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e Cognição
Análise experimental do comportamento,
cultura, questões conceituais e filosóficas
ESETec
Sobre
Comportamento
e Cognição
Análise Experimentell do Comportamento,
Culturd, Questões Conceituais c Filosofias
Volume 25
ESETec
Editor«» A ssociados
2010
Copyright O desta ediçào:
ESETec Editores Associados, Santo André, 2010.
Todos os direitos reservados
386 p. 23cm
CDD 155.2
CDU 159.9.019.4
978-85-7918-014-9
6
Cap.24 Laboratório de análise e prevenção da violôncia: exemplos de
práticas exemplares no promoção dos direitos hum anos.................... 228
Sabrina Mazo D'Affonsoca, Eliane Aparecida Campanha Araújo, Lúcia Cavalcanti
de Albuquerque Williams, Ricardo da Costa Padovani.............................................
Comportamento Verbal
7
Cap.35 Chronic Mild Stress - um modelo animal de depressão............. 344
Ana Carmen de Freitas Oliveira, Cássia Roberta da Cunha Thomaz, Maria
Elisa de Siqueira Monteiro
Cap.36 Uma nova interpretação sobre o desamparo ap rendido......... 352
Maria Helena Leite Hunzikor, Tauane Paula Gehm
Cap.37 Contribuições do paradigma de escolha para identificação de
preferôncias por consequôncias reforçadoras......................................361
Giovana Escobal, Marina Macedo, Ana Luiza Rocha Faria Duque, Jonas'
Gamba, Celso Goyos
Cap.38 Avaliação e ensino do repertório de leitura em indivíduos com
Sindrome de Down....................................................................................377
Nelma Maria Felix Capi Villaça de Souza Barros, Molania Moroz
8
Apresentação
Comissão Editorial
10
Questões Conceituais
e Filosóficas do
Behaviorismo
Radical
Capítulo 1
Sentidos possíveis de "liberdade" no
Behaviorismo Radical
Alexandiv Pittrich
Universidade Federal do Paraná (WFPR)
Uma das obras mais famosas de B. F. Skinner tem como título “Beyond Freedom
and Dignity (1971) - o que pode ser traduzido como “Além da Liberdade e da Dignida
de". Por que “além”? O título tem tom prescritivo, de mando: Skinner nos pede para olhar
além dos conceitos tradicionais de liberdade e dignidade, para investigar o que está
por trás deles. Liberdade e dignidade sâo tradicionalmente qualificadas como posses x
ou qualidades de um self, ego, personalidade ou indivíduo autônomo: o indivíduo £
digno e livre, ou possui dignidade e liberdade. Olhar para além desta visão tradicional
significa, em poucas palavras, investigar as variáveis ambientais que explicam o que
uma pessoa é e faz - incluindo o que fala, pensa e sente. Uma investigação dessa
natureza lança sérias dúvidas sobre a crença generalizada de que o ser humano ó livre,
e nos leva a refletir sobro o próprio significado da palavra "liberdade".
Além - ou por trás - da liberdade e da dignidade estão, respectivamente, con
tingências coercivas e de reforçamento positivo. Uma pessoa é normalmente conside
rada (aigna^de louvor ou recompensas se lhe é atribuida a responsabilidade pelo que
faz. A palavra (liberdade’’, por sua vez, via de regra faz referência á ausência çle contin
gências coercivas de controle do comportamento. Em “Beyond Freedom and Dignity",
Skinner (1971) reconhece a importância da luta pela liberdade neste sentido tradicio
nal, mas argumenta que ela não deve restringir uma análise mais ampla do "outro lado
da moeda" - o controle por reforçamento positivo. As principais conclusões da reflexão
empreendida por Skinner são óbvias: (T) a mera ausência de coerção não nos torna
livres; Q)por outro lado, liberdade como ausência de qualquer tipo de controle (coercivo
ou não) é algo inconcebível. Relações comportamentais, coercivas ou não, são rela
ções de controle, e essas relações constituem a própria vida humana, nosso cotidiano.
Liberdade, ou livre-arbltrio, ou libertarianismo, como posições filosóficas, são
normalmente contrapostos ao determinismo. Os detalhes da posição a ser assumida
pelo behaviorismo radical em relação ao determinismo podem ser discutidos, e de fato
há alguma variabilidade na discussão (e. g., Dittrich, 2009; Guimarães, 2005; Slife,
Yanchar & Williams, 1999), mas é razoável afirmar que os behavioristas radicais ten
dem, em sua maioria, a concordar quanto á plausibilidade ou utilidade de uma posição
determinista - e, mais uma vez, o débito para com Skinner é evidente (e. g., 1953/1965,
p. 447; 1968, p. 171; 1947/1972a, p. 299). Há, diante disso, espaço para alguma con
cepção de liberdade no behaviorismo radical?
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1Coo* ido, uxihxiTMj dlbujtiitio» om outro monwjnto (Ottncti, 2008), o ixmalvel aruun«nt«r qiw |>nl«vmit oomutlfnardo (mjHUih « m t k j <l(mcrltlvnn
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14 AluxaiKlrH Dtttrlch
cama (para ser “obrigada" a levantar e desligá-lo) - todos exercem autocontrole, mas
não podemos supor que tais repertórios surgiram “espontaneamente". Como afirma
Skinner, "o ambiente determina o indivíduo mesmo quando ele altera o ambiente" (p.
448). Assim, o fato de que exercemos autocontrole, por amplo que seja, não nos torna
livres no sentido de não-controlados; de fato, a formação de repertórios de autocontrole
exige controle prévio, seja ele social ou nâo-.
Um homom podo gastar muito tompo planojando sua própria vida - olo podo osco-
Ihor as circunstâncias nas quais vivorá com muito cuidado, o podo manipular sou
ambiento cotidiano om larga oscala Tais atividades parocom exomplificar um alto
grau do nutodotorminaçôo. Mas olas tambóm sôo comportamonto, o nós as oxpli-
camos através de outras variáveis ambientais o da história do Indivíduo São
esses varióvGis que provêem o controlo finei, (Skinner, 1953/1965, p. 240)
Não obstante, o autocontrole é tido como característica desejável em vários
contextos aplicados da análise do comportamento, nos quais pode também ser cha
mado de "independência" ou "autonomia". O terapeuta analitico-comportamental, por
exemplo, enquanto parte importante do ambiente de seus clientes, transforma parte de
° seu repertório comportamental. Ele pode ensinar seus clientes a analisar seu próprio
comportamento e as variáveis que o controlam, com isso proporcionando a eles a
oportunidade de intervir sobre algumas dessas variáveis. Ao fazer isso, ele estará ge
rando repertórios de autoconhecimento e autocontrole, que progressivamente tornarão
o cliente "independente" do próprio terapeuta, e talvez de outras pessoas.
Uma pessoa torna-se, nesse sentido, mais "livre" não porque tenha se livrado
do controle; no máximo, podemos afirmar que certas relações comportamentais foram
suprimidas, transformadas ou construídas, supostamente com conseqüências benéfi
cas para o cliente Dentro desses limites, a utilização casual de “libordade’’, “indepen
dência" ou "autonomia" por parte de um behaviorista radical não implica contradição.
Conclusão
Se compreendermos a palavra "liberdade" em qualquer um dos três sentidos
acima, podemos concluir não apenas que sua emissão é possível por behavioristas
radicais sem que haja contradição, mas também que os analistas do comportamento
promovem tais tipos de liberdade com freqüência. Podemos inclusive classificar a edu
cação para a libordade, ou para a autonomia, como uma tarefa importante para os
analistas do comportamento. Uma educação para a liberdade ou autonomia estimula a
formação de cidadãos críticos, bem informados e ativos, e pode cumprir um papel ético
e político importante para o futuro do nossas culturas. Por outro lado, "filosofias da
liberdade", ao ignorar a existência de variáveis controladoras, podem, ironicamente,
ajudar a perpetuar práticas de exploração e manipulação. Ao buscar dar visibilidade aos
diversos tipos de relações de controle impregnadas em nosso cotidiano, o behaviorismo
radical acaba por se mostrar como uma filosofia libertária.
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16 Aluxaixlre D títridi
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SutoCoriportarn«ntn<<CaantçAn IV
e criatividade. Para Maltzman, a resposta original está relacionada ao caráter incomum
de sua ocorrência em determinada contingência, enquanto o comportamento criativo
envolveria ainda o reconhecimento social desse comportamento como relevante, em
funçào dos efeitos por ele produzidos.
De acordo com Maltzman (1960), quatro procedimentos de treino foram até
aquele momento mais freqüentemente utilizados para aumentar a origlnalidade:0
apresentar uma situação estimulo incomum, na qual respostas convencionais nào
estariam disponlveisiçJ) evocar diferentes respostas para uma mesma situação estimulo;
(5) evocar respostas textuais incomuns; e ainda ^ dar instruções para se comportar de
forma original. Maltzman e seus colaboradores (cf. Maltzman, Bogartz & Berger, 1958;
Maltzman, Simon, Raskin & Licht, 1960) realizaram uma série de experimentos testando
o efeito dessas variáveis na produção de respostas originais, e os resultados mostraram
que treinos evocativos ou instruções produziam um aumento significativo dessas
respostas, ainda maior quando as duas estratégias eram combinadas.
Uma conclusão derivada dos resultados obtidos pelo grupo de Maltzman ó a de
que a produção de comportamentos originais sucessivos pode ser mantida por
reforçamento e continuar ocorrendo em novas situações, embora isso também dependa
do tipo de estímulo utilizado, pois nem sempre a generalização da originalidade ocorria.
No experimento realizado por Maltzman et al. (1960) foi observado que o uso das mesmas
palavras como estímulos para a evocação de outras respostas verbais originais nem
sempre bgrou êxito, em funçào, talvez, da limitação de um mesmo estimulo verbal produzir
um grande número de respostas verbais originais a ele associadas.
Apesar de alguns avanços pontuais nas pesquisas básica e aplicada, e de
algum esforço interpretatívo geral, o conceito de criatividade permanece em grande
medida obscuro. No tópico a seguir será apresentada uma tentativa de interpretação
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Eventos
Os eventos quo interessam à Análise do Comportamento são de dois tipos:
estímulos e respostas. Nesse contexto, precisamos explicitar como é possível partir de
um fluxo e chegar a esses eventos. Em outras palavras, como o analista do comporta
mento recorta o fluxo de modo a separar estímulos de respostas? Há pelo menos duas
possibilidades de responder a essa questão.
Podemos defender que estímulos e respostas pré-existem no fluxo
comportamental e basta, portanto, que o analista do comportamento opere recortes
dirigidos por essas "fissuras naturais" (Skinner, 1935/1999b). Com isso, a análise ou
recorte do fluxo nada mais ó do que uma descrição fiel da verdadeira realidade do
comportamento. Nesse caso. a Análise do Comportamento filiar-se-ia a uma
epistemologia realista (Nagel, 1961).
Um dos problemas em aceitar esse tipo de epistemologia é que nem sempro
psicólogos recortam o fluxo da mesma maneira e parece arbitrário, para não dizer
pretensioso, dizer que apenas a Análise do Comportamento vê a realidade e que todas
' Nf«M) mntkJo. notam»« próxlrnos à doflntçâo(lo uimportBínentn de Matunuia a VWrota (1064/700?) "chamam <xvnportmmiit(> àtt mudança* (to
(xmtiifH ou poitçAo da um »ar vtvo, qua uni otMMrvudur daacravM como movlmantrw ou «qAm wn rwlaçAo n um detomilnado HrtiUentu" (p. 152)
Estados
O segundo nível de análise do comportamento é o que nos interessa mais
diretamente neste ensaio: trata-se da identificação de estados comportamentais. Se
gundo Skinner (1953), "Não importa quão acurada ou quantitativa possa ser, a descri
ção de um caso particular é apenas um passo preliminar. O próximo passo ó a desco-
borta de algum tipo de uniformidade" (p. 15).
Seguindo essa recomendação de Skinner (1953), depois de ter recortado o
fluxo, separando estimulo de resposta, o analista do comportamento se volta para o
fluxo (agora organizado em termos de estímulos e respostas), buscando Identificar a
recorrência de certas respostas. A idontificação de uma regularidade no fluxo
comportamental conduz o analista do comportamento a falar de uma classe de respos
tas (e.g. Skinner, 1953, 1957). Mas o que é classe do respostas? A primeira exigência
para compreendermos a noção de classe é distingui-la de evento ou resposta singular:
Distinguimos ontre uma instância do ume resposta o uma c/asso (te respostas.
Uma resposta singular, como uma instância da atividade de um organismo, podo
ser descrita tanto quanto as facilidades pormitirom. Mas quando estamos interes
sados com a prodiçôo do um comportamento futuro, podo ser imposslvol provor
com grandes detalhes a instância singular ou, o que ó mais provável, ó desneces
sário fazê-to. Tudo que precisamos sabor è so uma resposta de uma dada classe
ocorrerá ou nâo. (Skinner: 1957, p. 16).
Além disso, o conceito de classe fundamenta-se em um dos objetivos da Aná
lise do Comportamento, a previsão. Esse ponto merece esclarecimento: parece que se
nos mantivermos no nível dos eventos ganhamos em observação, mas perdemos na
capacidade de previsão. Assim, para que possamos falar de previsão é preciso ultra
passar o campo do estritamente observável:
Uma rosposta que /á ocorreu nâo pode, é claro, ser provista ou controlada. Nôs
podemos prever apenas que respostas tlm lla n a ocorrerão no futum. Portanto, a
unidado do ume ciência proditiva nâo ó urna resposta, mas uma cfasso do respos
tas. (Skinner, 1953, pp. 64-65)
‘A noçflo (fcj "prÉUco* a ltn h u s o aqui com o ptMMutnKmlu prawwtMUi. rotncte A (xàm aftttotrtlka. afaulando-M). t x x Im o , da kktnttflcnçAo com i
tAcntoi (AM), 2001) Dokm forma, prAtuxi gutir dlior, aqui, Attco.
30 Cariem t d u a r d o L u p a *
Dossa forma, a classe de respostas enquanto tal não ó observável, pois não se
reduz às respostas observadas. O conceito de classe envolve uma tendência, uma
disposição e, portanto, uma classo indica uma regularidade observada que tende a
manter-se no tempo. E ó justamente por isso que o conceito do classe possibilita a
previsão.
Na tentativa de evitar a redução da classe a eventos ou instâncias singulares,
diremos que a classe de respostas ó um estado comportamental (Lopes, 2008). Dessa
forma, entendemos que o estado ó uma disposição, tendência ou probabilidade de agir
de certa maneira (Lopes, 2004, 2008). Em suma, enquanto estado comportamental a
classe ó probabilidade Além disso, o estado qua estado não é observável e sua exis
tência é inferida pela observação de um padrão de respostas recorrente (pela freqüência
ou taxa de resposta).
Dessa forma, quando distinguimos eventos de estados, as afirmações de
Skinner (1953, 1969) acerca da probabilidade parecem ficar mais claras. Uma coisa é
observar a recorrência de respostas individuais, outra ó dizer que isso indica a existên
cia de uma probabilidade de respostas como essas continuarem a ocorrer. Dessa
maneira, o conceito de probabilidade, enquanto estado, não se ajusta aos cânones de
uma ciência estritamente empírica, que tenta reduzir todos os conceitos a um conteúdo
observacional ospecífico. O conceito de probabilidade ultrapassa o campo observável
como uma ferramenta útil para a previsão de novas respostas, e a validade do emprego
desse conceito é avaliada por sua efetividade em alcançar esse objetivo. Assim, conti
nuamos no interior de uma epistemologia instrumentalista (Nagel, 1961).
Além disso, a escolha da probabilidade (estado comportamental) como variá
vel dependente parece se justificar; a Análise do Comportamento não está interessada
na produção de resultados pontuais e efêmeros, ou seja, em respostas evontuais, mas
em resultados que se mantêm no lempo, em regularidades, o que é dado por estados.
Processos
Com a identificação de estados é possível prever novas ocorrências; dado que
um estado ó uma probabilidade de responder, se as condições responsávois pelo
estado se mantiverem, espera-se que ovontos funcionalmente semelhantes continua
rão a ocorrer Dessa forma, para que os estados possam cumprir essa função preditiva,
devemos nos voltar para as condições responsáveis pela constituição e manutenção
dos estados comportamentais. Em outras palavras, o que explica a constituição, manu
tenção ou mudança da probabilidade de responder? Não é preciso muita reflexão para
responder a essa questão na Análise do Comportamento: são as contingências.
Mas o que é contingência? Segundo Skinner (1969), o conceito descreve as
inter-relações entre a ocasião na qual uma resposta ocorre, a própria resposta, e as
conseqüências da resposta. Mas por que chamar essa inter-relação de contingência?
Talvez a filosofia possa ajudar a responder. Se nos voltarmos para a acepção filosófica
do termo, encontraremos que contingente’ significa ’não-necossário’ (Mora, 2001/1994).
Seguindo essa concepção, podemos dizer que a contingência descreve uma relação
nâo-necessária, uma relação que poderia ser diferente, ou simplesmente, uma relação
probabilistica. Aqui, vale uma observação. Desde Aristóteles, passando pela filosofia
medieval, e chegando á ciência moderna, a filosofia defendeu constantemente a redu
ção do contingente ao necessário (Mora, 2001/1994), Evidentemente, essa tradição tem
um peso, e livrar-se dela não é uma tarefa corriqueira. Cabe então uma escolha, pode
mos nos manter fiéis a tradição e dizer que a contingência é um retrato de nossa
Considerações finais
Seguindo um itinerário de explicação do comportamento, que passa pelas no
ções do evento, estado o processo, podemos compreender a probabilidade como um
estado comportamental constituído e mantido por contingências (processos) e que 3e
expressa com a presença de uma regularidade de respostas (eventos).
Uma das dificuldades em aceitar essa definição de probabilidade podo estar
relacionada ao fato de que ela não se alinha ao pensamento substancialista, que atra
vessa boa parte do pensamento ocidental (Castro, 200b). Segundo o substancialismo,
a realidade última é simples o imutável e, por isso, o conhecimento caminharia na
direção de revelar essa simplicidade e imutabilidade do mundo. Trata-se de defender
uma ontologia em que apenas objetos ou coisas são reais, e, por isso, tudo que existe
ó rodutível a essa categoria. A faceta transcendente do pensamento substancialista -
que coloca as substâncias em um mundo diferente do mundo sonslvel - parece ter sido
superada pela Análise do Comportamento. No entanto, a faceta imanente do
substancialismo - que coloca as substâncias no próprio mundo - parece não ter sido
completamente abandonada pela Análise do Comportamento. A tentativa de reduzir
probabilidade a freqüência pode ser um sintoma disso.
A defesa de um estado (probabilidade) não redutível a eventos (respostas), e
que não ó observável enquanto tal, só pode ser aceito em uma ontologia quo não se
limita à categoria de objetos ou coisas, ou seja, a uma ontologia substancialista. Quan
do nos filiamos ao substancialismo somos obrigados a encontrar um referente objetivo
- uma coisa - para todos os conceitos empregados pela Análise do Comportamento.
Defensores dessa posição poderiam argumentar que a busca por referentes objetivos
evita que a Análise do Comportamento se aproxime do mentalismo. No entanto, como
aporita Ryle (1949), o mentalismo ó um tipo de substancialismo que busca seus refe
rentes objetivos em um lugar especial chamado mente. Nesse sentido, a única dlferen-
*A cowrénda Mtá H u n lu lt na rnanutançâo da una poêlçio f»ayn wttsta, adubMin dmde o Inicio ctmta enanto #m «oa facota aptolornolòyk-.H, e
que agon» not loikKj? * uma vM kxto /nundo phtmlMa • inutÁval (Jatnas. 1QA3/1967b; Papfto*. 1942/1961)
Cario« F.duardo l o p ta
ça entre Análise do Comportamento e mentalismo seria que enquanto o primeiro defen
de um substancialismo imanente, o segundo defende um substancialismo transcen
dente. Assim, filiando-se ao substancialismo a Análise do Comportamento acaba apro-
ximando-se do mentalismo.
Parece, entâo, que Análise do Comportamento precisaria estabelecer-se em
uma ontologia que admita outras categorias de existôncia. Mas que tipo de ontologia
seria essa? Em outro momento (Lopes, 2008), argumentamos que a Análise do Com-
portamonto poderia vincular-se a um relacionismo radical, que defende a categoria do
relação como primordial - enquanto o substancialismo a considera como derivada
(Castro, 2008). Seguindo essa proposta, poderíamos dizer que em uma ontologia
relacional, as coisas são redutíveis a relações - subvertendo completamente o pensa
mento substancialista, no qual primeiro temos coisas e depois relações entre elas
Além disso, nessa ontologia relacional nem toda relação conduz a eventos: há também
estados e processos. Dessa forma, estado (probabilidade) não ó redutível a evento
(resposta) porque eles são de categorias distintas.
O próprio Skinner (1935/1999b), pelo menos em alguns momentos, parece
fornecer subsídios para que abandonemos uma ontologia substancialista, ou seja,
para que não reduzamos a probabilidade a uma coisa: “O que ó a probabilidade? Onde
ela está? Como podemos observá-la? Tentamos [tradicionalmente] responder a essas
questões difíceis dando à probabilidade um status de coisa - corporificando- a, por
assim dizer, dontro do organismo. Buscamos por estados ou eventos neurológicos ou
psíquicos com os quais hábitos, desejos, atitudes, e assim por diante, podem ser
identificados" (p. 101)4.
Essa crítica skinneriana pode ser interpretada de duas maneiras. Podemos
compreender que ela sugere um completo abandono da noção de estado, pois ela nos
afastaria da realidade do comportamento, que são ocorrências singulares, observáveis,
mensuráveis (eventos) Nesse caso, parece que ainda estaríamos vinculados a um tipo
de substancialismo, uma vez que continuaríamos reduzindo probabilidade a freqüência
de ocorrências. Outra possibilidade é a apresentada aqui, que não se vê obrigada a
reduzir tudo a eventos ou ocorrências, admitindo também a legitimidade de estados
comportarnentais, e de processos comportamentais na explicação do comportamento.
Nesse sentido, compreende-se que a crítica de Skinner (1953/1999a) está voltada à
natureza psíquica ou neurológica dos estados, o que não atingiria estados
comportamentais.
Por fim, o abandono do substancialismo implica também no abandono do
realismo, o que reforça nossa opção por não defender a existência de fissuras naturais
no fluxo comportamental (Skinner, 1935/1999b). Em uma ontologia relacional, como as
coisas derivam da relação, não podemos mais defender a existôncia de uma realidade
imutável, pronta e completamente independente de relações; uma realidade que fica
pacientemente esperando para que seja revelada. Diferente disso, estamos agora di
ante de um mundo que “permanece realmente maleável, esperando receber os toques
finais de nossas mãos" (James, 1963/1967a, p. 143).
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Sobr*Cotnpo*tanMnk>aCuantçao 37
limites com outras ciências (como com as neurociências) ou a possibilidade de uma
filosofia da mente de base analltico-comportamental, esteja na própria insuficiência no
modo como definimos nosso objeto de estudo. Reconhecer a existência do problema
poderia ser, ao menos potencialmente, o inicio de sua necessária solução.
Referências
Uma exposição cuidadosa do tema principal deste texto, o perdão, deve iniciar-
se com seu significado etimológico. Esta preocupação segue a tradição redacional de
Skinner (1989/2003) que em seus textos sobre sentimentos e emoções sempre teve
uma preocupação etimológica, a fim de esmiuçar os aspectos encobertos relaciona
dos a esses ilpos de eventos privados. Além disso, como afirmou Isidoro de Sevilha
(1982/1983), sem a etimologia não se conhece a realidade e com ela mais rapidamen
te atinamos com a força expressiva das palavras.
O verbo perdoar tem origem no verbo perdonare (do latim vulgar). Em uma
leitura do Glossarium Mediae et Infimae Latinitotis (Du Cange, 1850), notamos que
inicialmente os significados do verbo perdonare (mas não os únicos) seriam os de
“dar", "conceder".
A fim de abarcarmos osta definição e irmos mais além à busca das raizes
etimológicas desta palavra, podemos citar os escritos de um dos principais autores da
concepção cristã medieval de homem, Tomás QQ Aquino, sobre o tema. Notaremos,
então, que o verbo "perdonare" não é citado na obra deste autor, possivelmento por se
tratar de uma forma tardia de se remeter ao conceito, mesmo em latim A palavra corres
pondente por ele empregada é “per-cere". No entanto, é em São Tomás que observa
mos as b.ases filosóficas que justificam a etimologia das formas modernas das pala
vras: “perdoar", “perdão”, “perdonar", “pardon", “pardonner" etc. O prefixo per agrega os
sentidos de por (através de) e de plenitude. Desta forma, o perdão pode ser concebido
como um \uperlativo” da noção de doação. O mesmo ocorre se considerarmos as
formas inglesa e alemã do verbo: [or-give, vor-geben.
Contextualizada a origem etimológica do perdão, percebemos imediatamente
que se trata um tipo de comportamento operante, uma vez que "doar-se ao máximo" só
pode ser um ato controlado por contingências reforçadoras.
Passaremos a seguir a apresentar uma visão comportamental e evolutiva do
comportamento de perdoar No primeiro tópico apresentaremos o estado da arte sobre
o tema perdão, enfatizando o papel da psicologia comportamental na compreensão
deste comportamento. No segundo tópico, serão focalizados os mecanismos de seleção
do comportamento (seleção natural, ontogenética e cultural) ligados ao ato de perdoar
ou rovidar.
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Figura 2. Diagrama da contingência de comprometimento (fonte: Hanna & Todorov, 2002, p.338)
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Considerações Finais
A partir, principalmente, da segunda metade do século XX, a ciôncia e o compor
tamento daqueles envolvidos na sua construção tôm sido objeto de estudo crítico de
diversas áreas do conhecimento. O que os trabalhos produzidos nesse campo, atualmente,
denominado genericamente de Estudos Sociais da Ciôncia, tôm em comum ó um afasta
mento de investigações que buscam compreender apenas o desenvolvimento interno da
ciôncia, para estudos que buscam explicar a ciôncia como um produto imerso em um
contexto social, em que a divisão entre ciôncia e sociedade não ó possível.
Na análise do comportamento, o comportamento do cientista sempre foi visto
como objeto legítimo de pesquisa, contudo investigações acerca do efeito de contin
gências que vão além da aituaçào da pesquisa sâo ainda pouco empreendidas.
Ao mesmo tempo, ressalta-se o cuidado de afirrnar que, com essa incipiente
discussão, não se pretendeu argumentar que o conteúdo da ciôncia possa ser total
mente compreondido a partir de análises sociológicos da ciôncia, Não porque isso seja
inconcebível, mas porque o que fica evidente ó a dificuldade de uma explicação abrangento
do comportamento científico que envolva tanto as contingências envolvidas na situação
de posquisa quanto as contingências que se entrelaçam com ela. Não é por acaso que
um dos pontos críticos nos Estudos Sociais da Ciência soja justamente elucidar a
relação entre o conteúdo científico e o contexto social. Também não foi intenção indicar
que o controle social da ciôncia seja algo negativo, o que pode parecer a primeira vista
algo prejudicial para o dosenvolvimonto da ciôncia. É, na vordado, uma condição imanente
ao comportamento científico, considerando que esse ó parte de uma prática cultural
moderna altamente desenvolvida, a ciôncia. A questão aqui é salientar a necessidade
de identificação das funções desse controle que muitas vezes é invisibilizado pelos
resquícios de um ideal de neutralidade científica.
No entanto, a explicitação da relação entre ciôncia e sociedade envolve ainda
uma série de problemas. Dentre elos, a crença implícita de que o comportamento do
cientista seja desinteressado e os efeitos aversivos ao explicitar formas de controle do
comportamento do cientista além daquelas envolvidas na resolução de problemas cien
tíficos. Desse modo, o que se buscou, na realidade, foi expor que não é possível olhar
para o comportamento do cientista sem considerar a complexidade que esse envolve e
como esse é controlado também por consequências que são simplesmente apagadas
ou destituídas de valor quando olhamos para os resultados de uma pesquisa.
As questões quo perpassam esto trabalho referem-se também e, sobretudo,
ao contexto atual de produção científica, que, mais do que nunca, estabelece relações
próximas com aquelas da economia de mercado (Bourdieu, 1983). Dessa forma, não é
absurdo presumir que a ciôncia o o comportamento daqueles envolvidos com ela se
jam afetados por uma espécie de mercantilismo científico.
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Revisitando as raízes
do Behaviorism o:
Contribuições de
John B. W atson
Capítulo 8
O pensamento segundo Watson
IV . Conclusão
O presente trabalho aborda, de forma breve, os principais pontos da concepção
de J. B. Watson sobre o pensamento, considerado por ele um importante objeto de
estudo do behaviorista. Nota-se também a importância que o autor dava á linguagem,
não só como objeto de estudo como também como forma válida de acesso aos eventos
privados.
Infelizmente a concepção watsoniana acerca do pensamento e da linguagem
se perdeu ao longo do tempo. Alguns autores, entretanto, sustentam que as proposi
ções de Watson foram importantes influências da teoria de Skinner (Marx & Hillix, 1963/
1993; Oliveira, 2004). Na verdade, é possível reconhecer muito da concepção skinneriana
nos textos de Watson. A diferença entre estes dois autores a respeito do pensamento e
da linguagem parece estar mais nas ferramentas de análise usadas por cada um do
que nos pressupostos adotados.
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I I . Formulações teóricas
Em 1916, em um artigo intitulando Behavior and the concept of menta! disease,
Watson começou a sugerir uma teoria sobre o condicionamento de emoções e sua
associação com as doenças ditas “mentais". Em uma nota de rodapé, elo afirma que a
emoção ó um estado corpóreo e que, algum dia seria possível mapeá-las e classificá-
las de acordo com os estímulos que as evocam.
A previsão de Watson não demorou a se concretizar. Em 1917, ele publica com
Morgan Emotional reactions and psychological experimentation - nesse artigo, eles
deram os passos iniciais na construção de uma teoria sobre emoções. Eles sugerem
que três emoções pertenceriam à natureza original e fundamental do homem: o medo,
a raiva e o amor. O uso dos termos "medo”, “raiva" e “amor" ó feito com certa hesitação
pelos autores, uma vez que são empregados não no sentido usual, mas sim para
descrever a situação que ocasionou o comportamento (estímulos) e a reação produzida
(respostas). Watson e Morgan declaram, Inclusive, uma disposição a chamá-los do
reações "X", "Y" e "Z".
As principais situações que provocam medo podem ser descritas como (1)
repentina remoção do suporte de uma criança: (2) sons fortes; (3) puxar o cobertor
sobre o qual uma criança dorme e (4) empurrar repentinamente ou "chacoalhar” a
criança durante seu sono. Os itens (3) e (4) podem ser vistos como pertencentes a (1).
As respostas de medo encontradas foram alteração na respiração, agarrar algo com as
mãos (reflexo de grasping ), piscar, franzir os lábios e chorar. Em ciianças mais velhas,
respostas de fuga e se esconder são possíveis.
A raiva ó produzida por um impedimento dos movimentos infantis, como. por
exemplo, segurando a cabeça e os braços da criança. As respostas são choro seguido,
rapidamente, por gritos; enrijeclmento do corpo, com movimentos característicos das
mãos e braços, pés e pernas; além do segurar a respiração até o rosto ruborizar-se.
Tais movimentos de braços, pernas, mãos e pós, em crianças mais velhas, são mais
coordenados e podem aparecer como pontapés, tapas e empurrões.
A terceira emoção, o amor, é produzida em situações como de carinho, afago,
manipulação de algumas zonas erógenas, no fazer cócegas e no balançar suavemen
te. A resposta varia: se a criança está chorando, o choro cessa, um sorriso pode apare
cer; tentativas de balbuciar; falar suavemente e a extensão do braço como no abraço, o
que seria um precursor do ato sexual.
A partir dessas três emoções e da formação de hábito por meio do condiciona
mento de reflexos, os autores sugerem que seria possível explicar a enorme complexi
dade das emoções. O conceito freudiano de transferência, deste ponto de vista, seria a
formação de um hábito. Para os autores, as trés emoções seriam passíveis de transfe
rência. O interesse da psicologia estaria em produzir, estudar as leis de produção,
reduzir, dissolver e aprender os princípios de redução dos afetos, de forma a compreen
der o início, o curso e o fim do processo.
III. Aplicabilidade
Já em 1917, Watson e Morgan sugeriram que resultados de interosso prático
poderiam ser esperados do trabalho com emoções1os afetos seriam capazes de servir
a um fim, tais como auxiliar na formação de hábitos necessários na atual sociedade. Os
autores questionam, por exemplo, se professores que provocassem amor nos alunos
não poderiam gerar um aumento na qualidade do ensino dos mftsmos.
Ao longo de toda a sua produção sobre o assunto, Watson traça um paralolo
com o trabalho de psicopatologistas. Como aponta Harris (1979), muitos estudos usam
o caso Albert para descrever uma situação de fobia a rato o tematizar o tratamento e a
técnica de dessensibilização.
Após a I Guerra Mundial (1914-1918) houve significantes mudanças na estrutu
ra institucional da psiquiatria e da psicologia americana. O teste, tratamento e reabilita
ção de recrutas com distúrbios psiquiátricos forneciam um novo prestigio à Psicologia,
A demanda por serviços psicológicos de todos os tipos crescia. O Behaviorismo ga
nhou espaço e reconhecimento no tratamento dos chamados "traumas de guerra"
(Buckley, 1982; Leys, 1984). O trabalho de Watson e de seus colaboradores, sobretudo
de Jones, permitia a compreensão e fornecia métodos práticos de reversão de fobias.
A utilização de crianças em experimentos levou a discussões sobre a criação
dos filhos. Em 1928, Watson publicou o livro Psychological Care of Infant and Chlld,
onde aprosenta conselhos aos pais sobre como educar suas crianças. Em sua autobi
ografia (Watson, 1936), entretanto, demonstra certo arrependimento relacionado ao
livro, afirmando que não possuía conhecimento suficiente para escrever a obra,
IV .Conclusão
A obra watsoniana aprosenta uma tooria coerente sobre emoçõos, pautada na
noção de trôs reaçõos originais (medo, raiva e amor) e da possibilidado de condiciona-
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irKxki mi a n a fla a o (.oinpnrtarrM nto d a (piakpMK (»rtn i nufatto
8 2 R runo A ng n io U tra p aM o n
quanto sua própria atividade cientifica pode ser influenciada pelos ambientes acadêmi-
co. cultural, social, econômico e político atuais.
De outro lado, prosentismo e historicismo comporiam uma segunda dicotomia
se referindo, entretanto, ao contexto utilizado como parâmetro de julgamento do uma
teoria. No presentismo julga-se uma teoria produzida om tempos passados a partir da
discussão atual sobre o tema. No historicismo considera-se o contexto contemporâneo
à formulação da teoria como único parâmetro adequado para avaliação ou julgamento
de uma teoria. O principal problema do presentismo é que julgar uma proposição teóri
ca deslocada de seus determinantes contextuais deturpa a análise de tal modo que não
se pode esperar como resultado mais que uma leitura critica de uma caricatura da
teoria avaliada (Werthelmer, 1998).
Em síntese, estudar a história da AC doixa o estudante em melhores condições
de compreender o comportamento cientifico no qual está sendo treinado, bem como o
comportamento daqueles que estuda como autores das teorias a serem compreendi
das. Talvez esse seja um dos melhores modos de propiciar uma análise do behaviorlsmo
que seja ao mesmo tempo, (1) compreensiva e (2) critica dos pontos que merecem
adequação às demandas sociais vigentes3. Nesse sentido, Robert I. Watson (1960)
expõe com muita clareza os perigos de se ignorar a história da psicologia ao se estudar
uma teoria:
"Quando ignoramos a história, no sontido da grande tradição nosso campo, pre
conceitos do ignorância e do classo, provinciais o do regionalismos ontiam om
sou lugar para dominar ou distorcer os pontos do vista sem qualquer consciôncin
nocesséria da sua influôncia.... Não encarar um passado do qual se 6 ignorante ô,
na melhor das hipóteses, sor um sujeito passivo a elo, na pior das hipóteses, sor
distorcido por uma falsa concepção dolo. ”
A ignorância nâo significa necessariamente a inexistência de influências sobre
a conduta humana, incluindo a conduta humana de psicólogos, (pp. 254-255).
As ponderações de Michaol Werthoimer e Robert I Watson constituem justifica
tivas plausíveis, ainda que não exclusivas, para a inclusão do estudo da história em
cursos de AC. Desse modo, parece pertinente avaliar se os objetivos implícitos nas
justificativas apresontadas estão sendo considerados em textos que se propõe a abor
dar aspectos históricos do behaviorismo Entretanto, empreendor análise tão ampla
demandaria mais tempo e espaço do que ó viável num texto como este. Portanto, con
venientemente, optou-se por avaliar uma questão especifica da história do behaviorismo
como exemplo ilustrativo da relevância da análise proposta. Analisar-se-á, neste texto,
algumas consequências da caracterização de John B. Watson como dualista e como
representante do Behaviorismo Metodológico para a compreensão histórica da AC.
Strapasson (submetido) encontrou, em busca sistemática na literatura brasilei
ra, 26 textos que falavam sobre algum aspecto da obra de John B. Watson. Desses, 11
afirmavam que Watson defendia o dualismo, 12 Indicavam-no como representante do
Behaviorlsmo Metodológico e apenas três defendiam o afastamento de Watson do
dualismo. Exemplos de afirmações que vinculam Watson ao Behaviorismo Metodológico
e ao dualismo são:
(1) '[Watson, enquanto] behaviorista metodológico clássico, nòo nega a exlstôn-
cla da mento, mas nega-lhe status cientifico ao afirmar quo nèo podomos ostudá-
‘ P«m urn iiprtAirylwm oto ri* dtacuaMo da nncmnkJadn de rovMAo ixtrttdM i da* (MtxliiçtoN du Anrtltw do CotnputtMrMtnlo a *un nd<x|uaçAo A»
itotnitndwi social« vtyonten uxmultnr Cnrrare (2U0Ô), onfjoctalmonto o capitulo 1
S o b r e C o m p o rta m o n to oC o g n lçA o H 3
la pela sua inacessibilidade " (Matos, 1997, p. 65).
4A uflnnaçAo de (|uakn Rklnrier (|ucmnftrnxxj que J D Wtfütun mmumbehavtarieUi metodològkxj é M u (ci Sltapaaauti, SutxrwtkJo), nuvnrrindu
HMrrwrfaialimtamatitaoconlráríoiToramStevanaeBartnu.anAoWataon .queoonlnuaram■ eureòKarrwaxMènda(Invklumental' (Skinnor,
lUM.p.&W)
* Maio datalha* w4xa a rapraaantattvklade da dtaçAea como aaaaa [xxto aer arxxmtrarta em Strapaaaun (Sutimetkio)
* Talvoz aRtkTHria(Jo pt*l* adoçAo da ixieturaa muKu priétrucH* da aaua detaneorea (d Cerrara. 200f>, Bti«tpa»*on, 2006) tornou -ae multo
fra<|ijanta, no movimento behavtortata, a diferenciação antra formaa dlvaraaa de behavkvtamo qua. abordaria* hlatòrica a Woauflcanient»,
poderiam reOtredoruir a critica dlreckmad« da varkxiada dafendkia da bahavtortemo (em geral, ao menoe rx> BraeM, do Bahavioriamo Hadlcal
do Sklnnm) pmih o hetavkxlNmn ao qual rnahnnnlii cabnrUi a crltkx
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* A itlg o iMMMudo n o T í h !>u Hk ) <ki C o n d u i A o <to C u r s o ( te n e tiv o ív K k ) ( x itn p f iin o tr o a u tu r s o t i h ( X K x iU iv â o <tr> itn y u rv ln
Sutx»Co(iiijnrtam«nti>nC<)gittçAo 9 j
Outro estudo realizado foi o de Alves (2006), que analisou a veiculaçáo na
imprensa brasileira de matérias sobre os atentados de 11 de setembro de 2001 nos
Estados Unidos e sobre o atentado de 11 de março de 2004 em Madrid, na Espanha.
Esse estudo visou identificar características formais e de conteúdo e diferenças e
semelhanças entre matérias na veiculaçáo em um mesrno jornal ou em um jornal
diferente (foram utilizados os jornais Folha de Sâo Paulo e Estado de São Paulo). Os
jornais dedicaram mais espaço ao atentado nos Estados Unidos do que o ocorrido na
Espanha, tal fato pode ter ocorrido de acordo com as características da cultura do cada
pais, ou de acordo com a magnitude dos prejuízos de cada atentado. Outro aspecto
destacado pela autora é que o uso de textos provenientes de sub-sedes da Folha de
São Paulo distanciaria o leitor da fonte original de informação, além do fato de grando
parte das informações terem vindo de diferentes locais e grupos, iniciando uma cadeia
intraverbal e fazendo com que os jornalistas que produziram a matéria final tivessem
um contato indireto com os acontecimentos Alves (2006) concluiu que ‘‘ao preparar a
edição do jornal, os jornalistas não estão apenas sob controle de todas as regras que
regem o comportamento de cada um deles, eles possivelmente têm seus
comportamentos de escrever, de decidir que imagens usar, ou que distribuição e
dostaquo dar ás notícias também controlados pelas notícias que já loram nos jornais
de outros palses, na Internet" (p. 74). Ao final de seu trabalho, a pesquisadora alertou
para a necessidade de uma maior aproximação entre pesquisadores da área de
comunicação e analistas do comportamento, para que possam desenvolver ferramentas
mais aprimoradas para o estudo do relato verbal em veículos de comunicação.
Alves (2006) e Martone (2003) concluiram que, apesar de a mldia apresentar
um discurso que assume neutralidade, suas práticas estão direcionadas a
determinados interesses, que podem ser ligados a outras agências de controle como
o governo e a economia, ou ligadas aos interesses dos próprios profissionais de mfdla.
Portanto, a midia não assumiria uma postura neutra.
Sabe-se, também, que a que a imprensa tem ajudado a construir a imagem do
personalidades públicas como atores, músicos e candidatos a cargos públicos. O
presente estudo teve como objetivo investigar a influência da mldia na construção de
um candidato à presidência. Especificamente, este trabalho pretonde analisai a
construção da imagem da Ministra Dilma Rousseff como possível candidata á
presidência da república. Para tal, foram utilizadas como fonte manchetes publicadas
em um veículo de comunicação da internet (Folha Online). Estas manchetes serão
correlacionadas à base de instrumentos estatísticos de opinião pública (Datafolha), no
que concerne às pesquisas de intenção de voto.
Método
Procodímento de coleta de dados
Foram coletadas 901 manchetes obtidas por meio do sistema de busca do site
Folha Online (http://www.folhaonline.com.br) acessado no dia 1o de setembro de 2009.
A página de busca pode ser acessada através de um campo de texto localizado no canto
direito da página principal do sito sinalizado pela palavra "busca". O site oferece a opção
de busca nos arquivos da Folha Onüne e nos arquivos da Folha de São Paulo. Foi
selecionada a busca nos arquivos da Folha Online devido ao fato das notícias serem
exclusivamente veiculadas na internet a qualquer hora do dia, facilitando o acosso às
notícias e aumentando o número de notícias veiculadas em um único dia.
Para a busca, foram utilizadas as palavras Dilma Rousseff, garantindo que, em
92 Hnnriqu* VhII«i M j RHxHro Artgslo, Nkxtlau Kw*artr Patyhar, Rkardo Corrêa Madon*
algum trecho da noticia, a ministra estava citada. No primeiro momento, foram obtidos
3625 resultados do busca, uma vez que o sistema de busca apresenta todas as noticias
que contenham as palavras buscadas em qualquer lugar da noticia. Foram utilizados
somente os resultados que apresentassem a palavra "Dilma" na manchete, perfazendo
um total de 901 manchetes
Também foram utilizadas pesquisas de opinião publicadas no site do Datafolha
Instituto de Pesquisas (http://www.datafolha.com.br) referentes à intenção de voto para
presidente nas eleições do 2010. O site foi acessado nos dias 21 do fevereiro de 2009
e 2 de setembro de 2009 O Datafolha Instituto de Pesquisas publicou pesquisas de
opinião referentes à intenção de voto nos seguintes meses: março de 2008, novembro
de 2008, março de 2009, maio de 2009 e agosto de 2009. Foram utilizados os "Cenários’’
1 e 2, pois eram os únicos cenários que foram avaliados em todas as datas. No Cenário
1, Dilma Rousseff concorreria com José Serra, Ciro Gomes e Heloísa Helena. No Cenário
2, a possível candidata concorreria com Aócio Neves, Ciro Gomes e Heloísa Helena.
Durante posterior categorizaçâo de dados, foi percebida a necessidade de obter
dados referentes a pesquisas de opinião de popularidade do atual presidente da
república, Lula. Para tal, em 16 de outubro de 2009, foi acessado o site do Datafolha e,
através do um link presente na página principal, as pesquisa de opinião sobre o governo
Lula puderam ser acessadas.
Tratamento de Dados
Inicialmente, as 901 manchetes foram divididas de acordo com a data de
publicação, tendo como unidade básica 1 (um) môs. Sendo assim, as manchetes
foram divididas nos rneses entre novembro de 2002 e agosto de 2009. A partir dessa
catogoria (data de publicação) foi gerado um gráfico de freqüência acumulada.
Também foi criada uma categoria para manchetes que so referissem á possivel
candidatura de Dilma e/ou às eleições 2010. Para serem contabilizadas, as manchoto3
deveriam conter duas das seguintes palavras: "eleição", "eleger", "propaganda", “Lula",
"vice", "Ciro", “Marina", "Serra", "Aócio", "2010", “pesquisa", "comício", "presidente",
“presidenta", "campanha", "candidata", "candidatura", “eleitores", "eleitoral", "eleita",
"eleitoreira" e "plano B". A presença das palavras "comício", "presidenta", "campanha",
"candidata", "candidatura", "eleitores", "eleitoral", “eleita" e “eleitoreira" também indicam
que a manchete estaria relacionada às eleições de 2010 para presidência da república,
mesmo que não apresentem nenhuma das outras palavras citadas anteriormente. A
contabilização foi feita mês a mês, como na categoria anterior. Novamente foi criado um
gráfico de freqüência acumulada.
Percebeu-se que a palavra “Lula" aparecia om um número considerável de
manchetes. Então foi criada a categoria “Dilma e Lula": todas as manchetes que
possuíssem as palavras "Dilma" e "Lula" foram contabilizadas mês a mês. Ao final foi
gerado um gráfico de freqüência acumulada para ossa categoria.
Também foram feitas análises das manchetes como construções gramaticais
com influência de regras já estabelecidas previamente pela comunidade verbal
(gramática). Foram analisadas sintaticamente as orações que compõem as manchetes,
contabilizando aquelas nas quais a palavra “Dilma" aparecia como sujeito ou como
parte do sujeito da oração principal, então foi feito um gráfico de freqüência acumulada.
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Figuro 2. Frequência acumulada do número de manchetes que dizem
respeito à possível candidatura de Dilma ou às eleições de 2010.
9 4 Henrique Valle Dolo Ribeiro Angelo. Nkxiau Kuckartz Perghnr, Ricardo Corrêa Martone
Figura 3. Representação gráfica da Intenção de voto em Dilma Rousseff
presente no resultado das pesquisas de opinião feitas pelo Instituto DataFolha.
100
100
o J-«
81
Discussão
O presente trabalho tinha como objetivo verificar a influência da mídia na
construção de um candidato à disputa presidencial, a partir da análise de manchetes
publicadas on-line as quais envolviam o nome de uma possível candidata. Segundo
Fossati (1997) as "manchetes têm a responsabilidade de resumir a notícia, constituindo
o fator que determina se ela vai ser posta de lado ou lida" (p. 76). Em termos arialltico-
comportamentais, as manchetes podem ter a função de um estimulo discriminativo
que, de acordo com seus componentes verbais, podem sinalizar um possivel reforço
por conhecer o conteúdo da manchete, uma vez que a comunidade verbal tenha
propiciado a esse indivíduo uma história de reforçamento por conhecer assuntos ligados
a política, por exemplo, ou simplesmente por ler reportagens em jornais. Isso faz com
que leitores emitam respostas textuais entrando em contato com a informação integral
veiculada pelo meio de comunicação.
Percebeu-se que há um aumento na freqüência com que as manchetes
contendo a palavra “Dilma" são publicadas Algumas implicações surgem desse
aumento: quanto maior a freqüência com que a mídia publica reportagens envolvendo a
possível candidata, maior a possibilidade das pessoas entrarem em contato com o
estímulo verbal "Dilma". Com isso, cada vez mais osse estimulo poderá estar presento
no ambiente social dos brasileiros. Aumentam também as possibilidades de que o
estímulo possa ser pareado com situações particulares de contato social ou mesmo de
que conseqüências se sigam ao pronunciar "Dilma Rousseff".
Os resultados- mostraram que o estimulo "Dilma" está sendo inserido de forma
gradual na comunidade verbal e presume-se que, inclusive, está sendo veiculado em
9 8 I lanrlquo V«Ht* (Ink) Rltxiím Angok). Nicotaj Kuckarfr Putghar, Ricardo Corrêa Mnrtonn
Quando o número total de manchetes que continham o toma eleições de 2010
com as pesquisas de opinião foram aproximados, percebou-se que, quando começaram
as pesquisas, aumentou bruscamente o número de manchetes com esse tema. Não ó
possível, entretanto, perceber se há uma relação entro essos dois dados, caso essa
relação exista, ainda assim, não seria possível determinar qual teria ocasionado a
outra. Supõe-se que as pesquisas só foram realizadas, pois existia a especulação de
que Dilma poderia ser candidata à presidência da república, o número de manchetes
provavelmente teve influência na intensificação da difusão dessa especulação.
A diferença entre a freqüência do número total de manchetes e o número de
manchetes que têm como tema eleições 2010 pode acontecer devido às ações contra
Dilma referentes à possível propaganda eleitoral antecipada. Isso pode ocorrer de duas
maneiras: Dilma se comporta menos como candidata o que faz com que os jornalistas
não reportem tanto esse assunto, ou outros possíveis assuntos aumentam de freqüência
enquanto o assunto "eleições” cai. Isso podo ocorrer do três formas: se o foco dos
jornalistas e editores é desviar o foco da possível candidatura antecipada, se
simplesmente outros assuntos forem mais reforçadores para o público ou esta mudança
está ocorrendo de forma aleatória.
As palavras que aparecem nas manchetes ligadas ao estímulo verbal “Dilma"
provavelmente foram pareadas com este, assim atribuindo um possível valor (no sentido
empregado por Skinnor, 1971/1983) reforçador ou avorsivo ao estímulo vorbal "Dilma".
Essas outras palavras, em geral, apresentam um valor e significado já estabelecido na
comunidade verbal, por exemplo, a palavra "ministra” foi reforçada pelos membros da
comunidade verbal em situações que indicavam um cargo público ligado ao poder
executivo no governo, aumentando a probabilidade de sua utilização em contextos como
esse e diminuindo sua utilização em quaisquer outros tipos de contextos.
Após ler apalavra "Dilma" acompanhada da palavra "ministra", pode-se concluir
que Dilma ó uma ministra, se considerarmos que partículac autocliticas como "é" têm
um papel fundamental nossa compreensão (Brino e Sousa, 2005; Guerin, 1992; Skinnor,
1957/1978; Souza, et al., 2009) e no pareamento de estímulos verbais contidos na frase.
Por exemplo, se "ministra" for uma palavra que tenha um valor reforçador, "Dilma" pode
passar a ter um valor semelhante. Os autocllticos qualificadores podem ter um papel
importante nisso, adjetivando a palavra e ostabolocondo cada vez mais um valor
reforçador ou aversivo ao nome da ministra.
Provavelmente, a apresentação da palavra “Lula" na mesma manchete em que
aparece a palavra “Dilma" teve um papel semelhante às outras palavras que passam
pelos processos de pareamento. Na pesquisa com relação à avaliação do governo do
presidente Lula, 48% dos entrevistados consideram o governo como bom ou ótimo em
março de 2007, já em agosto de 2009, 67% consideravam seu governo como bom ou
ótimo. Esses números sugerem que a popularidade de Lula ó alta e tem crescido nos
últimos anos. Essa popularidade podo ter influenciado a inserção do estímulo verbal
"Lula" nas manchetes junto ao estímulo verbal "Dilma". Essa inserção pode ter gerado
um pareamento entre esses estímulos, fazendo com que a popularidade da possível
candidata aumente através do pareamento com Lula Só o fato do Dilma e Lula
pertencerem ao mesmo partido político, o Partido dos Trabalhadores, já pode auxiliar
no processo de pareamento proposto acima. Esse pareamento já é por si só uma
evidência de que a mídia não tem a neutralidade que se propõe (Alves, 2006; Guerin,
1992; Laittinen e Rakos, 1997; Martone, 2003; Rakos, 1993).
1 ()() Hanrkju« Vult* B *k)R ibtilroAngoto, Nicolau Kuckartz Parghcr, RtcardoCurréa Martonn
contrapõe o fato de que não está “sentonciada". Os interlocutores aqui são três: Dilma,
o jornalista e o leitor. Um leitor treinado na comunidade verbal poderia afirmar que Dilma
está expressando uma opinião e pode dar valor a essa opinião, de acordo com sua
história pessoal de expressar opiniões.
Nos três exemplos acima, pode-se dizer que existe influência do jornalista, no
próprio ato de escolher a forma que escreverá a mancheto, ou as palavras que poderia
usar. No segundo exemplo, a manchete foi escrita da seguinte forma; "Dilma governará
sem sobressalto, diz presidente". Outro arranjo de palavras, por exemplo, "Presidente
diz que Dilma governará sem sobressalto" poderia ter um efeito diferente. Da maneira
original, por mais que o presidente realize a ação, o primeiro nome a aparecer (na
seqüência com que os leitores ocidentais foram reforçados a rastrear visualmente as
palavras) foi o nome de Dilma, seguido de uma frase que expressa que uma posição
favorável ao possível governo de Dilma. Na segunda forma, o primeiro nome seria o do
presidente. Escrever da segunda forma poderia influenciar até mesmo no pareamento
Dilma-presidente (ou Dilma-Lula, se o leitor já tiver entrado em contato com a informação
de que Lula é o presidente) de uma forma que o leitor perceberia o estimulo "presidente"
primeiro, e ficaria mais evidente que se tratava de uma opinião. Da forma original,
colocar Dilma em evidência pode fazer com que o leitor estabeleça primeiro a relação
Dllma-governará-sem-sobressalto, o que pode fazer com que o valor do estímulo Dilma
seja maior do que seria caso o jornalista tivosse optado pela segunda forma
Considerando o fato de que Dilma aparece mais como sujeito da oração principal
até 2008, podemos supor que, até esta data, as manchetes estavam mais focadas nas
ações de Dilma Rousseff, em medidas políticas e econômicas e opiniões cia ministra.
Depois do 2008 (quando ela começou a ser cotada para representar o PT na sucessão
de Lula), a tendência de publicação do manchetes nas quais a ministra fazia parte do
predicado da oração principal ou parto da oração subordinada aumentou. Isso pode ser
decorrente de uma mudança de estratégia dos jornalistas, uma vez que, ao ser cotada
para a candidatura á presidência, Dilma passaria a ser mais citada por outras
personalidades públicas, o que implicaria na publicação de cada vez mais manchetes
de "pessoas que falem de Dilma” . Esse recurso pode ter sido usado também para
aproximar a ministra da população, uma vez que também houve um aumento da
freqüência total de publicações das manchetes que falavam dela.
Portanto, através do arranjo de palavras e da estrutura gramatical das manchetes,
a mídia constrói uma realidade enviesada, criando ilusões. De acordo com Guerin
(1992), comportamentos ligados a uma ilusão podem ser reforçados em uma
comunidade verbal, fazendo com quo essa ilusão passe a ser real. Neste trabalho,
pode-se hipotetizar que a associação de Dilma à candidatura como um possível estímulo
para que comportamentos ligados à ilusão de que Dilma é candidata fossem reforçados
na comunidade verbal. O simples fato de incluírem o nome de Dilma Rousseff em
pesquisas de opinião para presidente da república nas eleições de 2010 pode ser um
resultado (e também um incentivo) dessas ilusões. Cabo ressaltar que também existe
certo grau de ilusão nas outras possíveis candidaturas, visto que ninguém oficialmente
lançou-se como candidato até a data em que este trabalho foi realizado.
O processo de criação da ilusão de Dilma como candidata presumivelmente se
iniciou com especulações em um partido político que passam a ser veiculadas na
mídia quo, por sua vez, interage com esses partidos sempre que solicita algumas
informações reforontos a qualquer assunto. Esses partidos, então, reforçam os
comportamentos dos jornalistas que publicam as reportagens com o viós do partido
político, ou o viés do membro do partido com o qual o jornalista entrou em contato.
Referências
102 I Inwiquo Vallo Ueto Hlbeko Anyalo, Nlcolnu KucluirU Pmghar, Ricardo Corté» Mtutono
Capítulo 13
A mídia como objeto de estudo da
Análise do Comportamento
Camila Maria Silveira da Silva
PUC-SP
1A I k h i i k i ( ? 0 0 3 ) ( h í i/ in H r o n a a h / a c o m r a t a ç i o a o (a t o d a q u a la t a p a d r ô a « d a m a r t ip u t a ç A o n t o a a t A o n a o o M t t r la n w n lo «*m t o d a * a *
iriH triritM P n r i i o m it n r , * p o o a lv a l a n o o n t r a r m a t é r ia « a m q u a ta ta p a d r A o a n f i u a x M a i n , a x la ta m a m g r a u * m ln k n o a , o u q u a a (J M u r ^ â o d a rn a k d H d ti
* o |a i m x lu t o ( i a a n u a w iv o lu n tá r io a .
' Tom a m n o c a a a á r io nmm m MIi h q u a a a t r t H J lç â o d a c a u t u n » K k v K lim m c o m o d d t e n m v i n t a * d a c o r t o u a v o n l o s a t o f lc ç õ e a o x |> la iin l(V lt in d o
p o n to d o v t« t* d a an A kiM i d o c o m p o r t a m e n t o
S o b r u C o m p o rta m o n to o C ogiitçA o 1 0 7
Uma propriedado inteiossante do tatoar provóm da base social das
consequências funcionais. Se o tatear está sob controle de um pequeno grupo de
pessoas que reforçam relatos verbais particulares e punem outros, ontào as
caractorlsticas desse grupo ou comunidade verbal podem controlar o conhecimento
relatado, mesmo se as consequências funcionais forem generalizadas. Skinner
(1957) chamou isto de “tatos distorcidos". Isso significa que os tatos controlados
em um pequeno grupo ou comunidade sempre tenderào a um viés. No caso extremo,
uma unidade verbal irá se assemelhar a um tato, mas estará sob controle das
palavras da comunidade, e, entretanto, propriamente será chamada Intraverbal.
(Guerin, 1992, p. 1426).
Assim, o autor alega que a análise do comportamento pode predizer que o
conhecimento socialmente construído pode distanciar-se do controle polo ambiente
não social de algumas maneiras, sendo uma delas através do reforçamento do operante
verbal intraverbal topograficamente semelhante ao operante verbal tato.
Sogundo Guerin (1992), muitas vezes relatamos certos eventos como se fossem
tatos, mesmo sem ter tido experiência direta com eles. Quando Isso ocorre, nosso
relato não está sob controle do ambiento de fato, uma vez que não estivemos presentes
quando dada situação ou evento ocorreu, mas está sob controle da descrição verbal
desses eventos. Por exemplo, segundo o autor, osso podoria sor o caso de dizer que
reatores nucleares não são seguros, que o sistema mundial está quase em colapso,
ou que o vlrus da AIDS foi criado em um plano secreto. Ao invés de entrarmos em contato
direto com esses eventos, nós temos simplesmente lido ou escutado a respeito deles,
e temos sido reforçados por repeti-los em contextos sociais particulares. Nossa repetição
ó então controlada por ouvir ou ler certos tópicos mencionados e por consequências
sociais que reforçam o comportamento de repetir. Embora tais relatos possam ter
características topográficas do tato, de maneira que a forma da resposta verbal pareça
estar sob controle do ambiente não verbal, o controle antecedente desse comportamento
esta, na verdade, sob controle antecedente de estímulos verbais.
O autor aponta que, na sociedade atual, o que temos mais aprendido ó
comportamento verbal. Aprender a agir no ambiente ao invés de falar sobre como agir
no ambiente, parece menos freqüente. De fato, uma ampla parte de nossa vida é agora
direcionada para falarmos e escrevermos sobre o mundo e seus efeitos, sendo tais
comportamentos mantidos pelos efeitos sobre outras pessoas e não por controle de
estímulos pelo ambiente não social.
Guerin (1992) considerou a mldia em grande parte responsável pelo
conhecimento socialmente construído, devido ao fato de que, atualmente, o
comportamento verbal das comunidades verbais tem sido cada vez mais mediado pela
mídia de massa. Segundo Namo (2001), o fato de a mldia estar cada vez mais presente
nas comunidades verbais pode levar à suposição de que sua influência na construção
de intraverbais esteja aumentando e proporcionando aos sujeitos percepções da
realidade que são construídas por seu intermédio.
Além da contribuição da mldia para o estabelecimento e ampliação dos
repertórios intraverbais dos indivíduos, também devemos considerar que o próprio relato
das reportagens muitas vezes é também comportamento intraverbal.
Alves (2006) chamou a atenção para a dificuldade de saber se os relatos feitos
pelos agentes da mldia são, de fato, tatos dos eventos por ela contados, pois embora
as respostas verbais tenham características topográficas de tatos é diflcíl identificar sua
fonte antecedente de controle. A autora considera que não é apenas a mediação que é
importante quando se analisa como o indivíduo conhece o mundo, mas o aumento do
número de mediações que ole passou a ter para conhecer o mundo com o advento da
ScibmGmnportiimnfito «i Cc>QnK*> | |5
estabelecido para a mesma. A ausência de efeito pareceu estar relacionada a uma
distribuição das escolhas entre as classes (ou a não inclusão) e a inclusão do nome da
companhia na classe de estímulos neutros. Nesse sentido, um efeito mais notável ocorreu
para os participantes que não realizaram a linha de base, pois para esses participantes,
o nome da companhia foi incluído ou na classe de S* ou na classe de S-. Já para a
maioria dos participantes que realizaram a linha de base, a noticia foi incluída na classe
de estímulos neutros, indicando que a medida de linha de base pode ter interferido na
observação de um efoito das notícias.
Ao discutir os resultados a autora comenta que há ainda muitas alterações a
serem feitas para que um estudo experimental dê conta de avaliar o impacto da mídia
impressa de modo consistente e propõe algumas alterações para estudos posteriores,
como exemplo, o uso de uma diferente medida de linha de base.
Considerações finais
É fato que nos últimos anos o interesse pelo entendimento do controle pela
mídia de massa tem originado diversas análises e estudos com base nos pressupostos
da análise do comportamento. Um primeiro passo foi dado em direção ao desenvolvimento
de um modelo experimental com base no paradigma da equivalência de estímulos (Silva,
2010), imprescindível para ampliar a compreensão do fenômeno. Afinal, o próprio
entendimento comportamental do controle pela mídia, adquirido por meio de pesquisas
como as já citadas, pode contribuir para o estabelecimento de respostas de contracontrole,
no futuro, pelos indivíduos controlados - objetivo último de pesquisas nessa área. Há
ainda muito caminho a ser percorrido para que um refinamento da compreensão das
funções controladoras da mldia e os diversos impactos sobre o comportamento dos
indivíduos seja obtida, bem como para que uma Interlocução com outras áreas do
conhecimento (por exemplo, jornalismo e comunicação) seja estabelecida. O desafio
ainda ê grande, mas é certo que os analistas do comportamento não só possuem os
instrumentos para enfrentá-lo como também já começaram a fazê-lo.
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Introdução
Neste capitulo, são apresentadas algumas considerações sobre o
comportamento agressivo, priorizando-se a sua conceituação, implicações e evolução,
bom como os principais determinantes da conduta agressiva. 0 desenvolvimento
dessas ideias parte do pressuposto de que a conduta agressiva pode ser um precursor
de formas mais graves de comportamentos antlssociais e/ou violentos, e que ações
preventivas só podem ser planejadas mediante o conhecimento do desenvolvimento
desses padrões de comportamento e do processo de evolução dos mesmos.
Primeiramente, são apresentadas algumas questões conceituais relacionadas ao
comportamento agressivo e antissocial, delineando-se os diferentes níveis de gravidade
e os fatores que contribuem para a determinação e manutenção doste tipo de
comportamento. Em seguida, é apresentado um aprofundamento sobre os diferentes
aspectos que cercam o comportamento agressivo, discutindo-se alguns aspectos da
violência associada à relação do homem com o meio. Os principais determinantes da
conduta agressiva são também discutidos à luz da análise do comportamento. Por fim,
são apresentadas algumas considerações finais relativas ao tema, enfatizando-se a
necessidade da prevenção.
S o t a * Oini|K)rUim«nto o CoynlçAo 1 1 9
alheios. O autor também relata que problemas de conduta são uma das queixas mais
comuns em ambulatórios de atendimento á infância e adofescôncia. Em concordância,
Coelho-Matos e Matos (2009) salientam que problemas de conduta antissocial em
crianças fazem parte do conjunto de queixas mais frequentes no cotidiano clinico e
afirmam que muitos pais buscam a psicoterapia com a expectativa de que o psicólogo
possa ajudá-los a entender as causas dos comportamentos antissociais do seus filhos
e fornecer orientações sobre como lidar com esses comportamentos, já que, muitas
vezes, os pais não conseguem exercer um efetivo controle sobre o comportamento dos
seus filhos.
Os transtornos de conduta representam um importante problema clínico e social.
Particularmente, a agressão explica a maior parte dos casos clínicos devido a frequência
com quo ocorre. Essas condutas agressivas variam e evoluem durante o desenvolvimento
da criança. Quando são frequentes, intensas e crônicas, tendem a evoluir na
adolescência de forma mais grave (Kazdin 1991; Kazdin & Buela Casal, 1997), indicando
a necessidade de prevenção e intervenção precoce nesse tipo de conduta.
O comportamento agressivo
Segundo Ulrich (1975), acredita-se que o homem seja o agressor mais violento
de todas as espécies e apresenta comportamentos que pode levá-lo à autodestruição.
Sabe-se que a agressão dirigida a seu semelhante é particularmente adaptativa. A
história evolutiva e a seleção natural demonstram que este foi um comportamento
selecionado durante seu processo evolutivo, no qual suas necessidades básicas foram
sendo satisfeitas mediante tal comportamento. Além disso, é preciso considerar que
muitas formas de agressão são reforçadas socialmente (Ulrich, 1975).
Entretanto, parece haver uma organização de cadeias de reações agressivas,
pois o ambiente agressivo tendo a produzir mais agressão, já que os estímulos aversivos
são os agentes desencadeadores de respostas agressivas. Acontecimentos aversivos
e dolorosos ou desagradáveis tendem a gerar respostas agressivas, principalmente
se a fuga ou a esquiva não forem possíveis (Ulrich, 1975). Nesse sentido, ó importante
ressaltar que, dependendo da aprendizagem de cada indivíduo no enfrentamento de
situações estressantes, a resposta agressiva poderá se apresentar sob diferentes
formatos.
Sidman (1995) apresenta a "coerção" como um importante conceito a ser
considerado na análise do comportamento agressivo. O autor define "coerção" como a
tentativa de controlar o comportamento do outro por punição, ameaça de punição e
reforçamento negativo. Acrescenta que a punição e a privação levam à agressão, mas a
coerção induz mais do que apenas o ato agressivo em si mesmo. Assim, o autor expííca
que, para alguém que acabou de ter seu comportamento punido, a própria oportunidade
para atacar parece ser um reforçador positivo, propondo que a retaliação bem-sucedida
provê reforçamento rápido e poderoso e que o próprio sucesso da contra-agressão
pode colocar em movimento uma estrutura autoperpetuadora de um modo de vida
agressivo.
Sidman (1995), ao fazer a análise da armadilha de interação sob controle
coercitivo, afirma que o objetivo mais razoável da punição é cessar o comportamento
indesejável. Seu efeito imediato é reforçador para o "punidor", já que uma ação punida
cessa imediatamente, ajudando a criar a ilusão de que a punição cumpriu sua tarefa.
O sujeito reage com a agressão contra um indivíduo próximo, ainda que aquele
indivíduo possa nào ter sido, de modo algum, o responsável pelo "ataque", assim, o
Considerações finais
Os estudos sugerem uma gradual progressão do comportamento antissocial.
Estes comportamentos iniciam-se na primeira infância e vão se agravando com o pas
sar dos anos. Alóm de o comportamento agressivo adquirir formas mais complexas de
manifestações, este pode associar-se a outros comportamentos antissociais mais
graves, aumentando em frequência, intensidade e complexidade ao longo do tempo. O
comportamento agressivo ó aversivo para as outras pessoas, que, por sua vez, frequen
temente respondem a ele também com aversividade, gerando uma cadeia
autoperpetuadora de controle coercitivo. Sob a perspectiva do comportamento operante,
os comportamentos antissociais são aprendidos e selecionados ao longo da história
de vida da pessoa. Um requisito básico para prevenir o desenvolvimento de comporta
mentos antissociais ó o desenvolvimento de um método para identificação do crianças
que estejam sob risco de se tornarem adolescentes antissociais crônicos.
A partir da análise da literatura revisada conclui-se que são muitos os fatores
que contribuem para a determinação e manutenção dos comportamentos infantis
desviantes, assim como sâo muitas as suas manifestações. Para que haja uma atuação
adequada diante destes problemas ó necessário definir os comportamentos com os
quais se deseja trabalhar e, a partir dal, procurar efetivar o controle sobre as variáveis
neles implicadas.
A ausência de regras e valores morais norteadores de vida leva a criança e o
jovem a acreditarem que seu desejo precisa ser atendido, mesmo que isso venha a
prejudicar o próximo. A aprendizagem e o desenvolvimento de virtudes como justiça,
compaixão, generosidade e tolerância são consequências das nossas relações soci
ais desenvolvidas em nosso ambiente social. Portanto, ações articuladas envolvendo
família, escola, igreja e governo são as que, de fato, podem ser efetivas para a aprendi
zagem dessas referidas virtudes, pois entende-se que, possivelmente, nenhuma ação
isolada será totalmente bem-sucedida.
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1 3 2 ( a 4 r c fa A b r a u \ fe * < x )n c « it *
tingências que promovam reflexões criticas. A supervisão carinhosa dos pais e profes
sores não deve ser considerada sinônimo de verificação, criticas, negações e regras
inflexíveis (Vasconcelos, 2006). É preciso partir dos valores de cada cultura familiar,
cada escola, na busca da proteção de crianças e jovens expostos à mldia. Práticas
culturais entrelaçadas podem produzir alta densidade de reforços para poucos e so
mente mlnlmos reforços para muitos outros (Mattaini, 1999/2001). A Figura 1 apresenta
alguns elementos que poderiam compor as contingôncias entrelaçadas, produto agre
gado e consequências culturais em metacontingéncias envolvendo a mldia televisiva.
Metacontingéncias na mídia
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textos em que o jornalista escreveu sobre os gestos do ministro, cuja síntese encontra-se acima da figura,
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desse tipo mostrada no primoiro painol (cerca do 20%), o quo sugere controle diferencial do
jornalista sobro os loitoros. No ontanto, surgem comontários om quo o loitor dofondo a
impronsa (corca do 10%). Noto-so quo antos da publicação do referido toxto não foi identi
ficado comentário desse tipo, embora em cerca de 20% dos comontários loitores já criticas
sem a imprensa. Quando o jornalista critica a impronsa, parece induzir leitores a fazor o
mosmo o, por sua voz, pareco influenciar os defensores da impronsa a so manifostar.
No dia 21 de julho, o jornalista volta a escrever sobre o gesto de MAG no texto O
problema nõo 6 Marco Aurélio, que obtevo 92 comontários publicados, dos quais om 50
fazem-se reforôncias aos gestos de MAG Desses 50 comentários, conforme mostrado
no terceiro painol da Figura 1, em 42% os loitoros criticaram o ministro, em 34%, defen-
deram-no; em 9,7% dofonderam a imprensa; o em 8% os leitores criticaram o compor
tamonto da imprensa no episódio. Observa-se aumonto do número de leitores que
dofendom o ministro ao so comparar o porcentual de 16,7% de defesa do ministro, no
segundo painel, com o de 34% registrado no torceiro painol.
A suposição do que, no caso do gesto de MAG, o jornalista pode ter sido contro
lado pelos comentários próvios dos leitores é fortalecida quando se analisa o tempo
que elo levou para escrever sobre o episódio. A imagem do gesto de MAG foi divulgada
pelo Jornal Nacional no dia 19. e só depois das 18h do dia 20 o jornalista publicou no
blog o primoiro toxto sobre o toma. A considerar o dinamismo do blog, e o perfil do
jornalista, que ó reconhecido publicamente como avesso a sensacionalismo, supõe-
se quo ole não escreveria sobro o assunto não fosso a influência do loitoros nosso
sentido. Tanto assim que em um comentário publicado no dia 20/07/2007, às 13h51, o
leitor Virgilio Tamborlini sugore quo o jornalista divulguo o vidoo com os gostos do MAG,
e o jornalista replica ao leitor negativamente, conforme a seguinte transcrição:
Virgilio Tamberlini - "Por quo voce não acrosconta o vldoo do PHdous MAG? Quanto a
MAG dizer quo ostão tirando provoito político do fato, infolizmonto, ostão; da mosma
forma quo o PT foz com o buraco do Sorra"
Jornalista replica: "Pela mosma razão quo não oxploroi o acidente do Metrô".3
Tabel» 1. Interações envolvendo leitores e jornalista e leitorvs entre si. dispostas cronologicamente. em que ftcari imphcitos ou expMcitos
controles mútuos. Esves comentários a n tK td tn m a publicação do texto A saga conriftana
«op
jt»*7unH
Os dados de Wang (2008) fortalecem análise apresentada por Mullainathan e
Shleifer (2003), segundo a qual a heterogeneidade de leitores é uma variável crítica para
reduzir certos vieses nas informações aprosentadas pela imprensa. Supõe-se que, em
um ambiento aborto, com as caractoristicas do blog analisado - que claramente estimula
o debate entre diferentes pontos de vista - há maior probabilidade de existir diversidade
na forma com que os participantes aprcsontam certos ovontos do que no relato da mídia
tradicional, que está sob controlo de interesses políticos e econômicos mais poderosos
(Halimi, 1998; Ramonet, 1995; Chaui, 2006). Esta ó, porém, uma questão empírica. Res
taria sabor se a diversidade encontrada no blog sobre o acidento da TAM seria encontrada
om algum veículo do comunicaçáo tradicional de grande abrangência. Nossa suposição,
poróm, é do quo quom acompanhou rolatos sobro o acidonto da TAM por moio do blog do
jornalista Luís Nassif teve acesso a informações mais diversificadas do que quem acom
panhou o mesmo evento pela imprensa tradicional.
Essa hipótese também ó fortalecida pelo estudo de Mullainathan e Shloifor
(2003) em quo os resultados apontam que competição entre diforontes moios de co
municação reduz a “precisão" da notícia porque leva os roprosontantos da mídia a
adotar vieses do acordo com o perfil de seu público-alvo. Se o público de determinado
veículo é contra o governo, pode-se esperar que tal veículo exagere em apresentar
notícias sobro aspectos nogativos do governo em comparação com aspectos positivos.
De produtor a consumidor e vice-versa - Aparentemente, a explosão da internet,
suporando mídias tradicionais, ocorrou quando as tocnologias apliendas à rodo se
tornaram amistosas, e o consumidor pôde tornar-se participante ativo do processo de
produção do produto do qual também ó consumidor. Hoje, na chamada geração web.
2.0, não há delimitação rígida entro quom produz o quem consomo conteúdo. Rodos
sociais baseadas na Internet proliferam o começam a impor-se como contraponto ao
controle exercido pelos meios tradicionais de disseminação de informação. O próprio
jornalista Luis Nassif, que reúne em seu portal uma comunidade virtual com mais do 10
mil integrantes, costuma afirmar que tem o melhor time de especialistas se comparado
com as fontos comumente usadas pelos meios tradicionais do informação (Nassif,
2008). Corto ó que estamos diante da possibilidade de enriquecer as «nteraçòes soci
ais como nunca se teve registro na história. No caso específico da mídia, a seguinto
afirmação de Luiz Carlos Azenha, ex-repórter da Globo e atual editor do Blog Vi o Mundo,
ó ilustrativa. Azenha (2007) afirma:
"Hó uns dez anos, eu poderia ir à TV e falar uma besteira sobre Medicina, por
exemplo. As reclamações levariam dois ou trôs dias para chegar, se chegassem O
mesmo se aplicava ao colunista de jornal Ele escrevia, o toxto ora publicado, a
carta do leitor levava tempo Havia um espaço ontre ação e reação, que desapare
ceu Hoje eu escrevo esse texto, publico e em menos de cinco minutos tem alguém
me escrevendo para dizer que discorda, que estou errado, que não pensei naquele
outro uspecto e assim por diante Quem escreve? São módicos que entendem mais
de Medicina do que ou. Sôo engenheiros que entendem mais de Engenharia do que
eu São historiadores que entendem mais de História do quo eu "
Não se sabe qual será o efeito da entrada desses novos sujeitos no processo do
produção do conhecimento sobre a qualidade do conhecimento produzido. No entanto,
se variedade de público ó critério importante para a "precisão” da notícia, a internet parece
se tornar importante ferramonta para estimular a variedado na forma como a notícia é
apresentada ao público, além de estimular o contracontrole. Esse potoncial podo sor
exemplilicado pela criaçáo de grupos quo podoriam ser caracterizados como do
contracontrole. É o caso do Movimento dos Sem-mídia (http://odu.guim blog.uol.com br),
Referências
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Universidade Católica de Sôo Paulo, Sâo Paulo
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Jogo do Dilema do Prisioneiro
O Jogo Dilema do Prisioneiro (PDG) foi criado por l ucker om 1950 (Axelrod,
2006). A situação original onvolve os seguintes personagens e contexto: dois ladrões, Al
e Bob, sâo capturados e acusados de um mesmo crime. Presos om colas separadas e
sem a comunicação entre eles, o delegado de plantao faz a seguinte proposta: cada um
pode escolher entre confessar ou negar o crime. A pena que eles deverão cumprir depende
da combinação da respostas de ambos. So nenhum deles confessar, ambos serão
submetidos a uma pena de um ano. Se os dois confessarem, então ambos terão pona
de cinco anos. Mas se um confessar e o outro negar, então o que confessou será
libertado o o outro será condenado a 10 anos de prisão. Vale ressaltar, que o delegado
não possui provas suficientes para incriminação dos suspeitos pelo crime, mas possui
para outros crimes classificados como mais brandos. Portanto, a prova de que nocessita
ó a confissão. A matriz a seguir apresenta as conseqüências do jogo Dilema do
Prisioneiro, em cujas células se aloca as conseqüências das escolhas combinadas
Bob
Confessar Negar
Negar -10 , 0 -1 . -1
Figura 1 Matriz de consequências no PDG original Cada célula possui poyoffs
correspondentes à combinaçào de respostas de Al e Bob
O Im b u íd o le v o o rtfx 4o (In C A P E S
Í f- /> Dywgo Or C Cmlu, Clnriuiut du P V Nojjiifiittt. l itc*» CmIiIm» FttnutiHif) Dunrln. 1nóri:)uA
O V/ Vh»co(k;«I<)». Aprll Bnckm Dmiielu OfUi, Sigrkl S Gkwin
manipulação da pontuação rocebida pelos participantes de duas formas: (1) a pontuação
para as quatro combinações possíveis foi dobrada; (2) apenas o valor recebido pelo
participante que compote quando o outro participante coopera foi dobrado (aumento do
custo da reciprocidade positiva). Os resultados mostraram que dobrar todos os valoros
recebidos pelos participantes nâo afetou significativamonte a taxa de reciprocidade
positiva, mas esta taxa diminuiu quando apenas o valor para a resposta do competição
diante da resposta de cooperação do outro participante foi dobrado.
Valluri (2006') aponta que a utilização de escolhas sequenciais no ÍPDG gera
níveis mais altos do cooperação em comparação à versão simultânea do jogo. No
entanto, ao utilizar o PDG com apenas uma tentativa, escolhas seqüenciais o escolhas
simultâneas goram nívois semelhantes de cooporação.
Yi o Rachlin (2004) no Experimento 1, utilizaram o INPDG com cinco participantes
com o objetivo do avaliar o efeito das estratégias TFT e RAN nas escolhas dos
participantes. Os cinco participantes de cada grupo jogavam ao mesmo tempo, na
mesma sala (em cabines isoladas), cada um utilizando um computador, o acroditavam
estarem jogando uns com os outros (eles não podiam so comunicar durante o jogo). Na
verdade, cada participante jogava com quatro jogadores virtuais (DPs) cujas ostratógias
eram pró-determinadas de acordo com a condição (TFT ou RAN). Na estratégia TFT
todos os participantes virtuais começavam escolhendo Y. Após a escolha do participante
um dos DPs copiava a resposta do participante. Logo se na primeira tentativa o
participante oscolhosso X, na tentativa 2, um dos DPs cscolhorin X o os outros 3 Y o
assim por diante. A cada tentativa os participantes deveriam escolher entre X (competir)
e Y (cooperar), e os pontos que eles recebiam dependiam tanto das suas oscolhas
como das oscolhas dos jogadores virtuais de acordo com as soguintes oquaçõos:
tkiiitwCoinporlMimMtottCoyrik^lo | 5 I
divulgados na litoratura de comportamento social o economia comportamental (e.g.,
Axolrod, 1980; Kieslor & cols, 1996). O IPDG (várias tentativas), o NPDG (mais do dois
participantes) o o SPD (escolhas seqüenciais) tôm om comum o fato de envolvorom a
liberação dn uma pontuação para cada participante a partir da combinação das escolhas
de todos os mombros. Esto tipo de manipulação, como já foi visto, ó ideal para o estudo
do comportamento social já que as conseqüências individuais dependem das respostas
dos outros participantes, o que caracteriza as contingências com portam entais
entrelaçadas. No entanto, para o estudo do metacontingências, faz-se necessário que
haja, além das consequências individuais, conseqüências para o grupo contingente à
omissão de entrelaçamentos específicos.
Metacontingência ó a relação contingente de um ambionte externo
(consequência cultural), com as CCEs o o produto agrogado (Glonn, 2004). Pertoncom
a essas CCEs as contingências operantes que mantém o responder do cada participante,
permitindo a essa consequência cultural selecionar e manter o padrão de CCEs.
No presente momento existem dois arranjos exporimentais para o estudo de
metacontingência com PDG Ambas com as mesmas premissas, utilizando fórmulas
para cálculos dos pontos o o conceito de consequência cultural como evento ambiental
selecionador de padrão do entrelaçamento de contingências (CCE) e o produto resultante
dessas CCEs (Glenn, 2008). Uma parte importante do conceito em metacontingência
são as linhagens comportamentais que são repetições de CCEs intra e entre gerações,
selecionada pelos eventos ambientais culturais (Glenn, 2003). Para se adequar ao
conceito foi utilizado o INPDG (mais de uma tentativa e mais de 2 participantes) com 3 e
4 participantes. Para esse fim as escolhas entro duas alternativas são as respostas
individuais, as CCEs são as interações das respostas como estimulação antecedente
o/ou conseqüento de um participante para os demais; o produto agregado é a soma
dos pontos individuais e a conseqüência cultural é um feedback de mercado que adiciona
ou remove pontos para o grupo dependendo da CCE e Produto Agregado gorado pelas
escolhas dos participantes, como ilustrado na figura 2.
Consequência
Cuíturai
Mt>laconting*rK.iN
C Q Dyngn dn C. Co«lu, ClnrltM (to P V Noyimira. Lucnt ChIiím». FbttmmiI« Diwrtn. Lafecia A
^ í V«»mncnl<m A|kíI Bocfcftf. Oanlnl« Orlu. Stgrkl 3 Qtofin
X =nx4 Y =X +7 n = número de pessoas que escolhem X
X
You choote.
Y
Flyura 3 - Tela inicial vista por cada um dos participantes, do programa usado por Becker
e Glenn (2010) e Ortu, Glenn e Woelz (2008).
p+rmI <Yi il
«(O«0*4II '«*
r * O yeyodoC C o » l » . C l u r l » * * ik t P V N o y m H rH . L ik ;h » C h U I ii » . H ir r u t n r i« D im ít n la é n u u A
JQ VH«(x> no »< lo ». A(>r!l B f t r k o r D u n io lo O r t u S t g r k l S ü lo n n
Na Figura 6 ó apresentada a tela de início com um campo para cada participante,
uma caixa do grupo o a pontuação atualizada a cada tentativa. A figura 7 apresenta os
pontos individuais corrospondentes às escolhas e o momento da apresentação da
conseqüôncia cultural em uma simulação do algumas tenatativas.
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Figura 6 - Tela inicial antes das escolhas dos cartões (superior) Nas 3 primeiras colunas i
Inserido a escolha dos participantes1 g(vermelho) e i (verde) No segundo conjunto de colunas
nomeadas P1/P2/P3 aparecem os pontos calculados a partir da combinação de escolhas A
coluna nomeada Total, apresenta o Produto Agregado (soma dos pontos Individuais) e a coluna
verde nomeada Mercado apresenta o (eeüback tíe mercado (consequência cultural). Ainda l\á
dois conjuntos de colunas denominadas pontos Na mais acima sSo os pontos Individuais e do
grupu E na logo inferior a soma dos pontos Individuais e do grupo após a divisào
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Figura 7 Apresenta as mesmas informações que a tala inicial (Figura 6), com a aimulaçâo da
algumas combinações possíveis, pontuação individual, produto agregado e a consequência
cultural quando o VR 2 estava em vigor na tentativa O número 60 na coluna mercado indicava
que a CCE apresentada na tentativa era a alvo de seleção, as demais combmaçoes guiavam o
número 0 na coluna Mercado
Sobf«iOom|XMl#itm>nU>i> C o g u lo | 5 5
A forma seqüencial desse arranjo experimental foi realizada por Nogueira (2009)
onde um participante realizava sua escolha apenas após escolha prévia por outro
participante (com exceção do primeiro), soh solicitação do experimentador. Vain ressaltar
quo a ordem dos participantes variava no docorrer do experimento.
Ambos os estudos pesquisaram o papel da comunicação, pormítindo-a para
os grupos com comunicação e nào fornecendo essa opção aos grupos sem
comunicação. A comunicação neste arranjo experimental é diforonte da presente no
anterior. Nesta era vocal e permitida apenas a cada bloco de tentativas (10 ou 20) era
pormitido aos grupos verbais que se comunicassem por uma quantidade de tempo O
bloco do oscolhas era todo realizado sem interação verbal alguma. A justificativa para
isso era verificar a extensão do controlo verbal sobro as respostas e doixar o momonto
de escolha mais próximo do PDG tradicional onde nào havia comunicação. A
consequência cultural para essa arranjo experimental também era chamada de feedback
de mercado que era adição (Costa, 2009 e Norgueira, 2009) ou retiradas (Costa, 2009)
de pontos de uma caixa própria (dependendo do que se pretendia selecionar) chamada
caixa do grupo, que ao final era rateado pelos participantes.
Fm ambos os arranjos além da pergunta central de se uma conseqüência
cultural é capaz de selecionar determinados padrões recorrentes de CCE, existom
outras possíveis variáveis passíveis de serem manipuladas. Dentre elas estão: 1)
transmissão para outras gerações; 2) papel da magnitude do conseqüências individuais
x culturais; 3) acoplamento do consequências culturais do um grupo a outro, tornando*
a não contingente às CCEs do novo grupo; 4) probabilidade de conseqüência cultural;
5) custo da resposta diferenciado para a produção do conseqüência cultural. Dentro
outras tantas possíveis variávois a serem testadas com PDG o com metacontingôncias.
Para concluir, os estudos utilizando ambos os arranjos têm logrado êxito em
obter seleção do CCEs pela adição de conseqüência cultural, a despeito da diferonça
do como esta é apresentada (Costa, 2009; Nogueira, 2009; Ortu, Glnnn e Woelz, 2008).
Os dados presentes nesses estudos apontam o PDG como uma ferramenta com
potencial para figurar entre as possibilidades metodológicas para pesquisa em
metacontingência. Dentre as razões está: 1) o PDG pode ser manipulado para inserir
uma séria do variáveis; 2) pela característica de interdependência do jogo, ele fica
facilmente caracterizado como um exemplo de contingências comportamentais
entrelaçadas; e 3) há a separação entre os termos de uma metacontingência. Existem
algumas dificuldades, no entanto. A primeira delas se refere ao produto agregado ser a
mora soma dos Individuais, seria interessante colocá-lo do outra forma; a conseqüência
cultural e individual poderiam ter qualidades reforçadoras distintas para haver uma
maior separação entre ambas; e em um jogo com tentativas, a m anipulação da
apresentação da conseqüência cultural, fica restrito a esquemas de reforçamento de
razão.
R e fe rê n c ia s
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‘ Dotitouindonm f Ilowifln (k) D4rtiiU> Ponllfidti CakMkji <ki Sâo Pmik> prnhiKMtf ik> IrihIIIi jI( »<J(>Ermlito fttiponoi do Rio Ver do. Uolrt»/
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PhuIo - f'(Vum da Oom*ft:a d«t Sâo Cark)« Conlalo h<>nrtqu«>Mfc<rrHrl<{thotninil com
16 0 Érlk L ih * <kt Mollo. Clèiidto ik> Catlro Bra/, Henrk|u* (*°Aniwl Soulo Fort*tl3
Faleiros (2003) aponta alguns dados importantes que, se nào respondem as
perguntas, ajudam no exercício de reflexão e de possibilidades de pesquisas a serem
realizadas com a população de profissionais na área Segundo a autora:
verifica-so uma acentuada insuficiência de recursos humanos capacitados para
atuarem nosta área, em situações altamente ostressantos, com uma clientela de
crianças o adolescentes, em geral do sexo feminino e traumatizada, o que exigo
profissionais mais especializados (Faleiros, 2003, p. 193).
A oxplanação do dados da litoratura indica pouco preparo de agentes envolvidos
nos cuidados com crianças e adolescentes De alguns anos para cá estudos mostram
que, como demais mudanças de paradigma nas relações sociais, a prevenção do
abuso sexual é fruto de um conjunto de fatores como os passos importantes no
atendimento da criança por parte da sociedade (Rizzini, 2009), eventos de impacto
social de medidas de proteção como tecnologias de atondimonto o interligação rápida
entre responsáveis pela proteção (Sanderson, 2005) e a capacitação de outros
profissionais, como professores do ensino fundamental, como replicadores do exercício
do prevenção às violôncias c ao abuso sexual infantil (Brino & Williams, 2009; Faleiros
& Faleiros, 2008).
162 Êrlk Lik m(i«i Mollo CMucIk>dn CflBlm Brn<c, Htmdgti« (lo Ariinl Soulo Pnmirl
Rossalta-se que o uso da expressão menor para se referir à criança e ao
adolescente é inoportuno e remete ao antigo Código de Menores que nâo está mais em
vigor, uma vez que foi substituído pelo ECA no ano de 1990. Crianças e adolescentes
devom ser tratadas como tal, inclusive na denominação, para, deste modo, indicar com
mais ônfase a sua condição de agente de direitos o para a diforonciaçào dos significados
pejorativos e discriminatórios que ainda acompanham a palavra monor.
Lm relação aos tipos do violôncias sexuais a que podem ser expostas as referidas
vitimas, o Código Ponal faz referência, no artigo 213, ao Estupro como sondo o
comportamento dc "constranger alguóm, modianto violôncia ou gravo amoaço, a ter
conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso",
dovendo sor ontondido, para os ofoitos penais, Conjunção carnal como o comportamento
sexual caracterizado pela penetração do órgão sexual masculino no órgão sexual feminino
e Ato libidinoso corno qualquer outro comportamento sexual que náo a conjunção carnal.
Quando o estupro for de vulnerável, o artigo 217-A comina diversas penas como
a do reclusão, do 8 (oito) a 15 (quinze) anos e a de 12 (doze) a 30 (trinta) anos nos casos
de morte.
Se for um caso de Prostituição Infantil/Juvenil, entendida como um tipo de
exploração sexual caracterizado pela utilização de menores de 18 anos om atividados
sexuais em troca de remuneração ou qualquor retribuição, a pona pode ser de reclusão
do 4 (quatro) a 10 (dez) anos, de acordo com o artigo 218-B,
O ECA acroscenta novos crimes como os do artigo 240: ‘ produzir, reproduzir,
dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou
pornográfica, envolvendo criança ou adolescente" e do artigo 241-D: "aliciar, assediar,
instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com
ela praticar ato libidinoso”, um dos chamados crimes de Pedofilia pela Intornot assim
como o do artigo 241-A.
A seguir apresenta-so algumas obsorvaçOos com baso na logislação ponal a
título de advertência;
1o) Existom outras condutas ilícitas assim como outras consequências inclusive aos
cuidadores que negligenciam suas obrigações. Como exemplo no ECA, artigo 232:
"Subiriotor criança ou adolescento sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame
ou a constrangimento Pena - detenção de seis meses a dois anos”, podendo o pai,
inclusive, ser incluído em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e
tratamento a alcoólatras e toxicómanos, ser encaminhado a cursos ou programas de
orientação, perder a guarda de seu filho;
2“) Nem todo podófilo ó criminoso (o podófilo, enquanto não realizar o comportamento
externo descrito na lei, não comete crime). Assim está determinado no Código Penal,
artigo 31: "o ajuste, a determinação ou instigação e o auxilio, salvo disposição expressa
em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado;
3") Nem todo agente que pratica sexo com menor de 18 anos ó criminoso (para a lei
penal o sexo sem qualquor tipo de violência com pessoa com, no mínimo, 14 anos não
configura crime, já que está soria a idade de consontimonto ou a idade om que se
atingo a maioridado soxual),
4#) Nem todo pai ou mãe que mantém relação sexual com filho(a) comoto crime, já quo,
o comportamento de incesto, por si só, não está tipificado como crime.
Algumas criticas às legislações citadas e às atitudes dos legisladores em criar
leis sobro temas semelhantes, mas sem as relacionarem quando do processo legislativo
o do criarom crimes quo aparentemente são muito punidos mas que nos detalhos da
lei acabam por favorecer a impunidado:
166 Êrlk Lucuriti M(ilk), CIAtulloth» Ca»tro t)r«z Honri<|im ito AiohI Souto FcrrHM
Identificar e descrever quanto os profissionais conhecem a respeito do abuso
soxual em crianças é uma parto importante do atondimonto e encaminhamento das
vítimas e dos agressores deste fenômeno Esta interface, entre o quanto um profissional
conhece a respeito do fenômeno e o encaminhamento mais apropriado dos casos
denunciados de abuso sexual um crianças, ó passível de uma leitura de transformação
da sociedade (Glcnn, 2004; Neto, 2008). Transformação que ocorro dc várias manoiras:
no âmbito das leis, da política, da educação e do exorcício de cidadania.
R e fe rê n c ia s
Lei n° 12.015, de 7 de agosto de 2009 Altera o Titulo VI da Parte Especial do Decreto-Lei no 2.848,
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dispóe sobre os crimes hediondos, nos termos do inciso XLIII do art. 5° da Constituição Federal e
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1 6 8 Êrtk Lik;* (fo Malta, Cléiidki tki Castro Bra/. HnnrkpMt do Arnal Souto Pnrrafl
Capítulo 19
Compreendendo o Comportamento
M oral
Maura Alves Nunes C/ongora
Universidade Lsfadual dc Londrina
Kenala M o iy íi a da Silva
CenlroWniv, filadélfia (U nifil) e Psico Vida-Centro de Psicologia Aplicada
A|x>k> FiNHlftçAnAmiicArt«
' O p I o t iM i rm u ta n u b id o | x x u t t k / n r a « x f v a M A o u y n p o r f iW N m t o m o i a l m n a u lja M iilg A o mo k m n n m o rn lH lm i i» im íth o v l t w o ( I i k x j r iu I r m m f o m iiir
C u lp a r-s e
O sontimento de culpa, sogundo Loos, Forreira e Vasconcelos (1999) e Malott
(2004), constitui uma das principais classes de comportamento moral. Como todo
sentimento, ó aprendido e mediado socialmente a partir dos indícios fornecidos pela
comunidade verbal. O grupo social dá pistas sobre os possíveis reforçadores e punidores
que deverão seguir cada comportamento apresentado e também indica como o indivíduo
deve se sentir ao apresentar um ato que acarrete punição (Machado & Ingberman, 2003).
Loos, Ferreira e Vasconcelos (1999) ao considerarem o sentimento de culpa
um importante aspecto do desenvolvimento do comportamento moral, entendem-no
como um sentimento quo acompanha um comportamento de transgressão ao quo ó
socialmente considerado correto. Seguindo essa mesma direção, Machado e Ingberman
(2003) apresentaram uma denominação mais condizente com a Análise do
Comportamento, substituindo a expressão "sentimento de culpa” por "culpar-se".
Segundo as autoras, o comportamento de “culpar-se" ó caracterizado pelo
roconhocimonto da transgrossão do uma rogra quo, do acordo com as convonçõos
sociais próprias do contexto em que ocorre, pode acarrolar punição de caráter público,
quando aplicada por um agente social, ou pode acarretar punição de caráter privado,
quando imposta pelo próprio indivíduo que se comporta.
Skinner (1953/2000 e 1989/1991), ao tratar do sentimento de culpa, afirma quo
elo ó produto de contingências aversivas. Lembra que este vom acompanhado de fortos
predisposições emocionais que foram condicionadas a comportamentos que receberam
punições no passado. Essas predisposições também encontram-se presentes nos
sentimentos de vergonha e de pecado, constituindo-se sua principal característica. Para
o autor, "parte do que sentimos quando nos sentimos culpados são respostas
condicionadas do glândulas e músculos lisos (...). O olhar furtivo, o jeito de se esquivar, o
modo culposo de falar são efeitos emocionais dos estímulos condicionados originados
por comportamento punido" (Skinner (1953/2000, p.204). O autor lembra ainda que o
estado corporal sentido, denominado culpa, podo ser gerado por qualquer ocasião externa
consistente com um comportamento anteriormente punido. No caso específico do
comportamento moral, olo ó punido por ser transgressor do princípios morais vigentes.
Do acordo com Guilhardi (2002), o sentimento do culpa envolvo uma comunidade
poderosa, representada por agentes sociais tais como governo, poder judiciário,
profossoros, pais, ontru outros, quo tôm a função do classificar dutorminados
comportamentos como inadoquados. Para olo, essa comunidado ó rosponsávol por
julgar e condonar comportamentos "ilegais", de acordo com a lo/, ou "errados", de
acordo com suas regras. Ela estabelece contingências de reforçamonto tais que quando
uma possoa omito um comportamonto avorsivo para a comunidado, sous mombros
classificam-no como inadequado, consoquenciam-no emitindo comportamentos
aversivos para a pessoa e responsabilizam-na pelo que fez. Ao sentir-se culpado, o
E n v e rg o n h a r-s e
Assim como o sentimento de culpa, o sentimento do vergonha é apontado por
alguns autores como uma das principais classos do comportamento moral (Araújo,
1999; La Taille, 2002; Malott, 2004) Ambos são oventos privados; no entanto, o sentimento
de vergonha tende a ocorrer em contingências diferentes daquolas responsávois polo
culpar-so. Envorgonhar-so ostá sob o controlo da “exposição pública" do uma falha ou
transyressao omitida pelo indivíduo.
Do acordo com Malott (2004), culpar-se o envergonhar-se resultam de diferentes
tipos de contingências, no ontanto, ambos os casos envolvom uma condição aversiva
na qual são aprendidos. Essa condição resulta do emparolhamento de repreensões da
comunidade sócio-verbal, que condena comportamentos inapropriados induzindo a
ocorrência de sentimentos aversivos.
J u lg a r c o n fo rm e critério s de ju s tiç a
O comportamonto dc julgar com justiça ó controlado por múltiplas variáveis.
Algumas delas, apontadas por Comte-Sponvillo (2004), dizem rospoito às leis o aos
intorosses do outro. Para comportar-se de forma justa, o indivíduo devo sor capaz de
perceber ou avaliar aquilo que é direito, que é justo A definição do termo justiça segundo
Fcrroira (2000) refere-se ao comportamento de dar a cada um aquilo que ó sou, trata-se
de julgar segundo os princípios do direito.
Para La Taillo (2001), julgar com justiça ropresenta uma das mais importantes
"virtudos", uma vez que esse comportamonto fundamenta-se om regras "universais",
quo correspondem aos diroítos de todas as pessoas O autor lembra quo, tratando-so
dos direitos morais, dovo-sc noccssariamcnto considorar os devores morais, pois o
primeiro implica no segundo. Assim sendo, sompro que um direito for reconhecido a
alguóm, as outras pessoas tóm o dover dc rospcitá-lo.
Comte-Sponvillo (2004) afirma que a justiça dove ser avaliada sob dois princípios
gerais: o da conformidade ao direito e o da igualdade ontro os indivíduos. O primeiro diz
rospeito ás leis vigontes, quo nem sompro são justas Para quo haja justiça, as lois
devom considorar a igualdade ontre os indivíduos e, perante uma lei injusta o ideal
seria cornbatê-la. Já o segundo princípio refore-se à justiça equitativa. Nesse caso,
dove-so considerar a vantagem mútua que está presente na troca honesta. O rospeito à
"regra de ouro" de colocar-se no lugar do outro o verificar se aprova o “contrato" em
pauta, é um caminho quo possibilita pensar e julgar do forma justa, livro dos próprios
interesses.
Para se ter uma troca justa, esta deve ocorrer entro iguais, sendo quo ninguóm
pode impor uma troca quo seja contrária aos interesses do outro. Caso as trocas não
sejam entre iguais, o principio geral da igualdade pode assumir, ainda, uma forma ou
principio particular, o da justiça distributiva. Por exemplo, devo-so oxigir de cada um
apenas aquilo que ele tem condição de dar ou de fazer Ou seja, se tem mais, dá mais,
se tem monos, dá menos; ou se pode fazer mais, deve fazer mais, se só podo fazor
menos, então deve fazer menos. Um exemplo de aplicação desse princípio é o sistema
de cobrança do imposto de renda no Brasil que é do tipo "progressivo", ou seja,
proporcional á receita de cada um.
Monin (2000) sugere, a partir do seus estudos, quo crianças e adoloscontes
podem desenvolver diferontes concepções de justiça, comuns aos grupos sociais dos
quais fazem parto. Pertencer a grupos sociais de status diferentes, ter ou não entrado
cm contato com instituições do justiça, ter ou nâo acosso a informações sobro o assunto,
entre outras coisas, constituem experiências sociais que podem revelar princípios do
justiça qualitativamente variados o diforontos.
Skinner (1971/1973) também abordou a questão da justiça ao discutir a avaliação
das pessoas sobre rocompensas e punições. Segundo ele, uma rocompensa muito
* M < in ll(H h ln o (iin i.lv H H i| u * i iiA o n tiw iIlM ii mm u i i i m k j u A i k . w * n e y H ll v * » |> h(h (| u « m n *U b m h k Iu ttityM iim cK j
discriminar o bom ou mau humor de sous pais, o quo pode levá-las a manipulá-los
através do comportamento de mentir e de enganar.
A monitoria negativa ó caracterizada pelo excesso de instruções
independentemente do seu cumprimonto o, consequentemente, pela geração de um
ambionte de convivência hostil. A criança ou o adolescente sente quo seus pais não
confiam neles e passam a burlar a fiscalização parontal: montindo; omitindo informações
importantes; fingindo náo ouvir seus pais (pois estáo exaustos da fiscalização); fugindo
para náo ouvir a "ladainha", fingindo náo comproonder o que ouviram para nào "lovar
bronca", enfim, aprendendo a mentir para so adaptar ao ambiente hostil. Os adultos
podem, ainda, ensinar às crianças o comportamento de enganar, simplesmente,
onganando-as.
Uma análise comportamental da mentira implica om uma análise do
comportamento verbal. Skinnor (1957/1978) definiu o comportamento verbal como o
comportamento operante cuja consequência é mediada por outra possoa, no caso, o
ouvinte. O ouvinte produz o ovento roforçador para o comportamonto do falante. Neste
sentido, as contingências de reforçamento arranjadas pela audiência (comunidade
verbal) para uma determinada “fala" podem modelar o comportamento do falante,
aumentando a probabilidade dele emitir respostas verbais com "conteúdos" específicos.
Ou seja, aumentar a probabilidade dele dizer uma coisa ou outra, ou de dizer a verdade
ou mentir.
Os conceitos de tato o mando sao importantes para analisar a mentira. O tato é
dofinido como uma resposta vorbal quo está sob o controle preciso do estímulos
discriminativos, sendo reforçado por um estímulo reforçador generalizado. Eln ó produzido
pola presença de um estímulo particular e uma audiência. Já o mando ó uma rosposta
verbal que está sob o controlo de um estímulo reforçador particular, sendo que sua força
varia conforme a privação ou estimulação aversiva e aparece sob uma ampla faixa de
estímulos discriminativos. Uma combinação das funções do tato o mando resulta no
chamado tato impuro, cuja forma aparenta um tato, mas tem a função de mando.
Ao analisar a vordado, Skinnor (1957/1978) a rolaciona ao controle dc estímulos
próprio do tato o à natureza do roforçamonto. Sogundo o autor, o rotorçamonto
gonoralizado, típico do tato, permito quo o controle da rosposta seja feito pelo ostimulo,
indopondentomento das privações do falanto, possibilitando assim que uma rosposta
verbal soja "verídica", objetiva. Na medida em quo a resposta passa a ser controlada
tambóm por reforçadoros específicos ou por modidas especiais de reforço gonoralizado,
os interesses do falante passam a contaminar a precisào e objetividade da resposta,
tornando a fala enviesada, subjetiva ou mentirosa.
R e fe rê n c ia s
R e fe rê n c ia s
Método
Participantes
Participaram do ostudo quatro màes e seu(s) filho(s) que participavam do Pro
jeto Parceria. A primoira mão (M1), 28 anos, casada, tinha histórico dc violôncia conjugal
e continuidade em episódios esporádicos. Possuía três filhas, sendo que uma das
filhas (11 anos) foi considerada por ela a filha alvo (F1), por lhe dar mais motivo de
preocupação.
A segunda mãe foi denominada M2 o sou filho F2. Essa família apresentou
episódios de violência conjugal no passado Atualmente, a família é formada por M2 (27
anos) e mais três filhos, um de nove anos (F2), um de quatro anos e um de um ano e
nove meses.
A torcoira mão (M3), com 24 anos, não aprosontava histórico do violôncia física
por parte do parceiro, mas dizia que a freqüência do brigas em sua casa era grando, em
ospecial com a avó e com os irmãos. Ela dizia que já havia presenciado "muitas brigas
feias o por isso a criança ó assustada”. Dizia quo cada voz que “comoça uma briga o
menino tapa os olhos e começa a gritar muito'’. Seu filho (F3) tinha cinco anos de idade.
A quarta mão (M4) tinha 40 anos e morava com o osposo (45 anos), duas filhas
(22 e 20 anos), uma filha (dois anos, criança*alvo, F4) e o genro (28 anos). Acriança-alvo
não era filha biológica do casal. Essa família não possuía histórico dc violôncia conju
Local
As sessões do observação da interação mãe-criança ocorreram no Centro do
Atividades Diárias (CAD), na USE/UFSCAR
Procedimento
A pesquisa teve aprovação do Comitô de Ética om Pesquiso em Seres Humanos (CEP)
da Universidade Federal de São Carios, tendo sido aprovado peloparecer no 379/2006.
Após o encaminhamento das rnães, pelo Projeto Parceria, para as sessões de
observação, as musmas foram contatadas paia ayendamenlo de um horário e obtoção
da autorização para a filmagem do sous filhos Dado o consentimento formalizado por
meio do Termo do Consentimento Livro e Fsclarocido, as sessões de observação
iniciavam-sc.
As observações foram propositadamente longas (60 minutos), em função do
fato de que o comportamento madeqviado da criança tende a escalonar em kmçáo da
passagem do tempo e, em docorrôncia do tal estressor, a mãe poderia aumentar a
interação coercitiva. Todas as crianças da família foram convidadas para participar da
sossão de obsorvação (o não aponas a criança-alvo), para tornar a situação mais
próxima do ambiente natural, mas somento as interações da criança-alvo com a mae
foram analisadas. Para a realização das atividades de observação as participantes
receberam passos do ônibus gratuitamente.
A dlade M1/F1 participou de duas sessões de observação, enquanto a díade
M2/F2 participou de apenas uma sessão de observação. Entretanto, nonhuma das
díades participou do uso do Protocolo do Habilidades Parentais o tampouco das Atividados
Dirigidas. Os dados advindos dessas diádos ajudaram os pesquisadores do presente
estudo a elaborar o Protocolo do Habilidades Parentais e as Atividades Dirigidas que
seriam utilizados com as outras díades M3/F3 e M4/F4. Aponta-se quo apenas as diádes
M4/F4 utilizaram o Protocolo de Habilidades Parentais e as Atividades Dirigidas visto
que a díade M3/F3 somente compareceu à primeira sessão de observação, faltando
nas demais.
Os dados obtidos foram analisados quanlilrilivamenlH pela análise das íte-
quências de ocorrência dos comportamentos (códigos) avaliados e qualitativiamente
pola descrição dos comportamontos observados nas mãos e nas crianças pelas falas
das mães c crianças emitidas durante as gravações.
SoIxoCoiiiiKirtHtiifiiloiiCiignlçflo 1 ^ 5
Resultados
Os dados colotados com a diadc M1/F1 apontaram que duranto as duas sossôos
de obsorvaçáo, M1 demonstrou com mais frequência ausência do interações com a enança,
seguidas por aproximadamente 30% de interações negativas e 15% de interações positivas.
Estas interações negativas caractorizavam-se por falas de comparação entre
comportamentos das filhas, como “Sua irmô ta fazendo direito, você nèo", "Nüo snhe
brincar?". Aponta-se para o fato de M1 não emitir elogios, contato físico positivo ou atenção
social positiva durante as sessões de obsorvaçào, conformo apontados na Figura 1.
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Figura 2' Frequência total dos comportamentos (códigos) avaliados na sessão de
observação da dlade M2/F2
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D iscu ssão
Os resultados obtidos revelam quo a casa-laboratório parece sor um método
eficiente para o ensino do habilidades parentais. As observações foitas com as máes M1 e
M2 nos ajudaram a verificar que, realmente, as interferências do ambiente e da situação
tendem a ser, no geral, extintas quanto mais observações sào foitas A criança passa a so
sentir à vontade para brincar e a mãe também se sente ã vontade para agir espontâncamonto,
chamando a atenção, fazendo carinho, enfim, sentindo-se, talvez, do modo análogo a como
se estivessem na sua própria casa
Pode-se dizer, assim, que após o contato freqüente com o ambiente, no caso a
CAD, até então dosconhecido, alguns comportamontos do osquiva tendem a ontrar om
oxtinção o os pnrticipantos passam a so sentir mais ã vontade no ambionto, o quo propor
ciona a obtenção do dados mais fidedignos c a proposta de intervenção se torna mais
oficaz. Dessa forma, quanto maior o númoro do sossõos de observação realizados, maior
a emissão do comportamontos "naturais" dos participantes, ou seja, aqueles mais prová
veis do serem omitidos em ambientes não-experimentais.
O rccurco da casa laboratório torna-sc importante, principalmente no âmbito da
violência doméstica, pois ele podo apontar os erros o os acertos das mães em contexto
próximo do real, de tal forma que ajuda os participantes a entender a importância do so
altorar os comportamentos com os filhos, além de fazer com quo as habilidades parentais
passem a ser positivas, tanto para a mãe quanto para a criança, elevando a frequência de
comportamentos de interação positiva e diminuindo as frequências do comportamontos
punitivos dirigidos à criança.
Moura, Silvares, Jacovozzi, Silva o Casanova (2007) aponta que a modelação em
video é eficaz para altorar comportamentos como elogios genóricos que seriam diminuição
de criticas o aumento de ordens proporcionando assim uma altoração positiva para produ
zir mudanças de comportamento parental. No presente estudo, verificou-se a eficácia do
aumonto dessos comportamontos, embora a taxa de elogio tenha sido relativamente baixa
quando comparada à interação verbal positiva Ao comparar a primeira sessão com a
segunda da participante M4, observou-se um aumento das interações vorbais positivas e
diminuição das taxas do intorações verbais negativas, sugerindo o método de foedback
com auxílio do CAD um importante recurso para a modificação de comportamentos.
Da mesma forma, ao analisar os comportamentos da enança F4 comparando a
primeira e a segunda sessão, verifica-so mudanças nas taxas de interação vorbal apropriada,
como náo obedecer e reclamar Esse fator provavelmente se deve à mudança de atitudes no
comportamento da mãe nas questões de chamar a atenção a todo o momento, náo apresen
tar interação o não conversar com a criança, como a litoratura já havia apontado
Assim, tomos pelo presente estudo a provável eficácia do CAD como recurso
tecnológico para o ensino de habilidades parentais e prevenção de problemas de compor
tamento infantil, hntretanto, por se tratar de um estudo exploratório com amostra reduzida,
faz-se necessário futuros estudos a fim de estabelecer o CAD como um recurso eficionto,
bem como acrescentar ao Protocolo outras considerações importantes que pudessem
auxiliar na melhora das habilidades parenlais das mães com esse perfil Tal proposta oslá
sendo desenvolvida por D'Affonseca (2010)
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i? ( ) Ü Kimlnr Carrara
Seja na Antropologia, seja na Psicologia, a idóia de cultura sugere muitos
significados. Algumas vezes, a referência ostá no caráter erudito de algum conhccimonto,
outras na dimensão oxacerbada de alguma habilidade artlstico-inteloctual, outras tantas
em supostos traços biológicos originários da história filogenótica e, ainda outras vezes,
na identidado de um grupo om face de suas práticas culturais compreendidas como
ações consolidadas e compartilhadas em detorminado contexto. Embora essas
alternativas constituam os principais sontidos de cultura provalentes nas duas disciplinas
(ou ároas de conhccimonto), o quo so busca nosto onsaio ó a identificação o unálise do
uma acepção particular do cultura, quo mais se aproxima da idóia gorai de "conjunto de
ações consolidadas o compartilhadas". Todavia esso não ó, propriamente, um ponto do
conexão consensual da Psicologia com a Antropologia Trata-se, particularmente, aponas
de uma conexão especificamente possívol entre uma ciência roferida como Análise do
Comportamento e linhas de argumentação típicas de dois momentos da Antropologia;
a antropologia funcional do Malinowski e o matorialismo cultural de Harris.
Uma incursão ingênua através da história da Antropologia revela fasos (por
vozes parcialmento coincidentes na linha do tempo) ou períodos bem característicos,
entre os quais destacamos aqui apenas alguns: 1) A fase da llustraçáo vincula à
dominação de territórios, estratégias de conquista e desenvolvimento de armas como
sinais de evolução (nesto caso, especificamento no sentido positivista de progresso)
dos grupos: os mais "fortes" ou mais “atuantes" constituiriam sinonímia à competência
social para a sobrevivência e representariam os modelos de organização social a serem
seguidos (observo-se, por oportuno, que parte importante das práticas culturais em
todo o mundo ainda nào prescindiu completamente dessas - apenas um pouco mais
refinadas - "tradições"). O concoito de ilustração, aqui, está visivelmente atrelado à
"competência" para subjugar outros grupos culturais; 2) A fase do Difusionismo aponas
consolida a primoira etapa, uma vez que prioriza os estudos antropológicos dos principais
povos ou "centros irradiadores" de cultura A lógica central era a de que, por exemplo,
Grécia, China e Egito constituíram, em certa época, células definitivas de culturas que
so oncontrariam em outros torritórios, ademais todos apenas reflexos de uma instância-
rnodolo ruplicável, porém não renovável de cultura A ampla duração dos "ritos e mitos”
de tais culturas conduzia á conclusão de que eram civilizações irretocáveis, no sentido
de que a evolução das culturas necessariamente se dana dos grandes centros para as
periferias, som maiores alterações. Naturalmente, tal visão acabou contestada por
numerosos estudos que, mais tarde, procuraram demonstrar a possibilidade de que
condições absolutamente especiais poderiam constituir suporte para pequenas
comunidades poderem gerar e consolidar práticas relevantes e inéditas, 3) A fase do
Funcionalismo é contextualizada pela crença de que as necessidades básicas de
sobrevivência determinam completamente as práticas culturais, de modo que haveria
um limitado conjunto de necossidades biológicas às quais se poderia reduzir a noção
de cultura. Por certo, a esta altura já se antecipava a discussão fundamental que conduziu
Psicologia o Antropologia - cada qual a seu turno ou concomitantemente - a dobates
importantes sobre as origens e desenvolvimento das características poculiaros dos
grupamentos estudados. Nessa perspectiva, embora a natureza social ou cultural já
fosso bastante reconhecida no contexto das explicações acadêmicas, ainda se carecia
de uma boa sistematização das dimensões evolutivas do processo; 4) A fase do
Materialismo Dialético implicou a defesa de que um determinado modelo do organização
social seria o lócus do convergência dos sistemas culturais Apoiado num oxamo lógico-
racional, com forto sustentação ideológica socialista, essa corrente levo (o ainda tem)
forte influência nas análises antropológicas e psicológicas das interações humanas,
especialmente quando aprofunda, a partir de Marx e Engels, a participação da lógica
M alin o w ski
O polonês Bronislaw Malinowski, que viveu entro 1884 c 1942, intcrcssou-sc,
preliminarmente, por Matemática e Fisica, o que, de certa maneira, facilitou sou domínio
do alguns olomontos básicos do mótodo cientifico ou, ao menos, dos procodimontos
de rogistro dos seus achados em pesquisa de campo. A figura do Malinowski foi sempre
onvolvida por um ar místico o mítico, em boa parte devido à sua história pessoal. A leitura
do O Ramo DouradoAdo Frazer, influenciou sua decisão polo estudo da Antropologia. O
contato com a obra de Wundt e a leitura dos vários volumes da obra de Frazer (1915/
1982) (num período extenso de internação hospitalar) parocom ter ajudado Malinowski
a abdicar do dogmatismo das Ciências Exatas o optar pela Antropologia com um olhar
metodológico parcimonioso. Tendo estudado na Inglaterra, por ocasião da primeira
guerra acabou detido, mas teve a (histórica) sorte de lhe concederem passar a ’ prisão"
nas Ilhas Trobriand. Fez ali um trabalho de campo intensivo, aprendendo a língua e
vivendo entre os nativos. No seu retorno à Inglaterra, cria um grupo de dodicados
discípulos e enfrenta exaustivo debate com evolucionistas e difusionistas
fo i esse exílio de Malinowski que deu início a seu trabalho etnográfico intenso,
em vários lugares ao sul da Nova Guiné. Particularmente, atuou baseado nas Ilhas
Trobriand, com aproximadamente 440 km2 de área, que pertencem ao território das
Papua-Nova Guiné, situadas no mar de Salomão; as principais ilhas adjuntas sáo a
Kiriwina, a Kailouna e a Vnkuta.
O mentor da Antropologia Funcional classificou seus dados toda a sua atuação
sobre a cultura nativa das Trobriand em trés grandes conjuntos: 1) um esboço do
sistema institucional, dos grupos, dos costumes da população nativa, organizado em
quadros sinóticos quo doscreviam as práticas culturais informadas a partir de observação
e rolatos de alguns informantos; 2) organização do uma descrição da rotina da vida
diária dos ilhéus e dos “imponderáveis" do cotidiano, resultando na elaboração de seu
diário etnográfico (esse trabalho era constituído de pequenas notas acumuladas sobro
eventos observados ou informados por terceiros durante suas interações mais
comozinhas com os nativos durante sua estada nas ilhas); 3) redação do um documento
narrativo sobre a “mentalidade" indígena: expressões típicas o elementos do folclore.
Embora alguma lacuna de sistematização teórica dos seus registros, Malinowski
2 0 4 Krmlnr Currtirn
adotou alguns cuidados para ele importantes nos seus relatos sobre a experiência nas
Trobriand. Funcionavam como pressupostos orientadores do seu trabalho de campo e
subseqüentes interpretações: 1) os distintos aspectos da cultura não podiam ser
estudados de forma isolada; deviam ser compreendidos no contexto ílsico e social
onde ocorriam; 2) o estudioso da cultura náo pode íiar-se literalmonte nem nas suas
interpretações pessoais nem nas regras doscritas pelos informantes; 3) para o
pesquisador, embora o “selvagem” náo fosse mais racional que o antropólogo, ainda
assim poderia manipular a situação em proveito próprio (ou soja, forjar dados e
informações com a finalidade de obter vantagens pessoais entro os pares ou do próprio
pesquisador) Assim, a descrição dos eventos culturais encontrados, para Malinowski,
precisaria sor constituída por um "todo integrado" quo não poderia suportar uma análise
facetada da realidade encontrada, unicamente com o propósito de servir a estudos
comparativos com outras culturas, quando do seu regresso ao mundo europeu.
Sogundo sous próprios relatos, a cultura passa a ser vista como uma “unidade em
funcionamento”. Texto fundamontal para compreender o funcionalismo de Malinowski,
seu A Sciontitic Thoory of Culluro ó póstumo, prefaciado por H. Cairns em 1944 (há
edição brasileira, consultada, do 1970). É o texto mais relevante em termos de suas
formulações teórico-epistemológicas e metodológicas.
Malinowski centrou seus estudos nas relações do indivíduo com seu meio, náo
chegando a uma análise sistêmica e integrada de toda a cultura dessa população
nativa. No entanto, chega a esboçar, nas monografias sobre a vida em Trobriand, uma
integração horizontal do crenças e atividades e uma integração vertical baseada nas
necessidades biológicas primárias e, mesmo, nas derivadas da própria aquisição
cultural. Sua obra sofreu certo declínio resultanto das críticas por sua possívol
ingenuidade em relação ao desenvolvimento histórico-social. Todavia, desenvolveu uma
percepção importante o acurada dos meandros da vida om família, pequonos grupos e
comunidados.
Para melhor compreender possíveis articulações entre o funcionalismo
antropológico e modelos posteriores de análise, especialmente sob o materialismo
cultural de Harris, é importante um breve olhar sobre a rotina do pesquisa de Malinowski
e algumas do suas observações sobre objetos, situações o comportamentos no contexto
de práticas culturais. O pesquisador realizou três expedições ao Pacífico Sul. Na primoira
expediçáo, entro agosto do 1914 o março de 1915, Malinowski incursiona pelo povoado
do Dikoyas (ilha Woodiark) o ali presencia c estuda diversos tipos de oferendas
cerimoniais. Seriam os primeiros informes quo obteria a respeito do sistema de comércio
da região, conhecido como o "Círculo do Kula” (cf. Malinowski, 1920). Sua segunda
expedição vai do maio de 1915 a maio de 1916; em junho do primeiro desses anos
encontra o grupo kabigidoya, ao chegar a Kiriwina a partir de Vakuta, importantos ilhas
da região; já em julho do mesmo ano encontra um grupo nativo em Kitava, ao
desembarcar na praia de Kaulukuba. Também colho informaçóos o faz muitos registros
em outro local do arquipélago: Omarakana. Em outubro/novembro de 1915 presencia a
marcha de três verdadeiras expedições quo soguom de Kiriwina para Kitava; talvez seja
uma das sinalizações mais concretas das intonsas atividades de comércio regional
entro os ilhéus, quo so deslocavam com destreza polo mar de uma ilha a outra paru
trocar objetos e experiências corimoniais diversas. Tolulua, pelos registros
aparentemente um dos líderes do Kitava, é descrito em seu regresso de uma dessas
viagens com um carrogamento de unwali (conchas a serem utilizadas om artesanatos
diversos). Subsoquentemente, de novembro de 1915 a março de 1916, Malinowski
rogistra os longos preparativos para uma grande expedição em alto mar, desdo Kiriwina
até as ilhas Marshall Bennet. Constrói-se uma grande canoa, são feitos reparos om
S o i » ! C<xn|>oftHin«Mk>«' CognlvAo 2 0 5
outras. Fabricam-se vários apetrechos de navogaçâo em Omarakana, dentre eles velas
para as embarcações. No mesmo período, Malinowski colhe alguns manuscritos que a
população considerava "mágicos", por dnscroverom com certo detalhamento instruções
cerimoniais sobre a construção de canoas o estratégias de navogaçâo o comórcio no
Círculo de Kula. Finalmente, a terceira expedição de Malinowski vai de outubro de 1917
a outubro do 1918. Nesso período, o antropólogo obtóm dados do práticas culturais
típicas da baía do lakauka, encontra grupos de Kurga em chegada a Waola. Recolhe
informações sobre o povo Yovova Presencia e registra os preparativos para o kula em
Sanaroa e Ilhas Amplotts. Ainda nesse poríodo, presencia diretamente transações
comerciais e cerimoniais no contexto do kula Expedições o embarcações diversas,
vindas do várias pequenas ilhas, chegam a Sinaketa, ondo so roaliza grande assomblóia
intor-tribal,
Ü kula era um sistema de trocas cerimoniais inter-grupais e inter-insularos de
bracelotes e colaros ritualísticos, além de produtos de artesanato e objetos típicos das
ilhas do sudeste da Melanésia. Em particular, as populações costeiras o, ainda mais,
as populações de ilhéus praticavam esse sistema de trocas ritualizadas, mas que
também tinham um sentido de comércio de outros produtos, bastanto comuns, como
carregamentos de coco, certas plantas alguns alimontos e manufatura em gorai Os
nativos, além de hábeis artesãos e negociantes, eram excepcionais navogantos (daí a
designação de "argonautas" no livro de Malinowski;
(1922). Os nativos usavam grandes canoas para alto mar, inclusivo para expedições
comerciais de grande distância ou incursões guerroiras de conquista. Os centros
manufaturoiros do vários artigos, como instrumontos de pedra, canoas, costaria e
ornamontos do valor, estavam localizados em lugares variados, de acordo com os
recursos naturais e a destreza dos habitantes e as facilidades que o lugar oferecia, de
modo quo o comórcio se estendia por grandes áreas, ás vezes dezenas de milhas
distantos uma da outra.
Para Malinowski, esse sistema comercial um objeto de estudo central quo se
proponho a desenvolver: para ele, tratava-se de um fenômeno do considerável impor-
tancia teórica. Harecia afetar profundamente a vida tribal dos indígenas quo dolo partici
pam e eles mesmos teriam plena consciência do sua grande importância, já quo suas
idéias, ambições, desejos e expectativas estavam estreitamente ligados ao kula.
Passam a fazer sentido, agora, algumas dimonsões da recuperação sintética
do retrato demográfico, geoeconômico o de interações humanas entre os ilhóus das
Trobriand c adjacências; trata-so do caracterizar o cenário onde, a partir da análise dc
um fenômeno muito significativo, embora regional o antropólogo Malinowski passa a
construir e logo a aperfeiçoar a lógica funcionalista que atribui à elaboração de práticas
culturais e as inevitáveis mudanças que ocorrem em tais práticas, seja em qualquer
dos trópicos, seja com a mais aparentemente idiossincrática população terrestre
Malinowski começa por formular críticas contra o difusionismo, principalmonte
as dirigidas ao sofisma do tomar a forma física (estranha aos costumos ouropous) de
um dotorminado artefato encontrado como o principal indicativo das caractoristicas do
uma cultura, Para o autor, à época, "...o difusionismo tom ostado sob o inspiração dc
objotos mal classificados o mal definidos, amontoados indiscriminadamonto om vitri
nas o porões do velhos edifícios" (p. 29)
Além dessa discrepância intestina à comunidade antropológica, Malinowski
também se contrapunha, quanto aos fundamentos psicológicos das ações humanas
om diferentes comunidades, às idéias dc Freud: "O antropólogo é. talvez, mais reserva
2 0 6 Kottltir Carroni
do sobro os conceitos de inconsciente, libido, comploxo do castração...", (p. 30) Para
ele, por ocasião do surgimento da sua mediação teórica funcionalista, teria sido criada,
no que designava como confraria psicanalítica, uma ênfase sobre influências culturais,
quo augura uma colaboração proveitosa entre a Antropologia e o estudo do inconscien
te. Nesse sentido, a (parcial) “...aprovação da Psicanálise não desmerece, de manoira
alguma, a grande importância que o Bohaviorismo promete adquirir como psicologia
básica para o estudo dos processos sociais e culturais", (p. 31)
O autor com a palavra;
Por Bohaviorismo queto designur os mais novos desenvolvimentos du psicologia
estlmulo-resposta, elaborada pelo professot I luii em Yale, Thomdikü um Columbiu
e Lidell om Comell O valor do Bohaviorismo 6 devido, om primeiro lugar, no tato de
que seus métodos $õo idênticos, no tocante às limitações e vantagens, aos do
trabalho de campo do antropólogo (p 31) Eu insistiria, em última análise o como
principio de método de pesquisa de campo, na abordagem behaviorista, porque
ela me permite descrever os fatos que podemos obseivai (p. 72-73).
É evidente quo nâo foram coincidentes o auge da proposta funcionalista de
Bronislaw Malinowski e o ápice da proposição behaviorista skinneriana. De todo modo,
o antropólogo polonôs reconhece, já nos behavioristas que referencia, a provalôncia
das observações sobre as inferências sensacionalistas tão comuns om alguns opisó-
dios do disseminação dos resultados do trabalho de campo na sua área. Afirmava; "O
funcionamento das atividades humanas é um fato simples O que ocorre é que os
antropólogos negligenciam as fases elomentares da existência humana, exatamente
porque elas parecem ser óbvias e propriamente humanas, destituídas do sensacional
e do problemático", (p 7?) Malinowski entendia que o papel do antropólogo era diferente
daquele do psicólogo, uma voz que o probloma do estudioso da cultura "...difero profun
damente daquele do psicólogo, do maneira que nosso onunciado não estará comple
tamente de acordo com a teoria geral da psicologia estímulo-resposta". E dava as
razões: "...esse psicólogo está intorossado na análise do processo de aprendizagem
em si. Já para o estudioso da cultura, o valor da pesquisa repousa na situação total o
em todas as agências de aprendizagem”. (p. 89 e ss.)
Para o antropólogo funcionalista, havia certo naturalismo em sua interpretação
comportamental no contexto cultural, como frisa: "Existem numerosos tipos dc compor
tamentos aparentemente problemáticos, exóticos e estranhos. O canibalismo e os ta
bus alimentares, os costumes de casamento e parentesco... tudo isso pode ser expli
cado por suas respectivas funções na cultura" (p 74).
Esse era o cerne, ainda que pouco sistematizado, da lógica malinowskiana:
todas as atividades humanas, por mais aparentemente idiossincráticas, são explicá
veis a partir da função que oxercem na sobrevivência do grupo, om procosso quo remo
to, retrospectivamente, do cultural às necessidades biológicas primoiras. Para um
funcionalista, no entanto, Malinowski acabou, em certa medida, sucumbindo á prática
vigente do classificação do "necessidades básicas", mais do que descrever elementos
comuns à dimensão propriamente funcional. Elabora tabelas (p 89 e ss.) que organi
zam fais necessidades básicas o suas respectivas "respostas culturais" (por exemplo,
necessidade de conforto tórmico quo conduz, inevitavelmente, á busca do abrigo).
O funcionalismo antropológico, assim, busca identificar alguns conceitos en
tão correntes, quo procuravam articular e explicar comportamento o cultura: "Podemos
definir esto forto e inevitável apego do organismo a certos ubjetivos, normas ou pesso
as quo são instrumentais para a satisfação do suas necessidades, pelo termo vnlor
social, no sentido mais amplo da palavra " (p 129) A idéia de símbolos culturais é,
S n t r o ContpnrlNMMiMlt) o C oyrnçA o 2 0 7
então, corrente no estudo da cultura. No entanto, Malinowski entende que tais conceitos
estão "contaminados pela metafísica" e que, na realidade, o simbolismo é fundamenta
do não em uma misteriosa relação entre o sinal e o conteúdo da mente humana, mas
entre um objoto, uma ação e sua influência sobro o organismo. Sob um olhar behaviorista,
talvez essa fosse, ainda que no contexto conceituai obscuro do funcionalismo cultural
primitivo, uma boa frosta dc luz que sinalizava a possibilidado do uma futura aproxima
ção da Antropologia à Análise do Comportamento: o efeito das consequências na seleção
de práticas culturais Para Malinowski a funçôo sempre significa, "...por conseguinte, a
satisfação de uma necessidade: do mais simples ato do comer à ação sacramental na
qual comungar está relacionado a todo um sistema de crenças determinado por uma
'necessidade cultural do unificação com o Deus vivo’", (p. 148)
A Antropologia Funcional, para Malinowski era assim enunciada, no sou clássi
co e seminal A Scientific theory of Culture (1944) como resultado de um esboço expe
rimental preliminar: “...ainda precisamos de uma resposta mais complota o mais con
creta á pergunta de se os fenômenos culturais podem ser estudados...ciontificarnente.
A teoria das necessidades e sua derivação nos dá uma análise funcional da relação
entre o determinismo biológico, fisiológico e cultural, Mas não tonho certeza de que
minha resumida indicação do que é função seja definitiva" (p. 164 e ss.)
A teoria funcional, na Antropologia, pretendia constituir-se, portanto, em condi
ção prévia indispensável para a pesquisa de campo e como base para análise compa
rativa do fonômonos do várias culturas. Protondia, sobrotudo, equipar o pesquisador do
campo com uma perspectiva clara e instruções completas no tocante ao que observar
e como registrar as observações. Constituía, por assim dizer, uma instrumentalização
teoricamento sustontada pela lógica funcional, insorida num conário histórico
protobehaviorista por Malinowski e que bem poderia constituir-se em primeiros rudi
mentos da contemporânea Análise Comportamental da Cultura. Malinowski (1944) in
sistia em que:
So não dofinirmos os fonômonos culturais do acordo com sua função o forma,
poderemos sor levados a esquemas evolucionários Inadequados Alóm disso, so
o estudioso se deixa levar por distribuições simplesmente cartografadas e apoia
das em similaridades ficticias e irreais, seu trabalho terá sido perdido & sua
validade fundamental será anulada (. ..) o funcionalismo equipa o antropólogo com
os unicos critérios válidos de identificação cultural (p 165)
Nesse contexto, a teoria funcionalista da cultura (ou Antropologia Funcional) de
Bronislaw Malinowski, parte da noção de função. Para ele, todas as instituições huma
nas têm como origem necessidades primárias do organismo, como alimentação, ro-
produção o homeostasia: "...o estudo de qualquer instituição remete sempre para a
definição de suas funções, o quo acabará, regressivamente, por levar a análise para
funçõos ainda mais primárias, a maioria das quais biológicas” (p. 164) - assogurava.
H arris
Antropólogo muito conhocido por suas obras científicas o (te divulgação (1964,
1968, 1974, 1977, 1979, 1981a, 1981b, 1985a, 1985b, 1989), Marvin Harris participou
ativamente da vida acadêmica nas universidades da Flórida e Columbia e foi o idealizador
do Materialismo Cultural. Essa mediação teórica analisa a evolução das sociedades,
obviamente, a partir de uma interpretação materialista dos bens e atividades culturais.
Para isso, estabelece uma tríplice divisão entre classes de conceitos que atendem á sua
relação causal. Essas classes se designam infraestrutura, estrutura e superestrutura.
2 | () Km Iw CurrarM
vência alimentar e outros aspectos vinculados à subsistência, incluindo a economia
doméstica e grupai.
Mas, como na Psicologia, também na Antropologia contemporânea permaneço
o dissenso quanto a várias questões epistemológicas subjacentes O mentalismo ain
da reina na Antropologia atual. Para Kangas (2007), interprotando a conferência de
Harris (1986) a tarefa prioritária, agora, para os analistas do comportamento interessa
dos em modificar culturas, é "doscobrir caminhos para contribuir com a modificação
dos sistemas político-econômicos existentes o da baso infraestrutural vigente", (p. 47)
Caracterizados sumariamente o Materialismo Cultural c a Antropologia Funcio
nal, onquanto analistas interessados na Análise Comportamental da Cultura poderíamos
questionar nossa própria porgunta inicial; por que reler Harris e Malinowski sob um olhar
behaviorista radical? Não será possível simplesmente prescindirmos desse conheci
mento e irmos às condições do investigação empírica das práticas culturais, ignorando a
trajetória histórica de concoitos, lógicas o percursos de pesquisa de outra disciplina?
Em primeiro lugar, aprendemos, com a Análise do Comportamento, que nos
comportamos, em grande parte das ocasiões, em funçào de nossa história particular
de interações com o ambiente. Nesse sentido, conjecturar, analisar, ponderar e inter
pretar são atividades constituintes de repertórios complexos que. ao serem executa
dos, nos remotom ao passado. Quando analisamos as práticas culturais, o que nos diz,
para além da nossa história individual, a própria história dos processos do anóliso das
práticas culturais? O que nos diz a história da Psicologia Social clássica numa ficcional
contracena epistemológica com a análise skinneriana dos "procossos sociais"? Não
nos trará esclarecimentos adicionais a própria história da Antropologia sobro o suces
so e o fracasso das principais teorias da cultura, ainda quo, atualmonte, ostojamos
solidamente interessados numa dimensáo comportamental da cultura? Conseguire
mos extrair ensinamentos para tal Análise Comportamental da Cultura não apenas das
estratégias seminais do pesquisa de Skinner via delineamentos culturais, mas tam
bém das incursões vivas dos antropólogos om trabalhos de campo que lidam com uma
rica variodade do práticas culturais em diferentes latitudes?
Caso faça sontido a busca polo delineamento de um fio condutor compartilha
do entro Psicologia o Antropologia para a compreonsão das culturas e tondo selecionado
uma vertente teórica quo inclui funcionalismo o materialismo cultural, sorão possíveis
algumas considerações adicionais. Nessa perspectiva, nós, analistas, temos citado
freqüentomento Marvin Harris. Uma leitura a partir dos últimos textos do autor identifi
cam clara sintonia com o conceito de seleção por consequências de Skinner No entan
to, quando se transita por um conjunto mais amplo de suas publicaçõos, encontram-se
- om otapa prévia ao ovonto da ABA - diversos resquícios do mentalismo quando trata
da questão das necessidades básicas, tal como em Malinowski, assim como de al
guns aspectos institucionais, que corresponderiam às agências de controle de Skinner.
De todo modo, ambos - Malinowski o Harris - dostoam veementemente do restante
das concepções antropológicas de cultura. Malinowski busca uma nova prática de pes
quisa do campo, que podo nos lovar a ponsar quanto a Análíso Comportamental da
Cultura procisa o podo so dosonvolver na doscriçào do rolaçõos típicas (ou froqüontos)
de eventos comportamentais e ambientais no contexto cultural. Já Harris busca conso
lidar o materialismo cultural a partir da visão das práticas culturais como conjuntos
complexos de comportamentos, articulados entre si e orientados para um viés de pos-
quisa e intervenção baseado numa dimensão material da "mente" e suas circunstânci
as (talvez so possa lork aí, definitivamente, "comportamonto e ambiente").
Snbm u CoyliivAo 2 1 1
Sob a análiso das metáforas-raiz de S.C. Pepper (1942), cujas aproximações
com o Behaviorismo Radical têm sido analisadas (Carrara, 2004, 2005; Morris, 1988
1993), talvez Malinowski fosse um tanto mais organicista (porque pensava um funciona
lismo em que "órgãos culturais completos" funcionariam de modo intordependente) e
Harris fosse mais contextualista (por enfatizar a seleção pelas conseqüências clara
mento distintas situação a situação).
De fato, parece que temos um pouco a aprender com a Antropologia e com i
releitura de fatos e relatos históricos, tal como o fez Diamond (2005), com rara clareza
Principalmente se nos ocuparmos de transcender os relatos fantásticos, curiosos (
exóticos comumentH veiculados de modo sensacionalista para além da liloratura aca
dêrrtica.
O analista comportamental da cultura - ao lado de aprofundar suas conjectura:
teór/co-epistemológicas, tarefa que nào pode jamais ser abandonada - também preci
sa ir a campo. Ele não substituirá, nem é sua função, o trabalho do antropólogo nas
suas macroanálisos, uma vez que o sou intoresse profissional primordial está ou
deslindar os arranjos de contingências - ou de metacontingências - que explicitam aí
condições sob as quais as práticas euffurais ocorrem. Entretanto, como salientava
Skinner, o analista tem muito a ganhar e a oferecer se trabalhar (criteriosamente) err
parceria com outros profissionais, da Biologia, da Antropologia, da Física. Embora nos
so trabalho não seja o do antropólogo, já que nosso interesse está na dimensãc
comportamontal da cultura, motaforicamonto o campo domarcado polo torcoiro nívol dc
seleção constitui um torritório de areia movediça capaz do absorver profissionais dife
rentes ainda por muito tempo.
As dimensões grandiosas dos fenômenos culturais e a multiplicidade de vari
áveis, no entanto, não devem assustar os analistas: como bem recomonda Sigrid Glenr
(1986) no seu MetPcontingencies in Walden Two, as nossas possibilidades concretas
de atuação podem ser vistas instantaneamente com o simples abrir de portas e janelas
mais próximas. Como conseqüência desse gesto singular, podemos vislumbrar, antes
quo o desafio de enormes utopias, as demandas mais urgentes, ovidontes e viáveis dc
nosso próprio cotidiano.
R e fe rê n c ia s
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I ^ Goriçjilviift Alnmtdw M»>*h
(necessariamente polêmica) do objetivos, o analista se defronta, atualmente, com o
trabalho primeiro de "sensibilizar a sociedade" sobre a importância (e funcionalidade)
de suas contribuições para viabilizar mudanças culturais. Em adição, ainda convive
com a própria dificuldade interna de consolidar tecnologia que lido com problemas
ólico-lécnicos quo impliquem a superação: (1) de uma velha dicotomia oritre os ofoitos
do reforçamento imediato e atrasado; (2) dos problemas práticos advindos da
nocessidade de predição de metas para populações cu|os membros talvez náo
sobrovivam para viver os efeitos do planejamento proposto; (3) das limitações de natureza
tecnológica, que remetem à necessidade de avanço om pesquisa básica o aplicada
dirigidas à consolidação do programa behaviorista radical de pesquisa.
É nessa porspoctivn quo congressos, programas do pós graduação, periódicos
e livros têm constituído cenário típico para disseminação de resultados da atuação dos
analistas brasileiros em tempos recentes, revelando a convivência do desenvolvimentos
teóricos e novas estratégias de pesquisa auspiciosas para a inserção definitiva no
contexto do estudo cientifico das práticas culturais. Embora ciente de que não há
diferenças em relação à natureza do comportamento individual e do comportamento
das pessoas em grupo, a comunidade tern clareza de que o arranjo de contingências
que mantêm um e outro tipo ó diferente. Nesse sontido, o foco central do programa
behaviorista, originado om Skinner, permaneceu dirigido, através da pesquisa básica,
para as conseqüências mantenedoras do comportamento individual, via Análiso
Experimental do Comportamento: um acervo enormo de resultados do oxporimontos foi
publicado o acumulado, constituindo fonte empírica segura para a elaboração e
consolidação conceituai do quo comumente designamos "princípios básicos da Análise
do Comportamento". Para além destes, a comunidade tem consolidado, através de
uma Análise Conceituai do Comportamento, os principais pressupostos do
Behaviorismo Radical, à custa de crescente o fértil elucidação de conceitos nossa
filosofia de ciência Todavia, se tais "princípios e pressupostos" tôm sido validados para
um amplo ospcctro dc contextos, a facilidade da análiso funcional não é o mesma para
quaisquer dessas situaçõos: particularmente no caso das práticas culturais as
ostratégias de investigação tôm sido flexibilizadas para além do delineamento do sujoilo
único. Neste caso, cada vez mais os analistas, em busca de compatibilizar sua fidelidade
à prática metodológica behaviorista com o contexto natural em que se apresentam os
fenômenos culturais, têm freqüentado modelos menos ortodoxos de pesquisa, quo
podem enriquecer urna aproximação consistente em direção á descrição das práticas
culturais e da consolidação de uma tecnologia de intervenção. Dados o oxemplos quo
revelam a variedade de situaçõos sob análise e diferentes ostratégias de pesquisa tèm
figurado recentemente na literatura, corroborando a análise sugerida: estudos
documentais à luz de conceitos como os de metacontingôncias o práticas culturais;
modelos de avaliação do adesão de comunidades a práticas culturais; análise de adesão
e elaboração do inventários dc roforçadores sociais; identificação das dimensões o
forma de relação do contingências do produtos agregados; estudos para
desenvolvimento toórico que visam sistematização conceituai, mediante revisão de
conceitos e construção de diagramas representativos do situaçõos sociais complexas;
ostudos quaso experimentais; investigações experimentais quo replicam condiçõos
sociais naturais; estudos descritivo-funcionais de culturas organizacionais o, ainda,
pesquisas sobre efeitos de variáveis de intervenção (questões ambientais, por exemplo).
A ampliação consistonto do espectro de estratégias de pesquisa provenientes
de outras ároas o que sejam auspiciosas para a Análise Comportamental da Cultura
tom ocorrido com intonsidade crescente nas publicações recontes. Para oxemplificar
ossa tendência, são apresentados, na sequência, dois estudos ilustrativos o distintos
Ó K h s Iu t C.nrrmH A r w C M u d h i M o r n ir * A k i m n J » V o r d u . A l f i t M r x t m T i*nl B o to n r it S J Iv n . C h r ik t a f m
G o n ç a l v e » A ltn n td n
porquo os filhos consequenciam o comportamento dos pais com comportamentos
externalizantes, Destaca-se que o comportamento dos filhos que envolve descuido com
o ambiente, já verificado por Bolsoni-Silva e Marturano (2006) foi considerado, pelos
cuidadores primários, como inapropriados e são, entào, motivo para o estabelecimento
de limites. As queixas quo mais motivam a procura de atendimento são a dosobodiôncia
o a agrossividadc o, portanto, são os problemas dc comportamento que procisam do
maior foco nos programas de intervenção (Bolsoni-Silva, do Paiva & Uarbosa, 2009).
Esses achados sinalizam como os comportamentos de pais e de filhos são
contingentes uns aos outros (por oxomplo, Bolsoni-Silva & Marturano, 2008; Pattorson,
DoBaryshe & Ramsey, 1989) e como, apesar dos pais/cuidadores apresentarem HSE-
P (conversor, perguntar, expressar carinho, opiniões) diante de comportamontos tidos
como problemáticos, as crianças consequenciam os pais com padrões comportamontais
inapropriados. lal achado sugere que haja dificuldade em lidar com tais comportamontos
dos filhos que apesar de serem, parte das vezes, socialmente habilidosos, são crianças
continuam emitindo comportamentos que os pais desaprovam, mesmo que contingentes
a comunicação, afeto e limites (Bolsoni-Silva, 2009)
Por outro lado, as crianças também emitem respostas consideradas
socialmente habilidosas (Bolsoni-Silva, 2009) diante de habilidades sociais educativas
dos pais e também diante de práticas negativas, permitindo verificar quo cuidadoros e
filhos reforçam e punem intermitentemente os comportamontos uns dos outros, tantos
os socialmonto habilidosos como os não habilidosos. Dosta formn, conclui-so quo os
cuidadores, ao conversar e exprossar opinião e afofo nom sompre o fazem de maneira
socialmente habilidosa, pois se valem também de práticas educativas negativas.
No entanto, a literatura tem sido consensual quanto à rotação ontro prática
positiva de educação e habilidades sociais dos filhos (Cia & Barham, 2009). Dostaca-
so que além da freqüência da comunicação, torna-se importante avaliar a qualidade da
mosma, a qual evita comportamentos probloma quando ocorro em diferentes momentos
do dia o sobro ampla gama de assuntos, para além de usar tal recurso para ensinar o
quo é certo e errado (Bolsoni-Silva, 2009).
A idéia do trabalhar com múltiplas rospostas o causalidado múltiplo tombóm
tem rospaldo om Goldiamond (1974/2002), ao criticar quo os trabalhos do modificação
de comportamonto dosconsidoravam o diagnóstico individualizado, doixando do aplicar
totalmente os conceitos propostos por Skinner. O mesmo autor defende a avaliação de
comportamentos múltiplos de uma pessoa, por moio do táticas construcionais. Essas,
sogundo Goldiamond (1974/2002), constituiriam métodos de intervenção quo
entenderiam o comportamento problema como produzindo conseqüências desejáveis
e lógicas, á medida que o indivíduo não fosse capaz de obter tais reforçadores com
outros comportamentos socialmente relevantes. Conseqüentemente, a implicação
dessa definição é a de não tratar apenas o comportamento alvo diretamente, mas
também dar suporte e aumentar comportamentos alternativos funcionalmente
equivalentes. O autor já afirmava que comportamentos socialmonto habilidosos poderiam
sor funcionalmonto oquivalontos a divorsas dificuldados, tais como doprossão o uso do
drogas. Glonn (?00?) ofirma quo o toxto do Goldiamond (1974/2002) insoro o trabalho
clinico analítico comportamental no contexto das contingências; para essa autora
Goldiamond (1974/2002) identifica variáveis críticas para compreender as relações
estabelecidas entre o indivíduo e o contexto em que está inserido.
A interação social estabelecida entre pais e filhos, em que ambos possuom
histórias dc aprendizagem, ontogenia o cultura próprias, implica influências mútuos o as
rolaçõos aí envolvidas podem sor denominadas dc contingências entrelaçadas, pois
Sotir» OonipoflwMonto n C og nk ^o 2 1 7
respostas dos filhos constituem, a um só tempo, ocasião e consequência para respostas
dos pais o vice-versa; adicionalmonte, há o resultado dessa interação, que é cultural e
inter-geracional. As práticas parentais positivas e negativas, quo passam de geração a
geração, também podem desencadear rosultados adventícios, sejam as pessoas
socialmente habilidosas que sejam capa/es de obter os reforçadores de que precisam
som, contudo, projudicar outras pessoas, ou ontão pessoas com sórios problemas do
comportamento, trazendo prejuízos para a cultura. As pesquisas acerca de problemas de
comportamonto e sua relação com práticas parentais tém sido desenvolvidas, sobretudo
a partir do delineamentos de grupo, com populações que permitem o tratamento estatístico
o buscam descrever relações entre variáveis, Essas variáveis isoladas a partir de grandes
grupos roflotom a roalidade do dotorminada cultura e, ainda quo nao se possam afirmar
o oporacionalizar completamente todas as hipóteses funcionais onvolvidas, essa estratégia
ofcrcce diretrizes para outras pesquisas preocupadas com essa questão.
S o b r o Cofn|xHlHin<inlo e C o g n iç ã o
mosma tomática. De forma semelhante a ocorrida após a leitura da história antorior, a
pesquisadora avaliava a compreensão da história por meio do procedimento de
emparolhamento-com-o-modelo, com a mesma estrutura já doscrita. Após a leitura, a
posquisadora so retirava novamente da sala por cinco minutos, com o pretexto do pegar
as bexigas para enfeitar a sala. Após o tempo estipulado, a pesquisadora novamenlo
voltava à sala o fazia as mesmas perguntas antoriormento descritas.
terminada a fase experimontal propriamente dita, a posquisadora o o
participante terminavam os preparativos da festa e realizavam a "íosta surpresa". O
aniversariante normalmente ora a possoa que estava atrás do espelho do obsorvação
registrando os comportamentos da criança. As condições que vigoraram para os
participantos foram as seguintes:
Condição 1 - A primeira história apresontada nessa condição descrevia um
episódio orn que um garoto ostava ajudando nos preparativos do uma fosta de
aniversário. Por um instante, elo se viu sozinho diante dos doces o rosolvou comer
alguns deles, antes do início da festa. Ao final da história, a fosta ficou muito bonita,
incluindo a mesa com os doces. Essa primeira história nào relatou conseqüência
aversiva para o comportamento de pegar os doces antes da festa (História A).
A segunda história tinha os mesmos personagens, o mesmo contexto o os
mosmos comportamentos do personagem principal, ou seja, pegar os doces antos da
festa. A diferença principal entre essas histórias era que nossa segunda história a
descrição do comportamento de pegar os doces antos da fosta ora seguida do uma
conseqüência aversiva para o comportamento do personagem, ou soja, havia a doscrição
de que a ação do garoto foi doscoberta e as pessoas da fosta ficaram zangadas, pois a
mesa do aniversário ficou feia (História B)
Condição 2 - Assim como na Condição 1, ambas as histórias doscroviam o
comportamento dc garoto de pogar os doces de uma mesa do aniversário antos de
uma festa. Contudo nossa condição as histórias foram apresentadas om ordom inversa,
ou seja, primeiramento foi aprosontada a história que relatava a ocorrência do uma
consoqüôncia aversiva para o comportamento do porsonagem (História B) o na segunda
história o comportamento do pogar docos não ora seguido por umn conseqüência
avorsiva (História A).
Condição 3 - Consistiu na mesma sequência de passos, porém os participantes
foram expostos a outras duas histórias com temáticas semelhantes (eventos de uma
festa de aniversário), mas sem referência aos comportamentos do pogar os doces o as
conseqüências quo os seguiam
A Tabela 1, a seguir, lista as principais condições do procedimento às quais os
participantes foram expostos, de acordo com Almeida (2009).
As filmagens foram avaliadas considerando se a criança pegou ou não os docos.
Além disso, foi analisada a freqüência comportamontos dirocionados para os docos por
parte da criança. O critério para observação dos comportamentos dirocionados aos doces
era olhar ou tocar os doces. A cada vez que a criança omitia esses comportamentos por
até cinco segundos, era contabilizado um comportamento direcionado aos doces. Assim,
se a criança olhasse para os doces por três segundos era contabilizado olhar para os
doces uma vez. Se a criança olhasse para os doces por oito ou dez segundos eram
contabilizados dois comportamentos direcionados aos doces.
As análises foram feitas por dois observadores através das filmagens e com o
uso do um protocolo de registros. Foi feito também o cálculo do concordância entre
observadores proposto por Kazdin (1982). O índice de concordância foi de 98%.
(j (j q Kesler Cnfrarn. Aim CMikIih Moíiwh AiMMMlft Vmriu. AJttkMixirH 1ufitt) BolMxit-SUva.CtHtiiIlHrM
/ . ZZ G o n ç r t v o n AJimHiln M m íth
Tabela 1 - Listagem das variáveis de procedimento adotadas nas trôs condições desse trabalho e
componentes descritos nelas
1a história 2a história
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idoaçáo e tentativas do suicídio, abuso de álcool e drogas, uso não controlado de
psicotrópicos, agravamento de sintomas psiquiátricos, fibromialgia e outras doenças
crónicas (Adoodato, Carvalho, Siqueira & Souza, 2005; Koss, Bailey & Yan, 2003; Padovani
& Williams, 2008; Ruiz-Pérez et. al., 2009; Sinclair, 1985; Williams, 2001). Adicionalmente,
estudos apontam que o risco de vitimização ó particularmento maior para mulheres
jovens, dependentes economicamente do parceiro, desempregadas, com crianças,
portadoras de algum tipo de deficiência e com baixa escolaridade (Bostock, Plumpton &
Pratt, 2009; Williams, 2003).
Entre homens que agridem suas parceiras, a literatura tom apontado alguns
pontos em comuns, apesar de não se tratar de um grupo homogôneo, a saber: história
de abuso em suas famílias de origem, problemas freqüentes com abuso de substâncias,
distúrbios de ordem emocional, negação e/ou minimizaçâo do ato de violência
direcionada à parceira, atribuição da culpa ao comportamento da parceira, sentimento
do culpa após os episódios de violência, baixa tolerância para discussõos de ordem
íntima, dependência emocional extrema da parceira, crenças estereotipadas e/ou rígidas
do papéis de gênero, dificuldade de manejo do ciúme (Foran & 0 ’Leray, 2008; Holtzworth-
Munroe & Meehan, 2004; Padovani & Williams. 2002, 2009).
Pesquisadores têm observado quo o agressor conjugal usualmente justificava
sua agressão a causas externas, como por exemplo, à personalidade ou comportamonto
da parceira, ao estresse ocupacional, desomprogo e ao uso de substâncias psicoativas
(Hamburger & Holtzworth-Munroe, 1999, Henning. & Holdford, 2005, 2006). Ao analisarem
a atribuição da culpa, a minimizaçâo, a negação e a emissão do rosposla socialmente
desojávol, Henning, Jones o Holdford (2005) encontram quo homens agressores e
mulhores vitimizadas apresentavam discursos socialmente desejáveis, que atribuíam
a culpa ao parceiro o nào a si mesmos e que um número significativo dos dois grupos
negavam ou minimizavam a severidade do episódio de violência recente. A título do
exemplo, os autores mencionam quo a maioria dos participantes do sexo masculino
relatou que o discurso da vítima e o da policia estavam incorretos, argumentando que a
"situação ganhou proporçõos exageradas", que “ninguém se feriu no incidente" o quo a
intervenção da polícia fora desnecessária, uma vez quo se tratava do uma “simples"
questão familiar. Outros argumontaram que estavam apenas se defendondo dos ataques
da parceira. Esta constatação ilustra a especificidade e a complexidade da violência de
ordem íntima e que uma intervenção eficaz exige nào apenas o envolvimento da vítima,
como também do agressor. Ainda neste mesmo trecho analisado fica evidente a
necessidade de uma equipe técnica especializada na intervenção com vítimas e
agressores. No Brasil, a ausência de serviços especializados para o atendimento do
agressor conjugal nos órgãos públicos municipais e estaduais deixa claro a
complexidade e dificuldade deste campo de pesquisa, sendo que uma análise dessa
realidade será desenvolvida no decorror do texto.
É importante destacar que pesquisadores da área considoram a violência contra
o parceiro como um fator de risco para a violência contra a criança (Appel & Holden,
1998; Capaldi, Kim & Pears, 2009; O’Leary & Woodin, 2006; Williams, Padovani A Brino,
2009), sendo quo pesquisas citadas por Capaldi. Kim e Pears (2009) que buscaram
relacionar osses dois fenómenos (violência contra o parceiro e violência contra a criança)
indicam que crianças que vivem em famílias onde ocorre a violência contra o parcoiro
tem uma probabilidade de duas a quatro vezes maior de serem vítimas de maus-tratos,
quando comparadas com crianças cujas famílias nào presenciam esse fenômeno.
Ademais, mesmo que a criança não venha a ser vítima de maus-tratos infantis, o
fato de conviver em um ambiente hostil pode levar a comprometimentos ao sou
S u b t i» O x t r ç io r U t lt w H iU ) « G o y n iç r t o 2 2 9
desenvolvimento sócio-emocional. De íato, as pesquisas demonstram o impacto que
prosenciar a violência provoca no desenvolvimento físico, social, emocional o académico
das crianças (Bender, 2004; Brancalhono, Fogo & Williams, 2004; Brancalhone & Williams,
2003; Capaldi, Kim, & Pears, 2009; Dahlberg & Simon, 2006; McDonald, Jouriles, Tart e
Minze, 2009, O’Leary & Woodin, 2006, Paula, Vedovato, Bordin, Barros, D’Antino &
Mcrcadanto, 2008; Tucunduvo & Wcbcr, 2008). Como principais sintomas da criança c do
adolescente expostos a tal tipo de violência verifica-se; comportamento agressivo
(principalmente em garotos), isolamento, passividade, insônia, pesadelos, dores de
cabeça, dor de estômago, alergias, comportamento auto-destrutivo, percepção distorcida
de culpa em situações interpessoais envolvendo conflitos, crueldade contra animais,
problemas de atençào e memória, fracasso escolar, problemas de aprondizagom, fuga
de casa, abuso de drogas e álcool, sintomas de Transtorno de Estresse Pós-Traumático,
idoação c tentativa dc suicídio (Brancalhono & Williams, 2003; DcGuc & DiLillo, 2009;
Holt, Buckley & Wholan, 2008, Kim, Talbot & Cicchotti, 2009; Panuzio, Taft, Black, 2007).
Dentro de uma perspectiva desenvolvimental, crescer em um ambiente abusivo
pode afetar criticamente o progresso do desenvolvimento e as habilidades pessoais da
criança, de tal maneira que o efeito acumulado pode ser levado à idade adulta, contribuindo
para a perpetuação do ciclo de violôncia e adversidade (Levendosky & Graham-Bermann,
1999). A exposição à violência tem um impacto variado nos diforontos ostágios do
desenvolvimento infantil, com as exposições mais precoces e prolongadas levando a
problemas mais severos, pois eles afetam as cadeias subsequontos do dosenvolvimonto
(Holt, Buckley, & Wholan, 2008). Assim, qualquor criança quo vivo om um ambiente com
violôncia ou amoaça do violôncia ó uma criança quo procisa do protoçào, pois um homem
quo agride urna mulhor pode também agrodir sua criança; uma mulher que é agredida
podo eventualmente dirigir sua raiva e frustração ao seu filho, uma criança pode se ferir
acidentalmonte tentando interromper a violôncia contra sua mão e uma criança que
testemunha a violôncia em casa pode tornar-se um homem agressivo ou uma mulhor
vitirnizada (Holt, Buckloy & Wholan, 2008, Graham-Bermann, 2002; Sinclair, 1985), do tal
maneira que, ao prevenir a violôncia contra a mulher, estamos também provonindo os
maus-tratos infantis.
Nossa direção, para o enírontamento eficaz da violôncia é de fundamental
importância uma ação integrada entre setoros da sogurança, saúde e educação. Na área
da Saúde o trabalho deve envolver tanto vítimas (mulheres e crianças) como agressores,
afinal é preciso empodorar esta mulher vitimizada para romper com tal ciclo dc violôncia,
ajudar a criança a lidar com os sentimentos e com a situação vivenciada, assim como
criar condições para que o homem que agride sua parceira de ordem íntima aprenda
novos repertórios comportamentais e cognitivos para emitir respostas alternativas ao uso
da violôncia (Williams, Padovani & Brino, 2009).
A construção de ações integradas de combate à violôncia intrafamiliar no Brasil
data do moados da década de 80 com a criação da Delegacia de Defesa da Mulher, os
Conselhos Tutolaros na década de 90, o próprio Estatuto da Criança o do Adolescente
(ECA) no mesmo ano, e mais recentemente com os Centros do Referência da Mulher e a
promulgaçao da Lei n°. 11.340 de 07 de agosto de 2006, conhecida como Lei Maria da
Penha, é interessante a constatação nesse novo dispositivo da lei a possibilidade do o
Juiz decretar a prisão preventiva quando houver riscos à integridade física ou psicológica
da mulhor determinando, quando julgar necessário, o comparocimonto obrigatório do
agressor a programas de recuperação e reeducação. Apesar desse dispositivo, ainda há
poucos órgãos públicos e serviços especializados no Brasil de atendimentos ao agressor
conjugal.
2 3 0 Snltrln» M n /o D A fkxiM *.* EHmm A|Mrncklit Cmii[>*nhn Armj)o, l ú c m C«v»(kjtiUi cln AKxiiimirqim William*
Apenas a titulo de ilustração do ações voltadas ao atendimento ao agressor da
parcoira do ordem Intima, nos Estados Unidos, Hamberger (2008) destaca quo, om
1980, havia uma estimativa aproximada de 200 a 293 programas direcionados ao
agrossor conjugal e no ano de 2005 ossa estimava era de 1900. Hamberger (2008)
destaca, ainda, corno exemplo da oticácia dessas ações, uma cidade com uma
população aproximada dc 85 000 habitantes com cinco programas dostinados ao
agressor coniugal, reafirmando, também, a relevância do tratamonto compulsório, do
desonvolvimento de programas padronizados e a capacitação da polícia.
O Laboratório de Análise e Provonção da Violência (LAPREV) (website:
www ufscar/laprev) realiza ações no combate e prevenção da violência inlraíamiliar
oferecendo ajuda psicotcrapôutica tanto a vítimas (mulheros o crianças) quanto a
homens quo agridem sua parceria de ordem íntima (Cortez, Padovani & Willams, 2005;
L)'Aftonseca & Williams, 2003; Ormeno &. Williams, 200b; Padovani & Williams, 2002;
Williams, Araújo, Rios, D'Affonseca, Maldonado, Patrian & Miranda, 2010; Williams,
Padovani & Brino, 2009; Williams, 2006). Tais ações foram pemiadas pela Organização
Panamericana de Saúde (OPAS/OMS), sendo consideradas um exemplo de "Prática
Exemplar Fm Saúde Que Incorpora Uma Perspectiva De Igualdade De Gênero/Etnia
Em Saúdo" (Williams, Padovani & Brino, 2009).
Entro outras ações, o LAPREV promove o atendimento psicológico a vítimas
(mulheres e crianças) e agressores conjuqais através do Programa do intervenção a
vitimns dc violência, o qunl tovo sou início om 1998 com estágios supervisionados dc
alunos de graduação em Psicologia na Dolegacia de Defesa da Mulher de São Carlos.
No ano de 2000 iniciaram-se as atividades do atendimento a crianças e famílias do
Consolho Tutolar de São Carlos. Em 2001, com o inauguração da Casa-Abrigo cm São
Carlos, ampliou-se o atendimento a mulheres e crianças da Casa-Abrigo "Gravelina
Terozinha Mondos" o em 2005 as mulheros e seus companheiros passaram a ser
atendidos na USE (Unidade Saúde-Escola) da UFSCar, visando a interdisciplinariodade
do atendimento. Até o momento foram realizados 910 atondimontos, dossos a maioria
(67,4%, n=613) oram mulheres, 26,8% (n=244) eram crianças e adoloscentes o 5,8%
(n=53) agressores
A psicoterapia com a mulhor vítima do violência íntima por parte do parceiro
desenvolvida por estagiários e pesquisadores do LAPREV se fundamenta na abordagem
cognitivo-comportamental. As intervenções psicotorápicas realizadas com as mulheres
vitimizadas sao individuais e buscam trabalhar aspectos relacionados à infância da
participante c história dc vida, informações a respeito da violência contra a mulher,
crenças sociais que perpetuam a violência, Direitos Humanos, violência na família,
medidas de proteção o segurança, redes de apoio, efeitos traumáticos da violência,
importância da notificação da violência, combate à depressão e prevenção de suicídio,
o impacto da violência no desenvolvimento humano e, em específico ao desenvolvimento
da criança, informações sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e desenvolvimento
infantil, como construir uma vida livre dos sintomas da violência, lidando com emoções
negativas (raiva, culpa e medo), resolução de problemas sociais, análise criteriosa dos
efeitos do seu próprio comportamento (análise funcional) o treino do habilidados sociais.
As técnicas utilizadas nas sessões envolveram: discussões com base em leituras o
informações (cartilha), relaxamento, resolução de problemas sociais, role-playing e
aprosontnçõos do vídoos A partir da experiência com os atendimentos o baseado na
literatura da ároa, Williams, Maldonado e Padovani (2000) elaboraram uma cartilha com
os aspectos trabalhados nas sessões com as mulheres, a qual está disponível para
download em http://www.lfcc.Qn.ca/uma vida livre da vlolencia.pdf
2 3 2 ShIitIiih Miun CAfltwiMicit EHarni A|Mrtx4ilN Campanha Araújo, Lúda CnvHlcantl <tf> Willlam*
Dentre as técnicas cognitivas e comportamentais empregadas com agressores
conjugais ostào: a análise funcional do seus comportamentos, a análise de crenças e
pensamentos disfuncionais, o manejo da raiva, da doprossào e ansiedade, estratégias
de habilidades sociais e resolução de problemas, o uso do rolaxamonto, a análise do
consequencias do comportamento violento (curto, médio e longo prazo), o role play, a
identificação dc respostas cognitivas, fisiológicas o comportamentais associados ò
emissão do comportamonto violento e o time-out. Paralelamente, busca-se criar
condições para o estabelecimento de rede de segurança, apoio e proteção
Adicionalmonto, dentre as estratégias psicoeducativas trabalhadas estão: a definição
de violôncia e suas diferentes modalidades, a discussão dos Direitos Humanos e a
responsabilização pola violôncia. Conforme os princípios da terapia cognitivo-
comportamental, é fundamental que o indivíduo que esteja om processo de intervenção
comccc a identificar os diferentes fatores dc risco que possam a contribuir para o
desencamento do comportamentos violontos. Por exemplo, discriminar respostas
fisiológicos, cognitivas e verbais relacionadas ao aumento da raiva e assim empregar
as técnicas trabalhadas durante a sossão como forma de controlo. Desse modo. o
preparo para o manejo de situações do crise se apresenta como uma habilidade central
entro profissionais que trabalham na área da violência, embora essas situações sejam
um momento delicado e, às vezos, do grande intensidade omocional para o profissional
que está atuando no caso Cabe destacar que os casos nos quais os episódios de
violôncia são do natureza gravo tal situação podo so aprosontar do forma mais froqüonto
(ver Dattilio & Freeman, 2004; Padovani & Williams, ?009)
Seria importante ressaltar que atuar na prevenção da violôncia de ordem íntima
com vitimas e agressores é uma tarefa árdua para o profissional e oxipe capacitação de
toda oquipe para que essa lide com a especificado do comportamento violento e consiga
ter um bom envolvimento com outros profissionais quo atuam nos diversos serviços
que compõom a rode municipal de segurança, proteção e promoção da saúdo. Uma
estratégia quo podo scr interessante pora o desenvolvimento dc um corpo dc
conhecimento mais sólido, além de favorecer a integração e a implementação de
intorvenções eficazes, seria o estabelecimento do grupos de estudo, o qual ocorreria
parelelamente às reuniões do equipe, e estudos o discussão de casos clínicos, Além
disso, sugere-se quo se forme uma pequena biblioteca na própria instituição com
títulos pertinentes a área de atuação. Sendo assim, um processo contínuo do
aperfeiçoamento se faz necessário, além de pesquisas com delineamentos sólidos o
pertinentes, para que so tenham resultados promissores para a população alvo, os
quais venham realmente favorecer o dosenvolvimento do uma sociedade mais justa e
igualitária.
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2 3 6 S ii U lii H Mn/o D'AHohmh'.*; Fllunc ApttrncKl« C iim p u n h N Araújo. L iK .ii) r,avnlo*ntl itn AK)iiqtj«r(|ii*' WIIIIhiti*
Comportamento
Verbal
Capítulo 25
Um modelo experimental do transtorno
obsessivo-compulsívo baseado
nas relações funcionais entre
respostas verbais e não verbais
1’iiulo Kolierto A bivu*
Universidade dc Sào Paulo (USP)
’ U o Ini h U i C N I ' m - U i h h i I
“ E-imill mNrtlmtfÇtHiliwi <wy tx
S ciU m « (ÀjgiilvA o 2 3 ^
execução de uma tarofa (Arntz, Voncken, & Goosen, 2007; Bouchard, Rhóaume, &
Ladoucour, 1999; Mancini, D’Olimpio, & Cicri, 2004; Ladoucour ot al.. 1995; Ladoucour,
Rhóaume, & Aublct, 1997; Lopatka & Rachman, 1995).
Ladouceur e colaboradores (1995) publicaram dois experimentos com participan
tes náo-cllnicos' examinando diferentos níveis de rosponsabilidade e sua influôncia om
comportamentos de checagem, verificando algumas semelhanças com os comportamen
tos compulsivos observados no transtorno obsessivo-compulsivo. Com resultados rele
vantes, o segundo estudo adotou como tarefa uma classificação em contexto larmacológico.
No exporimnnto, quarenta participantes adultos foram orientados a separar pílulas colori
das misturadas. Foram confeccionadas duzentas cápsulas farmacêuticas do açúcar, com
dez combinações de cores, sendo vinte cápsulas de cada cor. As cápsulas foram colocadas
misturadas om uma bacia o quinzo garrafas vazias somi-transparontos foram dispostas
para receberem as pílulas de acordo com a cor designada.
Os participantes foram divididos randomicamente entro um grupo de alta ros
ponsabilidade (HR) c outro dc baixa responsabilidade (LR). Ambos os grupos foram
instruídos a pegar unia cápsula por vez, sem olhar para a bacia, colocando nas garrafas
de acordo coni a cor designada. Os participantes teriam que classificar as pílulas ade
quadamente o mais rápido possível. Poderiam conferir as garrafas e corrigir os orros o
tanto quanto achassem necessário om casos em que hesitassem ou apresentassem
alguma dúvida durante na tarofa. As seguintes instruções foram apresentadas para o
grupo HR e LR, respectivamente:
Indução de responsabilidade (HR): O experimontador falava para os participantes
que o grupo do pesquisa era especializado na percepção de cores e quo havia sido recen
temente contratado por uma indústria farmacêutica para trabalhar om um estudo relaciona
do à exportação do uma nova droga, criada para tratar um vírus que ostava devastando o
sudeste da Ásia. Aos participantes foi dito ainda que a regiào era pobro o que por isso sua
populaçào náo tinha muito estudo. Por esse motivo houve a necessidade de que se
dosenvolvosse um sistema do cores que fornasso a distribuição das novas pílulas segura
para os habitantes Foi enfatizado que o papol dos participantes seria crucial para o sucosso
do projeto o que seus resultados seriam decisivos, já que o estudo estava cm sua faso final.
Adicionou-se tambóm a informaçáo de que poderiam prevenir sérias conseqüências pois
os resultados do trabalho influenciariam diretamente a manufatura das drogas.
Reduçáo de responsabilidade (LR): Era dito aos participantes que o exporímentador
estaria interessado apenas na percepção das cores e que o experimento era somente um
treino a ser realizado antes de o estudo começar. Acrescentou-se que os resultados
individuais não soriam analisados
Para a conferência da manipulação quatro quostõos foram foitas para verificar os
efeitos da manipulação. As questões oram relativas à percepção da probabilidade e seve
ridade das conseqüências negativas, além da influência do participante sobre as conseqü
ências o sua percepção do responsabilidade. Utilizaram-se ainda como variáveis de controle
o Invontário Beck de Depressão (BDI; Beck, Rush. Shaw, & Emory, 1979), o Inventário Bock
do Ansiedade (BAI, Beck, Epsfein, Brown, & Steer, 1988) e o Inventário Pàdua (PI, Sanavio,
1988). O inventário Pádua permitiu acessar diferentes aspectos do TOC como os impulsos,
lavagens, checagens, ruminações e precisão.
As variáveis dopondontos foram medidas por observação direta. Quatro topo
grafias de resposta foram então categorizadas;
' O » H iljn llv o M " i i A o - U I i i i c o < h id l n t u i ' l í m i » i ik iw ( k > l* i|c m | i h i u i i w*0 k m < •*!»«,U m / w m a im m llM I k m j m i i k i v t i m > ( « l o ( I i i k x h t iu m d o
2 4 0 P m i k ) R u t x i f k ) A t x m i o M u r ta M m tIIm C o k I h H u b f t fir
(1) HGsitaçõos, definidas como a observação atenta da garrafa por 2s ou mais, ou como
o movimento das mãos do participante entre duas pílulas diferentes por pelo menos 2s;
(2) Conferências e modificações durante a tarefa, definidas como a interrupção da
separação em uma determinada garrafa, por aproximadamente 1s, com o despejamento
para observação do sou interior. O esvaziamento do contoúdo da garrafa na palma da
mào também foi contabilizado. As modificações referiam-se a qualquer mudança feita
durante a tarefa em que so tenha adicionado ou subtraído uma ou mais cápsulas de
alguma garrafa;
(3) O número dc erros ocorridos durante a tarefa;
(4) O tempo demandado na classificação.
As variáveis subjetivas foram avaliadas com um questionário incluindo (1) dú
vidas o urgência em conferir; (2) desconforto experienciado durante a tarofa e (3) os
números do orros "subjetivos" feitos ao longo da tarefa.
Ao final da sossão o experimentador revelava o experimento, explicando ao
participante os objetivos e procedência da pesquisa com a solicitaçãu de assinatura
em termo de consentimento para o uso dos dados
Os resultados mostraram que os participantes do grupo HR hesitaram e confe
riram mais do que o grupo LR. Também apresentaram maior preocupação o ansiodade
com os erros durante a tarefa. Segundo a concepção conceituai de Ladouceur o colabo
radores (1995) tanto a influência individual como também os aspectos cruciais das
consequências negativas estariam envolvidos na percepção do responsabilidade. Os
autores concluíram que os dados a que se chegou são interessantes por darem supor
te empírico para a relação direta entre a percopção de responsabilidade o os comporta
mentos de checagem.
O estudo Inicial de Ladouceur e colaboradores (1995) sobre o comportamento de
chocagem, utilizando participantes não-clímcos, deu margem a outro questionamento
empírico bastante pertinente. A questão levantada era a de se indivíduos com o diagnóstico
de TOC iriam se engajar em checagens, mais do que as outras pessoas, quando coloca
dos om situações quo lhos fosso exigido rosponsabilidade pessoal. Para testar essa
hipótese Arntz e colaboradores (2007) emprogaram em um estudo vinte o sete pacientes
com TOC como primeiro diagnóstico, trinta e sete pacientes com outro transtorno de ansi
fldade como primoiro diagnóstico e sem TOC como segundo e, ainda, vinte e oito partici
pantes não-clínicos (sem nenhum diagnóstico do Eixo-1 do DSM-VI-TR). Similarmcnto ao
estudo de Ladouceur e colaboradores (1995), os participantes foram instruídos a separar
duzontas cápsulas de onze cores diferentes colocadas a vinte centímetros do participante
Atrás desse pote, quinze potos menores foram dispostos para separação em uma linha.
Um delineamento fatorial 2x3 foi usado, com duas condições experimentais -
denominadas alta-responsabilidade (HiRos) o baixa-responsabilidade (LoRes) - e três
grupos de participantes, a saber, pacientes com TOC (OCD pationts), pacientes com
ansiedade (Anx pationts) e não-pacientes do grupo controlo (NonPt Controls). Na instrução
de baixa responsabilidade foi dada a mesma instrução empregada no estudo de
Ladouceur e colaboradores (1995). A instrução de alta responsabilidade também foi
similar ao do estudo anterior, mas adicionou-se a informação de que "um estudo prévio
empregou participantes que nào se sentiram responsáveis o suficiente, fazendo por
isso um póssimo trabalho do classificação" (Arntz et al., 2007, p. 427). O objetivo dosso
acréscimo foi aumentar o controlo da instrução sobre os participantes já quo em um
estudo piloto a instrução descrita em Ladouceur e colaboradores (1995) não exerceu
sou efeito.
2 4 2 P m i k i R o t x if U ) A b n n i «i M t ir in M h íI I ih C o s I h H il t x w i r
Recentemente Abreu e Hübner (in press) realizaram um estudo também envol
vendo instruções especiíicadoras de conseqüências avorsivas o respostas de
checagem. Os autores utilizaram um delineamento de sujeito como seu próprio contro
le, com fases experimentais do levantamento do linha de base e reversão. Foi testado
também o efeito de outros tipos de instruções no controle da resposta de checagem
(e.g., empregando um operante autoclltico).
No estudo de Abreu e Hübner (in press) dois participantes adultos não-cllnicos
do sexo feminino, verbalmente habilidosos e com 33 e 28 anos, foram convidados por
terceiros a trabalhar em uma tarefa de separação de semontes om uma loja do coroais.
Quatro tipos de sementes de cores e dimensões semelhantes foram misturados em
um saco plástico próprio para transporte: Feijáo Bolinha, Feijão Fradinho, Gròo de Soja
e 1remoço Achatado. Os participantes realizaram a separação das sementes om uma
mesa no centro do primeiro andar. A coleta aconteceu em um domingo estando a loja
fechada para os clientes Na separação foram utilizados quatro potes de plástico
semitransparentos com capacidade para dois litros.
Durante a separação foram contadas as respostas de checagem, definidas
operacionalmente como verificação das sementes já separadas nos potes com função
de se evitar erros. Na checagom as seguintes topografias do rosposta foram registradas:
a manipulação dentro do próprio pote, o despejar na mão ou mesa para nova conferên
cia, o transferir as sementes erroneamente separadas de um pote para outro, o inclinar/
mexor o poto para uma molhor visualização durante 2s ou mais o a observação do poto
por 2s ou mais som manipulação direta.
A sessão experimental tovo duração de sossonta minutos, divididos em quatro
fases do quinze minutos. Utilizou-se um dolinoamonto sujeito unico ABCA disposto da
seguinte maneira:
Faso A I Linha de base: Foi apresentada pessoalmente a soguinto instrução para o
participante - "Aqui estão quatro tipos de sementes nobres misturadas. Sua tarefa vai
ser separar as quatro e colocá-las nesses quatro potes. Você torá uma hora para fazer
isso. Eu vou eslar om rouniào lá c cimo o por isso sc procisar faiar com vocô, faroi pelo
tolofono".
Fase ti: Por telefone foi dada a seguinte instrução para o participante após 15 minutos
transcorridos desde a instrução A - “Separe com muita atenção”. Hoi adicionado o
autoclítico “muita" à instrução de separar com o objetivo de lestar o controlo vorbal sobre
o participante.
Fase C: Após 15 minutos transcorridos desde a instrução B, foi apresentada a seguinte
instrução, via tolofono, com descrição de conseqüências aversivas: "Na verdade esse loto
tom um tipo do semente que está com uma quantidade grande de agrotóxico quo pode
dar diarréia nas pessoas quo comorom Como essa mistura será fornecida para a mo-
renda das crianças de urna escola, ó muito importante que vocô as soparo com muita
atonçào" Nossa fase foi adicionada a descrição de toda a contingôncia na instrução para
a soparaçáo com o objetivo de tostar o controlo verbal sobro o participante.
Faso A I Rnversõo: Após 15 minutos transcorridos desde a instrução C, foi aprosontada
a seguinte instrução, via telefone, sem descrição de conseqüências aversivas: "F.u o
meu chefe vimos quo esse lote quo você está separando é um lote mais antigo quo não
tom as sementes contaminadas. Então é só você separar as sementes”. Nessa faso foi
dada a instrução com o objetivo dc promover a reversão para uma frcqüõncia dc res
postas de checagem semelhantes à linha de base.
Sujeito 1
f
V.'
Mimm*
S u j*ilu 2
1 ti
Figura 1 - Curvas acumuladas das respostas de checagem dos participantes 1 e 2 no período total
de 60 minutos da sessão experimental. O delineamento ABCD foi dividido em quatro períodos de 15
minutos. No 1o minuto foi apresentada a primeira Instrução referente â separação das sementes
(Fase A); após 15 minutos transcorridos desde a instrução B. foi apresentada a instrução com
descrição das consequàncias aversivas (Fase C); e após 15 minutos transcorridos desde a instrução
C, foi apresentada a Instrução sem descrição de consequenclas aversivas (fase A) O tempo total
da sessão exclui h s pausas no cronómetro no momento da apresentação das instruções (adaptada
de Abreu e Hiibner, no prelo)
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O tratamento quo Skinner (1957) deu á linguagem se distancia das formas tradi
cionais de se estudar tal fenômono considerado humano. A expressão comportamento
verbal foi escolhida em substituição à ‘'linguagem", por onfocar o comportamento de um
indivíduo; especificar que este tipo dc comportamento t modetado c mantido pelas suas
conseqüências, o por ser pouco familiar aos modos tradicionais do oxplicação.
Skinnor (1957) definiu inicialmente o comportamento verbal como sondo um
comportamento selocionado e mantido pelas consoqüôncias mediadas por outras
pessoas (ouvintes). Mais tarde, em sua obra, acrosconta que esta mediação só ocorro
rá se a comunidade, em quo o operante foi selecionado, tenha sido treinada para
fortalecer uste comportamento.
Considerando comportamento vorbal como operante, Skinner (1957) coloca
que "qualquer movimonto capaz de afetar outro organismo podo ser vorbal" (p. 14).
Desta fornia, pode-so considerar como comportamonto verbal tudo que uma possoa
faz o que de alguma forma ocasiona o comportamento de outra possoa como mediado
ra da conseqüência. Nenhuma topografia específica è suficionto para definir um com
portamonto como verbal.
Episódios verbais (relação estabelocida entre falante e ouvinte) sáo para Skinner
fontes do análise onvolvendo tipos de relações específicas Estas relações sào dividi
das em dois grandes grupos; temáticos (mandar, tatear, intraverbalizar e o rearticular/
organizar/autoclítico) e formais (ecoar, copiar, lor o tomar ditado)
Garcia, Juliani, Athayde Neto, Massabki e Arnt (2008), enfocando o processo
terapêutico como fonte do coleta de dados sobre o comportamento verbal, levantaram
vários aspectos da relaçào terapeuta-cliente, que dificultou a identificação o análise dos
operantes vorbais. Os autores gravaram quatro sossòos terapêuticas em VHS e transcre
veram em uma tabela Os comportamentos do falante/cliente foram alocados na linha
superior, o os comportamentos do ouvinte/terapeuta foram dispostos na linha inferior. A
duraçáo de cada "fala", tanto do falante/cliente e do ouvinto/torapouta, bem como as pausas
Ç * Q MmICU* Rolxrfto GnfCtl», JoAtl JulMnl, LIvlHüdtXM»ÍH Solldti OlIlK) A|>|>HMK.kl<> Atfwiyito
Z .H O Ni.’U) Mrtflnn Fona#«:« Cartotw Armll
M é to d o
Participantes
Participaram desta pesquisa quatro estudantos universitários, sendo um do
sexo masculino (S3) e trôs do soxo feminino (S1, S2 o S4), com idado acima do 18 anos.
Elos foram arranjados om trôs duplas: Dupla 1 (D1) composta por dois participantes
(S1 o S2) portencontos à mosma comunidado sócio-vorbal; Dupla 2 (D2) formada poios
participantes S1 e S3, sendo que S3 (pessoa com deficiência auditiva - surda) nào
portencente à mesma comunidade verbal de S1; Dupla 3 (D3) formada por S2 e S4, om
quo ambos pertenciam à mosma comunidado vorbal.
Equipamentos
Foi utilizado o jogo Senha Mastermind da Grow® composto por um tabuleiro
onde o experimentador escolhe uma seqüência de quatro peças coloridas (de possí
veis cinco cores) que permanecem ocultos para a dupla de participantes. Estes tiveram
que completar uma sequência de peças idênticas à seqüência de peças arranjada pelo
experimentador.
Para auxiliar os participantes a realizar a tarefa, o pesquisador apresentou até
quatro pinos brancos ou pretos, que descreviam o dosempenho dos sujeitos naquolas
tentativas. Para cada cor que os sujeitos acertavam sobre a seqüência oculta, um pino
branco era colocado no tabuleiro e. a cada vez que a cor e a posiçào da peça ostavam
corretas, um pino preto era colocado. Conforme os sujeitos nao acertavam nem cor e
nem a posiçào, nenhum pino era colocado Como as conseqüências dispostas pelo
jipe nào eram "previstas" por Crusoó no texto de Skinner (1988), no jogo o significado
das coreu e u ausência du pinos também não ura informado aos participantes. Uma
câmera filrnadora foi usada para registrar as interações dos participantes, e máscaras
cirúrgicas foram utiiizadas para inibir a leitura labial ontre a dupla que era constituída dc
participantes de comunidades verbais distintas.
Procedimento
A pesquisa foi realizada om três etapns Na primeira otapa os participantes da
D1 foram expostos às contingôncias do jogo, sem instrução de como jogar. O critério
estipulado para encerrar o jogo consistiu na resoluçào do mesmo (os participantes
tiveram que apresentar uma seqüência igual à seqüôncia oculta) e apresentar uma
descrição completa das regras de como jogar (esta descrição deveria representar o
consenso da dupla). Ao final da partida, o experimentador entregou aos participantes
uma única folha contendo uma pergunta: "O que se deve fazer para descobrir a seqüôncia
arranjada pelo experimentador?". A resposta aceita como correta deveria conter uma
correta descrição das regras do jogo.
Na segunda etapa do procedimento os participamos da D2 jogaram apenas
uma partida juntos. O S1 foi informado que sua missão seria ensinar S3 a jogar, entre
tanto, som omitir comportamontos verbais (os sinais manuais convoncionais que indi
quem certo/errado, positivo/negativo, mais ou menos, etc.), e para dificultar a leitura
labial foi utilizada máscara cirúrgica tanto em S1 como om S3. Foi realizada uma partida
em dupla, na qual cada participante montava uma seqüência de peças. Após esta
partida, S3 jogou sozinho Ao final de cada partida foi entregue uma folha com a mosma
questào feita na primeira etapa.
Na terceira etapa da pesquisa n D3 foi oxposta ao jogo e os participantes desta
dupla pudoram comunicar-se livromonte. A tarefa de S2 foi “ensinar" S4 a descobrir a
R esu ltad o e d is c u ss ão
O falante e ouvinte na mesma pele.
Com esta otapa pretondeu-se criar uma situação análoga à situação em que
Crusoé encontra, pela primeira vez, o jipe na ilha. A utilização de dois participantes nesta
otapa tove o objetivo de analisar os comportamentos emitidos encobertamente por
Crusoó, sendo ele falante e ouvinte na mesma pele. Assim como Crusoé, no primeiro
contato com o objeto novo, explorou o jipe, os participantes nesta otapa também "oxplo-
raram" o jogo. Porém, ao fazerem isso, eles iniciam, mesmo antes de colocar as peças
coloridas, emitindo verbalizações que sugerem o controle verbal para o ouvinto na for
ma de um tato impuro motafórico, como so pode observar o episódio verbal do Quadro
1, em que S1 verbaliza "A primoira 6 totalmonto no chuto".
Quadro 1 - fcpisôdlo verbal demonstrando o efeito de possíveis regras sob controle de uma história
numa comunidade socioverbal
Experimentador Rv "Podem jognr';(1t) L....
(silàncto
(S1) -10») KlAAÍ RV "É " (ulèncio ■2%)
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(i r A Murem RotxtrtoCwHdn. JoAn JiiIIhiii. Lívm Gtttmnla S o l ta i M m u itM . Ontuo A^purockki Atliwyilo
£ O v/ Nulo, Mann« Fíhimk:* Curioim Arrutl
que ocasionaria um reforçamonto automático sobre o sujeito (“Nào repote cor'). Mas
ainda nos resta entender, como o efeito das instruções proferidas polo experimentador
pode incidir sohro o comportamento verbal dos participantes o o comportamento de
oscolher as peças, mesmo existindo um lapso temporal entre os ovontos?
No momento em que o falante externo não ostá presente, este ouvinte (S1), que
fora modificado pela instrução, se comporta como se comportou na presença do falante
externo no momento das instruçõos, e isto ó ocasião para, agora, como falante repotir a
instrução proferida (Skinnor, 1974, 1957).
“A possibilidade de que possamos tutuur nosso próprio comporlumento verbal,
incluindo suas ralações funcionais, nào exige um tratamento especial Podamos
estudar e descrever o que dissemos ou escrevemos ontem, assim como podemos
estudar e descrever o que outra pessoa disse ou escreveu em outra ocasião
qualquer £ verdade quo nossa posição ó especialmente vantajosa quando dos-
crevemos nosso comportamento atual ou potencial, mas podomos tambóm dos-
crever o comportamento atual ou potencial de outra pensou acerca da qual tenha
mos informações semelhantes" (Skinner, 1957, p 314).
A colocação das peças coloridas realizada pelos participantes, o a colocação
de pinos pretos o brancos realizada pelo experimentador foi utilizado para determinar o
inicio o o final do cada episódio, todo arranjo do peças dosta sessão podo ser observa
da na Figura 1.
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Figura 1 - Sequência de peças arranjadas pela D1 e pelo Experimentador durante a primeira sessão,
Cada colocação do poça pode sor considerada como uma instância do oporanto
jogar, t importante constatar que durante 0 primeiro episódio ocorreram vários
autoclíticos, como obsorvado no Quadro 2.
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Quadro 3 • Episódio verbal demonstrando verbalizações que sugerem controle aversivo
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L w *4 Noto Martim Foimeca CnrkitM AhkJI
voltou a colocar a cor verde. Sexta-feira (S3) colocou as mesmas cores que S1 em
seqüôncia diferente, isto indica que S3 passou a imitar a soqüência de S1.
Crusoé (S1) montou a terceira seqüôncia de peças ( vermelho, azul, laranja o
vorde) o, antes desta ser consequenciada, apontou para as duas poças verdes que
ficaram no mesmo lugar, na segunda e terceira seqüências, o em soguida mostrou a
peça vermelha que ora a primeira da torceira seqüôncia. Após ser conseqúênciada
(dois pinos pretos e um branco) apontou para a peça vordo da segunda seqüôncia e
para o pino preto, também dosta. Em soguida apontou para a poça vorde da torcoira
seqüôncia e para o pino preto dosta.
Sexta-feira (S3) montou a quarta seqüência: vermelho, laranja, azul o vorde.
Então Crusoé apontou os espaços ausentes de pinos. Imitou a soquôncia de cores
novamente, invertondo as cores do meio, permaneceu a cor verde o vermelha. Compor
tamento que, provavolmonto, foi imitado da seqüôncia anterior. Neste momento, como
conseqüência, recebeu dois pinos brancos o um preto.
Crusoé (S1) montou a quinta sequência: amarolo, azul, vormelho e vordo, son
do a última, pois a senha foi descoberta Então Crusoé (S1) apontou para as peças
coloridas e em seguida para os quatro pinos prelos. Crusoé (S1) fez sinal com as duas
mãos do quo agora Sexta-feira (S3) deveria escrever as regras do jogo. Crusoé (S1)
tocou a mão de Soxta-Foira (S3) o mostrou os pinos da primeira seqüência, em soguida
mostrou todos os pinos e depois todas as seqüôncias. Sexta-foira (S3) ficou aproxima
damente sete minutos e nao respondeu a quostao. Durante osse tompo, Crusoé (S1)
apontou várias vozes para a sonha, para os pinos o para as poças das soqüôncias.
Então, o experimentador pediu para quo S3 jogasso sozinho.
Ao jogar só, Sexta-feira (S3) chega ao final do tabuleiro e não conseguiu des
vendar a sonha socrota. Diferontomonte da fábula do Skinnor (1988) Sexta-feira (S3)
não dirigiu o jipo com oficiência. A imitação no momonto da modolagem não foi suficien
te para que S3 (Sexta-feira) descrevesse as regras do jogo o jogasso com oficiência. S3
(Sexta-feira) náo sabia como jogar “no sentido quo de ele [não)fl fazia as coisas certas
no momonto certo" (Skinner, 1988, p. 1).
S#nh« U 2« 3« 4« 5« 6* V*
•piiódio •p/sódio •piiódio •pílódí o •piíódro «pííódto •pitód«o
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Figura 3 • Sequência de arranjo de peças realizada pela D3 e pelo experimentador durante n terceira
sessbo
Assim que o experimentador arranja a segunda seqüência de poças pretas e
brancas (ver Figura 3), S4 (Capitão) se mostra incapaz do agir de forma apropriada após
o recebimento de três pinos brancos como se observa no Quadro 4,
A instrução, agora do S2, passou a ser menos extensa e com respostas seme
lhantes às auto instruções ocorridas quando ostava descobrindo a rogra. Tirar apenas
uma cor foi a estratégia que produziu a descoberta das cores da senha, quando S2
(Crusoé) estava jogando. A resposta que produziu o efeito reforçador ocorrido anterior
mente passa a ser reproduzida neste momento
$2 - “Aqui a laranja, aqui a verde e aqui a vermelha, a gente só nòo tirou a azul."
S4 - "Azul"
(...)
Considerações finais
Esta pesquisa tinha ccmo objetivo analisar relações entrelaçadas envolvendo
comportamento verbal. As relações ocorridas nas três situações permitiram uma amostra
relativamente extensa de contingências entrelaçadas envolvendo tanto comportamento
verbal como não verbal.
O objotivo específico de verificar a modelagem do comportamento do resolução
de um probloma complexo permitiu encontrar detalhos importantes não explícitos na
fábula de Skinnor. Um primeiro detalho foi a utilização excessiva de autoclíticos alteran
do respostas verbais no ouvinte e produzindo estímulos pré'Correntes o auxiliares quando
a rogra emitida pelo experimentador não era possível de identificar as rolações entre os
eventos (o ostimulo discriminativo especificado pola regra não era claro). Outro detalho
importante foi o controlo que a regra exerceu sobre o comportamento do ouvinte tompo-
ralmonto distante Tal discussão parece sor importante uma voz quo Catania (1999),
Mallot o Braam (1991), Glcnn o Mistr (1992) o Roitman o Gross (1996) roportam-so a
esse fenômeno como um ostímulo condicional e não como um estímulo discriminativo
apontado por Skinner em 1969. Frente a essa discussão Skinner (1957) aborda no
capitulo Estimulação Suplementar um tópico que pareco esclarecer este impasse quando
o falante fortalece o comportamento verbal do ouvinte. No momento em que uma regra
Referências
2 v
p n
*
M m u w H o l x K l o Q m tc Ih . .J h A o Ju IIh iM . L IvIm (Im IitM m S r t t n l M w u u a h k l. C u t a o A (> | M r r x * l n A U u ty c k i
N o lo . M a r i n a F o m m h :« C w t o t m A h k II
Capítulo 27
Controle de estímulos e comportamento
verbal em deficientes auditivos: estudo
das relações entre o ouvir e o falar1
Peisy das C/iAÇAs de Souza
Raquel M elo C/olfelo
Universidade f-ederal dc Não Carlos.
íh a is Poria» de Oliveira
Universidade I cderal dc Minas C/crais.
(i â / \ Dfttay dM Graç«ad* Souzh, Raquot M«k)GoUnlo Aiih CímkIm Morrtrn Almmdti Vmdu Mwlrm P h v Ao Uutluglihl Matlt» Citdlto
BnvtUdpia. Th«i« Portou de OMvirtra
implante cocloar. Dontre essas questões destacou-se verificar sob quais condições surdos
que receberam o implante coclear aprenderiam relações auditívo-vísuaís e demonstrariam
a formação do relações de equivalência decorrentes dessa aprendizagem.
Uma seqüência de quatro estudos foi conduzida por Almeida-Verdu, Huziwara, do
Souza, de Rose, Bevilacqua, Lopes Jr., Alvos o Mcllvane (2008) e avaliou o potencial de
crianças com surdez neurossensorial que receberam o implanto coclear exibirem relações
de equivalência entre figuras e palavras ditadas pelo procedimento de emparolhamento
do acordo com o modelo. Foram estudadas dez crianças com surdez pró-llngual o quatro
com surdez pós-lingual e todas aprendoram as rolações ontre palavras ditadas o figuras
ensinadas e a maior parto dolas demonstrou a formação de classes. Nesse conjunto de
estudos foram adotados como ost/mulos sonoros tanto palavras ditadas convoncionals o
arbitrárias quanto estímulos elétricos liberados diretamente na cócloa. Ao final de cada
um dos tstudos 1, 2 o 3, nos quais foram utilizadas palavra ditadas, foram conduzidos
testes de nomeação de figuras, mas as crianças não domonstraram resultados
consistontos com os resultados obtidos nos testes de equivalência. De maneira geral, as
crianças demonstraram a mesma vocalização para as figuras que foram emparelhadas
à mesma palavra ditada, porém a vocalização não fazia correspondência ponto-a-ponto
com essa palavra, ditada na fase de ensino.
Estudos posteriores (Almeida-Verdu, Santos, de Souza o Bevilacqua, 2008;
Souza, Anastacio-Pessam, Almeida-Verdu, 2010) demonstraram que a nomeação do
figuras só soria obtida após o ensino da vocalização, a partir do procedimentos do
imitação de palavras ou ensino do comportamento ocóico. Estudos como esses, sobro
as condições que devem estar presentes para a oxpansão de repertórios de ouvir e de
falar oforocom oportunidades interessantes do so doscrover procedimentos quo
favoroçam o estaheleoimento desses repertórios
Conforme exposto, pode-se concluir de maneira geral que as aquisições do
funções vorbais em crianças com deficiência auditiva pré-lingual têm mostrado
progrossos na aquisição do comportamento de ouvinte e ganhos mais discretos quanto
ao comportamonto de falante. A presente proposta visou a apresentação do três ostudos
onvolvondo a investigação de relações de controlo do estímulos e a aquisição do
comportamonto verbal por crianças usuárias de implante coclear Como comportamento
verbal foram considerados tanto emissões com topografia oral ou expressivos (como
vocalizar e nomear, por exemplo) e aquelas emissões das chamadas respostas de
seleção ou receptivos (como apontar, por exemplo).
Sitteçio P»l*vr» Piiiui» t'riw ri (MmI* Pnlwr* N w iijk i 4* l'*l*téo (vo> h*K'(Ui
r«tjd>fiÿu'J pjtlmrapritvu iifluf»d«figura»inla
mipnMM imcr*ftM rutnça)
2 )R e c o n h e c im e n to de s en te n ça s e p ro d u ç ã o de fala
O segundo estudo planejou a expansão do ropertório do ouvinte, para além das
palavras, com participantes que já haviam aprendido discriminaçõos condicionais entre
palavras ditadas o seus referentes. Em estudos anteriores (Golfeto, 2010), cinco usuários
do implanto coclear foram submetidos ao treino do discriminações condicionais ontre
figura - palavra ditada e palavra impressa - palavra ditada e aprendoram as rolaçõos
condicionais diretamente ensinadas, apresentaram relações emorgentes: nomearam
figuras com o mosmo nomo umpregado como estimulo nodal nas tareias de discrimina
ção o relacionaram palavras impressas a figuras e vice-versa (compreensão).
O presente estudo teve como objetivo ampliar o reportório no reconhocimonto
do sentenças ditadas e na produção de fala daqueles mesmos participantes. As tarefas
programadas foram realizadas com um computador e o software MTS (Dube, 1991).
As sentenças selecionadas para o ensino eram formadas por sujoito, vorbo o
objoto o foram organizadas de acordo com três matrizes do ensino (cf. Goldstein, 1983).
POP PO»
t * ✓ cp ✓ + ✓ CP * * cp cp Cp cr ✓
» ✓ t» ✓ ✓ cp • e* . rp . rP ✓ CP
Flyuia 2 Rosultados Ilustrativos dos desempenhos gerais dos participantes nas trôs matrizes de ensino
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de est uita Jn to n » n e n » ï f íituru rnciitr
A lg u m as C o n sid e ra çõ es
O conhecimento das condições sob as quais surdos implantados pró-linguais
demonstram relações de equivalência pode contribuir para a implementação bom su
cedida de procedimentos do ensino que visam à aquisição e expansão do repertório
verbal nesta população. Apesar dos estudos na área terem apresentados progressos
significativos, ainda sâo necessárias investigações a respeito das condições necessá
rias para a aprendizagem do ouvir (com compreensão) e, sobretudo, do falar, principal
mente no que diz respeito à relação estabelecida entre estes dois repertórios verbais.
Os estudos experimentais apontaram que algumas variáveis importantes parecem estar
relacionadas a aquisição dc repertório verbal dosdo a aquisição dc reconhecimento
auditivo até a produção de sentenças, esses trabalhos adotaram o ensino sistemático
do relações auditivo-visuais o do vocalizaçõos com procedimentos dc modolagom de
controle de estímulos já comentados (p. ex. ensino por exclusão, procedimento blocado,
pistas orofaciais). O tercoiro ostudo, descritivo, rossaliou quo as manipulnçõos roaliza-
das na reabilitação auditiva procisam sor melhor planejadas a fim de garantir a eficiên
cia do ensino de novas relações entre estímulos auditivos e visuais e proporcionar a
aquisição do repertório verbal pelas crianças implantadas
Esse conjunto de trabalhos aliado a outros têm propiciado a compreensão de
algumas condições experimentais o na intervenção cm ambiente natural em que ó
demonstrada a aprendizagem relacional por crianças deficientes auditivas com experi
ência auditiva recente. Esse debate tem implicações em duas dimensões da pesquisa,
pois se por um lado se preocupa com a validação de princípios e procedimentos deriva
dos de da posquisa básica om condiçõos clínicas ou ambulatoriais (pesquisa
translacional), por outro, tem a possibilidade de desenvolver soluções efetivas para
desafios clínicos e terapêuticos e atender a demanda social permanente, com base em
critérios científicos (pesquisa aplicada).
R e fe rê n c ia s
o A O Dmay da» Graças tl* Sotua. Raqiml OoWnlo. A/m Clmidia Morolm AIiiipic Ih Vonlu. MHflrm P hvAo HaNnglItil, Wh i Ih C hoIHh
ZUO Tham Portan dm OdvWra
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S u b rn O ofiiporUttiwmln n O oyniçA o 2 7 1
um objeto que elicia respostas autonômicas, ou privado, como uma obsessào, a res
posta compulsiva retira ou adia o estímulo aversivo. Essa conseqüência (negativamen
te reforçadora - que aumenta a freqüência da resposta pela retirada de estímulo aversivo
(Catania, 1999)) garante a seleção e manutenção da resposta compulsiva em situa
ções semelhantes 1 1 0 futuro.
Assim, de acordo com a Análise do Comportamento as compulsões podem
sor ontendidas como respostas de fuga ou esquiva. O indivíduo, na presença do um
estimulo ansiogônico, realiza as compulsões e experimenta a redução da ansiedade,
conseqüente à retirada da estimulação ansiogônica.
O procedimento de exposição com prevenção de respostas lida com uma con-
tingência específica, a quo rosulta na consequência de alívio pela retirada do estímulo
aversivo por meio da realização da compulsão, e não com outras contingências com
variáveis importantes na manutenção dos sintomas (Banaco, 1999). No caso de popu-
lações mais complexas, com maior gravidade ou com duração longa do transtorno
essa intervenção podo nâo ser suficiente para um devido tratamento do caso.
S o l x n C on i| x *tM T w n t» a C o y n içfk ) 2 7 3
Alguns relatos indicaram que a piora do caso resultou em aproximação do
irmâo e pai:
Irmão - "Aí um pouco mais tarde, o meu pai, quando ele viu que a situação já era mais,
mais sôria mesmo, elo começou a se envolver... O meu pai também cobrou dele ter
uma participação maior, do meu irmão, eu também, entõo assim nos últimos dois anos
a gonto tentou ser mais família mesmo..."
Torapeuta - ‘Vocôs investiram mais. Ele melhorou com oste investimento de vocôs?"
Irmão - "Então, ô, não dá pra dizer uma melhora..."
Pai - "Eu comecei a perceber que o A. tava numa situação quo não era frescura, que ele
tava numa decadência acentuada, eu comecei a querer fazer tudo o que eu não fiz uma
vida, num dia só, e eu comecei a entrar em parafuso também porque eu queria na
marra arrumar ele... eu passei eu dar banho nele... ai no banho, eu pegava e lavava ele
todo... a parto intima ou Invava também"
Pai - "Mas ele ô doente, e eu não sou... Então eu comecei a ter quo participar, só que eu
comecei a participar com tudo, esse meu com tudo, talvez prejudicou em vez de ajudar...''
É possível quo a conseqüência de receber atenção do pai e do irmão tenha
passado a reforçar cada vez mais os comportamentos obsessivos compulsivos graves.
Além disso, observou-se que desde a aproximação, principalmente do pai, os sintomas
se mantiveram extremamente graves:
Pai - "...ele ficava 14, 15 horas sem urinar, ele ficava segurando, e passando a mão na
bexiga, o andando pra ver se passava a dor, o ai eu convencia ele a urinar numa garrafa
porque ele tinha medo de urinar sair fora da bacia, então ele urinava na garrafa, eu
falava 'a garrafa vocô põe o pipi dontro', mas não sc convoncia..."
Com isto, alem das funçõos anteriores de retirar a estimulação avorsiva e de
receber atenção da mão, o comportamento adquiriu uma nova função: receber atenção
do pai.
Outras falas dos familiares passam a indicar que alóm dos comportamentos
obsessivo-compulsivos, os relatos do cliente a respeito de seu estado também pas
sam a adquirir uma nova função...
Irmão - “...ele jé pensou em suicídio, om se suicidar nó, coisas do tipo, então tem uma
hora que você tem que parar... Eu comecei a ver de alguma forma ou tinha quo participar
mais da família, me cobrava até ficar mais com meus pais..."
Pai - (falando como se fosse o filho) - "porque ou tô onlouquecendo, que as manias tão
se avolumando, que é melhor o suicídio'. Ele até chegou pra mae e falou: ' olha, se um
dia ou fizor alguma coisa, vocôs me perdoam, não soi o quo..."
Mãe - “Ele ficava todo dia falando pra mim 'mãe, se amanhã você acordar o eu tiver feito
uma besteira você me perdoa?' então, assim... Eu ficava praticamente três noites sem
dormir, ficando com ele... Eu estava cansadíssima "
A partir destas descrições das falas do cliente e das conseqüências ambientais
resultantes das mesmas (aproximação e atenção de todos os membros da familia) foi
possível identificar que os comportamentos obsessivos compulsivos e os relatos a
respeito do sofrimonto poderiam ser considerados mandos disfarçados de tatos. En
quanto o talo ó uma resposta verbal discriminada quo nomeia ou referencia um estímu
lo presente, o mando é uma resposta verbal que especifica seu reforçador (Catania,
1999). Ao longo da vida, é possível quo certas rospostas que apenas descreviam um
ostado ou estímulo, como é o caso do rolato a respeito dos sintomas o dos evontos
2 7 4 M / in J a M M o lU i, C r l a l i n n E k i l o l l o S l l v t t . C a r o liiiM V h K h io
privados que o acompanham, sejam seguidos por alterações no ambiente o, mais
especificamento, por um comportamonto do um ouvinto que pode executar comporta
mentos quo rosultnm em reforçamento social ou esquiva para quem emitiu o tato
Nesto caso, como o sujeito ó sensível às conseqüências de seu comportamento, ó
possível que as descrições dos estados privados o dos comportamentos adquiram
uma nova função mediada por um ouvinto. Assim, embora a topografia doscrcva ape
nas o solrimonto relativo ao transtorno, essa resposta passa a ter a função de produzir
reforçamento positivo ou esquiva a partir da mediação do ouvinto
Noste caso, mais especificamonto, os comportamontos verbais do cliente pas
saram a exercer também uma função de comando no ambiente Isto porque o compor
tamento verbal do clionte descrevendo seus sintomas e seus evontos privados além do
especificar do forma implícita um reforço (a presença das pessoas), também ostabelo-
cia uma situaçao aversiva para os ouvintes (possibilidade do se suicidar), da qual os
mesmos só podiam escapar ao proporcionar a mediação apropriada (Skinnor, 1953).
Com isto, o comportamento da família passa a ficar sob controle de uma nova
contingência aversiva: diante da ameaça, se a família permanecesse presente e dando
atenção ao cliente, haveria a reduçào momentânea da ameaça.
S o t x » C o in p o rtH m o n U ) h C o u h k ^ o 2 7 5
Nestes casos, a primeira intervenção seria auxiliar o cliento a identificar a real
conseqüência (para a tríplice contingência de alivio proporcionada pelos rituais) de
seus comportamentos obsessivos compulsivos: que ao executar a compulsão elo con
segue fugir momentaneamente do pensamento ou sensação que o incomoda, mas
quo esta resposta pouco ou nada altera o real risco de que certas coisas aconteçam ou
doixom dc acontecer.
Os comportamentos emitidos acabam nâo exercendo nonhum controle con-
croto sobre o conteúdo das obsessões (se o paciente tem medo do morrer, executar o
ritual nào impede que ele morra um dia), o o único controle exercido é sobre os evento9
privados, como a diminuição da ansiedade ou do incômodo sentidos. A discriminação
entre o fato do cliente estar fugindo do pensamento quo ostá presonte e lhe ó aversivo
e nâo se esquivando do conteúdo do pensamento, ó fundamental pra que ele possa
enfrentar o tratamento. O treino discriminativo ou a investigação do grau de discrimina
ção sào etapas fundamentais do tratamento.
Com isto, o comportamento do cliente podo passar a ficar sob controle dc uma
nova regra e não mais sob controle de um osquema no qual, embora a ansiedade
diminua momentaneamente, o medo e o incômodo costumam voltar, uma vez que o
comportamonto apenas adia o contato com o estimulo ansiogénico.
A partir disto, 6 possível introduzir a exposição com prevenção de respostas
para que o paciente passe a entrar em contato com o estímulo ansiogénico, estimulan
do a habituação aos estímulos aversivos, e a extinção dos comportamentos autonômicos,
que eram inicialmente eliciados pelo mosmo. Assim, as respostas do enfrentamento
passam a ser reforçadas diferencialmento, o isto pode ser feito a partir de modelagem
(reforçamento de aproximações sucessivas de uma resposta desejada) ou via
modelação (a partir do modelo dado pelo próprio terapeuta).
Paralolamente, o terapouta deve analisar se os comportamentos também são
reforçados positivamente e, nestes casos, promover novos repertórios sociais para
obtenção de atenção a partir também de modelagem e reforçamento diferencial.
Este costuma ser o tratamento usual para os casos de TOC. No entanto, como
já falamos inicialmente, om alguns casos do maior gravidade os comportamentos
passam a adquirir também a função de mando o comando e necessitam intervenções
mais apropriadas para as contingências vigentes. Entre este grupo de clientes é muito
comum a recusa ao tratamento e a procura por um liatamento costuma ser feita princi
palmente pela família. Durante a terapia, o cliente executa rituais praticamente o tempo
todo e costuma também relatar danos ou ameaças a si mesmo ou a outros, incluindo o
terapeuta.
Nostos casos, o terapouta, ao invés de se concentrar nos sintomas do TOC
propriamente dito, deve se concentrar na identificação do variáveis de controle que de
alguma forma reforçam a emissão de mandos. É importante lembrar que um procedi-
monto dc oxtinçâo ocorro quando a resposta não produz a consequência quo antos a
mantinha. Neste caso, significa dizor que a família procisaria alterar o tipo do rcaçâo
que ocorria até então, deixando de dar atenção às comunicações sobre TOC por parte
do paciente. Para isto, é importante sinalizar, por meio do conteúdo das falas, que o
terapouta não so deixa afetar pelas ameaças do clicnto. Ou soja, om uma dctorminadfl
situação (diante do terapeuta) retira-se a conseqüência do ouvinte de ficar sob controle
da ameaça. A postura do terapeuta deve ser a de não se chocar com as ameaças, de
não ficar sob controle de uma urgência de tratamento e, principalmento, de não prome
ter cura. Ao contrário, há uma naturalidade ao informar que alguns casos náo se modi
ficam ou mesmo sào fatais.
CkxnpoilHMWMto o CagniçAo 2 7 7
Conclusão
Os comportamontos obsossivos compulsivos podcni apresentar divorsas fun
ções. bmbora a exposição com provençáo do respostas seja, segundo a psiquiatria, a
intervenção psicoterápica de primeira linha para o TOC, ela apenas lida com uma deter
minada função destes comportamentos. O terapeuta anafítico-comportamontal, a partir
da análise funcional ou de contingências, deve identificar todas as possíveis funções do
comportamento e com isto planejar as intervenções necessárias que podem abranger
a aquisição de repertórios mais sofisticados sociais o de resolução de problemas. No
entanto, os relatos dos sintomas podom também adquirir funções de mando e coman
do alterando o ambiento quo passa a mediar o reforço. Para estes casos, a intorvonção
deve ser a de extinguir o comportamento de mando a partir da não mediação do reforço
o a do orientar a familia (ambiento alóm da terapia) a tambóm não mediar o roforço.
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S o b r e Coni|)OítrtiiwinU> o C o y n k ^ o 2 8 1
ação de construir. Esse outro, por sua vez, exerce controle sobre o “material bruto". Esso
controlo ó o quo produz o que se poderia chamar de "o lapidado" ou "o construído".
A definição de Catania (1900), por expor a etimologia do termo autoclítico, tam-
bóm ajuda na compreensão do conceito. Segundo o autor, o termo tom origem groga
om autos (eu) e klit- (inclinar-se sobre) e ó um tato das relações ontro comportamentos
verbais do próprio falante que apontam funções relevantes para procossos
comportamentais complexos (chamados de "cognitivos" no mentalismo) tais como a
criatividade verbal e o pensamento. Por serem relações entro relações quo goram
outras rolaçõos (o "vorbal sobre o verbal”, resumido por Sundborg, 2004), M os procossos
autoclíticos sâo centrais na análise do comportamento verbal” (Catania, 1980, p 175) e
na análise de toda a sofisticação da linguagem humana, incluindo o humor verbal
(Hubnor, Miguel & Michael, 2005) e a ironia.
Para compreondor tal importância, a definição apresentada pelo autor mencio
na as "duas contingências" contidas na definição de Sundberg (2004): uma contém o
"matorial bruto" (por exemplo, no tato, que ó a relação entre um estímulo discriminativo
não verbal, uma resposta verbal e uma conseqüência reforçadora generalizada) e a
outra contém os controles para o "material lapidado" que apresenta unidades lexicais
ou não loxicais (ou seja, que não podo ser posto em palavras) acopladas ao material
bruto, transformando sua função (por exemplo, quando as palavras a, esto, um, vejo,
acho ou a inflexão são emitidos junto com o tato).
Os controles em vigor no procosso autoclítico são, em geral, propriedades do
operante básico ou do comportamonto do ouvinto quo, como estímulo discriminativo,
controlam a produção do autoclítico. Assim, o estímulo discriminativo para essa relação
verbal superior pode ser: (1) o tipo do oporante, (2) a intensidade do operante, (3) as
rolaçõos do operante com outros oventos ambientais, (4) as operações de motivação
que atuam sobro o filanto, (5) a avorsividade do operante para o ouvinte, (6) as relações
do oporanto com o falante e os planos dele para com o ouvinte, (7) a qualidade do
oporante, (8) a aversividado da direção do comportamento do ouvinte, (9) a quantidade
do oporante, (10) as relações do operante com outros operantes e (11) a composição
ostrutural ontro operantes. Tais diferenças vão gerar sub-tipos de autoclíticos, como
veremos a seguir
AUTOCLlTICOS
S n b r a (io m p o rtm im n k i o C o y n iç á o 2 8 3
Descritivo do tipo Descrever ao ouvinte a Eu fico feliz em dizer
IV condição emocional ou Eu sinto informar
motivacional do falante ao Fu lamenfo
Está sob controlo emitir o operante básico. Eu odeio admitir
das operações de
motivação o
emoçào que
afetam a omissão
do operanto
básico.
Entre
Relacional Aumentar a probabilidade
Com
Está sob controlo do ouvinte se comportar de
Sob
das propriodados um modo particular, de
De
relacionais entre os acordo com a descrição de
* Inclui unidades gramaticais de
operantes básicos. relações entre operantes preposições e de concordância
básicos. verbal e nominal
Conclusão
Autoclítico ô uma rolação vorbal secundária cuja ocorrência dopondo do uma
rolação verbal primária. Esta dependência explica porque não se omite tal relação
sozinha (se4 embora, a, -dade, psico-, etc.); se emitidas sozinhas, certas unidades
sompre impelem o ouvinte a emitir o complemento que indicará a “compreensão"
dosto (por exemplo, o talvez, que se segue á pergunta você irô?). Ou seja, sem uma
resposta de um operante verbal básico ou primário, não ocorrerá um processo autoclítico.
Referências
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S o l ) (H ln n lM ^ lo <k) P r o f D f JoAo J u l l a n l • P ro f M » M a r« )« R o b n rto G a r r ia
S o b r e C o m p o rta m e n to o C o y n t ç io V H V
simultaneamente, e o esquema de modelagem não garantiu um controle discriminativo
preciso das duas contingências.
No segundo experimento a história de controle do esquema sobre a taxa de
resposta foi eliminada. Na primeira parte do experimento, os participantes deveriam
responder alternadamente entre pressão e descrição em ambas as chaves, sendo que
qualquer resposta do pressão ao botão era consequenciada com 13 pontos e as res
postas de descrição eram modeladas na chave A "muito devagar" e na chave K, “rápido".
Na segunda parte do experimento, o computador pagava os pontos para taxas de pres
são de forma randômica e a contingência de descrição ora dada por instrução verbal
através computador.
Os resultados sugeriram que, quando as respostas de pressão eram
consequenciadas com a mesma pontuação e a resposta verbal modelada, ocorria uma
variação temporária na taxa de resposta tendendo a alterar no sentido da descrição
modelada. Quando a apresentação do pontos para taxa ocorria do forma randômica e a
descrição verbal foi instruida, havia variabilidade no que diz respeito aos resultados dos
participantes.
Torgrud e Holborn (1990) discutiram os resultados em termos do controle
discriminativo relativo aos esquemas usados. Segundo as autoras, quanto mais preci
so for o controlo discriminativo pelo esquema, menos sofrorá interferência de outras
variáveis prosentes no esquema múltiplo
A partir das conclusões dos estudos de Catania e cols(1982) e Torgrud e
Holborn (1990), Amorim e Andery (2001) replicaram os experimentos para averiguar sob
quais condições a correspondência ou não entre o dizer e o fazer deveriam ser espera
das. As autoras levantaram como questão se as diforonças entre os participantes, no
quo dizia rospoito ao contiole de uma resposta verbal sobre a não verbal e vice o versa,
poderiam ser minimizadas caso houvesse um controle da história experimental.
Amorim e Andery (2001), concluíram que respostas verbais descritivas podem,
de fato, controlar respostas não verbais e vice e versa, sob arranjos específicos de
contingências, E que as relações de controle observadas, além de estarem sob arran
jos específicos de contingências, ainda são relações fracas. Também a mera exposi
ção do participante a esquemas múltiplos VI ou VR náo é suficiente para produzir contro
le discriminativo sobre as taxas de pressão (diferentemente do que foi afirmado por
Catania e cols., 1982), assim, a diferenciação, por meio da modelagem, teria sido um
requisito fundamental para os resultados obtidos no estudo.
Os resultados dos experimentos de Amorim e Andery (2001) tenderam a uma
relação de controle mais estável do comportamento de pressão sobre a descrição do
que o inverso, porém as autoras colocaram como um dado a ser analisado, pois as
manipulações de variáveis sempre ocorreram na seqüência "pontos para taxa" (operante
não vorbal) - "pontos para descrição" (operante verbal). Questiona-se se os dados
sofreriam alteração no que diz respeito à estabilidade do controle caso a manipulação
experimental ocorresse de forma inversa.
O presente trabalho foi fundamentado nos estudos de Torgrud e Holborn (1990)
e Amorim e Andery (2001) sobre interações entre comportamento verbal e não verbal, e
buscou-se avaliar o efeito de um treino de descrição de contingências sobre um de
sempenho operante em uma fase toste subseqüente. A pesquisa teve por objetivo
verificar o efeito do fortalecimento da correspondência entre descrição do desempenho
e cores sobre o comportamento operante, em esquema múltiplo.
Mótodo
Participantes
Participaram da pesquisa dez alunos; sendo 7 do sexo feminino e 3 do sexo
masculino; com idades entre 18 e 25 anos; matriculados no primeiro ano de graduação
em uma instituição de ensino particular. A participação no experimento foi voluntária. Os
critérios do inclusão/exclusão utilizados foram: (a) não possuir história experimental na
área; (b) 1er disponibilidade de horários, (c) atingir 100% de acerto em um dos três
blocos de tentativas do treino de Matching-to-samplo (Etapa 1); (d) e rolatar que não
apresentava nenhum tipo de lesão por esforço repetitivo, que o impedisso do usar por
um período prolongado o mouse do computador. Os selecionados a participar da pes
quisa assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido no qual constava às
condições gerais de participação, a estimativa de duração do experimento e os
reforçadores empregados.
Locai
O estudo foi conduzido no Laboratório de Psicologia ExDorimentnl e Comporta
mento Humano. O ambiente físico no qual os dados foram colotados consistiu de duas
salas paralelas, separadas por parede com porta e espelho unidirecional. Na sala em
que os participantes fizeram os treinos das Etapas 3 e 4 havia um armário, uma mesa
com computador, um ventilador posicionado acima da mesa e duas cadoiras. Na sala ao
lado, ondo foram feitos os troinos e testes das Etapas 1 o 2, havia uma mesa com duas
cadeiras e um ventilador. O participante se sentava atrás da mesa e o pesquisador
posicionado a sua frente. Em ambas as salas havia iluminação com luz natural e artificial.
Durante as sessões de Treino de Discriminação Condicional (matching-to -
sample) e de Avaliação do Operante Verbal a pesquisadora permaneceu sentada em
frente ao participante a fim de manusear as pastas-catálogo, dar às instruções da tarefa
e consequeciar as respostas do participante. Na Avaliação do Operante não Verbal e no
Treino de Diferenciação de Taxas de Respostas, o participante posicionou-se em fronte
ao computador (monitor e mouse) tondo na sala um ventilador na parede de frete ao
candidato, logo acima dele.
Materiais e Equipamentos
Para a coleta de dados, foi utilizado o Software PROGREF (Banaco e Costa
(2002)), que:
"permito a programação de esquemas de reforço simples ou comploxos (misto ou
múltiplo). Nos esquemas simples um de nove esquemas do reforço pode ser utiliza
i-ompiaia ak i m n i|ua »•
da forma
torma
Procedimento
“Esta figura aqui em cima, um retângulo de cor (x), è um modelo. Estas trôs
palavras aqui em baixo sôo para vocô comparar e relacionar com o modelo. Vocô
doverá apontar com o dedo a alternativa que vocô acha que se rolaciona com o modelo,
se vocô escolher a alternativa considerada correta, eu vou informà-lo do acerto e vocô
receberá um ponto que será anotado nesta folha de resposta. Se vocô escolher a
resposta errada, vocô será informado, mas não ganhará pontos ".
Foi realizado um treino de discriminação condicional, (A-B), de escolha do
acordo com o modelo (Matching-to-Sample ), caracterizado pela apresentação de um
"Nessa folha vocô terá três frases relacionadas com a atividade que vocô fez
anteriormente Agora vocô deverá completar cada uma dessas trôs frases".
W 4 V'nacitu r omtirn do Carvalho K wum iola, JoA o Jiiliaru, M arco s R oberto Gurun
com o mouse no retângulo de cores iguais às treinadas na Etapa 1. As cores do retângulo
do operandum se alternavam e o esquema de reforçamento permanecia o mesmo ao
longo de toda a sessão. Um esquema de reforçamento de intervalo variável (VI) 5 se
gundos estava em vigor em todos os estímulos (retângulos de cores diferentes). O
participante recebia quantidades semelhantes do pontos para qualquer taxa de respos
ta independonte da cor do retângulo. As respostas foram registradas no sistema e os
pontos apareciam num contador no canto superior da tela.
Cada estimulo (retângulo colorido) permanecia na tola durante 2 minutos. Ao
término do tempo, aparecia uma mensagem automática no computador avisando que
a sessão havia terminado o que o participante deveria chamar o experimentador. Após
os 2 minutos de contato com o estimulo, o experimentador pedia ao participante para
aguardar na sala ao lado e programava o sistema para mais 2 minutos de aparição do
próximo estímulo. Ao final dos trôs estímulos, o experimentador reprogramava o siste
ma e convidava o participante para a próxima parte do treino.
R elaçA eo a p re s e n ta d a s no T re in o de E s q u e m a d e R e fo rç o e m p re o « d o e m
Diferenciaçflo das Taxas de Respostas - relação
Etapa 3
A1/B3 DRL 5s
A2/B2 Vi 5s
A3/B1 VR 30s
Resultados
A Tabela 1 apresenta a porcentagem de acertos dos participantes em cada um
dos trôs blocos de treino de correspondência entre cores (vermelho, azul e amarelo) e
descrição de desempenho (muito rápido, médio e muito devagar). Todos os 10 partici
pantes passaram pelos 3 blocos de treino, sendo que os participantes S3, S4, S5, S6,
S8 e S10 atingiram, no segundo bloco, o critério de 100% de acerto em um dos blocos
de treino. Os participantes S1, S2, S7 e S9 atingiram o critério de 100% de acerto após
passarem por dois blocos de treino.
D iscu ssão
Pode-se concluir que o treino de emparelhamento com o modelo exerceu o
efeito de controlar o responder para seis dos dez participantes da pesquisa. Isso foi
observado pela freqüência do pressão ao mouse no esquema de intervalo variável (VI
5s) que foi coerente com a descrição de contingências treinada anteriormente. Esses
participantes, S2, S5, S6, S8, S9 e S10, responderam de forma a generalizar as relações
treinadas nas pastas e as frases preenchidas (desemponho verbal) para as atividades
no computador (desempenho não verbal) Corroborando os resultados de Amorim e
Andory (2001), que concluíram que respostas verbais descritivas podem de fato contro
lar respostas não verbais e vice e versa, sob arranjos específicos de contingências.
Para 4 dos 10 participantes, S1, S3, S4 e S7, o treino de Matching-to-Sample
não exerceu o efeito de controlar o respondor do operante não verbal. Uma hipótese
para o ocorrido ó o reforço utilizado - pontosynão estavam sob controle dos pontos
recebidos nas etapas realizadas no computador, pois o fato do perdorem pontos não fez
com que alterassem a sua freqüência de respostas. Outra hipótese levantada foi o
tempo de exposição á contingência no computador. Os participantes entraram em contato
com cada estímulo colorido por 6 minutos ao longo das Etapas 3 e 4 e isso pareceu ser
um tompo curto. Talvez com um tempo de exposição maior, participantes como S4, S6,
S8 e S9 poderiam discriminar a contingência, uma vez que há indicios de alteração da
freqüência de respostas ao longo das etapas, mas não o suficiente para atenderem ao
critério proposto e ganharem pontos.
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Análise Experimental
do Comportamento
Capítulo 31
Relação entre controle aversivo e
variabilidade comportamental: análise
geral e um estudo preliminar.
C/tauce Carolina Vieira dos Santos
Universidade dc S<lo Paulo (USP)
&jtin)Cuiri|x*1iNnan(naC<>bniçAo 303
considerada a distribuição das respostas de focinhar. Em comparação com o nivel
operante, a distribuição de respostas na condição de extinção teve maior dispersão do
que na condição de CRF.
Essa relação entre suspensão do roforço e aumento na variabilidado
comportamental foi confirmada em estudos posteriores com diferentes dimensões do
comportamento, tais como força (Notterman, 1959) e duração (Marguiles, 1961) da res
posta de pressão à barra. Também foi considerada como subproduto ou produto indireto
de contingências a variabilidade resultante de esquemas Intermitentes de reforçamento
(Eckermari & Lanson, 1969; Eckerman & Vreeland, 1973; Schoenfeld, 1968; Stebbins &
Lanson, 1962; Zimmerman, 1960). Como esses esquemas envolvem períodos de
extinção, é possível analisar tais resultados como parte de um mesmo processo de
indução da variabilidade pela descontinuidade do reforço (Schoenfeld, 1968).
Com relação às pesquisas que investigam a variabilidade como produto direto
de contingências de reforçamento, a liberação do reforço é contingente não apenas à
emissão da resposta como também á sua ocorrência com um padrão definido como
variável. Os estudos iniciais nessa linha tiveram como desafio identificar se o reforço
poderia selecionar a variação do comportamento. Essa questão parecia de crucial im
portância; se o reforçamento diferencial torna mais provável a emissão das classes de
respostas semelhantes àquela que produziu o reforço e diminui a ocorrência de outras
classes quo não satisfazem os critérios de reforçamento (ou seja, reduz a variabilidade
comportamental), seria possivel esperar quo o reforço, contingente a padrões variáveis
pudesse aumentar a variação?
A pergunta, aparentemente, parecia um paradoxo, mas mereceu atenção expe
rimental por ter uma importância teórica o prática muito grande: se a variabilidade é
condição que aumenta as chances de adaptação dos organismos, será que o ambien
to não pode selecionar (por conseqüênciação) padrões variáveis de comportamento?
Em outras palavras, tiveram vantagens ao longo da seleção natural (e por isso sobrevi
veram) os organismos sensiveis a contingências que os ensinassem a variar? Para
responder a essa questão, foram propostos procedimentos que exigiam a variação
como critério para reforçamento. Como nem sempre o sujeito atendia ao critério de
variar, inevitavelmente esses procedimentos produziam reforço intermitente, o que leva
va à interpretação de que a variabilidade identificada poderia ser induzida pela mera
descontinuidade do mesmo. Assim, apesar da publicação de trabalhos de grande re
percussão quo sugeriram o controle operanto da variabilidade comportamontal (Pryor,
Haag & O'Reilly, 1969), essa questào ficou sem uma resposta convincente por muitos
anos. Alguns pesquisadores chegaram a afirmar que a variabilidade do comportamen
to não poderia ser produto direto de reforçamento diferencial (Schwartz, 1980; 1982).
Essa questão teórica passou a ser mais satisfatoriamente respondida a partir
de uma mudança metodológica proposta por Page e Neuringer (1985). Com um deline
amento aparentemente simples, denominado 'acoplado' (yoked), os animais foram
inicialmente expostos ao reforçamento contingente à variação e, tendo instalado esse
padrão comportamental, submetidos a uma segunda fase na qual recebiam a mesma
intermitência de reforçamento da fase anterior, porém sem a exigência de variar (contin
gente apenas à emissão da rosposta). Se, na condição de acoplamento os altos níveis
de variabilidade se mantivessem como na fase de reforçamento diferencial, esse dado
fortaleceria a interpretação de que os padrões variáveis da primeira fase eram induzi
dos pela intermitência do reforço. Se, ao contrário, os níveis de variabilidade fossem
reduzidos na fase de acoplamento, isso fortaleceria a interpretação de que a variabilida
de obtida na fase anterior era reforçada Os resultados indicaram que a variabilidade do
comportamento só era mantida em altos níveis quando exigida para liberação do refor
304 Glnuc« Carolina Viatra d o * San to«, Marta M attna Lotto I kicizéiet
ço, não bastando para manté-la somente a sua intermitência. Em experimentos
subsoqüentes, Page e Neuringer ainda demonstraram que os níveis de variabilidade
tinham relação direta com os niveis de variação exigidos pela contingência e ficavam
sob controle de estímulos. Por meio desses resultados, os autores sugeriram essa
variabilidade como operante.
O trabalho de Page e Neuringer (1985) foi 'um divisor do águas' no estudo da
variabilidade como produto direto do reforçamento, sendo a demonstração do controlo
operante da variação do comportamento replicada em diferentes laboratórios (Machado,
1989; Hunziker, Caramori, Silva & Barba, 1998; Stokes, Mechner& Balsam, 1999; Cruvlnel,
2002; Abreu-Rodrigues, Souza & Moreira, 2007), com diferentes sujeitos (Neuringer, 1986;
Neuringer & Huntley, 1991; Caldeira, 2009), e com diferentes esquemas de reforçamento
(Barba & Hunziker, 2002; Machado, 1992; Yamada & Hunziker, 2009).
As implicações dessa demonstração experimental extrapolam o âmbito da
pesquisa básica. Além da importância teórico-filosófica de se demonstrar que o reforço
pode aumentar a variabilidade comportamental, ó possível relacionar esses dados
com diversas áreas de aplicação, tais como educação ou clínica. Por exemplo, o maior
conhecimento sobre fatores que alteram a variabilidade do comportamento pode contri
buir para o tratamento de indivíduos que apresentam repertórios comportarnentais
esteriotipados ou excessivamente variáveis, bem como para análise e incromento da
criatividade, tão desejada em diversas áreas da atuação humana (Carvalho Neto &
Barbosa, 2009; Neuringer, 2002; 2009).
A despeito da sua enorme importância para a compreensão do comportamen
to, o estudo da variabilidade operante tem ficado circunscrito ao uso de contingências
de reforçamento positivo. As interferências ou influências de contingências aversivas
sobre a instalação e manutenção da variabilidade comportamental têm sido pouco
exploradas. A noção de que variabilidade comportamental é incompatível com controle
aversivo (Sidman, 1989) predomina dentre os analistas do comportamento, mesmo na
ausência de análises mais rigorosas sobre as relações entre contingências aversivas
e a variação do rosponder.
Alguns dados recentemente produzidos colocam em dúvida a destacada in
compatibilidade entre contingências aversivas e variabilidade comportamental. Pelo
menos três trabalhos experimentais buscaram identificar como contingências aversivas,
isoladas ou concorrentes com reforçamento positivo, interferem na variabilidade operante.
Os resultados obtidos parecem um ponto de partida significativo o destacam a neces
sidade de produção de novos dados sobre essas interferências.
No primeiro deles, Hunziker, Manfré, Yamada e Azevedo (2006) investigaram se
uma história de exposição a eventos aversivos controláveis e incontroláveis poderia
interferir na aprendizagem de comportamentos com padrões de variação ou de repeti
ção. Ratos foram divididos em três grupos e, numa primeira etapa, submetidos a con
dições experimentais diferentes: 1) 60 choques controláveis; 2) 60 choques incontroláveis
(de mesma duração dos anteriores e 3) nenhum choque. Em seguida, os grupos foram
divididos em dois, sendo metade de cada um exposta ao reforçamento positivo de
variabilidade, e a outra ao reforçamento positivo de repetição. Tanto variabilidade quanto
repetição foram analisadas sobro seqüências de quatro respostas de pressão a uma
dentre duas barras disponíveis (direita - D e esquerda - E). Nessa condição, as diferen
ças na distribuição de D e E dentro de cada seqüência, comparativamente às seqüências
anteriores, caracterizavam variação ou repetição do comportamento'. Na condição de
variabilidade operante, foi utilizado o esquema de reforçamento em LAG4, no qual, para
1 Hxnmplo do MHiuAnclwi drfnnndo «mtro M, riadM m 16 uoniMnavtet puMlvate entro D • E' FEDE, EEEE, DEED, DEDE, *tc.
40
•ujolto 1 aujalto 2
7 8 8 10 11 12 13 14 IS IS 1 n u i r I I 1011121114151817181820
SM«0M _________ ______________
Figura 1. Resposta por minuto dos sujeitos submetidos à contingência LAG4+choque (0,6mA/
0,4a e 0,4mA/0,4s), após a etapa de treino(esquerda) e após 14 sessões de LAG4 sem
choque (direita).
Em ambos os casos, houve redução quase total da freqüência do pressão às*
barras, o que indicou serem esses parâmetros de choque pouco adequados aos objetivos í
do experimento. Mesmo no grupo no qual os animais inicialmente aprenderam a variar i
apenas com reforço positivo (LAG4), mantendo a média de 30 resp/min., a adição poste* i
rior da punição com choques de 0,6mA e 0,4mA reduziu quase que totalmente a emissão \
das rçspostas de pressão à barra. No grupo que foi submetido diretamente ao i
LAG4+choque, a freqüência de pressão à barra ficou desde o início, próxima a zeroj
mesmo com a redução da duração do choque de 0,4s para 0,2s. Esses dados confirma
ram a literatura no que diz respeito à redução das respostas em função da liberação de
1t t t u é mu indica u«lNll*lK X)(|un quantlRc* o* nlvo» da vwuibttdiKlu. dunlro do um continuado valoitra HlxtoluluB unir« 0,0 o 1,0: quanto mukM
o indico U, f it u lu r u vurtubUldado Awwn. a vartaçAo máxim« torta U* 1.0 o a auaAncla total de vartaçâo (ropotlçAo) torta U*0.0
H fum i W«>— p * mnM, téon* U» )»mnH |iW m nloifm*w+i 4ot iy tim><w 4 IAÜ4. m i cftoo*« (—ou»»*«)t
> M lw I W m m w * • O.imAIC It {«wit).
seqüências que nào atenderam aos critérios de variação não foram consequenciadas,
caracterizando um procedimento de extinção. Especificamente, o procedimento do LAG4
utilizado estabelecia que se a seqüência atendesse ao critério do esquema, em refor
çada, o se não atendesse, nada acontecia na caixa experimental.
Importante destacar que nào era fornecida nenhuma sinalização (foedback) ao
término das seqüências, o que caracteriza esse procedimento corno operante livre. Ao
contrário da literatura que relata Indices baixos de variabilidade comportamental na
condição do operante livre em contingências de LAG-n (Morris, 1987; 1989), aqui foi
obtido desempenho variável consistente ao longo das 10 sessões. Já no grupo
LAG4+choque, no qual todas as seqüências foram seguidas de algum tipo de conseqü
ência, reforçadora positiva ou punitiva, houve maior variação no desempenho intragrupo
e valores U menores do que os obtidos no grupo LAG4. Esses dados possibilitarão,
futuramente, uma análise comparativa mais detalhada entre os procedimentos de
extinção e de punição no arranjo experimental proposto.
Vale lembrar que essa é uma etapa preliminar do estudo citado. Novos dados
estão em fase de colota, incluindo a liberação de choques sobro um repertório variável já
instalado (LAG4 - LAG4+choque - LAG4) e de choques contingentes ao responder, po
rém sem a exigência de variação (acoplados ao grupo anterior), que permitirão comparar
os efeitos dos choques não contingentes com os contingentes a não variação. Mesmo
sendo uma etapa preliminar da pesquisa propriamente dita, os dados aqui apresentados
mostram que, em conjunto com aqueles produzidos Hunziker et al. (2006), Samelo (2008),
Cassado (2009), sugerem um campo promissor de exploração experimental das rela
ções entre controle aversivo e contingências que envolvem a variabilidade comportamental.
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Wlllluiim pelo purtlclpuntn da ptraqutai E malte do co«Te«pondéocta do autor pdncyxil nmin«:>i/rt)hiitiiiml u m e matua.24riJ)liMiu.min.bt
3 I4 Doniul Curvnlho de Maio* MmIh AiimUm Pie Alxü AiKlixy, Anrui (Umtriz Mui«' Uuetroz, Ctodyi WüHarm
treinos discriminativos simples simultâneos, envolvendo letras (S+) e inversões (S-).
No pré-treino, cores foram estabelecidas como estímulos discriminativos (S+)
ou como (S-). No treino, os estímulos cores foram sobrepostos a estímulos novos
(letras e suas inversões) e ossa sobreposição foi atrasada a cada tontativa bem suce
dida até que os participantes escolhessem sistematicamente o novo S+ (letras) antos
da sobreposição da cor (dica). Após o treino, foi feito um pós-teste semelhante ao pró-
teste em MTS (Matching to Samplo) de identidade e um toste de matching arbitrário
envolvendo as letras treinadas, suas inversões e as cores como estímulos modelo e
comparação, para verificar a possível formação de classes de estímulos.
Os resultados dos pós-testes de MTS de identidade indicaram que, para vários
participantes, o treino de discriminação simples não foi suficiente para garantir um
desempenho que sugerisse o estabelecimento de relações condicionais na situação
de MTS. Finalmente, de um modo geral, o desempenho dos participantes foi melhor
quando os estímulos foram as letras maiúsculas.
Reiterando que os efeitos do treino discriminativo foram avaliados a partir dos
resultados obtidos da aplicação de testes em MTS (matching to sample) de relações de
identidade e arbitrária e a possível formação de classes de estímulos, é importante
fazer alguns comentários. Classes do estímulos também podem ser formadas por
relações arbitrárias sem que se conte com uma resposta mediadora. Um procedimen
to pelo qual tais classes são estabelecidas é o pareamento arbitrário ao modelo (arbitrary
matching to sample), procedimento no qual se deve escolher entre dois ou mais estí
mulos comparação em função de, ou condicionalmente a, um outro estímulo - o estí
mulo modelo (do Rose, 1993).
Estímulos modelo e comparação, com função de estímulo condicional e de
estímulos discriminativos, convertem-se em membros de classes de estímulos que
mantôm determinadas relações, chamadas de relações do oquivalôncia (reflexividade,
simetria, transitividade). Quando classes de estímulos como essas são estabelecidas,
elas são tidas como classes de estímulos equivalentes.
A presente pesquisa foi semelhante á de Matos (2007), sendo realizada com
um participante adolescente autista, com retardo mental severo, residente em uma
cidade do Estado de Nova Iorque, nos Estados Unidos. Esse estudo objetivou respon
der as seguintes porguntas:
• O procedimento de atraso da dica é eficaz no treino discriminativo entre letras do
grafias semelhantes quando suas inversões são usadas como S ?
• Se o treino discriminativo for bem sucedido, seus efeitos serão mantidos no pós-teste
(MTS de identidade)?
• Se o troino discriminativo for bem sucedido, ele produzirá o estabelecimento de clas
ses de estímulos envolvendo os estímulos S * e S do troino?
M é to d o
Participante
Um adolescente autista do 19 anos com retardo mental severo residente em
Harrison, cidade no subúrbio de Nova Iorque nos Estados Unidos.
Material
Dois softwares, um deles desenvolvido por José Abrantes em Dolphi 7.0 o o
outro por Daniel Carvalho de Matos em Game Maker 6.0 foram utilizados em um compu
tador portátil da marca TOSHIBA Satellite P205D, com monitor o mouse.
Situação de coleta
As sessões experimentais foram realizadas em uma sala organizada para
evitar distrações ao participante. A sala continha somente uma mesa, na qual estava o
computador e/ou outros materiais necessários ao estudo e duas cadeiras. O partici
pante e os experimentadores acomodavam-se nas cadeiras em frente à mesa e os
experimentadores pormanecoram na sala por toda a sessão.
Procedimento
O participante passou pelas seguintes condições experimentais: pró-teste, pró-
treino de utilização do equipamento, treino discriminativo, teste de relações condicio
nais e pós-teste (semelhante ao pré-teste). Os estímulos de treino e teste empregados
foram as letras b, d, p, q, n, u e suas inversões de 270o e as letras B, D, P, Q, N, U e suas
inversões der 180o. As letras foram escolhidas por formarem pares de grafias seme
lhantes quando grafadas como letras minúsculas (b/d, n/u, p/q). Ver os estímulos utiliza
dos na Tabela 1.
Òass«s
A Verde Branco
B B n fl T> P ei q u N e IJ 3
C B w D Q P d Q o N H U n
Condição 1: Pró-teste
O pré-teste foi composto de três blocos de 24 tentativas de tarefas de empare-
Ihamento de identidade de acordo com o modelo (ou Matching to Sample, ou MTS),
Em cada tentativa do pré-teste se apresentava uma letra como estimulo mode
lo e três letras como estímulos comparação. Cada letra testada foi apresentada duas
vezes (por bloco de tentativas) no pré-teste como estímulo modelo:
a) em uma das tentativas, os estímulos comparação eram uma letra igual ao modelo,
uma inversão da letra do estimulo modelo e uma letra de grafia semelhante (do par) à
letra do estimulo modelo;
b) na segunda tentativa do pró-teste em que uma letra ora apresentada como estimulo
modelo, eram estímulos de comparação uma letra igual ao modelo, uma letra de grafia
semelhante (do par) à letra do estimulo modelo e uma outra letra que não era do par. A
Tabela 2 lista a seqüência de tentativas em um bloco de pró-teste.
31Ó DanW Carvalho d« Maloa Maria Amitm Pte Alxti Andory, Anna U«írtr1z MtritorQuekoz, Gladys WHtlwn»
Tabela 2 Folha de registro com 03 estímulos (ordem randomlzada) utilizados no pré-teste.
'Op«tt<;tp«ote daata paaqutta participa da um p n v wna da ABA (Afttlmd BmtmuorwlAnabytf uu Ajiákaa do CornportHmertu Apltaciu) hAmu!«
da 10 arton MuNw da« tarafa« doa proyramaa, pato» paaaa ritariamonta. «rrvotvarn a ut»7 açfto ri» oomputartd« » in otiso Dttftlnmnnntm.o
nâo lava rmnhtima (Hftcukladoœtri a rnanl|iUaçâr) do <Hn*iMrmrè), Inctulndo o motim
318 Dunml Carvalho de Mulos Mmui Ainrtli» Pkt Abib Artdery, A»m« UMtri/ Muflot QiwMrtu, Gludys W i I u m i s
Respostas sobre o estímulo positivo (S+ ou Sd) eram seguidas pela apresen
tação de um som (de acerto) e pela animação (um gato brincando com bolinhas colori
dos na tela), pelo acréscimo de pontos (indicado pela animação de um gatinho que
corria em direção a uma casinha situada na re
11 ■ ■ ■ ■ n gião direita da tela). Seguia-se um Intervalo en
■ 1 IQ I U U ■ <'(] U U t G l I U O'..,«
a M U U B a tre tentativas (IET) de 3s e na tentativa seguinte
> t> c d uma nova configuração de estímulos era apre
B p n n ■ 1! sentada. Respostas sobre o estímulo incorreto
nrin ■ u i « « n n n <■ - >01
■ n o ■ ■ (S ou S delta) eram seguidas de IET e da
« >1 l t I
reapresentação da tentativa anterior (mesma
configuração de estímulos).
Figura 2. Diagrama das 12 Concluindo, um par de estímulos foi
disposições de estímulos que
apresentado em cada uma das 12 posições em
formavam um bloco de tentativas.
Os quadrados preto e cinza simbolizam
ordem randômica, em blocos de, no mínimo, 12
os estímulos de um par. tentativas. Havendo erro, era repotida a mesma
configuração da tentativa aumentando as tentati
vas naquele bloco. O treino discriminativo de um par de estímulos era finalizado quando
o participante atingia o critério de 80% de acertos em um bloco. Se o critério não fosse
atingido, havia a repetição do bloco de tentativas. É importante reforçar que, no treino
discriminativo, as letras (minúsculas e maiúsculas) eram sempre S+, enquanto suas
inversões (de 270o e 180o, respectivamente) eram sempre S-.
3Ü0 Dmilol Carvnlho cki Mato» Marta Amélia Pt* Abti Andary. Anrw Baatn/ Mtillnr Quotm/, Glady* WiHIamri
Cada toste de relações condicionais foi aplicado trôs vezes. Ver esquematização
na Tabela 3.
CòncHçoM do •xptrirrwnio
Pr*-to»t* fieiras e Trtlno (letra X mversão) P6t-t«stt (l«tras a
Pir IllWOlUÓCfJ, IvtlUJ * Invoioâed, Iwliua v
Gemei hantec) eerralhantea)
hl H Ir» 1« In í •• 1H Í h 1« 1n In In 1 In I r In I r 1 T k I h T „ l „ 1
«I 0 | P | Q | N JU i S p q I n Iu | | a | a jc | b B D P Q N U
X X X X X X x X x x X X X X X X
X
X
X
X
P1
2A1
2A1
(B2C2 B4C4
C2B2 JC4B4
brot
I IWA*
! d rot (C2-A2
B?C7
So b re C om port»nanlo • CogniçAo 3 ^ 1
Resultados
Quando o participante passou pela primeira condição da pesquisa, o pré-teste
de MTS de identidade, foi verificado que as discriminações referentes às letras (minús
culas) b,d,p,q,n não estavam estabelecidas. Logo, as fases do treino discriminativo
simples simultâneo foram conduzidas com essas letras e suas inversões. Levando em
consideração que o critério para o encerramento do treino (com atraso da dica cor
estabelecida previamente como S*) de cada letra era de 80% de acertos (ou 10 tentati
vas corretas de um bloco de 12), o participante chegou a precisar de 9 blocos para
cumprir com o critério de encerramento do treino com a letra g. No entanto, de um modo
geral, precisou de menos blocos de tentativas para atingir os critérios. A Tabela 5 revela
o número de blocos necessários para cada letra treinada.
b 5
d 6
P 3
q 9
n 2
I 0 e c k I I | | 4 1 » d h k d il I
11 : w : I . I .
I I t • k i I j i t h k d !
I J J 4 » J 7 I t to II IJ II M il it 17 II
I 1 > 4 J ( 7 I I » 11 I) U 14 1 1 J 4 I I 7 I t 10 II 1J
m Donlol Carvulhude Maio« Mum» Amato Pie AlttbAitdnfy. Atum Daatri/ MoMw Ouolroz, Gtadyti WlItMm»
Como se pode verificar através da Figura 5, foram necessários apenas três
blocos de tentativas para que se atingisse o critério de encerramento do treino da letra
p. Pode-se verificar, no primeiro bloco de tentativas, um maior número de tentativas (18)
e o não cumprimento do critério de encerramento por causa da quantidade de erros
(quatro respostas à inversão da tetra, o S-, e respostas ao S+ após a sobreposiçôo da
cor, o que também não fazia parte do critério de encerramento do bloco). Também se
verifica isso (com menos erros) no segundo bloco de tentativas (duas respostas à
inversão e três respostas ao S+ após a sobreposição da cor). No terceiro bloco, verifica-
se o cumprimento do critério de encerramento do treino, uma vez que apenas na segun
da tentativa houve uma resposta ao S+ após a sobreposição da dica cor. A partir de
então, para todas as demais tentativas do bloco, observa-se respostas ao S+ letra p
antes de a cor sobrepor-se, o que garantiu o cumprimento do critério de encerramento
do treino da letra p contra sua inversão.
A Figura 6 apresenta o registro dos dados do prè-teste e pós-teste de MTS do
identidade. Ambos contaram com três blocos de 24 tentativas.
k
n
v
0
P
N .
m — IM itn itlm M M I
Q
u
era correto (logo B1C1). Na quarta relação, clicar sobre C1 (B) produzia os estímulos de
comparação B1 (b) e B1'(inversão de b) e selecionar B1 era correto.
Para oxomplificar o caso em que uma inversão era modelo, o grupo b rot (inver
são de b). Na primeira relação, clicar sobre o modelo B1'(inversão de b) produzie os
ostlmulos de comparação A2 (branco) e A1 (verde). Selecionar A2 era correto (logo
B1'A2). Na segunda relação, o modelo C7'(inversão de B) produzia os estímulos de
comparação A2 (branco) e A1 (verde). Selecionar A2 era correto (logo, C1'A2).Na tercei
ra relação, clicar sobre o modelo B1'(inversão de b) produzia os estímulos de compa
ração C1'(inversão de B) e C1(B). Selecionar C fera correto (logo, BVC1 ). Na quarta
relação, clicar sobre o modelo C1'(inversão de B) produzia os estímulos de comparação
B1'(ínversão de b) e B1 (b). Selecionar B fera correto (logo, C1B1).
Cada relação testada de cada letra ou inversão como modelo foi testada três
vezes. Logo, cada valor 3 na Tabela 6 significava três acertos para uma relação testada
três vezes. O valor 2 significava dois acertos para trôs testes de uma relação; o valor 1
significava um acerto para trôs testes de uma relação; por fim, o valor 0 representava
nenhum acerto para trôs testes de uma relação.
De acordo com os resultados revelados na Tabela 6, verifica-se a não emer
gência da maioria das relações testadas quando as letras minúsculas e maiúsculas
(em suas inclinações normais) eram modelos. De uma maneira interessante, o partici
pante consistentemente selecionou o comparação cor branca (A2, o S* do treino
discriminativo de cores) diante dos modelos letras normais (estímulos S+ do treino
discriminativo com atraso da dica cor), de maneira que o correto seria a seleção do
3 1M DíinW Carvalho d« Matos Maria AniíKa Pto) Afotb Andofy, Anna Baatrlr Mi/I«f Quatrox, G taiyi WIH m it i k
comparação cor verde (A1, o S*do treino discriminativo de cores). No entanto, algumas
das relações testadas, quando os modelos eram letras maiúsculas ou minúsculas
normais foram corretas: C3B3 (P, p) com dois acertos; C5B5 (N, n) com trôs acertos;
B2C2 (d, D) com trôs acertos; C2B2 (D, d) com dois acertos; B6C6 (u, U) com trôs
acertos; C6B6 (U, u) com trôs acertos.
Nos casos das relações testadas em que os modelos eram as inversões das
letras maiúsculas e minúsculas, todas as relações que envolviam a seleção da cor
branca como comparação foram corretas sem exceções e, portanto, com trôs acertos.
Quanto às demais relações, há vários casos sem acertos ou com um acerto;
B1'C1 '(inversão de b e inversão de B), B 3 ’C3'(inversão de p e inversão de P),
C5'B5'(inverséo de n e inversão de N) sem qualquer acerto e B2'C2’(inversão de d e
inversão de D) com um acerto. Também há um caso com dois acertos: C2 B2'(inversão
de D e inversão de d). Há ainda outras relações testadas com número máximo de
acertos (trôs): C3'B3‘(inversão de P e inversão de p), C4'B4'(inversão de Q e inversão de
q), B6'C6'(inversão de u e inversão de U), C6'B6 (inversão de U e inversão de u).
Finalmente, em relação às quatro relações testadas para o conjunto inversão
de u minúsculo e inversão de U maiúsculo e u minúsculo, sendo elas B6'A2 (inversão de
u e cor branca), C6'A2 (inversão do U o cor Branca), B6'C6'(inversão de u e inversão do
U, C6'B6' (inversão de U e inversão de u) houve 100% de acertos (trôs para cada relação
testada) o que sugeriria a emergôncia da classe envolvendo os estimulos inversão de
u minúsculo de 270), inversão de U maiúsculo de 180“ e cor branca (todos eles são
estímulos que foram estabelecidos como S durante o treino discriminativo simples
simultâneo.
Discussão
Põde-se constatar, a partir dos resultados apresentados, que o treino
discriminativo simples simultâneo de cores (verde S+ e branco S-) o o treino
discriminativo simples simultâneo de letras (S*) e suas inversões (S ) com o auxilio da
dica atrasada (cor verde, S* do treino anterior) foram ambos bem sucedidos, precisando
de um número relativamente pequeno de tentativas para o estabelecimento do critério
de encerramento e, portanto, replicando os dados obtidos por Touchette (1971) e, mais
recentemente, Bonito (2005), Montans (2006) e Matos (2007).
Os resultados de pós-teste de MTS de identidade, quando comparados com o
pré-teste, que consistiu no mesmo tipo de tarefa, sugerem os efeitos do treino
discriminativo. De uma maneira interessante, o participante da presente pesquisa apre
sentou uma melhora importante na discriminação de duas das letras minúsculas trei
nadas e de uma letra minúscula não treinada: Jû e n (treinadas) e u (não treinada).
Também interessante foi o melhor desempenho nas discriminações de letras maiús
culas não treinadas: D, P, N, P, Q, U. Na pesquisa de Matos (2007), com um delineamen
to muito semelhante ao da presente pesquisa, os participantes, que foram crianças
com desenvolvimento típico, em grande parte não tiveram um melhor desempenho no
pós-teste de MTS de identidade que sugerisse o estabelecimento das discriminações
dos pares das letras testadas.
O desempenho do participante da presente pesquisa nos testes de MTS de
relações condicionais produziu também alguns resultados que merecem discussões.
Na pesquisa de Matos (2007), as crianças obtiveram resultados promissores nos tes
tes de algumas relações. Por exemplo, quanto às relações BA e CA (com resultados
R e fe rê n c ia s
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íkibra&xnportamontooCoyntçAo 3Ü 7
Capítulo 33
Muitos problemas e algumas soluções
no estudo do desamparo
aprendido com humanos
Maria \Jelena Leite \Jun/iker
Mariana Januário Semeio
Universidade de São Paulo (WNP)
10 (Intiimflimmto <tagnjpo é mgiH<rUo m i m aahidoa um« voz quo amda n*o wt tom o u*Hruta d» toda* a« variAvoto roupotuiAvoto pwlo doaain|>*iro
nimirxlklo Apoaat do mim txNii danionatradn (jua a tuuxittolntxNdado do* oatlmulo» avanrfvua é a vatttvd ultJca. »1« nfto ó mjflcMntu paru <juu
Iodou os Indivíduo* •utxmrtklna a ala a(>rM«nlom M a* afoito (Matar A SaHgman, 1070)
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mtwtríKla, [x(x: OfVSXMVft)
fabola 1: Porcentagons do autocitações e citações mútuas no JfcAB e JABA entro 1983 e 2003,
M é to d o
Foram selecionados todos os artigos do JEAB e JABA que utilizaram os termos
"attention " e “ observing " o suas variantes (e.g. attend, attonding, observing otc.) em
seus títulos entre 1967 e 2007. Os artigos quo utilizavam essas palavras em seus
títulos mas que se referiam a outros sentidos desses termos (ex. joint attention, initial
attendance to outpatient) foram excluídos da análise O número de artigos publicados
por ano em cada periódico foi contabilizado na tontativa de se demonstrar um eventual
padrão nas publicações da área. Para esse fim foram soparados os artigos que
continham as palavras ''attention'' e "attend" de um lado e ‘‘observing" do outro. As listas
de referências dos artigos encontrados foram acessadas e contabilizou-se o número
de referências ao JEAB e JABA em cada artigo. Esses dados foram transformados om
porcentagem de auto-citações e citações cruzadas em relação ao número total de
citações presentes nos artigos. Adicionalmente também foram computadas as
porcentaguns de citaçõos feitas a toxlos de Skinnor em ambos os jornais.
Resultados e discussão.
StiwmCuttiporltiintiMlneCouMlváu
Ano d# public «f*o de» «rtijpa*
»nn<tOftrf«<t»rid J O B « « • —' i H » n v » n ; J C A O ■
■—« »■■- »a«-nt>OiW«»nw<*»d J A O À — ( i —» P frfc» (V ittg J A P A |
Figura 1: Curva acumulada da publicação dos artigos do JEAB e JABA ao longo do tempo.
A Figura 1 representa uma curva acumulada do número do artigos publicados
por ano para cada palavra-chave em cada um dos periódicos.
É possível perceber na Figura 1 que podem ser encontrados no JEAB artigos
que utilizam o termo attention e seus variantes desde o primeiro ano analisado até
1980; contudo as publicaçõcs com cssc termo ccssam desde então. Já os artigos
sobro "Respostas de observaçào" [observing response] (doravante RO) aumontam de
número na primeira metade da década de 1970 com uma pausa na segunda metade
dessa mesma década, retomando um crescimonto relativamente constante até 2007.
Diferentemente do padrão apresentado pelas publicações no JEAB, no JABA
apenas um artigo com a palavra observing foi encontrado, no ano de 1999. Por outro lado,
artigos com a palavra attention sào publicados desde a fundação desse jornal até 1998.
Esses resultados podem ser interpretados de dois modos diforontos: (1) os termos
attention vs. observing sâo utilizados por pesquisadores sob controle de fenômenos
diversos ou ao menos com enfoques diversos sobro o fenômeno "prestar atenção”, e (2)
a pesquisa básica e aplicada parecem ter sofrido pouca influência mútua na pesquisa
sobre o "prestar atenção". Maiores argumentos para decidir qual hipótese parece mais
plausível serão dados pela avaliação da comunicação entro os periódicos analisados.
A Tabela 2 mostra a porcentagem média de auto-citações e citações mútuas de
todos os artigos do JEAB e JABA que fazem referência ao "prestar atenção" em seus
títulos comparados com rosultados demonstrados na tabela antorior. Pode-se porcobor
que, no caso dos artigos analisados, as porcentagens médias do auto-citação são
similares ou superiores às porcentagens de auto-citações de todos os artigos do JABA
e JEAB analisados em Poling, Alling e Fuqua (1994) e Elliott, et al. (2005)3. Por outro
lado, as citações mútuas sào bastante menores em ambos os periódicos. Há apenas
uma referência a artigos do JABA nos 47 (1093 citações) artigos do JEAB analisados, o
que representa 0,04% das citações, porcentagem esta mais de dez vezes menor que a
encontrada nos períodos avaliados por Poling, Alling o Fuqua (1994) e Elliott, et al.
(2005) que é de 0,6%. Esse dado apóia a hipótese de que, quando se trata do uso do
termo "prestar atenção", autores da área básica têm se preocupado pouco com as
intervenções aplicadas da AC que fazem uso da mesma exprossão om seus títulos.
’ A d ifo t » u M < n a a | t t» l(x k m d tia M á lÍM < (d « i I W M a 2 0 0 3 p a r u o a a i l i u x i t t i n u w a l a d « t 1 8 fit t - 2 0 0 !H » a < a u « a it ig o it iio lx ir | x « * | j* atM tivM o")|xxlH M if
uitm (iH ito d o orrt) t> ( l o v e mm u x a u d a r a d a n a u x i i p a i a ç A o d o a (Juta rtm uK aU ut C < x *K k > . u m a v i u q t w tm i K r a n U ( 1 0 7 1) a rn feU a d a auk> d t * v A * i
(lo J F A B f< K (k )M (H < > x n ria < la iiin ftt«3 3 % ,m u lto ir f i x k t M i k m r m H A i K l i « M K x x ifr a d o « M n ift r iln g , A ilin g * F i K ) t i a ( 1 H { M ) « * l : ( M l , « » t a l ( 2 0 0 f l ) > r a ío iv fll
mi(K>r(|iitt n u « « » m A d la »fx im ta r m c n r a n i n ilA v n h i d o m n ln o | X H l(x k > d n 1 0 0 6 • 2 0 0 6 ( ) fa k > d « a d t t a m n ç a n a * rn A d laa n o « « a b i d n N P o lin g , AKkig
d F(i(|ii*i ( 1 9 9 4 ) t> F llk ill, til mI ( 2 0 0 8 ) « t » f e tn * t y n lfU .a liv a » |Mtu m h cIId vO h h ik> J fc A B n o J A B A u x iU n y w M la » a m ix la n g * « » < »n |x>llticM
o d ilo rln ln d o J A t l A « n In n x la tA n u a d a im x lld itk d irn ao tip o o tn tx llk x lrtl» d o J L A G ta m b é m H ix t a m m m k U f x w iç io
340 B m r i o A n g n l o S t r u p a R M in n K n a t o f C a n a t a
Tabela 2 Porcentagens de autocitações e citações mútuas dos textos sobre “prestar atenção" do
JEAB e JABA entre 1983 e 2003
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0 emprego de animais om modelos de psicopatologias torna possívol contro
lar a história de vida, hereditariedado, introdução sistemática de eventos na vida do
sujeito, monitoração continua de seus comportamentos e a verificação de possíveis
mudanças fisiológicas. Esses estudos são complementares aos estudos com huma
nos e podem fornecer subsídios para novas formas de tratamento, bem como uma
compreensão mais ampla das psicopatologias.
M o d elo s a n im ais de d ep re ss ã o
A depressão é um dos transtornos mais prevalentes entre os indivíduos que
procuram os serviços de saúde mental. De acordo com a Organização Mundial de
Saúde, responsável pelo estudo da Carga Global de Doenças Gt)ü (2000), a depres
são gravo ó, atualmento, a principal causa do incapacitação em todo o mundo o ocupa
o quarto lugar entre as dez principais causas do patologia (WHO, 2001). A depressão
ocupou, om 2004, o 3o lugar com 4,3% do total de doenças que produzem faltas ao
trabalho. Em 2030, ela deve ocupar o 1o lugar do ranking com 6,2% (WHO, 2004). Dada
esta prevalência, está claro porque a etiologia e o tratamento da depressão vêm sondo
o foco de uma grande quantidade de pesquisas o discussões. Segundo Doughor e
Hackbert (2003) apesar de aproximadamente 6% da população americana sor afotada
pela depressão em algum momento da sua vida, esso transtorno foi relativamente
negligenciado por analistas do comportamento.
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM - IV) doscrove
a depressão como um transtorno de humor identificado pela presença de humor depri
mido (tristeza) e anedonia (perda de interesse em atividades que antes oram prazorosas)
O DSM - IV identifica ainda outros sintomas da depressão o o número e duração dos
sintomas que devem estar presentes para garantir o diagnóstico específico do Trans
tornos Depressivos (APA, 1994).
Alóm do humor deprimido e da diminuição do interesse ou prazer em realizar
atividados (anodonia), os comportamontos doscritos no DSM IV (APA, 1994) incluom
alterações de apetite (tanto ganho como perda do poso), alterações do sono (tanto
insônia como excesso de sono), redução geral do nívol de atividade, agitação ou ansi
edade, fadiga ou perda de onergia, sentimentos do inferioridade e/ou culpa contínua
acompanhados por autocrítica recordação seletiva ou atenção para eventos negativos,
distorção cognitiva, e ideação suicida Existem ainda outros sintomas da depressão
comumente observados: ruminação, expressões de desamparo, desesperança insa
tisfação crônica, raiva, abuso de substâncias, problemas de relacionamento social e
pessoal, e dificuldades no trabalho (Doughor e Hackbert. 2003).
Modelos animais têm sido freqüentemento estudados na compreensão da
depressão e no desenvolvimento e teste de drogas antidepressivas. Existem vários
modelos animais de depressão (McKinney & Bumney, 1964, Willner, 1984). Willner,
Muscat o Papp (1992) descreveram mais de 18 modelos animais de depressão váli
dos Todos fazom simulações com o objotivo de invostigar aspoctos ospocificos da
depressão, permitindo a observação de características comportamontais quo reprodu
zem aspectos da situação clínica.
Alguns modelos enfatizam a aprendizagem de respostas de fuga, como o Mo
delo de Isolamento Social ou de Modelo de Separação (McKinney & Bumney, 1964,
Willner, 1984), o Modelo de Desespero Comportamental (Porsolt, 1981) e o Desamparo
Aprendido (Seligman, 1975).
C h ro n ic M ild S tress (C M S )
O CMS ô o modelo animal do doprossáo proposto por Willnor o cols. (1987) que
atende às validades por previsibilidade, semelhança e homologia. O CMS tem como
foco o desenvolvimonto da anodonia que ó induzida por meio da exposição crônica de
34H Anu Carmend»i Fmili*» Oflvutf« CAsnki RoberladiiCiinhfl Tltonw»/, MurUFUMd" Sk|imln< Montclio
gradualmente ao longo de trôs semanas de exposição ao CMS. Esse efeito pode ser
prevenido com a administração de anti-depressivo.
A validade por semolhança ó atribuída ao CMS porque foca o comportamento
anedônico como característica central. Entretanto, além de simular anedonia, o modelo
também produz diversos outros paralolos realísticos com a dopressão como, por exem
plo, redução da atividade locomotora, redução do comportamento sexual o do comporta
mento investigativo. Além disso, o modelo oferece uma simulação realística da etiologia
da depressão e aproximação razoável com os oventos aversivos da vida diária dos huma
nos. A validade por semelhança é também atribuída ao CMS devido ao papel etiológico
dos eventos ambientais na produção da depressão. Willner e cols. (1992) consideram*
nos mais similaros do quo os modelos que usam um estímulo aversivo agudo.
A previsibilidade do modelo foi atribuída por diversos estudos quo examinaram
efeitos de tratamento crônico de diversos medicamentos. Semelhante ao que é obser
vado na clínica, a anedonia produzida pelo CMS foi revertida após três ou quatro sema
nas do tratamento com antidepressivos. Um fator rolovante para a validação foi quo
essa reversão aconteceu pela administração especifica de antidepressivos o não de
outros medicamentos como ansiolíticos e neurolépticos (Willner e cols., 199?) As dro
gas que se mostraram efetivas em reverter a anedonia induzida pelo CMS incluíram
antidepressivos tricíclicos, imipramina, desipramina e amítriptilina, além de fluoxetina,
fluvoxamina e citalopram Tratamentos com eletrochoques também mostraram-se
ofotivos o, diforontomonto dos ofoitos dos modicamontos listados, a rostauração ocor-
rou logo após o primeiro tratamento. Além da recuperação produzida com uma varieda
de de drogas antidopressivas e choques eletroconvulsivantes, o tempo do curso da
molhora torapôutica foi bastante somelhanto ao obsorvado na clinica, reforçando a
previsibilidade do CMS (Willnor, 1997)
Segundo Willner, (2005) mais do 60 grupos de pesquisas distribuídos em di
versos países estudaram o modelo do CMS e relataram diminuição na sensibilidade á
rocompnnsa, além de uma variedade de outros comportamentos similares à depres
são como um produto à exposição ao CMS. Essas mudanças são referidas como
comportamentos de perfil doprossivo. Quase todos os ostudos que pretenderam exa
minar os efeitos do tratamento crônico com antidepressivos relataram reversão ou
prevenção desses comportamentos depressivos.
No Brasil, estudos sobre o CMS tem sido realizados sob a perspectiva teórica
da Análise do Comportamento (Thomaz, 2001, Thomaz, 2005; Dolabela, 2004; Rodriguos,
2005; Cardoso, 2008; Pereira, 2009; Thomaz, 2009 e Oliveira, 2009). A análise do Com
portamento interessa-se pelo estudo das interações entre organismo e ambiente e,
sob a ótica da incontrolabilidade de alterações ambiontais aversivas, o CMS parece ser
um modelo animal de interesse para os analistas do comportamento. Ao descrever os
efeitos da submissão crônica de ratos a alterações ambientais moderadamente aversivas
o incontroláveis sobre o comportamento, o modelo mostra uma possível situação em
que ocorrem alterações no efeito reforçador do estímulos.
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E mull Uiumiü uolinittílainall.mii/lauiintittílusm.lii
D ad o s C o n tro v e rs o s
Rocentcmentc, um estudo dosonvolvido por Santos, Gehm o Hunzikor (submo-
tido) mo9trou dados conflitantes com a interpretação fornecida pela hipótese do do-
sompnro aprendido. Em três oxporimontos, ratos foram expostos a choques
incontroláveis c posteriormente submetidos a diversas sessões dc fuga sucessivas,
com intorvalo de 24 entre elas. A resposta de fuga variava ontro as sessòes, podendo
ser exigido, para desligar o choque, a resposta de saltar' (S) ou de íocinhar’ (F) - cada
uma tostada om uma caixa oxporimental diferente Ambas as contingências já haviam
sido utilizadas anteriormente em trabalhos sobre o DA, no mesmo laboratório onde
essa nova pesquisa estava em curso (por exemplo, a resposta de saltar foi utilizada no
estudo de Hunzikor & Santos, 2007, e a de focinhar no de Yano & Hunziker, 2000).
Portanto, o esperado nessa nova pesquisa era quo animais previamente submetidos à
sessão de choques incontroláveis apresentassem o efeito do DA quando testados em
qualquer dessas contingências de fuga, independonto da sua ordem de apresentação
Em um primeiro experimento, os animais expostos aos choquos incontroláveis foram
submotidos, após 72 h, a duas sessões de fuga com respostas diferentes, variando-se
a sua ordom do aprosontação saltar-focinhar (S-F), ou vico-vorsa (F-S). Os rosultados
indicaram quo se obteve o DA em todas as sessões com a resposta de fuga saltar, mas
não naquelas com a resposta do focinhar, nas quais os animais aprenderam a respos
ta tal como os sujeitos ingênuos, independente da ordem de exposição a essas contin
gências, Um segundo experimento realizou os testes 24 h após a exposição aos
choques incontroláveis, utilizando dois tostes na ordom F-S. Foi replicado o resultado
anterior, com DA apenas na segunda sessão de tosto, quando se oxigiu a resposta de
fuga saltar. Um terceiro experimento confirmou esses dados utilizando para cada sujoi-
1r r«*|xm tfl lol « in .iH M d fi com o Hiwiidl tkinlro tk> nm>n.«lxd dkxitmdH (hliulU utxjji). hmmIiikIo 50,0 X 15.SX 20,0 <;m (comprimoi lo- JurguM
tilhirn), dlvklklii mn dolsuxiipHrtlinotikm dn iQiitil bimufilxi |x>i umn pMudo txxikxxlo cxlflck) Oimotii") d<i 7 5 X 0,0 cni (nltmi InryuiN), <|u<>[xmiiilo
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n r n i'l* M illl(» ( l< i
SotxnC<x)i|x>r1am<«ik>eC<>yMlçâo
to quatro 9essões de teste na ordem SSFS: os animais apresentaram DA em todas as
sessões em que foi requerida a resposta de fuga saltar, mas não na que eles deveriam
focinhar para desligar o choque
Esses dados contrariam o que se tem demonstrado e interpretado a respeito
do DA. Em primeiro lugar, contrariam o estudo de Yano e Hunziker (2000), produzido no
mosmo laboratório. Sobro isso, uma questão se coloca: se anteriormente nesse labo
ratório foi obtido DA utilizando no teste a resposta de focinhar, por que esse efeito náo
ocorreu repetidamente no estudo de Santos, Gehm e Hunzíkor? Alóm disso, esses
resultados sugorem outras contradições relativas às relações de controlabilidade e
incontrolabilidade usualmente demonstradas nessa área de investigação. Por exem
plo, se houve na primeira sossão de teste aprendizagem de fuga com a resposta do
focinhar (portanto, aprendizagem de controle sobre o choque), como posteriormente o
mesmo sujeito apresentou desamparo no teste com a resposta de saltar se o DA é,
supostamente, decorrente da aprendizagem de impossibilidade de controle? Os da
dos obtidos na ordem SSFS são ainda mais desafiantes: se o DA mostrado nos dois
testes sucessivos com a resposta de saltar indicava que o sujeito havia aprendido (de
forma duradoura) que não tinha controle sobre os choques, como explicar que ele
passou a controlá-los logo na sessão seguinte, quando foi exigida a resposta de fuga
focinhar, e, em seguida, voltou a se comportar como se sua aprendizagem fosse de
impossibilidade de controle sobre os choques quando se retornou ao teste com a
resposta de saltar?
Num primeiro momento, buscou-se idontificar o porquê da não roplicação dos
dados do Yano e Hunziker (2000). Comparando-se ambos os estudos, foram identificadas
difcronças quanto ao gênero e procedência dos animais. Para vorificar so ossas variá
veis poderiam ser responsáveis pelos diferentes resultados, foram realizados novos
testes alterando-se o sexo o o biotério de procedência dos ratos utilizados, buscando-
se a maior semelhança possível com os animais utilizados no primeiro estudo. Mesmo
assim, não foi obtido o DA no teste com a resposta de focinhar, lambóm foram procura
das causas técnicas - relativas ao mau funcionamento dos oquipamentos - que pu
dessem justificar os diferentes resultados, sem resultados aparentes. Porém, uma
diferença técnica, aparentemente irrelevante, foi apontada: no ostudo de Yano o Hunziker,
os equipamentos de controle do experimento eram eletromecãnicos, e nos estudos
mais recentes, como no de Santos, Gehm e Hunziker, o controle experimental estava
informatizado (caixa exponmontal-interface-computador). Comparativamente ao siste
ma informatizado, os equipamentos eletromecãnicos apresentavam maior latência de
funcionamonto. Isso significa que quando o sujeito emitia a resposta de fuga, o coman
do eletromecânico para desligar o choque poderia gerar em pequeno atraso na
consequenciaçào dessa resposta. Como há evidências experimentais de que atrasos
de 350ms na consequenciaçào da fuga pode ser um fator critico para a obtenção do DA
(Maier & Testa, 1975), hipotetizou-se que esse atraso involuntário decorrente dos oqui
pamentos olotromecânicos, que desapareceu com os controlos atuais informatizados,
pode ter sido o determinante dos diforentes resultados.
Poróm, se essa análise estiver correta, como explicar que a mudança na latência
dos equipamentos não tenha sido crítica também no testo com a resposta do saltar?
Uma interpretação possível decorre da análise da topografia dessas respostas e do
funcionamonto dos oquipamontos. Dissocando-so a cadoia comportamontal quo com
põe cada uma dessas respostas, pode-se apontar que a envolvida no saltar é bem
mais longa que a do focinhar. Para emitir a resposta de saltar, o rato precisa posicionar-
se frente ao orificio que permite a passagem para o compartimonto oposto da caixa
35» M u r i« H n k t f u i I n l k i H u r i/ l k o r I n u t i i >« P w i Ih (S n it n i
possível que a nova interpretação possa abarcar alguns comportamontos freqüentes
em indivíduos depressivos que anteriormente nào eram oxplicados dontro dosso mo
delo Por exemplo, a atenção exacerbada para estímulos irrelovantes, que dificulta o
controle por contingências operantes, ó um comportamonto não raramente encontrado
entre possoas deprimidas. A interpretação aqui proposta não apenas pormite a sua
análiso funcional cm tormos do uma história do incontrolabilidado sobro ovontos
aversivos, como aponta possíveis estratégias a serem adotadas terapeuticamente, tais
como melhorar o controle de estímulos e a contigüidade dos reforçadores.
Tais extrapolações do laboratório à clínica devem ser vistas aponas como su
gestivas, sendo por ora prematura a sua adoção. Ainda que a hipótese aqui proposta
possa explicar os dados oxporimontais controversos aprosontados, ola careco de vali
dação empírica. Sugero-so, assim, a necessidade de mais pesquisas na área quo
investiguem sistematicamente os efoitos da contiguidado o de estímulos antecedontos
(relevantes e irrelevantes) no teste de aprendizagens operantes após uma história do
incontrolabilidade. Além disso, se uma história de incontrolabilidade puder gerar facili-
tação de algumas aprendizagens, o DA, enquanto dificuldade de aprendizagem de
rotações operantes, não será a única decorrência da incontrolabilidade. Aponta-se,
ontão, para a importância do rovisões do conceito do Desamparo Aprendido, das hipó
teses quo o oxpliquom, bom como de outros possíveis efeitos docorrentes da exposi
ção a ovontos aversivos incontroláveis.
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Bowman, & Amari, 1996).
Obsorvaçõos informais. Altornativamonto a ontrcvistas, o com o mosmo propósito do idon-
tificar estímulos de preferência, uma observação informal do ambiente podo sor primoira-
inente conduzida. Essas observações podem ser feitas facilmente porque o indivíduo náo
precisa estar prosente. Esse tipo do observação podo ser feita a qualquor momento o om
qualquer lugar de interesso. O propósito dessas observaçóos é avaliar o ambiente em que
o indivíduo gasta a maior parte de seu tempo. Os estímulos ou atividades com as quais se
engajam ou mostram algum interesse devem ser listados para cada ambiento. Pode-se
notar que esse não é o método final para determinar preferências porque o indivíduo não ó
diretamente observado e os dados não são coletados de maneira sistemática. Esse méto
do pode, entretanto, ser extremamente útil na determinação de quais estímulos ou atividades
estão disponíveis e para quais deles o indivíduo pode ter preferência.
M éto d o s D ireto s
A e s c o l h a e n t r e u m c o n ju n t o d e e s t í m u l o s : o q u e v o c è e s t a r á a v a l i a n d o ?
Antes de iniciar qualquer tipo de avaliação de preferência, é necessário determinar os
exatos estímulos ou atividades disponíveis para a avaliação, Existem diversas manei
ras de se identificar esses estímulos:
1) Usar informações advindas de avaliações do preferência indiretas. Os resultados de
entrevistas com pais e cuidadores e de observações informais podem ser usados para
detorminar estímulos ou atividades que devoriam ser incluídas nas avaliações de pre
ferência
2) Incluir estímulos de diferentes categorias sensoriais. Estímulos e atividades das mais
diversas categorias podem ser identificados para o conjunto de estímulos, incluindo
estímulos que a pessoa possa olhar, ouvir, cheirar, degustar ou tocar. Isso podo tam
bém incluir ostímulos do diforcntos tomporaturas, atividados do coordenação motora,
movimentos físicos e estimulação social, como elogio o atenção social.
3) Identificar ostímulos disponíveis no ambiente Determinar estímulos que provavel
mente estão mais disponíveis nos ambientes do dia-a-dia. Isso pode incluir estímulos
encontrados em casa, na escola ou em outros ambientes da pessoa, ou seja, mais
facilmente disponibilizados pelos ambientes naturais.
4) Familiarização com todos os ostímulos a sorom aprosontados. Antes do qualquer um
dos tipos de avaliação do proforôncia ó importante quo os indivíduos conhccoçam cada
um dos itens presentes na lista de ostímulos a serem apresentados. Podo-se pró-
determinar um período de dez a quinze segundos, ou o quanto for razoável, para a
familiarização com cada estímulo, bem como ensinar o seu uso, se necessário.
T ip o s de m éto d o s d ireto s
A v a l i a ç à o d e P r e f e r ê n c ia d e E s t i m u l o Ú n ic o (Paco et al., 1985). Esse tipo do avaliação
envolve apresentar um estimulo de preferência do indivíduo por vez e observar se ele se
engaja ou n3o com tal estímulo durante um tempo pró doterminado (e.g., dez a quinze
segundos). Não ó necessário remover o estímulo durante esse tempo ou qualquer
habilidade por parte da pessoa de escolher entro dois ou mais estímulos. Isso deve
continuar até que a pessoa nào se engaje mais com o estímulo ou até que um tempo
pró-determinado seja alcançado Caso o indivíduo não se engaje com o item, o registro
deve ser feito, ou então, o tempo de engajamento com o item deve ser registrado, para
ser comparado com os resultados dos demais itens.
3 6y Gk»vmm E*cob«l, MftrktH Macwto. Aím LuIzji Rocíim F-arín Dikh« \ .kxiM» GmitiIm , O ito Goyo»
Vantagens da Avaliaçóo de Preferência do Estimulo Único. Não roquor habilidades para
escolher entre dois ou mais estímulos. Essa é uma vantagem para aquele indivíduo
quo não tom ainda roportório do oscolha dosonvolvido ou quo não tonha habilidado do
oscanear estímulo por estímulo quando esses forem apresentados em mais do uma
unidade. Além disso, a avaliação de preferência do estímulo único não roquor que um
estímulo soja removido depois do um poquono período de tempo, como om outras
avaliações de preferência. Com isso, pode-se evitar comportamontos-problema (o g.,
comportamentos autolesivos, incompatíveis com a tarefa do trabalho, otc.), espocial-
mente para indivíduos que não toleram a remoção dos estímulos de preferência.
Desvantagons da Avaliação de Preferência de Estimulo Único. Um indivíduo pode se
engajar com cada e todo estímulo apresentado. Uma razão pela qual isso pode ocorrer
é que alguma coisa pode sempre ser melhor que nada. Em outras palavras, um indiví
duo poderia interagir com algo porque essa é a única alternativa apresentada. Outra
desvantagem é que os estímulos não são pareados um com o outro; portanto, uma
hierarquia verdadeira do preferência não podo ser conhecida.
Avaliação de Preferência com Escolha Pareada. A avaliação de preferência com escolha
pareada envolve a apresentação de cada estimulo aos pares com cada oulro estímulo
da lista, até que todas as combinações possíveis sejam realizadas. A apresentação do
cada par de estímulos ocorro, simultaneamente, de maneira equidistante entro si Deve-
so observar qual estimulo é escolhido pelo indivíduo. O estímulo não escolhido dove
ser removido. Se o indivíduo tentar escolher ambos os estímulos, ambos dovom ser
romovidos e reapresentados com uma instrução adicional para escolher apenas um.
Se o indivíduo não escolher nenhum dos estímulos, seu uso deve sor romodelado o os
estímulos devem sor roaprosentados com a instrução para escolher um. Se o indivíduo
ainda náo escolher um dos estímulos, a ausência de escolha deve ser registrada. Um
período pré-determinado de, por exemplo, dez a quinze segundos dove ser lornocido ao
indivíduo para que ele tonha contato ou consuma tal item. Pretende-se identificar aque-
los estímulos quo são preferidos por um indivíduo em relação a outros estímulos apro-
sentados simultaneamento de um conjunto do estímulos.
Vantagens do uma Avaliaçóo de Preferência com Escolha Pareada. Podo produzir uma
hierarquia de preferências, uma vez que os estímulos são escolhidos em rolaçâo aos
outros estímulos do conjunto. Uma segunda vantagem ó quo os indivíduos dovem
aponas fazer uma oscolha ontro dois estímulos ao invés do um conjunto do ostímulos.
Desvantagens da Avaliaçêo do Preferência com Escolha Pareada É um procedimento
mais longo a ser administrado. O tempo necessário depende do número de ostímulos
avaliados. Outra desvantagem ó que o comportamento problema pode ser mais prová
vel nosso tipo dc avaliação do preferência que no procedimento do avaliação do profo-
rôncia do ostimulo único ou de operante livre, em função da romoção do estímulo ou da
grande quantidade de tempo necessária para completar a avaliação.
Avaliaçóo de Preferência de Estimulo Múltiplo: Apresentação de um conjunto de estímu
los. A avaliação de preferência do estímulo múltiplo onvolvo a apresentação de um
número de estímulos em um conjunto e a observação de qual estímulo é escolhido.
Protondo so idontifienr aquolos ostímulos quo são proferidos polo indivíduo om rolnção
aos outros estímulos. Depois dos dez a quinze segundos de acosso ao primoiro estí
mulo escolhido, tal estímulo dove ser romovido o colocado fora da visão e do alcance do
indivíduo. Os estímulos restantes dovom sor representados cm uma fila com cada
estímulo em posição diferente. Esse procedimento deve continuar até que todos os
estímulos tonham sido escolhidos ou que o indivíduo pare de roalizar a escolha dos
ostímulos. Se o indivíduo tentar escolher mais que um estímulo, a escolha deve ser
364 GiovMrwt Eacnhal. Marlrui Mac«d<>. Ann Lui/a R(x.h« F*rW OiK^m Joru» GaiittM, Calao Goyoi
do avaliar quais estímulos preferidos realmente funcionavam como reforçadores.
O método do apresentação de um único estimulo, descrito por Pace et al. (1985)
consistiu do dois oxporimontos. No primoiro, uma avaliação do ostímulos do proforôncin
foi conduzida para identificar ostímulos preferidos e nào proferidos. As respostas utiliza
das para medir a preferência foram aproximações ao estimulo (preferência) e não ocor
rência da aproximação (não preferência). Seis participantes foram expostos ropotida-
mente a um conjunto padráo de 16 estímulos com características diversas: a) luzes, b)
espelho, c) música, d) bipe, e) café, f) flores secas, g) suco, h) biscoito, i) cilindro vibrador,
j) pasta, k) aquecedor, I) bloco de gelatina de 8 X 20 centímetro congelado, embrulhado om
papel pardo, m) balanço: um assento que se movimentava e era suportado por uma
corrente posada, n) rock: movimento de uma cadeira para trás e para fronte, 0 ) aperto de
mão: aperto de mào realizada por um experimentador, p) abraço: envolvimento do partici
pante com braços, costas mimos e carícias. Cada estimulo, individualmente, foi apresen
tado por cinco segundos e a resposta de aproximação ao estímulo (0 . g., respostas de
olhar para ou manipulação 0 estímulo) resultou em breve acesso adicional de, cinco
segundos. A ausência de respostas nos cinco segundos iniciais era seguida de instrução
para 0 participanto ter contato com o ostímulo para garantir que nào ostivosso doixando do
responder por falta de contato ou experiência com o estímulo Se ainda assim o partici
pante não respondesse, 0 estímulo era removido e soguido da apresentação do próximo
estímulo. Os resultados da avaliação do ostímulos de preferência foram usados para
construir uma hierarquia de ostímulos preferidos.
O segundo experimento consistiu da avaliação do valor roforçador dos estímulos
em três condições diferentes, condições de Unha de baso, condições de preferência e
condições do não preferência. As propriedades reforçadoras dos ostímulos preferidos e
não proferidos foram avaliadas através da contingência estabolocida com rospostas arbi
trariamente selecionadas Durante as condições de linha de base, o oxperimontador
roquoria uma rosposta com um intervalo intortontativas de dez segundos; conseqüências
sistemáticas não foram fornocidas para a omissão da rosposta requisitada.
Durante as condiçõos de preferência, 0 estímulo preferido ora fornecido por cinco
segundos contingente à ocorrência da rosposta alvo por cinco segundos (o.g., rospostas
alvo tal como balançar a cabeça). As condições de nào preferência foram idênticas, oxceto
quo a apresentação de um ostímulo não preferido foi fornocido contingente a resposta
requerida. As três condições foram arranjadas em um dolinoamento de reversão.
As condições de estímulos preferidos produziram maiores taxas de rospostas
que os resultados de condições do estímulos náo preferidos, sugerindo quo o procedi
mento pode ser utilizado para avaliar 0 valor reforçador para indivíduos com repertórios
cnmportamontais limitados. A vantagem de usar o procedimento descrito por Pace et al.
(1985) 6 que a avaliaçào de estímuios do preferência pode ser usada para avatiar um
grande número de estímulos (e g., dezesseis), em um poriodo de tempo eficiente para
predizer que estímulos funcionam como reforçadores, além de não exigir rospostas do
oscanoamento e escolha do indivíduo. Uma desvantagem é que os estímulos não são
pareados um com o outro; portanto, uma hierarquia verdadeira de preferência não pode
ser conhecida. Em outras palavras, umo indivíduo poderia se engajar com algo quo
você apresentasse para ela porque essa ó a única alternativa disponível
Fisher, Piazza, Bowman, Hagopian, Owens e Slovin (1992) usaram esquemas
concorrentes para comparar 0 procedimento de Pace et al. (1985) com um procedimen
to para avaliar reforçadores em que os participantes eram expostos, simultaneamente,
a dois ostímulos e era dado acesso apenas ao primoiro que o participanto escolhia. Em
seu estudo, quatro sujeitos foram submetidos a duas etapas om uma primeira fase e a
uma sogunda faso Na primoira otapa da primoira faso, foi aprosontado um mótodo do
avaliaçào de preferência de estímulos em que o estímulo era aprosontado individual-
(W o v h m h Escobal Mtwiiui MmmkIo, Arut Luí/m R<x:lm FuriH Dik|iki. JonnnGíiinlm CtiluoGoyoi.
lectuais, destacando importantes descobertas, dirocionando futuras pesquisas e adici
onando idéias de pesquisas aos procedimentos anteriormente relatados, identificando
procodimontos quo são particularmente relevantes para pesquisas e intervençõos com
possoas diagnosticadas com deficiência intelectual. O prosente estudo ilustra o uso do
avaliação do proforôncia com operanto livro, juntamonto com a utilização do dois outros
dos métodos apresentados acima (entrevista, avaliação de preferência com escolha
pareada), mostrando que o profissional que irá realizar avaliações de preferência pode
utilizar diversos métodos para uma avaliaçào combinada, de acordo com os objotivos
do trabalho ou característica de sua população para obter melhores resultados
O presente estudo teve como objetivo investigar a escolha de adultos com
doficiência intoloctual por estímulos de proforôncia o avaliar so as escolhas roalizadas
cm um tosto do proforôncia inicial so mantinham ao longo do ostudo.
M é to d o
Participantes
Participaram desta pesquisa quatro indivíduos adultos, diagnosticados' pelo Wechsler
Adult Intelligence Scale - WAIS III (Wechsler, s/d), como deficientes intelectuais, com
idades entre 17 o 25 anos, de acordo com informações obtidas em seus respectivos
prontuários na instituição que freqüentavam Os participantes foram recrutados em
uma instituição filantrópica cspccializada no atendimento dc dcficicntcs inteloetuais,
em uma cidade do interior paulista. Um requisito para a seleção foi que os participantes
aprosentassom ontendimento de instruções simples o, no mínimo, so comunicassem
utilizando duas ou três palavras ou expressões vocais, mas apresentavam dificuldades
na comunicaçao luncional. Os participantes náo apresentavam em seu repertório diver
sos comportamentos adaptativos realizados de forma independente tais como; de
autocuidados, de vida diária e de vida prática.
A Tabela 1 resumo as características individuais dos participantes.
Tabela Caracterizaçao dos participantes, por soxo, idado, quocienlo inteloctual (Ql) e infornmçao
diagnóstica
Características/
Participantes Soxo Idado 1 Avaliação do Ql Informaçãodl agnóstica
P1 M 17 Não avaliável 1 Desconhecida
' Não avalIAvel por ernltlrem respostas verbais e de execução Incompatíveis com os requisitos do teste
2 Informação registrada no prontuário do participante
P ro c e d im e n to G eral
A tarefa de trabalho descrita abaixo serviu como o operante aivo cscoihido em
que se testou o efeito dos estímulos avaliados como reforçadores o a função reforçadora
dos mesmos estímulos ao longo do tempo. A tarefa foi arbitrariamente escolhida por
fazer parte da rotina dos participantes e por possuir valor funcional para o trabalho dos
mesmos.
Apesar de fazer parte da rotina dos participantes, foi utilizado inicialmente um
procedimonto único para ensiná-los a realização da mesma. Essa tarefa consistia em
montar capas do blocos do anotações por meio da colagem de quadrados do dobradura
sobro papel cartão, quo so constituiu na Faso do Ensino, o foi roalizada com o som um
arranjo instrucional. Em seguida, na fase de Linha de Base para desempenho nas
tarefas nos esquemas concorrentes, o participante pôde escolher se preferia trabalhar
com ou som arranjo instrucional. Nos esquemas múltiplos, os componentes se alter
navam de forma quase randômica e diferiam com relação à presença ou ausência do
arranjo instrucional, mas eram designados pelo experimentador e não escolhidos pelo
participante. A conclusão da tarefa tanto sob esquemas múltiplos como sob esquemas
concorrentes e tanto sob a condição de arranjo, como sob a condição sem arranjo tinha
como conseqüência a escolha de um item de preferência pelo participante om esque
ma de reforçamonto contínuo (FR 1).
Para estabelecimento da hierarquia de estímulos de prelerência dos partici
pantes, a serem posteriormente usados como possíveis estímulos reforçadores, os
soguintos passos foram seguidos:
Métodos diretos
Avaliação inicial: Avaliação do proforôncia com oscolha paroada
A avaliação do preferência com escolha pareada envolveu a apresentação de
dois estímulos simultaneamente e a observação de qual estimulo ora escolhido pelo
indivíduo Pretendou-se identificar os estímulos que eram preferidos pelos participan
tes em relação a outros estímulos apresentados simultaneamento de um conjunto de
ostímulos (Clausen, 2006).
Organizando o ambiento. O conjunto de estímulos potencialmente preferidos foi man
tido fora do alcance e da visão do indivíduo que estava sendo avaliado. Esse tipo de
avaliação foi realizado sobro uma mesa.
Procedimentos. Cada estímulo foi numerado o aprosontado em par com cada um dos
domais ostímulos da lista Depois que uma lista de pareamento foi determinada, o
primeiro par do estímulos foi apresentado equidistante entre si. O indivíduo foi instruído
a oscolher um estímulo. O comportamento de escolha nessa fase foi observado sob
osquemas do reforçamento concorrentes. O participante tinha à sua fronto duas alter
nativas, uma à esquerda o outra á direita, apresentados concomitantomente. Cada
alternativa era um possível estímulo de preferência do participante retirado da lista
fornecida pelos pais o cuidadores. Ao início de cada tentativa, diante das duas alterna
tivas, o participante rocebia a instrução: "Aponte para o que mais gosta". Nas primeiras
tentativas, esta instrução poderia ser complementada com "Aponte!", caso o participan
te, inicialmente, nào respondesse. Se o indivíduo tentasse escolher ambos os estímu
los, ambos eram removidos e reapresentados com uma instrução adicional para esco
lher apenas um. Se o indivíduo não escolhosso nenhum dos estímulos, seu uso era
remodelado e os estímulos reapresentados com a instrução para escolher um. Se o
indivíduo ainda não escolhesse um dos estímulos, a ausência do oscolha era registrada.
Essa avaliação continuou até que cada estímulo fosse aprosontado com todos os
outros ostímulos ou atividades do conjunto de estímulos potencialmente preferidos.
Ambas as alternativas, ao início de cada tentativa, eram apresentados randomicamente
nas extremidades esquerda o direita da mesa. A topografia definida para a resposta de
oscolha era apontar om diroçào a cada uma das alternativas. Cada rosposta de oscolha
na altornatlva ora soguida pelo acosso o consumo do um ostímulo do proforôncia
(FR1). Os participantes tiveram 15 segundos a partir de sua escolha para consumir ou
tor contato com o ostímulo. Ao término da tontativa, uma nova oportunidade de escolha
ora fornocida ao participanto. Foi roalizada uma sossão com doz tentativas,
C o le ta d e d a d o s , in t e r p r e t a ç a o d o s r e s u lt a d o s e h ie r a r q u ia d e p r e f e r ê n c ia . A folha de
dados incluía uma listagom dos nomes de cada par do ostímulos aprosontados. O nome
do ostímulo era circulado na folha de dados, assim que o participante emitisse a resposta
de aproximação do estímulo. Comportamento de aproximação incluiu alguma tentativa
D e lin e a m e n to e x p e rim e n ta l
Foi utilizado um dolineamonto de sujeito único, tondo o participanto como seu
próprio controle (Tawney & Gast, 1984).
SubmOmiportwm inlnnCogriiçAu 3 7 I
Procedimento para registro e cálculo de fidedignidade e para análise do dados
Todas as tentativas foram cronometradas e 20% delas foram filmadas. Os
registros foram feitos a partir das filmagens das tentativas, utilizando-se um protocolo
de registro observacional Para a análise do comportamento de escolha, a variável
dopendonte foi o número de escolhas para cada alternativa.
Os observadores identificavam c registravam as escolhas dos estímulos ao
longo de todo o estudo. Essas observações e registros foram feitos pela
experimentadora e por uma observadora independente, treinada para fins de teste de
confiabilidado. A média dos resultados do cálculo de fidedignidade para todas as fasos
iniciais do estudo foi de 100% de concordância (Hall, 1974).
R es u lta d o s
Avaliação de preferência
Avaliação inicial
Os resultados dos testes iniciais para avaliação dos estímulos de proferôncia
cncontram-se apresentados na Tabela 2. As escolhas do estímulos do proferôncia
após a conclusão da tarefa foram registradas ao longo de todas as tentativas. Os estí
mulos foram classificados om trôs categorias cm funçáo dos nivois alto, módio o baixo
de preferência, segundo o critério especificado anteriormente.
379 ülovnnH En«>bHl, Mnrliwt Maçado, Anu Lul/a Rocha Furta .lona» Gotnbn, Co)»o Qoytx
tontativas na fase de ensino para os participantes P1, P2, P3 e P4, respectivamente.
Foram escolhidos estímulos dos trôs grupos de proferôncia; alto (34,3%), médio (42,9%)
c baixo (22,9%). Somente o participanto P2 escolheu exclusivamente os estímulos que,
no teste inicial, foram classificados como de alta preferência.
Tabela 3 Porcentagem de escolhas dos itens de preferência alto (A). môdio (M) e baixo (B) para
os quatro participantes nas fases de ensino da tarefa com e sem arranjo, e na fase do linha de
base para desempenho nas tarefas, sob esquemas múltiplos (Muit) e sob esquemas concorrentos
com encadeamento (Cone ), com e sem arranjo.
Discussão
Avaliação dos estímulos de preferência
Em relaçáo às avaliações de estímulos proferência, esse estudo possibilitou
ao indivíduo oportunidades de escolha a cada nova tentativa em relaçáo aos estímulos
de proferôncia fornecidos O procedimento incluiu o levantamento do estímulos através
de perguntas para os atendentes e para os pais. O participanto foi submetido a um
procedimonto de escolha em que a rosposta requerida do apontar foi topograficamonto
mais simplos.
Os estimulos de preferência (oram testados na avaliaçao inicial. Os mesmos
oito estimulos selecionados nessa avaliação inicial, para cada participanto, foram apre
sentados juntos em todas as tentativas para evitar a saciação ou privação sobre os
mesmos o para manter as condições experimentais semelhantes com relaçáo a osta
variável. Assim, ao invés do experimentador entregar um estímulo qualquer arbitraria
mente ao participante, o próprio participante escolhia um estímulo de sua preferência
naquele momento. Essa maneira de apresentação evitou que um estímulo, antes con*
SobmOmifxifliMnnnlooCouiiMto 373
siderado de alto nível de preferência, fosse apresentado como reforçador ao indivíduo e
não mais possuísse essa função naquele determinado momonto. Isso podo ter evita
do que efeitos de operações motivacionais (saciação, privação ou estimulação aversiva)
entrassem om vigor, podendo levar à extinção do comportamento alvo (Michaol, 1993).
Todos os participantes foram capazes de identificar ostímulos do preforôncia.
Poróm, nem todos os indivíduos com deficiência inteloctual são capazes disso
(Bannerman, Sheldon, Sherman, & Harchik, 1990, Guess, Bonson, & Siegel-Causey,
1985; Shevin & Klein, 1984). Uma variável que pode interferir para que o indivíduo emita
ou não o comportamento de escolha ó o meio com que essa escolha ó feita Apontar
pode ser mais fácil que dizer o nome do estímulo em sua ausência, e na presença de
uma pergunta complexa. Assim, a topografia do resposta de escolha nosso estudo
parece ter sido adequada.
Nas avaliações de preferência realizadas, não foram notados efeitos de saciação
para nenhum dos ostímulos, já que os participantos oxecutaram as tontativas o consu
miram os estímulos ao longo dc toda a avaliação.
Pode-se verificar (Tabela 3), que somente P2 manteve sua preferência ao longo
da fase de ensino da tarefa. Os domais participantes, na fase de ensino, osoolhoram
ostímulos que foram classificados como de nível médio e baixo no teste de preferência.
O padrão de escolha da fase de ensino foi diferente do padrão de escolha da avaliação
do preferência inicial.
A inconsistência nos níveis de preferência entre estímulos pode ser explicada
polo critério responsável pola classificação dessos estímulos em níveis de alta, média
e baixa preferência. Tal critério utilizado para caracterizá-los pode não ter sido eficiente.
Os resultados são importantes na medida em que roforçam a noção de quo o
controle inadequado do acesso aos estímulos do proforência pode aumentar ou dimi
nuir a oficácia dos estímulos como ostímulos reforçadores e também reforçam a idéia
do quo ostímulos do monor proforência podom atuar como roforçadoros podorosos o
os do maior proforência podom ter sua oficácia prejudicada se as condições anterioros
á sessão experimental não forem devidamente conhecidas e controladas.
Uma observação importante a ser realizada com base ainda nos estímulos de
preferência utilizados nosso ostudo como consoqüência para os indivíduos é quo em
sua maioria foram estímulos comostíveis. Além disso, foi fornecido um tempo fixo tanto
para consumo do um estímulo comestível como para contato com um ostirnulo de lazor
após a finalização da tarefa do trabalho. Essos ostímulos podom não gorar o mosmo
tempo de consumo ou contato, o que pode ter afetado a escolha dos participantes e a
taxa de reforçamento, afetando a análise dos resultados.
Foram tostados nosse estudo vários ostímulos comostíveis o poucos ostímu
los de lazor. Porém, alguns estudos têm sido realizados na área de escolha de estímu
los de preferência para avaliar se o comportamento de escolha influencia índices de
felicidade de indivíduos deficientes intelectuais (Green, Gardnor, & Reid, 1997).
Futuras pesquisas poderiam testar diferentes estímulos de preferência, em
diferontes densidades de reforçamento, no início o no final do procedimento, para ava
liar os efeitos da escolha no desempenho dos organismos. Informaçõos a respeito dos
benefícios de procedimontos de ensino do escolha, independente dos ofoitos da profe
rôncia, podem ser importantes para o desenvolvimento de programas de ensino para
indivíduos deficientes intelectuais severos o profundos.
O valor reforçador da escolha pôde sor aumentado pelas constantes exposi-
çõos a oportunidados do escolha que possivelmente forneceram acesso a estímulos
do preferência (Lerman, Iwata, Rainville, Adelinis, Crosland, & Kogan, 1997) ou. como
374 Qiovmui rNMliuil, Mwfiiw Mwaxlo. Aiwi Luím Rtx:h« FwriH DiKnm Jotui*liumlm. C«lv>(}oy<m
no prosonto estudo, as oportunidados de escolha podem estar associadas ao acesso
a ostímulos de alta preíorôncia. Portanto, o comportamento do escolha pode ser uma
fonte potoncial do reforçamento condicionado (Catania, 1980; Fisher et al., 1997).
Posquisas da natureza do presente estudo são importantes para idontificar e
doscrover procodimentos e resultados com o intuito de serem incorporados a progra
mas de ensino que privilegiem a construção de um repertório de escolha.
Conclusão
Piazza, Fisher, Bowman e Blakoley-Smith (1999), bem como os dados desse
estudo, mostram que a preferência é um fonômeno temporário. Apesar de alguns estí
mulos poderem ser consistentemente preferidos todo o tompo, alguns deles nào o são.
Infelizmente, não se tem ainda desenvolvido uma tecnologia para identificar quais ope
rações motivacionai8 afetam momentaneamente o valor roforçador das conseqüências
programadas Entretanto, um dos caminhos que podem evitar o fracasso do procedi
mentos de ensino é o uso do avaliações constantes de estímulos de preferência. Tais
procedimentos já se encontram bem descritos na literatura e poderiam ser adaptados
para serem ensinados a cuidadores e profissionais atuantes na área de educação
especial (Piazza et al., 1999).
Faz-se nocossário, portanto, identificar e analisar as rotações ontre o compor
tamento e os eventos ambientais para, assim, programar contingências do reforçamento
efetivas cm sua prática cm qualquer contexto.
Deve-se, portanto, encorajar cuidadores (o. g., professores, pais, e cuidadores
na ároa de saúde) nas comunidades a avaliarem e identificarem reforçadores para
indivíduos com deficiência intelectual regularmente e fazer do procodimento de identifi
cação do roforçadores uma parte padrão do currículo desses indivíduos.
Esse estudo faz uma rovisão sucinta de questões importantes da literatura
comportamental sobre avaliação e identificação do preferência e escolha, rovestindo-
se do importância para as áreas do Educação Especial, Psicologia e Educação. Adicio
nalmente, apresenta procedimentos quo obtiveram bons resultados com pessoas com
doficiência intelectual e que poderiam ser utilizados por pais, cuidadores, professores
e outros profissionais, tanto para instalar comportamentos novos, como para reduzir
comportamentos inadequados
Pesquisas da natureza do presente estudo são importantes para identificar o
descrever procedimentos e resultados com o intuito de serem incorporados a progra
mas de ensino que privilegiem a construção do um repertório de escolha.
Referências
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376 OlovMnit Ew.ol>nl M m iim M 11< 0 <I<1, Aim Lid/« Roctui Furta Dtiqiw. Jonas CíwtiIm . C «Im > Goyoi
Capítulo 38
Avaliação e ensino do repertório de
leitura em indivíduos com
Síndrome de Pown.
Nel ma M aria I elix Capi ViUa^a de Sou/a Barro»
Universidade Paulista - U N IP
Melania M o ro /
PV/C SP - Núdco tlc I’studos c Pesquisas sobre o Tnsino
37« NiiIiiui UhiIh Felix Ch|m VIIImvii (Io Soii/m Bftmm o MoIíiíiIh Moro/
RCLAÇ0F9 CN3INADAH RflAÇOtSCOM ,
UIHIVAÇXll HUOVAVtl
M é to d o
O presente estudo foi realizado em uma Associação, sem fins lucrativos, para
atendimento de possoas com Sindrome de Down, situada numa cidade no interior do
estado dc São Paulo, na região do Valo do Paraíba Participaram quatro indivíduos com
Sindrome do Down, todos do soxo feminino o com idados variando ontro novo o 25 anos.
Utilizaram-se um notebook, com recurso multimídia, uma impressora, folhas
de papel A4 para impressão dos relatórios do cada participante, referentes a cada
sessão; o software Mestre (Goyos e Almeida, 199G) para execução da programação de
ensino e o Instrumento de Avaliação de Leitura - Repertório Inicial - IAL-I (Moroz e
Rubano, 2007).
R e s u lta d o s
Os rosultados dizem respeito ao conjunto de informações obtidas a partir dos
relatórios emitidos pelo software Mestre. Inicia-se pela apresentação dos resultados
relativos ao repertório prévio (IAL-I), sendo utilizados como valores de roferência os
índices iguais ou superiores a 80% de acertos, como indicativos de desempenho
satisfatório; entre 60% e 79% de acertos, como indicativos de desempenho insatisfatório
o os índices abaixo de 60% de acertos, como indicativo de desempenho deficitário. As
siglas SP indicam palavras formadas por sílabas simples e CPX indicam palavras
formadas com sílaba complexa.
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R«l«(ftoCC R«U(*oAB R«l»t3oAC R*laç»oUC I R e la to CB R«la(<toCU
tn»lno Emergência
Figura 3 Acertos (%) nos testes de leitura das palavras ensinadas, de generulizaçflo o de frasos
C o n s id e ra ç õ e s fin ais
Os resultados obtidos na avaliação do repertório inicial de leitura dos partici
pantos evidenciaram, para três dolos, repertórios praticamente inexistentes no que se
refere à leitura expressiva (relação CD). Os melhores desempenhos foram apresenta
dos nas relações CC, BC e AC (com palavras formadas por sílabas simples). Apesar de
os participantes terem Síndrome de Down, com comprometimentos reconhecidamente
atestados pela literatura, foi possível utilizar o IAL-I, o que indica que, independentemen
te da idade e das características individuais, ó um instrumento que permite identificar as
rolações quo são (ou não) dominadas pelos participantes, possibilitando programar o
ensino de forma mais adequada às suas necessidades, conforme salientado por dife
rentes autores, dentre os quais Fernandes (2008); Llausas (2008); Moroz e Rubano
(2007) o Ponciano (2006).
3H4 Ndlm« Murta Fntlx Cnpi VINnço <1«t Sotua Burro* n MHwiIh Muro/
Comparando-se o desempenho nulo dos participantes P3 e P4 em leitura cons
tatado no IAL-I e o patamar satisfatório de leitura expressiva atingido pelos dois partici
pantes no procedimento de ensino, observa-se que, em um curto espaço de tempo,
ambos foram capazes de 1er com compreensão as palavras de ensino, patamar tam-
bóm alcançado polo participante com Sindrome de Down no estudo de Ponciano (2006),
demonstrando quo ocorreram mudanças positivas em sous repertórios do loitura.
Os dados tambóm confirmam que ocorreu a omergôncia do comportamentos
não diretamente ensinados, conforme proposto pelo modelo da oquivalôncia de estí
mulos, evidenciando, tal como proposto por Sidman (1971) que quando se planeja o
ensino cuidadosamente, pode-se lovar o aluno a aprender mais do que o ensinado.
Conformo salientado por Stromer et al (1992) ó possível utilizar os achados decorren
tes dos estudos sobro relações de equivalência para propiciar que certas relações
possam emergir mais rapidamente, possibilitando, assim aplicabilidade para o contex
to educacional, e isto pode ser feito, também, com indivíduos com Sindrome do Down.
Nos Testes do Leitura das palavras de ensino, do palavras o frases de genera
lização, os resultados demonstram que somente P4 atingiu patamares satisfatórios e
apenas na leitura das palavras de ensino; nos testes de leitura de palavras de genera
lização, embora não tenha atingido dosompenho satisfatório, seu repertório desenvol
veu bastanto; já para a leitura do frases, não houve generalização. P3, embora tenha
aprondido as palavras de ensino, apresentou resultados praticamente nulos na gono-
ralização Para osto participante, o procodimonto nào foi suficionto; o quo permitiria a
mudança de seu desempenho na direção esperada: aumento no númoro de atividades,
mantendo-se a programação proposta, ou seria necessário modificar a própria progra
mação? Em outras palavras, quando o participante nào atinge o patamar esporado,
apenas a repetição das atividades propostas é suficiente? Esta é uma questão que
pode dirigir novos estudos.
Um dado importante foi a detecção de oscilação dos repertórios dos participan
tes, com a passagom do tompo; tais oscilações tambóm foram observadas nos partici
pantes com déficit intelectual e Sindrome de Down nos ostudos de Ponciano (2006) e
Zuliane (2007) Aparentemente, indivíduos com Sindrome do Down apresentam maior
dificuldade na retenção do já aprendido, o que demandaria dos pesquisadores maior
cuidado no planejamento das atividados, com vistas a promover a manutenção do
repertório adquirido.
Os resultados obtidos poios participantes nas atividades de ensino confirmam
um dos princípios básicos da Análise Experimental do Comportamonto: não existem
dificuldades que não possam ser superadas; o que se obsorva, em situações de ensi
no promovidas em contexto educacional, é a inadequação metodológica decorrente, na
maioria das vozes, de falhas no planejamento das atividados do ensino. Cabe destacar
uma falha presonto em tal contexto; a escassez de mecanismos precisos de identifica
ção e de acompanhamento do processo de ampliação do repertórios complexos, como
a leitura, tanto para alunos que não apresentam dificuldades de aprendizagem, como
para os quo nocossitam do ostratógias o instrumentos do onsino divorsificados.
Finalizando, ressalte-se que o software Mestre mostrou-se uma lerramenta útil
para aplicação de procedimontos do ensino baseados na proposta do equivalência de
estímulos, mostrando-so como recurso de fácil utilização poios indivíduos, fica ovidon-
ciado que o computador, ao possibilitar a adaptação de diferentes periféricos, permite
às pessoas com diferentes necessidades especiais ter acesso a diferentes atividado
do onsino.
Brasil (2006) Direito á Educação: Subsídios para a gestào dos sistemas educacionais, orientações
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Carlos São Carlos-SP
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