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_ LEIS DA TERMODINAMICA ANTONIO DE SOUZA TEIXEIRA JONIOR —__Fundao Bratileira para o Desenvolvimento do Ensino de Ciincias FUNBEC Instituto Braileiro de Educarto, Ciéncie © Cultura ‘ IBECC — Sho Paulo Quase tudo 0 que acontece envolve, de certa forma, perceptivelmente ou néo, transformagdes de algum tipo de energia em energias de outros tipos ou, em alguns casos, simplesmente transferéncias de energia. Por exemplo, a energia do Sol, sob forma de luz ou de calor, & absor- vida pelas plantas, pelo solo, pela nossa retina. Vemos, sentimos @ vivemos porque roubamos alguma energia do Sol. As violetas perfumam © ar, as rosas so vermelhas ou amarelas, porque o Sol existe. No fundo, 1a absorgdo e consequente transformacgo da energia do Sol é a responsé- vel maior pelas transformages que ocorrem na Terra. Alguns nomes so dados aos principais processos de transformago de energia do Sol como, por exemplo, o chamado calor latente de vapori- zago, a fotossintese, 0 calor latente de fuséo, a radiacdo infra-verme- tha, ete. A termodinamica 6 0 conjunto de prinefpios que regem a absorgao e as transformages da energia. 2 prestigio da Fisica provém em grande parte de que, através das obser- vagSes acumuladas, foi possivel explicar, por meio de poucos princ{pios gerais, todo 0 universo de fendmenos observados. Em particular, duas leis da termodinamica regulam, sem exce¢o conhecida, todos os fend- menos que envolvem transformagies ou transferéncias de energia. A primeira Lei da Termodinamica, também co- nhecida como Princ{pio da Conservaggo da Ener- gia, diz que a energia no pode ser criada ou des- trufda, Se, em algum lugar, a energia que se apre- ~ sentava sob uma forma tiver desaparecido, a mesma quantidade de energia, sob alguma forma, em algum lugar, terd de surgir. “As transformagdes de energia alteram sua distribuicgo, mas a energia total permanete a mesma.'” A expresso “consumo de * no 6, pois, correta. A energia 6 utilizada @ no, consumida. Podese falar em consumo de carvéo ou de gasolina, porque esses materiais desa- parecer 20 serem queimados. Porém, a soma de todas as energias que surgem sob forma mecénica, térmica, eletromagnética e outras & exatamente igual 8 energia potencial quimica contida, inicial- mente, no combustivel, a qual, sob essa forma, desapareceu. Esta “‘contabilidade", segunda a qual a soma das energias no fim de uma transformacdo é igual 2 energia inicial, sempre dé certo. Se, em algum 1processo, 0s célculos no confirmarem este balan- 0, 6 necessério refazé-los, porque, sob alguma forma, existe energia no levada em conta. que Ea ser obtida nos processos de transforma- go da energia. E desta questo que trata a Segunda da Termodinamica. Enquanto a energia é transformada, é possivel realizar um trabalho dtil, como resultado parcial da mudanca de forma da energia. Assim, 20 quel mar-se a gasolina, no cilindro de um automével, uma parte da energia quimica, armazenada no ‘combustivel, é transformada em trabalho dtil: os gases quentes, resultantes da queima, empurram o pistdo. O restante aparece sob outras formas de energia (térmica, radiante, etc.), ndo aproveitadas. ‘A Segunda Lei da Termodinamica pode ser ‘enunciada dizendo-se que’ E imposs(vel converter totalmente energia ‘térmica em trabalho acontece sempre que a energia esté, uma forma mais convertivel em trabalho e, no final, a parte que nao se converteu em trabalho, esta numa forma menos convertivel em trabalho, Dizemos que hé uma degradapéo da energia. Isto nos levaa outro enunciado da Segunda Lei Em qualquer transformacdo de energia, uma Parte 6 degradada. fato de a energia estar numa forma mais ou menos convertivel em trabalho depende essencial- mente da temperatura, ou melhor, da diferenca de temperatura entre o sistema que realiza 0 tra- balho e 0 ambiente. Quanto mais quente estiver um gés em relacdo 0 ambiente, mais facilmente se ‘obteré dele algum trabalho Para dar sentido quant ivo a estas afirma- ‘gBes, 6 necessério estabelecer 0 conceito de eficién- * cia: chamamos eficiéncia a relaco entre o trabalho til obtido e a energia fornecida. Essa relacdo depende da diferenca de temperatura entre o 945 0 ambiente. Numa sucessio de transformacées, aquela dife- renga de temperatura vai diminuindo e a eficiéncia também. A Segunda Lei da Termodinamica afirma Oseguinte: —* Em todos os processos, naturais ou tecnolé- gicos, em que hé sucessivas transformagbes da energia, a eficiéncia & sempre néo cres- cente, Casos ideais podem ser imaginados, em que a eficiéncia se conserva. Contudo, tanto em casos ideais como reais, a eficiéncia nunca aumenta, E isto que a Segunda Lei afir wee ‘As transformagdes da energia podem ser ana- lisadas de outro ponto de vista: Energias como as armazenades na gasolina (elétricas ou quimicas) so formas onganizadas, 2 quais, 20 serem liberadas pela queima, permitem obter trabalho til. A parte ndo transformada em trabalho Gti! constitui forma menos onganizeda de energia. Essa parte & constituida pela energia contida nos gases aquecidos que saem pelo escapa- mento e pela energia irradiada pelo motor aque- cido. ‘A. consideragiio de formas mais ou menos organizadas de energia nos leva a outro enunciado da Segunda Lei: Em processos espontaneos, transformar-se em desordem. Para tornar quantitativo este enunciado, pode- rando a maior probabilidade de ocorrerem estados de desordem, do que de ordem. ‘Assim, os 40 alunos de uma classe podem nela entrar_numa sequéncia qualquer; uma delas 6 2 sequéncia alfabética de sous nomes. Os mateméti- cos sabem que 0 niimero de sequéncias poss(veis & muito grande; esse ndimero é dado pelo “fatorial de 40”. Ha, porém, uma s6 possibilidade de os alunos entrarem segundo a ordem alfabética. Sem alguém que use energia e chame pelos nomes e os faa entrar em order alfabética na classe, ¢ altamente improvével que este fato ocorra naturalmente. Da mesma forma, a probabilidade de os alunos que entraram em ordem alfabética safrem em ordem no alfabstica 6 extremamente grande, a menos que ocorra o emprego de alguma_ energia externa ao processo. £ 0 que afirma, em Giltima andlise, a Segunda Lei de Termodinamica, através de um enunciado menos elaborado: "Passe- -se da ordem & bagunca com muita facilidade”. A Segunda Lei pode ainda ser apresentada de outra maneira: E imposstvel, sem introdugo de energia no sistema, que 0 calor passe de um corpo frio Para um corpo quente. A melhor ilustra¢3o para este enunciado é o refrigerador: ele retira calor do seu interior, que j& esté frio, e joga esse calor na cozinha, que esté mais quente. Entretanto, para realizar esta facanhe, precisa receber uma injecdo de energia: a energia elétrica que aciona o compressor. eee Nos processos que ocorrem espontaneamente, © calor sempre passa do corpo mais quente para o mais frio. Nesses processos, desde que o sistema esteja isolado, a quantidade de calor perdida pelo ‘corpo mais quente é igual 8 quantidade de calor recebida pelo mais frio (Primeira Lei), mas hé uma grandeza que néo é igual para os dois, orpos. Vejamos isto no caso simples esquematiza do na figura: xGua 40.000 40° Consideremos a quantidade de calor recebida pelo bloco de gelo, até fundirse completamente: AQ = 100g x 80cal/g = 8,000 cal quantidade esta, evidentemente, cadida pela dgua. Facamos uma convencao de sinais AQ recebido é positive AQ cedido € negativo Consideremos agora 0 que ocorre com as tem- peraturas do gelo e da qua: a do gelo no muda durante a fuso; a da dgua, no balde, no muda apreciavelmente — podemos consideré-la constante também. Calculemos o quociente entre aquele valor de AQ @ a temperatura absoluta do gelo e da dgua: Paraogelo: AQ ._+8.000 cal a 273°K Para a agua: AQ — Ss = + 29,3 cal/K — 28,66 cal/K 0 valor de 42 nao é 0 mesmo para o gelo ° pa- ra a équa. Difere em sinal e em valor absoluto. Consideremos o sistema formado pelo gelo & pela Agua e somemos os valores de AQ. : 5p +29,3 cal/0K — 25,6 cal/OK = +3,7 cal/K Obtiverios um valor positive para oS2 total. Em qualquer outro processo espontneo (calor passapdo do mais quente para o mais fio), o valor do 42 total é positivo ( 0 que significa acréscimo). Portanto, este quociente deve estar ligado a alguma coisa que’ sempre aumenta naqueles pro- cessos. Ora, 0 que sempre aumenta, nesses casos, @ a desordem. No nosso exemplo, a desordem no gelo aumenta durante a fuséo e, praticamente, no muda na gua. Portanto, a desordem total do sistema gelo-égua aumenta. Podemos, ento, considerar que 0 quociente 40 6 uma medida da variagéo da desordem num corpo ou num sistema. Os fisicos deram um nome 2 esse quociente: variagio da entropia. Este con 10 nos leva @ mais uma formulaco da Segunda Lei: Num sistema isolado, a entropia nunca decresce. A equivaléncia entre os diferentes enunciados da Segunda Lei pode ser estabelecida analisando-se as conexées entre entropia, eficiéncia de uma trans- formago e probabilidade de ocorrer um determi- nado estado, num sistema isolado. wae 5 2a violagbes da Segunda Lei aconte- —_langado pelo decréscimo de do no percebemos que o sistema em _acréscimo de sua entropia). ago no & isolado, mas esté recebendo gia de fora. = Voltemos aos _refrigeradores, que parecem A Segunda Lei da Termodindmica leva-no wtrariar_a Segunda Lei, pois tiram calor dos entender por que a maioria dos processos da natu: -Objetos frios, colocados no seu interior, e transfe- _reza ¢ irraversivel. Quando assistimos a um filme _ fem-no para o exterior, a uma temperatura mais mudo, rodado do fim para o comero, 0 que . Isto. significa que a entropia no interior do _chama a atenco para a impossibilidade so as vi efrigerador diminui. Notemos, porém, que 0 pro- _ laces da Segunda Lei da Termodinmica, com 2550 no Ocorre espontaneamente, ou seja, o re- sagem de estados de grande entropia (ou deso1 | frigerador n&o € um sistema isolado; ¢ necessério _nizagdo) para outros mais orgenizedos. No ‘erescentar energia 20 sistema que acaba por aque: que & possvel, nesses processos, assogurar a valida: Ger 0 ambiente, de modo que a entropia do sistema de da Primeira Lei, mas a Segunda Lei diz que a ‘todo (refrigerador mais ambiente) aumenta. reversibilidade é altamente improvavel. ‘As leis da termodinémica ajudam a entender transcorrer do tempo, ou o sentido do tem- ‘também porque, para nos mantermos vivos, preci _po, 6 algo também ligado a Segunda Lei da Termo- ‘samos ingerir todos os dias alimentos que tornem —_dindmica. A inversdo do tempo levaria, em nosso ‘Possivel, pela energia deles advinda, conservar a Universo, a uma violaco da Segunda Lei? S temperatura de nosso corpo a 379C, trabalhar, Fica @ resposta para quem quiser aumentar ‘rradiar calor, pensar, sonhar, etc. entropia de sua cabeca, no se esquecendo de qui ___Por-outro lado 0 crescimento biolégico apa- _a possibilidade do cadaver de um gato, estampilhe fee para muitos, como uma violardo da Segunda _do no asfalto, ressuscitar e sair abanando 0 rabo Lei. E preciso ver, porém, que 0 crescimento da _idéntica & probabilidade de ocorrer uma violagéo __ordem estrutural da biosfera é sempre contraba- da Segunda Lei da Termodindmica. Vamos tentar extrapolar a idéia de entropia A operaco inversa, a transformaco dos escombros para outros campos: no trem, em condiedes de funcionar, mesmo so- __Nos fendmenos sociais, os estados de grande _frivelmente, s6 6 feita mediante a intervengdo de -organizacdo ‘80 obtidos & custa de muita dedica- _energias estranhas ao sistema. 24 - Bo. A passagem, dos estados de grande organiza: para estados de desordem pode ser facilmente jada: um atraso no horario de um trem, que if ustou anos para ser construido, transformeo Para as pessoas ligadas & obtenco de fina Weare ar lecsuscnpslicanwas iene evar ara. pesquisas, é bastante sabido que < izada e desesperancada. A passage da organi- para a desorganizagdo é operada em minutos. realizagdo de uma pesquisa requer razoavel qué ‘estitua rapidamente as importéncias “6 fécil transformar megadélares em mas 6 duro transformer pesquisa em lares”. No fundo, 0 dinheiro é uma “estrutura’’ alta e compacta e organizada e a pesquisa é algo de 1. O mesmo ocorre com imerosas aplicagSes, em que formas altamente izaveis de Se ae a Ee Isto fia a 39 doscintlo Os var mento em formas entrépicas, como a pesquisa e a educardo, mas sucede que 2 tecnologia resultante ‘das pesquisas possibilita inventar méquinas que item a utilizego de formas degradadas de ja, como o calor, transformando-as em tra- 10 til, embora em processos pouco eficientes, economicamente vidveis, pela queima de combustiveis baratos, comandéveis pelo usuério que liga ou desliga a chave, dando inicio ou paran- do a queima de gasolina ou outro combust{vel. E isto que a pesquisa, apesar de toda a sua “entropia", permite obte que aumentam a entropia do universo, mas viabili- Zam nossa vida, dando-nos conforto, economia de ‘tempo, facilidade de comunicacao e tantas outras ‘coisas que nos aborrecem, mas das quais ndo que- Temos prescindir. No fundo, 0 desenvolvimento esté bastante ligado a0 acréscimo de entropia do universo. Os desenvolvidos, através da queima de maior quanti- dade de combustiveis per capita, so maiores pro- dutores per capita, também, de entropia, do que os cidadiios das sociedades menos desenvolvides. Entropia per capita e délares per capita seriam grandezes diretamente proporcionais e, portanto, utilizaveis como medidas de desenvolvimento. 3) Mantendo a régua fixa, desioque o esquadro 6.om adireita, ao longo da régua. 4) Trace um segmento cd de comprimento igual ao comprimento ab. Faca 0 mesmo para outros segmentos. Considere a relago que associa a cada segmen- to do plano um novo segmento obtido pelo ~__processo acima. Uma relacdo deste tipo chama- se translagdo. A translago 6 uma, fungdo? "Por qué? 7). Sendo fungo, qual é o dominio? E 0 conjunto- imagem? Conceito geométrico explorado: TRANSLA- GAO. Esta situagdo 6 um exemplo de translacgo, Ingo que associa a cada elemento ab tracado _inicialmente, um cinico segmento ad que se obtém ‘seguindo 0 processo descrito na situagdo em es- tudo. ‘A fungo analisada nesta situagdo tem, como inio, © conjunto formado pelos segmentos _tragados inicialmente. O conjunto-imagem 6 " formado pelos segmentos obtidos através da trans- Iago e 0 campo de variagdo é 0 conjunto de todos pontos do plano. -_-Outras translagies podem ser definidas e anali- sadas, s2 0 professor julgar interessante deter-se pouco mais no assunto. SITUAGAO NP 19 1) Numa folha do seu caderno, marque o ponte o.. 2) Marque um ponto p e trace a semi-reta op. 3) Sobre a semi-reta op marque um ponto p* tal {que a medida do segmento op’ tenha o dobro da medida do segmento op. 4) marque um ponto r e sobre a semi-reta or — determine um ponto r’ de modo que a medida do segmento or’ seja 0 dobro da medida de or. 5) Considere a relacdo que associa a qualquer ponto do plano da folha um ponto obtido pelo proceso descrito acima. Uma relacdo deste tipo chamase homotetia. A homotetia é uma fungéo? Por qué? 6) Qual 6 0 dominio? E 0 conjunto-imagem? Conceito geométrico explorado: HOMOTETIA. ‘A homotetia é uma funcgo que associa, a cada Ponto p marcado no plano, um Gnico ponto p’ obtido pelo processo descrito nesta situacao. Nesta situago, a fungdo tem como dominio © conjunto formado pelos pontos marcados ini- cialmente. O conjunto-imagem 6 formado pelos pontos obtidos através da homotetia e o campo de variago & 0 conjunto de todos os pontos do plano. Nesta situacdo, tem-se um exemplo de homote- tia de razdo 2 (dois). Pode-se definir outras homo- ‘etias, variando-se a razo. Uma homotetia de razo 1 (um) deixa os pontos invariantes. 3 novas méquinas— in a cially fied Nailin

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