You are on page 1of 28
RES SNS PS IE ESET, " Fiuppo Pigafts, Relea ddokemodo Congo das Ter ras Cacanvzinas, Roma, 1591/Lisbos, 1949, et. 9 Domingos Marais, Os Tn 005 dos Portagueses, Li oa, lessnato de Investig Go Cieatiica Tropica Museu de Einolopa, 1986, Pls * Fernie Lopes de Casta neds, Historie do deco hrimente & conguito do India, 3+ 06, Covmbra 19241,Cup sip Bye Robert Stevenson, «Porte guess Musical Contacts Abroad (to 1500}« i tbe: rian Musical Outreach Before Encounter snith the New Worlds uer-Amertcan Muse Resirw VIM, 2 (Loe Angeles, Spring-Summer 198), 98, * Pubucadas por Gaspar Correia nas suas Lends do ‘ta (1487-1550) ot in Margot Diss, /nsirumentos Masicure de Mogambigue Lisboa Insta de Invest gaito Cemifen Tropical, Centra de Aatrapologia Cutucal e Savi, 1986, pp 3.1 A visio das musicas extra-europeias nos documentos e na literatura de viagens Deum modo geral a nossa literatura da Expansio revela uma grande curiosi- dade pela cultura dos povos com quem contactamos ¢, embora naturalmente ‘os cronistas, 0 viajantes ou os eclesiasticos que cxcrevem os relatos nao sejam habitualmente misicos, essa curiosidade estende-se também 4 prética musical desses povos. Ha um certo mimero de instrumentosmusicais extra-europeus cuja primeira descrigdo europeia aparece em narrativas de viagens portuguesas, Assim por exemplo, 0 comerciante Duarte Lopes, que embarcou para 0 Congo em 1578, deixou-nos uma interessante descri¢ao do alatde ou pluriarco congolés ¢ do modo como cra tocado, descrigao essa que ¢ possivel associa & salva de prata da segunda metade do século XVI que se conserva no Pakicioda Ajuda, em Lisboa, ostentando as armas de Pertugal ao centro, © na suit cercadura a representagdo de um cortejo, talvez de um dignitario do reino do Congo, em que surgem dois tocadores de pluriarco € trés tocadores de xilofone! ‘Ao desembarcar em Mossel Bay, cerca de 200 milhas a Leste do Cabo da Bow Esperanga, no dia 2 de Dezembro de 1497, Vasco da Gama foi recebido por cerca de duzentos hotentotes, que traziam doze bois e quatro ovelhas, «8 como os nossos fordo a terra comecarao eles de Lager quatro frautas acordadas ‘a quatro vores de musica»?, Camées, nos Lusiadas (Canto V, Ixiii, 5-8), evoca assim a cena: Cantigas pastoris, ou prose ourima, Na sua lingua cantam, concertadas Co doce som das risticas avenas Imitando de Titiro as camenas Em cartas dirigidas de Goa em 1562 aos Irmios ¢ Padres da Companhia de Jesus em Portugal, o Padre André Fernandes refere-se & misica dos Tsonga, da regido de Inhambane em Mogambique e descreve os xilofones por eles usados, ou 0 modo como entre os Chopes era feito o juramento pelo grande tambor da gucrra, pertencente ao rei’. Igualmente Frei Jodo dos Santos, eserevendo em 1586, faz pormenorizadas descrigdes dos xilofones dos Mateve, da zona de Manica ¢ Sofala em Mogambique, cujos tangedores compara aos tangedores de cravos, as quais, pela sua mindcia e rigor, sao ainda hoje citadas na literatura estrangeira da especialidade. O mesmo autor refere-se ainda aos tambores ¢ as trombetas ou cornetas utilizadas pelos Mateve € 40 modo ¢ a situagdio em que eram utilizados: ‘quando este rei sai fora de casa, vai rodeado ¢ cercado destes marombes, que Ihe vio dizendo estes mesmos louvores, com grandissimos gritos, ao som de alguns tambores pequenos, ¢ de ferros € chocallios, que lhe ajudam a fazer maior estrondo e grita Serve-se mais 0 Quiteve do outro genero de caffes, grandes miisicos, © tangedores que nao t@m outro oficio mais queestarem assentados na primeira Um tema muito interessante, ¢ sem diivida dos menos estudados da histériada misica portuguesa, é 0 que diz respeito aos aspectos musicais da Expansio sltramarina. Aqui, mais uma vez, tal estudo no se paderé restringir aquelas | manifestagSes das quais possuimos documentos sob a forma de miisica escrita As condigdes climatéricas dos trépicos € as préprias vicissitudes historicas, nomeadamente o recuo da influéncia catélica no Oriente, fizeram com queda ¥ ‘misica europeia que os portugueses levaram para Africa, para a América para a Asia sobrevivam hoje pouquissimas fontes locais escritas. No caso particular dos jesuitas, ¢ tendo em conta a importancia da miisica no seu casino missionagio, € mesmo assim surpreendente a quase total auséncia, “GRAB "esmo na Europa, de fontes musicais com eles relacionados. Quanto aos isstemunhos vivos, a situagao € diferente em Africa ou no Brasil, onde a Ff presenga ou a influéncia portuguesa continuoua ser significativa até ao século F XX, ¢ no Oriente, onde nos aparecem hoje somente vestigios dispersos, e de ificl interpretacio histérica, do encontro entre a tradigao musical curopsia F dos séculos XVI © XVII € as tradigGes musicais locais. Estéo neste caso a misica de certas pequenas comunidades cripto-cristis, ou a dos grupos dos 2 Wa Chamados «descendentes» dos que ficaram apés o desfazer do Império, e que AEE sto os herdeiros ¢ testemunho vivo de uma antiga miscigenagao racica e cultural! F Tor outro lado, na sua generalidade os documentos histéricos de que dispo- z ‘mos nao fazem habitualmente referéncia a obras musicais ou mesmo a compo- 2 GBB stores concretos, Assim, se€ de um modo geral possivel, por analogia, aventar hipoteses genéricas sobre os diversos tipos de miisica religiosa ¢ profara, Popular c erudita, que os portugueses levaram para longinquas paragens, no temos por outro lado meios que nos permitam relacionar essas hipoteses com F um repertério de obras musicais especificas, p Em relacdo aos aspectos musicais da Expansio colocam-se essencialmente quatro ordens de questées: 1, De que modo é que as culturas musicais exéticas dos povos com quem contactimos em Africa, no Extremo Oriente ¢ na América impressio- aram os cronistas das viagens. Que tipos de interacgiio é possivel encontrar entre as tradigdes musi- cais que os navegadores eos colonizadores levaramn na sua bagagem e as tradigbes musicais locais,¢ quais os estilos e praticas musicais locais a longo prazo dai resultamtes 3. 0 papel da misica na missionagao. 4. Quala influéncia ou influéncias que Expansiio terd exercido na vida e ha pritica musical metropolitanas. "Gr. Gabriel Maria Mee guia de Brio, «08 pore agueses da Asi do Sule do Sudeste:tencaiva dengue “rsmentohistérioo= Dem ‘ruta Liberdade 3} (Lis: boa, lasituia Democraciae Libcedade, beil/Junho 1985). pp. 6 » * aes fusimiladas, com prefacioe notas de Miriode Sampaio Ribeiro, Coimbra, Acta Universitatis Conim- brigemsis, 1965, © Lisboa, Ret Musieae Portugalise Monuments, 1956. Op ct p63 * Uma antologia destes itancicos fi publicada por Manuel Carlos de. Brito: iancicas do Séeulo XVI do Masteira de Santa Cruz de Coimbra, Lisboa, Fandscao Calouste Gulbenkian, 1983, Porngahac Mexico XE. D. Jodo LV dedicou-se ele préprio 4 composi e a teoria musical. Embora seja problematica a autoria das duas tinicas obras que correm hoje com 0 seu. nome, um Adjuva nos e um Crux fidelis, conhecem-se por outro lado dois tratados tedricos publicados em espanhol, Defensa de la Musica Moderna contra la errada opinion del Obispo Cyrilo Franco (Lisboa, 1649), Respuestas a las dudas que se pusieron a la Missa Panis quem ego dabo de Palestrina; Impressa en el quinto libro de sus missas(Roma, 1655)'. Ambos os tratados, de reduzido valor tedrico na opinidio de Rui Vieira Nery’, confirmam a sua maneira as tendéncias estéticas predominantemente conservadoras ¢ até certo ponto «iso- acionistas» do seu autor, Parece de qualquer modo fora de causa o papel de mecenas musical desempe- nhado por D. Joao IV. Entre outras iniciativas, a jf referida publicacao & sua custa das obras de Jodo Lourenco Rebelo di-nos a conhecer sob forma impressa um tipo de repertério de uma monumentalidade verdadeiramente barroca, ou, como quer Rui Nery, maneirista, com a sua escrita para varios coros ¢ instrumentos até um maximo de dezassete partes, repert6rio esse que, embora nao pareca ter sido corrente nas nossas sés catedrais, iremos encontrar de novo em obras da mesma época cultivadas no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. 4.1.3 0 vilancico retigioso E também na mtisica que se conserva do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra que vamos encontrar a maior colecgio existente em Portugal de vilancicos religiosos’, um tipo de repertério que teve uma enorme popularidade na Peninsula Ibérica durante o século XVIL €a que jé fizemos uma breve referén- cia na Unidade 2. A evolugdo do vilancico que o iria transformar num género exclusivamente religioso deu-se a partir da segunda metade do século XVI, através de um processo de contrafacgo poético-musical que consistiu original- mente em escrever glosas de tema religioso para silancicos profanos, ou seja a adapticlos a /o divino. Na sua forma mais concentrada, este processo de divinizagio iria condurir @ utilizagao intensiva de alegorias ¢ de metdforas que sio em geral muito caracteristicas da poesia religiosa barroca peninsular. Nos textos dos vilanci- cos, vamos encontrar assim as mesmas imagens prdprias da poesia amorosa para descrever a relagdo entre Deus ¢ alma devota, ou a comparagio entre 0 Corpo de Cristo na Eucaristia eos melhores pratos ¢ doces de um banquete, ou a descriglio do combate entre o Bem ¢ 0 Mal ouentre o amor divino ¢ amor profano como se de uma verdadeira batalha se tratasse. A batalha iré consti- tuir aliés um subgénero do vilancico religioso, cuja origem remonta a famosa ‘obra quinhentista de Clément Jannequin La bataille de Marignan. Esses textos, escritos na sua maioria por poetas obscuros cu pelos préprios mestre de capela, so habitualmente de qualidade literaria inferior, com tendéncia & reflectir 0 gosto da época nos seus piores aspectos —frivolo, trivial, recheado | de clichés e lugares comuns, ou de imagens pedantes e complicadas. A transformacao do vilancico em género sacro coincidiu historicamente com a implantagao da Contra-Reforma na Peninsula Ibérica, Apés os paises protes- antes terem comegado a reunir um repert6tio de melodias relativamente simples e atraentes para serem cantadas nas linguas verndculas por toda a assembleia dos fiis, os paises ibéricos voltaram-se cada vez mais para um tipode rmisica que, escrita embora numa veia popular e cantada em vernéculo, nao era destinada A participagio activa dos figis no servigo litirgico mas antes para ser ouvida e vista como um espectaculo. Ao longo do século XVII a polifonia litdrgica em latim ird ser rapidamente suplantada, em quantidade ¢ populari- dade, pelos vilancicos, Em todas as catedrais ¢ conventos importantes, assim como nas Capelas Reais, os mestres de capela passam a ser solicitados a ‘compor cada ano novos vilancicos para as festas religiosas, as mais importan- tes dus quais eram o Natal ¢ o Corpo de Deus, mas cuja lista incluia igualmente @ Epifania, a Ascenso e a Assunc%o, a Natividade de Nossa Senhora, a Conceigao, ¢ um grande nimero de festas de santos, com particular relevo para os santos locas e 0s patronos dos conventos, © niimero de vitancicos desta época que se conserva nos arquivos das sés catedrais ibéricas (¢ que se cncontra na sua maioria ainda por estudar) é impressionante, se o compararmos com o carécter ocasional ¢ efémero desta ‘miisica, que se destinava habitualmente a ser cantada uma s6 vez. No catiilogo da Livraria de Miisica de D. Joao IV, por exemplo, aparecem listados mais de dois mil vilancicos, seiscentos dos quais, como vimos acima, eram da autoria de Frei Francisco Santiago, A fama de um determinado compositor repousava em larga medida na sua habilidade, e provavelmente também na sua fecundi- dade, em compor vilancicos, ¢ a pressio que sentiria nao era possivelmente muito diferente da de um moderno criador de cangBes de sucesso. Nestas a qualidade teria forgosamente de sofrer. Mas apesar do recente aumento de edigdes modernas ¢ talvez ainda cedo para fazer um juizo globat sobre 0 repertério do vilancico do século XVII. Poderemos somente notar que nos seus melhores exemplos ele contribui com os aspectos mais inovadores para a misica religiosa ibérica desta época, e nos piores tende a recorrer & ‘epetigo dos mesmos padroes melédicos, ritmicos harménicos pouco imaginativos. ‘A maioria dessas inovagées diz respeito 4 forma. Ao longo do séeulo XVII Pode observar-se uma evolugdo que conduz do vilancico de tipo renascentista, mais simples ecurto, para formas mais longas e elaboradas, através da progres. iva introdugdo da policoralidade, de solos e duetos, e de partes instrument ¢scritas, que v4o transformando gradualmente o vilancico numa pega do tipo ‘dacantata. Um esquema formal caracteristico que encontramos jé definido na Drimeira metade do século inclui uma introdugo para um pequeno conjunto seal ou soprano solista, um estribilho ou responsién para seis, oito, dez ou Sone vores, ¢ curtas coplas para pequeno conjunto vocal ou soprano solista Eve alterna com esse estribilho. Este & somente, no entanto, um dos muites Hema possiveis,e os compositores de vilancicos do século XVII utilizaran os Civ mv Ernst Viera Pp 0-7.¢ Rue Wax Neryon 1.88. na realidade uma enorme variedade de formas mais ou menos livres, sobre as quais nao dispomos ainda de um estudo sistematico. A partir de uma determinada altura os vilancicos comegaram a ser eseritos em conjuntes de vito ou nove, isto porque nas principais igrejas e conventos cada tum dos trés nocturnos de Vésperas consistia em trés salmos ou trés ligées, cada uma das quais era por sua vez seguida de um respons6rio polifonico, Depois de cada responssrio um vilancico servia de entreacto para divertir 0s i figis. Para melhor animar estes entreactos, eram introduzidas personagens : comicas cantando em dialecto galego, ou cigano, ou «negro», numa imitago do portugues falado pelos escravos oriundos de Angola, da Guiné ou de 8. Tomé. Uma outra designacdo corrente para o vilancico eva chansoneta, mas aparece também nos manuscritos um grande nimero de termos relacionados com os romances que eram utilizados no teatro seiscentista espanhol ou que estio associados a dangas, tais como fécara (romance detema picaresco), pasacalle, bailete ow baile, ou outros ainda, como entremez, oa, folia, ronda, seguidilla, Jetrilla, soneto ¢ ensalada (esta Ultima era uma pega em que apareciam mistu radas varias linguas ¢ dialcetos diferentes), Esta abundancia de termos teatrais pode ser explicada em parte pela associago que os vilancicos religiosos terdo tido nna sua origem com representagdes teatrais dentro da igrefa, ¢ que estd patente numa das primeiras descrigdes da sua utilizagdo litirgica, durante o encontro entre o rei D, Sebastido ¢ seu tio Filipe It de Espanha no Mosteiro de Guadalupe, no Natal de 1576: Esta noite fordo Suas Aliezas as matinas que secomessaram is 8horas:em as, matinas ouve changonetas entre cada ligam e acabado cada nocturno ouve huma comedia, ou fatca, cada diferente em que entravam os capados, buns como pastores eno fim de eada hum huma mus.a[...]eno fim dos nocturnos vein hum mosso com huma guitarra e cantou muitos versos em louvor dos Reys que vieram adorar dizendo que eram 3 ¢m cantidade, mas estes eram dous mayores em calidade, ¢ riqueza [...] A missa foi cantada de canto de f orgio com muitas ehangonetas, ¢ os Reys estiverio com muito gost: ©} prazeres ¢ risos a todas as horas.' i t i Nao sabemos, mesmo assim, até que ponto a execugo dos vilancicos dentro da igreja terd envolvido algum tipo de represeniagiio ou de encenagdo. A propria danca era um elemento importante no teatto religioso da época ¢ nas ha procissdes do Corpo de Deus, ¢ os vilancicos incluem um grande niimero de Pa dangas associadas com os camponeses, os pastores, galegos, ciganos leitores a de buena dicha, negros, indios, em sintese com toda a chusma de personagens int pitorescas ¢ exéticas que, especialmente nos textos relacionados com 0 Natal, ia se reuniam para adorar o Menino no Presépio, no meio de didlogos vivose por Dial veres com o acompanhamento de instrumentos populares. i . ul iAlé E isto que explica provavelmente a ocorréncia frequente de expresses tais ied como «bailemos» ou «danzemos». Por outro lado, se¢ estes diferentes tipos ‘inal sociais eram personificados, a sua caracterizagio envolveria a utilizagdo de HR gar suarda roupa e, no caso dos negros ou dos indios, de algum tipo de maquilha- ‘gem, enquanto que a representagio propriamente dita se poderia restringr a uma simples expressio mimica dos didlogos que eram cantados pelos solistas e Pelo coro. Registe-se, no entanto, que na América Latina os missiondrios ensinavam 0s préprios dios a cantar vilancicos, que eram muitas vezes escritos nas linguas locais. Sendo uma das raz6es para 0s excessos cémicos em que o vilancico por vezes caia, esta dramatizagao rudimentar explicaria naosé ‘ua popularidade junto de todas as camadas sociais como a sua condenacdo pelas autoridades eclesidsticas ¢ por escritores mais conservadores, como 0 te6rico Pietro Cerone, no seu tratado EY Melopeo y Maestro de 1613: Entre os talianos acostumbrasc el eltar Canciones con diversidad de perso- najes y variedad de lenguajes (@las quales laman Mascherate)en las musicas dc reereacion, hechas en tiempo de Carnestolendas y Bacanatia, para rey holgarse. Porque e!oyr agora un Portugues y agora un Byscuino, quando un Htaliano, y quando un Tudesco; primero un gitano y luego un negro, que éffeto puede hazer semejante Musica sino forgarlos oyentes (aun no quieren) ‘a reyrse ya burlarse? y hazer de la Yglesia de Dios, un auditorio de comedias 4 decasa de Oracion, sala de ecreacion? Que tod’ esto sea Verdad, hallanse personas tan indevotas, que (por modo de hablar) non entran en ta Yelesia una vex el ao; y las quales (quiga) mucha vezes pierden Missa los dias de precepto, solo por pereza, por no se levantar de la cama ensabiendo queay Vilancicos, noay personas mas devotas en todo el lugar, ni mas vigilantes, estas, Pues no dexan Yglesia, Oratorio ni Humilladero, que no anden, nies esa el levantarse a media noche por mucho fria que haga solo para oyrtos,! os, Em Portugal, de qualquer modo, vilancico religioso preenche também um lugar dkixado vario pela quase inexisténcia de uma actividade teatral profana, coma Sua Fespectiva componente musical. De facto, durante o século XVII essa ‘ctividade parece ter-se restringido quase exclusivamente as represcntagtes | talizadas nes patios das comédias por companhias que vinham de Madrid ca ___ de Sevitha por periodos mais ou menos curtos. / Uma outra alterna ‘ao repertério dessas companhias era constituida pelo teatro didctico em latim desenvolvido pelos jesuitas: os Ludi priores e os Ludi solennes, representados antes ¢ depois da distribuigdo dos prémios escolares, ‘uastragicomédias sobre temas hagiogrificos, biblicos, mitolégicos e histori. ; (os Ficaram famosas as tragicomédias Sedectas, representada em Coimbra 4m 1570, perante 0 rei D. Sebastizio, com miisica do compositor crizio Dom Francisco de Santa Maria, e A conquista do Oriente, representada no Colégio Santo Antio de Lisboa em 1619, por motivo da visita de Filipe I. A roducdo em Portugal da cenografia barroca, com as suas mutagdes espectact- ¢ guarda-roupas sumptuosos, esta associada ds tragicomédias jesuiticas, Amisica destinada 3 sua representago de um modo geral no sobreviveu mda 4 referida cotec¢io do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, que s¢ serva na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, constituida na sua Hora por obras anénimas, existe uma autra colecgao de vilancicos de Portugueses na Biblioteca Publica de Evora, Conservam-se também os it, 9 Manuel Carts Brita was ongeas ¢a eal 0 do ulunciea reigose 6 1700» in Fst de Hie ‘ora da Musca em Portal Lisboa, Euional Esampa, 1989. p 41. Amaier parted Informayso ages reclhuse sobre 0 ilaneiey repose provede lo sled est 2

You might also like