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Escola Superior de Enfermagem de Lisboa

2º Ano, 2º Semestre
Regente: Anabela Mendes

Intervenção de Enfermagem ao Cliente com


Doença Aguda e/ou Crónica

Joana Beatriz de Oliveira Romeira, CLE 2016-2020


T5 e T6: Processo Cirúrgico
(…) o ramo da medicina que realiza instrumentos manuais e instrumentais
para a correção de deformidades e de defeitos, reparação de lesões, de
diagnóstico e de cura de certas doenças”
(Marek, j. & Boehnlein, M., 2010, 1:245)

Especialidade
Trabalho manual Pai da cirurgia médica (Século
(Kheirourgia) (Hipócrates)
XIX)

“Os avanços na anestesia, no ambiente cirúrgico e na tecnologia têm permitido resultados mais
previsíveis e seguros para os clientes”
(Marek, j. & Boehnlein, M., 2010, 1:245)

Objetivos ou proposta cirúrgica


Exemplos de atuação a nível cirúrgico:
Apendicite
Não há tratamento médico, atua-se a nível cirúrgico Anteriormente não se operava
nos primeiros sintomas de dor e antes que haja pessoas com mais de 80 anos, hoje
complicação a nível da infeção no intestino (peritonite em dia desde que reúnam os
– infeção de toda a parede abdominal), segue-se para critérios podem submeter-se a
tratamento cirúrgico. procedimentos cirúrgicos.
Tumores Resultados finais são mais
Antes de serem ressecados, é necessário diminuir positivos, no entanto as
tamanho e iniciar tratamento da quimioterapia para complicações são mais diminuídas.
diminuição de metástases e ver a sua reação.

O procedimento cirúrgico é classificado segundo as razões da sua realização:


 Diagnóstico/exploratório – ex: individuo dá entrada com ventre em tábua e não se
deteta a situação com análises (laparotomia exploradora – incisão no abdómen
para averiguar os órgãos internos);
 Curativo/ablativa – ex: apendicite (curativa). Cirurgia ablativa consiste em retirar
um órgão que seja possível viver sem. Ex: fratura do baço devido a acidente
(esplonoctomia);

Joana Beatriz de Oliveira Romeira, CLE 2016-2020


T5 e T6: Processo Cirúrgico
 Reconstrutiva/plastia – reconstrutiva no nível estético, plastia por exemplo em
situações de queimadura (permite recuperar um aspeto mais normalizado);
 Paliativa – ex: doença sem cura num estado Risco:
avançado, pode minimizar os sintomas que  Pequeno;
 Grande.
advém da situação (aliviar dor e desconforto)
Extensão:
como num tumor no intestino bastante invasivo,  Aberta – laparatomia;
médico pode propor que não se consegue retirar o  Simples ou radical;
 Minimamente invasiva
tumor porque está aumentado, no entanto pode (endoscópica).
sugerir cirurgia (colon descendente perto da aorta
abdominal, corta-se o intestino de modo a realizar uma colostomia);
 Preventiva – ex: casos de probabilidade elevada de tumor na mama (mastectomia
radical seguida de cirurgia plástica).

No tratamento cirúrgico o efeito anestésico varia consoante o grau de exigência da cirurgia


(implicações a nível dos outros órgãos associados a perdas de sangue e desequilíbrio
hidroeletrolitico). Nos diabetes existe demora na cicatrização pós-cirúrgica.

Casos de cirurgia (exemplo Cólon):


 Obstrução do colon;
 Perfuração;
 Rotura de uma ulcera gástrica (colites ulcerosas);
 Erosão ou corrosão;
 Doença inflamatória (ex: intestino grosso);
 Cólicas abdominais;
 Alterações dietéticas.

Taxonomia cirúrgica:
Cirurgias podem ter nomes de acordo com o local e tipo da mesma ou o nome do cirurgião
que desenvolveu a técnica.

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T5 e T6: Processo Cirúrgico
Órgão/tecido Procedimento Nome da Cirurgia
Uretra Plastia – Reconstrução / Ureteroplastia
reparação
Apêndice Ectomia – remoção de um Apêndicectomia
órgão/glândula
Traqueia Otomia – abrir/abertura Traqueotomia
Hérnia Rafia – encerramento/ Herniorrafia
reparação
Tórax Scopia – observação interna Toracoscopia
com endoscópio
Cólon Ostomia – criar uma abertura Colostomia
para … (estoma)

Exemplos:
Colecistectomia – retirar vesicula;
Broncostomia – abertura do pulmão.

Tipos de cirurgia
Programada ou eletiva (preparada e planeada):
Simples:
 Convencional – efetivas (propõe-se um
- Anestesia local;
procedimento cirúrgico que se estende até à
- Não expõe órgãos;
fase de convalescença. Existe programação
- Lesões benignas;
dos dias, data e tempo de recuperação);
- Correção de cicatrizes;
 Ambulatório – depende das condições - Retirar sinais ou quistos.
ambientais (saneamento básico) e parentais
(necessária companhia). Exemplo: quistos dermoides, correções de feridas
operatórias, amigdalotomia, cirurgias ginecológicas. Intra e pós-operatório num
período curto (menor de 48 horas), contemplam notas de admissão, preparação;
 Endoscópica.

Não programada (sem possibilidade de planeamento):

 Emergente;

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T5 e T6: Processo Cirúrgico
 Urgente.
Exemplo: acidente, AVC hemorrágico.

Processo cirúrgico
PROBLEMA – CONSULTA – REENCAMINHAÇÃO Processo cirúrgico só termina
PARA ESPECIALIDADE – CONSULTA – EXAMES DE quando o individuo retoma
DIAGNÓSTICO – APRECIAÇÃO – ALTERNATIVAS ao domicilio (constante
DE TRATAMENTO (pode ser cirurgia) – manutenção do diagnóstico e
CONSENTIMENTO – TIPO DE CIRURGIA (varia situação do cliente).
consoante os critérios e condições físicas e
sociodemográficas) – TOMADA DE DECISÃO
Consulta de cirurgia
geral ou de
Referenciação pelo médico
especialidade
assistente

Pequena Cirurgia Cirurgia


cirurgia convencional ambulatória

Exames
complementares;
Consulta de anestesia;
Consulta de
enfermagem;
Critérios clinicos;
Consentimento
informado.

Consentimento informado
Informação sobre:

 Diagnóstico e descrição da condição clínica;


 Descrição do tratamento proposto, sua natureza e objetivo;
 Riscos e possíveis complicações associadas ao tratamento;
 Tratamentos alternativos;

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T5 e T6: Processo Cirúrgico
 Riscos do não tratamento;
 Probabilidade de sucesso do tratamento.

Deste modo, implica ocorrência de um procedimento invasivo, onde tenha havido


transmissão de informação completa – desde o tipo de anestesia às
complicações/comobilidades associadas à cirurgia e às vulnerabilidades do cliente - e da
totalidade de alternativas face à situação do cliente). Ex: colocação de sonda nasogástrica.

Consentimento informado presumido


Situação em que se presume a obtenção do consentimento quando o indivíduo está em perigo
de vida, existe comprometimento de saúde ou alteração do estado de consciência, e não é
possível obtê-lo junto deste ou de quem o represente (Artigo 39º do Código Penal).
Situações de urgência, em que a não intervenção criaria riscos comprovados para o próprio,
considera-se haver consentimento presumido (artigo 156º do Código Penal). Ex: individuo
que chega ao hospital em perigo de vida e se encontra inconsciente, não existe nenhum
responsável pela pessoa, coloca-se a hipótese operar ou não na balança e averigua-se as
vantagens e desvantagens da situação) – tem-se por base a consciência profissional e
experiência do profissional de saúde.

Cirurgia: escalada de condição física ASA


CLASSE 1 – Doente sem alterações orgânicas, fisiológicas ou psiquiátricas. O processo
patológico a ser tratado é localizado e não envolve distúrbios sistémicos;
CLASSE 2 – Doente com alterações sistémicas ligeiras ou moderadas, causadas pela situação
a ser tratada cirurgicamente ou por outros processos fisiopatológicos;
CLASSE 3 – Doença sistémica grave de qualquer causa;
CLASSE 4 - Doença sistémica grave que coloca em risco de vida do doente e que poderá não
ser tratável pelo procedimento a efetuar;
CLASSE 5 – Doente moribundo com poucas hipóteses de sobreviver, mas submetido ao
procedimento em desespero de causa;
CLASSE 6 – Dador de órgãos.

Risco cirúrgico
 Fisiológicos;
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T5 e T6: Processo Cirúrgico
 Extensão da doença;
 Duração da intervenção cirúrgica;
 Recursos da instituição/preparação da equipa de saúde;
 Psicossociais.

Idade
Criança
- P. respiratórios, desidratação, hipotermia, infeção, sobrecarga hídrica;
Idoso
- P. respiratórios, metabolismo e excreção; infeção; tromboembolismo;
Estado Nutricional
• malnutridos: disritmias, Infeção, atraso cicatrização, DHE;
• obesos: infeção, atraso cicatrização, atelectasias, menor metabolismo e excreção;
Substancias aditivas
- Síndroma de abstinência, interações e ineficácia analgésicos, infeção Respiratória;
Problemas Médicos
• imunológico – reações adversas aos medicamentos, infeções;
• respiratório – insuficiência respiratória, atelectasias, infeção respiratória/pneumonia;
• cardiovascular alterações PA; disritmias, sobrecarga hídrica, insuficiência cardíaca, AVC,
enfarte;
• hepático – atraso no metabolismo das drogas, intoxicação, hemorragias, infeção;
• renal DHE, Atraso na excreção das drogas e toxicidade, ICC, alto débito urina
• endócrino alteração glicemia; atraso cicatrização, infeção, menor potássio.

Fatores que podem influenciar a reação do cliente à cirurgia


• Idade
• Experiências prévias
• Doenças associadas
• Conhecimento sobre a situação
• Recursos internos e externos
• Tipo de cirurgia e etiologia
• Fatores psicológicos.

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T5 e T6: Processo Cirúrgico
Peri operatório cirúrgico
• Pré (desde a tomada de decisão de se efetuar a Transfer (sala de espera para
intervenção cirúrgica à entrada no bloco operatório); preparação)
• Intra (entre a realização da intervenção cirúrgica Sala de operações
e a transferência para a unidade de cuidados pós Recobro (unidades anestésicas)
anestésicos – recobro/UCPA);
• Pós (entre a admissão na unidade de cuidados pós anestésicos e a resolução as
sequelas cirúrgicas – restabelecimento/convalescença).

Enfermagem no peri operatório


Modelo centrado no cliente: na segurança do cliente, sistema de saúde, nas respostas
fisiológicas e comportamentais, orientar, ajudar no bem-estar do cliente e família.
 Segurança ao doente e família (reduzir pontuação de stress);
 Manter o ambiente;
 Preparação adequadaM
 Dar resposta a alterações fisiológicas e comportamentais;
 Enfermeiro trabalha em equipa multidisciplinar.

PRÉ
• avaliação pré-operatória, planeamento dos cuidados de enfermagem de preparação para
cirurgia e sua implementação;
INTRA
• avaliação permanente do estado fisiológico e psicológico, implementação de ações que
promovam a segurança, privacidade, conforto, assepsia e a cicatrização da ferida
operatória;
• assistir o cirurgião e comunicar com a restante equipa e família;
PÓS
• avaliação continua das alterações no estado físico e psicológico, implementação e
reavaliação dos cuidados minimizando e prevenindo as complicações decorrentes do
processo cirúrgico;
• comunicar e apoiar cliente e família.

Joana Beatriz de Oliveira Romeira, CLE 2016-2020


T5 e T6: Processo Cirúrgico
Intervenção da enfermeira no pré
Responsabilidade da enfermeira:
 Receber o doente, mesmo em cirurgia
Deve registar-se toda a informação
programada;
recebida e transmitida ao médico
 Verificar condições do doente (admissão);
de modo a dissolver possível
 Preparação do doente (banho, eliminação
responsabilidade de complicações.
intestinal, etc);
 Instruir doente e esclarecer duvidas;
 Contemplar informações facultadas pelo médico clinico;
 Verificar consentimento informado e cumprimento de requisitos;
 Conduzir o doente ao bloco (assistência operacional);
 Realizar registos.

Joana Beatriz de Oliveira Romeira, CLE 2016-2020

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