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2 TuBos: MATERIAIS, PROCESSOS DE FABRICACAO, NORMALIZAGAO DIMENSIONAL 2.1 PRINCIPAIS MATERIAIS PARA TUBOS muito grande a variedade dos materiais atualmen- te utilizados paraa fabricacio de tubos. $6 ASTM (Ame~ rican Society for Testing and Materials) especifica mais de '500 tipos diferentes de materiais. Damos a seguir um re- sumo dos principais materiais usados: Agos-carbono (eatbo ‘Agosliga (low alloy, alloy steel) ‘Agos inoxidéveis (stainless-steel) Ferro fundido (cas iron) Ferro forjado (wrought iron) Ferrosligados (alloy cast ron) Ferro nodular (nodular cast ron) tel) igh Ferrosos ‘Tubos metilicos Cobre (copper) ates (brass) obre-niquel Aluminio Niguel ligas Metal Mone! ‘Chumbo (lead) ‘Titdnio,zitednio Nio-ferosos Cloreto de potivinil, ve) Polietileno Aerilicos Materaisplésticos. } Acetato de celulose Renblicos etc Ciments-amiant (eansite) ‘Tubos no} Conereto armado ‘metiticos | Barro vidrado (clay) ElastOmeros (borrachas) Video Cerdimica, porcetana ete Zine0 ‘Agos inoxidéveis ‘Tubos de “Matera plisticos agocom | Elast6meros (borrachas),ebonite revestimento | Asfalto, esmaltes asfiicos internode | Concretos Video, porcelana ‘Veremos adiante, com mais detalhes, os tubos dos materiis de maior importincia industrial. Chama-se a aten- (Gio que os diversos titulos da classificago acima (agos- ‘TUBOS, MATERIAIS. PROCESSOS DE FABRICAGAO.NORMALIZAGAO DIMENSIONAL / 5 ‘carbono, agos-liga etc.) nfo representam um tinico mate- rial, mas sim uma familia ou um grupo de materiais, tendo cada material, em alguns casos, propriedades especfficas e bastante diferentes uns dos outros. A seleglo e especificagao do material mais adequa- do para uma determinada aplicagio pode ser um proble- ima, dificil, cuja solugao depende principalmente da pres- siioe temperatura de trabalho, do fluido conduzido (aspec- tos de corrosao e contaminagao), do custo, do maior ou enor grau de seguranca exigido, das sobrecargas exter- nas que existirem, e também, em certos casos, da resistén- cia ao escoamento do fluido (perdas de carga). Voltaremos ‘mais adiante a todas essas quest6es. No Cap. 8 deste livro esti alguns exemplos de reco- _mendagGes de materiais de tubos para os servigos mais fre- giientemente encontrados na prética industrial, juntamen- te.com as recomendagdes dos meios de ligacio de tubos € dos materiais para vélvulas, conexses de tubulagio etc E importante observar que-todos os materiais, met licos ou nfo, empregados em tubulagdes industriais deve ter suas propriedades perfeitamente conhecidas e garant das e, por isso, s6 s20 usualmente admitidos os materiais que obedecam a alguma Bspecificacio de Material. Essa ,alids, uma exigéncia geral de todas as normas de projeto de tubulagses industrais (veja Itens 2.7, 2.9 ¢ 2.10), Especificagées de Material so documentos normativos cmitidos por sociedades de normalizagio reconhecidas, pi- blicas ou particulares, ou por alguns fabricantes, contendo geralmente as seguintes informagies eexigencias: descriga0 € finalidade do material, composicio quimica, propriedades Iecinicas, enstios e testes exigidos ou recomendados, con- digdes de aceitago,rejeigdo e marcagdo do material; pode- 190 ainda conter dados dimensionais, propriedades fisicas e quimicas, exigéncias suplementares opcionais etc, Cada Especificagio de Material édesignada por uma sigla numéri- caou alfanumérica, que serve também como designagio dos 'materiais por ela definidos. Chama-se atengo para 0 fato de ‘a maioria das Especificagses de Material abranger néo ape- nas um tinico material, mas um grupo de materiais que se distinguem entre si por “classes” ou “gras” da especificacao; poresse motivo, para especificar corretamente um material, rio basta citar sigla da especificacio, mas também a classe ‘ou grau do material, bem como as exigéncias opcionais que forem exigidas, quando for 0 aso. 2.2 PROCESSOS DE FABRICACAO DE TUBOS HG quatro grupos de processos industriais de fabi- cagio de tubos: Laminagao (rolling) Extrusio (extrusion) Fundigao (casting) ‘Tubos sem costura (seamless pipe) ‘Tubos com costura — Fabricago por solda (welding) (welded pipe) Os processos de laminagdo e de fabricacao por solda so 0s de maior importincia, e por eles sio feitos mais de 213 de todos os tubos usados em instalagdes industriais 2.3 FABRICACAO DE TUBOS POR LAMINACAO (Os processos de laminasio si os mais importantes para 1 fabricagao de tubos de ago sem costura; empregam-se para a fabricagio de tubos de agos-carbono, agos-liga e agos ino- xidéveis, desde cerca de 80 até 650 mm de diametro. Hi varios processos de fabricago por Iaminago, 0 mais importante dos quais é 0 processo “Mannesmann”, {que consiste resumidamente nas seguintes operagées: 1. Um lingotecilindtico de ago, com odiimetro exter ‘no aproximado do tubo que se vai fabricar, aquecido a ce cade 1.200'Ceelevado a0 denominado “Jaminador oblique 2. 0 laminador obliquo tem dois rolos de cone du- plo, cujos eixos fazem entre si um pequeno Angulo (Fig 2.1) O lingote 6 colocado entre os dois rolos, que o pren- sam fortemente, e Ihe imprimem, ao mesmo tempo, um movimento helicoidal de rotagao ¢ translagao. Em conse- ‘ligncia do movimento de translagao o lingote € pressio- nado contra uma ponteira cOnica que se encontra entre 0s rolos. A ponteira abre um furo no centro do lingote, trans- formando-o em tubo, e alisa continuamente a superficie interna recém-formada. A ponteira, que € fixa, esta colo- cada na extremidade de uma haste com um comprimento maior do que 0 tubo que resulars Lncore —y [F Fig. 21 Fabricagio de tubos por laminago — Laminador obli quo “Mannesmann”. (Cortesia da Cia. Siderirgica Mannes- mann) 6 / TUBULACOES INDUSTRIAIS 3. O tubo formado nessa primeira operagiio tem pa- redes muito grossas. A ponteira é entao retirada e 0 tubo, ainda quente, é levado para um segundo laminador obli- quo, com uma ponteira de diémetro um pouco maior, que afina as paredes do tubo, aumentando 0 comprimento € ajustando o diametro externo. 4. Depois das duas passagens pelos laminadores oblf- quos o tubo esté bastante empenado, Passa entio em uma ou duas méquinas desempenadoras de rolos. 5. O tubo sofre, finalmente, uma série de operagdes de calibragem dos diametros externo e interno, e alisamento das superficies externa e intema. Essas operagdes sao fei- tas em varias passagens ein laminadores com mandris eem laminadores calibradores (Fig. 2.2). 2.4 PROCESSOS DE EXTRUSAO E DE FUNDICAO 1. Extrusdio—Na fabricagdo por extrusfo, um tarugo cilfndrico macigo do material, em estado pastoso, € colo- cado em um recipiente de ago debaixo de uma poderosa prensa. Em uma tinica operago, que dura no total poucos, segundos, dio-se as seguintes fases (Fig. 2.3): a) Oémbolo da prensa, cujo didmetro é 0 mesmo do tarugo, encosta-se no tarugo. 5) O mandril, acionado pela prensa, fura completamente 0 centro do tarugo. c) Em se~ guida, 0 émbolo empurra o tarugo, obrigando o material a passar pelo furo de uma matriz calibrada e por fora do mandril, formando o tubo. Para qualquer ago, essa operagdo se processa estan- do tarugo a cerca de 1.200°C; as prensas so sempre ver- ticais e 0 esforgo da prensa pode chegar a 15 MN (= 1500 LAMINADOR CALIBRADOR ROLOS DE LAMINADOR COM MANDRIL Fig, 2.2 Pabricagao de tubos por laminagiio — Laminadores de acabamento. (Cortesia da Cia. Sidertirgica Mannesmann.) Fig. 2.3 Fabricagio de tubos por extrusto. (Cortesia da Cia, Si- derirgica Mannesmann.) 1). Os tubos de ago ssiem dessa primeira operaco curtos ¢ £8108808; sii levados enti, ainda quentes, a um laminador de rolos para redugo do didmetro. Vao finalmente para ‘outros laminadores que desempenam e ajustam as medi- das do didmetro e da espessura das paredes. Fabricam-se por extrusio tubos de ago de pequeno di- metro (abaixo de 80 mm) e também tubos de aluminio, cobre, lato, chumbo e outros metais no-ferrosos, bem como de materiais plésticos. 2. Fundi¢do — Nesses processos o material do tubo, ‘em estado liquido, € despejado em moldes especiais, onde solidifica-se adquirindo a forma final. Fabricam-se por esse proceso tubos de ferro fundi- do, de alguns agos especiais nZio-forjaveis e da maioria dos materiais nao-metilicos, tais como: conereto, cimento- amianto, barro-vidrado ete. Os tubos de ferro fundido e de concreto sto fabricados por fundigfo centrifugada, em que o material em estado li- quido € langado dentro de um molde cilindrico em posigéo ‘quase horizontal, dotado de um répido movimento de rota- ‘¢ao. O material é ento centrifugado contra as paredes do molde, que continua em movimento até a solidificagio com- pleta do material. Os tubos de concreto armado sao também -vibrados durante a fabricagao para o adensamento do concreto. 2.5 FABRICACAO DE TUBOS CoM CosTURA Fabricam-se pelos diversos processos com costura, descritos a seguir, tubos de agos-carbono, agos-liga, agos TARGURA DA ~~. Fig. 2.4 Tubo com solda helicoidal TUBOS: MATERIAIS, PROCESSOS DE FABRICAGAO, NORMALIZACAO DIMENSIONAL / 7 CORTE LATERAL DA. BOBINA DE CHAPA, ROLOS CONFORMADORES (2! ETAPA) inoxidaveis e ferro forjado, em toda a faixa de didmetros usuais na inddstria. Existem duas disposigdes da costura soldada: longi- tudinal (ao longo de uma geratriz do tubo) e helicoidal (*) (Fig. 2.4), sendo a longitudinal empregada na maioria dos casos. A soldagem é sempre feita automaticamente; exis- tem varios processos de soldagem, sendo os mais empre- gados a soldagem por arco submerso (submerged arc welding), e por resisténcia elétrica, sem adigfio de metal (electric resistance welding), Para os tubos com solda longitudinal a matéria-pri- ma pode ser uma bobina de chapa enrolada, ou chapas pla- nas avulsas. As bobinas s‘io empregadas para a fabricagio continua de tubos de pequeno e de médio diimetro (até 450 mm, aproximadamente), e as chapas planas, para tubos de médio ede grande diametro, Na fabricagao continua a partir de uma bobina, a circunferéncia do tubo é a largura da bobina, que deverd por isso ser cortada ¢ aparada na largu- ra exata, depois do desbobinamento e aplainagao. O tubo € formado por meio de rolos conformadores que compri mem a chapa sucessivamente em duas direges (Fig. 2.5); a soldagem é feita por resisténcia elétrica e depois geral- ‘mente submetida a tratamento térmico, passando em segui- da 0 tubo por rolos de calandragem e desempeno. Na fabricagio a partir de chapas planas avulsas, a con- formagio pode ser feita em prensas ou em calandras. Para diaimetros de tubos até 760 mm, a chapa é calandrada no sentido longitudinal, e para didmetros maiores, no sentido transversal, porque a maior largura comercial de chapas de ago 6 de 2,44 m, A prensagem ¢ feita em duas etapas, pri- ‘meiro tomando 0 formato em “U” e depois, o formato em. “0”. A soldagem é feita em seguida, exigindo a norma ASME B.31 (**) que a solda seja de topo, no minimo em. dois passes, e feita externa e internamente, Os tubos so (A solda helicoidal é também chamada, erroneamente, de solda em espiral (0%) A norma ASME B.31.3 € a norma norte-americana para tubulagScs pressurizadas na indstria do petrdleoenasindlstras qumicase percoguimicas, ‘que veremos com mais detalies no Cap. 17, ¢ qual faremos muitasreferéncias no decorter dese livro. Essa norma foi adotada pela ASME (American Society ‘of Mechanical Enginee)em 1980, anteriormente denominava-se ANSIB.31.3. PARAASOLDAGEM — Fig, 2.5 Fabricago de tubos a partir de bobinas de chapa. (Cortesia da Cia, Sidertérgica Mannesmann.) finalmente submetidos a um processo de expansio a frio, para corrigir a circularidade (*). A Fig. 2.6 mostra um flu- xograma completo das diversas etapas de fabricago e de inspegio desses tubos. ‘Com asolda helicoidal, a matéria-prima é sempre uma. bobina — para a fabricago continua —, qualquer que seja © didmetro do tubo, permitindo esse processo a fabricagio de tubos sem limitago de diametro, mesmo muito gran- des. A bobina é enrolada sobre si mesma, sendo a largura da bobina igual & distincia entre duas espiras sucessivas dasolda (Fig. 2.4). A soldagem pode ser feita por arco sub- merso ou por resisténcia elétrica. A norma ASME B.31, ja citada, s6 permite o emprego de tubos com solda helicoi- dal em servigos de baixa responsabilidade, denominados “categoria D” (veja especificagio ASTM A-134, no Item 2.7, a seguir). Qualqueer que seja o diimetro ou o processo de fabri- cago, todos os tubos com costura so submetidos, indivi- dualmente, a um teste hidrostitico de pressio interna, ¢ a solda é inspecionada por radiografia ou por ultra-som. ‘Ao contrério do que talvez. possa parecer, os tubos com costura nao sao necessariamente de qualidade inferi- or aos sem costura, isto é, existem tubos com costura de alta qualidade, e tubos sem costura econémicos e de quali- dade inferior. A qualidade de qualquer tubo —com ou sem costura — é determinada principalmente pelas maiores ou menores exigéncias da Especificagao de Material de acor- do com a qual 0 tubo é fabricado, As tolerdncias de fabricagio de tubos com costura (variagdo do diémetro, da espessura, ¢ ovalizagio) podem ser bem mais apertadas do que as relativas aos tubos sem costura. Nos tubos com solda de resisténcia elétrica, exis- te quase sempre uma pequena rebarba interna dificil de ser removida, (©) A expansio afro itroduz tensdes na parede dos tubos que podem dar ori- _gema tincas de corosto sob tensio em servigos nos quais essa forma de corto: to possa ocorrer. Para esses servigos recomenda-se vita tubos expandidos a fio, ou submeter os tubos a um tatamento térmico de alivio de tenses depois dda cxpansio a fo, CVS rouassmpuy qofuon ap v1s21409) ‘sestnae seue[d sedeyp ap ned w wimysoo woo soqms ap opSadsur ap 2 oBSeo1qes ap sedexo sesioMIp sep wurEIBOXNL 9°Z rensa optedsu, uue-gupieu op ‘Se8sdou TUBOS, MATERIA\ 2.6 TuBos DE A¢O-CARBONO Entre todos os materiais industriais existentes, 0 ago carbono € o que apresenta menor relagio custo/resisténcia mecfnica, além de ser um material fécil de soldare de con- formar, e também fécil de ser encontrado no comércio, Por todos esses motivos, 0 ago-carbono 0 chamado “material de uso geral” em tubulagdes industriais, isto 6, s6 se deixa de empregaro ago-carbono quando houver alguma circun tncia especial que o profba, ¢ desta forma todos os outros, ‘materiais sfo utilizados apenas em alguns casos especiais de excegiio. Em uma refinaria de petréleo, por exemplo, mais de 90% de toda tubulagio € de ago-carbono; em ou- tras industrias de processo essa percentagem pode ainda ser maior. Emprega-se 0 ago-carbono para égua doce, vapor de baixa pressio, condensado, ar comprimido, éleos, ga- ses e muitos outros fluidos pouco corrosivos, em tempera- turas desde —45°C, e a qualquer pressii. ‘As propriedades do ago-carbono sao grandemente i fluenciadas por sua composigao quimica e pela temperatura. (© aumento na quantidade de carbono no ago produz, basicamente um aumento nos limites de resisténcia e de escoamento ¢ na dureza e temperabilidade do ago; em com- pensacio, esse aumento prejudica bastante a ductilidade & a soldabilidade do ago. Por esse motivo, em agos para tu- bos limita-se a quantidade de carbono até 0,35%, sendo que até 0,30% de C a solda é bastante facil, ¢ até 0,25% de C 08 tubos podem ser facilmente dobrados a fri. Os agos-carbono podem ser “acalmados” (killed- steel) com adigao de até 0,6% de Si, para eliminar os ga- ses, ou “efervescentes” (rimed-steel), que nao contém Si. (Os agos-carbono acalmados tém estrutura metaliirgica mais fina e uniforme e com menor incidéncia de defeitos inter- ‘nos, sendo assim de qualidade superior aos efervescentes. Recomenda-se 0 emprego de agos-carbono acalmados sem- pre que ocorrerem temperaturas acima de 400°C, ainda que por pouco tempo, ou para temperaturas inferiores a 0°C, Os agos de baixo carbono (até 0,25%C) tém limite de resisténcia da ordem de 310.370 MPa (= 31.037 kg/mm), € limite de escoamento de 150 a 220 MPa (= 15 a 22 kg/ mm’). Para os agos de médio carbono (até 0,35%C), esses valores so respectivamente 370 a 540 MPa (= 37 a 54 ke/ mm’), ¢ 220 a 280 MPa (= 22 a 28 ke/mm?). ‘A resisténcia mecnica do ago-carbono comega a soffer uma forte redugdo em temperaturas superiores a 400°C, em Fungo do tempo, devido principalmente ao fe- némeno de deformagdes permanentes por fluéncia (creep), que comega a ser observado a partir de 370°C, e que deve ser obrigatoriamente considerado para qualquer servigo em temperaturas acima de 400°C. As deformagoes por fluén- cia serio tanto maiores e mais répidas quanto mais eleva- da fora temperatura, maior for a tensao no material e mais longo for o tempo durante o qual 0 material esteve subme- tido & temperatura e & tensio.(*) (©) Para propriedades,empregoselimitagbes de agos-arbono para tubos, vejao , PROCESSOS DE FABRICAGAO,NORMALIZAGAO DIMENSIONAL / 9 Em temperaturas superiores a 530°C 0 ago-carbono sofre uma intensa oxidagao superficial (scaling), quando exposto ao ar, com formagio de grossas crostas de Sxidos (carepas), 0 que o tora inaceitével para qualquer servigo continuo. Deve ser observado que em contato com outros meios essa oxidagio pode-se iniciar em temperatura mais baixa. A exposigito prolongada do ago-carbono a tempera- turas superiores a 420°C pode causar ainda uma precipita- lo de carbono (grafitizagio), que faz o material ficar que- bradigo. Por todos esses motivos, recomendam-se os seguin- tes limites méximos de temperatura para tubulagdes de ago- carbono (*): — Tubulagdes principais, servigo continuo: 450°C. — Tubulagdes secundérias, servigo continuo: 480°C. — Méximos eventuais de temperatura, de curta dura- ‘glo e ndo coincidentes com grandes esforgos meca- nicos: 520°C. 0 ago-carbono apresenta uma transigéo de compor- tamento de diictil para fragil em baixas temperaturas, fi- cando sujeito a fraturas frageis repentinas, que podem ser catastroficas, com a perda total do equipamento. A tempe- ratura de transigao nao é um valor definido para um deter- minado tipo de ago, sendo muito influenciada pela com- posigo quimica, tamanho dos gros, espessura da peca, nivel de tenses, e principalmente pela existéncia de irre- gularidades geométricas na pega (entalhes-notches), inclu- sive causadas por defeitos internos no material ou por de- feitos de solda De um modo geral, nao se empregam agos-carbono para servigos em que possam ocorrer temperaturas inferiores 2 —45°C, ainda que sejam eventuais ou de curta duragio. Na faixa de zero até —45°C, pode-se usar ago-carbono dentro de determinados requisitos, como veremos no Item 8.8. aco-carbono & um material de baixa resisténcia & corrosio, sendo muito raros os servigos para os quais no haja nenhuma corrosio. Por essa razio, € quase sempre necessério o acréscimo de alguma sobreespessura (margem para corrosio) em todas as partes de ago-carbono em con- tato com os fluidos de processo ou com a atmosfera, exce- to se houver uma pintura ou outro revestimento protetor adequado. Essa margem para corrostio é um material que ser consumido pela corrosio ao longo da vida wtil da tu- bulagaio, sem comprometer a resisténcia mecénica da mes- ma. Serd entio, teoricamente, o produto da taxa anual pre- vista da corrosio, vezes 0 ntimero de anos estimado para a vida itil. Veja sobre esse assunto 0 livro “Materiais para Equipamentos de Proceso”, j4 aqui citado. Mesmo assim, © ago-carbono pode ser usado, com uma vida itil aceité- vel, para a maioria dos processos industriais. (9 Observagoes: sw para a mioia dos servos crrasivas esses Himites devem ser mas baixos porque a temperatura em geralaclera a corosto PiTodos estes limites s80 de peta, e nfo de norma, e pr essa razto podem ‘rir um poueo de uma fonte para outs 10 / TUBULAGOES INDUSTRIAIS O contato direto com o solo causa nfo $6 a ferrugem ‘como uma corrosdo por pites penetrante, que € mais grave ‘em solos timidos ou Acids; esse contato deve por isso set sempre evitado. O ago-carbono é violentamente atacado pelos dcidos minerais, principalmente quando diluidos ou quentes. O servigo com os élcalis, mesmo quando fortes, é possfvel até 70°C, devendo, entretanto, para temperaturas acima de 40°C, ser feito um tratamento térmico de alivio de tenses; temperaturas mais elevadas causam um grave problema de corrosio sob tensio no ago-carbono, De um modo geral, os residuos da corrosio do ago-carbono no sio téxicos, mas podem afetar a cor e o gosto do fluido contido. 2.7 ESPECIFICAGOES DE MATERIAL PARA TUBOS DE ACO-CARBONO As principais Especificagdes de Material de origem norte-americana para tubos de ago-carbono so as citadas a seguir. E importante lembrar que os materiais de todos os componentes de qualquer tubulacdo industrial devem obrigatoriamente obedecer a alguma Especificagio de ‘Material, porque com os materiais sem especificagio nao se tem nenhuma garantia quanto sua qualidade, Essa exi- géncia se aplica nao s6 aos tubos como também a todos os Outros componentes de uma tubulagio (vélvulas, acess6- tios diversos, flanges, parafusos etc.). A norma ASME B.31 enfatiza essa exigéncia para todas as tubulagées dentro do ambito da norma, proibindo © emprego de qualquer material que nao obedega a algu- ma especificagio(*). 4a) Especificagées da ASTM (American Society for Testing and Materials): 1. ASTM A53 —Especificaciio para tubos de qualida- de média, com ou sem costura, de 4" a 26" de difmetro nominal para uso em geral. Os tubos podem ser pretos (isto &,sem nenhum acabamento superficial) ou galvanizados. A especificagiio inclui tubos sem costurae com costura de solda de resisténcia eléttica; para qualquer dos processos de fabri- cagiio, a especificagao define dois graus de material, deno- minados graus A e B, conforme a resisténcia mecénica e 0 teor de carbono no ago, como explicado a seguil 2. ASTM A106 — Especificagao para tubos de alta qualidade, sem costura, de %” a 26” de diametro nominal, para temperaturas elevadas. O ago-carbono deve ser sem- pre acalmado com silfcio. A especificagio abrange trés graus de material, A, B eC, sendo o grau C raramente em- pregado e nao fabricado aqui no Brasil, 3. ASTM A120 — Especiticago para tubos de quali- dade estrutural, pretos ou galvanizados, com ou sem costu- ra, de %" a 26" de didmetro nominal. Essa especificagao nao prescreve exigéncias de composicao quimica completa do ()Note-sequeexistem no coméscio materias dios de {que fo obedecem a nenhuma especifiagto,e por isso $0 vendidos mais ba material, nio estabelecendo, por exemplo, limites méximos de carbono, cujo teor poderd estar assim mais alto do que o aceitavel para boa soldabilidade. A norma ASME B.31.3 86 permite o emprego desses tubos para os servigos enquadra- dos na denominada “Categoria D”, o que inclui fluidos naio- inflaméveis, nao-t6xicos e no perigosos, em pressdes até 1 ‘MPa (= 10 kg/cm?) ¢ em temperaturas até 185°C (*). Esses tubos, mais baratos do que os anteriores, podem ser empre- gados para 4gua, ar comprimido, condensado, ¢ outros ser- vigos de baixa responsabilidade, 4. ASTM A134—Especificacio para tubos com cos- tura soldada por arco submerso, em didmetros nominais de 16", ou maiores, com solda longitudinal ou helicoidal. A norma ASME B.31.3 s6 permite o uso desses tubos para 0s servigos da “Categoria D”. 5. ASTM A135 — Especificagao para tubos soldados por resisténcia elétrica, em didmetros nomitiais de 2” a 30", abrangendo dois graus de material A e B, Pela norma jé citada, o emprego desses tubos também s6 é permitido para 08 servigos de “Categoria D”, 6. ASTM A333 — Especificacio para tubos com ou sem costura, especiais para servigos em baixas temperatu- ras. A especificagéio abrange varios graus de material, sendo 08 graus 1 ¢ 6 de ago-carbono, acalmado com silicio; os outros graus correspondem a acos-liga niquel, e serio re- feridos mais adiante no Item 2.9. 7.ASTM A671 — Especificagao para tubos fabricados com costura por solda elétrica (arco submerso), em didime- {ro de 16”, ou maiores, para servigos em temperaturas ambi- ente e baixas. A especificagao abrange 15 classes de mate- rial, designadas de 1052, conforme as exigéncias de trata- ‘mentos térmicos, radiografia da solda e teste de pressio. Os tubos de aco-carbono séo feitos a partir de chapas de ago acalmado (ASTM AS16), ou néo-acalmado (ASTM A285 Gr.C); a especificagao inclui também tubos de agos-liga nf- quel, que setio referidos no Item 2.9(**). 8. ASTM A672 — Especificagiio para tubos fabrica- dos com costura por solda elétrica (arco submerso), em diametro de 16”, ou maiores, para servigos de altas pres- ses, em temperaturas moderadas. A especificagao abran- ge 15 classes de material, designadas também de 10 a 52, ‘como a A671. Os tubos de ago-carbono sio feitos de cha- pas de ago acalmado (ASTM A515 ou A516), ou ndo-acal- mado (ASTM A285 Gr.C); a especificagao inclui também tubos de ago-liga molibdénio, que sero referidos no Item 2.9(**), b) Especificacdes do API (American Petroleum Ins~ titute) tegoria M’: tubulagdes para Muidosaltamentet6xics, De acordo com a norms, ¢obrigago do usuéro determina, em cada cas0, as condigies de operagio da tubulagaoe as eaacterstiea do fluido, para o poss vel enquadramento de uma tabulago em qualquer uma dessas duns classes, (#8) As especificapses A671, AG72.¢ AGDI(citadas a seguir no lem 2.9), subs- ‘uta a antiga especiicago A155, que foi cancelada ‘TUBOS: MATERIAIS, PROCESSOS DE FABRICACAO, NORMALIZAGAO DIMENSIONAL / 11 1. API SL— Especificagio para tubos de qualidade ‘média, com ou sem costura, de 1/8" a 64" de difimetro no- minal, em dois graus de material, A e B. 2. API SLX — Especificagaio para tubos com ou sem costura, de agos-carbono de alta resisténcia, especial para oleodutos e gasodutos, abrangendo os oito seguintes graus de material, com os respectivos valores minimos dos limi tes de resisténcia e de escoamento: Limite Resisténcia Limite Escoamento Graus (égimm?) (ég/mne) x42 2 29 x46 44 32 ‘X52 46 36 x56 50 39 x60 52 2 ‘X65 54 4S ‘X70 58 49 ‘x80 63 56 Deacordo com a norma ASME B.31.3, os tubos desta especificagiio no devem ser empregados para temperatu- ras acima de 200°C. Estritamente falando, os tubos dos graus X56 a X80 no so de aco-carbono, e sim de agos de baixa liga, por- que tém pequenas quantidades de Ti, V ¢ Nb. Notas Gerais: 1, Todas as especificagdes acima citadas (ASTM € API) contém exigéncias de composigzo quimica e propt edades mecanicas do material, ensaios exigidos ou opcio- nais, dimensGes e tolerdincias dimensionais, condigdes de aceitagio e rejeigdo do material etc. 2. Os graus A e B, das especificagdes A53, A106, A135 e API-SL, €0 grau C, da especificagtio A106, tém os seguintes valores do teor méximo de carbono, € minimo dos limites de resisténcia e de escoamento: Limite Limite Resistencia | Escoamento Graus | %C (md) | (kg/mm) (kg/mm) A 0,25 34 24 B 0,30 42, 4 c 0,35 48 2 grau A corresponde a ago de baixo carbono e os graus B eC a agos de médio carbono. Para tubulagdes com didmetro nominal até 2" prefe- re-se usat os tubos de grau A, que siio mais facilmente dobrados a frio (veja Itens 10.9.2 € 15.2.2); para tubula- es com didmetro nominal de 3” ou maior, prefere-se usar 6s tubos de grau B, que tém maior resistencia mecanica, 2.8 Acos-Lica E Acos INOXIDAVEIS — Casos GERAIS DE EMPREGO Denominam-se “agos-liga” (alloy-steel) todos os agos que possuem qualquer quantidade de outros elementos, além dos que entram na composigZo dos agos-carbono. Dependendo da quantidade total de elementos de liga, dis- tinguem-se os agos de baixa liga (low alloy-steel), com até 5% de elementos de liga, agos de liga intermedidria (intermediate alloy-steel), contendo entre 5% e 10%, e os agos de alta liga (high alloy-steel), com mais de 10%. Os agos inoxidaveis (stainless steel) so os que con- tém pelo menos 12% de cromo, 0 que Ihes confere a pro- priedade de nfo se enferrujarem mesmo em exposi¢ao pro- Tongada a uma atmosfera normal. Todos os tubos de agos-liga so bem mais caros do que os de ago-carbono, sendo de um modo geral o custo tanto mais alto quanto maior for a quantidade de elemen- tos de liga. Além disso, a montagem e soldagem desses, tubos é também em geral mais dificil e mais cara. Como todas as instalagdes industriais esto sujeitas ‘ase tornarem obsoletas em relativamente pouco tempo, nto € em geral econdmico nem recomendével o uso de agos- Jiga apenas para tornar muito mais longa a vida de uma tubulagao. s principais casos em que se justifica o emprego dos agos especiais (agos-liga e inoxidaveis) sio os seguintes: a) Altas temperaturas — ‘Temperaturas acima dos Jimites de uso dos agos-carbono, ou mesmo dentro desses limites, quando for exigida maior resisténcia mecénica, maior resisténcia a fluéncia, ou maior resisténcia & corro- slo. b) Baixas temperat a ~45°C, devido a pos: ago-carbono. c) Alta corrosdo — Servigos com fluidos corrosivos, mesmo quando dentro da faixa de temperaturas de empre- ‘g0 dos agos-carbono. De um modo geral, os agos-liga e inoxidéveis tém melhores qualidades de resisténcia 4 cor~ oso do que os agos-carbono. Existem, entretanto, nume- rosos casos de excec‘o: a Agua salgada, por exemplo, des- tr6i a maioria dos agos especiais to rapidamente como os agos-carbono. d) Exigéncia de néio-contaminagdo — Servigos pata ‘05 quais no se possa admitir a contaminagio do fluido circulante (produtos alimentares ¢ farmacéuticos, por exemplo). A corrosio, ainda que 86 seja capaz de destruir ‘© material do tubo depois de muito tempo, pode causar a contaminagdo do fluido circulante quando os residuos da corrosio so carregados pela corrente fluida. Por essa ra- Zo, nos casos em que nao possa haver contaminaco, empregam-se muitas vezes 03 agos especiais, embora do ponto de vista propriamente da corrosio no fossem ne- cessitios. €) Seguranca — Servigos com fluidos perigosos (em temperatura muito elevada, inflamaveis, t6xicos, explosi- vos etc.), quando for exigido o méximo de segurangacon- tra possfveis vazamentos ¢ acidentes. Também nesses ca- 0s, estritamente devido d corros‘o, no seriam normalmen- te necessérios os agos especiais. s — Temperaturas inferiores idade de fraturas frégeis com 0 12. / TUBULAGOES INDUSTRIAS No que se refere & corrosio, convém observar que, ‘exceto quando entram em jogo também aexigéncia de nzo- contaminagio do fluido ou a seguranga, 0 problema puramente econdmico: quanto mais resistente & corrosio for o material, tanto mais longa ser4 a vida da tubulagio. Portanto, a decisio ser tomada como resultado da compa- ragio do custo dos diversos materiais possiveis, como custo de reposigdo da tubulagao, incluindo-se o custo de opera- ‘so e de paralisagao do sistema. 2.9 TuBos DE Acos-Lica Duas classes de agos-liga so importantes como ma- teriais para tubulagoes: —Acos-liga molibdénio e cromo-molibdénio, —Acos-liga niquel. 0s agos-liga molibdénio e cromo-molibdénio contém até 1% de Moe até 9% de Cr, em diversas proporgées, como mostra a Tabela 2.1, sendo materiais ferriticos (magné- ticos), espeeificos para emprego em temperaturas elevadas. cromo causa principalmenté uma sensivel melhoria na resisténcia & oxidagdo — inclusive em temperaturas ele- vadas —, € na resisténcia a corrosio em geral, sobretudo ‘0s meios oxidantes, sendo esses efeitos tanto mais acen- tuados quanto maior for a quantidade de cromo. Por essa razio, esses agos podem ser empregados em temperaturas ‘mais elevadas do que o permitido para o ago-carbono, como ‘mostram os limites indicados na Tabela 2.1.(#) ‘Até a quantidade de 2,5% de Cr, ha um ligeiro aumen- tona resisténcia a fluéncia, sendo que percentagens maio- res de Crreduzem de forma acentuada essa resistencia (ex- eto nos agos inoxidaveis austentticos, contendo niquel). Por esse motivo, os agos-liga com até 2,5% de Cr si es- peefficos para servigos de alta temperatura, com grandes esforgos mecéinicos ¢ baixa corrosio, para os quais a prin- cipal preocupagio é a resisténcia a fluéncia, enquanto que ‘08 agos com maior quantidade de cromo sto especificos para servigos em alta temperatura, com esforgos meciini- 0s reduzidos e alta corrosdo, onde se deseja principalmente resisténcia & oxidago ou & corrosio. © molibdénio é 0 elemento mais importante na me- Ihoria da resisténcia fluéncia do ago, contribuindo tam- bbém para aumentar a resisténcia & corrosio por pites. ‘Da mesma forma que os agos-carbono, esses agos-liga sofrem também a transigo dictil-frdgil em baixas tempe- raturas, néio devendo por isso ser empregados em nenhum servigo com temperatura inferior a 0°C. Os agos-liga Mo ¢ Cr-Mo também se enferrujam, embora mais lentamente do que os agos-carbono. O com- portamento desses agos em relagdo aos dcidos e dlcalis € semelhante ao do ago-carbono. Um caso tipico de emprego de acos-liga Cr-Mo de baixo cromo sio as tubulagdes de vapor superaquecido, (#)Parapropiedades,empregoselimitagdes de aposligaeagosinoxidves para ‘ubos, vj vo "Materias pura Equipamenton de Proceso”. Tabela 2.1 Especicagio | Elementos de liga (%) | Limites de lem- ASTM e grau eratura para Tubos sem servigo continuo costura cr | Mo | Ni _| nao corrosive (cy a33G,Pr | —| “ | — 480 assorPs | s | ui | — 480 A33sGrP7 | 7 | u | — 480 A33sGeP9 | 9 | 1 | — 600 A335GrPi | mM] we | — 520 A-335GrP22 | awl 1 | — 570 ‘4-333 Gr. 3 os | = | an 100 4-333 Gr.7 low -60 para as quais 0 material mais empregado 0 ago contendo 1 14% Cr-¥2% Mo. Quanto aos agos-liga Cr-Mo de cromo ‘ais alto, um caso tipico de emprego sio as tubulagées para hidrocarbonetos em temperaturas elevadas, para as quais © material mais empregado € 0 aco contendo 5% Cr-14% Mo. Todos os agos-liga Cr-Mo sio também indicados para servigos com hidrogénio. Nos Itens 8.4, 8.5, 8.7 ¢ 8.10, do Cap. 8, veremos com mais detalhes esses diversos casos especificos de aplicagao. Os acos-liga contendo niquel so materiais especi cos para uso em temperaturas muito baixas, sendo a tem- peratura limite tanto mais baixa quanto maior for a quanti- dade de niquel, como mostra a Tabela 2.1 ‘Tanto 05 agos-liga Mo € Cr-Mo como também os acos-liga Ni sto materiais mais dificeis de soldar do que 0 ago-carbono, exigindo quase sempre tratamentos térmicos, como serd visto no Cap. 15. As principais Especificagdes de Material da ASTM. para tubos de agos-liga sao as seguintes: —Tubos sem costura: A-335, para os agos-liga Moe Cr-Mo, € A-333 para os agos-liga Ni. —Tubos com costura (de grande didmetro): A-671 (jd citada no Item 2.7), para os agos-liga 2% Ni e 34 Ni, A-672 (também jé citada), para o ago-liga 4% Mo, ¢ A-691, para 0s diversos tipos de agos-liga Cr-Mo. proceso de fabricagao, faixa de didmetros e clas- ses de todos os tubos A-671 e A-672, bem como A-691, stio 0s mesmos ja referidos no Item 2.7. 2.10 TuBos DE Acos INOXxIDAVEIS Existem duas élasses principais de agos inoxidéveis para tubulagdes: 0s austeniticos (nao-magnéticos), conte do basicamente 16% a 26% de Cr € 6% a 22% de Ni, e os ferriticos (magnéticos), contendo basicamente 12% a 30% de Cr, sendo 0s austeniticos 0 grupo mais importante, A Tabela 2.2 mostra os tipos de acos inoxidéveis mais em- pregados para tubos. s agos inoxidéveis austeniticos apresentam uma extraordinéria resisténcia a fluéncia e& oxidagio, razao pela qual sto bem mais elevados os valores das temperaturas limites de utilizagao (como se vé na Tabela 2.2), exceto para IS, PROCESSOS DE FABRICAGAO.NORMALIZAGAO DIMENSIONAL / 13 Tabela 2.2 Limits de Tipos Elemento de ia (8) temperatura (°C) (denominagao Estrutura do AISI) metaingica | cr | NI Outros = Mima Minima 308 ‘Austenitica | 18 8 600 = 255 308 L Austenttica | 18 8 C (mix: 0.03, 400 sem limite 310 Austeniticea | 25 | 20 600 = 195 316 Austenttica | 16 | 10 Mo: 2 650 = 195 316L Avstentica | 16 | 10 Mo: 2; C(méx):0,03 | 400 = 195 321 Avstenttica | 17 9 Ti05 600 = 195 341 Austenitiea | 17 9 Nb+Ta 1 600 = 255 405 Ferritca 2] — AL 02 470 Zet0 05 tipos de muito baixo carbono (304 Le 316 L), em que 0 limite € de 400°C devido & menor resisténcia mecanica desses agos. Os agos austeniticos mantém o comportamento dtictil mesmo em temperaturas extremamente baixas, po- dendo alguns serem empregados até proximo de zero ab- soluto. Esses agos sio todos materiais de solda fécil, nio fo nenhum tratamento térmico. Os agos inoxidaveis austeniticos em geral — exceto 08 estabilizados € 0s de baixo carbono — esto sujeitos a tum fendmeno de precipitagao de carbonetos de Cr, deno- minado “sensitizagao”, quando submetidos a temperaturas entre 450° e 850°C. Os agos sensitizados podem apresen- tar uma forma grave de corrosao (corrosao intergranular), principalmente em meios dcidos. A sensitizagao pode ser controlada pela adigo de Ti ou Nb(*) (agos estabilizados, tipos 321 e 347, por exemplo), ou pela diminuigdo no teor de carbono (agos de muito baixo carbono, tipos 304 Le 316 L. por exemplo). A sensitizagao pode ser causada pelo tra- balho em temperaturas elevadas e também pela soldagem. (sensitizagio junto ao cordio de solda), ou por tratamen- tos térmicos. Por esse motivo, para todos os Servigos onde houver possibilidade de ocorrer corrosao intergranular re- comenda-se 0 emprego de agos estabilizados, para as tu bbulagdes com temperatura de operagao acima de 450°C, € de agos de baixo carbono, para as tubulagdes com tempe- ratura de operagdo até 450°C.(*) ‘A presenca mesmo de infimas quantidades de HCI, cloretos, hipocloritos ete. (fon cloro em geral), em presen- ga de Agua ou de umidade, isto é, em temperaturas abaixo do ponto de orvalho, pode causar severa corrosao por pites. € sob-tenso em todos os aos inoxidéveis austeniticos, devendo por isso ser sempre evitada. s tubos de inoxidaveis austeniticos sdo usados, entre outros servigos, para: temperaturas muito elevadas, tempera- turas muito baixas (servigos criogénicos),servigos corrosivos ‘oxidantes, produtos aliqentares ¢ farmacéuticos ¢ outros ser- vigos com exigéncia de ndo-contaminagao, bem como para hidrogénio em pressdes ¢ temperaturas elevadas etc. {£9 Onis (Nb €denominado de clmbio (Cb) na bibliograia nce americana (stiveja obec esse assunt live "Mates para Equipamentos de Proceso", jf-etado 5 agos inoxidéveis ferriticos apresentam, em relacao ‘08 austeniticos, bem menor resisténcia a fluéncia e & corro- so em geral, assim como menor temperatura de infcio de ‘oxidagao, sendo por isso mais baixas as temperaturas limites ‘de uso. Em compensacao, so materiais mais baratos do que ‘05 austeniticos € menos sujeitos aos fendmenos de corrostio por pites ¢ sob-tensdo, Esses acos sio todos dificeis de sol- dare niio so adequados a servigos em baixas temperatu- ras. A principal especificagao de material da ASTM para tubos de agos inoxidaveis austeniticos éa A-312, que abran- {ge tubos sem costura e com costura, 2.11 DIAMETROS CoMERCIAIS Dos “TUBOS PARA CONDUGAO” DE ACO 0s diémetros comerciais dos “tubos para conduga (steel pipes) de ago-carbono e de acos-liga estao definidos pel norma americana ANSI. B.36.10, € para os tubos de agos inoxidaveis pela norma ANSI. B.36.19. Essas normas abrangem os tubos fabricados por qualquer um dos proces 05 ustais de fabricagao. ‘Todos esses tubos so designados por um néimero chamado “Diimetro Nominal IPS” (Iron Pipe Size), ou “bitola nominal”. A norma ANSI. B.36.10 abrange tubos com dimetrosnominais de 14" até 36" g, ea norma ANS B.36.19 abrange tubos de 44" daté 12" $. De" até 12" 0 diimetro nominal ndo corresponde a nenhuma dimensio fisica dos tubos; de 14" até 36", o didmetro nominal coin- cide com o didmetro externo dos tubos. ara cada didmetro nominal fabricam-se tubos com vvirias espessuras de parede, denominadas ‘séries” (schedule), ‘como veremos no Item 2.12, a seguir. Entretanto, para cada diametro nominal, 0 didmetro externo é sempre o mesmo, variando apenas o diémetro interno, que seré tanto menor {quanto maior for a espessura do tubo. Por exemplo, 0s tubos de ago de 8" de didmetro nominal tém todos um didmetro externo de 8,625". Quando a espessura deles corresponde & série 20, a mesma vale 0,250", ¢ 0 didmetro interno vale 8,125", Para a série 40, a espessura vale 0,322", € 0 didmetto interno 7,981"; para a série 80, a espessura vale 0,500", € 0 diametro interno 7,625", para a série 160, a espessura vale 14 / TUBULAGOES INDUSTRIAIS 40 Séto 00 ‘aso 160 pian = 040" Dia T= 0957" OWINT =0815 Fig. 2.7 Segdes transversais em tubos de 1'" de di- ESP 0189 ESP =0.7e" ESP.©0260° metro nominal. (Didmetro externo 33,4 mm = 1,315 DIAMETRO EXTERNO = 1.015" 0.906", 0 didmetro interno 6,813”, e assim por diante. A Fig 2.7 mostra as segdes transversais de trés tubos de I" de dif metro nominal, com diferentes espessuras. A listagem completa de 44" até 36” ¢binclui um total de cerca de 300 espessuras diferentes. Dessas todas, cerca de 100 apenas sao usuais na pritica, e sao fabricadas cor- rentemente; as demais espessuras fabricam-se somente por encomenda, Os didmetros nominais padronizados pela ‘norma ANSI.B.36.10 sio os seguintes: 14", 4", 4", ¥2", 34", 1,14", 1A", 2", 28, 3%, 34", 4", 5°, 6", 8, 10", 12", 14", 16", 18", 20", 22", 24°, 26°, 30" e 36".(*) Os didmetros nominais de 14", 244", 344" e 5", em- bora constem nos catdlogos, sto pouco usados na pritica e por isso devem ser evitados nos projetos. Os tubos de di- metros acima de 36" nao séo padronizados, sendo fabri- ‘cados apenas por encomenda, e somente com costura, pe- los processos de fabricagio por solda. ‘A normalizagao dimensional das normas ANSI.B.36.10 © 36.19, que acabamos de descrever, foi adotada pela norma brasileira P-PB-225, da ABNT. Para os tubos sem costura os comprimentos nunca si0 valores fixos, porque dependem do peso do lingote de que € feito o tubo, variando na pritica entre 6 e 10 m, embora cexistam tubos com comprimento de até 18 m. Os tubos com costura podem ser fabricados em comprimentos certos pre~ determinados: como, entretanto, essa exigéncia encarece 05 tubos sem vantagens para o uso corrente, na pratica es- ‘es tubos tém também quase sempre comprimentos varidé- veis de fabricagao (random lenghts). Os tubos de fabrica- ‘eo nacional com costura longitudinal de solda por arco submerso podem ter comprimentos de até 12 m, ¢ 0s tubos com solda longitudinal por solda de resisténcia elétrica, ‘comprimentos de até 18 m. ‘Os tubos de ago sto fabricados com trés tipos de ex- tremidade, de acordo com o sistema de ligago a ser usado (Como veremos no Cap. 3, a seguir): —Pontas lisas, simplesmente esquadrejadas. —Pontas chanfradas, para uso com solda de topo. —Pontas rosqueadas (rosca especificagao API-SB e ANSI ASME.B.1.20.1), (7) Para tabela completa dos tubos de scard com a norma vue iva “Tabe las e Grins para Projets de Tubulges" de PC da Siva Teles Day G Pula Barros. pol.) (Os tubos com extremidades rosqueadas costumam ser fornecidos com uma luva; veja Fig. 3.1, no Cap. 3. A Fig. 2.8 mostra os tipos de extremidades de tubos. 2.12 ESPESSURAS DE PAREDE Dos “TuBos para CONDUGAO” DE AGO Antes da norma ANSLB.36.10 0s tubos de cada di- metro nominal eram fabricados em trés espessuras diferen- tes conhecidas como: “Peso normal” (Standard —S), “Ex- ttaforte” (Extra-strong — XS),¢ “Duplo Extraforte” (Dou- ble extra-strong — XXS). Bstas designagées, apesar de obsoletas, ainda esto em uso corrente. Para os tubos de peso normal até 12" , 0 didmetro interno € aproximada- mente igual ao diémetro nominal. Pela norma ANSIB.36.10, foram adotadas as “séries” (Schedule Number) para designar a espessura (ou peso) dos, tubos. O ntimero de série é um niimero obtido aproxima- damente pela seguinte express 1.000 P s em que P= pressio interna de trabalho em psig; S= tensio admissfvel do material em p: ‘A citada norma padronizou as séries 10, 20, 30, 40, 60, 80, 100, 120, 140 € 160, sendo que, para a maioria dos

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