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‘Dezoito pence”, repeti Moey, “s6 dezoito pence por uma jover bem desenvolvida Or, vse teria pagaranpiovoscte oy ei ureecn gg cu Ihe oferego umaesposa a pronta nasstas mos —e voce faz um lancede are nas dezoito pence! = “Eu the dou meia coro, vetho bruto”, fo! a proposta do joven que sabiam que seria o comprador. Prposadn even ste oa ‘Vou Ihe dizer uma coisa, Jack”, disse Moe de bebida, ela ésua, no vou pedir nada pelo bebe, mos, diga seis xelins! Depois de regatear um pouco, o joven concordou ein pagar tes gales de cerveja, que se estipulou fossem logo servidos, para que a esposa recém-com. prada, 0 proprio jovem, e alguns “camaradas” escolhidos, sem esquecer 6 vel rabequista, partieipassem do brinde ratificador. Assim conclufda a barganha, a corda foi colocada na mao do jovem, e@ moga recebeu os cumprimentos de numerosas matronas encardidas. Ela impow 9s olhos e sorriu alegremente; 0 novo marido Ihe pespegou um beijo bem esta- Tado na bochecha redonda a guisa de ratificago, e quando 0 novo casal se afas- ‘tou, a multido se desfez ¢ lentamente se dispersou. A tragicomédia da vida rude do Black Country estava finda, “se voe® inteirar trés gales ‘corda vale uma quarta. Va. Q laborado cmpregs y 8 ROUGH MUSIC gr que te mumente usage nated: apumgcucolonian a i para dirigir zombanias oubgstlid rin us dycomuidae, Parece corresponder, em geral, ao ghamiugeina Franca, ao scampanate ita Fiano, ¢ a varios costumes alemaes — haherfeldtreiben,thierjagen ¢ karzen ‘musik Hi, na realidade, uma familia de formas de rituais, bastante antiga & espalhada por toda a Europa, mas seu grau de parentesco esta aberto a investi gages. Nos estudos académicos internacionais, © termo charivari ganhou aceitagio como aquele que descreve todo esse género. Em 1972, segui esse ‘exemplo ao dar a um estudo publicado na Franca o titulo de “Rough music’: le ccharivari anglais”.* A dificuldade dessa assimilacio logo se tomnou aparente, Poiso proprio termo charivar deyperta expectativas despropositadase constr6i ‘otema segundo uma problemitica feancesa, com suaéntase forte sobre o char: ‘ari provocado por segundos casamentos, e também sobre 0 papel dos ovens solteivos. Quando uma mesa-redonds de estudiosos sobre eharivari se reuniu ‘em Parisem 1977, alguns visitantes da Gra-Bretanha, Alermanhite Itdliativeram Tazdes para sentir que os termos do discurso eram “francocéntricos” ¢ im- roprios as evidéncias das suas nagdes. Entretanto, nao hé outro termo genético de alcance internacional, ¢ dizer que uma tipologia francesa se tornou domi ‘ante fora das fronteiras da Franca —sendo exportada com a palavra —¢ tam- ‘bém uma homenagem as fortes tradighes da Franga no tocante ao folelore, & ‘etnologia ¢ & antropologia.* Nao era possivel imaginar, na década de 1970, a tealizagzio de uma mesa-redonda de especialistas internacionais numa universi- 353 — a o combinado de antemao, ele era “descoberto”. talver numa mata perto da fa, e eagado pelos “ces” (0s jovens da vila) nas russ, quintais, jardins, sendo guido Toryadoa sairdealgiusvestibulos, A eaga eontinuaya por uma ho- ‘ow mais, €. com um refinamento psicolégico sadico, 0 “veado” evitava, até o pe final, chewar demasiado perto da casa da Futura vitima, Finalmente ocor- 6 golpe mortal — lento, brutal ¢ ealista, O *veado" era capturado nos de- us da porta da casa, a faca de um cagador perfurava a bexiga com sangue de que ele carregava sobre 0 peito, €0 sungue se derramava sobre as pedras dade britanica para discutir a rough music, ¢ deve-se aplaudir a iniciativa telectual francesa, Mas, embora upland, deve-seresistr aconstrugdesimmprprias, Para majoria dos fins, no se deveris resistr 0 termo charivari (a menos que se tejatrabalhando com materiaisfranceses) ¢manterse fil rough music paragy materiaisingleses? GAHH Heh sie €igualmente um temo genérico,e, mesmo nas ilha biti as, as formas do ritual eram tio variadasa ponto de ser possfvel as comoea, pécies distintas. No entanto, por baixo de todas as elaboracdes do tit encontram-se ceras propriedades humanas hisicas: 0 barulho estridente eeq, surdecedor, riso desapiedado eas mimicas obscenas. Na desetigao de Hardy, o ritual se apoiava numa “barulhada de cutelos,tenazes, tamborins, vig. linos pequenas, rabecas antigas, intrumentos desafinados, serpentbes, chitfes de carneiro,¢ outras formas histricas de musica” * Mas se esses instrumenton “hist6ricos" nao estivessem & mio, o barulho de pedras roland dentro de uma, chaleira de lata —ou qualquer improvisugao de latas de Sgua e pis —servir Num glossério do dialeto de Lincolnshire (1877), a definiglo é: “O bater de Potes e panelas. As vezes executado quando uma pessoa muito impopularesté deixandoa vila ou indo para a pristo”.? Mas nao é apenas o barulho, embora o barulho satirico (suave ou sele vagem) sempre estivesse prevente. O barulho fazia parte de uma expressio rie twalizada de hostilidade, mesmo que nas formas (talver adulteradas?) registradas em exemplos do final de século x1x 0 ritual fosseatemuado, passane doa ser alguns fragmentos de versos quebrados ou a repetigaio da “mdsica’” em noites sucessivas. Em outroscasos, oritual podiaserelaborad, incluindoodes= file da vitima (ou de um substituto) montada numa vara ou num burro: mfscaras © danas; recitativos elaborados; pantomimas rudes ou cagaudas; ou (reqieme= mente) o desfileeu queima de eligies; ou, ainda, combinagdes variadas de todos esses elementos NaGra-Bretanha, os rtuais abrangiam todo espectro, desde brincaderas bem-humoradas com 0s recém-casados até sitiras da maior brutalidade. OS shallals daCorwalha podiam serapenas um comentiriobrando dacomunidade sobrea noiva ou onoivo— sobre asua reputagio sexual antes do casament, 0 sobreo novo par formado, se era considerado um casal adequado ou no." EsseS Fituais, semelhantes aos polter-abends da Saxdnia,alravessaram o A\tlanticoe sobreviveram por muito tempo em regides dos Estados Unidos sob a forma d€ shivarees.® Nooutroextremo do espectro talver um dos rituais mais brutaisem termos psicolgi¢os fosse 0 da cagada ao veade [srag-hunt| de Devon, Nesse rit Jovem vestido de chifres (eas vezes de peles) servia de substtuto para a vt Nessa descrigio, naa acagada rita om meio-tns dabsics."A iestogao da wooue ang aserencontada ai em Wilshire 0 5S Sr nha um simbolsmo seman, Numa vila. Wilshire na dea de 1930, um observaorencortou uma pris, acompanas pelo arto de font batendo em gies, chaoalhand caleras com pedis, soprande Bie decamciosclazendosoar sins dc ovehas, Qua hoes caressa Esses cram seguidos por uma pessoa que carregava uma cruz de madeira [..]eom sete pés de altura, Nos bragos da cruz fora coloeada uma eamisa feminine sobre «8 ponta superior 0 crnio de um cavalo, que tinha afixado nos lados um par de chifres de veado, como se alitivessem creseido. F, na parte inferior do erinio, 0 maxilar inferior fora colocado de tal modo que, pusando-se um eorddo, os maxi= lares se Fechavam batendo, como se o ctnio estivesse mordendo 0 feio. Esse feito era sado para produzir obarutho de um estalo durante as pausas na misic. la”, passava diante da casa ou casas ada pelosrapazesda vl noites consecutivas, em tes ocasides eonsecutivas, com in- {ervalos entre cada grupo de tr: isto, pornove noites ao todo, Eraempregada (diz 0 observador) contra a “infidelidade conjugal Seria possivel citar outro rtuais regionais refinados, Mas podemos dizer ue a maioria das outras formas se divide em quatro grupos, embora esses pos- sam fer caracterfticas coincidentes ou emprestadas uns dos outros. Esses gru- os Sio: a) oceff pren o terme gales para “cavalo de madeira”) associado com ‘05‘motins de Rebecca” [Rebecca's riots] em varias regides do Pats de Gales: b) ‘0“cavalgarda vara” [viding the stang], muito difundido na Baixa Ese6cia e no Norte da Inglaterra; c) 0 desfile[skimmington] ou procissio do skinmety i daentrincheirado, no século xix, no West Country, mas conservando-se em oU- ‘tas egies no Sulzed):asimples rough msc, sem nenhuma procisso,embora freqdientemente acompanhada da queima das effigies das vitimas, encontrada €m quase 1oda parte esendo muito comum nas Midlands eno Sul. Na verdade, io claro sea ugh music sem adornos ¢ uma forma distinta ou simplesmente Yestigio de um ritual que ainda sobrevive no século x1x.e comego do século XX asd 355 depois que as elaboragdes do ritual mais, coalhando & tudo 0 que sobrou do ritual." Voltaremos ao eff? pren. As formas da rough masie simples (d) se mos as Ocasides particulares, @ tommarao bastante evidentes quando descrey “cavalgar da vara” (b) ©0 desfile (c) requerem alguma descrig? No “cavalgar da vara tum vizinho proximo, as vezes um jovem). era carregado sobre um loi ‘ou sara, acompanhado por um bando turbulento, ou um gritando hurras atirando todo tipo de porearia’’"Seeraa pa formal. tituir a vara, mais freqiientemente usava-se uma eff papel era representado por um substituto, um rec cera gritado em diferentes partes da cidade ou vila Agui estamos nds, cons 0 van dan dan: ‘Nao é por minke causa, nem por tua casa Que eu desfite nesta vara ‘Mas é por Jack Nelson, o hemen de avis romano. Veh, toda «boa gente que mora nesta rua, Que todos fquem avisados, poisesta é a nossa le Se alguns dos maridos batem nas suas boas mulheres Que venkam até nds, e thes faremos un cavalgar a vara Ele a surrou,espancou, espanconde verdade; Ele aexpancou antes que el jamais precisasse. Ele nde wsernu com vara, pedra. ferraou estaca, Mas erguew um banco de trés pes Ihe desanconas costas. Léemcimacnnis da cama Que tunuto eles ertararn! Li embaico, amrdsda porta Ele a socon emquanto a cia praeuejan Agont, se este bom homem ndo corrigir os seus modes A pele do seu traseiva ind pare ocurtidon, E seo curtidor nie a curtir bem, le vai momar numa vara de portao: Ese a vara poracaso rachay Ele vai momar nas costas to diab Ese adiabo por acaso corres Vamos acerti-to como facil dos gansos selvagens, (0) Formota convenciomal de versosqusbrads, um discus longo e sem neve. NT) 356 i ntigo desapareceram, Assim, Cambridgeshire na primeira década deste sécuo, latas butendo e chaleitas chae ‘O procediment era repetido, ipoites. Se levavam uina efigie, ela era fuzilada, enterrada ou 6 infrator, ou aquele que o representava (8s vezeg : i timaee peste lpavadodesfle. a procisde pod terminar com ea sendo steals nag go ou numa vala cheia de égua." As vezes uma escada ou um burro podia subg. 7050 $06 rvotricional oon te a de Hedon, mas cujo terveiro verso dizia: “Mas é pela velha loba que a sacraopobre condeiro” _geogrifica pelo Norte pelas Midlands, Em Grassington, E seo fc poracaso negar fogo. Eu es desejo boa-noite, pois estou quae cansad." lem virias pardquias, as vezes em tres nais comument ‘queimada. Eases versos ou tomy —o exemploé de Hedon, no East Riding de York- shire — permitiam que se acrescentassem improvisugdes apropriadas & vitima aocasiio.” O nome do infrator podia ser gritado, embora em algumas regides fosse ocultado para evitar uma agdo por difamagio,” ou ligeiramente disfarga~ do num jogo de palavras. Quando uma mulher bateu no marido chamado Lamb feordeiro, um representante desfilou no seu lugar com uma niomtiny semethan- fariantesdos versos apresentam uma ampla dispersio Ele ndo pegou pedaco de pau, varaowestaca Mas fevantou o punho e neta bateu por daa parte (Os golpes foram to fortes e tae profindas ‘Que o sangue corria como de avetha recént-sangrada "= ‘Os elementos essenciais da nominy parecem ter sido memorizados Go in- delevelmente con us rimas infantis, e 0s compiludores tém encontrado infor- rmantes idosos que sabem reciti-los sem errar nenhuma palavra. Os vocdbulos nas compilagdes de folelore impressas talve7 tenhamn sido um pouco atenuados, pelos compiladores ou pelos informantes. Ha cingilenta anos, um compilador horte-americano preservou uma versio dos tiltimos dois versos da nominy que mais verossimil (e também rima melhor) do que a versio de Hedon preserve dapor essa excelente compiladora, sta, Guteh: (a) Here we eum, wiv ramadan dan I's neather fo" mah cause nora cause that A ride this tangy But 5 fo! Jock Nelson, that Rwnan-nooased man /Cum all you z00d people tht live 1 this raw Ald he” ya tak wahin, for this soot lane Tt onny oyu hushuns your gu wives Jo bung Let em cum to uz,an we'llride em the stg. He beat hee bang’ er he bang erin Geed/ He hang'id her afooar sha iver stood need / He bag’ dher wi nether sch steean ton nO ‘ower! Bute up wiv thre-legged stool an knock her backwards ower / Upstate aback obey Sikearacketthere they ed / Doon stairs, abacko'door/ He uneht ber whah he meeadher sweear/ Noo if ths z00d manda mend is mnnersJ The skin of hs hk sal gant the tanners/An if thetannerdizzant tan it wel / He sald upon a gate spell/ Anite spell sud happen toerack/ He Sal ride upon the devsl's back Am ifthe devil sud happen un./ We'll shut him wiv a wahld-goose ‘2m! An if the gun sud happen tmissie/ AW’ bid y good nect. for Ah's oma tired. Ltt He neither took stick taf aor stoure/ But be up with is ist and he knocked her owe He struck yo hard anit snk so deep The blood ran down ike anew sche sheep, 397 Seo ft Vamos escatd-lo ate'a morte com um burr de mijo quente." por acaso near fos, ee [Na forma em que sobreviveu no West Country durante o século XIX, 0 des “file se distinguia por duas caracteristicas: @elaboragio do ritual ea freqiéncia fom que. vitima satirizada continuava.aser (como acontecera dois ou tes séeu- Jovantes)"a mulher em desacordo com os valores da sociedade patriareal: amu her ranzinza, a que bate no marido, a megeta, Os repistros das vessies ‘gimestrais do Tribunal de Wiltshire de 1618 nos 2 uma idéia da possivel ela- ‘oragio: Porvolta do meio [alle com ele trezentos ou quatrocentos homens, alguns semelhantes a sold dos. equipados com armas de fogo ede outro tipo, ¢ um homem montado a ea vvalo, com uma touca de dormir branca sobre « cabega, duas calgadeiras dependuradas nas orethas, uma barba postiga feita de rabo de veado sobre o {queivo, uma eamisa de mulher em cima da vestimenta, € ele desfilava num ca- ‘alo vermeltio com dois potes embaixo dele. € nesses potes havia uma porgo de gris fermentando |. (uno una sigs mina profesor rindi un soem Nowh Yo homemdcreadc sevens on —serectnouslorepetracpare eae cordou em baté-las na méquina de escrever quando ela saiu da sal "9 A forma do “cavalgar da vara” é q nperceptive on algar da ara" €que nperepivelnste rsclaag nee ‘em regides das Midlands nem faz sentido distingui-los. Os cra enegados no “aalgr da var em Eun Riding (acon mapa West Somerset tém claramente origem comum: he i ‘outro tovadorde tambor vein de Calne para Quemerford Ago dims Hara soc nd cori seu mode, E seo curtidor nito a curtir bem, “ “ Xs pense am gon ne Maas pada cé noses do dab Bexar enzo Vio emda oc alain Chewando a casa das vitimas (Thomas Mills, cuteleiro,e sua mulher Agnes), 0s eagadores dispararam as armas, “fizeram soar flautas e trompas, junto comsinos pequenose outros ainda menores[...]e chifresce caeiros ¢ de cervos [.". As portas ¢ as janelas da casa foram apedrejadas, Agnes foi arrastada para fora de seu quarto, jogada na lama, espancada e ameagada de ser levada a Calne para o suplicio da cucking-stoo! [cadeira em que se amarravam mulheres turbulentas, para serem apedrejadas ou merguthadas na dua}? Dois séculos e tanto depois des cena, ainda eram registrados desfiles no West Country que, se nao tinham a mesma escata, continuavam a requerer preparagao claborada. Em Uphill (Somerset) em 1888, 270 anos depois de Agnes ser a vitima em Quemerford, uma carroga foi puxada pelas ruas a0 en- tardecer: Aleunsregistos flelricos do “cavalgar da var” separecem muito comosdes- files, como este de Northendenem Cheshire, Por volta de 1790, Alice Evanses- Post de um teceldo € mulher forte e atlética, “castigou o seu proprio senhore este por algum ato deintoleranci ou desleixo no traball Bsa cond dea os senor ds vsinhanga ean dtermnados pant temendoquesuas espa pueset nsumiramsmaautoriade Assmeleseth {samme se goo sein on ops eminin-ama «cabea dana Deis homes conduit onal peas ender, ea spor mien menione va i atin em chaleae gran saa ches de vac rvam unlevara men prado deere oan a {uc ohomem euntoweom essea seit prolmaca ‘A sua fence ia uma banda de milsicos variados, cian um rufo continuo ¢ tem vel com baldes velhos, frigideiras, chaleras e latas de etanho. Montados em ca vlos,¢ destilando com solenidade ridcula ay lado da carroga, seyuia uma eseolta \de seis cavaleiras grotescamente yestidos. Erguidas sobre uma plataor ova, duasefigies. Ran adn, ran a dan, rama dan, A sra, Alice Brans bate no seu bom marilo: Nav fot com espada, lange, pistola nent faca Macs foi com wna tena que ela qu the tvar a vida ‘A procissiio deu uma volta pela aldefa, e depois entrou num campo. onde as fies foram queimadas 20 som da “Marcha fiinebre™* engeitesl@Quando a vitima satirizada era uma mulher mandona ou que batia no ‘marido, dois substitutos podiam vir sentados na carroga, ou um de frente para. © ‘outro em cima de um burro, golpeando-se furiosamente com armas culinarias, ‘ou um de costas parao outro, como homem segurando o rabo do animal.” Quan- s)he gun should happen ass/ Wel scale han to death witha barrel red-hot iS __24Nos nsy Har, ifthe isn mend thy manners, Theskinofthy ass we'll send toe fner'sf Andif the tonne, he onan un well/ We'llhang un" pons naa imbelld And ithe nial BE fin crack Wel hangun'pon he dis ack Andi the dev raw We hang 398) 9 Jas autoridades eclesidsticas ecivis. Assim, na diocese de Lincoln em 1556, Emma Kerkebie foi condenada & peniténcia pablica por adultério: “Que a dita Emma deve desfilar pela cidade e pelo mercado numa carrogu,e ser ronge out «Joo motivo era a suposta infideidade da esposa, uma saia ou camisa de mulher seria levada na procisséo, junto com chiftes, gros fermentadose outros simbee Jos dos corudos (ver ilustragao n!25).~ Numa ocasido,registrada tardiamengy em Dorset em 1884, ts personagens foram satirizadas, um homeme duas mug with basons”: isto €,seralvo da ough musi." Em 1642, oficiais das Forgas par theres: ambas as mulheres seguiam montadas num burro, ¢ uit delas “cra ye Jamentares apicaram um castigo semelhante a “uma prostitta, que viaha presentada com uma lingua extraordinariamente longa, amarrada ats da sug seguindo 0 nosso acampamento desde Londres”. Ela “primeiro teve de desfilar fue enquanto numa das maos ela segurava um papel para nots ena outrapes pela cidade, depois foi colocuda no pelourinho, mais tarde na gaiola, entdo at nae portacpenas”." ada no rioe, por fim, hanidla da cidade”. E desfilar numa vara ou num “cavalo E o suiciente sobre as formas, Mais podevia ser dito. E mais tem sid dito {de madeira” era um castigo militar recanheeido, aplicado aos soldados cujo Infelizmente, 0s folcloristas do sSculo xix, a quem devemos muitas das metho. {comportamento (assaltos, pequenos roubos) punha em perigo as relagdes com res narrativas desses rituat, estavam interessados, sobretudo, nas proprias for Beaooulecho civil. Assim, em 1686, uma corte marcial condenou um soldado in- ‘mas;ese fossemalém, eraem geral paraespecularsobreasuaorigeme relagdes, fraor acusado do roubo de duas tags de pata" desfilar no cavalo de madeira classified-las segundo uma espécie de botinica humana, Narrativas repletas de Bp jrotine dia demercado:na pray omercado publica [.,. I pelo espago de observagies admiriveis talvez contenham apenas as alusdes mais fortuitas ¢ duas horas com um cartaz no peito indicando 0 seu delito”."*A punigio humi- descartaveis ao motivo do ritual: 0 status das vitimas, seu suposto delito, acon- hava o infrator na frente do populacho, e com isso supostamente reparava 0 seqiiéncia da rough music dano feito. relagdes miltares-civis.° Anda assim, antes de prosseguir, vamos ver que evid2ncias as proprias for mas ys oferecem., condigao, slo imediatamente adaptadas 2 fungao de divulgar oescandalo, Além disso, as formas so comumente processionais, Talvez se devesse dizer queelas ‘0 antiprocessionais, no sentido de que os cavaleiros, os tocadores de tambor, aasbandeiras, os eurtegadoresde lanternas, as efigies em currogasete parodiam, ‘numa espécie de antifona consciente, o cerimonial das procisstes do Estado, da lei, das ceriménias civicas, da guildae da lgreja Mas elas no zombam apenas. A relagao entre as Formas satiricas da rough music ¢ as formas dignas da sociedade que as abrigam nao é de modo algum simples. Num certo sentido, a prociss2o talvez procure afirmar a leg timidade da autoridade. E, em certos casos, essa intengao pode ser extraordi nariamente direta, Pois as formas da rough music ¢ do charivari sto parte do vocabulirio simbslico expressive de um certo tipo de sociedade — um voca+ buldrio disponivel a todos e que serve para a enunciagio de muitas sentengas Jiferentes. E um dixcurso que (embors frequentemente coincida com a lin- _guagem escrita) deriva seus recursos da transmissao oral, numa sociedade que regula muitas de suas ocorréncias — relativas a autoridade e & conduta moral — por meio dessas formas teatrais como a procissio solene, 0 cortejo efvico. © espeticulo piiblico da justiga ou da caridade, a punigio publica, a exibiglo deemblemas e distintivos etc.” A continuidade dus formas €3s veres surpreendente. O desfile nu ova “cat reata” de mulheres lascivas ou de prostitutas era um castigo outrora impost© 360 Pelas normas do Exército, a punigao ainda podia ser aplicada até o inicio do século XIX. Em 1845, em Yeovil, mesma punigdo se tornara uma instituigao informal, sendo noticiado que — © castigo quase obsoleto do “eavalgar da vara”, ov cavalo de madeira, foi ressuscitado nesta cidade por alguns construtores que, suspeitando que um ‘membro de seu stupa roubara o almogo dos eamaradas, prenderam os seus bragos e fizeram-no desir pelas ruas sobre um pedago de madeira com a palavra “lado” rabiseada a giz nas suas costas, Para refinaracrueldade da cas- tigo, os inchadores tiveram a idéia de fazer uma ponta no eaibro em que 0 inte- lizestava montado, e denteé-lo em varios lugares, Na sexta-leira,ele teve de ser Jevado para sua casa em Bradford Abbas numa carroga, pois de tio machueado no conseguia eaminhar. Nido sei se a aplicagio formal (legal) desses castigos coineidia com a in- formal (costumiiria) no final da [dade Média inicio da era moderna, ou se as formas populares auto-reguladoras (que eram muitas vezes organizaas inde- pendentemente de qualquer autoridade, sendo de vez em quando utilizadas de ‘modo a ridicularizar as autoridades) davam novas Fungdes a formas que as atl toridades estavam deixando de usar, resposta pode ser“as dua coisas”. AtEO inicio do século x1x, a publicidad fazia parte da esséncia da punt i tos leves, a intengiio era humilhar o infrator diante de seus vizinhos, ¢ nos deli- tos mais sérios, castigé-lo para que servisse de exemplo. O simbolismo da ‘execucdo publica se iradiava sobre a cultura populardoséculo xvi, tendo con- tribuido para o vocabuldrio da rough music.* As etigies elaboradas dos in- fratores que desfilavam pela comunidade em carrogas ou no dorso de animais 361 sempre acabavam enforcadas ou queimadas — o que lembrava a queima dog hhereges. Em casos extremos, realizava-se uma parddia de ceriménia finehee para a efigie antes de um “enterro". Quem visse nisso tudo apenas uma brine cadeira grotesca se equivocaria, Queimar, enterrarou celebrar as exéquiasde a ssuém ainda vivo era um terriveljulzamento da comunidad, que transformayg it vitima num proserito, nama pessoa jiconsiderada morta. "Ero graw daetceennbho om sneee Es cenneng A queima de efigies no pertence apenas. roueh music. Na Gri-Bretanha ena Amérivado Norte, pode-se encontraressa praca separada de outras formas de rough music, cela certamente tem sidoe continuaessencial parao Dia de Gu Fawkes. Cinco de novembro era um diaem que aqueima deeligiese a gh ‘music se tundiam, e quando as desavengas locais ou publicas tinham frequente- mente 0 seu acerto de contas.” E havia efigies apropriadas para cada tipo de demonstragaio politica ereligiosa, Elas cram simplesmente um elemento (efeti- voe duradouro) do vocabulitio simbslico disponivel, que podia ser empregadg em combinuigo com outros elementos (barulfo, pantletos satiricos, obsceni- dads), ou estar completamente desligado de tudo isso. Intimezos exemplos — ‘ofensas politicas, industriais e particulares — podem ser encontrados em qual- quer localidade Com 0 nGimero cada vez maior de alfubetizados, era possivel usar uma combinagao de efigies, stiras em verso, e cartas ou papéis andnimos afixados ‘nas portas ou portGes das igrejas, Em 1800, oreverendo Charles Jefirys Cottrell, Juiz de paz, 0 piroco de Hadley em Middlesex, foi obrigado a recorer a uma ago legal quando recebeu pelo correio 0 retrato de um piroco enforcadocoma

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