Filosofia A questão da vida Qual é o sentido da vida?
“O homem pode conservar um vestígio da liberdade espiritual, de
independência mental, até mesmo nas mais terríveis circunstâncias de tensão psíquica e física.” -Viktor Frankl-
Rodrigo Pinto, Nº18
10ºE Horta, 24 abril de 2018 Introdução Algumas são as pessoas que chegam a um certo ponto da sua vida e se questionam sobre o sentido da existência geral e em particular do ser humano. Terá a vida sentido? E se tem, qual é? Cabe a nós, animais racionais, formular concretamente um sentido à vida? Ou será que nos cabe apenas o papel de o descobrir? (http://criticanarede.com/viverparaquecrit.html) Este trabalho tem como objetivo responder às questões acima propostas, defendendo se o sentido da vida pode existir ou não. Fazendo o ser humano parte de uma sociedade em permanente crescimento é importante parar, pensar e, de alguma forma, tomar consciência de si mesmo e da sua realidade. É de grande relevância que o ser humano saia da sua zona de conforto e reflita sobre a sua própria existência, a vida como algo extremamente importante e não pode passar-se por ela sem se refletir e debater-se questionamentos. Portanto, na minha opinião, tentar descobrir se a vida humana tem algum sentido é um ponto de extrema importância para o pensamento filosófico do ser racional. O sentido da vida segundo Viktor Frankl reside em encontrar um propósito, em assumir uma responsabilidade para connosco e para com o próprio ser humano. Assim, tendo claro um “porquê” poderemos enfrentar todos os “como”.
Desenvolvimento
Quando se começa a refletir sobre o sentido da existência do ser enquanto humano,
o pensamento é diretamente dirigido às teorias religiosas, baseadas na vontade de um Deus, uma entidade superior. Desta forma, conforme o doutor Domingo Faria, é possível afirmar que existem, três principais linhas de pensamento: teísta ateísta e agnóstica. (http://blog.domingosfaria.net/2011/06/tres-teorias-sobre-o-sentido- da-vida.html)
O teísmo é uma posição que reconhece a existência de um ou mais deuses terão
criado o universo e que ainda se envolvem na sua conservação, embora transcendendo-o. Esta ideia surgiu na Grécia Antiga, devido à crença nas divindades que faziam parte do Olimpo, com o passar dos tempos s a evolução das culturas foram reconhecidas diferentes teístas de acordo com as qualidades atribuídas aos deuses: monoteísmo defende a existência de um único Deus, sendo exemplos o catolicismo, o judaísmo e o islamismo; o politeísmo, em contrapartida tem como base a crença em vários deuses, como acontece no hinduísmo. Ateu é quem não crê em Deus ou em qualquer ser superior, nega a existência de uma entidade suprema, omnipotente (que pode tudo), omnisciente (que sabe tudo) e omnipresente (estão em todos os lugares ao mesmo tempo). (https /www.significados.com.br/ateu/) A palavra ateu tem origem no grego “atheos” que tem como significado “sem Deus, abandona os deuses”, formada pela palavra de negação “a” juntamente com o radical “theos" (deus). Este termo nasceu também, no tempo da Grécia Antiga sendo utilizado para descrever os cidadãos qua rejeitavam as divindades adoradas por grande parte da sociedade - considerados ímpios. Um ateu pode ter uma atitude ativa, ou seja, quando defende de forma impetuosa a ausência de qualquer Deus ou uma atitude passiva, ou seja, nega por não ser possível provar a existência da divindade. A atitude passiva é uma forma de agnosticismo, em que os ateus agnósticos não acreditam em Deus, mas ao mesmo tempo não descartam a possibilidade da sua existência. Agnóstico é aquele que considera os fenómenos sobrenaturais incompreensíveis para o ser humano, considera inútil discutir temas metafísicos e transcendentes pois são realidades inatingíveis através do conhecimento. Para os agnósticos, a razão humana não possui capacidade de fundamentar racionalmente a existência de Deus. Um agnóstico pode ser teísta ou ateísta: teísta assume que não tem conhecimento que comprove a existência de Deus, mas acredita que Deus existe ou admite a probabilidade de pode existir, em contrapartida, o agnóstico ateísta também admite não possuir conhecimento que comprove a não existência de Deus, mas não acredita em possibilidade que Deus exista (https: www.signiticados.com.br/agnostico/) Portanto, num sentido religioso, agnóstico é aquele que não acredita na existência de Deus, porém não nega essa possibilidade, por se encontrar num patamar racionalmente inacessível. É diferente do ateu, que não tem crença ou religião e que não acredita na existência de deus (es) ou qualquer outra a identidade superior. A luz de uma visão teísta, se formos mortais, a vida não tem sentido, visto que todos estaremos mortos daqui a algum tempo, e assim não poderemos continuar infinitamente a fazer coisas de valor; se nada do que fazemos é permanente, nada do que fazemos tem sentido, na medida em que tudo acaba por desaparecer: mesmo que ajudemos os outros, que criemos um mundo melhor, etc., nada disso restará num espaço de tempo maior, como um milhão de anos; contudo, se, segundo o carolismo, temos uma alma imortal e se Deus nos criou com uma finalidade a vida humana tem sentido (vale a pena viver, pois Deus dá sentido à vida. Ele criou-nos com uma alma imortal, e deste modo não seremos restringidos à morte e ao nada: do mesmo modo Deus irá recompensar- nos ou castigar-nos em função do modo como vivemos a vida, e assim o que fazemos ganha subsistência, marcando para sempre a nossa existência após a morte). Logo, a vida faz sentido se, e só se, Deus existe. Segundo a resposta ateísta, na conceção figurada cristã, Deus confere ao ser humano um propósito que lhe dá sentido à vida (o ser humano serve para cumprir a lei de Deus, venerá-lo e para se submeter à sua vontade: ao fazer isto recebe a vida eterna). No entanto, isto seria ofensivo para o ser humano, pois este seria tratado como mero meio para Deus atingir determinados fins. Qualquer finalidade que é atribuída por Deus é infame porque trata o ser como objeto e não como pessoas que realizam os seus próprios propósitos. Por consequente, só se Deus não existir é que a vida pode ter sentido. Por fim, de acordo com o pensamento agnóstico uma vida tem sentido quando uma entrega ativa (independentemente da existência ou da inexistência de Deus) a projetos e ações de valor ético e moral. Logo, a vida pode ter sentido quer Deus exista, quer não. (http://blog.domingosfaria.net/2011/06/tres-teorias-sobre-o -sentido-da-vida.html) Posiciono-me em torno de uma atitude agnóstica, baseada no ateísmo, considerando que, de algum modo, a vida pode ter sim um sentido este independente da existência ou da inexistência de um Deus, pois cada um de nós irá fazer alguma coisa no qual será boa e dar-lhe-á um sentido á sua vida por mais insignificante que seja. Nascer, crescer, viver, trabalhar, envelhecer e morrer, ordem direta e crescente do ser humano, não necessariamente crente em Deus ou em qualquer outro fenómeno religioso, obedece sim, a lei natural do surgimento do Universo, cientificamente comprovada, a partir de uma molécula. Se Deus e o sentido da vida, se e feita "a sua vontade”, como explicar as guerras, as tomes, os povos dizimados, etc... Citando o escritor argentino José Luis Borges: "Eu não sei se tem alguém do outro lado da linha, mas ser um agnóstico significa que todas as coisas são possíveis mesmo Deus. Este mundo é tão estranho, tudo pode acontecer, ou não acontecer. Ser um agnóstico permite-me viver em um mundo mais amplo, em um mundo mais futurístico. Isso me faz mais tolerante." Desta forma, em contra-argumento, seguindo a linha de pensamento do escritor citado e reforçando a minha ideia, concluo que a vida pode ter um sentido, sendo este independente da existência ou não de uma entidade maior que tenha, por exemplo, um destino e um plano de vida para cada um de nós. O sentido das nossas próprias vidas somos nós que o traçamos conforme a realidade que nos é apresentada, conforme a maturidade que vamos adquirir no crescimento racional ao longo da vida. O que dá sentido à vida é o fim, a intenção ou propósito que orienta e justifica aquilo que fazemos e que somos. À pergunta “ qual o sentido da vida?” vários filósofos responderam de diferentes formas. Alguns pensam que a vida não tem sentido e que , portanto é um absurdo. Para Camuz, por exemplo, apenas queremos sobreviver. Vamo-nos enganando ao longo da vida. Camuz compara a vida com um jogo, neste jogo, fazemos um pré-acordo com a própria vida e esse acordo é nós perdermos sempre. Tal como este jogo não tem sentido, também a vida não tem sentido. Esta forma de pensar acerca do sentido do mundo pode levar a uma angústia existencial, que é um estado de inquietação provocado pela consciência de um destino pessoal marcado pelo sofrimento e pela ameaça da morte. Dentro dos que pensam que a vida tem sentido, dividem-se aqueles que pensam que a vida tem valor no imanente e outros que pensam que a vida tem sentido no transcendente. Os primeiros dos quais se destaca Jean Paul Sartre, pensam que a única coisa que dá sentido à vida é a liberdade e o uso que fazermos dela. Satre não acreditava na existência de Deus, por exemplo. Os filósofos que pensam que a vida tem sentido no transcendente afirmam que a vida tem de ter por base o transcendente , pois é impossível a inteligência do ser humano ter aparecido do nada. Há quem, como Shakespeare, defenda que a vida não tem sentido. Mas a busca pelo conhecimento ou por uma vida eticamente responsável mostram que há coisas que valem a pena e podem dar conteúdo à existência. Por fim, na minha opinião, para responder definitivamente à questão “Qual o sentido da vida?” é necessário eventualmente falecer e olhar para trás e perguntar-me “Será que fez sentido existir?”...