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CRÍTICA:

O FABULOSO DESTINO DE AMÉLIE POULAIN



O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, de 2001, parece nunca cair em esquecimento e,
se algum dia cair, será um dia triste para o cinema.

O filme de Jean-Pierre Jeunet é de uma delicadeza admirável e é uma obra de arte em
todos os aspectos possíveis. Fiquei impressionada principalmente com os detalhes, a
mensagem, a fotografia e a trilha sonora, elementos que me prenderam do começo ao
fim e que tiraram completamente o peso “de o filme ser parado”, como tinha ouvido
falar.
Brincando sempre com o mundo real e o mundo da fantasia, o cineasta cria uma
dinâmica cativante com o espectador: muitas vezes, Amélie olha diretamente para a
câmera, criando intimidade com quem a está assistindo. O jogo de cores fortes (o verde
e o vermelho) é também muito interessante, assim como os efeitos “toscos" nas cenas
de fantasia que só servem para deixar o filme ainda mais encantador. Isso tudo, é claro,
sem deixar de lado o humor sutil, presente em diversos momentos.

Mas a delicadeza está concentrada mais na mensagem do filme. Amélie Poulain é
diferente dos outros ao seu redor. Ela é mais fechada e tem um olhar mais curioso sobre
os pequenos detalhes da vida. Ela vive em seu pequeno mundo, resumido basicamente
em passar tempo com seu pai e trabalhar como garçonete. E então, um dia, Amélie
encontra uma caixinha de lembranças da década de 50 escondida em seu apartamento.
Ela decide procurar o dono para entregar a ele o pequeno tesouro e, depois de ver como
seu gesto afetou a vida do homem, ela passa a ajudar todos a sua volta, mas ainda sofre
com a dificuldade de ajudar a si mesma. Em meio a essa luta, Amélie encontra um álbum
de fotos que a interessa muito, assim como encontrou a caixinha de lembranças. A
diferença é que, em suas tentativas de encontrar o dono do álbum, a vida de Amélie
Poulain passa a ter um outro rumo. A partir disso, a história transita entre a vontade de
se arriscar e o medo/insegurança que isso pode trazer.

O filme o tempo todo nos mostra os pequenos prazeres da vida, faz com que a gente
repense alguns valores e nos ensina a nos abrirmos mais para oportunidades. A sutileza
do filme é muito marcada também pela trilha sonora, composta por Yann Tiersen
(famoso também pela trilha sonora de “Adeus, Leni”). Eu me apaixonei pelas músicas
logo de cara e confesso que até hoje, anos depois de ter assistido ao filme pela primeira
vez, ainda as ouço para matar um pouco da saudade.

Jean-Pierre Jeunet fez um ótimo trabalho em deixar o filme excepcional e característico.
O Fabuloso Destino de Amélie Poulain emociona, é o tipo de filme que te faz pensar e,
ao mesmo tempo, parece fazer bem para a alma. É uma experiência fantástica que, de
fato, merece estar sempre sendo comentada.

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