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Departamento de Psicologia

A PARENTALIDADE NAS CONFIGURAÇÕES FAMILIARES


CONTEMPORÂNEAS

Alunas: Ana Cláudia de Jesus Vasconcelos - PIBIC/CNPq


Ilana Galpern Gruc – Edital/CNPq (balcão)
Claudina Damascena Ozorio - PIBIC/CNPq

Orientadora: Terezinha Féres-Carneiro

Introdução
Na clínica, temos nos defrontado, cada vez mais, com os temas referidos ao exercício
da parentalidade nas diferentes configurações familiares contemporâneas. Torna-se, assim,
importante investigar o exercício da parentalidade nestas diversas configurações, mapeando a
percepção de pais e filhos sobre dimensões relevantes do referido exercício, em busca de uma
compreensão, cada vez maior, dos diversos temas relacionados às funções parentais na
atualidade. A parentalidade é produto do parentesco biológico e do tornar-se pai e mãe. Esta
concepção de parentalidade oferece uma compreensão para as configurações familiares
contemporâneas. Segundo Roudinesco [1], a família contemporânea ou pós-moderna une dois
indivíduos em busca de relações íntimas ou realização sexual, sob a perspectiva de duração
relativa. Da mesma forma, se assemelha a uma rede fraterna, não hierarquizada, na qual o
exercício da autoridade vai se tornar cada vez mais problemático à medida que aumentam os
divórcios, as separações e as recomposições familiares. Deste modo, as mudanças percebidas
no âmbito do casamento, permitem uma análise voltada para a importância dos papéis de
gênero e suas redefinições. Hoje, há uma valorização da presença do pai na vida dos filhos,
sugerindo o aparecimento de uma nova concepção de paternidade que incorpora valores
distintos daqueles das gerações anteriores [2].

Objetivos
O objetivo geral deste projeto é desenvolver uma investigação sobre a percepção de
pais e filhos em relação ao exercício da parentalidade nas diferentes configurações familiares
contemporâneas. Temos como objetivos específicos no estudo de tais configurações: a)
mapear conceitualmente estes arranjos, identificando os fatores que os pais e os filhos neles
envolvidos indicam como definidores dos mesmos; b) identificar a nomeação atribuída por
pais e filhos às funções familiares; c) avaliar as dimensões de conflitos, poder, limites e
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expectativas na visão de pais e filhos; d) estudar os papéis de gênero; e) avaliar o projeto


educativo dos pais para os filhos; f) avaliar a percepção dos filhos sobre o projeto educativo
dos pais em relação a eles; g) comparar as questões estudadas sobre o exercício da
parentalidade nas famílias com filhos em diferentes faixas etárias; h) comparar as visões de
pais e mães, e de filhos e filhas a respeito do exercício da parentalidade; i) comparar as
questões estudadas sobre o exercício da parentalidade nas diferentes configurações familiares,
buscando identificar semelhanças e diferenças entre elas; j) fornecer subsídios para a clínica
individual, de casal e de família frente à demanda de atendimento dos sujeitos envolvidos
nestes diferentes tipos de arranjos familiares.

Metodologia
Para atingirmos os objetivos propostos, utilizaremos uma metodologia qualitativa,
centrada em entrevista semi-estruturada que contemplará temas relevantes concernentes ao
exercício da parentalidade nas múltiplas configurações familiares contemporâneas.
A amostra de conveniência foi constituída de 131 entrevistas com membros de famílias
de diversas configurações das camadas médias da população carioca, assim distribuídos: 40
famílias casadas (34 hétero e 6 homoparentais), 30 famílias separadas (25 hétero e 5
homoparentais), 42 famílias recasadas (37 hétero e 5 homoparentais) e 19 monoparentais (17
hétero e 2 homoparentais). Para a realização das entrevistas, é utilizado um roteiro oculto
semiestruturado, e as entrevistas foram analisadas, pelo método de análise de conteúdo
segundo Bardin [3] e discutidas.

Resultados parciais
Das 131 entrevistas realizadas com membros dos diferentes arranjos familiares, até o
momento apenas as 40 entrevistas, referentes às famílias casadas, foram analisadas e
discutidas pelo método de análise de conteúdo [3] e 102, referentes aos diferentes arranjos,
foram analisadas pelo Alceste [4].
As 40 entrevistas, com membros das famílias casadas, analisadas e discutidas, ficaram
assim distribuídas: 12 pais, 10 mães, 10 filhas (6, de sete a 12 anos e 4, de 13 a 18 anos) e 8
filhos (4, de 7 a 12 anos e 4, de 13 a 18 anos). Dentre estes, um filho, três mães e dois pais
encontram-se em famílias homoafetivas cujos cônjuges compartilham o exercício da
parentalidade com parceiros do mesmo gênero. Dos discursos dos entrevistados, emergiram as
seguintes categorias: exercício da parentalidade, autoridade parental, conflitos, divisão de
tarefas, autonomia dos filhos, projeto educativo e expectativas para o futuro.
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Exercício da parentalidade
Em relação ao exercício da parentalidade, constatou-se que os pais estão mais presentes,
participativos e envolvidos no cotidiano dos filhos, compartilhando com as mães os cuidados
em relação a eles. Assim, esta nova forma de exercer a paternidade vai de encontro à figura
do pai tradicional, concebido como provedor e disciplinador, para fazer surgir a figura do pai
nutridor , que acolhe e satisfaz necessidades físicas e emocionais dos filhos. Os pais afirmam
que estão exercendo estas novas funções com muita satisfação. Este modo participativo de ser
pai corrobora o que foi ressaltado por Sutter e Bucher-Maluschke [5]; Gomes e Resende [6]; e
Jablonski [7] [8]. Tanto as crianças quanto os adolescentes descrevem a experiência de ser
filhos/filhas como boa, evidenciando a existência de uma família democrática e igualitária,
onde as relações são, cada vez menos hierárquicas [9] [10] [11] guardadas as diferenças entre
as fases do desenvolvimento. Percebe-se, assim, a horizontalização das relações reduzindo a
possibilidade de crise entre pais e filhos e promovendo mais intimidade entre os membros da
família. Não foram evidenciadas diferenças significativas entre as famílias hetero e
homoparentais.

Autoridade parental
Grande parte dos pais heterossexuais casados entrevistados delegaram a autoridade
familiar à figura materna. Surgiram, nos relatos, associações a questões de gênero, uma vez
que os pais demonstraram a crença de que as mães possuem naturalmente uma maior
afinidade com o exercício parental em relação à função de autoridade. Estes pais
demonstram, também, a percepção de que as mães têm uma predisposição ao cuidado e ao
papel de nutriz. Esses resultados corroboram o que Badinter [12] denominou de “doutrina da
mãe ecológica” que retoma o conceito de instinto materno, na medida em que redescobre o
fato de as mulheres serem dotadas de hormônios da maternagem. Entre as mães
heterossexuais casadas, apenas duas atribuíram um papel de autoridade sobre a família a elas
mesmas, em ambos os casos o homem é visto como o provedor, enquanto a mulher, apesar de
ter profissão, fica com a função de decidir regras tanto sobre a casa quanto sobre a criação dos
filhos. Os dois pais homoafetivos desta configuração familiar tiveram seus filhos em
relacionamentos heterossexuais anteriores. Estes pais relataram compartilhar o exercício da
parentalidade mais com as mães biológicas, com quem seus respectivos filhos residem, do que
com seus atuais parceiros do mesmo gênero. Assim, a imposição de regras e o exercício da
autoridade aparecem concentrados no papel da mãe biológica, que é percebida pelos filhos
como mais rígida do que o pai. Os pais homossexuais entrevistados relataram ter uma relação
menos hierarquizada com os filhos, e ressaltaram a necessidade de aproveitar o tempo com os
mesmos, no fim de semana, executando atividades de lazer e construindo memórias positivas
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em função da convivência reduzida. Por outro lado, os filhos de casais homoafetivos


femininos tendem a ser fruto de adoções ou reproduções assistidas. As mães homoafetivas
entrevistadas planejaram e participaram efetivamente dos diferentes estágios do processo de
aquisição do filho, sendo a parentalidade exercida predominantemente pelo casal conjugal,
com pouca ou nenhuma interferência de relacionamentos anteriores [13]. O exercício da
autoridade nas famílias contemporâneas mostra-se bastante complexo, o cenário atual é de
famílias cada vez mais igualitárias e menos hierárquicas o que leva a uma necessidade
crescente de adaptação de regras e constante busca da manutenção do poder e da ratificação
da autoridade [14]. É importante que os pais não confundam autoridade com autoritarismo e
que, na busca de se constituírem em famílias democráticas, não deixem de exercer a
autoridade necessária para o desenvolvimento saudável dos filhos [15] [16].

Conflitos
Pais e mães ressaltaram que a forma mais frequente para a resolução de conflitos é o
diálogo. Em sua maioria, são as mães que contornam as desavenças e tentam evitar um
conflito generalizado na família. Além disso, tanto os pais como as mães relataram que
evitam discutir na frente de seus filhos, tentando evitar problemas emocionais para eles. Os
pais da atualidade não encontram mais referenciais externos que ditem um padrão das funções
parentais. Assim, eles ainda veem um desencontro entre as novas formas de ser família e os
padrões tradicionais que tiveram como exemplo em suas vidas, o que aponta para a
importância da criação de uma nova relação entre pais e filhos [17]. Os discursos dos filhos,
em ambas as faixas etárias, confirmaram o que foi dito pelos pais, ou seja, o diálogo
prevaleceu novamente nas situações de conflitos que são contornados pelas mães. Na maior
parte das situações em que os pais conseguem gerenciar satisfatoriamente os conflitos, esses
possuem características positivas, sendo capazes de gerar o amadurecimento emocional dos
filhos, promovendo discussões menos agressivas [18] [19]. Alguns relatos demonstraram uma
tentativa de implementar o modelo parental democrático-recíproco, conforme postulado por
[20], que tenta envolver ativamente a criança no processo decisório familiar, de acordo com
seu nível de desenvolvimento. Os modos de resolução de conflitos encontrados foram
semelhantes nas famílias hetero e homoparentais.

Divisão de tarefas
A entrada da mulher no mercado de trabalho foi destacada como um fator determinante
na divisão mais igualitária das funções parentais e na reformulação dos papéis familiares. A
maior parte dos pais e mães entrevistados encontra-se em relacionamentos cujo cônjuge
também atua profissionalmente e contribui ativamente para a renda familiar. Esta realidade
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impõe ao casal a necessidade de dividir entre si o exercício da parentalidade em função da


disponibilidade de cada parceiro. Conforme ressaltado por Jablonski [21], Féres-Carneiro [15]
e Rocha-Coutinho [22], apesar de o modelo de família constituído pelo pai estritamente
provedor e pela mãe dona de casa ter passado por crescente transformação, ainda cabe à
mulher a maior parte das tarefas domésticas. Foi apontado também pelos entrevistados o
papel da mãe nas questões mais relacionadas às emoções e aos sentimentos, ficando o pai
mais responsável pelas imposições de regras e limites na família. Uma das mães homoafetivas
descreveu-se como sendo mais “o pai do que a mãe” da relação em função de ser ela quem
coloca as regras e os limites na convivência familiar. Todavia, é crescente a integração dos
papéis e das funções originalmente maternas ou paternas que agora passam a ser exercidas por
ambos os cônjuges no manejo da coparentalidade [23].

Autonomia dos filhos


Os pais ressaltaram que a autonomia dos filhos é maior ou menor de acordo com a idade
dos mesmos. A preocupação com a segurança apareceu como um dos argumentos para a
menor autonomia dos filhos. Nos discursos tanto dos pais como dos filhos, as crianças
apareceram com maior autonomia em relação ao cuidado com as próprias coisas, como
higiene pessoal e organização das tarefas a serem realizadas, enquanto os adolescentes com
maior autonomia para sair sozinhos com os amigos, preparar as próprias refeições e tomar
algumas decisões. Alguns adolescentes questionaram o excesso de proteção dos pais, que não
os deixam fazer coisas que já se consideram capazes de fazer. Um dos desafios dos pais da
contemporaneidade é saber lidar com a autonomia dos filhos, que buscam por liberdade cada
vez mais cedo. Muitas vezes, diante dos filhos buscando autonomia, os pais apresentam
sentimentos ambivalentes e têm atitudes contraditórias. Por um lado, desejam a autonomia
dos filhos e a incentivam, mas, por outro, tendem a superprotegê-los do contexto cada vez
mais competitivo e violento. A maioria dos pais entrevistados ressaltou buscar um equilíbrio
entre autonomia e segurança, não tendo havido diferenças nos discursos dos pais
homoafetivos em relação aos pais heteroafetivos. Tais resultados confirmam o que é
postulado por Reichert [24] sobre as dificuldades encontradas pelos pais na educação dos
filhos, face à constante necessidade de adaptação familiar no que diz respeito às exigências de
dar autonomia aos filhos, orientando-os quanto às suas responsabilidades, e sem deixar de
levar em consideração o contexto social cada vez mais violento.

Projeto educativo
Em relação ao projeto educativo, tanto os pais quanto as mães destacam que educar é
uma tarefa muito difícil, nomeada por alguns como desafio ou missão. A maior parte dos pais
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ressaltou que a tarefa de educar fica mais delegada à mãe. Estes dados corroboram resultados
de pesquisas anteriores que mostram que, independentemente das transformações que a
família vem sofrendo, as funções e papéis tradicionais baseados nos estereótipos de gênero
continuam vinculados à mulher, cuja principal característica é exercer a função de cuidadora
dos filhos e do lar [25] [26] [27]. A tarefa de educar, para a quase totalidade dos pais e mães
entrevistados, está baseada na conversa, por meio da qual eles consideram que seus valores,
ensinamentos e orientações são transmitidos aos filhos. Arantangy [28] ressalta que a
eficiência dos pais está relacionada à transmissão, para os filhos, da diferença entre o que é
adequado e inadequado, aceitável ou não, essencial ou supérfluo. A maioria dos pais aponta
para a necessidade de ser um exemplo a ser seguido, demarcando ser imprescindível estarem
presentes na vida dos filhos. Diferentes autores pontuam que os valores e o modo de estar no
mundo dos pais são transmitidos aos filhos através do convívio cotidiano, ressaltando que os
pais são modelos para os filhos [29] [30].
Não foram evidenciadas diferenças, quanto à forma de educar, entre pais e mães hetero
e homooafetivos. Apenas um pai homossexual ressalta certa preocupação, em relação à
possibilidade de o filho também vir a ser homossexual e sofrer preconceitos. Há, na
sociedade, um questionamento quanto à capacidade do exercício da parentalidade exercida
por casais homoafetivos, sendo a família homoparental constantemente tratada pela sociedade
com preconceito decorrente do medo à mudança. Passos [13] ressalta que as manifestações da
família têm sido plurais, exigindo um novo olhar que considere as demandas afetivas de seus
membros. Uma das principais críticas à família homoparental é o questionamento sobre a
necessidade de um casal heterossexual na educação da criança para garantir o modelo de
diferenciação sexual. Contudo, algumas pesquisas demonstram que a ausência desse modelo
familiar heterossexual não parece ter incidência sobre o desenvolvimento da identidade sexual
e psicológica geral dos filhos [31] [32] [33].

Expectativas para o futuro


No que diz respeito às expectativas dos pais em relação aos filhos, muitos pais disseram
esperar a felicidade dos filhos no futuro e desejar que fossem pessoas boas. A maioria deles
abordou o tema da profissão, dizendo desejar que fossem bem sucedidos. Apenas um pai,
dentre os 12 entrevistados, fez referência à vida amorosa do filho. Já, das 18 mães entrevistas,
todas, menos uma, se referiram à realização profissional, sustento e independência de seus
filhos. A maioria, também, diferentemente dos pais, ressaltou questões relativas à vida afetiva
e familiar dos filhos [34]. Quanto às expectativas dos filhos em relação aos pais, muitos
esperam que seus pais aproveitem a vida e sejam felizes, e que continuem sendo como são.
Em relação às expectativas para eles próprios, a maioria dos filhos relatou que já sabe o que
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quer quanto à escolha da profissão, tecendo comentários sobre trabalho, bom emprego,
dinheiro e independência. Tais resultados confirmam dados de estudos que realizamos
anteriormente, em que perguntamos a jovens solteiros, de ambos os sexos, sobre seus planos
para o futuro, e todos os homens e a maioria das mulheres referiram-se ao exercício
profissional, sem mencionar espontaneamente o casamento ou a vida afetiva [35].

Análise pelo Alceste


Iniciamos a análise pelo Alceste [4] das 102 entrevistas que, neste momento do
desenvolvimento da pesquisa, estão definitivamente "estabelecidas" e apresentamos a seguir
alguns resultados empíricos desta análise. A qualificação de "estabelecida" significa que a
transcrição da entrevista foi lida, pelo entrevistador, para o grupo de pesquisa, criticada, e
classificada em função das três principais variáveis independentes: sujeito em quatro níveis,
pai (n=29), mãe (n=32), filho (n=17), filha (n=24); este sujeito como pertencente à familia
casada (n=36), recasada (n=30), separada (n=21), monoparental (n=15); e essa família
considerada heterossexual (n=90) ou homossexual (n=12). Há, ainda, a distinção entre filhos
menores (entre 7 e 12 anos) e maiores (entre 13 e 18). Trata-se, basicamente, de um desenho
de 4 x 4 x 2 níveis, respectivamente para sujeito, família, e orientação sexual. Esta foi a
codificação básica de cada entrevista na entrada de dados para processamento no Alceste. Por
exemplo, na linha de código
2304 *suj_fa *fam_se *osx_he *ida_10 *ent_isb *num_04
leia-se entrevista número 2304; sujeito (suj_) filha (fa; poderia ser pa, ma, fo -- pai,
mãe, filho); família (fam_) separada (se; poderia ser ca, re, mo -- casada, recasada,
monoparental); família de orientação sexual (osx_) heterossexual (he; poderia ser ho --
homossexual); idade (ida_) do sujeito 10 anos; entrevistador (ent_) poderia ser qualquer um
dos vinte e três entrevistadores; e número (num_) dessa entrevista dentre as realizadas por
este entrevistador (no caso, é a de número quatro). Cada linha contendo um asterisco(*) como
sufixo das abreviaturas das variáveis independentes identifica a entrevista e separa, para o
Alceste, uma entrevista da outra, pois são todas colocadas seguidamente em um único arquivo
no formato ".txt".
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Figura 1

Apresentamos na Figura 1 apenas a parte superior da classificação hierárquica


descendente feita no corpus dessas 102 entrevistas. Observa-se no centro da figura um
pequeno gráfico mostrando, no eixo horizontal, a porcentagem de unidades de contexto
elementares consideradas ("taille %") e no eixo vertical a "especificidade" ("spécificité"). Este
importante conceito do Alceste diz respeito a uma caracterização das formas do corpus por
suas especificidades nas diferentes partes desse corpus. Uma forma "super-empregada" (“sur-
employée”) em uma parte do corpus "em relação ao conjunto de todo o corpus, indica uma
presença significativa [...] [já] uma forma “sub-empregada” (“sous-employée”) nessa parte em
relação ao resto do corpus, indica uma ausência significativa" (Marchand, 2007, p. 60-61).
Quanto mais alta a especificidade e mais alta a porcentagem de unidades de contexto
elementares envolvidas, tanto mais adequada é a análise, e vice-versa. Em outras palavras,
quanto mais as classes ocuparem posições em torno de uma reta a 45 graus no gráfico, tanto
melhor. Verifica-se que o nosso resultado preliminar com as 102 entrevistas atende
surpreendentemente bem a esse critério.

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