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MESTRADO EM TECNOLOGIA DE PROCESSOS SUSTENTÁVEIS

Luane Schiochet Pinto

FICHAMENTOS

Goiânia
2016
SUMÁRIO

FICHAMENTO 1 - Análise da Geração de Energia Elétrica a Partir do Biogás


Produzido na Fermentação Anaeróbica de Vinhaça .......................................... 3

FICHAMENTO 2 - Opções de Conversão com Movimento de Reversão à Média


com Saltos de Poisson: o Caso do Setor Sucroalcooleiro ............................... 11
FICHAMENTO 1 - Análise da Geração de Energia Elétrica a Partir do
Biogás Produzido na Fermentação Anaeróbica de Vinhaça

GEHRING, Carlos Gustavo. Análise da Geração de Energia Elétrica a Partir


do Biogás Produzido na Fermentação Anaeróbica de Vinhaça. Trabalho de
Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Elétrica). Escola de Engenharia
de São Carlos da Universidade de São Paulo. São Carlos, p. 124. 2014.

(GEHRING, 2014)

Palavras Chaves: vinhaça, biogás, biodigestão, biodigestores, reatores


anaeróbicos, geração de energia, fontes de energia alternativa, técnica,
financeira.

Resumo

Avaliação tecnológica e financeira de um projeto de geração de energia elétrica


a partir do biogás gerado na fermentação anaeróbica da vinhaça. Este é o
principal resíduo da destilação do vinho, apresenta características nutritivas,
poluentes e alta carga orgânica, a qual é fermentada em biodigestores e reatores
anaeróbicos através do processo de biodigestão produzindo o biogás, gás rico
em metano que pode ser utilizado em máquinas térmicas e gerar energia.
A análise técnica visa dimensionar e qualificar instrumentos, máquinas e reatores
necessários para que a biodigestão ocorra de maneira eficiente. Já a análise
financeira apresenta as previsões orçamentárias de investimento, operação e
manutenção. Por fim são apresentadas as considerações sobre a viabilidade do
projeto.

Citações

As altas cargas orgânicas contidas nos efluentes produzidos em nossas cidades


e indústrias representam um desperdício de energia limpa, barata e distribuída
que perdemos anualmente. A falta de investimentos e até de conhecimento
sobre esta fonte nos leva ao desperdício de energia próxima de nossos centros
consumidores (GEHRING, 2014, p. 17).

A vinhaça pode ser considera uma suspenção de sólidos orgânicos e minerais


do vinho não destilados. Sua composição é determinada em função da natureza
e composição do mosto (caldo de cana e/ou melaço), teor alcoólico do vinho e
do sistema de aquecimento do vinho na destilaria (GEHRING, 2014, p. 22).

O processo de digestão reduz os níveis de DBO e DQO e produz como


subproduto o biofertilizante que pode ser aplicado diretamente na terra,
angariando resultados superiores à aplicação direta da vinhaça (GEHRING,
2014, p. 23).

A aplicação de alta dosagem de vinhaça é prejudicial à qualidade da cana de


açúcar, causa atraso na maturação, diminuição do teor da sacarose aparente
(pol), aumento no teor de cinzas e elevação no nível de potássio e amido do
caldo. A dosagem varia conforme características específicas do solo onde será
aplicada, mas é recomendada como taxa adequada valores inferiores a 300
m³/há (GEHRING, 2014, p. 24).

Resíduos sólidos destinados a aterros sanitários, resíduos de abatedouros,


resíduos industriais (setores sucro-alcooleiros, cervejeiros, cítricos) e em
agronegócios são exemplos de geradores de resíduo que podem ser utilizados
para a geração de biogás sem nenhum impacto ao meio-ambiente (GEHRING,
2014, p. 27).

A formação do metano, presente no biogás, é um fenômeno natural presente em


reações biológicas em ambientes anaeróbicos. Este fenômeno acontece graças
às bactérias metanogênicas, presentes em ambientes anaeróbicos (GEHRING,
2014, p. 30).

As características do ambiente e da matéria-prima utilizada no processo de


digestão anaeróbica são determinantes para a eficiência na produção do biogás
e do metano. A escassez de uma destas características pode levar à falência
total do processo (GEHRING, 2014, p. 33).

O tempo de retenção é determinado pelo tamanho do digestor, pela carga


aplicada a ele, pela eficiência do reator e pela demanda geral de biogás
necessária. Em digestores rurais o tempo de retenção pode atingir longos
períodos, chegando a 50 dias, e em reatores industriais e de saneamento o
tempo de retenção é de horas. O tipo de operação utilizado, contínuo ou
batelada, também influi no tempo de retenção (GEHRING, 2014, p. 37).

O processo de purificação do biogás possui a finalidade de isolar o metano de


impurezas para aumentar seu potencial energético e reduzir emissões de gases
indesejáveis e danos a equipamentos (GEHRING, 2014, p. 39).
Os projetos e montagem dos reatores UASB são simples, não demandam de
nenhum equipamento sofisticado. Porém, os parâmetros para a construção do
mesmo devem ser bem claros, para o correto projeto das câmaras de reação,
decantação e captura do gás (GEHRING, 2014, p. 51).

Comentários

Objetivos:
Caracterizar o biogás;
Identificar as tecnologias acessíveis;
Custos de investimento e operação;
Avaliar a viabilidade técnica e financeira através de indicadores.

Capitulo 2 – Vinhaça
Primeiramente era dispensada em áreas de inundação, onde eram despejadas
para infiltração natural no solo, após passou a ser utilizada para fertirrigação.
Além dessas, pode ser empregada também nas seguintes técnicas:
concentração (reduzir o volume final com possibilidade de reutilização da água
e do concentrado para ração animal, aplicação no solo, combustíveis para
caldeiras), produção de metano através do tratamento anaeróbico, tratamento
físico-químico, complemento de ração animal, produção de proteína celular.
Apresenta uma tabela na página 22 com a variação da composição química da
vinhaça.
Os altos índices de DBO e DQO, devido o teor de sólidos ser em torno de 7%, a
torna poluente e ao mesmo tempo atrativa para a produção de metano. Possui
alto teor de nitrogênio, fosforo, potássio (4kg por m³ - p.23), cálcio e magnésio
fazendo com que possa ser utilizada como fertilizante.

Capitulo 3 – Biogás
Uma característica importante do biogás são suas fontes geradoras, que por ser
formado pela decomposição da matéria orgânica necessita apenas de resíduo
orgânico, o qual pode ser é gerado pela atividade humana em centros
populacionais, industrias e áreas rurais.
Para estabilizar esses resíduos são utilizados reatores anaeróbicos, e como
subproduto deste processo tem-se o biogás, este na maioria dos casos é apenas
queimado para estabilizar o metano, porém pode ser utilizado para a geração de
energia elétrica.
Propriedade químicas: grande concentração de metano (50 a 90% vol.) e de
dióxido de carbono (10 a 50% vol.), e em menores concentração gás nitrogênio
e oxigênio (0 a 1% vol.), hidrogênio (0 a 1% vol.), sulfídrico (0 a 3% vol.), deve
se salientar que este último faz com que o biogás apresente características
corrosivas (p.27).
Como trata-se de um gás inflamável que será utilizado como combustível é
necessário ponderar o poder calorifico inferior (PCI) e superior (PCS) (o poder
calorífico de um combustível é a quantidade de energia liberada pela combustão
completa de uma quantidade do mesmo, podendo esta ser medida em unidade
de massa ou volume), e também os limites de concentração e de explosividade.
(A Tabela 3.1 na p. 28 apresenta o poder calorifico do biogás para determinadas
concentrações de metano no biogás. A Tabela 3.2 apresenta o PC de diversas
fontes energéticas).
O biogás é um gás de baixa densidade (risco menor de incidência e emergência
com explosões e incêndios), e por isso difícil liquefação que juntamente com seu
elevado volume tem-se dificuldade em seu armazenamento. Deve se salientar
que a umidade do gás pode reduzir o poder calorifico do biogás por absorver
parte do calor gerado na combustão.
A digestão anaeróbica é um fenômeno natural que tem como intuito a
recomposição das fontes minerais da natureza através da degradação do
material orgânico, tal processo produz como subproduto o metano, gases
inorgânicos e estáveis e o biofertilizantes. É empregada por meio de reatores
anaeróbicos no tratamento de efluentes urbanos e industriais como forma de
controlar a carga orgânica e reduzir microrganismos patogênicos.
As reações bioquímicas são responsáveis pela conversão do material orgânico
em biogás, e esta é dividida em quatro etapas: hidrólise, acidogênese,
acetogênese e metanogênese (p. 31). Os fatores que influenciam na digestão
anaeróbica são: temperatura, pH, composição e concentração do afluente,
tempo de retenção e pela superfície de contato das partículas. (A Tabela 3.3 na
p. 38 apresenta as propriedades mínimas que um gás deve possuir para ser
considerado como combustível, e a Tabla 3.4 na p.39 as técnicas para
purificação de impurezas do biogás). Ressalta-se que a determinação do método
depende do volume e fluxo do gás a ser tratado e do grau de pureza esperado
no final do processo, sendo que o mais eficiente é a lavagem com Genosorb,
porém tal processo demanda alta quantidade de energia.

Capitulo 4 – Reatores Anaeróbicos e Biodigestores


Os reatores e biodigestores anaeróbicos são recipientes, tanques, destinados a
digestão anaeróbica, sendo basicamente câmaras que proporcionam ao resíduo
orgânico as condições necessárias para uma digestão orgânica rápida e
controlada.
Para determinar o melhor modelo de reator a ser empregado no processo de
digestão são analisados quatro critérios, sendo eles: teor de matéria seca dos
substratos (digestão úmida e digestão seca), tipo de alimentação (descontínua,
semicontínua e contínua), número de fases do processo (uma fase ou duas
fases) e temperatura do processo (psicrofílic, mesofílico e termofílico). Sendo
que o tipo de alimentação do biodigestor é um fator determinante na continuidade
da produção de biogás e consequentemente da geração de energia elétrica.
Os biodigestores são mais utilizados quando se trata de resíduos agrícolas, já
os reatores anaeróbicos para resíduos urbanos e industriais. Os biodigestores e
reatores mais usados para a produção de biogás e tratamento de resíduos
industriais são:
- Reator anaeróbico de manta de lodo e fluxo ascendente (RALF ou UASB): são
de fermentação úmida, alimentados continuamente e monofásicos. Este reator
pode reter grandes cargas orgânicas volumétricas com tempo de retenção curto
com considerável eficiência de remoção de DBO e DQO em um sistema
compacto com baixo consumo de energia, e seu efluente pode ser empregado
como biofertilizante.
- Biodigestor de mistura completa: o fluxo de entrada e saída é constante,
utilizado para fermentação úmida e monofásico. Este reator demanda de uma
fonte de agitação contínua, com tempo de retenção lento e eficiência de remoção
de DQO é alta, porém inviável para grandes volumes de resíduo.
- Biodigestor de fluxo pistonado: utilizados tanto para fermentação úmida quanto
para seca, operam de maneira continua e são monofásicos. Porém não é muito
aplicada para grandes volumes de resíduos.
- Biodigestor modelo Indiano: é um dos mais utilizados para resíduos rurais, é
empregado em sistemas contínuos, monofásicos e fermentação úmida. Deve se
salientar que não demanda de muita energia, além de ser simples de construir e
operar. Desta forma a produção do biogás é continua e pressão constante.
- Biodigestor de modelo Chinês: seu processo de fermentação e produção de
biogás é continua, sua operação é simples e os custos com operação e
manutenção são baixíssimos, porém é limitado a pequenos volumes de resíduos
a serem processados.
- Biodigestor a batelada: sua operação é descontinua, ou seja, são alimentados
uma única vez até que o resíduo complete todo o tempo de retenção hidráulica
planejado, sendo este tempo elevadíssimo. São utilizados onde não há geração
constante de resíduo e onde o volume a ser tratado não é muito grande.

Capitulo 5 – Conversões Energéticas do Biogás


Para conversão energética do biogás primeiramente converte-se a energia
química do biogás, através da queima do metano, em energia térmica. Esta
energia térmica pode ser utilizada diretamente com a cogeração ou então se
convertida em energia cinética e energia elétrica.
No Brasil a conversão do biogás para energia é feita utilizando motores a
combustão interna de ciclo Otto. Sendo que as principais tecnologias de
aproveitamento do biogás são:
- Motores a combustão interna: ciclo Otto (isoméricos e ignição por centelha) e
ciclo Diesel (isobárico e ignição espontânea).
- Motores Stirling: combustão externa.
- Turbina a Gás: são motores de combustão interna que transformam energia
química em energia mecânica. Possui fácil manutenção e controle, e seu
rendimento é de aproximadamente 35%.
- Turbinas a Vapor: são motores de combustão externa, tecnologia bastante
utilizada em usinas de cogeração, e seu rendimento é de aproximadamente 35%
e quando associado a cogeração pode chegar até a 85%.
- Microturbinas: modelos diminuídos das turbinas a gás, a eficiência na geração
de energia elétrica é de 30 a 35%, mas quando combinado com a cogeração
pode chegar a 70%.
A cogeração é quando acontece a geração de calor e potência elétrica e/ou
mecânica, ou a recuperação de calor do processo. Os tipos de cogeração são
divididos em ciclo “topping”, onde a geração de energia mecânica ou elétrica
acontece primeiro, e em ciclo “bottoming” onde a energia do vapor é utilizada
primeiro. Os tipos de cogeração são as seguintes:
- Ciclo de cogeração a Ciclos Otto e Diesel
- Ciclo de cogeração a Ciclo Brayton
- Ciclo de cogeração a Ciclo Rankine
- Ciclo combinado: utilizando turbinas a gás e a vapor.

Capitulo 6 – Estudo de Caso – Viabilidade de Geração de Elétrica a Partir da


Vinhaça
O estudo foi realizado em uma usina de açúcar e álcool com o intuito de implantar
uma usina termelétrica de geração distribuída tendo como combustível o biogás
produzido pela biodigestão da vinhaça, sendo que a energia gerada será
comercializada com a concessionaria local.
O uso econômico da vinhaça como fonte de receitas é estratégico para as usinas
atualmente, desta forma o estudo busca determinar a viabilidade técnica desta
forma de receita.
É importante ressaltar que usina opera no regime de safra (moagem da cana e
produção de açúcar e álcool) e entressafra (manutenção em geral).
Neste capitulo é apresentado a linha do tempo do ambiente regulatório da GD,
os ambientes de comercialização de energia (autoprodutor, mercado regulado e
mercado livre), as barreiras econômicas (custo elevado de investimento,
equipamentos importados (analise com projeção cambial), financiamento
complicado, concorrência em relação ao preço da energia gerada), tecnologias (
pouca maturidade das novas tecnologias e a dificuldade de entrega de energia
com qualidade), politicas (tributação e encargos, legislação e intervenção do
governo), e as barreiras culturais, sociais e ambientais.
Capitulo 7 – Avaliação Técnica
São apresentados os dados que serão utilizados para os cálculos de
investimento e operação da planta proposta. Neste estudo o álcool produzido é
de origem do melaço e do caldo da cana, produzindo cerca de 10,3 litros de
vinhaça para cada litro de álcool, sendo que a temperatura final da vinhaça é de
aproximadamente 550C.
Neste estudo foi utilizado um reator do tipo UASB. Com relação ao volume do
reator é importante conhecer os índices de carga hidráulica volumétrica (volume
de resíduo diário/ unidade de volume do reator), o tempo de detenção
volumétrico (inverso da carga hidráulica) e a carga orgânica volumétrica (pré-
fixada em 30kg∙DQO/m³d). O método para cálculo do volume do reator é
apresentado na p. 79, sendo necessário conhecer a vazão, concentração do
substrato do efluente e a carga orgânica volumétrica, sendo quanto maior esta
última variável menor será o reator.
A produção de biogás pode ser estimada através da queda estimada de DQO
(Equação 11 p. 83), sendo necessário primeiramente encontrar o volume de
metano produzido (Equação 12 p.84), sabe-se que a relação de metano no
biogás gerado pela biodigestão anaeróbica da vinhaça é de 60%, ou seja, 60%
do volume do biogás é metano, então encontrasse o volume estimado de biogás
produzido.
Após são apresentados os aspectos construtivos do reator, e determinados a
capacidade de potência instalada e de energia produzida pelo grupo de
geradores. Para a seleção do motor e do gerador necessário para a aplicação, é
necessário especificar o tipo de motor, a vazão em m³/h de biogás que será
consumido, a eficiência esperada e o potencial energético do biogás disponível.
Neste estudo o motor escolhido foi o Motor de Ciclo de Otto, este possui
capacidade energética com grandeza de 500 MW à 2500 MW para a aplicação
com o biogás.
A potência instalada pode ser determinada calculando o potencial energético em
vazão alta e em vazão média, e determinar uma faixa de operação do gerador,
de forma que este não fique nem superdimensionado e nem subdimensionado
(Equação 22 p.86), e também a estimativa de produção anual de energia.

Capitulo 8 – Avaliação Financeira


Serão analisados dois cenários: um com a venda no mercado regulado e o outro
com a venda no mercado livre. A metodologia utilizada será baseada nos fluxos
de caixa dos projetos durante sua vida útil, que engloba também a taxa mínima
de retorno, o valor presente líquido (VPL), a taxa interna de retorno (TIR) e o
ponto de equilíbrio econômico. Porém para determinar os parâmetros citados é
necessário determinar as premissas econômicas e comerciais, como taxas, vida
útil do projeto e cotação do dólar.
Para encontrar o custo de investimento foram levantados todos os equipamentos
que serão utilizados juntamente com a mão de obra necessária, esses então
foram cotados com empresas do ramo.

Capitulo 9 – Considerações finais


Após analises conclui-se que no mercado regulado o projeto é inviável devido ao
preço da energia estabelecido pela ANEEL, já no mercado livre o projeto se
mostra viável quando analisado pelos valores dos últimos dois anos, porém
quando se analisa os valores dos últimos cinco anos o investimento já não se
apresenta tão bom.
FICHAMENTO 2 - Opções de Conversão com Movimento de Reversão à
Média com Saltos de Poisson: o Caso do Setor Sucroalcooleiro

PESSOA, P. F. P. Opções de Conversão com Movimento de Reversão à


Média com Saltos de Poisson: O Caso do Setor Sucroalcooleiro.
Dissertação (Mestrado). Departamento de Engenharia Industrial. Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, p. 92. 2011.

(PESSOA, 2011)

Palavras Chaves: Opções Reais; Processos Estocásticos; Commodity;


Reversão à Média com Saltos de Poisson; Simulação de Monte Carlo; Etanol;
Açúcar.

Resumo

Devido à crescente utilização de fontes alternativas de energia, as do tipo


renováveis têm se mostrado cada vez mais atraentes e viáveis. O etanol, oriundo
da cana-de-açúcar, é considerado um combustível promissor e uma alternativa
menos poluente que o petróleo nos dias de hoje. Além disso, o volume de
produção de etanol no Brasil também tem crescido de forma consistente. Tendo
em vista aos fatores supracitados, o estudo de quando a indústria maximiza
lucros com a produção de etanol ou açúcar se faz importante. A escolha do
modelo estocástico pode influenciar de forma determinante o valor da opção real
avaliada. Sendo assim, na presente dissertação propõe-se modelar opções de
conversão de acordo com o Movimento de Reversão à Média com saltos de
Poisson. Será analisado o caso açúcar/etanol, ou melhor, quando será mais
eficiente produzir açúcar (commodity alimentícia) ou etanol (commodity
energética).Foi escolhido o Movimento de Reversão à Média com saltos de
Poisson, pois apesar de os preços de commodities serem relativamente bem
modelados pelo Movimento de Reversão à Média, o etanol e o açúcar sofrem
variações bruscas em intervalos curtos de tempo. Essas variações se devem a
agentes externos, tais como preço de petróleo e ações governamentais.
Dependendo dos preços relativos de etanol e açúcar, há a possibilidade de
alteração do mix de produção através da opção de conversão. Através da
modelagem de opções citadas, e utilizando a simulação de Monte Carlo, esta
dissertação determina o valor das opções disponíveis à indústria.

Citações
Comentários

A cana-de-açúcar pode dar origem a dois tipos de commodities, uma alimentícia


(açúcar) e outra energética (etanol). As usinas podem operar de três tipos:
dedicada a produção de açúcar e um resíduo de etanol, exclusivamente ao
etanol ou flexível, ou seja, produzindo ambos. Para analisar a flexibilidade são
utilizadas as opções reais, as quais tem como intuito indicar quais circunstâncias
um investidor não deve exercer um investimento.

Objetivos:
- Modelar as séries de açúcar e etanol com movimento de reversão à média com
saltos de Poisson.
- Calcular o valor da opção de conversão da cana em açúcar e/ou etanol.
- Quais os benefícios da flexibilidade ao produtor.
- Quanto essa flexibilidade agrega financeiramente no negócio.

Capitulo 2 – Estado da Arte


Vários trabalhos utilizam a modelagem de preços através de processos
estocásticos, sendo que no caso das commodities utilizam o Movimento de
Reversão a Média, por forcar o preço reverter a média e equilíbrio, e a habilidade
em precificar contratos futuros.
Schwartz (1997) analisa um projeto de investimento, utilizando os três modelos
propostos, além do método de fluxo de caixa descontado e as opções reais,
assumindo que os preços das commodities seguem um movimento geométrico
browniano.
Cortazar e Schwartz (1997) analisaram a valoração de um poço de petróleo não
desenvolvido. No estudo, assume-se que o preço spot da commodity petróleo
segue o movimento estocástico de reversão à média e, a partir dessa
modelagem, calcula-se o valor da opção de espera.
Dias e Rocha (1999) modelam o preço da commodity petróleo de acordo a um
processo de reversão à média com saltos.
Com relação às opções de conversão ou troca, Kulatilaka (1993) analisa o valor
da flexibilidade no uso de uma caldeira de vapor industrial bicombustível. Esta
caldeira pode ser alimentada utilizando óleo combustível residual ou gás natural.
O autor compara o investimento em uma caldeira onde não há flexibilidade, ou
melhor, uma caldeira que recebe um tipo de combustível exclusivamente, e uma
caldeira onde há flexibilidade, ou seja, que funcione tanto com um tipo quanto
com outro tipo de combustível.
Bastian-Pinto (2009) modela as séries de etanol e açúcar de acordo com o
movimento de reversão à média e movimento geométrico browniano,
comparando ambas as abordagens.
Capitulo 3 – Processos Estocásticos
Ao contrário dos processos determinísticos que são facilmente modelados e
previsíveis, os processos estocásticos são regidos por fenômenos aleatórios, ou
seja, as variáveis que seguem este tipo de processo mudam imprevisivelmente
de trajetória no tempo, dificultando dessa forma a modelagem (PESSOA, 2011,
p. 23).
- Processo de Markov
- Processo de Wiener
- Movimento Aritmético Browniano
- Movimento Browniano Generalizado
- Movimento Geométrico Browniano
- Movimento de Reversão a Média
Utilizado para modelagem de séries de preço de commodities, este
movimento não possui incrementos independentes. Sua forma mais simples
é conhecida como processo de Ornstein-Uhlenbeck e dado pela seguinte
equação: 𝑑𝑥 = 𝜂(𝑥̅ − 𝑥)𝑑𝑡 + 𝜎𝑑𝑧, onde 𝜂 é a velocidade de reversão e 𝑥̅
é a média de longo prazo.
- Outros modelos de reversão a média
- Movimento de Reversão a Média com Saltos de Poisson

Capitulo 4 – Opções Reais


A maioria dos investimentos possuem três características essenciais para a
decisão ótima de investimento, sendo elas:
1. Irreversibilidade: o investimento é parcialmente ou totalmente irreversível;
2. Incerteza: sobre o do investimento;
3. Timing: momento de realização do investimento pode ser adiado.
Desta forma pode-se dizer que a metodologia das opções reais é uma ferramenta
complementar as ferramentas tradicionais como VPL, TIR, FCD, sendo essas
consideradas como falhas na captura do impacto estratégico dos prontos. As
opções reais são utilizadas para uma análise econômica de projetos e decisões
de investimento sob incerteza, onde são consideradas as incertezas e a
existência de flexibilidades gerenciais, que nada mais são do que opções
(PESSOA, 2011, p. 45).
Muitas dessas opções podem ocorrer naturalmente enquanto outras podem ser
planejadas ou construídas. As opções reais podem ser encaradas, segundo Dias
(2010), como um problema de otimização (PESSOA, 2011, p. 46).
As opções reais têm mais valor quando três fatores se combinam: incerteza,
flexibilidade e valor do VPL. Elas são importantes quando há muita incerteza e
quando os executivos têm flexibilidade de reagir a ela. Sendo que é na tomada
de decisões difíceis, ou seja, aquelas onde o VPL está próximo de zero, que o
valor adicional da flexibilidade faz grande diferença (PESSOA, 2011, p. 47).
Em resumo, as opções reais são úteis para identificar, entender, valorar,
priorizar, selecionar, programar, otimizar e gerenciar estratégias de negócio e
decisões de alocação de capital. Entretanto, a parte mais difícil está na parte de
identificação da existência da opção (PESSOA, 2011, p. 48).
Para Dias (2010), as opções reais são mais complexas que as financeiras. Na
tabela abaixo são descritas algumas diferenças.
Opções Financeiras Opções Reais
Prazo Alguns meses Vários anos
Ativo Preço da ação Valor do Projeto (fluxo de caixa, demanda, etc.)
Valor Menor – Preço da ação Maior – Valor do investimento
Volatilidade Retorno da ação Valor do Projeto

Tipos de Operações Reais (PESSOA, 2011, p. 50):


1. Opção de Postergar o Investimento: o investidor aguarda novas informações
e aprende, antes de investir.
2. Opção de default durante uma construção em fases (Opção time-to-build): o
projeto é dividido em várias fases, onde entre cada uma dessas fases existe a
possibilidade de escolha entre continuar investindo no projeto ou abandoná-lo,
muito valiosa para plantas de geração de energia.
3. Opção de alterar a escala de uma operação (expandir, contrair e desligar e
reiniciar as operações): varia de acordo com as condições de mercado existentes
e contratuais, quando mercado se mostrar está favorável a opção de expandir
deve ser levada em consideração ou mesmo a de reiniciar as operações caso
elas estivessem paradas, caso contrário, se o mercado se mostrar desfavorável,
podem surgir dois tipos de opção, a de contrair ou a de desligar temporariamente,
sendo que essa última pode estar ligada a sazonalidade de vendas.
4. Opção de Abandonar para o resgate do valor residual: quando o mercado se
torna completamente desfavorável, neste caso pode-se abandonar o projeto
permanentemente em troca do valor de liquidação, onde ocorre a venda dos
equipamentos ali utilizados.
5. Opção de Troca: busca medir o valor da flexibilidade embutida, é possível
fazer a alteração no mix de produtos produzidos de acordo com a flutuação do
preço, e também a alteração do mix de matérias-primas de forma que seja menos
custoso e mais lucrativo para se produzir determinado produto
6. Opção de Crescimento de Empresas ou Aprendizagem: investimento
necessário para se abrir novas portas para a empresa. As opções de crescimento
da empresa têm grande importância na maior parte das indústrias existentes.

Capitulo 5 – Simulação de Monte Carlo


Nesta técnica geram-se aleatoriamente os valores das variáveis estocásticas
para simular um modelo na vida real. Ela tem como inputs as distribuições de
probabilidade das variáveis de entrada e as equações que as conectam ao
resultado para a geração do output.
A simulação de Monte Carlo resolve o problema simulando diretamente o
processo estocástico, não sendo necessário escrever a equação diferencial da
opção real (PESSOA, 2011, p. 57).
Com relação a precisão, nota-se que quanto mais iterações forem realizadas,
menor é o erro.

Capitulo 6 – Indústria de Etanol e Açúcar no Brasil


Dados de produção de cana-de-açúcar, açúcar e etanol no Brasil.
Preço semanal do etanol e do açúcar, sendo duas séries de 538 dados cada,
iniciando em 07 de julho de 2000 e com término em 22 de outubro de 2010.
Sendo que ambas as séries possuem um comportamento bem próximo. Outro
detalhe é que as séries foram deflacionadas utilizando o Índice Geral de Preços,
onde foi possível notar um quadro de reversão a média de ambas as séries. É
possível ressaltar, ainda, a presença de saltos em ambas as séries. Existem
diversos fatores para estes saltos ocorrerem, e não apenas relativos à
entressafra ou sazonalidade da produção da cana de açúcar, pois seus preços
sofrem influência direta do preço do petróleo, das políticas governamentais, do
preço da commodity alimentícia no mercado externo, dentre outros fatores
(PESSOA, 2011, p. 69).
Será empregada a opção de troca ou conversão, levando em consideração que
a usina produzirá açúcar e etanol.

Capitulo 7 – Análise de Dados e Cálculos


Validade dos Processos Estocásticos
Teste de Dickey-Fuller: neste teste, a presença de uma ou mais raízes unitárias
indica não estacionaridade no comportamento de uma série histórica, ou seja,
os valores tendem a aumentar com o transcorrer do tempo, assumindo diferentes
padrões (PESSOA, 2011, p. 71). Foi utilizado o software E-Views, o qual
apresentou que ambas apresentam características de reversão a média.
Análise das Variâncias: neste teste é verificada a extensão dos choques nos
preços. Ou melhor, se estes choques são temporários, ou seja, se eles se
dissipam na medida que o preço reverte à média, ou são permanentes. O teste
da taxa de variância, utilizado em Pyndick (1999) pode ser mais informativo na
investigação de caminho aleatório ou reversão à média do que o estudo feito
anteriormente de raiz unitária (PESSOA, 2011, p. 74). Onde notou-se que todas
as séries de etanol e açúcar tendem a uma reversão à média, visto que nas
séries naturais e nas deflacionadas encontrasse certa tendência de estabilidade
diferente de um.
Teste de Jarque-Bera: testou a normalidade da série para que fosse possível a
avaliação do melhor modelo de previsão dos preços das commodities em
questão. O teste serve para verificar se a série segue uma distribuição normal
ou não. Ele mede a diferença entre a assimetria e a curtose da série com a
distribuição normal.
Simulação de Monte Carlo na Determinação do Valor da Opção de Conversão
Foi utilizada para gerar 104 valores para cada tempo. Ou seja, foram gerados
104 cenários para 100 semanas a frente. O software utilizado para simular os
preços de acordo com o movimento de reversão à média com saltos utilizando
Monte Carlo foi o Saiph, sendo que o programa estima os parâmetros do
processo estocástico escolhido automaticamente.

Capitulo 8 –Cálculo da Opção de Conversão


1 tonelada de cana de açúcar = 107kg de açúcar + 12 litros de etanol
= 80 litros de etanol
Açúcar é cotado em R$/saca de 50kg
Etanol é cotado em R$/L
Esses dados permitem com que o usineiro decida qual o mix de produtos que
irá escolher a cada colheita de cana, sendo que após o investimento em uma
usina flexível os custos com alternância da produção são mínimos.
Foi considerado para o cálculo do fluxo de caixa o processamento de 2.600.00
toneladas de cana por ano, independentemente de sua finalidade. Sendo que os
tributos diretos são da ordem de 16% para o açúcar e 4% para o etanol.
Para o cálculo do fluxo de caixa foram utilizadas as seguintes fórmulas:
Para o processamento de cana em etanol somente: o preço projetado de etanol
em R$/L é multiplicado por 80 (litros por tonelada de cana-de-açúcar) e depois
por 0,96 (4% de taxas sobre a receita). Esse resultado menos R$29,67/ton (custo
variável) é multiplicado por 2.600 (toneladas de cana processadas
anualmente/1.000). O resultado final é obtido subtraindo os custos de R$ (1.000)
28,726 e descontado 19% de imposto de renda. Sendo assim, a fórmula obtida
é:
Para o processamento de cana em açúcar: o preço do açúcar em R$/saca de 50
kg é multiplicado por 2,14 (107 kg de açúcar de uma tonelada de cana
processada, em sacas de 50 kg) e então por 0,84 (16% de taxas sobre a receita).
Como o etanol é um subproduto desta planta, deve-se somar mais 12 litros de
etanol por tonelada de cana, multiplicado pelo preço do etanol que está em R$/L,
e, por 0,96 (4% de taxas sobre a receita). Esse resultado subtraído de 31,94
R$/ton que é o custo variável é então multiplicado por 2.600 (toneladas de cana
processadas anualmente/1.000). O resultado final é novamente obtido
subtraindo os custos de R$ (1.000) 28,726, e descontado 19% de imposto de
renda. A fórmula resultante segue abaixo:

Para que o fluxo de caixa da usina de etanol fique igual ou menor que zero, ou
seja, para que se chegue no break even point,o preço do etanol tem que ser
inferior a R$0,3865/L. Já para que o fluxo de caixa do açúcar no break even point,
mantendo o preço do etanol neste nível de R$0,3865/L, é necessário que o preço
do açúcar seja inferior a R$15,2976/ saca de 50kg.
Encontra-se valores negativos no fluxo de caixa, o que significa que o preço
simulado não é suficiente para fazer com que a planta dê lucro. Nota-se também
que a planta de açúcar com etanol como subproduto possui um fluxo de caixa
acima do fluxo de caixa da planta de etanol na maior parte do tempo.
Foi calculado também o VPL das plantas, onde notou-se que o a usina flexível
apresenta um lucro de 169,55% quando comparado com a planta que produz
apenas etanol, e de 14,90 quando comparado com a planta que produz apenas
açúcar. Sendo assim, a opção de uma planta flexível se faz uma opção lucrativa
ao usineiro.
FICHAMENTO 3 – Simulador do Reator UASD para Conversão de Vinhaça
em Biogás

SOUZA, Eduardo Augusto Fabiano de. Simulador do Reator UASD para


Conversão de Vinhaça em Biogás. Dissertação (Mestrado Profissional em
Inovação da Tecnologica). Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Uberaba
-MG, p. 47. 2014.

(SOUZA, 2014)

Palavras Chaves: Vinhaça; Reator UASB; Biogás.

Resumo

Na produção de etanol, utilizando a cana-de-açúcar como matéria-prima, um dos


subprodutos é a vinhaça, rica em nutrientes minerais e que apresenta elevado
teor de matéria orgânica. Uma das alternativas exploradas para o
aproveitamento deste subproduto é a produção de biogás (metano) por meio do
processo de biodigestão anaeróbia em reatores UASB (Upflow Anaerobic Sludge
Blanket). De acordo com alguns pesquisadores, o biogás que é produzido pelo
processo da biodigestão anaeróbia apresenta potencial energético competitivo
com outras fontes energéticas. Um simulador capaz de fornecer resultados
dessa produção pode representar uma ferramenta apropriada para análise de
investimentos no setor energético, bem como fornecer informações para
melhoria de processos produtivos de etanol. As equações de balanço de massa,
implementadas no reator UASB, podem ser resolvidas com o objetivo de
estabelecer o volume de gás produzido a partir de uma massa conhecida de
vinhaça, além de permitir uma análise mais detalhada das propriedades físicas
e químicas da vinhaça. Foi construído um simulador de fácil operação, com uma
interface para o usuário que permite a inclusão de parâmetros do processo
produtivo de etanol. Esses parâmetros consistem na vazão disponível do
afluente de vinhaça, o valor de DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) e DQO
(Demanda Química de Oxigênio) e a temperatura desse efluente. O simulador
pode ser de ajuda na análise dos parâmetros que interferem diretamente no
volume de gás produzido.

Citações

“Segundo Lindemeyer (2008), a geração de energia elétrica a partir do biogás


mostrou-se econômica e financeiramente viável em estudos realizados em
criadouros de suínos de Santa Catarina” (SOUZA, 2014, p. 9).
“Conforme Santana e Oliveira (2005), os reatores de manta de lodo podem
acomodar altas cargas orgânicas volumétricas, com tempo de retenção
hidráulica curto” (SOUZA, 2014, p. 10).

“O bagaço da cana detém 50% do potencial energético da cana, e a vinhaça


possui os 7% do potencial energético restantes da cana” (SOUZA, 2014, p. 12).

“Para aproveitamento do seu potencial energético, a vinhaça pode ser utilizada


como afluente do reator UASB, onde será gerado gás que poderá ser queimado
para aquecimento de uma caldeira, cujo vapor irá movimentar uma turbina e
gerará energia elétrica. A vinhaça efluente do reator UASB pode ser utilizada
para a fertirrigação” (SOUZA, 2014, p. 14).

“Segundo Rego e Hernández (2006), quando aplicada adequadamente, cerca de


150 m3 ha-1, a vinhaça equivale a uma adubação de 61 kg ha-1 de Nitrogênio, 40
kg ha-1 de Fósforo, 343 kg ha-1 de Potássio, 108 kg ha-1 de Cálcio e 80 kg ha-1
de Enxofre” (SOUZA, 2014, p. 16).

“Para Lamo (1991), obtêm-se, por meio da vinhaça, 0,30 litros de CH4/gDQO
consumida, sendo que a proporção de metano (CH4) no biogás é de 55 a 65%,
sendo o restante dióxido de carbono (CO2)”(SOUZA, 2014, p. 23).

Comentários

Devido ao racionamento de energia sugere-se que o sistema energético seja


reorganizado e apresente maior participação das fontes renováveis, sendo que
está pode ser através da produção de energia por meio da cogeração em
industrias. Para Granato (2003), a indústria da cana por contribuir para a
produção de energia elétrica.
As indústrias sucroalcooleiras são consideradas como autossuficientes em
relação à energia elétrica, devido aproveitarem o bagaço para gerar a mesma.
Porém é possível utilizar também a vinhaça para gerar biogás, através da
digestão anaeróbica em reatores do tipo UASB, e este então gerar energia
elétrica.
É importante ressaltar que a quantidade de biogás a ser produzido está
relacionada com as características da vinhaça, pois essas variam de acordo com
o tipo de mosto e outros fatores, bem como das configurações do reator.

Objetivos:
Geral:
Simular, por meio de um software, a produção de biogás a partir da biodigestão
anaeróbica da vinhaça em reator tipo USAB, para a produção de energia elétrica
a partir da queima do biogás.
Específicos:
- Demonstrar o potencial da geração de biogás para a geração de energia elétrica
a partir da biodigestão da vinhaça.
- Fornecer informações para a tomada de decisões quanto à instalação e à
viabilidade econômica da produção de energia elétrica a partir da vinhaça.
- Analisar a influência de parâmetros da biodigestão no volume de gás produzido.

Capitulo 3 – Revisão Bibliográfica


Processo de Produção da Cana-de-Açúcar:
1. Controle e planejamento dos canaviais: programa de corte.
2. Corte da cana.
3. Transporte do campo para a usina.
4. Recepção da cana.
.... segue na Figura 1.

Figura 1 - Etapas do Processamento da Cana-De-Açúcar.

O caldo extraído da cana pelo processo de moagem passa por dois tipos de
processos de tratamento, conforme apresenta a Figura 2.
Figura 2 - Etapas do Tratamento da Cana-De-Açúcar.

Vinhaça:
A vinhaça é conhecida também como vinhoto, tiborna ou restilo, trata-se do
principal resíduo liquido do processo de destilação dos produtos originados da
cana-de-açúcar, é caracterizada como um líquido de cor escura e cheiro forte.
Atualmente é utilizada como fertilizante, pois sua utilização auxiliar na reposição
de elementos essenciais para as plantas, porém deve ser utilizada com cautela
devido o possível acumulo de metais pesados no solo.
A produção de vinhaça varia devido os diferentes processos que são
empregados na fabricação do álcool. Segundo Cortez e Happi (1992), para cada
litro de álcool são produzidos 10 a 15 litros de vinhaça, já Ludovice (1996) e
Paulino et al. (2011) apresentam que são gerados 13 litros de vinhaça para a
mesma quantidade de álcool.
Com relação aos dados sobre DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) e
temperatura da vinhaça que sai dos aparelhos de destilação Silva et al (2007)
apresentam variações de 20.000 a 35.000 mg L -1 e de 85 a 90º C,
respectivamente.

Digestão Anaeróbica:
Trata-se de um processo que ocorre dentro de reatores, tal processo consiste na
fermentação de resíduos com carga orgânica elevada transformando-os em
compostos orgânicos mais simples e em biogás. Deve-se salientar que fatores
como a temperatura do reator, tempo de resistência do substrato e pH do meio
podem afetar o processo.
Digestão Anaeróbica:
Este reator permite a degradação anaeróbica da matéria orgânica do efluente e
de após a separação sólida, líquida e gasosa. Trata-se de um reator com
capacidade de tratar águas residuárias com elevado teor de sólidos suspensos
além de fornecer alta produção de metano.
Gaspar (2003) explica que o princípio de funcionamento deste modelo reator
consiste da entrada da água residuária pela parte de baixo através de tubos de
alimentação, os quais entram em contato com a zona de lodo. Neste lodo estão
presentes as bactérias responsáveis pelo processo de degradação dos
componentes biodegradáveis que serão convertidos em biogás.
Segundo Chernicharo (1997) existe um separador trifásico localizado na parte
superior do reator, este é necessário a manutenção do lodo anaeróbico dentro
do reator. Após a separação do gás contido na mistura líquida, o lodo é separado
da massa líquida no compartimento de decantação e retornado ao leito do lodo.

Biogás:
É a mistura gasosa resultante da fermentação da matéria orgânica,
essencialmente constituída por metano (CH4) e por dióxido de carbono (CO2), e
considerada como um composto inflamável.
Rodrigues et al. (2012) cita que o grau de pureza do biogás está associado a
uma maior ou menor presença de CH4 na mistura gasosa.

Capitulo 4 – Justificativa

Capitulo 5 – Metodologia
Foram empregadas as equações utilizadas em projetos de reatores anaeróbicos
para tratamento de esgoto doméstico, encontradas em Chernicharo (1997). O
reator base é o do tipo UASB.
Os parâmetros que devem ser informados informados são referentes às
características da vinhaça, e este simulador utiliza os seguintes parâmetros:
- Vazão média do afluente em m³/d;
- Vazão máxima do afluente em m³/d;
- DQO do afluente em mg/L;
- DBO do afluente em mg/L;
- Temperatura da vinhaça;
- Altura do reator.
O sistema utiliza a seguinte constante:
- Coeficiente de produção de sólidos em termos de DQO.
Dimensionamento do Reator UAB:
 Cálculo do DQO e do TDH
𝐷𝑄𝑂𝐿𝑂 = 𝐷𝑄𝑂𝐿𝑂 × 𝑄𝑚é𝑑
Onde:
DQOLO – carga média de DQO;
DQOSO – DQO do afluente de entrada;
Qméd – vazão média do afluente.

O TDH consiste do tempo que o afluente deve permanecer dentro do reator, este
depende da temperatura do afluente de acordo com a Tabela 1. O simulador permite
a definição do valor do TDH personalizada.

Tabela 1 - Tempos de retenção hidráulica em reatores UASB.


Tempo de Retenção Hidráulica (h)
Temperatura (oC)
Média Diária Mínimo (durante 4 a 6 h)
16 – 19 >10 – 14 >7 – 9
20 – 26 >6–9 >4–6
>26 >6 >4
Fonte: Chernicharo,1997.

O volume total do reator é obtido pela equação:

𝑉𝑟𝑒𝑎𝑡𝑜𝑟 = 𝐷𝑄𝑂𝐿0 × 𝐻𝐷
Onde:
VReator – Volume total do reator;
DQOL0 – Carga média de DQO;
TDH – Tempo de retenção hidráulico.

O simulador possibilita que o volume do reator seja personalizado e, caso o


volume do reator seja menor que o volume do afluente de vinhaça, haverá a
modularização dos reatores. Ou seja, o sistema considera que serão utilizados
vários reatores para suportar o volume de vinhaça.

 Cálculo da C.O.V, C.H.V e Velocidade Superficial

𝑄×𝑆
𝐶𝑂𝑉 =
𝑉
Onde:
COV – Carga orgânica volumétrica (kgDQO/m³.d);
Q é a vazão (m³/d);
S é a concentração de substrato afluente (kgDQO/m³);
V é o volume total do reator (m³).
𝑄
𝐶𝐻𝑉 =
𝑉
Onde:
CHV – carga hidráulica volumétrica (m³/m³.d);
Q – a vazão (m³/d);
V – o volume do reator (m³).

𝑄
𝑣=
𝑉

Onde:
𝑣 – velocidade superficial do fluxo (m/h);
Q – vazão (m³/h);
A – área da seção transversal do reator (m²).

Sendo que a velocidade superficial deve estar de acordo com a Tabela 2:

Tabela 2 - Velocidade de Acordo com a Vazão.


Vazão Velocidade Superficial (m/h)
Vazão Média 0,5 – 0,7
Vazão Máxima 0,9 – 0,9
Picos Temporários <1,5
Fonte: Chernicharo,1997.

 Cálculo da eficiência de remoção de DQO e DBO

𝐸𝐷𝑄𝑂 = 100 × (1 − 0,68 × 𝑇𝐻𝐷 −0,35 )

Onde:
EDQO – eficiência do reator UASB em termos de remoção de DQO (%);
TDH – tempo de retenção hidráulica;
0,68 – constante empírica;
0,35 – constante empírica.

𝐸𝐷𝐵𝑂 = 100 × (1 − 0,7 × 𝑇𝐻𝐷 −0,5 )

Onde:
EDBO – eficiência do reator UASB em termos de remoção da DBO (%);
TDH – tempo de retenção hidráulica;
0,7 – constante empírica;
0,5 – constante empírica.
A estimativa da concentração de DQO e de DBO no efluente final é obtida através
da equação:

𝐸 × 𝑆0
𝑆 = 𝑆0 −
100
Onde:
S – concentração de DQO ou de DBO efluente (mg/L);
S0 – concentração de DBO ou DQO do afluente (mg/L);
E – eficiência de remoção de DQO ou de DBO (%).

 Cálculo da Produção do Biogás

- DQO em gás metano:

𝐷𝑄𝑂𝐶𝐻4 = 𝑄𝑚𝑒𝑑 × (𝑆0 − 𝑆) − 𝑌𝑎𝑏𝑠 × 𝑄 × 𝑆0

Onde:
Qmed – Vazão média do afluente;
DQOso – DQO do afluente inicial;
SDQO – Estimativa de concentração do DQO;
Yabs – Coeficiente de produção de sólidos.

- Conversão da massa de metano (kg𝐷𝑄𝑂𝐶𝐻4/d) em produção volumétrica


(m³CH4/d):
𝐷𝑄𝑂𝐶𝐻4
𝑄𝐶𝐻4 =
𝐾(𝑡)
Onde:
𝑄𝐶𝐻4 – produção volumétrica de metano (m³/d);
K(t) – fator de correção para a temperatura operacional do reator (kgDQO/m³).

𝑃×𝐾
𝐾(𝑡) =
𝑅 × (273 + 𝑡)
Onde:
P – pressão atmosférica (1 atm);
K é o DQO correspondente a um mol de CH4 (64 gDQO/mol);
R é a constante dos gases (Atm.L/mol.°K);
t – temperatura operacional do reator (ºC).

 Produção de Biogás
A avaliação da produção de biogás é feita pela estimativa do percentual de metano
no biogás. Chernicharo (1997) adota um percentual de 75% de metano no biogás,
como na equação:

𝑄𝐶𝐻4
𝑄𝑏𝑖𝑜𝑔á𝑠 =
𝐶𝐶𝐻4
Onde:
QCH4 – volume de biogás;
CCH4 – concentração de metano (entre 70 a 80%).

Análise do Estudo da Produção de Biogás:

Para o estudo da produção de biogás, optou-se por analisar a influência de quatro


variáveis:
1. DQO: a produção de metano pode ser feita a partir da degradação de DQO.
2. Temperatura: afeta a produção do metano devido à formação microbiana do
metano ocorrer numa faixa de temperatura entre 0ºC a 97ºC.
3. Tempo de retenção hidráulica: TDH inferior ao necessário causam falhas do
sistema, pois o tempo de permanência da biomassa não é suficiente para o
processo de biodigestão.
4. Vazão: implica na quantidade de biomassa que estará disponível para
conversão.

Capitulo 6 – Resultados e Discussão

A Tabela abaixo contém a informação dos valores utilizados como parâmetros e


a quantidade de biogás que foi produzida. O TDH usado na simulação foi de 7
horas.

Para testes de simulação, foram considerados dois cenários:


Cenário 1: foi feita a simulação da geração de biogás com uma vazão de vinhaça
de 530 m³/d, sendo simulados a geração, considerando temperaturas de 65ºC e
89ºC, valores de DQO de 9200 mg/l, 28450 mg/l e 97400 mg/l e tempos de
retenção hidráulica de 5h, 11h e 17h. O resultado da simulação do primeiro
cenário é mostrado na tabela a seguir.
De acordo com a simulação, o TDH pode compensar a produção de biogás para
efluentes com as mesmas características de vazão, mesmo valor de DQO,
porém com temperaturas menores. Um efluente com vazão de 530 m³/d a 65°C
e DQO de 9200 mg/L e TDH de 11 horas apresentou maior produção de biogás
que o efluente de mesma vazão, mesmo DQO, temperatura superior e TDH de
5 horas.
Ao se comparar efluentes de mesma vazão, mesma DQO, mesmo TDH e com
temperaturas diferentes, nota-se que um aumento na temperatura provoca um
aumento de cerca de 6% na produção de biogás, sendo que a maior temperatura
nas mesmas condições produz mais biogás.

Cenário 2: a vazão de vinhaça foi aumentada para 1909 m³/d. Os valores de


temperatura, DQO e TDH foram os mesmos do primeiro cenário. O resultado da
simulação do cenário 2 mostrou o mesmo comportamento do cenário 1, com o
aumento da produção de biogás proporcional ao aumento da vazão.
A tabela abaixo mostra os valores utilizados na simulação, considerando os dois
valores para cada variável, o valor de máximo (+) e o valor de mínimo (-).Esses
valores serão usados para o Planejamento Estatístico.

A tabela a seguir mostra os dados obtidos pela simulação, considerando os dois


valores de cada variável, o valor de máximo (+) e o valor de mínimo (-) e o valor
obtido da resposta, que é o volume de gás produzido.
Os resultados obtidos com este simulador permitiram as seguintes conclusões:
- Todas as variáveis analisadas se mostraram significativas para a produção de
biogás;
- Um aumento na temperatura resultou no aumento do volume de biogás
produzido, provavelmente porque altas temperaturas facilitam a biodigestão;
- Um aumento na DQO resultou no aumento do volume de biogás produzido,
pois há aumento na conversão do gás;
- Um aumento na vazão de vinhaça também aumenta o volume de biogás
produzido, pois isto significa que há mais massa que entra no sistema;
- Um aumento no TDH resultou no aumento do volume de biogás, pois implica
maior tempo de contato da massa no reator.

Referências citadas:
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- UFMG, 1997.

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GASPAR, P. M. F. "Pós-tratamento de efluente de reator UASB em sistema de


lodos ativados visando a remoção biológica do nitrogênio associada à
remoção físico-química do fósforo". 2003. Dissertação ( Mestrado) - EPUSP.

GRANATO, E. F. Geração de Energia Através da Biodigestão Anaeróbica da


Vinhaça. 2003. f.124 Dissertação (Mestrado) Faculdade de Engenharia, UNESP,
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LAMO, P. de. Sistema produtor de Gás Metano Através de Tratamento de
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LUDOVICE, M. T. Estudo do efeito poluente da vinhaça infiltrada em canal


condutor de terra sobre o lençol freático. 1996. Dissertação (Mestrado) FEC-
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REGO, E. E.; HERNANDEZ, F. D. M. Eletricidade por digestão anaeróbia da vinhaça


de cana-de-açúcar: contornos técnicos, econômicos e ambientais de uma opção. In:
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FICHAMENTO 4 – Avaliação da Viabilidade da Bioconversão do Bagaço de
Cana-de-Açúcar em Metano por meio da Digestão Anaeróbica

ROCHA, C. F. D. Avaliação da Viabilidade da Biocoversão do Bagaço de


Cana-de-Açúcar em Metano por meio da Digestão Anaeróbica. Mestrado
em Engenharia Civil (Dissertação). Universidade Federal de Campo Grande.
Campina Grande, PB. 2011.

(ROCHA, 2011)

Palavras Chaves:

Resumo

Citações

Comentários

Objetivos:

Capitulo 2 –

Capitulo 3 –

Capitulo 4 –

Capitulo 5 –

Capitulo 6 –

Capitulo 7 –
Capitulo 9 – Considerações finais

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