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TEXTURAS MUSICAIS

Textura é a forma como o tecido sonoro se entrelaça, através


da combinação entre as diversas partes que soam simultaneamente,
gerando a sonoridade de um segmento musical. Os principais tipos de
textura musical são:
• monofonia – é a textura musical constituída por somente um
elemento, uma única linha melódica.

Ex 3.5.: C. Debussy, Syrinx (la flûte de Pan).

• polifonia – é a superposição de diversas linhas melódicas


independentes entre si. A principal técnica de escrita polifônica é a
imitação. Neste tipo de textura, o contraponto está em evidência.

Ex 3.6.: J. S. Bach, Prelúdio e Fuga em Dó Maior BWV 545, Fuga.

• homofonia – é o resultado da superposição de linhas melódicas


inter-dependentes que formam um todo coeso e homogêneo. Este
tipo de textura coloca em primeiro plano a harmonia.
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Ex 3.6.: M. Moussorgsky, Quadros de uma Exposição, I.

• melodia acompanhada – é um tipo de homofonia em que a


melodia se destaca do acompanhamento, seja pelo timbre (violino
e piano), pela figuração rítmica, pelo registro ou pela utilização de
padrões típicos de acompanhamento (basso di Alberti).

Ex 3.7.: W. A. Mozart, Sonata em Dó Maior K, I.

• heterofonia – termo criado pelos musicólogos para descrever a


música trovadoresca da Idade Média européia, em que os
instrumentistas (jograis) realizavam variações em torno da
melodia cantada pelo menestrel. Este conceito também se aplica à
música vocal de outras épocas e regiões em que os instrumentos
realizam versões ornamentadas da parte vocal.
Por ampliação, o conceito de heterofonia também é utilizado
para descrever texturas da música ocidental dos séculos XIX e XX
em que há entrelaçamentos contrapontísticos complexos entre as
partes, ou quando ocorrem planos sonoros distintos
simultaneamente, como acontece na peça Ununswered Question
de C. Ives.
Um tipo característico de acompanhamento na música do século
XIX é o acompanhamento heterofônico em que o
acompanhamento move-se independente e paralelamente à linha
melódica, como ocorre no Prelúdio Op. 28, n.º 4 de F. Chopin.
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Ex 3.8: F. Chopin, Prelúdio Op. 28, n.º 4.

Abaixo serão abordadas algumas possibilidades de elaborar os


diferentes tipos de textura sonora. Além do que será exposto, pode-
se também entender que as texturas simples (monofonia, polifonia,
homofonia e heterofonia) podem ser combinadas entre si para gerar
texturas compostas ou expandidas.

Monofonia

• instrumento solo
• dois ou mais instrumentos em uníssono
• “uníssono” em oitavas (também chamado de uníssono
orquestral)

Polifonia

• uso de padrão rítmico-melódico como "cantus firmus",


normalmente chamado de "tema", na música popular e no jazz
• emprego e estrutura isorrítmica, isto é, um padrão rítmico
relativamente longo (como a talea da Ars Nova) que se repete
ao longo de uma seção
• utilização de técnicas imitativas: os instrumentos podem
imitar uns aos outros, com maior ou menor precisão com
relação ao modelo
• uso de contraponto livre, em que os diferentes instrumentos
realizam linhas distintas simultaneamente
• aproveitamento de estruturas amétricas, isto é, em que não
há métrica regular claramente estabelecida, como ocorre na
Elegia para as Vítimas de Hiroshima, de Pendercki
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• emprego de contraponto invertido, em que duas ou mais


partes são intercambiadas entre os instrumentos; essas partes
podem ser mais ou menos determinadas em qualquer de seus
elementos
• utilização das espécies de contraponto, ampliadas para uso
mais livre

Homofonia

• estrutura homorrítmica, isto é, contraponto nota-contra-


nota, em que todos os instrumentos realizam o mesmo padrão
• emprego de melodia acompanhada, em que um dos
instrumentos realiza o tema ou improviso sobre o tema,
enquanto os outros instrumentos acompanham
• acompanhamento arpejado
• acompanhamento em estilo coral
• acompanhamento cordal em bloco
• acompanhamento rítmico
• em qualquer das texturas anteriores, podem ser incorporado
contracanto nas diferentes vozes - existe o contracanto
passivo, em que a linha de contracanto apenas segue as notas
da harmonia, e o contracanto ativo, no qual a linha de
contracanto se desenvolve livremente em torno da linha
principal
• baixo cantante, como ocorre no choro em outros gêneros
musicais brasileiros e latino-americanos
• acompanhamento semi-contrapontístico, no qual as partes
que realizam o acompanhamento são tão elaboradas que se
destacam como linhas em contraponto à parte principal - o que
diferencia este tipo de acompanhamento do contraponto
propriamente dito (textura polifônica) é o fato de que
permanece existindo uma voz principal

Heterofonia

• emprego de planos sonoros distintos


• colagem de materiais diversos, muitas vezes oriundos de
diferentes culturas ou práticas musicais - um bom exemplo é o
fusion criado por Miles Davis ou as técnicas poliestilísticas de
Alfred Schnittke
• emprego de citação, em que são citados textualmente trechos
de outras peças musicais, através de fragmentos melódicos,
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padrões rítmicos ou seqüências harmônicas reconhecíveis - um


exemplo está na Sinfonia de Luciano Berio
• uso de alusão, em que as técnicas típicas de outros estilos,
gêneros ou peças particulares são empregados com o sentido
de fazer referência a elas - um exemplo seria o Modern Jazz
Quartet (John Lewis) em relação às técnicas contrapontísticas
de J. S. Bach
• aproveitamento de técnicas pontilhistas, onde as partes
interagem pontualmente e não como linhas melódicas
independentes - ex. a orquestração de A. Webern para o
Ricercare a 6, da Oferenda Musical, de J. S. Bach

Técnicas expandidas de elaboração textural

• elaboração de nuvens sonoras – um exemplo seriam os


Estudos para órgão, de Ligeti.
• emprego de padrões em ostinato
• uso de nota pedal
• construções polirrítmicas
• emprego de diferentes planos sonoros simultâneos
• contraponto de faixas sonoras
• realização de faixa sonora acompanhada
• emprego de polifonia com acompanhamento, por ex.: duas
vozes em contraponto com acompanhamento rítmico-
harmônico
• uso de ataques alternados nos diversos instrumentos
• criação de métrica irregular por meio de compassos
alternados
• emprego de técnicas instrumentais expandidas
• reprodução da sonoridade ou das práticas idiomáticas de outros
instrumentos, como, por exemplo, imitar sonoridade do violão
no violoncelo, como acontece na Bachianas nº 5 de Villa-Lobos
ou como faz o cantor Bobby McFerry, que imita sons de
instrumentos com a voz

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