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Instituto Politécnico do Porto

Escola Superior de Música, Artes e Espectáculo


Licenciatura em Música – Variante em Produção e Tecnologias da Música
Unidade Curricular – Acústica VI

Porto, 16 de abril de 2018


Mário Santos & Rodrigo Ferreira

KLP’s Acústica

• O funcionamento de uma máquina de percussão e o procedimento de ensaio


utilizando esta máquina

A máquina de percussão é utilizada como fonte de ruído para teste. No ponto de vista
do seu funcionamento, esta percute o pavimento recorrendo a um conjunto de 5 martelos e este
impacto gera vibrações nos elementos estruturais do edifício, permitindo assim aferir o índice
de isolamento sonoro a sons de percussão (L’nT). Um exemplo de uma máquina de percussão é
a Brüel&Kjaer 3207. Este equipamento contém 5 martelos que percutem o chão desde uma
altura de 40mm, trabalhando a uma frequência de 10Hz. O peso dos martelos e a velocidade
com que percutem o chão estão estabelecidos pela norma ISO 140-6.
Esta máquina deve ser colocada em diferentes tipos de pavimento, caso existam, pois
cada um deles oferece um tipo de isolamento diferente. Após ser colocada em funcionamento,
é medido o nível de pressão sonora em vários pontos da sala na qual a máquina está em
funcionamento (câmara de emissão) durante um determinado intervalo de tempo. Após essa
medição este processo é repetido no espaço onde se encontra o recetor, que será no piso inferior
(câmara de receção). Este ensaio pode ser feito no local específico ou em laboratório existindo,
porém, duas fórmulas distintas para a normalização dos valores obtidos em cada caso. A norma
EN ISO 717-2 descreve as especificações a efetuar de forma a determinar a quantificação do
isolamento sonoro de elementos de compartimentação de edifícios a partir de um índice. Este
é o índice de isolamento sonoro (Ln,w) e é relativo a uma dada descrição do nível de pressão
sonora, obtida a partir de um ensaio normalizado, comparativamente a uma descrição
convencional de referência. (Sousa, 2008)
Apesar de este procedimento ser utilizado para a medição de sons de percussão em
pavimentos, ele também produz ruído aéreo. Este ruído é conhecido como o “eco” dos
impactos. Este ruído é particularmente relevante quando se trata de pavimentos flutuantes,
devido à natureza do pavimento que origina os designados “sons de tambor”. Apesar da
relevância da interferência deste ruído na determinação de Ln,W, isto torna-se menos relevante
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quando o propósito da medição é de averiguar se determinado espaço cumpre com os requisitos


regulamentares. Segundo a nossa pesquisa, o ruído gerado pelos impactos da máquina é
geralmente relevante quando se trata de situações onde o isolamento a sons aéreos e a
transmissão “efetiva” por percussão são baixos.
Sendo que a influência deste tipo de ruído é sobretudo relevante em pisos flutuantes
leves, esta influencia a medição do emissor (Li) ao transmitir-se para o recetor (L2i). Por este
motivo, transmissão sonora devido apenas à componente de percussão (Lpi), assumida
normalmente como Li, deveria corresponder à diferença logarítmica entre Li e L2i. Neste caso,
L2i corresponde por isso a: L1i − D, sendo que L1i é o nível de pressão sonora do ruído aéreo
medido no local onde ocorre a excitação e D representa o isolamento sonoro bruto a sons aéreos
entre o recinto emissor e o recinto recetor.

• Exemplos de máquinas

o https://ambergo.pt/produtos/acustica/maquina-de-percussao-mi006-cesva/
o https://www.bksv.com/en/products/transducers/acoustic/sound-
sources/tapping-machine-3207

• Vídeos

o https://www.youtube.com/watch?v=ui_8B2QE9sU

• Outros ensaios de interesse

Uma vez analisado e determinado o isolamento entre compartimentos interiores medido


in situ, é frequentemente necessário caracterizar o comportamento da fachada do edifício. Este
processo segue os mesmos princípios da ISO 16832-1, mas neste caso passamos a considerar o
“exterior” como o espaço emissor. Portanto, o isolamento é calculado pela diferenã entre
valores médios do nível de pressão sonora entre o emissor (exterior) e o recetor (compartimento
interior). Para se medir o isolamento, utiliza-se a seguinte expressão: D = L1 – L2 , onde L1 é o
valor médio do emissor a 2 metros da fachadas (por causa da interferência das reflexões) e L2
é o valor médio do recetor. Uma vez calculado o isolamento, pretende-se calcular o índice de
isolamento pretendido. Para isso, podemos recorrer a dois dados distintos: o isolamento sonoro
normalizado (D2m,n) e o isolamento sonoro padronizado (D2m,nT) que apesar de parecerem

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semelhantes, permitem que os dados obtidos sejam ponderados por fatores distintos, que
podemos aplicar de acordo a situação em que nos encontramos.

• Isolamento sonoro normalizado

Corresponde à diferença de níveis correspondente à área de absorção sonora de


!"
referência na sala recetora e é traduzido pela seguinte expressão: D2m,n = D + 10lg [dB] , em
!

que D diz respeito à diferença de níveis medidos, A0 é a área de absorção sonora de referência
para divisões com 10m2 e A é a área de absorção sonoro equivalente da divisão recetora.

• Isolamento sonoro padronizado

Corresponde à diferença de níveis ajustado à diferença do tempo de reverberação (T,


em segundos) face ao valor de referência (T0 = 0,5 segundos), na sala recetora. Traduz-se pela
#
seguinte expressão: D2m,nT = D + 10lg [dB].
#"

Tanto o isolamento sonoro normalizado como o isolamento sonoro padronizado, devem


indicar se são medidos através do recurso a uma fonte sonora normalizado (do tipo loudspeaker
– ls) ou através do recurso a ruído de tráfego para fonte sonora (do tipo traffic noise – tr).
Portanto, quando se trata do isolamento sonoro normalizado podemos ter Dls,2m,n ou Dtr,2m,n e
quando se trata do isolamento sonoro padronizado podemos ter Dls,2m,nT ou Dtr,2m,nT.

• Ensaios em laboratório

Denominam-se ensaios em laboratório, todos aqueles ensaios que são apenas possíveis
de serem realizados em ambientes controlados, como câmaras reverberantes. Este tipo de
ensaios eliminam qualquer tipo de contribuição de transmissões marginais e, geralmente,
permitem a certificação de elementos construtivos. Normalmente apresentam melhores
resultados, mas implicam mais tempo e cuidado na preparação do mesmo.

Ao contrário do que ocorre num ensaio in situ, em que avaliamos o isolamento (DW), num
ensaio em laboratório avaliamos o elemento físico (RW), ou seja, de que forma determinado

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objeto ou material interfere na transmissão do som, calculando assim a redução do nível sonoro:
!
RW = D – 10lg [dB] , em que D diz respeito à mesma diferença de níveis, A à área de absorção
$

sonora equivalente da sala recetora e S à área do elemento de separação.

• Índices comuns
o n – normalizado (para os 10m2 de área de absorção sonora equivalente do
compartimento recetor);
o nT – padronizado (para um T0 = 0,5 segundos, regra geral, do tempo de
reverberação do compartimento recetor;
o w – weighted (ajuste da curva de referência da norma EN 717);
o ‘ – com transmissões marginais;
o 2m – medido a 2 metros do elemento em contacto com o exterior.

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Bibliografia:
• https://ria.ua.pt/bitstream/10773/9488/1/6462.pdf
• http://doutoramento.schiu.com/referencias/outras/Diogo_Mateus.pdf
• http://www.sea-acustica.es/fileadmin/Evora12/129.pdf
• https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/58314/1/000129637.pdf
• http://download.drgearbox.com/english/1988%20-%20Cremer,%20Heckl%20-
%20Structure-Borne%20Sound.pdf

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