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Fazer-se professor na contemporaneidade: discussões a partir de

práticas de estágio na formação de professores de Geografia

COPATTI, Carina.
PEREIRA, Ana Maria.
PAIM, Robson.

Resumo: Este artigo origina-se das inquietações vivenciadas no decorrer do desenvolvimento das
disciplinas de Estágio Supervisionado: Prática de Ensino em Geografia I, II, III e IV na Universidade
Federal da Fronteira Sul, UFFS – Campus Erechim. Acompanhamos diferentes situações vividas e
relatadas pelos acadêmicos em sua formação para a docência. Muitos destes relatos nos inquietam e
justificam a necessidade de reflexões sobre a formação de professores. A partir desta realidade,
contextualizamos a prática docente, a partir do momento em que esse profissional “faz-se” professor e
passa a desenvolver uma série de atividades, que lhe permitem avaliar sua prática em busca de constante
aprimoramento. Sendo assim, propomos uma reflexão em torno da seguinte questão: Como a prática de
ensino no estágio curricular supervisionado contribui para o “fazer-se” professor? Para tanto, utilizamo-
nos de contribuições teóricas, de vivências cotidianas como professores de estágio de docência e também
a partir de depoimentos de acadêmicos do curso de Geografia, que vivenciaram a prática da docência na
educação básica. Consideramos que, refletir sobre as práticas e realizar mudanças, se necessário, é
fundamental para processo de ensino aprendizagem e só será realmente eficiente se o aporte teórico tenha
sido consistentemente construído.

Palavras-Chave: Práticas de estágio. Formação de professores. Ensino de Geografia.

INTRODUÇÃO:

A prática de estágio constitui-se como um processo indispensável para a


formação de professores e, na contemporaneidade, assume papel ainda mais importante
e desafiador, tendo em vista que a docência tem exigido profissionais com qualidades
que vão além de conhecimentos pedagógicos e de conteúdos. É de fundamental
importância que os futuros professores desenvolvam habilidades para inovar sua prática
e estimular os estudantes, de modo a proporcionar a construção do conhecimento de
maneira significativa e autônoma, com vistas à diversidade da sociedade em que se está
inserido e, principalmente, com a consciência do pertencimento a esta.
Ao atuarmos como professores das disciplinas de estágio de docência no Curso
de Geografia da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS – Campus Erechim),
cotidianamente vivenciamos experiências de inserção dos acadêmicos nas atividades de
ensino e, enquanto formadores de professores, nos deparamos com a responsabilidade
de potencializar esse processo e contribuir para que os acadêmicos reflitam sobre sua
formação e o papel que desempenham na sociedade, pois, entendemos que ser professor
vai muito além de socializar e proporcionar condições para a construção do
conhecimento acerca de um determinado conteúdo: somos também potenciais
estimuladores para a formação de cidadãos conscientes da realidade na qual vivem,
atuam e participam cotidianamente.
As experiências vivenciadas no decorrer das disciplinas de Estágio de Docência
no Ensino Fundamental e no Ensino Médio, na Licenciatura em Geografia, tem tornado
possível esse debate acerca da constituição pessoal e profissional do professor. Desse
modo, neste artigo temos por objetivo refletir sobre a prática de estágio na formação de
professores de Geografia e na sua construção como profissionais da docência, o que, na
atualidade, demanda o desenvolvimento de práticas que possam dar conta das
necessidades educacionais do século XXI. Assim, questionamos: Como a prática de
ensino no estágio curricular obrigatório contribui para o “fazer-se”1 professor?
Nesse processo, cabe estarmos atentos para contribuir na formação de um
profissional vigilante, consciente e comprometido com a sua profissão e com os
desafios que surgem cotidianamente no processo educativo.

1. As práticas de estágio na formação do professor de Geografia

A educação, na atualidade, tornou-se acessível a um maior número de pessoas, o


que introduziu novos desafios ao trabalho dos professores universitários, que precisam
dar conta do atendimento à diversidade de sujeitos que chegam às instituições de ensino
superior. Nesse contexto, a Universidade assume novas perspectivas, que desafiam e
questionam o processo de formação e, também, desafiam a prática docente do professor
universitário, que assume, conforme salienta Lima (1996, p. 50), “um papel complexo,
repleto de ambiguidades e de contradições”.
Ao contribuir para a formação de novos profissionais para a docência, os
professores universitários têm o compromisso de estar atentos às dinâmicas da escola de
educação básica, da sociedade, das políticas educacionais e da própria instituição onde
atuam, sem desconsiderar o cuidado com a interação humana, que precisa reger esse

1
A ideia do “fazer-se” professor foi utilizada tendo como base o trabalho de Paim (2005), para quem,
muito além de ‘formar’ o professor há um ‘fazer-se’ que se dá num emaranhado de relações nas quais o
professor é sujeito das suas ações e do seu processo formativo, tendo como pressuposto básico a ideia de
que “é possível e necessário o diálogo entre os diferentes sujeitos envolvidos no processo de fazer-se
professor, quer esses sujeitos estejam na escola ou na academia” (PAIM, 2005, p. 21).
processo formativo. O ato de educar demanda também, profunda reflexão do professor
sobre sua própria prática, enquanto mediador do processo de formação de novos
professores.
Ao iniciar o processo de formação para a docência, os acadêmicos veem-se
como alunos, mas, gradativamente passam a enxergar-se como professores, ao realizar
as primeiras atividades voltadas à prática de sala de aula. Nesse momento, as primeiras
dúvidas e certa insegurança se instalam, ao vir à tona uma série de incumbências que
devem levar em consideração para que, efetivamente, se coloque em prática a teoria
estudada durante a graduação.
A prática docente exige muito além do domínio de conhecimentos teóricos,
envolve questões didático-pedagógicas e a atenção às necessidades de cada aluno, tendo
em vista o desenvolvimento de uma educação significativa e humanizadora. Tais
necessidades, por vezes, deixam o acadêmico (professor em formação), de certo modo,
inseguro ao iniciar suas primeiras atividades. Diante disso, sentimo-nos desafiados a
pensar a formação de professores de Geografia na contemporaneidade, em meio a um
intenso e complexo processo de mudanças e desafios que se apresentam aos
profissionais cotidianamente.
Paim (2006) expõe a necessidade de atenção aos desafios que surgem e que,
muitas vezes, geram dificuldades na prática docente do acadêmico que se faz professor.
Nesse processo, ocorrem muitas tensões, em que o acadêmico depara-se com um
“choque de realidade” ao vivenciar suas primeiras experiências de ensino, a partir do
contato com os alunos, no desenvolvimento do estágio supervisionado.
De acordo com o autor, a experiência em sala de aula desencadeia o processo de
relacionamento dos conhecimentos da formação, com os dados da própria prática e com
os dados do contexto escolar. Assim, o acadêmico envolve-se num processo de
transformação e construção de sua identidade como docente. O autor considera ainda
que:

Na formação dessas identidades é que os professores iniciantes se firmam


como profissionais; ao desenvolverem experiências e trocas, vão percebendo
que há necessidades de ceder em determinados pontos, na relação com os
alunos e, assim, vão se consolidando como profissionais (PAIM, 2006, p.
130).

Este é um processo por vezes doloroso, onde o acadêmico precisa utilizar-se de


elementos de sua formação e adequá-los à prática de sala de aula, o que contribui para a
sua construção profissional. Nesse sentido, a prática de estágio tem sido um desafio,
uma etapa essencial na formação de professores de Geografia.
A experiência de estágio contribui para a inserção dos acadêmicos em sala de
aula, iniciando a vivência dos desafios que a prática de ensino requer, construindo sua
identidade e consolidando seu perfil profissional. Nesse contexto, é importante que
sejam abertos espaços de diálogo e troca de experiências entre acadêmicos em estágio
de docência e profissionais já atuantes, a fim de tornar a prática de ensino uma
experiência significativa e decisiva na vida do licenciando.
Cavalcanti (2003, p. 195) considera que:

No campo da reflexão sobre o que deve ser um professor no contexto social


atual, de como deve ser sua formação para cumprir as tarefas sociais que lhe
são exigidas, destacam-se: o processo de formação é de fato um processo de
autoformação; a formação é um processo contínuo; a formação inicial e
continuada tem como princípio a articulação ensino-pesquisa, ação-reflexão;
o exercício da atividade profissional tem como base a reflexão crítica do
professor. Outro elemento que tem sido considerado importante na formação
do professor é o da construção da identidade profissional e seu papel nessa
formação.

A formação docente requer do acadêmico ciência de seu compromisso numa


sociedade complexa e em constante transformação. Diante disso, salientamos que a
prática de estágio colabora no sentido de trazer à tona as inquietações vivenciadas pelos
acadêmicos durante a formação inicial. Conforme sugere Schön (2000), a aprendizagem
só se completa se aprendermos pela experiência, ou seja, fazendo determinada
atividade. Nesse processo, ao defender a prática e a “reflexão-na-ação”, fundamenta-se
nas considerações de John Dewey, que afirma que não se pode ensinar o que o
acadêmico precisa saber, pode-se apenas instruí-lo.

Ele tem que enxergar, por si próprio e à sua maneira, as relações entre meios
e métodos empregados e resultados atingidos. Ninguém mais pode ver por
ele, e ele não poderá ver apenas falando-se a ele, mesmo que o falar correto
possa guiar seu olhar e ajudá-lo a ver o que ele precisa ver. (DEWEY apud
SCHÖN, 2000, p. 25).

Ao refletir sobre a formação docente, Zabalza (2004, p. 41) chama a atenção


para dois sentidos diversos: formar no sentido de modelar, que corresponde às
transformações no tipo de produto que se toma como modelo, num perfil profissional,
sendo que o sucesso da formação está justamente em conseguirmos alcançar o máximo
de nuances do modelo pretendido, e formar no sentido de conformar, no qual a intenção
é fazer com que o indivíduo conforme-se e aceite o modelo de trabalho para o qual foi
formado, muitas vezes num sentido de renúncia a si mesmo e à sua autonomia.
Por outro lado, fazer-se professor é ser comprometido e consciente, como sujeito
capaz de sentir, pensar, opinar e modificar determinados aspectos, para tornar-se
efetivamente um agente de mudança na prática educativa. Nesse sentido, o estágio
colabora para promover vivências práticas, que exigem empenho e responsabilidade,
utilizando-se do aparato teórico-metodológico acerca do conteúdo específico e do
processo de ensino e aprendizagem, trabalhados durante a graduação.

2. Contribuições do estágio ao “fazer-se” professor: reflexões vivenciadas na


prática da docência

O desenvolvimento da prática de estágio é o momento em que o acadêmico dá


maior ênfase ao processo de “fazer-se” professor, o qual envolve a interação maior entre
teoria e prática, o que traz à tona intensas expectativas, emoções, e certas frustrações
dentre os acadêmicos.
Ao ingressar ao curso de licenciatura em Geografia muitos acadêmicos, por
diversos motivos, não têm consciência ainda em relação às etapas que constituem a
formação de um professor. Com isso, inicialmente não têm despertada sua atenção para
as vivências didático-pedagógicas concernentes à atividade docente. No decorrer do
tempo, a partir das disciplinas de estágio, veem-se envoltos em situações que exigem
que se insiram no ambiente escolar e iniciem suas atividades no universo escolar.
Essa etapa, para alguns acadêmicos, mostra-se agradável, desafiadora e atraente.
No entanto, para outros tantos, traz insegurança, medo e frustração, o que nos instiga a
refletir de que maneira, como professores formadores destes profissionais, podemos
trazer contribuições para que essa iniciação seja mais agradável.
Ao debater sobre o estágio supervisionado na formação docente em Geografia
consideramos pertinente trazer à tona algumas inquietações vivenciadas no cotidiano da
sala de aula pelos alunos em prática docente, e que se mostram importantes para as
reflexões em torno dos desafios cotidianos aos professores universitários na formação
destes profissionais. Desse modo, alguns depoimentos foram coletados a fim de
contribuir com o texto.
Uma questão que levamos em conta é a consciência dos acadêmicos em relação
à prática de estágio, a partir da seguinte questão: No início do curso de Graduação você
tinha consciência de como seria o desenvolvimento da prática de estágio?
Um dos depoimentos chama a atenção para o “despertar” que a prática docente
traz: “É diferente você ouvir relatos de professores e você ir para a sala de aula e
trabalhar, porque você vai para a prática e se dá conta de como é diferente. Você
precisa ter cuidado com várias situações, com várias coisas que fazem parte da aula”.
A prática de estágio é um processo de iniciação à docência que requer, além de
conhecimento teórico-metodológico, a sensibilidade do profissional, envolvendo-se no
processo educativo com um olhar cuidadoso e atento ao desenvolvimento do aluno. Para
tanto, ao inserir-se no ambiente escolar, os acadêmicos passam a vivenciar diferentes
situações que vão além do conteúdo, como é comentado a seguir: “É uma experiência
diferente. Nesse momento é que percebemos o quanto é importante uma boa formação,
estar preparado para assumir uma turma e a tarefa de contribuir para que aprendam,
para que no final o trabalho tenha resultados positivos”.
Para a maioria dos acadêmicos a experiência de estágio de docência mostra-se
como um desafio, que só é percebido em sua extensão no momento em que se vê a
necessidade de adentrar à sala de aula como professor. Esse é o momento em que os
professores em formação sentem as primeiras dificuldades e, consequentemente, as
primeiras inseguranças no modo de conduzir as aulas, desenvolver os conteúdos e as
atividades, entre outros aspectos fundamentais ao processo educativo.
Outra questão importante se relaciona às dificuldades encontradas no decorrer
das práticas de estágio: Que dificuldades sentiu no decorrer do estágio de ensino
fundamental?
Como o curso do qual estamos falando é oferecido no período noturno, a falta de
tempo para dedicar-se às leituras, estudo e preparação das aulas é uma das maiores
queixas dos acadêmicos. Conforme coloca um dos alunos sobre a preparação das aulas
do estágio: “Confesso que foi meio que no grito”. Essa é uma das frequentes queixas
dos acadêmicos, que precisam dedicar-se também às atividades de trabalho, que tendem
a dificultar os estudos e limitar o tempo disponível para as atividades do curso e do
estágio: “É preciso dividir o tempo entre as leituras, a preparação das aulas, a
elaboração dos relatórios, das atividades que serão aplicadas, as avaliações. Então o
tempo é escasso para tudo isso.” Entretanto, mesmo com pouco tempo disponível, tem-
se o desafio de realizar um trabalho comprometido e de qualidade.
O estágio constitui uma importante etapa no processo de formação docente, ao
aliar teoria e prática no exercício da docência, pois, sem o preparo adequado do
profissional, tem-se um processo tendencioso ao fracasso ou que expõe lacunas na
formação acadêmica. Saviani (2012, p. 91) reflete sobre a relação entre teoria e prática,
considerando que:

A teoria tem seu fundamento, o seu critério de verdade e sua finalidade na


prática. Então o primado da prática sobre a teoria é posto de forma clara. Isto
significa que não podemos nos limitar a apenas pensar a prática a partir do
desenvolvimento da teoria

A preparação de uma aula não pode ser simplesmente a sequência do conteúdo


programático designado para aquele dia. É necessário que o professor conheça a turma
que está trabalhando, suas potencialidades e dificuldades para que possa proporcionar
condições de construção do conhecimento para o diverso ambiente em que está
trabalhando. Sendo assim, cabe a nós, formadores dos futuros professores, uma
profunda reflexão, tomada de consciência e mudança de atitude, frente à resposta do
questionamento feito aos graduandos. Do contrário, seremos formadores de
conformados, pois, conforme citado anteriormente, realizar um estágio ou uma aula “no
grito”, não condiz com os objetivos da educação formal, disponibilizada pelas
instituições de ensino e regidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
Aliar teoria de prática na formação de professores torna possível vivenciar no
cotidiano as interações em sala de aula, dando atenção aos referenciais teóricos que
norteiam o processo de ensino-aprendizagem. Gamboa (2003, p. 125) salienta que:

[...] não é possível conceber a teoria separada da prática. É a relação com a


prática que inaugura a existência de uma teoria; não pode existir uma teoria
solta. Ela existe como teoria de uma prática. A prática existe, logicamente,
como a prática de uma dada teoria. É a própria relação entre elas que
possibilita sua existência.

Destaca-se também que os acadêmicos que trocam ideias com seus professores,
que se envolvem nas atividades propostas durante as aulas e que interagem durante a
formação, inclusive ao participar de atividades que envolvem o ambiente de escola,
palestras e debates sobre educação, apresentam maior habilidade e facilidade de lidar
com a prática de sala de aula.
Tardif (2012) destaca os quatro tipos de saberes essenciais à atividade docente:
os saberes da formação profissional, os saberes disciplinares, os saberes curriculares e
os saberes experienciais. Todos estes saberes colaboram para o desenvolvimento de uma
prática docente significativa e comprometida, a fim de contribuir para a qualidade do
processo educativo. Entretanto, os saberes provenientes da própria experiência na
profissão, na escola e em sala de aula dão sentido à formação docente, pois partem das
vivências do professor.
Uma importante questão debatida com os acadêmicos diz respeito à importância
do estágio como atividade que contribui na formação do professor de Geografia: Como
a prática de ensino contribuiu para o fazer-se professor? Um depoimento interessante é
descrito por um dos acadêmicos:

É de fato estar lá, fechar a porta e dizer: agora é comigo! Quando não nos
colocamos no lugar do outro, não entendemos as suas dificuldades e
criticamos, mas quando assumimos o papel, sentimos o quanto é
surpreendente esta profissão.

A reflexão do acadêmico enquanto sujeito no processo de formação para a


docência mostra-se como um passo importante no sentido de um processo significativo
de “fazer-se professor”. Ao realizar o estágio, o acadêmico desenvolve sua atenção
maior ao aluno, em relação às suas necessidades e possibilidades.
A reflexão-na-ação é proposta por Donald Schön (2007, p. 33) e precisa ser
considerada na prática docente do professor de Geografia. Segundo o autor:

A reflexão-na-ação tem uma função crítica, questionando a estrutura de


pressupostos do ato de conhecer-na-ação. Pensamos criticamente sobre o
pensamento que nos levou a essa situação difícil ou essa oportunidade e
podemos, nesse processo, reestruturar as estratégias de ação, as
compreensões dos fenômenos ou as formas de conceber os problemas [...].

Ao observar como se desenvolve o processo educativo e ao “refletir na ação”, o


acadêmico entra em contato com o conhecimento de si e do outro, tornando possível
aprimorar suas capacidades a partir do contato com os alunos, nas interações que realiza
no cotidiano da sala de aula.
Ao partilhar suas inquietações, as vivências em sala de aula e as percepções que
traz do processo ensino-aprendizagem, tem a possibilidade de, no contato com
professores e colegas em formação, pensar um novo modo de fazer e planejar o
processo de ensinar e aprender, a partir dos anseios e perspectivas encontradas no
contato com os alunos na prática docente.
Nesse sentido, a atenção dada ao conhecimento teórico, desenvolvido durante a
formação acadêmica e o cuidado da prática, para a “escuta do outro”, são condições que
auxiliam no processo de fazer-se professor, este que ocorre no cotidiano, a partir das
reflexões, trocas e melhorias que o profissional realiza no trabalho docente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É importante sempre destacar que os resultados positivos ou negativos da


educação estarão sempre atrelados à formação do professor, recursos tecnológicos
disponíveis e também recursos financeiros, como remuneração dos professores e
condições estruturais e de materiais da escola.
No que diz respeito à formação inicial dos professores, o estágio para muitos
licenciandos, é o primeiro momento em que o mesmo se depara com o “ser professor”.
Apesar de ser um espaço conhecido, pois afinal para estar em estágio, o mesmo passou
no mínimo 16 anos de sua vida em uma sala de aula, é um grande desafio, pois agora
sua posição é outra, hoje é ele o professor, é ele quem tem a responsabilidade por
proporcionar condições para que possa haver construção do conhecimento acerca do
conteúdo que estará socializando, neste caso, Geografia.
É compreensível que, para muitos estagiários, a realidade presente nas escolas às
vezes frustra-os, e a frase mais ouvida nos primeiros dias de estágio é: “Na prática a
teoria é outra!”. Entendemos que a prática é o campo da teoria. Teorizar a prática é
construir explicações ao que está sendo vivenciado, porém isso não quer dizer que seja
definitivo e imutável. Por isso, refletir sobre as práticas e realizar mudanças se
necessário, é fundamental para o processo de ensino-aprendizagem e só será realmente
eficiente se o aporte teórico tenha sido consistentemente construído.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

CAVALCANTI, L. de S. A Formação do Professor de Geografia: O Lugar da Prática de


Ensino. In: Concepções e Prática em Formação de Professores diferentes olhares. Rio
de Janeiro: DP&A, 2003.

GAMBOA, S. Sanchez. A contribuição da pesquisa na formação docente. In: REALY,


A. M.M. R.; MIZUKAMI, M. G. Formação de professores: tendências atuais. São
Carlos: EDUFSCAR, 2003, p. 116-130.

LIMA, Jorge M. Ávila de. O papel de professor nas sociedades contemporâneas.


Educação, sociedade e culturas. N. 6, 1996, p. 47-72.
PAIM, Elison. Memórias e experiências do fazer-se professor. Tese (Doutorado em
Educação). Universidade Estadual de Campinas - Faculdade de Educação. Campinas
(SP), 2005.

___________. Chegando à escola: um momento de fazer-se professor. Revista Do


Centro De Educação e Letras da Unioeste Campus de Foz do Iguaçú. V. 8, N. 9, 2006.

SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica: Primeiras aproximações. Ed. 11. 1ª reimp.


Campinas, SP: Autores Associados, 2012.

SCHÖN, D. A. Educando o Profissional Reflexivo: Um Novo Design para o Ensino e a


Aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2000.

TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 14 ed. Petrópolis, RJ:


Vozes, 2012.

ZABALZA, Miguel. O ensino universitário: seu cenário e seus protagonistas. Porto


Alegre: Artmed, 2004.

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