Exposição a agrotóxicos: aspectos biológicos

Alguns agrotóxicos como o DDT, as bifenilas policloradas (PCBs), as dioxinas,

o hexaclorociclohexano (HCH) e o hexaclorobenzeno, agrotóxicos organoclorados,
são considerados carcinógenos humanos em potencial. O DDT, em especial, tem a
característica peculiar de fazer parte do processo de bioacumulação, ou seja, frações
de seu conteúdo vão passando da base para o topo da cadeia alimentar.

O DDT foi usado no Brasil pela primeira vez na cidade de Breves, no Pará, no
ano de 1946, sendo posteriormente difundido em outras 146 comunidades na região
Amazônica. Sua proibição aconteceu no ano de 2001, quando aprovado um acordo
redigido pelas Nações Unidas, que bane não só o DDT, mas diversas outras
substâncias provavelmente teratogênicas.

Apesar dessa possível relação com o desenvolvimento de câncer, o uso de

agrotóxicos tem aumentado mundialmente nas últimas décadas. É por isso que,
técnicas estão sendo empregadas para poder comprovar seus efeitos nocivos. Entre
eles, o teste de cometa ou o de micronúcleos. Pode-se analisar em um estudo
realizado em Passo Fundo, RS, que a quantidade de micronúcleos em trabalhadores
com exposição direta a agrotóxicos é duas vezes maior do que em pessoas que não
possuem este contato.

Em relação ao papel da dieta, supõe-se que a ingestão de alimentos, mesmo

contendo baixos níveis de agrotóxicos, são capazes de provocar danos teciduais
associados ao câncer. Em especial as carnes, pois, devido ao processo de
bioacumulação, possuem mais agrotóxicos do que vegetais, por exemplo.

Desregulação hormonal e tumores hormônio dependentes

Atualmente, vem sendo discutido a capacidade que os agrotóxicos têm de atuar

como “disruptores endócrinos”. Um disruptor endócrino é um produto químico que
interfere na função do sistema endócrino mimetizando um hormônio, podendo
bloquear seus efeitos. Além disso, ele pode estimular ou inibir a produção ou o
transporte de hormônios.

A associação desses agrotóxicos está mais relacionada com alguns tipos

específicos de câncer, por conta de sua natureza hormônio-dependente. São eles, o
câncer de mama, testículo, ovário, próstata e tireoide. Nos EUA, um estudo
epidemiológico, realizado com trabalhadores de uma fábrica produtora de atrazine e
outros herbicidas relacionados a triazine, mostrou um excesso estatisticamente não
significativo de casos de câncer de próstata em trabalhadores em atividade. Atrazine
é um dos herbicidas mais amplamente comercializados em todo o mundo.

Além do câncer, parecem estar associadas à exposição aos disruptores

endócrinos outras alterações descritas em seres humanos, como a modificação na
razão entre sexos ao nascimento, infertilidade, mal-formações congênitas no trato
genital masculino.