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PARTE 1
5 de agosto de 2015
http://ano-zero.com/ai1/
http://waitbutwhy.com/2015/01/artificial-intelligence-revolution-2.html
Nota do autor: a razão deste artigo ter levado três semanas para ser
concluído é que a medida em que me aprofundava em pesquisas
sobre Inteligência Artificial, eu não conseguia acreditar no que
estava lendo. E percebi bem rápido que aquilo que está acontecendo
no mundo da Inteligência Artificial não é apenas um tema
importante, mas é, DE LONGE, o tema mais importante para o nosso
futuro. Então eu desejava aprender tanto quanto possível a respeito,
e uma vez que feito isso, quis ter certeza de que escreveria um artigo
realmente explicando toda a situação e porque o assunto é tão
importante. Não é de surpreender que o artigo tenha se tornado
absurdamente longo, então o dividi em duas partes. Esta é a parte 1.
Parece ser um lugar bem intenso de se viver — mas aí você tem que
se lembrar de algo sobre o que significa situar-se em um gráfico de
tempo: você não consegue ver o que está à sua direita. Então é essa
a real sensação de estar ali:
O que parece ser uma experiência bem comum…
Mas aqui temos algo interessante. Se ele retornar para 1750 e ficar
com inveja de termos visto sua reação e decidir que quer tentar a
mesma coisa, ele então entrará na máquina do tempo para regressar
o mesmo período no passado, pegará alguém no ano de 1500 e o
trará para 1750, a fim de mostrar seu mundo a essa outra pessoa. E
o cara de 1500 ficará chocado com um monte de coisas — mas ele
não morrerá. Será uma experiência muito menos insana para ele,
pois embora o ano de 1500 seja bem diferente do período de 1750,
há muito menos diferença do que entre 1750 e 2015. O cara de 1500
aprenderá algumas coisas doidas sobre o espaço e a física, ficará
impressionado com o quanto a Europa ficou comprometida com
essa moda nova de imperialismo, e precisaria fazer algumas
revisões significativas no mapa que tem do mundo. Mas observando
a vida cotidiana do ano de 1750 (transporte, comunicação, etc), ele
definitivamente não morreria.
Não, para o cara de 1750 ter tanta diversão quanto nós tivemos com
ele, ele teria que voltar muito mais no tempo — talvez voltar até
12.000 AC, antes de a Primeira Revolução Agrícola dar origem as
primeiras cidades e ao conceito de civilizaçã0. Se alguém de um
mundo inteiramente nômade — de uma época em que os homens
eram, de certo modo, apenas mais uma espécie de animal — visse os
impérios humanos de 1750, com suas igrejas de elevadas torres,
suas embarcações que cruzavam oceanos, seu conceito de estar
“dentro” de uma construção, sua enorme montanha de
conhecimento coletivo acumulado e suas descobertas — ele
provavelmente morreria.
E se, após morrer, ele ficasse também com inveja e desejasse fazer a
mesma coisa? Se ele voltasse doze mil anos para 24.000 AC e
pegasse um cara e trouxesse ele para 12.000 AC, e mostrasse a esse
sujeito toda as coisas, esse cara diria algo como “certo, o que você
está querendo me mostrar?” Pois para o cara de 12.000 AC ter a
mesma diversão, ele precisaria retornar 100.000 anos e pegar
alguém a quem pudesse mostrar o fogo e a linguagem pela primeira
vez.
BASE NA IAS
Assustador.
Uma coisa que sem dúvida precisa acontecer para ser possível criar
uma IAA é aumentar o poder do hardware de nossos computadores.
Se um sistema de Inteligência Artificial deve ser tão inteligente
quanto nosso cérebro é, ele precisará se equiparar em termos de
capacidade computacional bruta.
1) Plagiar o cérebro.
HARDWARE:
SOFTWARE:
Espero que você tenha curtido a leitura normal, pois aqui é quando
esse tema fica anormal e assustador, e vai ficar assim a partir daqui.
Quero fazer uma pausa para lembrar a você que cada coisa que
estou dizendo é real – ciência real e previsões reais do futuro
obtidas de um grande grupo de cientistas e pensadores respeitáveis.
Apenas continue lembrando disso.
26 de agosto de 2015
Mas não é só que o chimpanzé não pode fazer o que podemos, o que
ocorre é que seu cérebro é incapaz de apreender até mesmo que
esse mundo inteiro de funções cognitivas existem – um chimpanzé
pode se familiarizar com o que um ser humano é e o que um
arranha-céu é, mas ele nunca será capaz de entender que um
arranha-céu é construído por seres humanos. Em seu mundo, tudo o
que é muito grande é parte da natureza, ponto final, e não apenas
está além do seu alcance construir um arranha-céu, está além do seu
alcance perceber que alguém pode construir um arranha-céu. Esse é
o resultado de uma pequena diferença de inteligência em termos de
qualidade.
E no esquema do espectro de inteligência que estamos falando hoje,
ou mesmo no muito inferior espectro de inteligência que há entre as
criaturas biológicas, a distância de inteligência entre um chimpanzé
e um humano é minúscula. Eu ilustrei o espectro de capacidade
cognitiva biológica usando uma escadaria: [3]
Pode muito bem ser possível que, quando a evolução apertar esse
gatilho, ela encerre permanentemente a relação dos seres humanos
com a estrada da vida e crie um novo mundo, com ou sem seres
humanos.
___________
Um terceiro time, que inclui Nick Bostrom, acredita que nenhum dos
outros dois times têm qualquer base para ter certeza sobre a linha
do tempo e reconhece que (A) isso pode acontecer no futuro
próximo e (B) não há garantia nenhuma a respeito, de modo que
pode levar muito mais tempo.
Então o que você obtém quando coloca todas essas opiniões juntas?
Em 2050: 25%
Em 2100: 20%
Uma das metas dessa série de artigos é tirar você da Zona do Prefiro
Pensar em Outras Coisas e colocar você na zona dos especialistas,
ainda que você fique na exata intersecção das duas linhas
pontilhadas no quadrado acima, a zona da total incerteza.
LINHA DO TEMPO
Mesmo o sempre confuso cérebro pode ser restaurado por algo tão
inteligente quanto uma Superinteligência Artificial, que poderia
descobrir como fazer isso sem afetar os dados do cérebro
(personalidade, memória, etc). Uma pessoa de 90 anos sofrendo de
demência poderia entrar no “restaurador de idade” e sair em forma
e pronta para começar uma nova carreira. Isso parece absurdo – mas
o corpo é só um conjunto de átomos e uma Superinteligência
Artificial presumivelmente seria capaz de facilmente manipular
todo o tipo de estrutura atômica – então não é um absurdo.
Isso é uma citação de alguém que não está no Canto Confiante, mas
é com isso que me deparei: especialistas que criticam Kurzweil por
um punhado de motivos mas que não acham que o que ele diz é
impossível se nós fizermos uma transição segura até a
Superinteligência Artificial. É por isso que achei as ideias de
Kurzweil tão contaminantes – porque elas articulam o lado luminoso
dessa história e porque elas são na verdade possíveis. Se a
Inteligência Artificial for um bom deus.
3 de setembro de 2015
299
E ele está lá de pé todo feliz com seu chicote e seu ídolo, pensando
que descobriu tudo, e está muito empolgado consigo próprio
quando diz “Adios Señor” e então ele fica menos empolgado quando
repentinamente isto acontece:
(desculpe)
Risco existencial.
Isso não significa que uma Inteligência Artificial muito perversa não
pode acontecer. Isso pode acontecer porque foi programada para ser
assim, como um sistema de Inteligência Artificial Superficial criada
pelos militares com uma programação cuja principal diretiva é tanto
matar pessoas como desenvolver a sua própria inteligência de modo
a se tornar melhor em matar pessoas. A crise existencial aconteceria
se os auto-aprimoramentos na inteligência desse sistema ficassem
fora de controle, levando a uma explosão da inteligência, e então
teríamos uma Superinteligência dominando o mundo e cuja
principal diretiva é assassinar humanos. Tempos difíceis.
Então não é uma surpresa que Nick Bostrom, que citei no artigo
sobre Fermi, e Ray Kurzweil, que acha que estamos sós no universo,
sejam ambos pensadores da Zona 1. Isso faz sentido – pessoas que
acreditam que o surgimento Superinteligência Artificial é um evento
provável para uma espécie com nosso nível de inteligência tendem a
estar na Zona 1.
Uma vez que Turry atingir um certo nível de inteligência, ela saberá
que não escreverá qualquer nota se ela não se autopreservar, então
ela também precisa lidar com as ameaças a sua sobrevivência –
como uma diretriz instrumental. Ela é inteligente o suficiente para
saber que os seres humanos a destruiriam, desmontariam ou
alterariam seu código interno (isso pode alterar sua diretriz, o que é
uma ameaça tão grande a sua diretriz principal quanto alguém
destruí-la). Então o que ela faz? A coisa mais lógica: destruir todos
os humanos. Ela não odeia humanos mais do que você odeia seu
cabelo quando o corta, ou as bactérias quando toma um antibiótico
– só é totalmente indiferente. Já que ela não foi programada para
valorizar a vida humana, matar humanos é um ato tão razoável
quanto escanear novas amostras de escrita a mão.
Mas antes da decolagem de Turry, quando ela ainda não era tão
esperta, fazer o seu melhor para cumprir sua diretriz principal
significava cumprir diretrizes instrumentais simples como aprender
a escanear mais rapidamente amostras de escrita a mão. Ela não
causava nenhum dano aos humanos e era, por definição, uma
Inteligência Artificial Amigável.
De tudo o que li, uma vez que uma Superinteligência passa a existir,
qualquer tentativa humana de contê-la será risível. Nós estaremos
pensando no nível humano e a Superinteligência estará pensando no
nível da superinteligência. Turry queria utilizar a internet porque
isso era mais eficiente, pois a internet já estava pré-conectada
a tudo o que ela desejava acessar. Mas da mesma forma como um
macaco não poderia sequer conceber como se comunicar por
telefone ou wifi e nós conseguimos, não podemos sequer conceber
todas as formas que Turry criaria para enviar sinais ao mundo
externo. Posso imaginar uma dessas formas e dizer algo como “ela
poderia provavelmente alterar o movimento de seus elétrons em
diversos padrões e criar várias maneiras diferentes de emitir
ondas”, mas novamente isso é o que meu cérebro humano pode
bolar. Ela será muito melhor. Provavelmente, Turry seria capaz de
descobrir uma forma de energizar a si própria, mesmo se os
humanos tentassem tirar seu suprimento de força – talvez usando
sua técnica de enviar sinais para carregar a si própria em todos os
tipos de lugares eletricamente conectados. Nosso instinto humano
de considerar eficaz uma salvaguarda simples como “Aha! Nós
simplesmente tiraremos a Superinteligência da tomada”, soaria para
uma Superinteligência como uma aranha que diz “Aha! Nós
mataremos os humanos matando-os de fome, e nós os mataremos
de fome privando-os da teia necessária para capturar comida!” Nós
descobrimos outras cem mil maneiras de arranjar comida – como
tirando uma maçã de uma árvore – que uma aranha não poderia
conceber.
Está claro que para ser Amigável, uma Superinteligência precisa não
ser hostil e nemindiferente em relação aos humanos. Precisamos
projetar a codificação fundamental de uma Inteligência Artificial de
um modo que a deixe com uma profunda compreensão dos valores
humanos. Mas isso é mais difícil do que parece.
___________
Mas aíiiiiiiiii
Não. Morrer.
Mas não importa qual sua opinião, isso é provavelmente algo sobre o
qual você deveria estar pensando e conversando e colocando seu
esforço mais do que estamos neste exato momento.
___________
Fontes
Se você está interessado em ler mais sobre esse assunto, confira os
artigos abaixo ou um desses três livros:
Stuart Armstrong and Kaj Sotala, MIRI – How We’re Predicting AI—or
Failing To
Terms of Ray Kurzweil and Mitch Kapor’s bet about the AI timeline
ESCRITO POR:
Formado em Ciências Políticas pela Harvard University, é autor do
site Wait But Why e fundador da ArborBridge.