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COPATTI, Carina.
PEREIRA, Ana Maria.
PAIM, Robson.
Resumo: Este artigo origina-se das inquietações vivenciadas no decorrer do desenvolvimento das
disciplinas de Estágio Supervisionado: Prática de Ensino em Geografia I, II, III e IV na Universidade
Federal da Fronteira Sul, UFFS – Campus Erechim. Acompanhamos diferentes situações vividas e
relatadas pelos acadêmicos em sua formação para a docência. Muitos destes relatos nos inquietam e
justificam a necessidade de reflexões sobre a formação de professores. A partir desta realidade,
contextualizamos a prática docente, a partir do momento em que esse profissional “faz-se” professor e
passa a desenvolver uma série de atividades, que lhe permitem avaliar sua prática em busca de constante
aprimoramento. Sendo assim, propomos uma reflexão em torno da seguinte questão: Como a prática de
ensino no estágio curricular supervisionado contribui para o “fazer-se” professor? Para tanto, utilizamo-
nos de contribuições teóricas, de vivências cotidianas como professores de estágio de docência e também
a partir de depoimentos de acadêmicos do curso de Geografia, que vivenciaram a prática da docência na
educação básica. Consideramos que, refletir sobre as práticas e realizar mudanças, se necessário, é
fundamental para processo de ensino aprendizagem e só será realmente eficiente se o aporte teórico tenha
sido consistentemente construído.
INTRODUÇÃO:
1
A ideia do “fazer-se” professor foi utilizada tendo como base o trabalho de Paim (2005), para quem,
muito além de ‘formar’ o professor há um ‘fazer-se’ que se dá num emaranhado de relações nas quais o
professor é sujeito das suas ações e do seu processo formativo, tendo como pressuposto básico a ideia de
que “é possível e necessário o diálogo entre os diferentes sujeitos envolvidos no processo de fazer-se
professor, quer esses sujeitos estejam na escola ou na academia” (PAIM, 2005, p. 21).
processo formativo. O ato de educar demanda também, profunda reflexão do professor
sobre sua própria prática, enquanto mediador do processo de formação de novos
professores.
Ao iniciar o processo de formação para a docência, os acadêmicos veem-se
como alunos, mas, gradativamente passam a enxergar-se como professores, ao realizar
as primeiras atividades voltadas à prática de sala de aula. Nesse momento, as primeiras
dúvidas e certa insegurança se instalam, ao vir à tona uma série de incumbências que
devem levar em consideração para que, efetivamente, se coloque em prática a teoria
estudada durante a graduação.
A prática docente exige muito além do domínio de conhecimentos teóricos,
envolve questões didático-pedagógicas e a atenção às necessidades de cada aluno, tendo
em vista o desenvolvimento de uma educação significativa e humanizadora. Tais
necessidades, por vezes, deixam o acadêmico (professor em formação), de certo modo,
inseguro ao iniciar suas primeiras atividades. Diante disso, sentimo-nos desafiados a
pensar a formação de professores de Geografia na contemporaneidade, em meio a um
intenso e complexo processo de mudanças e desafios que se apresentam aos
profissionais cotidianamente.
Paim (2006) expõe a necessidade de atenção aos desafios que surgem e que,
muitas vezes, geram dificuldades na prática docente do acadêmico que se faz professor.
Nesse processo, ocorrem muitas tensões, em que o acadêmico depara-se com um
“choque de realidade” ao vivenciar suas primeiras experiências de ensino, a partir do
contato com os alunos, no desenvolvimento do estágio supervisionado.
De acordo com o autor, a experiência em sala de aula desencadeia o processo de
relacionamento dos conhecimentos da formação, com os dados da própria prática e com
os dados do contexto escolar. Assim, o acadêmico envolve-se num processo de
transformação e construção de sua identidade como docente. O autor considera ainda
que:
Ele tem que enxergar, por si próprio e à sua maneira, as relações entre meios
e métodos empregados e resultados atingidos. Ninguém mais pode ver por
ele, e ele não poderá ver apenas falando-se a ele, mesmo que o falar correto
possa guiar seu olhar e ajudá-lo a ver o que ele precisa ver. (DEWEY apud
SCHÖN, 2000, p. 25).
Destaca-se também que os acadêmicos que trocam ideias com seus professores,
que se envolvem nas atividades propostas durante as aulas e que interagem durante a
formação, inclusive ao participar de atividades que envolvem o ambiente de escola,
palestras e debates sobre educação, apresentam maior habilidade e facilidade de lidar
com a prática de sala de aula.
Tardif (2012) destaca os quatro tipos de saberes essenciais à atividade docente:
os saberes da formação profissional, os saberes disciplinares, os saberes curriculares e
os saberes experienciais. Todos estes saberes colaboram para o desenvolvimento de uma
prática docente significativa e comprometida, a fim de contribuir para a qualidade do
processo educativo. Entretanto, os saberes provenientes da própria experiência na
profissão, na escola e em sala de aula dão sentido à formação docente, pois partem das
vivências do professor.
Uma importante questão debatida com os acadêmicos diz respeito à importância
do estágio como atividade que contribui na formação do professor de Geografia: Como
a prática de ensino contribuiu para o fazer-se professor? Um depoimento interessante é
descrito por um dos acadêmicos:
É de fato estar lá, fechar a porta e dizer: agora é comigo! Quando não nos
colocamos no lugar do outro, não entendemos as suas dificuldades e
criticamos, mas quando assumimos o papel, sentimos o quanto é
surpreendente esta profissão.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: