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Chiara Lubich
Role, 5 de agosto de 2004
Jesus está presente também em cada ser e por isso podemos falar
com Ele também no nosso íntimo.
De fato, no ano passado falamos sobre a união com Deus, como a
encontramos e sentimos. Agora explico uma coisa nova que eu entendi.
Aquele Deus que, por uma iluminação especial do Espírito Santo, em
1949, eu vi sob toda a Criação, era provavelmente Jesus Ressuscitado. E
por que deveria ser Ele? Porque, assim como eu O vi, Ele unia todas as
coisas entre si, de forma que pareciam enamoradas umas pelas outras, e
é essa a sua característica.
O que faz este Jesus Ressuscitado em meio a nós, dentro de nós, que
abraça todos? A realidade bela é que Ele se coloca na posição de
unificar tudo.
Jesus Ressuscitado é o mesmo Jesus que sofreu o abandono, a cruz e
que gritou “Meu Deus, meu Deus...”, mediante este grito Ele venceu,
uniu-nos entre nós e com Deus. É ali que Jesus Ressuscitado ama, opera
e revela todo aquele amor que Ele tinha na cruz. Ele realiza esta coesão.
Também nós, na comunidade, acreditamos que somos Igreja, mas é
Ele que está sob todas as coisas. É Ele, antes de tudo, que nos une.
A Ressurreição de Jesus é o início da Nova Criação, na qual Ele é
visto e compreendido como aquele que realiza o projeto divino para o
mundo e para a humanidade. Todas as coisas encontram nele o seu
significado último.
O hino da Carta aos Colossenses canta: “Tudo foi criado Nele... por
meio Dele e para Ele. Ele existe antes de tudo e tudo subiste Nele.” (Cl
1, 15-17)
A sua característica é o Amor.
De fato, Jesus Ressuscitado não é uma presença estática. A
característica fundamental da Sua presença é o seu princípio unificador
e, portanto, ativo: o amor.
Na Ressurreição, Jesus é o Cristo na sua total doação de amor aos
homens. De modo especial, o grito de abandono revela que o Filho
assumiu perfeitamente a condição humana, limitada e pecadora, e a
restaurou em si. Ele a plasmou de amor.
Portanto, a Sua é uma presença que reúne e cria a comunhão entre os
homens, e entre eles e Deus.
A carta de São Paulo aos Efésios fala de recapitular todas as coisas
em Cristo (cf. Ef 1,10). Portanto, Deus quer recapitular todas as coisas
em, e mediante, Cristo Ressuscitado. Isso quer dizer: Jesus é a cabeça
da criação e lhe dá sentido.
***
Jesus Crucificado-Ressuscitado é o lugar de uma reconciliação que
se estende até confins do mundo. Não está presente somente na Igreja,
se estende...
No entanto, a presença universal do Ressuscitado se verifica em
primeiro lugar e, sobretudo, na Igreja; e torna-se real e visível na Igreja
se os cristãos se amam, senão não existe visibilidade, isto é, a Igreja não
é Ela mesma.
Eis o motivo porque muitos não amam a Igreja e dizem: Cristo sim, a
Igreja não... Porque não O vêem na Igreja. Ele será visto somente se nós
correspondemos a esta sua força unificadora e nos unimos, porque
assim Ele o deseja. Deste modo Jesus resplandece na Igreja.
Conclusão
Preparando este tema, encontrei respostas novas para algumas
questões.
Compreendi melhor, por exemplo, porque às vezes Cristo é amado e
a Igreja não.
Eu repito que é porque a Igreja não se assemelha a Ele, não tem o
seu semblante, não é Jesus nela.
Por que ao longo dos séculos ocorreu a divisão entre cristãos? Um
dos motivos é exatamente este: a Igreja não refletia o semblante de
Cristo. Era difícil, para alguém, obedecer à Igreja.
Como restituir à Igreja o semblante de Cristo?
Este tema nos indicou como fazer: agindo para que ela seja o que
deve ser – o Corpo de Cristo.
Hoje, é possível contribuir para isso, vivendo e ensinando, ponto por
ponto, a “espiritualidade de comunhão”, “da unidade”, colocando Jesus
no meio, cujo fim é fazer com que Cristo, já vivo na Igreja, se manifeste
nela segundo as suas plavras: “Onde dois ou três estiverem reunidos, eu
estou no meio deles.” No “meu nome” significa nele, no seu amor.