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Marçal Justen Filho Rodrigo Goulart de Freitas Pombo

Cesar A. Guimarães Pereira Juliane Erthal de Carvalho


Fernão Justen de Oliveira Mônica Bandeira de Mello Lefèvre
Eduardo Talamini Guilherme Augusto Vezaro Eiras
André Guskow Cardoso Isabella Moreira de Andrade Vosgerau
Alexandre Wagner Nester Diego Franzoni
Marçal Justen Neto Daniel Siqueira Borba
Rafael Wallbach Schwind Mayara Gasparoto Tonin
Felipe Scripes Wladeck Ricardo de Paula Feijó
Paulo Osternack Amaral Marina Kukiela
Guilherme F. Dias Reisdorfer Vanelis Mucelin
Karlin Olbertz Niebuhr Camila Batista Rodrigues Costa
Mayara Ruski Augusto Sá Rubens Samuel Benzecry Neto
Luísa Paschoaleto Martim
William Romero

Ilmo. Sr. Presidente da Coordenação Geral de Cadastro de Licitações – CGCL


Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte - DNIT

RDC Eletrônico nº 091/2016-00 – Recurso Administrativo

CONSÓRCIO OAS/ASTEP, por meio de sua empresa líder, OAS


ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO S.A., pessoa jurídica de direito privado com
sede em São Paulo - SP, na Avenida Francisco Matarazzo, 1.350, 17º andar, inscrita
perante o CNPJ/MF sob o nº 18.738.697/0001-6, por seu representante legal com a
assistência de seus advogados, integrantes de Justen, Pereira, Oliveira e Talamini –
Sociedade de Advogados, comparece perante V. Sa. para, na forma do item 19.2 do
edital, interpor recurso em face de decisão que o inabilitou para o certame
licitatório em epígrafe.
A r. decisão de inabilitação foi expedida no dia 14.7.2016. O consórcio
indicou interesse em recorrer no próprio dia 14.7.2016 e posteriormente em
17.8.2016, data em que esta D. Comissão declarou o Consório BR-101/AL vencedor
do certame, abrindo o prazo para a apresentaçao das razoes do recurso, nos termos
do item 19.2.1, sendo assim tempestivo o presente recurso.
Adiante estão os fundamentos que impõem a reconsideração da r. decisão
pela d. Comissão de Licitação ou a sua reforma pela d. Autoridade Superior, a fim
de que o Consórcio Recorrente seja considerado vencedor do certame.

Rua Visconde do Rio Branco, 237 – Curitiba-PR – 80.410-000 – Tel 55 41 3017-1800 – Fax 55 41 3017-1820
Rua Joaquim Floriano, 101, Cj. 408 – São Paulo-SP – 01.534-010 – Tel 55 11 3079-7228 – Fax 55 11 3704-7315
SHS, Ed. Brasil 21, Bloco C, Sala 511 – Brasília-DF – 70.316-000 Tel 55 61 3225-0183 – Fax 55 61 3225-0193
www.justen.com.br – justen@justen.com.br
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1. PRELIMINARMENTE
Preliminarmente, o Recorrente pede licença para reafirmar o respeito que
dedica aos membros da douta Coordenação Geral de Cadastro de Licitações e à
digna Autoridade Julgadora. Destaca que o presente recurso tem estrita vinculação à
interpretação objetiva dos fatos do procedimento licitatório. As eventuais
discordâncias deduzidas neste recurso fundamentam-se no entendimento que se
pretende para o texto da Constituição, da Lei e do Edital, diverso daquele adotado
na decisão recorrida.

2. A R. DECISÃO RECORRIDA
O certame tem por objeto a “CONTRATAÇÃO INTEGRADA DE
EMPRESA PARA ELABORAÇÃO DOS PROJETOS BÁSICO E EXECUTIVO E
EXECUÇÃO DAS OBRAS REMANESCENTES DE DUPLICAÇÃO E
RESTAURAÇÃO COM MELHORAMENTOS DA PISTA EXISTENTE, INCLUINDO
OBRAS DE ARTE ESPECIAIS, NA RODOVIA BR-101/AL“.
O Recorrente apresentou a proposta mais vantajosa ao Poder Público. Em
seguida, a d. Comissão determinou a realização de seis diligências, que foram todas
prontamente atendidas.
Porém, em 14.7.2016, a d. Comissão declarou que “não foi comprovada
a execução do serviço E1, referentes à capacidade técnico-operacional, de acordo
com o subitem 4.1, do Anexo I – Termo de Referência, do Edital”. O item destacado
é relativo à comprovação de expertise na execução de 80.000,00m³ de placa de
concreto de cimento Portland.
Entretanto, a exigência foi plenamente atendida.
O Consórcio valeu-se de um atestado (01-04343/2003 CREA/PE) obtido
em virtude da cisão da empresa CONSTRUTORA OAS S.A., que transferiu a
titularidade do todo o acervo técnico de engenharia civil e da indústria da
construção civil e pesada à OAS ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO, empresa líder
do consórcio ora Recorrente.
Mesmo assim, a r. decisão recorrida reputou o item como descumprido.
Entendeu-se, sem um motivo válido, que o atestado apresentado não poderia ser
considerado no acervo do Recorrente.
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Ademais, deixou-se de verificar que o Recorrente apresentou diversos


outros atestados que igualmente demonstram experiência na execução do serviço em
questão.
Com todo o respeito, a r. decisão merece ser revista. É o que se passa a
demonstrar.

3. A MANIFESTA ECONOMICIDADE DA PROPOSTA


O Consórcio ressalta a manifesta vantajosidade representada pela
proposta apresentada. O Consórcio formulou proposta, após a fase de lances, no
valor de R$ 420.000.000,00 (quatrocentos e vinte milhões de reais).
Trata-se de montante 22,48% (vinte e dois vírgula quarenta e oito por
cento) inferior ao valor estimado pelo Edital para a execução dos serviços e obras
licitados (R$541.803.000,76).
O Consórcio e sua empresa líder, bem como o grupo OAS, de que esta
inequivocamente faz parte, estão prontos para dar cumprimento ao contrato nas
condições mais econômicas obtidas pelo DNIT. Já estão mobilizados na região onde
se encontra a obra em questão e capacitados a realizar o contrato com eficiência e
celeridade. Bem por isso, ofereceram preço que resultou em diferença substancial
em relação ao orçamento do próprio DNIT e estão plenamente capacitados – por
toda a sua estrutura atual e a sua experiência anterior de décadas de atuação no setor
de infraestrutura – a cumprir o futuro contrato.
Portanto, trata-se de proposta inequivocamente vantajosa e que
propicia para a Administração a possibilidade de contratação em plena consonância
com os princípios da economicidade e da eficiência. Com respeito, essa
circunstância é essencial e deve orientar o exame das questões que serão a seguir
expostas.
Além disso, a experiência técnica do Grupo OAS é inquestionável. O
Grupo OAS firma-se por sua competência técnica, capacidade de criar projetos
inovadores e atender às expectativas de seus clientes, no Brasil e no exterior,
assumindo negócios com impacto econômico e social há quarenta anos. No Brasil,
ganha destaque com a construção, adequação e a ampliação de 4.600 km de
rodovias, com atenção para a BR 232,/PE e o Rodoanel/SP; aeroportos tais como o
Aeroporto Internacional de São Paulo (o maior da América Latina), Zumbi dos
Palmares/AL e Congonhas/SP; obras de mobilidade, como por exemplo as obras das
linhas 4 e 5 do Metrô/SP e Transcarioca/RJ, portos, refinarias e gasodutos. No
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exterior, destacam-se a execução de usinas hidrelétricas, como UHE Baba no


Equador; de rodovias, como via Potosí-Uyuni na Bolivia; e obras de saneamento e
infraestrutura urbana.

4. OS ESCLARECIMENTOS SOLICITADOS
No intuito de dirimir as dúvidas relativas à documentação apresentada
pelo Consórcio Recorrente, foram respondidos seis pedidos de esclarecimento desse
d. Órgão Licitante.
Em 17.6.2016 e 14.7.2016, o Recorrente apresentou esclarecimento sobre
a cisão e sobre a transferência do acervo técnico da CONSTRUTORA OAS S.A..
Ocorre que, nestas últimas diligências, pretendeu-se unicamente a
indicação dos atestados de experiência técnica e da comprovação de transferência de
acervo técnico pela CONSTRUTORA OAS S.A. à OAS ENGENHARIA E
CONSTRUÇÃO S.A. Em nenhum momento o DNIT diligenciou para buscar a
demonstração da capacidade técnica efetiva do Consórcio Recorrente.
Assim, cumprindo com esclarecimentos solicitados, o Recorrente indicou
onde se encontram listados todos os atestados que comprovam a sua experiência
técnica, bem como a documentação comprobatória de transferência do acervo
técnico da CONSTRUTORA OAS S.A., concluindo que sua capacidade técnica
estaria comprovada.
Note-se que a verificação da capacidade técnica demonstrada não pode
ficar restrita a localizar a menção ao atestado numa lista de atestados. Deve-se
examinar em conjunto toda a documentação relacionada com a cisão da
CONSTRUTORA OAS S.A., bem como a situação da empresa líder do consórcio –
que, além de integrar o mesmo grupo econômico, recebeu diversos funcionários e
responsáveis técnicos que antes trabalhavam na empresa cindida, de forma que,
atualmente, a OAS ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO S.A. compartilha com a
CONSTRUTORA OAS S.A. a mesma capacitação técnica e a mesma organização
empresarial.
Com respeito, nada disso chegou a ser devidamente examinado. É
inequívoco que a empresa líder efetivamente detém o acervo técnico que era da
CONSTRUTORA OAS S.A., o que vem sendo objeto de reconhecimento em outras
esferas, sem dificuldade alguma. Daí a interposição do presente recurso.
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5. A DESCONSIDERAÇÃO INDEVIDA DO ATESTADO EMITIDO EM


NOME DA CONSTRUTORA OAS S.A.
A decisão recorrida desconsiderou o atestado nº 01-04343/2003
CREA/PE, apresentado pelo Recorrente. Entendeu que não teria sido demonstrada a
transferência do acervo representado nesse atestado para a OAS ENGENHARIA E
CONSTRUÇÃO S.A..
Contudo, a transferência foi plenamente demonstrada, conforme se passa
a expor.
5.1. A tr ansfer ência de acer vo técnico
A transferência de acervo técnico por meio de operações de
reorganização societária é tema absolutamente pacífico na doutrina e na
jurisprudência.
Isso nem é posto em dúvida pela d. Comissão. Mas é relevante que se
compreenda a amplitude dessa premissa para reformar a decisão que inabilitou o
Recorrente.
MARÇAL JUSTEN FILHO aponta que “Não é juridicamente possível
“comercializar” a experiência empresarial. Mas é cabível que a experiência seja
preservada como decorrência de alterações subjetivas que não alterem a identidade
estrutural e funcional do seu titular. As hipóteses mais comuns, no entanto,
relacionam-se com os processos de reorganização empresarial. Assim, por
exemplo, a transferência de um estabelecimento comercial, com todos os seus
atributos, permite a manutenção da sua qualificação técnica” (Comentários à Lei
de Licitações e Contratos Administrativos. 16. Ed., São Paulo, RT, 2015, p. 584).
Nesse sentido, o TCU há muito reconhece que:
• “não pode subsistir o raciocínio utilizado na deliberação recorrida de que
somente seria permitida a transferência da capacidade técnica entre pessoas
jurídicas quando ocorresse a transferência total do patrimônio e dos
profissionais correspondentes, uma vez que o próprio Tribunal já
reconheceu essa possibilidade nos casos de cisões, posição esta inaugurada
pelo Acórdão 1.108/2003 - TCU - Plenário, no que foi seguido por outras
deliberações, a exemplo dos Acórdãos 2.071/2006, 634/2007, 2.603/2007 e
2.641/2010, todos do Plenário” (Acórdão 2444/2012- Plenário, rel. Min.
Valmir Campelo, j. 11.9.2012).
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• “(...) A transferência de capacidade operacional, como as ocorridas no caso


sob exame, não afrontam a legislação vigente e são habitualmente realizadas
no meio empresarial, especialmente entre empresas fortemente vinculadas,
que apresentam sócios comuns.
Além disso, consoante mencionado pela autora da representação o Tribunal,
por meio do Acordão 2.444/2013 – TCU – Plenário, já se manifestou, em
caso similar ao ora examinado, no sentido de que tais transferências são
possíveis, especialmente quando se a transferência tecnologia a empresa
destinatária dos atestados. (...)
13. A transferência de qualificação técnica pode se dar quando ocorre
transferência parcial de patrimônio e profissionais (Acordão 1.108/2003,
2.071/2006, 634/2007, 2.603/2007 e 2.641/2010, todos do Plenário),
conforme destacado naquele Voto e, ao que indicam os elementos de
convicção acima mencionados, teria ocorrido no caso sob exame. Além
disso, a transferência dos atestados de capacitação técnica, junto ao
Exercito Brasileiro, diferentemente do que alegaram (...) retirou das
empresas que os transferiram (...) os respectivos títulos de registro, o que as
impediria, por decorrência logica, de participar de licitações como a que
hora se examina. Tais transferências, por isso, impuseram limitações a essas
empresas” (Acordão 1.233/2013, Plenário, rel. Min. Jose Jorge).

Por isso mesmo, CARLOS ARI SUNDFELD, JACINTHO ARRUDA


CÂMARA e RODRIGO PAGANI DE SOUZA reconhecem a plena possibilidade
de utilização pela empresa resultante da cisão da experiência proveniente dos
trabalhos executados pela empresa que sofre a cisão societária. Os autores
mencionam que:
“Uma primeira alternativa seria a de sustentar a adoção de um
posicionamento radicalmente formal para enfrentamento da matéria. Nesta
linha, a partir do momento que fosse constatada a reformulação societária
de uma empresa (como ocorreria numa cisão, por exemplo), a Administração
deveria desconsiderar os atestados anteriormente emitidos. […] Entretanto,
ao invés de se prestigiar a experiência anteriormente comprovada, por
intermédio de atestados dando conta da efetiva execução de contratos
anteriores (objetivo claramente buscado pela Lei), estar-se-ia
desconsiderando determinado grupo de possíveis interessados em contratar
que, muito embora tivesse amealhado a experiência necessária em sua
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história, tiveram modificadas suas estruturas sociais (afetando sua


personalidade jurídica) em virtude de reestruturação empresarial.” (Os
atestados técnicos na licitação e o problema da cisão de empresas. Revista
Eletrônica de Direito Administrativo Econômico (REDAE), Salvador,
Instituto Brasileiro de Direito Público, n.º 12, novembro/dezembro/janeiro,
2008).
Ao se aludir à sucessão de empresas em cisão relativamente à experiência
técnica acumulada pela empresa anterior, cabe ter na devida conta o que se pretende
ao se aferir a experiência (capacidade técnico-operacional) na habilitação em
licitação. O ponto é examinado por MARÇAL JUSTEN FILHO:
“O produto da experiência é o conhecimento, utilizada a expressão em
sentido amplo. Esse conhecimento pode ser utilizado para atividades
futuras, inclusive mediante contrapartida onerosa. […] O tema relaciona-
se com a presunção acerca da habilitação para executar tarefas complexas.
Quem já enfrentou e venceu desafios de determinada natureza presume-se
como qualificado para voltar a fazê-lo no futuro.” (JUSTEN FILHO,
Marçal. Ob. cit., p. 498)
A lição é complementada ainda em outro trecho:
“Eventualmente, a execução da prestação pressupõe o domínio de
determinado tipo de habilidade ou de certas tecnologias; em outros casos,
faz-se necessária a posse de certo maquinário; em outros, é imprescindível
a participação de pessoal qualificado. Admite-se comprovação de
experiência anterior na execução de prestações semelhantes. O conceito de
‘qualificação técnica’ permite, por isso, ampla definição para o caso
concreto. Alude-se, nessa linha, à qualificação técnica real. Significa que a
qualificação técnica a ser investigada é não apenas aquela teórica, mas
também a efetiva, concreta. É a titularidade de condições práticas e reais
de execução do contrato. Em vez de exame apenas teórico do exercício da
atividade, as exigências voltam-se para a efetiva capacitação de
desempenhar satisfatoriamente o objeto licitado” (JUSTEN FILHO,
Marçal. Ob. cit., p. 493 – original sem grifo)
No caso, houve a transferência do acervo técnico da CONSTRUTORA
OAS S.A. para a OAS ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO S.A., empresa-líder do
Consórcio ora Recorrente, em razão de cisão parcial daquela empresa, ocorrida há
alguns anos.
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Ao resultar da cisão parcial da CONSTRUTORA OAS S.A., a OAS


ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO inequivocamente traz consigo a experiência
técnica daquela. Isso se reflete nos atestados mencionados no referido Anexo 1, mas
vai muito além dessa relação formal. Traduz-se na experiência dos responsáveis
técnicos que atuaram nas obras anteriores e hoje integram os quadros da OAS
ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO, na estrutura disponível para a execução dos
serviços e na própria organização empresarial voltada a tal objetivo. Os atestados
em questão, oriundos do momento anterior à cisão, refletem experiência hoje
concentrada na OAS ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO.
Essa é a conclusão de CARLOS ARI SUNDFELD, JACINTHO
ARRUDA CÂMARA e RODRIGO PAGANI DE SOUZA, integralmente aplicável
ao caso:
“O objetivo da exigência é aferir a condição real das empresas interessadas
em contratar e não apenas instituir um mero requisito formal. O vínculo
entre os atestados e a real condição das empresas que os apresente,
portanto, é elemento que não deve ser relegado a um segundo plano.”
(SUNDFELD, Carlos Ari; CÂMARA, Jacintho Arruda; SOUZA, Rodrigo
Pagani de. Os atestados técnicos na licitação e o problema da cisão de
empresas. Revista Eletrônica de Direito Administrativo Econômico
(REDAE), Salvador, Instituto Brasileiro de Direito Público, n.º 12,
novembro/dezembro/janeiro, 2008 – original sem grifo).
Por decorrência, para a fase de habilitação, a demonstração da
capacidade técnico-operacional pressupõe a admissibilidade de atestados que
reflitam a experiência real do licitante, mesmo se relativos a período anterior à cisão
societária por meio da qual se transferiram ao licitante as características técnicas da
empresa executora das obras atestadas, inclusive a experiência acumulada pelos
profissionais e pela estrutura desta.
Para este fim, é irrelevante que os atestados em si sejam mencionados
nos atos societários da cisão, como no referido Anexo 1. A menção expressa é
apenas um indício de assunção da experiência.
Na prática, a demonstração dessa assunção pode se dar por meio da
incorporação dos profissionais responsáveis pela atuação anterior ou da estrutura
empresarial, por exemplo. Os únicos dados relevantes são (1) a existência de um
instrumento de sucessão empresarial, como a cisão parcial, (2) a efetiva execução
anterior dos trabalhos pela empresa parcialmente sucedida e (3) a assunção, pela
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sucessora parcial, de determinados elementos da anterior que demonstrem a


transferência de efetiva capacidade técnica.
A Resolução 1025/2009, do Conselho Federal de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia – CONFEA dispôs em seu art. 48 e parágrafo único:
Art. 48. A capacidade técnico-profissional de uma pessoa jurídica é
representada pelo conjunto dos acervos técnicos dos profissionais
integrantes de seu quadro técnico.
Parágrafo único. A capacidade técnico-profissional de uma pessoa jurídica
varia em função da alteração dos acervos técnicos dos profissionais
integrantes de seu quadro técnico.
Da leitura da Resolução do CONFEA, conclui-se que, se houver a
transferência do quadro técnico e material de uma empresa para outra empresa, essa
segunda empresa passará a deter tal capacidade. É o que ocorre no caso em questão.
Todos esses elementos estão presentes e demonstrados neste caso. São
ainda reforçados pela circunstância de que, ao integrar o grupo OAS, a empresa
líder do consórcio compartilha a história e a longa experiência na execução de obras
muito maiores e mais complexas que a ora licitada.
Em acórdão recente, o TCU reconheceu a invalidade de “inabilitação de
empresa licitante originada a partir de cisão em que houve a expressa transferência
do patrimônio e acervo técnico da empresa cindida”. (Acórdão 2160/2015 -
plenário – Rel. Min. André Luiz de Carvalho – j. 26.8.2015). Determinou
expressamente a retificação do ato e a habilitação da empresa, tendo em vista a
necessária economicidade nas contratações públicas.
O mesmo entendimento desse precedente do TCU é aplicável ao presente
caso.
Também aqui se pretende o pleno reconhecimento de que a experiência
anterior da CONSTRUTORA OAS S.A., acumulada através de estrutura
empresarial e organizacional hoje vertida à OAS ENGENHARIA E
CONSTRUÇÃO, seja amplamente admitida para a comprovação da experiência
desta. Isso inclui todos os atestados emitidos na época em favor de
CONSTRUTORA OAS S.A., mas relativos a trabalhos desenvolvidos no âmbito de
estrutura organizacional integralmente transferida à OAS ENGENHARIA E
CONSTRUÇÃO por meio de cisão societária comprovada na documentação de
habilitação.
Portanto, a decisão recorrida deve ser reformada.
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5.2. A cisão parcial da CONSTRUTORA OAS S.A. e versão do acervo para a


OAS ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO S.A.
Como demonstrado em manifestações anteriores, a OAS ENGENHARIA
E CONSTRUÇÃO S.A. foi constituída a partir da cisão parcial da empresa
CONSTRUTORA OAS S.A. com o objetivo de atuar nas atividades de
gerenciamento e execução de projetos e obras de engenharia civil, indústria da
construção civil e pesada.
Para alcançar o objetivo, a empresa foi composta através da transferência
de recursos financeiros, profissionais e atestados técnicos.
A ata da AGE que aprovou a cisão consta da documentação de
habilitação e dos documentos que acompanharam as respostas das diligências 4 e 5:
"4. Elementos Patrimoniais a Serem Vertidos:
4.1. Acervo Cindido. Por meio da Cisão Parcial, a totalidade dos elementos
patrimoniais, ativos e passivos, que integram a parcela cindida do
patrimônio da Cindida será vertida e transferida por sucessão universal da
Cindida para a incorporadora, nos termos do Artigo 229 da LSA ("Acervo
Cindido"). O Acervo Cindido segue descrito abaixo:
i) Acer vo técnico, projetos executivos e certificações da Cindida a serem
qualificados no Laudo de Avaliação; e
(ii) Máquinas e equipamentos (imobilizado - valor residual) a serem
qualificados no Laudo de Avaliação; e
(iii) Créditos e débitos com partes relacionadas a serem qualificados no
Laudo de Avaliação.
4.1.1. O Acervo Cindido consiste em parte da unidade de atividades e
projetos da Cindida referentes às atividades de engenharia civil e da
indústria da construção civil e pesada, inclusive gerenciamento e execução
de projetos e obras. Tal Acervo Cindido, com sua respectiva universalidade
de bens e direitos, qualificam a Cindida para o exercício de sua atividade
empresarial.
Posteriormente, em razão da Cisão Parcial, ocorrerá a transferência para a
Incorporadora dos recursos humanos capacitados e necessários para a
prática da atividade descrita neste parágrafo."

Portanto, o instrumento celebrado é muito claro em estabelecer que (1)


a totalidade dos elementos patrimoniais foi vertida à empresa-líder do Consórcio ora
11

Recorrente; (2) esses elementos patrimoniais englobam o acervo técnico da


CONSTRUTORA OAS S.A.; (3) o acervo técnico vertido refere-se justamente “às
atividades de engenharia civil e da indústria da construção civil e pesada, inclusive
gerenciamento e execução de projetos e obras” – no que se inclui, evidentemente, o
atestado que demonstra a experiência na execução de placa de concreto de cimento
Portland.
5.3. A confirmação da cessão do acervo técnico: o laudo de avaliação do
patrimônio e ativos cindidos
O patrimônio e ativos cindidos foram objeto de laudo de avaliação que
integra a documentação de habilitação (fls. 78-81). O Anexo I do referido laudo de
avaliação lista determinados atestados e certidões de acervo técnico (CAT) que
integram o acervo técnico objeto da cisão parcial em favor da OAS ENGENHARIA
E CONSTRUÇÃO S.A..
Note-se que a relação do Anexo I reflete de modo apenas
exemplificativo a experiência anterior da CONSTRUTORA OAS S.A. que deve ser
considerada transferida para a OAS ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO S.A..
Afinal, os termos do instrumento de cisão parcial, transcritos acima,
deixam claro que todo o acervo técnico referente a obras de engenharia foi vertido à
empresa-líder do Consórcio ora Recorrente.
Além disso, a experiência anterior se materializa em diversos fatores,
inclusive na estrutura organizacional e de recursos e na capacidade dos profissionais
responsáveis pelos serviços executados. A conjugação da cisão parcial da
CONSTRUTORA OAS S.A. em favor da OAS ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO
S.A.. com a disponibilidade, nesta, de recursos materiais, organizacionais e
profissionais oriundos daquela confirma que a experiência refletida em tais
atestados está neste momento compreendida na OAS ENGENHARIA E
CONSTRUÇÃO S.A. (e não há dúvida alguma a respeito disso). Como já se
apontou, a previsão no Anexo I é um dos modos, mas não o único, de comprovação
de assunção da experiência anterior da CONSTRUTORA OAS S.A. pela OAS
ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO S.A..
A sucessão relativa a esses serviços específicos é também compatível
com o objeto da cessão. Os atos da cisão e os atos posteriores das partes não contêm
qualquer vedação de a OAS ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO realizar atividades
como as refletidas nos atestados da CONSTRUTORA OAS S.A. em questão.
Portanto, confirmam e corroboram que a experiência da CONSTRUTORA OAS
S.A., dadas as circunstâncias deste caso concreto, traduz-se em efetiva capacitação
técnica da OAS ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO.
12

Mas a ausência de referência no anexo I ao atestado que demonstra


experiência na execução de placa de concreto de cimento Portland não implica que
tal atestado deixe de integrar a experiência acumulada pela OAS ENGENHARIA E
CONSTRUÇÃO, conforme já exposto nos tópicos anteriores.
5.4. A inequívoca transferência de contratos e atestados
Na medida em que a operação societária envolveu cisão parcial, tem-
se a sucessão da sociedade que recebeu o patrimônio cindido com relação ao acervo
técnico da cindida. Por se tratar de sucessão relativamente ao acervo e estrutura
organizacional, é irrelevante que o referido contrato ou atestado deixe de constar
expressamente do laudo de avaliação.
O protocolo de cisão parcial que consta da documentação de
habilitação confirma expressamente essa circunstância (fls. 72-77).
Primeiro, o item 4.1 do protocolo de cisão estabelece que “a
totalidade dos elementos patrimoniais, ativos e passivos, que integram a parcela
cindida do patrimônio da Cindida será vertida e transferida por sucessão universal
da Cindida para a incorporadora, nos termos do Artigo 229 da LSA ("Acervo
Cindido")”.
A menção à “totalidade” dos elementos patrimoniais, ativos e passivos
que integram a parcela cindida não é casual. Confirma que a operação de cisão
abrangeu todos esses elementos patrimoniais, incluindo-se o acervo técnico
representado pelos atestados, inclusive aquele que demonstra a experiência na
execução de placa de concreto de cimento Portland.
A existência de uma relação de atestados no Anexo I não implica que
a experiência anterior da CONSTRUTORA OAS S.A. documentada em outros
atestados, não possa agora ser considerada como prova da capacidade técnica desta.
Segundo, o item 4.1.1 do protocolo confirma essa circunstância ao
definir que “O Acervo Cindido consiste em parte da unidade de atividades e
projetos da Cindida referentes às atividades de engenharia civil e da indústria da
construção civil e pesada, inclusive gerenciamento e execução de projetos e obras.
Tal Acervo Cindido, com sua respectiva universalidade de bens e direitos,
qualificam a Cindida para o exercício de sua atividade empresarial”.
Portanto, a parcela da unidade de atividades e projetos relacionada às
atividades de engenharia civil e indústria da construção civil e pesada, inclusive
gerenciamento de execução de projetos e obras foi transferida nos termos da
cisão à OAS ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO S.A..
O mesmo item do protocolo menciona a “universalidade de bens e
direitos” do acervo cindido, o que reafirma que a transferência da experiência
13

acumulada não se restringe aos atestados e contratos referidos de modo expresso no


Anexo I em questão, mas a todos os aspectos e experiências que integram a
estrutura empresarial que foi objeto da cisão em favor da OAS ENGENHARIA E
CONSTRUÇÃO S.A..
5.5. A efetiva incorporação da estrutura empresarial pela OAS ENGENHARIA
E CONSTRUÇÃO S.A.
Depois, a transferência, por meio da operação de cisão parcial, de todo
o acervo técnico atinente às atividades de engenharia civil e indústria da construção
civil e pesada, inclusive gerenciamento de execução de projetos e obras, confirma-
se pela incorporação da estrutura empresarial e organizacional pela OAS
ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO S.A..
Todos os ativos inerentes à capacitação técnica retratada nos referidos
atestados e certidões de acervo técnico (CAT) foram incorporados pela OAS
ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO S.A.. Foi assumido o plexo empresarial da
estrutura de negócios recebida, com todo o conjunto dos ativos e recursos
organizacionais relacionados.
Isso confirma que houve a transferência integral do acervo técnico
relativo à referida área de negócios. Mas não se trata do único dado que confirma
essa situação. Tampouco a incorporação dos profissionais técnicos retratados nos
atestados constitui condição para confirmar a transferência do acervo técnico ou
para assegurar a sua utilização pela empresa que recebeu os ativos na cisão.
A demonstração da qualificação técnico-operacional – que é
precisamente a finalidade pretendida com a apresentação dos referidos atestados
pelo Consórcio – não pressupõe que os responsáveis técnicos mencionados nos
atestados integrem o quadro da empresa licitante. É perfeitamente viável e
compatível com a Lei 8.666/93 que o atestado de qualificação técnica apresentado
por determinada empresa comprove apenas a qualificação técnico-operacional.
Aliás, basta verificar que, se o técnico eventualmente tiver saído da
empresa para ser empregado de outra empresa ou se o técnico tiver falecido, isso
não invalida a experiência técnica reunida pela empresa, enquanto unidade
organizacional, retratada pelo atestado. O atestado não deixa de retratar uma
experiência efetiva e concreta apenas porque o técnico deixou de se vincular à
empresa. Nesses casos, a empresa não poderá se valer de tal atestado para a
comprovação da qualificação técnico-profissional, mas a sua validade e aptidão
para demonstrar a qualificação técnico-operacional se mantém.
De todo modo, o que importa é que todos os ativos inerentes à
capacitação técnica retratada nos referidos atestados foram incorporados pela OAS
ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO S.A., que inclusive assumiu o plexo
14

empresarial da estrutura de negócios recebida, com todo o conjunto dos ativos e


recursos organizacionais relacionados. A simples ausência de menção a um dos
atestados no Anexo I do instrumento de cisão não afasta essa realidade, que é o
ponto essencial para a habilitação do Consórcio Recorrente.
5.6. O entendimento do DNIT em licitação anter ior
Em caso similar ao presente, o próprio DNIT já admitiu a utilizaçao de
acervo técnico cedido para fins de habilitação técnica de licitante.
Tratou-se da Decisão nº 182/2013, que examinou recurso administrativo
interposto no RDC Presencial nº 041/2013-00 – Lote 3 (Processo nº
50600.003157/2013-29).
Naquele caso, de acordo com a decisão, “o consórcio recorrente afirma
que o atestado apresentado pela empresa TRIER não teria aptidão para demonstrar
execução prévia, pelas empresas consorciadas (...) porque, conforme afirmado pelo
recorrente, o citado atestado foi emitido em nome da TORC TERRAPLENAGEM,
OBRAS RODOVIÁRIAS E CONSTRUÇÕES LTDA., empresa do consórcio
recorrente e titular da capacidade técnica compreendida no mencionado acervo”.
Entretanto, o DNIT rejeitou o recurso. Entendeu-se “que a utilização do
citado documento deveu-se à cisão parcial do titular do referido atestado (TORC) e
da empresa TRIER, consorciada ao consórcio recorrido, que teria se valido do
citado documento para comprovação do requisito informado. De fato, a análise de
transferência do acervo técnico vai depender do que estabelecer o ato de cisão,
porquanto será nesse instrumento que se estabelecerá o que foi efetivamente
transferido, e consequentemente, o que se poderá utilizar” (sem destaque no
original).
Portanto, reconheceu-se que o que importa é o conteúdo da transferência
do acervo técnico.
Além disso, naquele caso, o instrumento da cisão havia estabelecido que,
até a sua conclusão, ambas as empresas (TORC e TRIER) poderiam utilizar todo o
acervo técnico existente. Por esse motivo, o DNIT entendeu que estava correto
aceitar a utilização do acervo pela empresa que estava tendo a sua habilitação
questionada pela outra.
No presente caso, como demonstrado, o acervo técnico foi efetivamente
transferido à OAS ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO.
Examinando-se o conteúdo efetivo do ato de cisão parcial, verifica-se
que realmente houve a transferência do acervo técnico, que inclui o atestado
referente à execução de placa de concreto de cimento Portland.
15

Ademais, no precedente citado, considerou-se válida a utilização dos


atestados de experiência técnica mesmo antes de ser efetivamente comprovada a
transferência de acervo técnico. Decidiu-se que “a princípio, esta comissão não
verifica irregularidades, embora não haja documentos nos autos a respeito da
formação da nova sociedade”.
Isto é, o próprio DNIT já reconheceu a validade de atestados que
supostamente seriam transferidos em um eventual ato de cisão.
Desta forma, no caso da ora Recorrente, é ainda mais evidente que os
atestados de experiência técnica são válidos. Ao contrário do que ocorreu no
precedente citado (em que mesmo assim o DNIT considerou os termos do ato de
cisão), o ato de cisão e a transferência do acervo técnico foram efetivamente
comprovados e concluídos.
Não há como negar que todos os ativos inerentes à capacitação técnica
retratada nos referidos atestados e certidões de acervo técnico (CAT) foram
incorporados pela OAS ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO S.A.. Conforme já
restou demonstrado, foi assumido o plexo empresarial da estrutura de negócios
recebida, com todo o conjunto dos ativos e recursos organizacionais relacionados.
Com respeito, o mesmo entendimento aplicado pelo próprio DNIT no
âmbito do RDC Presencial nº 041/2013-00 – Lote 3 se aplica, e com ainda mais
razão, ao presente caso.
5.7. O entendimento do DNIT na pr esente licitação
Também na presente licitação, o DNIT adotou entendimento que deve
levar à habilitação do ora Recorrente.
De fato, para a comprovação de experiência na execução do mesmo
serviço (placas de concreto de cimento Portland), essa d. Comissão aceitou o
atestado apresentado pelo Consórcio BR-101/AL (integrado por CONSTRAN,
COMSA DO BRASIL e PACS) referente a obra executada no México (fls. 733-
737).
De acordo com o documento, a obra foi realizada pela empresa
mexicana CYM INFRAESTRUCTURA S.A.P.I.. Ainda de acordo com o atestado,
são sócias daquela empresa as sociedades COMSA SAU (50%) e
LATINOAMERICANA DE CONCRETOS (50%).
A COMSA SAU é empresa espanhola, matriz da COMSA DO
BRASIL, que é a empresa que, por sua vez, integra o Consórcio BR-101/AL.
Ou seja, admitiu-se como habilitado um consórcio que apresentou
atestado de obra realizada por empresa da qual a matriz de uma das consorciadas é
sócia.
16

Note-se da análise da documentacao de habilitaçao do CONSÓRCIO


BR-101/AL, que a composição acionária da empresa CYM INFRAESTRUCTURA
é enunciada pela empresa que contratou a obra. Não há prova efetiva da referida
composição, a não ser a declaração dessa terceira empresa.
Também chama a atenção o fato de que a própria COMSA (espanhola)
não declara que a empresa mexicana integra o seu grupo econômico. É o que se
verifica da documentação de habilitação (fl. 240):

Além disso, não houve nenhuma demonstração de que a experiência


da empresa mexicana de algum modo beneficia a consorciada que participa do
presente certame. Não se examinou, por exemplo, se a empresa que integra o
consórcio que participa do presente certame (COMSA S.A. DO BRASIL) teve de
algum modo incorporada aquela experiência – que, de todo modo, não foi executada
nem mesmo pela matriz espanhola, e sim por uma empresa mexicana da qual a
matriz espanhola, de acordo com o atestado apresentado, é apenas sócia.
17

Diferente do Consórcio Recorrente, a COMSA não demonstrou


qualquer tipo de transferência do atestado nº 9.466 (doc. anexo) de titularidade da
empresa mexicana CYM INFRAESTRUCTURA S.A.P.I. para a COMSA S.A. DO
BRASIL. Muito menos se demonstrou que os ativos inerentes à capacitação técnica
da empresa mexicana foram incorporados pela COMSA DO BRASIL, ou que esta
teria assumido o plexo empresarial da estrutura de negócios detida pela empresa
mexicana – cuja personalidade não se confunde, evidentemente, com a de seus
sócios.
Com o máximo respeito, a documentação apresentada pelo Consórcio
BR-101/AL prova que nao hove o atndimento dos itens editalicia, portanto, o
mesmo foi indevidamete reputado vencedor.

Por sua vez, o Recorrente demonstrou a efetiva transferência de acervo técnico e,


portanto, o pleno atendimento de capacitaçao técnica do Edital. E se houvesse
alguma dúvida a respeito da efetividade de tal transferência, deveria ter se realizado
diligência para confirmar isso.
Assim, há até mesmo uma contradição no entendimento adotado pelo
DNIT (com respeito). Em relação ao Consórcio Recorrente, teve-se um
entendimento muito mais restritivo do que aquele aplicado ao Consórcio –R-101/AL
(segundo colocado), cuja documentação de fato não demonstra nenhuma relação
entre a consorciada que participa do presente certame (COMSA S.A. DO BRASIL)
e a experiência retratada no atestado mexicano – que foi executada por uma empresa
mexicana da qual a consorciada não é sócia nem tem qualquer outra relação mais
direta em termos de qualificação técnica.

Diante da presente situação resta inequivocamente comprovado que o


DNIT dispensou tratamento desigual em relação à licitantes que se encontravam em
situacao juridica exatamente identica com relaçao a habilitaçao técnica. Por isso
deve a OAS Engenharia e Construção ser habilitada.5.8. Ausência de r egistr o do
atestado no CREA
Há ainda outra questão relevante, que diz respeito à ausência de
registro no CREA do atestado apresentado pelo Consórcio BR-101/AL para a
comprovação do serviço de placa de concreto em cimento Portland.
De fato, além do exposto no tópico acima, referido atestado não foi
registrado perante o CREA. Por esse motivo, tal documento nem mesmo poderia ser
aceito.
Conforme ensina MARÇAL JUSTEN FILHO:
18

“O registro de atestados, quanto a serviços e obras de engenharia, faz-se em


face do Crea. A legislação própria dispõe sobre o tema (Lei Federais
5.194/1966 e 6.496/1977, completadas especificamente pera Res.
1.025/2009-Confea, que entrou em vigor em 1º de janeiro de 2010).”
(Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 16.ed. São
Paulo: RT, 2014, p. 608).
Note-se que, no caso de participação de empresas estrangeiras em
consórcio nas licitações no Brasil, deve haver comunicação ao CREA da jurisdição
da execução do empreendimento, com a juntada de alguns documentos, conforme
previsto na Resolução nº 444/2000 do CONFEA:
“Art. 1º Os Consórcios de empresas constituídos com a finalidade de
participação em licitações no país, devem informar ao CREA da jurisdição
da execução do empreendimento, sua intenção de participar em licitação,
juntando cópia dos seguintes documentos:
I - cópia autenticada do compromisso de constituição do consórcio,
devidamente registrado por escritura pública ou documento particular
registrado em cartório de registro de títulos e documentos, com a indicação
da empresa líder, caso houver;
II - cópia do Edital de Licitação que pretende participar; e
III - certidão de registro, junto ao CREA, da(s) empresa(s) brasileira(s)
consorciada(s).”
No caso, o Consórcio BR-101/AL pretende utilizar-se de experiência
realizada no exterior, por meio de atestado emitido em favor de empresa mexicana,
mas ao mesmo tempo as consorciadas são outras e não houve nem sequer a
comunicação exigida pela Resolução nº 444/2010 do CONFEA.
Assim, o atestado apresentado pelo Consórcio BR-101/AL para a
demonstração de experiência na execução do serviço de placa de concreto em
cimento Portland deve ser desconsiderado, do que resulta a inabilitação daquele
consórcio.
5.9. Síntese
Diante do exposto até aqui, não há dúvidas de que o atestado emitido
em favor da CONSTRUTORA OAS S.A. que demonstra experiência na execução
de placa de concreto de cimento Portland não pode ser desconsiderado. Afinal ele
integra inequivocamente o acervo que foi cedido à OAS ENGENHARIA E
CONSTRUÇÃO S.A.. Por esses motivos, o Recorrente espera a reforma da decisão
recorrida, para o fim de ser considerado habilitado.
19

6. SUBSIDIARIAMENTE: A COMPROVAÇÃO DE EXPERIÊNCIA EM


QUANTITATIVO RAZOÁVEL
Na hipótese de se concluir pela não ocorrência da transferência integral
do acervo da CONSTRUTORA OAS S.A. para a OAS ENGENHARIA E
CONSTRUÇÃO S.A., o que se admite apenas para argumentar, os demais atestados
técnicos apresentados pelo Recorrente já são suficientes para comprovar sua
experiência na execução do objeto licitado.
6.1. A ausência de aumento da complexidade em função da quantidade
Individualmente, todos os atestados técnicos apresentados pela
Recorrente comprovam a sua experiência para a execução de “Placa de Concreto de
Cimento Portland”, inclusive no tocante a quantitativos e complexidade da
experiência anterior.
O item e.3.1 do Anexo I do Edital exige que o licitante comprove
experiência correspondente a 50% da quantidade supostamente necessária para a
execução de placa de concreto de cimento, totalizando 80.000m³.
Entretanto, a previsão da quantidade de 80.000m³ extrapola em muito o
mínimo necessário para a comprovação da expertise para a execução do objeto
licitado.
Para a aferição da qualificação técnica na execução de placa de concreto
de cimento, é irrelevante o volume total executado. A complexidade da experiência
comprovada por meio de um atestado de 80.000m³, por exemplo, equivale à mesma
complexidade da experiência demonstrada em um atestado de 20.000m³.
Isso porque a complexidade do objeto (execução de placa de concreto de
cimento) não se altera em função da quantidade. Trata-se simplesmente de aumento
da quantidade de insumo necessária. Basta que se aumente a quantidade de concreto
para que atinja o volume exigido pelo instrumento convocatório, sem nenhum
aumento da complexidade na execução.
Este aumento de insumo não conduz a nenhuma complexidade adicional.
A expertise para a realização de um volume alto ou baixo de placa de concreto de
cimento é exatamente a mesma.
6.2. Os atestados adicionais apr esentados pelo Recor r ente
Por esse motivo, todos os atestados apresentados pelo Recorrente, mesmo
se considerados de forma isolada, são suficientes para comprovar sua qualificação
técnica para a execução de placa de concreto de cimento. Conforme demonstrado
20

abaixo, a sua experiência, mesmo desconsiderando-se o atestado objeto da


transferência de acervo, ficou comprovada por meio de vários atestados:

Número Volume % do Espessura Área Extensão %


do (m³) volume típica da equivalente rodoviária equivalente
atestado exigido obra (m) da obra equivalente da
(m2) (m) extensão
exigida
01.195.002 28.614 35.77% 0.16 178837,5 15967,63 40,94%
1.201.185 18.034 22.54% 0.36 50094,44 4472,718 11,47%
1.99.104 13.505 16.88% 0.4 33762,5 3014,509 7,73%
1.203.083 6.914 8.64% 0.22 31427,27 2806,006 7,19%
01.194.020 13.439 16,80% 0.10 41200,00 4374,000 11,21%

Um dos atestados, inclusive, comprova a execução de aproximadamente


40% do volume exigido pelo edital em uma única obra. Muito embora o volume seja
inferior aos 80.000m³, trata-se de quantidade indiscutivelmente suficiente para
comprovação de sua experiência. Basta que se acrescente insumo até que seja
atingido o volume previsto, sem qualquer complicação técnica nesta hipótese.
6.3. Impossibilidade de exigências r estr itivas
Desta forma, exigir-se que o licitante comprove a execução de 80.000m³
de placa de cimento não revela ser apenas uma “cautela” da Administração Pública.
Trata-se de exigência demasiadamente restritiva, que ofende o caráter competitivo
do certame.
Por força do art. 37, XXI, Constituição Federal, as exigências do
instrumento convocatório devem ser compatíveis para garantir o mínimo de
segurança à Administração Pública.
É o que demonstra MARÇAL JUSTEN FILHO:
• “É indispensável estabelecer requisitos de participação, cuja eliminação
seria desastrosa. Mas tais requisitos devem ser restritos ao mínimo
necessário para assegurar a obtenção de uma prestação adequadamente
executada.” (Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, 16ª edição, p. 460 – grifo nosso);
21

• “Especialmente em virtude da regra constitucional (art. 37, XXI), somente


poderão ser importas exigências compatíveis com o mínimo de segurança
da Administração Pública.” (Comentários à Lei de Licitações e Contratos
Administrativos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, 16ª edição, p. 491
– grifo nosso).
Assim, no presente caso, extrapolou-se o mínimo necessário para garantir
a segurança da contratação. Conforme já restou demonstrado, a previsão de um
volume mínimo de placa de concreto de cimento é irrelevante para comprovar a
experiência do licitante.

6.4. A lógica da contr atação integr ada


Há ainda outro fator que reforça ainda mais o descabimento da
comprovação de experiência na execução de quantitativo tão elevado.
A presente licitação trata-se de um RDC que visa a uma contratação
integrada.
No regime de contratação integrada (art. 9º da Lei nº 12.462), a
Administração Pública elabora somente um anteprojeto. Devido à complexidade do
objeto licitado, atribui-se ao contratado a obrigação de desenvolver os projetos
básico e executivo, além da própria execução das obras.
O objetivo da contratação integrada é que o particular contratado
desenvolva as soluções técnicas que considerar mais adequadas. Há maior liberdade
da definição das características construtivas.
Nesse sentido, MARÇAL JUSTEN FILHO ensina que “O particular
contratado assumirá a obrigação de conceber as soluções técnicas e de executá-las
de modo a assegurar a obtenção de um resultado consistente num empreendimento
apto a produzir certo desempenho” (Comentários ao RDC. São Paulo: Dialética,
2013, p. 179).
Sendo assim, é plenamente possível que os quantitativos de serviços
unitários atualmente previstos no anteprojeto se alterem significativamente. O
anteprojeto apenas prevê os aspectos essenciais que permitem a seleção da proposta
mais vantajosa. Caberá apenas ao projeto básico o estudo mais aprofundado sobre
os serviços a serem executados, bem como sobre os materiais e quantitativos
necessários para a realização do objeto contratual.
22

Essa questão tem significativa importância no estabelecimento e


avaliação dos requisitos de qualificação técnica.
No caso concreto, é plenamente possível que o projeto final contemple a
execução de placa de concreto de cimento Portland em quantitativo muito inferior
ao que está previsto no anteprojeto. Desde que a obra final atenda aos requisitos
exigidos, não há nenhuma vinculação aos quantitativos unitários do anteprojeto.
Diante disso, a exigência de experiência na execução de 80.000m3 de
placa de concreto de cimento Portland, com ainda mais razão, mostra-se excessiva.
Os quantitativos comprovados pelos atestados apresentados pelo Recorrente, mesmo
desconsiderando-se o atestado que foi objeto de cessão de acervo técnico, são
plenamente suficientes para a comprovação da experiência do Recorrente.
Sobre a exigência de comprovação do volume de 80.000m³, o engenheiro
JOSÉ TADEU BALBO aponta em seu parecer técnico (doc. anexo) que:
“A justificativa mais clara e compreensível no texto da Instrução de Serviço
Complementar DNIT nº 10 de 03/12/2009 parece ser a cautela do órgão
público em garantir que a empresa vencedora da licitação tenha condições
mínimas de garantir sua competência operacional de mobilização, logística
e planejamento da obra. Contudo, a exigência quantitativa expressa na
instrução e no edital nos parece exagerada e sobrepondo-se a um
julgamento efetivo do que tanto a empreiteira quanto seus profissionais
demonstram. Ademais, no próprio edital e na minuta de contrato exigem
diversas cláusulas de garantia para o órgão público, de tal modo que,
avaliando-se o contexto geral das obras a serem realizadas e das
competências apresentadas pela OAS Engenharia e Construções, não
haveria o que contestar ou duvidar de suas capacidades e qualificações
para tal” (fl. 11).

7. A POSSIBILIDADE DE SOMATÓRIO DE ATESTADOS NO CASO


CONCRETO
Nem se diga que, por precisar somar os quantitativos de seus atestados, o
Recorrente deveria ser de qualquer modo inabilitado. Com respeito, não cabe o
argumento de que o somatório dos atestados não seria possível no presente caso.
7.1. A admissão do somatór io de atestados
Primeiro, porque o somatório de atestados é amplamente admitido e não
encontra óbice legal. Ao contrário, a vedação ao somatório acarretaria evidente
23

limitação do universo de possíveis concorrentes e, com isso, a limitação da própria


competitividade.
Nesse sentido é o entendimento assentado pelo E. Tribunal de Contas da
União:
• “Exceção a esse entendimento deve ser feita quanto os diferentes atestados
se referem a serviços executados de forma concomitante. Nessa situação,
para fins de comprovação de capacidade técnico-operacional, é como se os
serviços fossem referentes a uma única contratação. Com efeito, se uma
empresa executa simultaneamente dez contratos de dez postos de serviços
cada, cabe a suposição de que a estrutura física da empresa é compatível
com a execução de objetos referentes a cem postos de serviços. Vislumbra-
se, inclusive, nessa situação hipotética, maiores exigências operacionais
para gerenciar simultaneamente diversos contratos menores em locais
diferentes do que gerenciar um único contrato maior (sempre considerando
que haja identidade entre o somatório dos objetos desses contratos menores
e o objeto desse contrato maior).” (TCU, Acórdão nº 2.387/2014, Plenário,
Rel. Ministro Benjamin Zymler, j. em 10.09.2014, grifado)
• “Para o fim de comprovação de capacidade técnica deve ser aceito o
somatório de atestados, sempre que não houver motivo para justificar a
exigência de atestado único
Auditoria do TCU tratou das obras de microdrenagem, execução da rede
coletora de esgoto e urbanização da bacia da Criminosa, bem como
construção da estação de tratamento de esgotos, no bairro Nova Marabá, no
município de Marabá/PA. Na fiscalização, foi verificada, dentre outras
irregularidades, a potencial restrição à competitividade, decorrente de
critérios inadequados de habilitação e julgamento na Concorrência 5/2011-
CPL/PMM, que teve por objeto um conjunto de obras e serviços ligados à
engenharia. Para o relator, “a restrição ao caráter competitivo da licitação
foi caracterizada pela proibição do somatório de atestados de capacidade
técnica”, sendo que, para ele, “a explicação para a proibição do somatório
de atestados de capacidade técnica não foi convincente”. Em circunstâncias
semelhantes, ainda conforme o relator, o Tribunal tem determinado que “a
comprovação de capacidade técnica seja feita mediante o somatório de
atestados, sempre que não houver motivo para justificar a exigência de
atestado único”. O Tribunal, então, com suporte no voto do relator, decidiu
pela audiência dos responsáveis por esta e pelas outras irregularidades.
Precedentes citados: Acórdãos nº 1.237/2008, 2.150/2008 e 2.882/2008,
24

todos do Plenário.” (Acórdão n.º 1231/2012-Plenário, TC 002.393/2012-3,


rel. Min. Walton Alencar Rodrigues, 23.5.2012, grifado)
• “Se o licitante estiver tecnicamente preparado, bastará a ele organizar sua
capacidade produtiva a fim de prestar os serviços nos quantitativos
requeridos. Por conseguinte, a vedação de somatório de atestados restringe
o caráter competitivo do certame, posto que exclui do certame empresas
que, embora capazes de comprovar a aptidão em utilizar todas as
tecnologias exigidas, não tenham executado os serviços no âmbito de um
único contrato.” (Acórdão 481/2004 - Plenário, Dou 12/05/2004, Min.
AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI, grifado).
A doutrina, por sua vez, admite amplamente a possibilidade de
somatório, desde que a identidade do objeto licitado o permita:
“Muitas vezes, a complexidade do objeto licitado deriva de certa dimensão
quantitativa. Nesses casos, não terá cabimento o somatório de contratações
anteriores. Já haverá outros casos em que a questão não reside numa
contratação única, mas na experiência de executar certos quantitativos,
ainda que em oportunidades sucessivas. Enfim, a solução deverá ser
encontrada a partir da natureza do objeto licitado..” (JUSTEN FILHO,
Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 16ª ed.
São Paulo: Dialética, 2014, p. 599, grifado).
Logo, se a natureza do objeto da licitação não impedir que as obras ou
serviços definidos no Edital tenham sido realizados pelos licitantes em mais de um
contrato isolado (ou em mais de dois contratos simultâneos), não poderá haver
limitação ao somatório de atestados.
Como exemplo, cabe mencionar o caso da exigência para construção de
uma ponte de 500 metros de extensão. Nesse caso, para preencher a exigência
formulada pela Administração, o licitante não poderá utilizar dois atestados
comprovando a construção de pontes de 250 metros cada um. A identidade do
objeto licitado exige que o licitante tenha capacidade para construir uma ponte de
500 metros e não duas com a metade desse tamanho.
Contudo, o problema demandará outra solução quando o objeto licitado
não tiver a unicidade que ocorre no caso da ponte de 500 metros. Assim, ainda
exemplificando, se o edital exigir a pavimentação de uma estrada de 10km, será
perfeitamente possível admitir que os licitantes comprovem sua capacidade através
da soma de dois ou mais atestados que comprovem o quantitativo exigido. Nesse
25

caso o somatório deverá ser permitido, sob pena de cercear a participação de


licitantes capacitados.
É o que ocorre no caso concreto.
7.2. O cabimento do somatór io de atestados par a compr ovação da exper iência
exigida
O objeto ora licitado necessariamente admite a comprovação da
experiência técnico-operacional dos licitantes em partes: somatória dos atestados
para comprovar o quantitativo exigido.
Afinal, trata-se de obras/serviços repetitivos e que, por isso, não
prejudicam a qualificação técnica dos licitantes que os tiver executado em
contratações distintas e não simultâneas.
No caso concreto, portanto, a natureza da futura prestação inviabiliza a
limitação ao somatório de atestados pretendido pela Comissão de Licitação.
Não há nenhum dado específico ou condição técnica que determine a
inviabilidade de que a experiência dos licitantes seja comprovada em mais de um
atestado, relativos a contratos não simultâneos.
Essa conclusão é confirmada tecnicamente no parecer técnico elaborado
pelo Engenheiro JOSÉ TADEU BALBO [1] especificamente para o caso concreto
(doc. anexo).
Nesse sentido, o parecer aponta que:
“a capacidade individual dos engenheiros, conforme documentada pela
OAS Engenharia e Construção, é naturalmente suficiente e com folgas, pois
quem tivesse atestado para, por exemplo, 10% do volume de concreto,
como tecnologista de concreto, poderia sem que se incorra em sombra
alguma de dúvida, produzir cem mil vezes mais do que isso, por exemplo”
(fls 9-10)
Ou seja, o parecer demonstra que a exigência de comprovação de
execução de placa de concreto de cimento Portland em quantidade mínima de
80.000,00m³ é impertinente para fins de aferição da qualificação técnica dos
licitantes. Na prática, qualquer licitante que tenha executado uma quantidade muito
menor teria condições técnicas de realizar quantidades bem maiores, uma vez que a
complexidade não aumenta em função da quantidade executada.

[1]
O parecerista, detentor de ampla expertise no tema em questão, é engenheiro pela Escola Politécnica da USP, inscrito
no CREA/SP sob o n.º 132.131/D, consultor em São Paulo-SP, professor associado e Chefe do Departamento de
Engenharia de Transportes da Escola Politécnica da USP.
26

Em suma: o parecer conclui não haver razão para se estabelecer, com


base na natureza repetitiva da obra, qualquer impedimento no tocante à qualificação
técnica para a execução de placa de concreto de cimento Portland.
7.3. A confir mação do cabimento do somatór io de atestados pelos ter mos do
pr ópr io Edital
Cumpre ressaltar que o próprio Edital permite, de forma expressa, o
somatório de atestados para comprovação da qualificação técnica dos licitantes.
Conforme já apontado, o subitem e.2.2 do Edital estabelece que “para a
comprovação da exigência de “PONTE RODOVIÁRIA” ou “VIADUTO
RODOVIÁRIO” (PROJETO e OBRA) é per mitido o somatór io de atestados”.
O próprio edital faculta aos Consórcios a comprovação da sua
experiência anterior por meio do somatório de quantitativos pertencentes às
empresas que o compõem.
Diante do exposto, fica evidente que o Recorrente atendeu de forma
completa as exigências técnicas contidas no subitem e.3.1 do Edital.
Depois, há ainda outra previsão que leva necessariamente à possibilidade
de somatório de atestados para a comprovação do serviço de placas de concreto em
cimento Portland.
Trata-se do disposto no item e.3.1 do Edital, que prevê o seguinte: “Para
fins de atendimento ao disposto na Instrução de Serviço Complementar n.º 10 de 03
de dezembro de 2009, para a comprovação da capacidade operacional da empresa
é vedado o somatório de atestados, EXCETO no caso de consórcio de 2 (duas)
construtoras, onde será permitido o somatório para os itens a serem comprovados:
‘execução de placa de concreto de cimento Portland’ e ‘execução de concreto
betuminoso usinado a quente’”.
Como se vê, o próprio Edital admite a possibilidade de somatório de
atestados para a comprovação de execução de 80.000m3 de placa de concreto em
cimento Portland no caso de consórcio de suas empresas. Se é assim, não há motivo
razoável que vede o somatório de atestados de uma mesma empresa. Afinal, ao
admitir o somatório no caso de consórcio, o Edital implicitamente reconhece que é
possível somar atestados diferentes para a comprovação do quantitativo exigido
(que, por sua vez, é excessivamente restritivo, conforme demonstrado acima).
Logo, até mesmo por uma questão de isonomia, deve-se concluir que é
cabível o somatório de atestados para a comprovação de experiência na execução de
80.000m3 de placa de concreto em cimento Portland, ainda que os atestados sejam
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detidos por uma mesma empresa. Pouco importa se ela participa do certame em
consórcio ou não. Tal possibilidade não pode se restringir a atestados de diferentes
consorciadas.
Diante disso, como o Consórcio Recorrente comprovou experiência
na execução do serviço, no quantitativo exigido, ainda que com o somatório de
atestados, sua inabilitação, com o máximo respeito, foi indevida e merece ser
revista.
8. CONCLUSÃO
Diante do exposto, o Recorrente espera a reconsideração da r. decisão
pela d. Comissão, de forma que o Consórcio OAS/ASTEP seja declarado habilitado
na presente licitaçao e, portanto, vencedor do certame. Caso a d. Comissão não
reconsidere a sua decisão, requer-se que o presente recurso seja encaminhado para a
d. Autoridade Superior, visando que a decisão recorrida seja reformada, nos termos
ora solicitados.
Pede deferimento.
São Paulo, 24 agosto de 2016.

CONSÓRCIO OAS/ASTEP

Cesar A. Guimarães Pereira Rafael Wallbach Schwind


OAB/PR 18.662 OAB/PR 35.318

Rubens Samuel Benzecry Neto Luísa Paschoaleto Martim


OAB/SP 366.245 OAB/SP 374.325

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