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Direito Constitucional I

Prof: Guilherme Peña

Aula 2

 Diferença entre a federação brasileira e americana:

A distinção entre esses tipos de federação está em suas origens.

O autor Dircêu Torreciccas Ramos tem um livro chamado federalismo assimétrico. Sua tese
é associada ao estudo da física, fazendo uma distinção entre federação centrípeta e
federação centrífuga.

Centrípeta Centrífuga

União União

Estados Estados

A força puxa para o centro. A força vai do centro para a margem.

Esse tipo de federação é a americana, Esse tipo de federação é a brasileira,

Já que nos estado unidos quem formou a Já que quem dá poder aos estados era

União foram os estados, antes soberanos, a união, formando-os autônomos,

Pelo processo da agregação. Pelo processo de segregação.

Essa origem explica problemas atuais vividos por esses modelos. Por ter, nos estados unidos,
estados com uma concentração maior de poder, já que eles que detinham a soberania
anteriormente e resolverão se juntar para formar a união e se tornar autônomos, os estados
possuem o direito de legislar em matéria penal, civil e processual, por exemplo, mantendo o
poder que sempre tiveram.

Já no Brasil, por ser a União quem detinha a soberania, formando os estados, ela detém o
maior poder ate hoje. Hoje em dia, de tanto foram sufocados e tiveram poderes negados,
estados como o Rio de Janeiro passa por uma crise financeira enorme, sendo uma das causas
da crise federativa que o Brasil passa, já que esse modelo cerceador diminuiu muito as verbas
destinadas aos estados.

O melhor autor para explicar a federação é Michael Temer. Ele costuma dizer que a federação
tem 6 características, sendo 3 delas características de constituição (que, sem as quais, a
federação não existe) e 3 características de conservação (presume que a federação já exista
mas serão impostas para que ela se mantenha).

Característica de Constituição Característica de Conservação


 União de entidades políticas  Limitação ao poder constituinte
autônomas, traduzida pelo vinculo derivado decorrente (é o poder
indissolúvel entre entes federativos constituinte do estado = poder
revestidos de auto-organização, constituinte estadual).
autogoverno e autoadministração.

 Bicameralismo de maneira a  Órgão com competência para o


possibilitar a participação da vontade controle de constitucionalidade.
regional na formação da vontade
nacional.

 Repartição constitucional de  Intervenção federal.


competências.

Análise uma a uma:

 “União de entidades políticas autônomas, traduzida pelo vinculo indissolúvel entre


entes federativos revestidos de autoorganização, autogoverno e autoadministração.”

O que existe aqui é a mesma coisa de autonomia política. Autonomia política é a


capacidade de autodeterminação dos estados-menbros. Assim, autonomia é gênero e
ela se divide em três espécies que são a auto-organização, o autogoverno e
autoadministração. (tríplice capacidade).

- Auto-organização: é a capacidade de elaborar uma constituição própria


(constituições estaduais) ou instrumento análogo a ela. Quando se fala de
constituição, falo de estados. Instrumentos análogos a constituição, eu falo de
municípios e distritos federais que não possuem constituição, mas leis orgânicas que
são instrumentos análogos a ela.

- Autogoverno: Capacidade de criar órgãos supremos e de escolher quem vai exercer


esses órgãos.
Os concursos públicos é uma manifestação de autogoverno, porque o estado já criou
os órgãos e vai escolher quem irá exercê-los.

- Autoadministração: é a capacidade de prestação dos serviços públicos por órgãos


próprios.

Assim, o estado é autônomo e se determina de acordo com as suas vontades.

“vínculo federativo indissolúvel”: o vínculo não pode ser quebrado, logo, na federação,
não se aceita secessão, porque isso seria a quebra desse vínculo.
De acordo com essa ideia há uma relação entre os artigos 1°, 18 e 34, I.

Entre o artigo 1° e artigo 18 há uma relação de distinção: O termo “união”, com letras
minúsculas no artigo 1°, significa vínculo federativo, aparecendo ligada a palavra
“vínculo”. Já, no artigo 18, o termo “União”, com letras maiúsculas, se refere a
entidade federativa união, de modo que ele mesmo diz que é autônoma.

Entre o artigo 1° e o artigo 34,I há uma relação de causalidade: O artigo 34, I é um


efeito, uma consequência, do artigo 1°. No artigo 34, I diz que se houver um
movimento tendencioso a separar e quebrar o vínculo federativo, haverá intervenção
Federal. Esse artigo só existe por, no artigo 1°, se estabelece que o vínculo federativo é
indissolúvel e, desse modo, não se pode quebrar. Caso alguém tente quebra-lo, o
artigo 34, I estabelece as consequências.

 “Bicameralismo de maneira a possibilitar a participação da vontade regional na


formação da vontade nacional.”

Bi/ cameralismo: duas casas. Assim, o poder legislativo federal deve ser decomposto em duas
casas que, no Brasil, tem nome de Câmara e Senado.

Essa divisão não ocorre no plano estadual, municipal e distrital. Nos estados, o poder
legislativo é unicameral.

Câmara dos deputados Senado Federal

 É o órgão de representação popular.  É o órgão de representação


federativa – estados e DF.

 Sistema eleitoral proporcional.  Sistema eleitoral majoritário.

 513 membros com o mandato de 4  81 membros de 8 anos com


anos, sendo possível renovação total. renovação parcial (1/3 ou 2/3)

- É o órgão de representação popular: A câmara é formada por representantes do povo


brasileiro.

- É o órgão de representação federativa – estados e DF: Há aqui a representação dos estados


membros da federação.

- Sistema eleitoral majoritário: é aquele pelo qual o mandato eletivo é alcançado pelo numero
total de votos obtidos pelo candidato. Aqui se vota na pessoa do candidato e não no partido
dele. Por esse modo, o STF não exige, para o senado, fidelidade partidária, pois é a pessoa dele
o centro da votação.

- Sistema eleitoral proporcional: o mandato eletivo será alcançado pela força demostrada pelo
partido político, de tal maneira que os partidos mais fortes farão o maior número de
candidatos eleitos. O número de cadeira é proporcional ao número de pessoas do estado.
Assim, como aqui quem faz ser eleito é o partido, o STF exige fidelidade partidária.

- 513 membros com o mandato de 4 anos, sendo possível renovação total: é possível a
renovação total na teoria.

- 81 membros de 8 anos com renovação parcial (1/3 ou 2/3): A renovação nunca será total. Em
uma eleição ela se renova 1/3 e na outra 2/3. Isso acontece para garantir a ideia de
estabilidade.

“vontade regional participe da vontade nacional”

O que garante, no bicameralismo, que os estados tenham participação na vontade nacional? O


Senado.

Isso acontece, pois no Senado, cada estado tem direito a 3 membros cada, sendo uma
quantidade igual para todos os estados. Na câmara, ela será formada de acordo com a
população dos estados de modo que os estados mais populosos fariam com que as suas
vontades prevalecesse. É devido a isso que, em regra, a câmara é a casa iniciadora e o senado,
a casa revisora, pois os interesses regionais podem surgir na câmara e tomar força pela
desigualdade de deputados, o que, ao ir para o senado, ela irá barrar esses interesses regionais
a fim de equilibrar a federação. Dessa forma, no senado todos os estados são ouvidos de
maneira igual.

Isso tem reflexos na política onde, quem domina a câmara, são os estados do sul e sudeste, já
que são os estados mais numerosos e, portanto, com maior numero de deputados. Já o
senado, quem domina são os estados do norte e nordeste, já que essas regiões possuem o
maior numero de estados se comparados as demais, e como cada estado tem 3 senadores,
eles possuem muito apoio.

Brasília:

Senado

Câmara

As duas torres iguais e a passarela indica igualdade de poder entre as casas. A câmara é órgão
de inovação, tanto que ela inicia o processo. E, por inovar, ela busca a luz, o conhecimento.
Como o senado tem como função o equilíbrio, ele busca o centro, para se manter no solo e
equilibrar os interesses locais.

Os senados, por terem essa função, são próprios de federação. Porem, existem federações
sem senado, como a Venezuela, como também existem estados unitários com senado, como
ocorre na Inglaterra – câmara dos comuns e câmara dos lords - , porem é difícil encontrar.
 “Repartição constitucional de competências.”

 Definição: A competência é o limite ou medida do poder político na federação. Assim,


sempre que na federação o poder político for limitado, esse limite tem o nome de
competência.

 Critério: Preponderância do interesse. Não se pode dizer exclusividade do interesse,


pois é impossível que haja uma matéria exclusiva de alguém, o que irá ocorrer é um
interesse maior de uma entidade em comparação com outra.

Assim, se uma matéria tiver interesse preponderantemente nacional, a competência


será da união. Se o interesse for preponderantemente regional, a princípio a
competência será do estado. E se o interesse for local, a competência será do
município.

 Direito comparado: No mundo há 3 grandes sistemas: índia, canada e estados unidos.

Índia: A constituição enumera as competências da união e enumera as competências


dos estados. Ela tanto se preocupa com as competências federais como com as
competências estaduais.

Canadá: A constituição enumera as competências dos estados e reserva eventuais


remanescentes para a união. Assim, a constituição se preocupa com as competências
estaduais e, o que não for dado a ele, será da união.

Estados Unidos: A constituição enumera competência da união e reserva eventual


remanescentes para os estados.

Competência enumerada Competência


ou expressa remanescente ou residual.
Índia União/ estado x
Canadá estado união
E.U.A união estado

Como é no Brasil?

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