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REFORMA PREVIDENCIÁRIA

A reforma da previdência interessa a milhões de brasileiros que esperam se aposentar


ao longo das próximas décadas. Com déficit nas contas públicas, o governo de Michel Temer
quer endurecer as regras para o acesso a aposentadorias e pensões. O governo apresentou um
projeto de reforma da previdência com uma série de alterações nas regras atuais que atinge
praticamente todos os trabalhadores. Para entrar em vigor, as mudanças ainda devem ser
aprovadas pelo congresso. A previsão é que isso ocorra ainda esse ano 2017.

Na visão de alguns contadores como Carlos Galbas, a reforma da previdência, não é


uma reforma, mas sim um “desmonte” do sistema de proteção social. Para ele, a tentativa de
unificar as regras para homens, mulheres, trabalhadores urbanos e rurais é “uma tremenda
injustiça”. Ele ainda recrimina a atitude do o governo de tentar fazer uma mudança estrutural
no sistema em um momento em que a crise econômica “distorce a discussão sobre o rombo”
da previdência.1

Já na visão de Fabio Passos, a reforma da previdência é inadequada, pois não corrige


pontos necessários e desmonta o sistema de seguridade social. E que a PEC 287, da forma
como está, cria problemas que não existem e agrava os existentes, além de gerar o
empobrecimento generalizado da população brasileira.2

Galbas e Passos afirmam que a reforma é necessária, mas precisa ser adequada, com
estudos técnicos, porque existe transição demográfica, envelhecimento da população, taxa de
longevidade, tudo que impõe um grande desafio à previdência. Que também é preciso
rediscutir não só a DRU (Desvinculação de Recursos da União), mas renúncias fiscais. Rever
não só a saída do dinheiro da Previdência, mas também a entrada do dinheiro.1.2

Os economistas encontra partida afirmam que, o quadro fiscal brasileiro é


extremamente preocupante e destacaram que a reforma da previdência é indispensável para a
solvência das contas públicas no médio e longo prazo. De acordo com o economista Nilson
Teixeira, o Brasil terá que tratar das despesas obrigatórias e também da previdência. Não há
como alcançar um processo de ajuste fiscal sem uma reforma da Previdência Social bastante
ampla que alcance não só os funcionários do setor privado, mas também do setor público.3

Nilson ressalta ainda que, a razão entre a população de maior idade (+ de 65 anos) e de
menor idade (20-65 anos) vem crescendo no Brasil desde o início da década passada, o que
impacta em um forte crescimento dos gastos da previdência. O economista também destacou
um aumento expressivo da folha de pagamentos (superior a 10% se comparado os primeiros
seis meses de 2017 e de 2016). O economista Felipe Salto, concorda que sem reformas
Previdência estruturais que afetem a dinâmica do gasto obrigatório, a chance de reequilíbrio
da dívida/PIB é zero.3

O economista Mansueto Facundo também afirma que, sem a reforma da previdência, é


impossível cumprir a regra do teto dos gastos, prevista na emenda constitucional 95/2016.
Acrescentou ainda que, o Brasil já gasta 13% do PIB com previdência e, sem a reforma, seria
preciso um forte aumento de carga tributária de pelo menos 5-7 pontos do PIB até 2026 para
se ter um superávit primário de 2% do PIB em 2026.3

Além da reforma da previdência, o economista Nilson Teixeira afirmou que serão


necessários outros ajustes nas contas públicas. Nilson defendeu, por exemplo, uma possível
reversão de renúncias tributárias para atenuar a crise fiscal. Para ele, também são necessárias
reformas microeconômicas para elevar o crescimento potencial da economia.3

Neste atual cenário de crise econômica que se encontra o nosso país, garanto que
banqueiros, empresários ricos, profissionais liberais bem sucedidos, enfim, todos os
aplicadores de dinheiro só têm a ganhar com a manutenção do atual sistema previdenciário.
Quanto mais o governo se endivida para cobrir o rombo, mais esta turma enriquece ganhando
juros reais. Consequentemente, os mais pobres pagam a conta e empobrecem. Além destes,
aposentados especiais, pensionistas do funcionalismo público, aposentados rurais, militares,
etc. Todos que recebem mais do que contribuíram continuarão ganhando. Todos que
sustentam ou sustentarão a farra continuarão perdendo caso nada mude.

Portanto, eu concordo com a reforma da previdência não com essa idade mínima de 65
anos para a aposentadoria, e com tempo mínimo de contribuição de 25 anos. Mais sim com a
idade de 60 anos. É preciso olhar para desigualdade regional, econômica, social. Qualquer um
que já viajou por diversas regiões do nosso país, sabe que as condições de vida não são iguais
nas diferentes regiões. Não se pode dizer que 65 é a idade, tem que dar a opção do tempo de
contribuição. Eu defendo pessoalmente que o fator 85/95, que existe como regra de cálculo,
seja transformado em regra de acesso. Isso naturalmente já impõe uma idade mínima. Como
ele está hoje, a pessoa opta ou não por usar.
As crises econômicas ocorridas em nosso país têm causas antigas, que remontam ao
início do atual período democrático (iniciado em 1985), bem como causas recentes, ligadas a
uma política econômica equivocada e inconsistente, adotada por volta de 2005/2006 e
aprofundada a partir de 2011. Governos que passaram a maquiar as contas para esconder o
déficit, deteriorando ainda mais a confiança e as expectativas dos agentes econômicos em
relação à consistência da política econômica.4

O filme "Real - O Plano Por Trás da História" mostra de forma clara o cenário
econômico vivido no passado. Se, em 1993, a força-tarefa montada pelo ministro Fernando
Henrique Cardoso, no governo do presidente Itamar Franco buscava acabar com a
hiperinflação e salvar a democracia restaurada há menos de dez anos. Se compararmos com o
cenário econômico atual, a equipe montada pelo presidente Michel Temer de forma
semelhante busca realizar uma reforma fiscal e monetária para o nosso país para controlar os
gastos públicos e equilibrar as contas públicas.

O grande problema desses planos econômicos criado nos governos passados, e que
eles não viam acompanhado de medidas para controlar os gastos públicos. Os ajustes fiscais e
monetários não eram suficientes para equilibrar as contas públicas. Desta forma virando uma
bola de neve incontrolável que passava de governo para governo.3.4

Nos primeiros anos do novo século já estava clara a necessidade de reformas que
mudassem o padrão de crescimento do gasto público. Projeções de especialistas em
previdência social mostravam que os sistemas dos servidores públicos e do setor privado
estavam em rota de déficit crescente. Os gastos em programas sociais cresciam de forma
acelerada. A rigidez da despesa com pessoal, saúde e educação também aumentava. O
processo de elaboração do orçamento era frágil: as receitas superestimadas, as despesas
subestimadas e o controle fiscal feito “na boca do caixa”. Tornou-se lugar comum à frase
segundo a qual “o orçamento público, no Brasil, é uma peça de ficção”.4

Ou seja, mais de uma década atrás já era evidente que o regime fiscal brasileiro não
seria sustentável no longo prazo. Obviamente, a carga tributária não poderia crescer para
sempre, pois chegaria um momento em que sufocaria os contribuintes e as possibilidades de
crescimento econômico e da própria receita. A crônica falta de investimento em infraestrutura
reduzia o potencial de crescimento do PIB e da receita pública.
REFERENCIAS

1. CASTRO, José Roberto. Proposta não é reforma, é desmonte do sistema


previdenciário. Disponível em:<
https://www.nexojornal.com.br/entrevista/2017/04/09/%E2%80%98Proposta-n%C3%A3o-
%C3%A9-reforma-%C3%A9-desmonte-do-sistema-previdenci%C3%A1rio%E2%80%99-
diz-Carlos-Gabas> Acesso em: 09 nov. 2017.

4. MÜLLER, Carla Lidiane. Reforma previdenciária é explanada para contadores em


Chapecó. Disponível em:< http://contabilidadenatv.blogspot.com.br/2017/04/reforma-
previdenciaria-e-explanada-para.html> Acesso em: 09 nov. 2017.

3. SENADO FEDERAL. Economistas afirmam que reforma da Previdência é


indispensável ao ajuste fiscal. Disponível em:<
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2017/09/20/economistas-afirmam-que-
reforma-da-previdencia-e-indispensavel-para-viabilizar-ajuste-fiscal> Acesso em: 13 nov.
2017.

4. MENDES, Marcos. Brasil, Economia e Governo: Por que a economia brasileira foi
para o buraco. Disponível em:< http://www.brasil-economia-governo.org.br/2015/08/25/por-
que-a-economia-brasileira-foi-para-o-buraco/> Acesso em: 13 nov. 2017.

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