínica dele que é ver como está o fígado,
os profissionais de diferentes postos da APS reú- como é que tá o rim, se tem alguma infecção. Na
nem-se quinzenalmente ou mensalmente no ser- verdade tu fica só passando a receita do medica-
viço de saúde mental junto com os profissionais mento que tu não pode retirar também.
deste serviço para discutir casos e formular Pla- Ele costuma renovar as receitas psiquiátricas
nos Terapêuticos Singulares conjuntamente. Al- e participar da Interconsulta nos serviços de saú-
guns clínicos gerais e médicos de família entre- de mental, porém critica isso, não considera ser
vistados consideraram bastante produtiva este sua função abordar os aspectos subjetivos do
formato de reunião, referiram aprender também paciente, mas sim cuidar dos aspectos objetivos
com a troca de experiência com colegas de outros como os órgãos, as enfermidades e os exames.
postos da rede básica, assim como com profissi- Ele se considera um “copiador de receita” psiqui-
onais da saúde mental. Num outro formato, os átrica dos usuários que já se trataram em servi-
profissionais dos serviços de saúde mental diri- ços de saúde mental e ganharam alta, ou que
gem-se a cada posto de saúde para realizar esta aguardam vaga para serem atendidos nestes ser-
atividade, geralmente mais de um profissional viços, pois não se sente preparado para alterar a
de áreas diferentes. A denominação empregada medicação. Este profissional e tantos outros tra-
pelos profissionais para esta atividade varia bas- balhadores da SMS demonstram uma forte sub-
tante, alguns chamam de Consultoria, outros de jetivação no modelo biomédico que reforça o tra-
Interconsulta – termo empregado no documen- balho dentro das fronteiras das especialidades,
to da SMS de 2005 já citado24 – e outros de Apoio voltado para aspectos objetivos e não podendo
Matricial, tal como utiliza o Ministério da Saúde. abordar os aspectos subjetivos do atendimento.
Os profissionais realizam uma apropriação bas- Já outro médico, um clínico comunitário, consi-
tante particular destas noções, sem necessaria- dera que a consultoria de saúde mental ajuda a
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dar um suporte e fazer com que a gente se sinta O que profissionais referem aprender
mais seguro pra atender casos que a gente imagina ou ensinar na interconsulta
que não é capaz ou que não é possível atender [...]. e no apoio matricial?
Segundo relato de profissionais de serviços
de saúde mental entrevistados, é comum os pro- É utilizada no presente trabalho uma leitura
fissionais da rede básica alegarem não terem tem- ampliada do pedagógico que considera que os
po para atender a saúde mental, ou não se senti- processos de aprendizagem não ocorrem somen-
rem preparados ou capacitados para tal, e não te nos espaços da escola ou das instituições de
reconhecerem a renovação de receita psiquiátri- ensino28. Segundo estes autores as aprendizagens
ca como uma atenção que já realizam na área de ocorrem também em instâncias ou manifesta-
saúde mental. Sendo a estratégia inicial de alguns ções extraescolares como a mídia, o cinema, a
profissionais da saúde mental entrevistados, au- cultura popular, os livros de ficção, as organiza-
xiliar para que os médicos da rede básica reco- ções religiosas, assim como acontece também nos
nheçam que a renovação de receita psiquiátrica documentos e práticas na saúde pública.
já é uma assistência em saúde mental e que é pos- Sobre os aprendizados em relação à infância,
sível qualificá-la. uma psicóloga referiu que os pediatras da rede
Outra estratégia utilizada na reunião de In- básica após a Interconsulta passaram a dar “aten-
terconsulta é a negociação a respeito do usuário ção à história da criança”, escutar também a cri-
a ser acolhido no serviço de saúde mental, que é, ança e não só o adulto (as queixas maternas e da
segundo um entrevistado, bastante tensionada, escola), a não centrar só no sintoma ou na doen-
pois o número de vagas no serviço de saúde men- ça, mas a conhecer o contexto da criança, sua
tal é sempre menor do que os pedidos de enca- família, e a avaliar mais detidamente os pedidos
minhamentos pela rede básica. A prioridade é de encaminhamentos feitos pela escola, modifi-
para os casos mais graves, mas, segundo profis- cando muitas vezes o encaminhamento. Por
sionais da saúde mental, algumas vezes admite- exemplo, um pedido de encaminhamento de uma
se um caso menos grave no serviço de saúde criança ao neurologista, feito pela escola, pôde
mental quando os profissionais da rede básica ser melhor analisado pelo pediatra do posto de
não estão conseguindo lidar com a situação, ape- saúde, juntamente com o trabalho da Intercon-
sar do caso já ter sido discutido na Interconsulta, sulta, derivando para um encaminhamento a
levando em conta os limites e as possibilidades outro profissional, que se julgou mais adequado
de atendimento dos profissionais da rede básica. para a situação, um psicólogo. A psicóloga diz
Uma enfermeira de um serviço de saúde men- que esses médicos lhe dizem:
tal relatou: puxa, como foi bom isso [a Interconsulta],
Tem unidades que o paciente grave fica um como eu aprendi a ter uma escuta maior, né, mais
pouco perdido no cotidiano do trabalho. Então um focada no desenvolvimento todo da criança.
pouco o nosso papel é puxar esse paciente [...], va- Em relação aos adultos, os profissionais da
mos trazer pro serviço de saúde mental, ver se ele rede básica referiram passar a escutar e conhecer
consegue vir, vamos fazer visita domiciliar. [...] A mais a pessoa, obter mais dados sobre sua situa-
gente ajuda a montar o paciente, digamos. ção e contexto, a ter mais disponibilidade pesso-
Na Interconsulta com a rede básica ela auxi- al e de tempo, a acolher seu sofrimento, a acom-
lia a “puxar” o caso grave de saúde mental que às panhar longitudinalmente os casos, a motivar o
vezes fica perdido no cotidiano do trabalho do paciente antes de encaminhar ao serviço especia-
posto de saúde, a pensar estratégias para trazê- lizado, a não se assustar com casos de saúde
lo ao serviço, como a visita domiciliar, por exem- mental e enxergá-los de outra forma (não como
plo, e também a pensar junto com a equipe da o “chato”, o insistente ou o incompreensível), sen-
rede básica que profissionais podem fazer este tindo-se mais capacitados para atendê-los e en-
trabalho. Faz lembrar o que Ana Cristina Figuei- tendê-los, aprenderam a dar uma “atenção inte-
redo27 chama de “construção do caso clínico”, ou gral” e atentar para a “dor na alma”, conforme
seja, a construção coletiva do caso reunindo a relatos. A partir da “Consultoria” uma clínica geral
contribuição dos profissionais da equipe que o diz ter passado a atender os casos menos graves
conhecem, a partir do que se colhe das produ- dando “apoio” e “atenção”, e a só encaminhar ao
ções do sujeito, e que servirá de indicação da di- serviço de saúde mental os mais graves, ela diz:
reção de seu tratamento. Quanta gente senta na nossa frente e começa a cho-
rar. Eles não vêm com o problema de estar com
uma dor. A dor deles é dor na alma.
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Silveira ER

Pode-se dizer que os profissionais referiram Práticas discursivas


ter havido uma certa complexificação da visão e subjetivações contemporâneas
dos casos e ampliação das próprias práticas pois
passaram a escutar mais, realizar acompanha- O discurso encontrado nos documentos do
mento sistemático de alguns casos, e alguns até a Ministério da Saúde sobre o Apoio Matricial e
realizar grupos e/ou oficinas. Um entrevistado também nas entrevistas analisadas, que enfatiza a
de um serviço de saúde mental enfatizou que este interdisciplinaridade, a responsabilidade compar-
trabalho ajuda a rede básica a planejar e organi- tilhada, assim como a valorização igualitária de
zar a assistência com o usuário que necessita de todos os saberes disciplinares, a não hierarquiza-
cuidados na área de saúde mental. ção de serviços nem de saberes, e a democratiza-
Referiram que passaram a valorizar a troca ção das relações de trabalho, parece fazer parte de
interdisciplinar e também aquela entre profissio- outro social mais amplo, contemporâneo.
nais da mesma profissão como processo de apren- Este discurso presente na saúde contra o
dizagem, a “parar para conversar” sobre o traba- modelo piramidal biomédico – que é a expres-
lho e sobre os casos, algo que muitas vezes não são do modelo patriarcal na saúde, segundo Ca-
acontece no cotidiano atribulado da rede básica pra12, e em prol das relações horizontais, da de-
que recebe demandas muito variadas em saúde. mocracia e da transdisciplinaridade, parece rela-
Além disso, em algumas situações passaram a cionar-se muito ao que Lebrun29 chama de orga-
chamar outros serviços que não são da saúde, nização social contemporânea. Lebrun29 destaca
como por exemplo, o Conselho Tutelar e a escola, em relação ao passado mudanças na forma de
para discutir intersetorialmente alguns casos. convívio e na organização do laço social: antes
Assim, pode-se dizer que nestas práticas de na sociedade predominava a verticalidade, a au-
Interconsulta e Apoio Matricial os sujeitos pro- toridade dada pela tradição, o modelo de orga-
fissionais são subjetivados e se autoproduzem nização social piramidal, a ordem preestabeleci-
para modificarem suas práticas e realizarem apro- da transmitia as regras. A legitimidade social era
ximação entre serviços e entre diferentes profis- dada pela teologia e pela supremacia masculina
sões, trabalhar de forma coletiva em equipe, di- do patriarcado, o religioso era o modelo do soci-
vidindo responsabilidades e se comprometendo. al. Segundo Lebrun30, antes a autoridade era ocu-
E o sujeito paciente é incentivado a se inserir so- pada por Deus, pelo Papa, pelo pai ou pelo chefe,
cialmente e não ser segregado, se torna um caso e hoje a organização social não está mais consti-
construído e discutido procurando levar em conta tuída como pirâmide, mas como rede e este lugar
seu contexto e singularidade. São práticas que de autoridade não tem mais o reconhecimento
tornam mais resolutiva a atenção em saúde men- espontâneo de antes, o modelo anterior foi pau-
tal e no SUS, que não substituem os serviços es- latinamente enfraquecido pelo discurso da ciên-
pecializados, mas se somam a eles. cia e pelos avanços da democracia. Na moderni-
Porém, os profissionais também relataram dade29 há mudança na maneira de decidir, pas-
as seguintes dificuldades: nem sempre acontece sou-se a defender a contratualidade, a horizon-
trabalho em equipe ou interdisciplina dentro da talidade e a paridade democrática, a pluralidade
rede básica e/ou desta com o serviço especializa- passou a ser reconhecida com suas convergênci-
do; nem todos os serviços de saúde mental reali- as e divergências. Hoje considera-se que a deci-
zam ou da rede básica participam da Intercon- são deve vir da confrontação e da discussão entre
sulta ou da atividade de Apoio Matricial; o aten- os protagonistas, da troca entre interlocutores, a
dimento dos casos de saúde mental e a participa- ordem deve emergir do convívio entre os parcei-
ção na Interconsulta e no Matriciamento são cen- ros, ela não está dada de antemão, espera-se dos
trados ainda no profissional médico, alguns pro- atores que estejam implicados e que não sejam
fissionais da saúde mental tentam incluir tam- apenas submetidos. Lebrun29 refere que a auto-
bém a contribuição dos outros profissionais da ridade hoje se sustenta nessa organização mais
rede básica na discussão dos casos; os médicos horizontal e negociada, e aceita a interpelação.
relatam que comumente não incluíam a saúde Essas questões da corresponsabilização dos pro-
mental nas suas ações antes da Interconsulta ou fissionais da rede básica com as situações de saú-
do Matriciamento. de mental, e não só do encaminhamento des-
2385

Ciência & Saúde Coletiva, 17(9):2377-2386, 2012


comprometido, bem como das decisões sobre o
trabalho que se constroem coletivamente e não
apenas se impõem verticalmente, aparecem mui-
to nos discursos e nas práticas analisadas por
esta pesquisa, especialmente nos documentos do
Ministério da Saúde citados e nas entrevistas,
corroborando a ideia de mudança de alguns dis-
cursos e práticas da saúde tal como vem aconte-
cendo no discurso social contemporâneo.

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Apresentado em 12/05/2011
Aprovado em 11/07/2011
Versão final apresentada em 10/09/2011

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