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Lingulsticos e Liter4rios Lie eee Programa de Pés-Graduagdo em Letras e Lingtif: Universidade Federal da Bahia Universidade Federal da Bahia Reitor Heonir Rocha Instituto de Letras Dicetor Evelina Hoisol Vico-Dirotor Tracema Latiza de Souza Apoi Pr6-Reitoria de Panejamento ¢ Administragao da UFBA Pr6-Reitoria de Pesquisa e Pés-Graduagdo da UFBA. Fundagio Casa de Jorge Amado © Corpo Editorial da revista Estudos Lingtisticos ¢ Literdrios {interfere apenas nos aspectos tSenicos de formatagtio dos atigos etuclos Lingstioos eLiterdrios, n. 26-26, Salvador, Programe de Pés-Graduagéo om Letras o Linguist Universidade Federal da Dohia, jansirodozombro 12000, 420 p, 200 x 260m, 4. Letras - Periéioos I. Mestrado em Lotras, Universidade Fuderal da Bahia. cou 8 (05) ISSN 0102-5465 Resumo ésumé Re Mudangas linguisticas e critica textual” Célia Marques Telles Universidade Fedora! da Bahia A\ Fitologia, afrma B. Auerbach, 60 conjunto das atividades que se ocupam ‘motodicamente da linguagem do homem e das obras de arte compostas ie salinguagem, Tem um sentido muito amplo e compreende atividades mnit diferentes. Uma das mais antigas formas da Filologia, a mais nobre e mais auténtica para muitos eruditos a edigAo critica de textos. Nada mais mo- demo na concepedo do que é Filologia. E nessa perspectiva dois caminho: arecem correr em paralelo, mas so entrecruzam todo o tempo. A Filologia ocupa-se com a linguagem do homem, portanto, com a sua forma de expros- so corrento, viva, variavel. Ocupa-se também com as obras de arte (os textos literdrios) plasmados nessa linguagem. Os dois objetivos e as duas metodolo- gias sao interdependentes. Nessa perspectiva mostrar-se-4, com exomplos, como a analise dos fatos de lingua contribui para o melhor tratamento dado 80 texto critico. Por outro lado, conhecimento da técnica da edigao critica do textos é um auxiliar sem limites para o estudo dos fatos lingiisticos liga. dos a scripta dos textos, La pnitologie, aftime &, Auerbach, c'est l'ensemble des activités qui s' occupent méthodiquement du langage de l'homme et des oouvces d'art composées dans ce langage. Blle e un sens trés étondu et comprena des activites tbs différentes, Une des formes les plus anciennes do la Philologio, Ja plus noble et plus autentique pour de nombreux érudits est I édition critique des textes, Rien de plus modeme dans la concoption dela Philologie Et c'est dans cote perspective que deux chemins somblont aller paralidlement, alors qu’ils s'entrecroisent constamment. La Philologie s'occupe du langage de 'homme et par conséquent de sa formo dexpresuie courante, vivante, variable, Elle s'occupe auissi des oouvres dart (ler os littéraires) élaborées dans ce langage. Les doux objectifs ot los lous méthodologies sont interdépendants. Dans cette perspective, ucts ‘montrerons, Al'aide d'exemples, comment! analyse des faits de langte oon tribue a un meilleur traitement cu toxt eritiquo, D'autre part laconneissence dela technique de l'édition critique des taxtes est un auailiairoilimité pour V étude des faits linguistiques liés & 'écriture dos textes. * Os resultados aleangados neste trabalho s6 foram posstveis gragas A generosidade do mestre Po! Nilton Vasco da Gara que nos franqueou oftalacesso 8 sun bibliotess, permitindo a consults dics como 0 FEW, a edigdes crficas, algumas delas verdadeiras rridades,além de outros livtov ¢ antios ifciimente encontrados no Brasil. Isto, sem contar os presiaeos e oportunos conselhos ny ills. este ou daquele material lstratvo, Pa portuno, antes de mais nada, lembrar o que diz o primeiro fisico un Universidade de Coimbra, Pedro Nunes, em seu Tratado da Sphera', a propésito dalinguagem daciéncia, Diz ho bem auenturado doutor sancto Agustinho no decimo quinto liuro q escreueo da trindade muito eserarecido & muito excelente Principe: que os eBceptos & pela mesma razam a sciencia nam & propia lingoagem. Poryuic seiencia nam he outra cousa sendo hum conheciméto habituado no endendimento: 0 qual se acquitio per demostragdo: e demostragao he aquele discurso que nos faz saber. E poys a voz nilo serue de mais que de explicarmos ‘nossos conceptos per ella: manifestamente se segue que a sciencia nfo tern lingoagem: ¢ que per qualquer que seja se pode dar a entender. E por tanto se algiia ora dizemos isto sam termos de sciencia: ou nfo sabemos ou nfo oulhamos © que falamos. A sciencia nfo trata das cousas que sam somente ymaginarias falsas ou imposiueis mas das certas e verdadeias: as quaes todas tem not: vin qualquer lingoagem por muito barbara q seja. Que certo he q 08 priniciros scriptores em qualgr sciencia néo ford buscar nomes fora de sua linyoage ‘materna pera os porem as cousas de que tratauao. E poys de hia lingoayem em ‘outra se pode tirar qualgr scriptura que ndo seja de scigcias sem se estranhar: xam sey entender d6de veo tamanho receo de treladar na linguagem vulgar utra qualquer obra de scincia: se nao que os letrados quiserio encarvcer isto Por Ihes parecer que desta sorte acrecentaufo mais em sua authorid'e, | porque ho bem quiito mais coma e vniversal: tanto he mays excelente.) O techo “E poys a voz niio serue de mais que de explicarm Conceptos per ella: manifestamente se segue que.a sciencia nfo tem lingongom: ¢ ue per qualquer que seja se pode dar a entender.” parece encaixar-se perleit ‘mente no processo de “fazer-se o texto”: a expressiio do pensamento ¢o uso da lingua, construindo o texto como uso de uma “linguagem”” Esse 6 0 processo que est na base da investigactio filolégica, "Ct Pedro NUNES. Tato da Sphera. In: i. Obs. Novae, ex © ano. por uma Comisto de Sic ‘Academia das Citcias. Lisboa: Imprensa Nacional de Lisboa/Academia dss Ciacias de Lisho, 1 CL id, iid, v1, p. 3. $ noses 98 1 O Método Filolégico A Filologia, afirma E. Auerbach?, é 0 conjunto das atividades que se ocupam metodicamente da linguagem do homeme das obras de arte compostas nessa lingua- gem. Temum sentido muito amploe compreende atividades muito diferentes. Uma 94 das mais antigas formas da Filologia, a mais nobre e mais auténtica para muitos erudi- — tos € aedicao critica de textos. Nada mais modemo na concepsaio do que €Filologia. Enessa dirego dois caminhos parecem correr em paralelo, mas se entreenuzam todo © tempo. A Filologia ocupa-se com a linguagem do homem, portanto, com a suia forma de expressio corrente, viva, variével. Ocupa-se também comas obras de arte (0stextos literdrios) plasmadas nessa linguagem. Os dois objetivos eas duas metodo- Jogias sao interdependentes. Nessa perspectiva mostrar-se-4, com exemplos, como aanélise dos fatos de lingua contribui para o melhor tratamento dado ao texto critico. Por outro lado, o conhecimento da técnica da edigto critica de textos 6 um auxiliar sem limites para.o estudo dos fatos lingiisticos ligados 8 scripta dos textos. Ha quase dois anos passados, ao participar de uma mesa-redonda em home- ‘nagem 20 Prof. Dr. Silvio Eliz, enumeravam-se os aspectos que caracterizam a interface entre amudanga lingiifstica a critica textual. Nessa perspectiva, procurou-se mostrar como se pode definir 0 método filolégico, que 6, por exceléncia, hermenéutico, Carolina Michaélis de Vasconcelos’, relembrando Francisco Adolpho Coe- ho, assinalava que o estudo filol6gico tem de compreender algumas etapas. Na sua esséncia sfio as mesmas com que se deparao fildlogo na atualidade: niimero 25/26, janeiro/dezembro de 2000 1) oestudodalfngua, 2) oestudo da métrica, 3) oestudo das alustes hist6ricas, 4) os estudos dos autores, das particularidades biogréficas, refiradas em es- pecial da documentagdo sobre ele, 5) oestudo das relagées entre a sua obra eas demais representagées litersrias, 6) ahistéria dos manuscritos, 7) adeterminago da autenticidade ios testemunhos, 8) arestituigdio do “texto do autor”, 9) a determinagio do valor literétio e hist6rico do texto. Estudos Lingiiisticos e Literdrios Cf. Erich AUERBACH. Introduction aux érudes de philologie romane. Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 1949. p. : "est ensemble des activités qui s'cccupent mehodiquement du langage de homme, et des ccuvres d'art compasées dans ce langage, (..) aun sens tes large, el comprend des és for différentes. Une de ses plus anciennes formes, (.), la pls noble et la plus authentigue, cat 'Pédtionertque des textes.” Traduzindo: *.€ 0 conjumo dat aividndes que se ocupam medicaments da Hingeagem do hormcm e dss obras de arte compostas nessa linguagem. (.) tem um sentido muito amplo.¢ ‘compreende atvidades muito diferentes. Uma das suas mis antigas formas, (.), a mais nobee ¢ mals autitica, & a edito exten de textos. CC. Celia Marques TELLES. Mudanga lingdistica e erica textual, In; JORNADA DE ESTUDOS LINGUISTICOS DO NORDESTE, 17. Foraleza, 31.08-03,09.1999. Participagdo na mesa-redenda “Ot Estudos de Filelogia Romnica a0 Brasil” CE. Carolina Michadis de VASCONCELOS, Licder de flologa porta; segundo as prelegtes fits 20s cursos de 1911/12 e de 12/13, segudas das “Ligees pitias de portugués atcaico". Lisboa: Revista de Portugal, 1946, p. 143, Dap i j i i Essas nove etapas apontadas no trabalho de Carolina Michaélis de Vasconce- Jos, na realidade, constituem trés grupos de objetivos: o primeiro deles, o estudio ua lingua o objetivo preespuo da Lingiifstica; 0s de ntimero dois a cinco, da Ciéncia da Literatura, resumidos no nono, a determinagao do valor literdrio e histbrico do texto; os de ntimero seis a oito, da Critica Textual, Com isto retomna-se ao que afirma E. Auerbach ao iniciar a primeira parte da sua Introduction aux études de Philologie Romane®: a Filologia é 0 conjunto das atividades que se ocupam meto- texto >, Fig. 1-0 texto 6 testemunho da lingua Na segunda, a da erftica textual, a lingua é apenas um dos elementos do LPxto,emborao mais importante dees, pois o texto €estruturado pelas possibilida. des de uso da lingua: + texto H — lingua >. texto € estruturado pelas idades de uso da lingua Retome-se ds etapas assinaladas por Carolina Michaélis de ‘Vasconcelos, Aestacando-se apenas duas dela: a primeira, o estudo da lingua, e a oitava, a restituigéio do “texto do autor”, niimero 26/26, janeiro/dezembro de 2000 Estudos Lingitisticos ¢ Literérios i ! i i Nessa diregio dos estudos lingtisticos, no campo da historiografia, mas liga- dos & compreensto da variagdo e da mudanga lingtistica durante a idade média ‘merecem destaque os trabalhos de Hans-losefNiederehe® e de Ileana Pagani", re Peotivamente, sobre a conceprolingtistica de Afonso X, o Sdbio,ede Dame Alighie: Hans-Josef Niederehe preparou umestudo| lingtistico historiognitico a parti Gas obras de Afonso X, a Primeira Crénica General edigto de Rasadn Menénclez Pidal), a General estéria (edic&o de Antonio Garcia, Solalinde), 0 Setenario (cai s#o de Kenneth Vanderford) eas Siete Partidas. O Rei Stbio, com bas nateoria augustiniana, no Setenario, define gramdtica: Ua) gramatica ... faze se con ssiete cosa convo- con con consil- on con con luntad box Tera Tun parle. = “dicho. rmzén {Ca I woluntad enbia Ta bor; € la oz enba Ia letra; I letra, la ssilaba; et a Ssilaba, a parte ela parte, el dicho; eal dicho, la razsn, Et acd cones vnas de otras e se ayuda.” cem Dante Alighieri. A nolo de variagioe mudanga assinalada por D. Afonso na General estéria, diz Hans-Iosef Niederehe, vem como resumivs DoDe viilgesi eloquentia de Dante Alighieri cita trecho do Livro I ioe omnes differenie alque sermonum varietates quid accidant un eademque ratione patebit. Dicinus ergo quod nullus effects super suam causam, in quantum cffetas est, quia nil potest efficere quod non est. Cum iat reterillam hom it snsibitissimam atque variabilissimum animal, nee durabilis noc aah para ict alia que nostra sunt, puta mores et habitus, per locon ‘emporumque distantias variari oportet SERN sne can OOS Fronts CORTE, Feiderievs SCHOELL (tit). M. Teen Herron, De linge laine. aveeduot ettconim Varrons lborvm fragmenta. Lipsive: B, G. Tevbret vate Ma Soh PEREHE: Alonso X el Sabioy le Linguic de eng Tad de Ca Mat Madrid: Sociedad General Espatols de Libra, 1987, Fis Napa AN Lt eri Unuticn de Dane “De Wdgn Bloguenia”: caine seelte. paps Rist. Napoli: Liguori, 1988 Cl. Hans). NIEDEREHE, op. cit, p. 54 Somat ALIGHIERE De vig eloquenia. Milan: Caran, 191, 1 1 pod “Pore exe nds ena dena ¢ warts de ngage sec apn peak 103 104 sama, Por outro lado, Dante Alighieri, Convivio, desenvolve, também, idéias a ropésito da mudangalingtfstica. Heana Pagani, ao apresentaro seu trabalho, fala nas edigbes crticas que Ihe serviram de base para aandlise: aguelas do De vuleari cloquentia, de Piet Vincenzo Mengaldo, de 1979, ea anterior, de Attistide ‘Matigo, datada de 1938. Para o Convivio, usou a edigho de G. Busnelli e G. Vandell, datada de 1937 (da qual a segunda edigto & de 1953), Em relagdo ao estudo das mudancas lingtifsticas, dois fatos da hist6ria da lingua francesa a forma pucelle da Séquence de Sainte Eulalie (v, |: “Buona Pucella fut Eulalia”) © o sintagma pleine™ sa hanste, que aparece oito vezes na Chanson de Roland, foram, porexemplo, objetos de discussa0em dois artigos, Eiectivamente, The ‘pucelle”isnotfor burning (de Eleanor Webster Bulatkin®) f tPlene as hanste” inthe “Chanson de Roland” (de Julian Hartis*), Por outro lado, és problemas de sintaxe do provengal antigo sio examinados em uns artigo de Kurt Lewent, Three litte problems of Old Provengal syntax: 1) aomissio do pronome relativo, 2) as oragdes relativas, 3) aregencia da preposigdo de. Ouitoexemplo muito sugestvo é a série de artigos de Arrigo Castellani apro- Peésito da ingua dos Serments de Strasbourg*. De inicio, Arrigo Castellani acredita fea lingua dos Sermentsé da regido do aquitano do Nore. Em 1967, arma que a Lingua dos Serments deveria ser tipo lingifstico empregado pelo contingente de Soldelos mais importante tipo lingistico que coincdiria com aquele da, principal cidade do dominio de Carlos, 0 Calvo, o que faria com que’ as tropas franco- rovengais do exército pudessem compreender o juramento®, No terceiro artigo, analisando cada uma das observages feitas por Hilty em Les Origines de la langue Nuéraire francaise, demonstra em que pontos a critica de Hilty nlo se justifica, pose prea Sunt ue nenium feo, enquato eee, pode spear appa cass, porqe nada Jot se exis Una ver gus eno, cade nga ots ~ excels acs ice tase ‘ute cob ne oa so tcontvid 8 nosso abo depois danule conde bie oe ¢ mobi earn © csaecimento da lagu precedente; cua vez gue o homers ¢ cor weoeone Some por erent gs nko pode ser dando nen conn, ry con ede eae Sree stemo os uso e costumes, acaba por muda no tempo ¢ no corse CODER, E, CODEFROY no vette alee elt; ple su hone lene x0 lace Cf F Parr Lin de etme de Vanceme gue fone ede tut ss dec oe WE ok Pars: Lib. des Seiones et des Ars, 1938. 4, Chana Se ean, 20, 1225 1250, 1273, 1287, 1295, 1496 134. Cr. Joseph REDIER (edi, La Chanson de Roland, ed. ci SeHOLEER set BULATKIN. The puceleis nr for baring. I: Uban ; HOLMES, Keaneh R Ce eG At, French and provesa exicgraphy. Ohio: Oka Ste Uns ee Sok SCHL ARIS, Pine a hase Inthe Chanson dt Roland. Ws tien f Ho anak R SCHOLBERG (edit) Fr aoe atte testo In: Georges STRAKA (ei). Les Dace de Frome ee age et crate a males eal t domaine franco provera Pats: Kinchicck STE a Colleque Sieur Neste Phlleie et de Léa Romses de Unive des Seesy tenn Strom i. Nowell rmarues au sje ela langue dt Sements de Seabous See Linguisique et de Litérature Romanes, Steasbourg v.15, n. Isp, 97 CEA CASTELLANL L’Ancion poitvin et probline Hague des Semen de Stasou,. pall niimero 25/26, janeiro/dezembro de 2000 Estudos Lingiiisticos e Lit Nademonstraedo de como o estudo da lingua nfo pode prescindir de uma boa edigdo critica, aescolha, evidentemente, $6 poderiarecair em um dos abe. Thos de Nilton Vasco da Gama. Em um: studo sobre a prosa em provencal antigo, analisando 0 texto de La vida d’'En Riambaut de Vaqueyras, Nilton Vasco a, Gama interroga se na construgio sifo 0 siera um dativo ético, como oclassificava, entre outros, O. Schulta-Gora, noAliprovencalisches elementarbucli™. Em 1969 volta ele a tratar do problema em Si (ajas medo de nenhtacousa, q(ue)o ventose tera tera, (L.276-378) sta tera se corre leste ogste © toma da qoarta do norogste © supste, © ‘avera na rota 15 leguas. (L. 581-583) Remete-se, entao, para esse uso do se para os trabalhos de Joseph Huber, 0 Aliportugiesisches elementarbuch”™ (traduzida para portugues como titulo de Gramética do portugués antigo) e de Augusto Epiphanio daSilva Dias, aSyntaxe historica portuguesa’*.O primeio toma-o como subordinante condicional em Gragbes onde falta a oragio principal”; mesma interpretagio dada pelo segun- do”, que ainda lhe empresta aquela de “partcula interrogativa”*, Acedic&o critica dos roteiros de navegagio” péde beneficiar-se da constax ‘agio resultante do trabalho de Nilton Vasco da Gama, interpretando de modo mais adequado 0 se déitico. = Eapartirdostextoscriticos que Jean Boutiére, na segundaedicio da Biographies des troubadours*, pdde melhor detetminar adatae a localizagaio dos manuscritos as vidas e razos. ApSs aprimeiraedicio da Biographies des troubadours!", veioa ee ™ Ct Caan Mlchls de VASCONCELOS (tt. Cancion de Ads Halle: Max Nemeyer 190.2 > % Ed. critica © comentada Fur caRiNRtes TELLES (dit). Coleg de roeiros portuguese da “Carreira da India" no sdalo XVI edgto do manasrto FP56 da BNP. Sto Paulo: USM 1966.9 Griomee (UBER. Granta do porugués amigo. Trad. de Matin Manuela Gouveia Dua. Lisbon Calouste Gulbenkian, 1986. § 497, 2 p. 12, CE Augusio Eniphanio da Silva DIAS. Syniatehistorica portuguesa, 4, ed 2, p. 185-200 $355, 2). 263 § 481.3) p. 338-6, F.Joseph HUBER, op. cit. § 497, 2. p 312, CE. Augusto Epiphanio da Silva Dias, op, 1d, bid, § 385, 2), p. 263, $481, 3) pe 3388 CE Cia Marques TELLES (edt), op et SIRRDOUTIERE, A. SCHUTZ (ei). Biopraphies des troubadour; textes provengans des Xie Merakas Pu AG. Ni 1964, Ave a cola, de M. Ciel. Be auger de ead foe ‘appendic, un lexiue, d'un glosture ot d'un index des temmes concerts Ieee, Bias, Ct Bearers dex eroubadours; textes provnguts de Xill et XIV" snl, Pai: Marel Didier, 1950. Aver une intod. et nots. iaboa: Clssica, 1959. § 267, 5 267, b. 2), p. 199-200 niimero 25/26, janeiro/dezembro de 2000 Estudos Lingliisticos e Literérios aifaits de a I. conjugaison™ , Jean Boutibre, a0 considerar 6 problema, diz. que Giudo Favati indaga se se trata de empréstimos ao francés ou de venetismos, dri do apenas alguns exemplos*, Segundo Jean Boutitre, 0s textos das vain edas Pezoe que nfo trazem o perfeto em ~a foram escritos sem dkivida no sécuilo XII! wr ‘walio de Oc e na Ita e af, em especial por Uc de Saint-Cire. Além disso, é2 partir dessa variante que ele vai caractesizar a tradigtio dos ‘manuseritos, opondo verses coma a versdes sem—a. E também o exame dos fatos lingtisticos do texto da Chanson de Sainte Foy" que permite que se date o manuserit ¢identifique a lingua do mesmo. 0 Narbonae os Pirineus, Outro exemplo vem da experiéneia que vimos tendo no estudo. da relagio srafemético-fonética em textos quinhentistas portugueses nto literdrios: aqueles dos roteiros de navegagao. A Scripta desses textos € de catéter fonetizante, 0 que permite que se Possam descrever fatosfonéticos passiveis de confrontagao com a, descrigdes do AS VOGAISNASAIS © Roteiro da navegagiiod’agui pera a India atributdo a Diogo Afonso @ 12¥*-13e) oferece bons exemplos desse comportamento para analise da lingtix Antunes ANAT (cit). LeBlogrfe rovadrcht ei provenaal de see. XI XIV. Bologna 1 fo Attiguaria Palmaverde, 1961. Ed integrate © agg TERE A: SCHUTZ elit). Biographies des eoedadrin, rt, sist 4% Chai, iid, p, xxix All de eee ALFARIC(t.. La Chanson de Sate Foy, Pi: Beles Lets, 00, 2. Fae Cri mig ane ot exe erga itrod, et comm. philalgigues pes Eros Hoeppine OF i ibid, 197-8 107 108 EES EEE Vogais v labatimeto 12V, 23 algias 130°, L.4 eo 12V*, L. 1, 3,4, 12, 16 130°, £4 11 Expats 138,189 ae DA LS [nus 12v°, 2,113 ha 12v", L. 7; 130°, L.7 act VL renbit 12°, 1.3, parage 12v,L. 5; 19.2 trombia TH. 10 Vin favamte 13°, L. 14 lcimeo 120°, E12 [eoamdo Iv", EL 10-11, 15 [coamto 130, L.9-10, 11 compridas BRL 56 deferemea 12, Las Em BP, 1.7 lemttio YL. lemtenais La speramea 1BP, L134, 6 Esperamea, BP, LS. jimtadas 12 Ls portamio BP, L13 semdo BLT simeo 12, LA tempos 13, L.8 trombas BLS vem 13,12, Vemto 12s", L. 2; 13°C 12 Ya [Esperanca Be Ls Va [Cunha 12, LT [Junho 13°, L.2. ponhas 13°, L14 miimero 25/26, janeiro/dezembro de 2000 Estudos Lingitisticos e Literdrios Fe EYEE EP Ditongos Rama TPCT Jemtad WLS eigen THVT TTF {feijoss Ta", C13 nordestedo 12V°, L.6 sab 12", L713; 13, LS sentio 13°, L.9 trist®io 12y°, L. 6, 16; 13°, L. 15 As vogais nasais sfo grafudas de quatro modos: V, Vim, Vie Vanh; 0s diton. Bostrazemo til, na maioria das vezes sobre o segundo elemento do grupo vocilico, ‘A manutengio dessas grafias ~ quando muito a substituigdo de m ou de, Segundo as normas da Ortografia da lingua portuguesa reducida a mie, 2rrceitos de Duarte Nunes do Leo” -,conseqiéncia do conhecimento dos fatos de Kingua, em como suporte a descrigd0 da lingua pelos ortSgrafos guinhentist:. Lé-se em Duarte Nunes do Ledo: NV he letra semiuogal, a qual se pode ajuntar a todas as consoantes, tirando ie eat ne Pode precede, como acima mos detono precedes cap, tulo da letra Emm se pode acabar slabs se a seguinte comegar em b,m,p, como cabo cxommentdrio, tempo: Erin se Pode acabar a sla, soa seguinte comegarem ¢, dif. ¢,1¢. 4, feemje vconsoante, como: cancela, conde, inferir, manga, cana (sic), nunca, hhonra, consetho, tentar, conjurar, converter. Oque muite spdene encomepar A meméria, por erros em que cafmos, escrevendo m antes das. ditas letras, Femiio de Oliveira e Joao de Barros nfo se referem dessa forma a0 uso do til Jofio de Barros afirma que o tl substitui o mon on: Enujfas vezes o til 6 excusa do seu trabalho quando ¢ final de ffza0m. Femiio de Oliveira é, como assinala B. Coseriu,o primeito a deserever as ‘vogais nasais do portugués, mas informa que o til io & nome apropriado mais de no theo costumequis dar. Bu dipo i « hegesssareo todas as vezes q despois de vogal em hia mesma svi, ¢seFeuemos m, ou © muito mais sobre os ditdgos ba, come, 2 tit bia” p 100, id, i Tagen UARROS. Grandi da Wave portigues;caraha grandis, log em louver dof 4 Cer ea ile vos ergot. Lisha: Pub da Fac. de Lema de Un seca no p38, Meda tone CUIVEIRA. A Gramdticn da linguagem portuguesa: Lisboa: Imperato ee 109 110 Por seu lado, Jodo de Barros recomenda que diante de pe b se use m, néo n: Em glotias digdes ..ante de si nam consente n, Latinos. i como p eb que é régra dos Oconhecimento dessas regras quinhentistas € corroborado pela grafia dos textos, fato que se pode observar também nos manusctitos do Livro de cozinha da Infanta D. Maria ou do Libro Vniversal de derrotas... de Manoel Gaspar. O exame da grafia das vogais nasais mostra a semelhanga entre as scripta dosdois textos: Voxais IE. 499, 514, 520. Co I. 302, 510 jemiyros IE. 508 é I. 502, 520 eburyihad(os) |. 503, a 498, 499, 512 am 302 0 509 ore ‘S07 TH 499 rm 298, 520, ut 300, 502,510, aeyga 305 ietelostis 309 ato S12 To 31g Vm emiro 305 tyros 508 istemdida 300 mm 502 mdes 510 Vah ha. 319 Ditongos [ear feta na [Sent Vm (eam Nam_ IC. 498, 499, 508, 312 Ir. 502. Ib. 514 E506 E502 505) [eto 307 [Sejto 506 orca EE eer ™ Cf. Joto de BARROS, op. cit p. 383 niimero 25/26, janeiro/dezembro de 2000 iiisticos e Literérios Estudos As vogais nasais so marcadas de trés formas: ‘YV, Vm ou Va, também para © ditongo [aw] encontram-se trés grafias: V, Vm ou Vo. Esse fato, que mais uma Hezcomprova adescricéo dos graméticos quinhentistas,justfica a nzo tilizagtio da leita modemizadafeita—2o lado daedig0 diplomética por Giacinto Manupella®; {do mesmo modo recomenda a leitura diplomtica de AntOnio Gomes Filho’®, ‘Umtexto do final do século XVI, o Roteiro da carreyrada India e dos Rum(os) @ due se ade gouernar, E dos sinais que nesta Via se achtio, com as deferencas daagulha Composto Por Vice)nte Ro(drigujic plloto mdr dela, também um rotei ro denavegacio, mostra caracteristicas muito semelhantes quanto grafiadas vogais: Vogais Vv haa Rev LT Vn [Argum Bove [Caminho [86 v", L. 22 « [camyaho B6v.L.8 Em 86V2, La ah [Caminho Bova leamynho B6vLg Vn bon 86V", 16,9, 14 bbranca 86V?, 1.2 lbranco 86v.L.s [Consenie B6V", LS [Conuenyente 86°, La [correntes Sov, en 86%, L. 6, 20, 21 En 86V", 1.3 fenmendar 86V°, 16 Ihindo Rov [onde 86 v°, L. 16, 22, 25 fauando Rov L13 tanto 86VL.17, 19 Ven 86v5,0.2 Vento 86V2, 1.16 Ventos 867.12 ee a SEE Sy UTIannen "Ch LIVRO DE COZINHA DA INFANTA D. MARIA Lisbon Iimprensa NacionaliCasa da Moeda, 1986, * Cr Ur reangitm, ttt tnt ext, lotro etdises de lacie eso "Cr UM TRATADO DA CoZINHA PORTUGUESA Doreen Rio de Janeiro: Institto Nacional fo Livro. MEC, 1963. p. 53, Edisto prepaada por Anténi Gomes Pik 114. Vo |achardio 86 VoL 1 ajudao 186 v°, L.7 |Comegio 86 v°, L.7 [nao 86 v°.L.11, 15,19 ten 86.v°L. 12. Mio _____isgvinio Esse texto mostra a mesma variagaio grfica dos demai ara as vogais ¢ Vo, para o ditongo [aw]. Vm, Vnhe Vn, AS CONSOANTES AFRICADAS Os graméticos quinhentistas descrevem a realizagdo das consoantes atticadas, Para Ferndo de Oliveira o ¢“té a mesma pnigiagdo q . se nfo @aperta mais » lingoa nos détes."*, Duarte Nunes do Lelio jé ndo recomenda que se eseteva ¢ diante das vogais palatais: E para pronunciarmas, 2.0. uo junto a0 ..como,e.i, poemos-the hiiacifra, ou cerciho de baxo, que fica fazendo hia specie de z. & dizemos: pate segobrar, currador. A qual cifea nao poeremos, quando [sic] depois doc geb'e ol como fazem os idiots, Porque oc. junto as digas letras, nko pide ar outro soido, segundo a pronunciagio destes tempos. No que ange & consoanteafticada palatal, Femiode Oliveira eDuarte Nunes do Leto sio os que fazer referéncia a essa realizagio: Das cosodtes tems tes asprados para as Ges posto que no temos proprias figuras mais queso aspiragio cd ellas mesturada: toda uia as vozes sho bem, asgina- Gas pers diferente das outas nfo aspiradas so estas as letras ch, th ah ‘enquanto Duarte Nunes do Ledo explica: Outro officio tem o .. empresiado, quando despois delle se segue th. & Ihe damos differente pronunciagdo do ., aspirado dos Gregos, como ness planar, cheirar, chiar, chorar,chypar. A qual pronuncagio tam propes ke da Kingoa Hespanbol, que nem os Gregos, nem os Latinos, Hebreos, ou Arsive {eros posto que os lalianos a parepo imitar na pronunciag20.doseu.ce.ci, Acrescentando, mais adiante: Mas os Portuguese, por tcermos pronunciag6es proprias, & peculiares POSSE, ave os Latinos ndo tinhad, para que nos faltto as figuras, suprimolas 5 Fento de OLIVEIRA, op city p36 12. Deare Noes do LES” 9 Tot Remo ee oni Oy CF. Duarte Nunet do LEAO, op. miimero 25/26, janeiro/dezembro de 2000 Estudos Lingisticos e Literdrios ae neem ee anna nan nnn SPO om a aspiractio dizendo: ch, th, nh. Porque sem aspiragio nfo achamos letras fue as formar: por teerem muito difterente pronunciagdo, da que dio as dis Tetras, sendo tenues, & ndo aspiradas. De maneira que aspiramos 0.1. & eo n ode enlias outras nagdes fazem, & aspiramos 0 .c. em os voeabulops peculiares, soando dicta letra aspirada de differente maneira, do que soa nos ‘vocabuilos Latinos, ou Gregos, que outro si se aspirdo, Porque doutra maneira S000 c. emesia palavra, tach, do que soa em a palavra, mechanic, Quanto & grafia das afticadas os trés manuscritos: ‘mostram variagdes dignas de registro. O manuscrito do Roteiro da navegagio d’aqui era a India atribuido a Diogo Afonso (f° 12v°-131") mantém grafias diferenciadas parao [ts] ¢ parao [t8): a Lis imeo _|12v,L.12 ldeferemen |12v*,L, 4.5 fesperanca [13° L. 1, 3-4.6,13 feicto [rave 1. 13:14 113 Isergaco _[12ve.1. 15. 13,04 . [51 facharas [rave 1. 15: 1300.23.78 chares —[12¥. 1 11: 134, L, 14-1 Por outro lado a seripta do Roteiro da carreyrada India e dos Rum(os) a due se ade gouernar, E dos sinais que nesta Via se achito, com as deferencas da agulha Composto Por Vicénte Ro(drigujiz illoto mér dela apenas apresen- {a grafia diferenciada para [ts]: Us) Jalmacegada [86 v%,L.2 ing 186 v%, L. 19 JComegio [86 v9.1.7 pee ev negesairo [86 VL. 16 (03) chars 86 VL, 6 facharto (86 ¥8,1.12 Jachase [865,13 lchogeda [86 v2.1.5 Bntretanto, no manuscrto do Livro de coginha da Infant D. Maria, nio se *eaistram quaisquer grafias diferenciadas para [8], hvendo alguns casos rola de <¢> para [ts]. SL CE. Duarte Nunes do LEAO, op. eit, p. 112, 114 eg ee acuguar [Si 1s lbacia IL. 500_ cima L.si6 egos [L317 rea) eheos [esi Neste tiltimo caso um novo dado vai interferir nos resultados, langando a hipstese de que o resultado decorrente de registros de fala diferente. A hist6ria dos manuscritos (tuma das etapas caracteristicas da critica textual) mostra que os textos dos roteiros sto obra de mareantes que apenas saben “ler, escrever e con- lar”. O texto do Livro de cozinha da Infanta D. Maria - manuscrito em letra 26tica cursiva que pode ter sido escrito por, pelo menos, cinco copistas'™ — ¢ obra lavrada dentro da corte portuguesa, o que permite que se Ihe atribua documentar ‘uma varidvel lingiifstica mais tensa do que a utilizada pelos nisticos mareantes, Essa variagiio social da fngua é confirmada pela declaraggo de D. Joao de Castro no Prdlogo dos Roteiros de Lisboa a Goa"; 0 interesse desta escritura foy alumiar esta carreira aos simplices, ¢ dar- Ios aviso ¢ regras pera que maes seguramente a possio passat Verdadeiramente,S.", que muytas vezes me enuergonho comigo quando cui- do na grandeza de seu estado e no baixo seruigo que Ihe apresento com esta obra; qual ndo digo eu ser capaz de se por em suas alta ¢ reaes mils, mas em utras algumas de marinheiros rusticos, como nao somente cares ¢ hé fala de feitos heroyeos he falta de materias nobres illustres, mas ainda de vocabulos Conhesidos e termos husados ante cortesdos e gente poli; porque jd mas se fez festa doutra dousa que de nomes de ventas e de fortunas e mudangas do mar, de alteragdes do ar, de aparencias do geo, de caminhos ¢ rodeos que fiz a nfo, de aves 'marinhas e poouco nobres, esto ainda com ordem assaz compra e emibaragada, E pois os que escreuerio da imagem do mundoe historia da Veosmographia, tratando de gentes, erras © mares, montes,rios, promontorios e cidades, es, Pantados de se verem entrar em materia to arduae difficultosa, chamao muitas ‘Vezes as m usas em seu fauor, © ndo acabao de se desculpar, dizendo nio auer nesta materia elloquengia nem gragaalguma, com quanta maes rezKo posso eu tomar todas estas saluas, mayormente sendo notorio que nfo escreuo este liuro pera se ler a damas galantes, c se aproueitarem delle nas cortes e pagos roaes, mas 05 de Leca e Matosinhos. Do texto depreende-se que a lingua dos roteiros de navegacdo representa ‘uma das variagdes do portugués quinhentista, que nfo é aquele da corte portugue- sa. Portanto: textos diferentes, formas de lingua diferentes, Essa nova constatagio Serre eee reer "Cf, Nilton Vasco da GAMA, Cin Margues TELLES. Una Conribipdo ao esndo do “Tatad de ve (esta portuguesa” (ns, -E-33 da BN). Salvador: DLRVILIUEBA, 1975 GED. Joo de CASTRO, roogo, I: i. Rocio da vigem que Doan Ihoto de Castro fez a primeira vex gue foy « lndia no anno de 1538, tm: Armando CORTESAO, Luts de ALBUQUERQUE (elit) Obie az , Joa de Cast. Coimbra: Academia Internacional da Cultura Poruess, 1968s. 1,5 8, mtimero 25/26, janciro/dezembro de 2000 Estudos Lingiiisticos e Literérios imprime a0 Livro de cozinhada Infanta D, Maria uma nova importancia na docn- ‘mentagdo do portugués quinhentista. Até que ponto a niio marcagdo das africacas documenta o estgio do processo de mudanga lingiiistica? Acresce a isso 0 fato de adéixis pessoal ser a da segunda pessoa do plural! Ocxame que se tem feito do fenémeno, a partir da scripta dos roteiros de navegagio, tem demonstrado que se nota uma coeréncia entre 0 uso de ¢ para indicara realizagio africada ¢ a sua documentago como fato de Iingua'®*, 2.2 A Restituigao do “texto do autor" Quer se trate de filologia do manuscrito ausente ou critica textual tradi cional ou de filologia do manuscrito presente ou critica textual moderna, 0 conhecimento da lingua do texto é de suma importncia para o editor!®* Gianfranco Contini fala de trés tipos de dados lingtifsticos fundamentaix pram Ceditor de textos: aqueles ligados &rima, & métrica e ao ritmo! aqueles ligados as chamadas lectiones difficiliores"”,e, finalmente, as variantes"®, A yaiitincia «i obra medieval leva Bernard Cerquiglini a considerar que cada manuscrito é um remanescente, isto é, uma versio", Quanto aotexto fidedigno énecesséio lembrara adverténcia de Giuseppe Tavani La necesidad de proceder a la fijacin del texto, no se manifiesta exclusiva- ‘mente en el caso de las obras de los siglos pasados. Muchos de los factores uc Provocaban entonces alteaciones, modificaciones, degradaciones en la tradicidn intervienen atin en ladifusidn de los productos literarios. ¥ mientras no se dispone de un texto fidedigno, todas las demas operaciones hermenéulicas y erfticas estén expuestas al riesgo de resultar arbtrarias, intempestivas e insepuras; + arbitrarias, porque pueden resolverse en Ia elaboracidn, combinaci4n ¢ Merpretacién de datos textuales que poco (y a veces nada) tienen que ver con las intenciones del autor; ee ronneesalielaiste “° Ct Célia Marques TELLES. A Relugo auordentnatri no discuso dos rteras de navegag, ermeval da HORA (org). Sinpdsio Nacional de Ertudat Lingsticas¢ Literdros (SNE, Is aya Peston: Ladin, 1997, p. 377-85: i, (edit). Colegdo de rotenas portagueses da "Carving da fat -séeulo XVL, ed, cits v. 2. £. 61-65. A propésite do uso dos pronomes veja-se: Lule FL, CINTRN, Soh ‘formas de tratamento” na tgua portuguesa; enssios. Lisboa: Horizote, 1972, 9. 10-7 CE. Celia Marques TELLES. A propétito do valor grafemético-fonético dos textos Uc dois rotcius de ‘avegagto. In: Alamie de Aquino CORREA (org). Temas e mutivor na literatura portasuens, Lansing EDUEL, 1997. p. 383-9 id. A Relaglo grafemético-fonetica em roveios do ms, 1507 ta BNL. ice Universitatis Palackianae Olomucenss; Romanica, Olomouc (ep. Teheca), v. TL. 7, p. 160-8, 108 st A Lingua portuguese nos roviros de navegagdo quinhentsts: a ferpta In: JORNADA DE: ESTUDIOS LINGUISTICOS, 15, Recife, 1997 i. Um Livro de rtear quarocentista, In: ENCONTRO INTERNACIONAT DE ESTUDOS MEDIEVAIS, 2, Porto Alegre, 1997; i. A Realidade prafen ns ries Diogo Afonso (século XVD. Estudos Lingtsicose Literdvon, Salvadoc v.10, p. 115-33, doz, 1990, Cf. Ivo CASTRO, an. ct, p. 19-520; Niton Vasco da GAMA etal. A Cia texal madera: aovon ‘amos? In: lacyra MOTA, Vera ROLLEMBERG (org). Congresso Intemactonal det hssiciasto raster de Lingiiiea, 1; nas. Salvador: ABRALIN, 1996, v1, p. 453°. CF. Ganfranco CONTIN, Breviaio di ecdria, Milano: Giulio Einauti, 1990, p. 130 ets rid, dsp 68. Chi ids. 16673 Ft Bomard CERQUIGLINL Hoge de avr; tse etude plop Pre: Soul 1 1112 i, La Parapse esetle de acl cial. Cahiers de Ligusigae Ions Niches Paris, a. 1415, p. 13, 1999-1990,

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