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Danilo Verpa/Folhapress
O que é uma intervenção federal? Essa é uma medida do governo federal para
debelar momentos de crises institucionais. O instrumento está previsto no artigo 34
da Constituição Federal e prevê um poder excepcional para a União intervir nos
Estados ou no Distrito Federal como uma medida emergencial.
A intervenção só se justifica em casos graves, pois se configura como uma violação
política e administrativa na autonomia dos estados. Ela é considerada uma medida
extrema, porém menos grave do que o Estado de Defesa e o Estado de Sítio.
Isso quer dizer que o Rio teve uma intervenção militar? Há quem comparasse a
operação no Rio com o golpe militar de 1964. Mas a origem da recente intervenção
é de um governo civil. Neste caso, a União passa a ser responsável por todos os
atos feitos pelo interventor designado, um general do Exército, que terá poderes
dentro da segurança pública. "Não há nenhum risco à democracia quando [o ato] se
dá a partir da Constituição. Pelo contrário: nós temos o reforço da democracia",
afirmou o ministro da Defesa, Raul Jungmann.
Principal destino turístico do país, o Rio foi criticado pelo carnaval deste ano,
marcado pela violência. Foram registrados arrastões, saques e assaltos em
importantes pontos da cidade. Segundo o governo, o evento foi o estopim para a
decisão de realizar a intervenção, que já estava sendo planejada há alguns meses.
A recente crise fiscal agravou o cenário. O Rio de Janeiro viveu um colapso fiscal
em 2017, o que acarretou na precarização dos serviços públicos em geral. Policiais
trabalham com salários atrasados, equipes desfalcadas, equipamento obsoleto e
carros em más condições.
Os problemas também foram amplificados pela crise política. O estado foi vítima de
um esquema de corrupção que derrubou a cúpula do governo local e levou para o
presídio o ex-governador Sérgio Cabral e o deputado estadual Jorge Picciani,
presos pela Operação Lava Jato.
Especialistas acreditam que a intervenção possa ter algum resultado prático, mas
sem reforma estrutural, pode ser apenas uma medida paliativa. Para atacar a raiz
do problema, seriam necessárias ações de longo prazo como aumentar o efetivo de
policiais, aprimorar o trabalho de investigação e a ocupação das áreas de baixa
renda com serviços públicos e ações sociais.
"Essa intervenção atua, como não pode deixar de ser, nas consequências, e não
nas causas desse caos. É, portanto, uma ação paliativa. Além da intervenção
federal, é fundamental reformar as polícias, rever conceitos e metodologias.
Segurança Pública 'boa e barata' não existe", acredita o inspetor Francisco Chao,
ex-presidente do Sindicato dos Policiais Civis do RJ.
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